Geração do Deserto

Guido Wilmar SassiFatos Históricos

Geração do Deserto

HistoricamenteHistoricamenteA Guerra do Contestado, ocorrida

entre 1912 e 1916, foi um dos movimentos sociais mais significativos que aconteceu no Brasil, no início do século. Diversos foram os tipos de lutas que ocorreram nos limites entre Paraná e Santa Catarina: luta pela posse e uso da terra, luta pela sobrevivência, luta contra a exploração, luta pela religiosidade e luta pelo direito a vida.

HistoricamenteHistoricamenteO grande atrativo dessa região era a rica floresta e uma grande porção de terras destinada à plantação de erva- -mate. Os grandes proprietários de terra começaram, então, a pressionar os posseiros e pequenos proprietários para que abandonassem suas terras e se estabelecessem em outras bem longe dali.

HistoricamenteHistoricamenteO problema agravou-se ainda mais quando se iniciou a construção de uma estrada de ferro que interligava os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. De propriedade do estadunidense Percival Farquhar a Brazil Railway Company comprou uma extensa faixa de terra (15 km de cada lad0 da estrada) 0nde muitas famílias ia estavam instaladas.

HistoricamenteHistoricamentePara construir a estrada, que ficou pronta em 1910, o governo trouxe gente de várias partes do Brasil — cerca de oito mil operários trabalharam na gigantesca obra. Após a construção, os trabalhadores ficaram sem emprego, e a Companhia proibiu a permanência dos desempregados nesse espaço.

HistoricamenteHistoricamenteDepois de concluir a obra, a Brazil

Railway cria uma subsidiária, a Southern Brazil Lumber and Colonization, em 1913, para realizar a extração da madeira. Duas grandes serrarias são criadas em Santa Catarina: uma em Três Barras e outra em Calmon. A tecnologia tomou conta das empresas e um número mínimo de mão-de-obra era necessário. Como consequência, novamente, tem-se a expulsão de pequenos agricultores e extratores de madeira da região.

HistoricamenteHistoricamenteA região contava, agora, com um

grande número de operários completamente desenganados pelo governo e expulsos de suas terras. Essa situação deu força a um movimento designado messianismo. Vários profetas e monges aparecem pregando a justiça e a paz. Nesse contexto, pode-se citar São João Maria de Agostinho e São José Maria, ambos sempre defendendo a Monarquia e lutando contra a República, que diziam ser coisa do diabo.

HistoricamenteHistoricamenteEm 1914, mais uma vez dá-se a fuga dos jagunços do reduto. No ano seguinte, novos confrontos ocorrem, com derrotas das tropas do governo. O conflito termina quando a polícia traz um grande reforço de armamento e aviões para atacar os caboclos. Ao final da luta, em 1916, milhares de sertanejos são brutalmente executados.

HistoricamenteHistoricamenteDepois da fuga, uma nova expedição militar foi mandada para perseguir os messiânicos. Ainda em 1912, as tropas militares foram derrotadas, porém o líder espiritual José Maria fora morto. No final do ano seguinte, trava-se mais uma luta com os militares e, novamente, os jagunços subjugaram as autoridades republicanas.

HistoricamenteHistoricamenteEm 1914, mais uma vez se dá a fuga dos jagunços do reduto. No ano seguinte, novos confrontos ocorrem, com derrotas das tropas do governo. O conflito termina quando a polícia traz um grande reforço de armamento e aviões para atacar os caboclos. Ao final da luta, em 1916, milhares de sertanejos são brutalmente executados.

HistoricamenteHistoricamenteO término das lutas dos fanáticos e o acordo de 20 de outubro de 1916, assinado pelos governadores dos estados de Santa Catarina e Paraná, sob o patrocínio do Presidente da República Wenceslau Braz, teve a questão de limites resolvidas a região contestada foi repartida da forma que se encontra atualmente.

HistoricamenteHistoricamenteAssim, Santa Catarina amplia seu território de 28.000 km2 e entra, para jurisdicionar uma área até então sob o domínio do Paraná, onde foram criados os seguintes Municípios: Mafra, Porto União, Joaçaba, Chapecó, Itaiópolis, Caçador, Concórdia e Videira.