Auditoria a um sistema de informação hospitalar
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5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
1/
Auditoria a um Sistema de Informao Hospitalar - SAM
Margarida da Luz Cardoso
Dissertao apresentada Escola Superior de Tecnologia e de Gesto
Instituto Politcnico de Bragana
para obteno do Grau deMestre emSistemas de Informao
Outubro\2010
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
2/
II
Auditoria a um Sistema de Informao Hospitalar - SAM
Margarida da Luz Cardoso
Dissertao apresentada Escola Superior de Tecnologia e de Gesto
Instituto Politcnico de Bragana
para obteno do Grau de Mestre em
Sistemas de Informao
Orientador:
Jos Adriano Pires
Esta dissertao no inclui as crticas e sugestes feitas pelo Jri
Outubro\2010
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III
Um Sistema no uma cabea. Um mvel no gente. Todos os processos etodos os aparelhos resultaro inteis para as organizaes, se as cabeas dosindivduos que os empregam, no estiverem convenientemente organizadas.E essas cabeas estaro organizadas, se estiver organizada, devidamente, amesma parte do corpo do chefe que as dirige.
Assim como se podem escrever asneiras com uma mquina de escrever doltimo modelo, tambm se podem fazer disparates com os sistemas e aparelhosmais perfeitos para ajudar a no faz-lo.Sistemas, processos, mveis, mquinas, aparelhos, so como todas as coisas
mecnicas e materiais: elementos puramente auxiliares!
O verdadeiro processo PENSAR. A mquina fundamental aINTELIGNCIA
Fernando Pessoa (1934), em Mensagem
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IV
Agradecimentos
Durante o desenvolvimento deste trabalho, muitas foram as sugestes de colegas e amigos.Cabe-me aqui deixar expresso o meu reconhecimento a todos aqueles que, directa ou
indirectamente, contriburam para a realizao deste trabalho.
Ao Professor Doutor Jos Adriano Pires, meu orientador, dirijo um agradecimento muito
especial pelo apoio, orientao, colaborao, amizade e disponibilidade, no devendo ainda
ficar esquecida a oportunidade que me deu de realizar este trabalho.
Ao Dr. Jlio Novo, Mdico Cirurgio do Centro Hospitalar do Nordeste, UnidadeHospitalar de Bragana, pela sua viso estratgica, conhecimentos e ajuda na elaborao e
validao do questionrio.
Ao Dr. Jos Castanheira, pela sua preciosa ajuda no que diz respeito identificao dos
requisitos de desenvolvimento da aplicao em estudo, e tambm pela sua amizade e
incentivo.
Ao meu marido, Antnio Oliveira, pelo seu apoio, orientao, e slidos conhecimentoscientficos, que muito contriburam para que este trabalho fosse conseguido, mas acima de
tudo pelo seu carinho e disponibilidade.
E finalmente, s minhas lindas filhas, Joana e Clara, pela sua pacincia e compreenso e
pelo carinho e estmulo que sempre me transmitiram.
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V
Resumo
A implementao de um Sistema de Informao em ambiente hospitalar no tarefa fcil.
A primeira dificuldade comea quando se pretendem objectivar as necessidades da
organizao. As dificuldades sentem-se, os profissionais levantam questes, contudo
quando se quer resolver o problema, nem sempre se atinge uma soluo vivel.
A diversidade e complexidade de fluxos de informao no seio de uma organizao
hospitalar, dificultam a definio de critrios e de objectivos para o desenvolvimento de
uma aplicao que se destine a informatizar as actividades de um grupo profissional como
o dos mdicos.
Os mdicos so, por princpio um grupo profissional cuja actividade abarca uma grande
rea hospitalar. Desde a Urgncia, passando pela Consulta, Internamento, Hospital de Dia,
produzida informao que necessrio tratar. Pela sua natureza trata-se de informao
to crtica para o diagnstico como para a continuidade de tratamento, pelo que
necessrio preservar, tratar e gerir esta informao de forma segura, eficaz e fivel.
Neste princpio, a ACSS, comeou no ano 2000 a desenvolver o SAM, Sistema de Apoio
ao Mdico, com o propsito de auxiliar a prtica diria dos mdicos quer da rea hospitalar
quer da rea dos cuidados primrios.
Quando se desenvolve uma aplicao informtica desta natureza nem sempre os requisitos
de base so atingidos, e quase sempre so necessrias adaptaes e actualizaes. Esta no
excepo, trata-se de uma aplicao que tem sofrido actualizaes com alguma
frequncia no sentido de acompanhar o desenvolvimento quer da estrutura das
organizaes hospitalares quer das estratgias polticas definidas a nvel nacional.
Palavras-Chave:Requisitos, Sistema de Informao, Mdicos, Hospital
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VI
Abstract
The implementation of an information system in a hospital environment is not an easy task.
The trouble begins when you first intend to objectify the organization's needs. The
difficulties they feel, the professionals raise questions, however if one wants to solve the
problem, not always a viable solution is reached.
The diversity and complexity of information flows within a hospital organization
complicate the definition of criteria and objectives for developing an application that is
intended to computerize the activities of a professional group like the doctors.
Physicians are in principle a professional group whose work encompasses a large areahospital. Since the ER, through consultation, Inpatient, Day Hospital, is produced
information that must be considered. By its nature it is so critical information for diagnosis
and for the continuity of treatment, so it is necessary to preserve, treat and manage this
information in a safe, efficient and reliable.
In principle, the ACSS, began in 2000 to develop the SAM, Medical Support System, in
order to assist the daily practice of doctors or the hospital area or the area of primary care.
When developing a computer application of this nature is not always the basic
requirements are met and almost always necessary adjustments and updates. This is no
exception, this is an application that has been updated with some frequency in order to
monitor the development of both the structure of hospital organizations or policy strategies
established at national level.
Keywords:Requirements, Information System, Doctors, Hospital
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VII
ndice
1Introduo .......................................................................................................................... 1
1.1 Objectivo o Trabalho .................................................................................................... 11.2 Contexto do Trabalho.................................................................................................... 11.3 Organizao da Dissertao .......................................................................................... 11.4 Metodologia de Investigao ........................................................................................ 21.4.1 Formulao do Problema ......................................................................................... 41.4.2 Populao / Amostra ................................................................................................ 51.4.2.1Representatividade da Amostra ........................................................................... 61.4.2.2Calculo simples da dimenso da amostra ............................................................ 7
1.4.3 Instrumento de recolha de Dados ............................................................................. 81.4.4 Pr-Teste ................................................................................................................... 9
2 Fundamentao Terica ................................................................................................... 102.1 Tecnologias de Informao em Portugal .................................................................... 102.1.1 A Sociedade da Informao ................................................................................... 102.1.2 Informao, Sistemas de Informao e Tecnologias de Informao...................... 122.1.3 As Instituies Pblicas e as Tecnologias da Informao ...................................... 19
2.1.4O Servio e o acesso informao ......................................................................... 22
2.1.5 Organizao hospitalar ........................................................................................... 25
2.2 Sistemas de Informao na Sade ............................................................................... 262.2.1 As Funes dos Servios de Sade e os Sistemas de Informao em Sade ......... 282.2.2 Impacto da sofisticao dos sistemas de informao em sade na qualidade dos
cuidados .................................................................................................................. 292.2.3 Os Sistemas de Informao nos Hospitais ............................................................. 31
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VIII
2.2.4 Evoluo dos Sistemas de Informao nas Organizaes de Sade ...................... 322.2.5 Plano Nacional de Sade 2004/2010 - Situao actual dos SIS ............................. 352.2.6 Sistemas de Informao Integrados da Sade ........................................................ 372.2.7 Sistema de Informao Hospitalar ......................................................................... 392.2.8 SONHO .................................................................................................................. 40
3 Construo da Ferramenta de Auditoria .......................................................................... 433.1 Sistemas de Informao na Unidade Hospitalar de Bragana .................................... 433.1.1 CHNE, EPE ............................................................................................................ 433.1.2 Organizao dos SI no CHNE E.P.E. ..................................................................... 443.1.3 Sistemas de Informao na U. H. de Bragana ...................................................... 45
3.2 SAM - Sistemas de Apoio ao Mdico na Unidade Hospitalar de Bragana ............... 553.2.1 SAM Mdulo de Urgncia .................................................................................. 583.2.2 SAM Mdulo de Consulta Externa ..................................................................... 58
3.2.3SAM Mdulo de Internamento ........................................................................... 58
3.2.4 SAM Mdulo de Bloco Operatrio ..................................................................... 593.2.5 SAM Mdulo de Hospital de Dia ........................................................................ 593.2.6 SAM Processo Clnico Electrnico ..................................................................... 60
3.3 SAM Requisitos para o Desenvolvimento do SAM ................................................ 633.3.1 Requisitos Funcionais e de Protocolo .................................................................... 653.3.1.1Relacionamento do mdico com o utente .......................................................... 653.3.1.2Relacionamento do mdico com a instituio ................................................... 66
3.3.2 Requisitos Tecnolgicos ........................................................................................ 673.3.2.1 Interaco com o utilizador ............................................................................... 683.3.2.2 Integrao com outras aplicaes ...................................................................... 68
3.3.3 Requisitos Estratgico-Polticos ............................................................................. 69
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3.3.3.1De base nacional\regional .................................................................................. 703.3.3.2De base institucional .......................................................................................... 71
4 Realizao da Auditoria ................................................................................................... 744.1 Recolha de Dados........................................................................................................ 744.2 Anlise de Resultados ................................................................................................. 744.3 Auditoria aos Requisitos Funcionais e de Protocolo .................................................. 754.4 Auditoria aos Requisitos Tecnolgicos....................................................................... 784.5 Auditoria aos Requisitos Estratgico-Polticos ........................................................... 824.5.1 Requisitos Estratgico-Polticos de base Institucional ........................................... 824.5.2 Requisitos Estratgico-Polticos de base Regional / Nacional ............................... 85
4.6 Apreciao Global do Inqurito .................................................................................. 874.7 Sugestes Apresentadas .............................................................................................. 90
5 Concluses ....................................................................................................................... 92
5.1Limitaes ................................................................................................................... 96
5.2 Sugestes para Trabalho Futuros ................................................................................ 97
Referencias Bibliogrficas ................................................................................................... 99Anexos .................................................................................................................................... iAnexo 1: Questionrio aplicado aos mdicos ....................................................................... iAnexo 2: Entrevista escrita enviada para a ARS; ................................................................ vAnexo 3: Entrevista escrita enviada para a ACSS; ............................................................ viiAnexo 4: Resposta do Presidente do Conselho de Administrao da ARS, entrevista
formulada. .................................................................................................................... ix
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X
ndice de Tabelas
Tabela 2.1- Ganhos em Funo da Sofisticao dos Sistemas, adaptado de Arajo, 2004 . 30
Tabela 4.1 Distribuio de respostas aos requisitos Grupo I ............................................ 75Tabela 4.2 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II ........................................... 78Tabela 4.3 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III .......................................... 82
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XI
ndice de Figuras
Figura 2.1 - O contexto envolvente dos sistemas de informao ........................................ 12
Figura 2.2 - Relao entre dados, informao e conhecimento adaptado de Checkland &Howell, 1997; Hirschheim et al., 1995 ................................................................................ 14Figura 2.3 - O Modelo Conceptual do Sistema Organizacional, adaptado de Pires, 2001 .. 16Figura 2.4 - Funes e SIS numa Organizao ................................................................... 28Figura 2.5 - Utilizao dos SI nas Organizaes de Sade, adaptado da CPC-HS ............. 33Figura 2.6 - Rede de Informao da Sade, adaptado da ACSS ......................................... 34Figura 2.7 - Tendncia dos Sistemas de Informao da Sade, adaptado do PTSIIS ......... 37Figura 2.8 - Ncleo central dos sistemas de informao da sade, adaptado PTSIIS ......... 38Figura 3.1- Uniformizao de sistemas entre as trs Unidades Hospitalares ...................... 44Figura 3.2 Sistemas de Informao na UHB .................................................................... 46Figura 3.3 - Interaco da aplicao SONHO com o SI da UHB ....................................... 47Figura 3.4 Mdulos da Aplicao SAM ........................................................................... 56Figura 3.5 - Arquitecturas similares SAM/SAPE para verses CSP e CSD ....................... 57Figura 3.6 Relao PCE \ Sistemas de Sade ................................................................... 60Figura 3.7 Requisitos de desenvolvimento da Aplicao SAM ....................................... 64Figura 3.8 Exemplo de troca de informao entre aplicaes .......................................... 69
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XII
ndice de grficos
Grfico 4.1 - Distribuio de respostas aos requisitos - Grupo I: Mdico\Utente .............. 76
Grfico 4.2- Distribuio de respostas aos requisitos Grupo I: Mdico\Instituio ............ 77Grfico 4.3 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II: Ambiente grfico ........... 80Grfico 4.4: Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II: Utilidade dos SistemasIntegrados ............................................................................................................................ 81Grfico 4.5 Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II: Disponibilidade efuncionalidade dos sistemas integrados ............................................................................... 81Grfico 4.6 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III: Recolha de dados .......... 83Grfico 4.7 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III: Recolha de Dados,excluindo as respostas Desconheo ................................................................................. 84Grfico 4.8 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III: Criao de Protocolos ... 84Grfico 4.9- Distribuio total das frequncias de respostas............................................... 88Grfico 4.10 Cumprimento dos requisitos Funcionais e de Protocolo ............................. 89Grfico 4.11 - Cumprimento dos requisitos Tcnolgicos .................................................. 89Grfico 4.12 - Cumprimento dos Estratgico-Polticos, Base Institucional ........................ 90
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XIII
Lista de Siglas
SIGLA SIGNIFICADO DA SIGLASNS
Servio Nacional de Sade
CHNE Centro Hospitalar do Nordeste
EPE Entidade Pblica Empresarial
UHB Unidade Hospitalar de Bragana
MSI Misso para a Sociedade da Informao
SI Sistemas de Informao
UHM
Unidade Hospitalar de Mirandela
UHMC Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros
AP Administrao Pblica
QoS Quality of Service
SONHO Sistema Integrado de Gesto Hospitalar
BD Base de Dados
SAM Sistema de Apoio ao Mdico
SAPE
Sistema de Apoio Prtica de Enfermagem
RIS Rede de Informao da Sade
IGIF Instituto de Gesto Informtica e Financeira da Sade
ACSS Administrao Central de Sistemas de Sade
CPS Center for Performance Sciences
SIC Servio de Informtica e Comunicaes
MS Ministrio da Sade
MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia
SIGLIC Sistema Informtico de Gesto de Lista de Inscritos
Para Cirurgia
TIC Tecnologias de Informao e Comunicao
SIH Sistema de Informao Hospitalar
CPC HS. Companhia Portuguesa de Computadores
Healthcare Solutions
SINUS Sistema de Informao para as Unidades de Sade
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XIV
CSP Cuidados de Sade Primrios
CSD Cuidados de Sade Diferenciados
SIIS Sistemas de Informao Integrados da Sade
SIS
Sistemas de Informao da Sade
PNS Plano Nacional de Sade
PTSIIS Plano de transformao de Sistemas de Informao
Integrados da Sade
IAPMEI Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e
ao Investimento
PCE Processo Clnico Electrnico
LIC
Lista de Inscritos para Cirurgia
CTH Consulta a Tempo e Horas
ARS Administrao Regional de Sade
PSI Planeamento de Sistemas de Informao
ROR Registo Oncolgico Regional
PCA Presidente do Conselho de Administrao
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1
Captulo 1
1Introduo
1.1 Objectivo o TrabalhoEste trabalho pretende fazer um estudo sobre os requisitos que levaram concepo e
implementao do sistema aplicacional SAM (Sistema de Apoio ao Mdico). Trata-se de
uma aplicao da tutela do Ministrio da Sade, com objectivos definidos a aplicar s
Organizaes Hospitalares. Mas ser que estes objectivos esto a ser cumpridos? Ser que
os requisitos que nortearam a sua criao tm aplicabilidade prtica no seio de uma
Organizao?
1.2 Contexto do TrabalhoO trabalho desenvolve-se no Centro Hospitalar do Nordeste, EPE., mais precisamente na
Unidade Hospitalar de Bragana.
1.3 Organizao da DissertaoA dissertao ser organizada captulos.
Numa primeira fase ser exposta a organizao e metodologias usadas para a realizao
deste trabalho, bem como o resumo e contextualizao do tema em estudo.
No segundo captulo so abordados os conceitos associados, nomeadamente ao nvel dos
Sistema de Informao Organizacionais.
Depois e porque se trata de uma rea muito especfica, a da Sade, far-se- uma
perspectiva da evoluo dos sistemas de informao no sector da Sade. Como tem
evoludo a implementao de sistemas de informao em ambientes hospitalares, qual a
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2
sua eficcia e que resultados se podem obter com a sua operacionalizao neste tipo de
organizaes.
No terceiro captulo e aps contextualizado fisicamente o ambiente de estudo do trabalho
ao nvel dos sistemas de informao em uso na Unidade Hospitalar de Bragana, feita a
abordagem dos considerados vitais para o funcionamento da instituio, entrar-se- naquilo
que propriamente o tema da dissertao, atestar acerca do cumprimento dos requisitos de
desenvolvimento da aplicao SAM.
Feito o levantamento dos requisitos base que conduziram ao desenvolvimento desta
aplicao, e j no quarto captulo, construda e aplicada a ferramenta de auditoria que
conduzir ao apuramento de resultados para anlise.
Nesta fase, desenvolvido o tratamento dos dados e a sua anlise e de forma a realizar a
auditoria propriamente dita.
No final existir um captulo onde sero tecidas as principais concluses e apreciaes
retiradas ao longo de todo o trabalho.
1.4 Metodologia de InvestigaoApenas conhecemos correctamente o mtodo de investigao depois de o termos
experimentado por ns prprios [Quivy 1998]
Segundo Quivy e Canpenhoudt [1998] um trabalho de investigao consiste em procurar
sempre tomar o caminho mais curto e mais simples para o melhor resultado.
Segundo estes autores, ao formular-se um projecto de investigao, concebe-se uma
problemtica e explicita-se igualmente o quadro conceptual da investigao, descrevendo-
se o quadro terico em que se inscreve a metodologia do investigador. Precisam-se os
conceitos fundamentais e as relaes que eles tm entre si e constri-se um sistema
conceptual adaptado ao objecto de investigao.
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J Burns e Grove [1993] definem investigao cientfica como um processo sistemtico,
efectuado com o objectivo de validar conhecimentos j estabelecidos e de produzir outros
novos que vo, de forma directa ou indirecta, influenciar a prtica.
A investigao pois a base do conhecimento, quer pelo desenvolvimento quer pela
verificao da teoria.
Qualquer rea profissional deve ter inerente o contributo da investigao para o seu eficaz
desenvolvimento.
Frequentemente a pesquisa que utiliza o mtodo quantitativo, como o presente estudo,
baseia-se no paradigma do positivismo, onde se reala a regularidade e repetitividade dos
factos e a objectividade na colheita e anlise dos dados [Polit e Hungler, 1995]. Segundo
estes autores, a utilizao do mtodo quantitativo aquele que melhor garante a preciso
dos resultados, evitando distoro de anlises e interpretaes.
A investigao inicia-se normalmente com ideias pr concebidas (teses) acerca da maneira
como os conceitos esto inter-relacionados, sendo utilizados mtodos estruturados e
instrumentos formais para a colheita de informao mensurvel e procedimentos
estatsticos para a anlise dos dados [Polit e Hungler, 1995].
Como tal, procedeu-se a elaborao e aplicao de um inqurito de auditoria sobre o
cumprimento e viabilidade dos requisitos que estiveram na base do desenvolvimento da
aplicao SAM.
Um dos conceitos da Engenharia de Requisitos1 refere que a questo mais crtica na
criao dos requisitos de desenvolvimento de um sistema antes de mais o estudo de
viabilidade desse mesmo sistema. Saber se ele contribui para os objectivos da organizao,
j que um sistema que no contribua para os objectivos da organizao no lhe traz
qualquer valor acrescentado e como tal a sua existncia no se justifica.
1http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_requisitos
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Apesar de parecer bvia, so frequentemente desenvolvidos sistemas que no contribuem
para os objectivos das respectivas organizaes, quer seja por interesses externos (polticos
ou organizacionais) ou por falta de clareza na definio dos objectivos da organizao.
A implementao do sistema em estudo, na Unidade Hospitalar de Bragana, nunca foi
alvo de nenhum estudo. Ela foi feita por se tratar de uma aplicao de cariz oficial, uma
vez que, como j referido, foi desenvolvida pela instituio do Ministrio da Sade com
autoridade na rea dos sistemas de informao e que tinha a funo de fazer essa
implementao nas organizaes hospitalares.
Na metodologia aplicada e particularmente neste trabalho os dados sero colhidos no
decurso da aplicao do inqurito.
Assim, na elaborao da ferramenta a aplicar percorrer-se-o as seguintes etapas:
Delineamento da pesquisa;
Levantamento dos Requisitos a auditar;
Seleco da populao;
Seleco da amostra;
Elaborao da ferramenta de colheita de dados; Aplicao do questionrio populao seleccionada;
Anlise, interpretao e discusso dos resultados;
Concluses e sugestes.
1.4.1 Formulao do Problema
O ponto de partida para qualquer trabalho de investigao a existncia de uma temtica
que merea ser estudada e aprofundada.
O levantamento de questes e todo o posterior trabalho de recolha e tratamento de
informao, conduzem realizao de excelentes trabalhos de investigao e s
descobertas no domnio da cincia.
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5
Contudo estas questes, de forma a assumirem o papel de objecto de estudo, devem ser
expressas em termos observveis e mensurveis e contriburem para a aquisio de
conhecimentos.
Um problema de investigao deve constituir uma questo formulada correctamente e sem
ambiguidade. No deve apresentar uma questo de natureza moral ou tica, mas uma
questo que possa ser testada empiricamente.
Fortin [1999] diz que formular um problema de investigao definir o fenmeno em
estudo atravs de uma progresso lgica de elementos, de relaes, de argumentos e de
factos. O problema apresenta o domnio, explica a sua importncia, condensa os dados
factuais e as teorias existentes nesse domnio e justifica a escolha do estudo.
O problema que est na base deste trabalho prende-se com a necessidade de averiguar
sobre o cumprimento dos requisitos que estiveram na base do desenvolvimento do Sistema
Aplicacional SAM Sistema de Apoio ao Mdico.
Ser que na UHB, a aplicao cumpre os objectivos para os quais foi desenvolvida?
1.4.2 Populao / Amostra
Qualquer estudo necessita de uma populao ou seja de um nmero de elementos onde o
investigador possa testar as suas questes de investigao.
Para Fortin [1999] a populao compreende todos os elementos que partilham
caractersticas comuns, as quais so definidas pelos critrios estabelecidos para o
estudo.
De acordo com Polit [1995] a amostragem o processo de seleco de uma parte da
populao para representar a sua totalidade. Uma populao, por sua vez, todo o
agregado de casos que atendem a um conjunto escolhido de critrios.
Ainda para esta autora, a amostra um subconjunto de elementos ou de sujeitos tirados da
populao que so convidados a participar no estudo.
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6
Para Fortin [1999] existem duas grandes categorias de amostras, ou seja, as amostras
probabilsticas e as no probabilsticas.
Neste caso, uma vez que todos os elementos da populao alvo tm a mesma
probabilidade de ser escolhidos para fazer parte da amostra, a escolha recaiu sobre a
amostragem probabilstica.
Assim, a amostra composta por 31 mdicos do CHNE que exercem funes na Unidade
Hospitalar de Bragana, independentemente da especialidade clnica. A nica condio
que sejam utilizadores da aplicao SAM.
Procurar-se-o obter respostas por parta da Administrao Central de Sistemas de Sade e
da Administrao Regional de Sade do Norte, por forma auditar os requisitos de mbito
nacional e regional.
1.4.2.1 Representatividade da AmostraNo decurso de trabalhos de investigao, colocam-se frequentemente duas questes em
relao amostra: a sua significnciae a sua representatividade.
Pela primeira, entende-se os efectivos da amostra (o seu nmero) e, pela segunda, a sua
qualidade (o mtodo de amostragem).
Embora os dois conceitos apaream, algumas vezes, como sendo coincidentes, no o so.
Se a representatividade de uma amostra implica tambm a existncia de uma amostra
significativa, nem sempre uma amostra com um N significativo de sujeitos ou observaes
se pode considerar representativa da populao.
A representatividadede uma amostra essencial ou a condio mais importante numa
investigao, nomeadamente quando se pretende generalizar os resultados obtidos com
uma amostra populao. Para que tal generalizao seja possvel, necessrio que a
populao se encontre "reflectida" na amostra considerada. A representatividade de uma
amostra numa investigao requer a salvaguarda de alguns princpios ou tem as suas
exigncias prprias:
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7
Uma segunda questo prende-se com o tamanho da amostra, ou seja, a sua significncia.
No fcil nas Cincias Sociais e Humanas definir quantos sujeitos deve possuir uma
amostra para que a mesma seja significativa. Claro est que esse nmero deve ser
compatvel com a representao da populao, isto , a amostra deve ser suficientemente
grande para garantir a representatividade.
Na perspectiva clssica da amostragem, o conceito de representatividade da amostra est
directamente relacionado com a sua dimenso: quanto maior for a amostra, maior
representatividade fornecer da populao da qual provm.
Oliveira [2006], explica, com exemplos que isto no bem verdade. Diz ele que na
perspectiva actual, "a estrutura da amostra tem de ser consistente com a estrutura dapopulao para que ela possa proporcionar uma forma de avaliar a plausibilidade de vrias
hipteses sobre a populao atravs de um nmero limitado de observaes".
O importante numa amostra que ela represente os padres de interesse na populao e
sugere que pensemos na amostra de um tapete. Se o tapete for constitudo por pequenos
padres que se repetem, basta-nos ver um pedacinho pequeno para podermos imaginar o
aspecto de toda a pea. Pelo contrrio, se o padro de outro tapete for grande, precisaremos
de uma amostra maior para termos ideia do aspecto da pea. Com estes exemplos fcil
entender que a representatividade de uma amostra no est relacionada com o seu
tamanho.2
1.4.2.2 Calculo simples da dimenso da amostraA dimenso da amostra importante, no necessariamente para assegurarrepresentatividade mas para assegurar a preciso do estudo. Ento, qual ter de ser a
dimenso mnima de uma amostra?
Existem vrias frmulas para calcular a dimenso da amostra e programas informticos
criados para o efeito, mas um clculo mais simples da dimenso da amostra que pode ser
2http://onde-encontro.blogspot.com/2009/05/calculo-simples-da-dimensao-da-amostra.html
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8
utilizado quando a dimenso da populao conhecida, -nos apresentado em Dr.
Arsham's Statistics Site.3. Arsham diz que a dimenso de uma amostra proveniente de uma
populao finita de tamanho N dado por:
121
+
Arredondando o resultado para o nmero inteiro mais prximo.
Pare este trabalho sendo a populao composta por 56 indivduos, qual deveria ser o
tamanho da amostra?
Aplicando a frmula de clculo obtm-se o resultado de 9 indivduos, ou seja, para que o
estudo tenha fiabilidade e preciso deveriam ser inquiridos, no mnimo, 9 mdicos da
instituio. Uma vez que se obtiveram 31 inquritos, devidamente preenchidos e vlidos,
pode concluir-se que a amostra suficientemente representativa e significativa da
populao em estudo.
1.4.3
Instrumento de recolha de DadosEntende-se por instrumento de pesquisa, o conjunto de processos ou meios, que se utilizam
para obter a recolha de dados.
Para realizar este estudo, foi utilizado um instrumento de recolha de dados, um
Questionrio (Anexo 1). Para a populao em causa pareceu-nos ser a melhor fonte de
informao.
O questionrio versa o tema: Auditoria aos Requisitos da Aplicao SAM
3Dr. Arsham's Statistics Site. Statistical Thinking for Managerial Decisions
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9
O questionrio constitudo por trs grupos de questes, seguindo a estrutura da definio
dos requisitos: Grupo I: dos Requisitos Funcionais e de Protocolo; Grupo II: Requisitos
Tecnolgicos e Grupo III: Requisitos Estratgico-Politicos.
Para conseguir responder totalmente ao problema, e de forma a auditar os requisitos
Estratgico-Politicos de base nacional, ser elaborada um entrevista por escrito a responder
pelos elementos balizados da ACSS e da ARS Norte. (Anexo 2 e 3)
1.4.4 Pr-Teste
O questionrio precisa de ser testado antes da sua aplicao definitiva, para tal, e de formaa averiguar a sua validade como instrumento de colheita de dados, foi utilizado o pr-teste.
Para Fortin [1999] o pr-teste consiste no preenchimento do questionrio para uma
pequena amostra, a fim de verificar se as questes podem ser bem compreendidas. Esta
etapa de todo indispensvel e permite corrigir ou modificar o questionrio, resolver
problemas imprevistos e verificar a redaco e a ordem das questes.
O pr-teste como o prprio nome indica, permite evidenciar possveis falhas existentes epode ser aplicado tantas vezes quantas as necessrias com vista ao seu aperfeioamento e
da sua validade.
Para a realizao do pr-teste, o questionrio foi aplicado a 2 mdicos, e no foi levantada
qualquer dvida, pelo que no foi feita qualquer alterao. Est testada a sua validade.
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Captulo 2
2Fundamentao Terica
Neste Captulo sero abordados os conceitos revistos ao nvel da bibliografia e que de
alguma forma fazem o enquadramento daquela que a rea de estudo deste trabalho.
Sero focados temas centrados nas tecnologias e sistemas de informao organizacional de
uma forma geral e posteriormente, estes temas sero focalizados na rea especfica da
Sade, mais propriamente na organizao Hospitalar.
2.1 Tecnologias de Informao em Portugal2.1.1 A Sociedade da Informao
Ao longo dos ltimos anos, a administrao pblica tem vindo a fazer um esforo no
sentido de se adaptar e convergir com transformaes da sociedade, desenvolvendo novos
meios de resposta aos cidados, novas vias de comunicao e difuso de informao,
sustentados por sistemas tecnolgicos estruturados.
Estas mudanas sociais, que tm vindo a crescer ao longo dos ltimos trinta anos,
conduziram-nos para uma sociedade da informao em que, quer a informao, quer o
conhecimento adquiriram um papel preponderante e nuclear em todos os sectores e
actividades da sociedade, no sendo excepo as instituies pblicas. Na realidade, apesardo aparelho do Estado ter sido alvo de constantes apelos mudana e inovao, foi apenas
nos ltimos anos que as instituies pblicas se consciencializaram destes novos moldes
em que a sociedade se enceta e iniciaram o processo de mudana e modernizao. At
ento, a administrao pblica caracterizava-se por fortes caractersticas de inrcia e
impermeabilidade, ao contrrio do papel que deve assumir: eixo central da sociedade da
informao e do conhecimento em Portugal [MSI, 1997].
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Os factores conhecimento e inovao, por si s, no constituem elementos novos nas
sociedades. De facto, constata-se que em todas as sociedades, sempre existiu circulao de
informao e o conhecimento sempre foi valorizado. A enfatizao agora colocada no
papel da informao na sociedade resultante das trocas e das interaces culturais entre os
elementos que as constituem.
Dado que as alteraes implcitas sociedade da informao atravessam transversalmente
todos os contextos econmicos, sociais e polticos, entende-se necessrio compreender e
avaliar o mbito destas mudanas na sociedade para se perceberem as presses a que esto
sujeitas as organizaes.
Uma sociedade de informao caracteriza-se pela capacidade dos elementos que aconstituem adquirirem, armazenarem, processarem e partilharem informao e
conhecimento instantaneamente, a partir de qualquer lugar e da forma mais conveniente. A
sociedade vista como uma rede de ligaes e de fluxos de informao que originam
conhecimento e em que, quer os indivduos, quer as organizaes desempenham o seu
papel contribuindo para o todo, sendo conduzidos para sucessivas adaptaes e
readaptaes [Castells, 2001].
Notoriamente, a sociedade de informao possui um efeito multiplicador que dinamiza
todos os sectores da economia constituindo, por sua vez, a fora motora do
desenvolvimento poltico, econmico, social, cultural e tecnolgico.
A partir de meados do sculo XX, e muito especialmente a partir da dcada de setenta,
foram-se progressivamente desenvolvendo factores que, a par das transformaes nas
sociedades, encontraram bases slidas para sustentar uma revoluo tecnolgica.
Esta realidade, que neste incio de sculo tanto inquestionvel como irreversvel, tem
vido a crescer ao longo dos ltimos 20 ou 30 anos, com a massificao da tecnologia, em
especial a rea das telecomunicaes, e com o uso generalizado da Internet.
A Internet representa um dos elementos mais importantes subjacentes a esta transformao
das sociedades e da actualidade, uma vez que reduziu o universo quilo que Marshall
McLuhan [1967] denominou por global village. Para este autor, a noo de tempo
terminou, a distncia desapareceu. Agora vivemos numa global village numa
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sucesso de acontecimentos simultneos [Marshall McLuhan, 1967]. Essencialmente,
contribuiu para o aparecimento da sociedade de informao transformando as fundaes
das sociedades industrializadas: novos domnios de actuao, novos mercados, novas
formas de comunicao, etc. Inclusive, o Livro Verde para a Sociedade da Informao em
Portugal, refere que "a transio da sociedade industrial para a sociedade ps-industrial
uma mudana ainda mais radical do que a passagem da sociedade pr-industrial para a
sociedade industrial. Em particular prev-se que, na sociedade ps-industrial, no sero
nem a energia nem a fora muscular que lideraro a evoluo, mas sim o domnio da
informao. Nesta ptica, os sistemas da sociedade, humanos ou organizacionais, so
basicamente pensados como sistemas de informao." [MSI, 1997].
2.1.2 Informao, Sistemas de Informao e Tecnologias de Informao
Nesta fase, considera-se relevante clarificar um conjunto de termos que frequentemente so
tratados como um nico elemento: sistemas de informao e tecnologias de informao.De
facto, estes conceitos derivam um do outro, com consequentes implicaes nas suas
definies, e qualquer um deles contribui, em larga escala, para a concretizao dos
objectivos e da misso da organizao.
Figura 2.1 - O contexto envolvente dos sistemas de informao
Como refere Zorrinho [1995]: a gesto da informao uma funo que conjuga a gesto
do sistema de informao e do sistema informtico de suporte com a concepo dinmica
da organizao num determinado contexto envolvente, potenciando as condies
Organizao Sistema
Informao
Tecnologias
Sistemas de Informao
Apoiados / Suportadospor
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necessrias aos gestores para tomarem decises que, eventualmente, podem condicionar e
at alterar o planeamento estratgico da organizao e, consequentemente, a sua posio na
redede relaes que integra.
A informao um processo que permite a construo de conhecimento, reduzindo a
incerteza; no fundo constitui um instrumento de compreenso do mundo e, tambm, de
aco sobre ele [Zorrinho, 1995]. Informao tudo o que altera e transforma estruturas.
No um conceito nico mas antes um conjunto de conceitos ligados por relaes
complexas.
So variadas as definies que existem sobre informao, dado o papel cada vez mais
importantes que tem, quer nas organizaes, quer nas sociedades.
O seu uso passou a ser mais generalizado a partir da dcada de 50, sendo hoje um termo de
aplicao corrente no quotidiano de todos.
De acordo com Peter Drucker [1993], a informao tornou-se to importante que,
inclusive, defende o surgimento de um novo tipo de gesto, em que a relao
capital/trabalho substituda pela relao informao/conhecimento, como factores
preponderantes no sucesso das organizaes. Ou seja, de uma forma mais generalistavislumbra-se que o valor da informao e o conhecimento iro suplantar o actual valor do
capital nas sociedades.
De facto, qualquer organizao, para sobreviver no mercado em que est inserida,
necessita de informao, quer para interactuar com esse mercado, quer para permitir as
interaces entre as diferentes componentes que a constituem. Sendo o mercado uma
estrutura em constante mudana, a organizao deve estar preparada com canais de
comunicao suficientemente eficientes e eficazes, de forma a reduzir o impacto dessas
variaes.
Hoje em dia, informao relevante e no momento certo podem representar para uma
organizao decises sustentadas, novas oportunidades de investimento, um planeamento
estratgico antecipado de actividades, um conhecimento mais profundo do mercado e
primazia na inovao.
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Efectivamente, a informao o elemento fundamental de que dependem os processos de
deciso, pelo que precisa de ter qualidade, estar correcta, ntegra e ser disponibilizada no
momento exacto, para a pessoa certa [McGee, 1993]. Informaes no so elementos que o
computador apresenta num determinado formato, mas sim aquilo que os gestores precisam,
no formato certo, no momento certo para tomadas de decises [Peter Druker, 1993].
Muitas vezes confunde-se o significado de dados com o significado de informao econhecimento.
Informao muito mais do que simples dados, so dados organizados e tratados por uma
ou mais pessoas aos quais so atribudos interpretaes e significados contextuais.
A Informao gera o conhecimento.
Figura 2.2 - Relao entre dados, informao e conhecimento adaptado de Checkland & Howell, 1997;
Hirschheim et al., 1995
Segundo McGee [1993], existem 6 etapas que apoiam o processo de gesto da informao.
Para um uso eficaz da informao torna-se necessrio proceder-se a um processo
coordenado de todas as etapas da gesto da informao.
1. Identificao de necessidades e requisitos de informao: De que informao
realmente precisamos? Onde esto as fontes de informao? Aonde e como se pode obt-
las (ambiente interno ou externo)? Elas esto prontas ou preciso process-las?
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2. Recolher/entrada de informao Aps o levantamento das necessidades de
informao, parte-se para a definio do processo de pesquisa atravs de uma estrutura
formal ou informal.
3. Classificao e armazenamento da informao Aps a identificao do utilizador
alvo, inicia-se a determinao da forma como a informao ser classificada e armazenada.
A forma de armazenamento poder ir dos tradicionais registos em papel, CD-ROMs at ao
armazenamento nos actuais sistemas de Bases de Dados.
4. Tratamento e apresentao da Informao Integrados no processo anterior, aqui
definem-se os tratamentos necessrios: clculos, formatos, tratamentos, consistncias e
formas de apresentao.
5. Desenvolvimento de produtos e servios de informao Nesta etapa a participao
dos utilizadores alvo torna-se imprescindvel para extrair o mximo da informao,
gerando uma ampla gama de resultados.
6. Distribuio/disseminao da informao A partir do mapeamento dos destinos das
informaes, parte-se para o desenvolvimento de processos eficazes no sentido de entregar
as informaes s pessoas certas e em tempo til recorrendo, por exemplo, a sistemas deinformao que reflictam as necessidades da organizao em que esto inseridos.
Para Layzell & Loucopoulos [1993], um sistema de informao o meio que providencia
os meios de armazenamento, gerao e distribuio de informao com o objectivo de
suportar as funes de operao e gesto de uma organizao, tal como tambm o de
sustentar todos os sistemas de actividades humanas e ou sociais.
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Figura 2.3 - O Modelo Conceptual do Sistema Organizacional, adaptado de Pires, 2001
Com base na filosofia sistmica, a organizao pode ser encarada como um conjunto de
actividades que agindo sobre uma srie de componentes, tem por objectivo primrio a
concretizao de uma misso, no mbito de um contexto ambiental diversificado. [Pires,
2001]
As organizaes precisam de ter, ou desenvolver, sistemas de informao de qualidade que
vo ao encontro das suas necessidades e que devem servir todos os subsistemas da
organizao, ligando-os atravs de canais de informao. Esse desenvolvimento deve ter
por base a realidade das organizaes, sendo portanto necessrio compreender como que
elas trabalham, como so e que estruturas as compem.
Um sistema de informao no mais do que uma combinao de procedimentos,
informaes, pessoas e tecnologias organizadas de forma a potenciar as organizaes a
alcanar os seus objectivos [Amaral, 1994]. Da que a implementao de SI inadequados
pode pr em causa o sucesso das organizaes.
No entanto, necessrio realar que a implementao de um sistema dentro de uma
organizao origina mutaes em todos os seus subsistemas e processos de reengenharia.
As suas aplicaes e o seu uso generalizado tem permitido no apenas melhorar a
performance dos processos e automatizao de algumas actividades mas tambm a
reestruturao das organizaes, quer ao nvel estratgico, quer ao nvel da gesto,
potenciando uma maior autonomia nas tomadas de deciso. Por trs desta nova atitude
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encontra-se a mudana do papel da informao e a consciencializao do seu valor no seio
das organizaes e das sociedades, em geral.
O modelo apresentado por J. Pires [2001], apresenta zonas de intercepo resultantes do
relacionamento das componentes do sistema, onde se encontram as actividades de nvel
operacional que so alvo de uma aco de natureza reguladora, habitualmente denominada
por actividade de Gesto.
A identificao de trs dimenses, Estratgica, Funcional e Tecnolgica, caracteriza em
poucas palavras aquilo que se entende pelo resultado das interaces das envolventes de
um sistema organizacional.
A Dimenso Estratgica reala o Planeamento (P) como actividade estruturante,
resultante da interaco da estrutura orgnica das organizaes e das tecnologias de
informao disponveis. O desconhecimento do potencial estratgico das tecnologias de
informao aplicadas ao cumprimento dos objectivos da organizao, frequentemente
uma das causas para o seu insucesso, denotando carncias estratgicas de base ao nvel da
gesto da prpria organizao.
Por outro lado a Dimenso Funcional, reala a Explorao (E) dos processosorganizacionais conjugados com as particularidades da estrutura orgnica. Considerada
esta tambm umas das vertentes da qualidade da Gesto da organizao altamente
influenciada pelas politicas implementadas ao nvel das tecnologias de informao no seio
da organizao. aqui que entra a Dimenso Tecnolgicado sistema organizacional.
O desenvolvimento (D) dos sistemas de informao caracteriza-se fundamentalmente
como sendo um processo de mudana que visa melhorar o desempenho dos SI. Entre essas
mudanas normalmente dado realce actividade de construo de suportes que a funo
dos sistemas de informao tem por misso facultar aos processos da organizao.
Os sistemas de informao desempenham um papel delimitador entre as necessidades de
informao, sejam elas de que tipo forem, e as tecnologias da informao.
As TI so ferramentas essenciais na criao de sistemas de informao; so meios
tecnolgicos usados em prol da obteno de processamento, armazenamento, distribuio e
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utilizao de informao, ou seja, so um conjunto de associaes entre hardware,
software, dados e tecnologias de comunicao, que permitem o funcionamento dos
recursos tecnolgicos como um todo, no sentido de apoiar certas vertentes e aspectos de
um sistema de informao. As tecnologias de informao so muito mais do que apenas
computadores [Porter, 1985].
Verificou-se no passado que algumas organizaes, com vontade de inovar e melhorar o
seu funcionamento, enfatizaram o papel das tecnologias em funo dos sistemas de
informao. O resultado foi contrrio ao esperado e as organizaes sofreram alteraes
negativas nas suas prticas sociais e transformaes irreversveis.
O uso desmesurado da tecnologia gerou, como seria de esperar, o no-uso, ou seja umuso sem regra, sem credibilidade ou fiabilidade.
Os SI at poderiam funcionar sem os recursos das TI porm, na prtica, a introduo das TI
traduziram um aumento de eficcia, no que diz respeito ao alcance dos objectivos e
prossecuo da misso da organizao, e na eficincia, em termos de opes estratgicas.
As organizaes, para melhor poderem sustentar as suas decises, recorreram aos recursos
tecnolgicos aplicados gesto da informao. Somente desta forma foi possvel obteremos melhores resultados inerentes ao funcionamento dos SI. De facto, quase impossvel
uma organizao fazer com que um SI funcione sem recorrer ao uso das tecnologias
modernas.
O Planeamento de Sistemas de Informao (PSI) caracteriza-se fundamentalmente como
sendo o momento na vida das organizaes onde se define quer o futuro desejado para o
seu sistema de informao quer o modo como este dever ser suportado pelas tecnologias
de informao quer ainda a forma de concretizar esse suporte. [Amaral, et al, 2005]
De acordo com estes autores o PSI essencialmente a tarefa de gesto que integra aspectos
relacionados com Sistemas de Informao no processo de planeamento da organizao,
fornecendo uma ligao directa entre este processo e a gesto operacional, nomeadamente
no que diz respeito aquisio das Tecnologias de Informao, desenvolvimento,
explorao e manuteno de aplicaes, etc..
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Para outros autores, a associao entre os SI e as TI surge motivada pelo crescimento
exponencial da informao. Desde sempre a preocupao dominante do SI foi a de
acompanhar esse crescimento, o que despoletou a necessidade de adaptar os sistemas e
dot-los de novos recursos tecnolgicos, capazes de continuar a dar resposta s
necessidades das organizaes, independentemente do volume de informao a tratar.
A evoluo das componentes tecnolgicas tem vindo a alterar uma panplia de conceitos
tais como: a comunicao e mobilidade, a velocidade de acesso informao, os prprios
equipamentos tecnolgicos e o comportamento generalizado dos utilizadores. Cada vez
mais se caracterizam como propulsores de uma sociedade cujas distncias so encurtadas,
tornando o mundo em que vivemos mais pequeno e, acima de tudo, mais conectado
[Law, 2000].
importante realar que a vertente tecnolgica no pode nem deve ser vista como um
elemento parte do contexto social e da sociedade [Law, 1992]. O desenvolvimento e
evoluo das TI devem considerar sempre, para alm da satisfao das necessidades dos
utilizadores, os seus comportamentos, essencialmente no que diz respeito ao perodo de
adequao e adaptao que necessrio para que os recursos tecnolgicos se transformem
em parte integrante da realidade quotidiana, podendo at originar outros tipos de
utilizaes, diferentes das inicialmente contempladas pelos fabricantes.
2.1.3 As Instituies Pblicas e as Tecnologias da Informao
Castells [1999] define a sociedade contempornea no como uma sociedade da informao
mas sim como uma sociedade informacional. Esta diferena de semntica, que Castells
utiliza, pretende sublinhar que em todas as sociedades sempre existiu troca e circulao de
informao e que a informao sempre desempenhou um papel relevante. A utilizao do
termo informacional acentua a relevncia notria da informao, bem como todas as
suas fases: criao, gesto, processamento, armazenamento e transmisso, fazendo emergir
o conceito de informao como um dos elementos de diferenciao na riqueza, no poder e
na gesto, como resultado de novos processos tecnolgicos e de inovao.
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As novas tecnologias da informao e comunicao, em especial os computadores, so os
elementos mais visveis deste contexto de transformao e inovao, pelo menos para os
utilizadores finais. Porm, tal como referido anteriormente, as tecnologias por si s no
so, nem podem ser, o nico elemento deste processo de inovao, apenas constituem uma
das peas. Para Castells [2001] a sociedade de informao um conceito utilizado para
descrever uma sociedade e uma economia que faz o melhor uso possvel das tecnologias da
informao e comunicao, no sentido de lidar com a informao, assumindo esta, o papel
central de toda a actividade humana.
A definio de uma estratgia tecnolgica fundamental embora seja uma tarefa muito
complexa, porque envolve, para alm das actividades tecnolgicas, actividades
econmicas, administrativas, culturais e organizacionais que interagem entre si,dificultando a elaborao dessa estratgia. Porm, e tal como Dussauge e Hart [1992]
salientam, a tecnologia deve estar a par do processo, da estrutura e cultura organizacional.
Embora este processo de inovao deva advir da estrutura interna e vontade das
organizaes, o Estado pode e deve tomar sobre si o papel impulsionador e dinamizador,
criando condies mais favorveis e propcias difuso da inovao tecnolgica. Na
realidade, e tendo em conta as caractersticas da sociedade Portuguesa, somente com o
envolvimento do Estado que se pode definir uma estratgia de inovao.
A inovao constitui uma rea transversal sociedade, devendo implicar a interaco de
diversas entidades pblicas e privadas. Apenas com o estabelecimento de parcerias se pode
levar a cabo um processo de inovao activo. De facto, estas parcerias devem pressupor
apoios s reas de investigao e desenvolvimento, criao de uma cultura de inovao,
definio de polticas de governo que contemplem aces articuladas em diferentes
mbitos, mobilizando entidades da sociedade.
Como consequncia da tomada de conscincia sobre a importncia da inovao e do
envolvimento da sociedade em geral, em Outubro de 1995 a Comisso Europeia publicou o
Livro Verde sobre a Inovao [EU, 1995], com o objectivo de suscitar o debate em torno
do papel da inovao, das propostas a adoptar e das polticas a seguir. Nesse sentido, o
Livro Verde identifica um conjunto de obstculos inovao, tais como a insuficiente
investigao, quer orientada para a inovao, quer orientada para a evoluo tecnolgica;
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os recursos humanos associados a sistemas de ensino desadequados e a falta de formao
especializada; as dificuldades de financiamento por parte das empresas inovadoras e, por
fim, a inadequao do enquadramento legal na proteco da propriedade industrial e
intelectual.
Em 1993, com a criao da Agncia de Inovao, Portugal d os primeiros passos na
concretizao de estratgias de inovao.
A Agncia de Inovao, empresa de capitais pblicos, em que os accionistas so o
Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior, atravs da Fundao para a Cincia e
Tecnologia, e o Ministrio da Economia e Inovao, atravs do IAPME e da PME
INVESTIMENTOS Sociedade de Investimento, S.A., tem como principal objectivofomentar a inovao e o desenvolvimento tecnolgico, promovendo a interaco entre
centros de investigao, empresas e centros tecnolgicos.
No decurso desta estratgia, em 1996, criada a Iniciativa Nacional para a Sociedade de
Informao e a Misso para a Sociedade de Informao, que definem quatro eixos de
actuao: a Escola, a Empresa, a Administrao Local e Regional e o Conhecimento. Em
consequncia, publicado em 1997 o Livro Verde para a Sociedade de Informao
[MSI, 1997], contemplando um conjunto de aces e orientaes, onde se destaca a
orientao para a democracia electrnica e-Democracy, o e-Goverment atravs de
projectos como as cidades e regies digitais, a info-excluso, o Programa Internet nas
Escolas, o Nnio sc. XXI, o programa Computadores para Todos e RCTS rede cincia e
tecnologia e sociedade, as TIC no sector pblico, nas escolas e nas empresas, a regulao
jurdica na sociedade de informao, com a regulao do sector de telecomunicaes e a
legislao sobre a proteco de dados [Correia, 1999]. Em suma, nesta publicao verifica-
se uma preocupao em alinhar os objectivos nacionais com os objectivos propostos no
mbito da Unio Europeia, definindo como uma das grandes prioridades a administrao
pblica em todo o seu mbito.
Alguns avanos foram efectivamente concretizados desde 1993 at hoje. O espelho desses
avanos est patente na publicao Sociedade da informao em Portugal 2006 [UMIC,
2006], que teve como propsito divulgar o estado da arte no domnio da utilizao das
tecnologias da informao e comunicao, ao nvel do sector empresarial, administrao
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pblica e famlia, bem como levar ao debate e reflexo sobre os contributos para a
sociedade Portuguesa. Esta publicao, tal como referimos anteriormente, incidiu sobre
diversos domnios da nossa sociedade tais como a populao e as TIC, o governo
electrnico, onde se engloba a administrao pblica central, regional e local, a educao e
a formao em TIC, as TIC nos hospitais e a economia digital.
De facto este relatrio salienta que, apesar dos avanos significativos que j se fazem sentir
nesta matria, Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer para se posicionar a par
do resto da Unio Europeia. Segundo esta anlise, apesar da posse de computadores nas
famlias j representar uma percentagem significativa, nos ltimos dois anos verificou-se
alguma estagnao; em oposio, cada vez mais famlias possuem ligao Internet, em
particular, ligaes de banda larga. Porm, embora o acesso Internet esteja cada vez maisgeneralizado, em especial na populao com nvel educacional mais elevado e estudantes,
representando uma das percentagens mais elevadas da UE, a Internet essencialmente
utilizada para pesquisas de informao e muito pouco direccionada para o comercio
electrnico, dada a pouca confiana dos utilizadores deste tipo de transaco econmica.
No obstante estes indicadores, do ponto de vista do governo electrnico, Portugal
demonstrou uma evoluo muito significativa, sendo inclusive mencionado num outro
relatrio i2010 Annual Information Society Report, 2007.
2.1.4 O Servio e o acesso informao
Tradicionalmente, as instituies pblicas Portuguesas assentam numa poltica
informacional dominada pela burocracia e pela centralizao, bem como na prestao de
servios in-loco.
Apenas na ltima dcada, tal como anteriormente verificmos, que a administrao
pblica Portuguesa despertou para esta realidade.
Efectivamente, as exigncias da sociedade de informao e a evoluo tecnolgica
constituram um motor de mudana na AP, no s ao nvel tcnico e tecnolgico, mas
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tambm ao nvel dos comportamentos organizacionais e polticos. Isto porque o modelo
organizacional, tendencialmente, passou a ser mais flexvel e malevel, dando mais nfase
aos processos, s interaces e aos fluxos de informao, com o intuito de melhorar a
resposta s solicitaes da sociedade.
Em sntese, a organizao burocrtica, que segundo Nonaka e Takeuchi [1998] baseada e
dependente da centralizao, do comando, padronizao, especializao e documentao
de processos tal como foram projectados, e segundo Webber [1978] regida por normas
dominantes, hierarquias e formalidades, passou lentamente a dar lugar inovao, ao
conhecimento e, portanto, a ser alvo de processos de mudana, permanentes e constantes.
Isto resulta, segundo Nonaka e Takeuchi [1998], da inadequao da abordagem
burocrtica, pela sua ineficincia e rigidez em contextos pouco estveis e, em especial, aosobstculos da criao de conhecimento novo e abrangente, para alm da desadequao do
conceito de estado estvel, apresentado por Schon [1971], que defende a crena num
estado estvel e imutvel, em todas as perspectivas da vida dos indivduos.
fundamental realar novamente que o denominador comum destas iniciativas prende-se
com o papel preponderante da informao e do acesso informao, associado a uma forte
componente tecnolgica. Como principal elemento desta conjugao, informao e
tecnologia, est a Internet, que democratizou e disseminou o acesso informao, bem
como originou novas formas de gerir, organizar, armazenar e processar informao e que
por isso no pode ser ignorada.
A Internet fez emergir um processo de mudana que abarca todos os domnios da
sociedade, desde os indivduos e as organizaes, pblicas e privadas, at s suas relaes,
onde se sublinha a alterao de relaes entre o indivduo/cidado e o Estado, e at ao
conceito de lazer, de trabalho e educao.
Os processos de inovao e evoluo tecnolgica potenciam, segundo Gouveia [2004], a
criao de grupos de elite que se distinguem, no pelos tradicionais critrios socio-
econmicos, mas pelas suas competncias face ao uso da tecnologia e do digital, bem
como pelas capacidades que detm na utilizao de informao geradora de conhecimento.
Isto , cada vez mais convergimos para o intitulado digital divide, expresso que denota
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as diferenas nas competncias dos indivduos nas sociedades de informao, entre aqueles
que no contexto das tecnologias de informao, tm acesso e os que no tm.
Estas desigualdades so preocupaes h muito, presentes na esfera das sociedades de
informao.
A fundament-lo encontramos diversos relatrios, quer ao nvel europeu, quer ao nvel
internacional, que discutem e analisam a incluso digital e os riscos associados sociedade
de informao. Exemplos disso so os relatrios Living and workink in the information
society: people first [EU, 1996], Building a European information societyfor us all
[EU, 1997], referenciados por Gouveia [2004] no livro Local E-government - A
organizao digital na autarquia, nos relatrios produzidos no mbito dodesenvolvimento humano nas Naes Unidas, ou no relatrio State of the Internet Report
2000 elaborado pela United State Internet Council.
Para contrariar estas discrepncias importante que, em especial, o Estado potencie e
facilite o acesso ao mundo digital, o contacto com a tecnologia e com a Internet. Esta
nfase no Estado resulta da cada vez maior aplicao de prticas de e-goverment, que
podem resultar no risco bvio de que os servios disponveis e os processos democrticos
associados se tornarem mais acessveis para uns do que para outros [Gronlund, 2002,
citado por Gouveia 2004].
A iniciativa e-Europe da unio europeia, actualmente designada por programa i2010,
pretendeu que todos os cidados europeus, atravs de um equipamento seja ele
computador, telemvel 3G, Tv digital e interactiva, passem a estar em linha, promovendo a
utilizao da Internet e fomentando para a Europa uma cultura digital e um processo
socialmente inclusivo [CE/DGIC, 2002].
Para alm destas diferenas no acesso informao, encontramos outro problema
associado a esta matria e, em especial, devido ao crescimento exponencial da informao
e informao digital: a iliteracia da informao. De facto, para aqueles cujo acesso
informao est facilitado, verifica-se que as capacidades de procura, compreenso e
utilizao da informao esto pouco desenvolvidas e so at escassas. Consequentemente,
o desenvolvimento de competncias e conhecimentos, no seu amplo sentido, encontra-se
limitado.
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39/
25
A literacia da informao, de acordo com a American Library Association, a capacidade
de reconhecer quando a informao necessria, a capacidade para a localizar, avaliar e
usar eficazmente [ALA 1989]4.
Cada vez mais fundamental dotar os indivduos dessas competncias para melhor tirarem
partido da informao existente.
Para isso necessrio apostar em prticas formativas e na adopo de modelos de literacia.
2.1.5 Organizao hospitalar
Quanto ao nvel de cuidados prestados, as Unidades de Sade classificam-se em Unidades
de Cuidados Primrios, Unidades Hospitalares ou Unidades de Cuidados Diferenciados e
em Unidades de Prestao de Cuidados Continuados.
As Unidades Hospitalares portuguesas, integradas na rede de prestao de cuidados de
sade podem assumir naturezas jurdicas distintas, de acordo com os seus estatutos.
Estabelecimentos Pblicos, dotados de personalidade jurdica, com autonomiaadministrativa e financeira, com ou sem autonomia patrimonial;
Estabelecimentos Pblicos, dotados de personalidade jurdica, autonomia
administrativa, financeira e patrimonial e natureza empresarial (EPE);
Estabelecimentos Privados, com ou sem fins lucrativos.
As Unidades Hospitalares5 Pblicas esto sujeitas a normas legislativas mas que no
definem a sua organizao interna. O legislador define a organizao interna dos Hospitais
ao nvel dos rgos de Gesto, deixando que cada unidade hospitalar determine a sua
4http://www.ala.org/ala/acrl/acrlpubs/whitepapers/presidential.cfm,
5 Unidade Hospitalar ou Hospital definida pelo Conselho Superior de Estatstica como sendo um:Estabelecimento de sade dotado de internamento, ambulatrio e meios de diagnstico e teraputica, com oobjectivo de prestar populao assistncia mdica curativa e de reabilitao, competindo-lhe tambm
colaborar na preveno da doena, no ensino e na investigao cientfica.
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organizao funcional, impondo unicamente que esta conste do Regulamento Interno da
unidade.
A estrutura organizacional ir depender das valncias clnicas que esto atribudas ao
hospital e do tipo de cuidados que presta.
De acordo com o estabelecido na lei, os hospitais do tipo EPE apresentam rgos de
administrao (Conselho de Administrao), de fiscalizao (Fiscal nico), de consulta
(Conselho Consultivo) e de apoio tcnico (Comisso de tica, Comisso de Humanizao
e Qualidade de Servios, Comisso de Controlo da Infeco Hospitalar, Comisso de
Farmcia e Teraputica).
2.2 Sistemas de Informao na SadeAs redes de informao em sade providenciam aos servios de sade a integrao de
informao e de funcionalidades de diferentes grupos de sistemas, quer dentro da
instituio quer entre instituies.
De acordo com a Pan-American Health Organization [PAHO/WHO, 1999], do ponto devista da informao, as redes de informao em sade descrevem a combinao de vrias
funes de sistemas, utilizando tecnologias de comunicao, simples ou concertadas, para
responder s necessidades de um cliente especfico. As aplicaes de redes de informao
em sade podem providenciar informao dos servios de sade e funcionalidades
integradas dentro duma instituio ou atravs de mltiplas instituies e podem fornecer o
suporte tcnico para gerir e aceder a informao clnica e administrativa ao longo do
processo de prestao de cuidados. Podem ainda providenciar o enquadramento e asaplicaes onde todos os actores partilham informao do doente e da populao.
Drudy [2005] destaca como principais oportunidades da e-sade, conforme sugere a OMS,
as seguintes:
Sistemas de sade centrados no cidado;
Servios de sade on-line;
Cartes inteligentes;
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Processo clnico electrnico;
Tecnologias de informao e comunicao para a educao e formao distncia;
Sistemas que permitam a auto-gesto de doenas crnicas no domiclio;
Sistemas de informao e comunicao em sade pblica.
Em Portugal, o Plano de Aco para a Sociedade da Informao, elaborado pela Unidade
de Misso Inovao e Conhecimento (UMIC), e aprovado em Conselho de Ministros a 26
de Junho de 2003 [UMIC, 2003]6, apresenta como 5 Pilar a Sade ao Alcance de Todos,
que tem como objectivo fundamental orientar o sistema de sade para o cidado,
melhorando a eficincia do sistema. Conforme este documento, a aplicao de tecnologias
de informao e comunicao poder resolver ou reduzir muitas deficincias do sistema de
sade, verificando-se um atraso significativo na sua utilizao no sector, em comparao
com os restantes pases da Unio Europeia.
Para a concretizao do objectivo fundamental de utilizao das tecnologias de informao
e comunicao de forma a colocar o cidado no centro das atenes do sistema de sade,
aumentando a qualidade dos servios prestados, aumentando a eficincia do sistema e
reduzindo os custos, foi delineada uma estratgia para o desenvolvimento da sociedade da
informao na sade, que pretende atingir trs grandes objectivos estratgicos(proporcionar uma maior qualidade de servio ao utente; reduzir custos do sistema
nacional de sade aumentando os nveis de eficincia; garantir um maior acrscimo de
eficincia processual e de gesto), suportados por trs eixos de actuao:
Eixo1: melhoramento da rede de informao da sade;
Eixo 2: servios de sade em linha;
Eixo 3: carto do utente.
6www.umic.gov.pt
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Sistemas ExecutivosFunesrelacionadas com a
deciso,Planeamento,avaliao e
investigao
Sistemas de Apoio Deciso
Exemplos:
Apoio s tarefas dePlaneamento, Avaliao e
Investigao.
Sistemas de Controlo de GestoFunes de Gesto
Sistemas Orientados para asTransaces
Exemplos:
Operaes administrativas,Contabilsticas,
Financeiras, gesto de
Funes de GestoExemplos:
Logsticas, Registo,Processamento e Recuperao dedados clnicos e administrativos.
GE
STO
OP
ERACIONAL
Sistemas de Informao em Sade e suas Funes
2.2.1 As Funes dos Servios de Sade e os Sistemas de Informao emSade
De acordo com a PAHO/WHO [1999], a importncia da informao nos sistemas de sade
relaciona-se com o apoio aos aspectos de gesto e aos aspectos de carcter operacional:
- Suporta as operaes dirias de gesto dos servios e da rede de sade e suporta as
funes de diagnstico e tratamento;
- Facilita a tomada de deciso clnica e administrativa, nos vrios nveis de aco e de
deciso;
- Apoia a monitorizao e avaliao das intervenes; do estado de sade das
populaes e das condies do meio ambiente; da produo e utilizao dos servios
de sade; do impacto atribuvel actuao dos servios de sade e outrasintervenes relacionadas com a sade.
Figura 2.4 - Funes e
SIS numa Organizao
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29
Para o sucesso na implementao dos sistemas de informao na sade, h que garantir
que:
- Se desenvolvam de forma incremental, acrescentando componentes compatveis de
forma faseada;
- Utilizem standards que possibilitem a integrao com outros sistemas e comparao
da informao;
- Garantam a segurana e confidencialidade dos dados e da informao;
- Obtenham o apoio dos elementos chave, nomeadamente dos rgos de deciso
- Promovam a educao (se ocorrem mudanas na prtica profissional) e o treino (no
sistema de informao em concreto, sendo necessrio avaliar a literacia informtica
dos utilizadores);- O processo de desenvolvimento, lanamento e operacionalizao pode decorrer
numa dinmica de gesto por projectos;
- Se realize uma avaliao e desenvolvimento contnuos;
- Se realize uma anlise e adaptao ao ambiente.
assumido pelo MINISTRIO DA SADE [1998] de que um bom sistema de
informao um instrumento indispensvel para que possam ser tomadas decises
correctas em todos os nveis do sistema de sade () Torna-se necessrio interligar e
articular as mltiplas peas e recursos j existentes, num sistema de informao de sade
coerente e funcional
2.2.2 Impacto da sofisticao dos sistemas de informao em sade na
qualidade dos cuidadosComo anteriormente referido, os sistemas de informao em sade tm um forte impacto
em termos de qualidade, boas prticas e consequentemente nos ganhos em sade.
O quadro seguinte ilustra precisamente esses ganhos, em funo do nvel de sofisticao
dos sistemas, do menos sofisticado (1) ao mais sofisticado (6).
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Tabela 2.1- Ganhos em Funo da Sofisticao dos Sistemas, adaptado de Arajo, 2004
6. Multimdia avanada e TelemticaNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Monitorizao clnica contnua e remota; Imagens de diagnstico partilhadas remotamente
para diagnstico e reviso; Processo do doente completo disponvel
imediatamente; Melhoria do acesso a diagnstico especializado
remoto.
Alertas imediatos para problemas;
Acesso facilitado a opinio de peritos; Histria anterior sempre disponvel; Reduo do tempo de deslocao e do nmero
de deslocaes dos doentes; Monitorizao no domiclio mais frequente; Gravao de imagens para avaliao de
progressos;
5. Apoio especfico a especialidadesNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistema de cuidados partilhados para diabetes, asma emcrianas, caminhos com alertas e sinais automatizadosbaseados em regras, imagens electrnicas.
Caminhos extensivos e detalhados estabelecem amelhor prtica;
Diagnstico mais rpido e com maior acuidade; Comunicaes padronizadas, rpidas eabrangentes;
Aumento da participao do doente noscuidados.
4. Conhecimento Clnico e Apoio DecisoNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Alertas e sinais simples, acesso on-line a bases deconhecimento, planeamento multidisciplinar decuidados.
Acesso imediato ao conhecimento de peritos; Alertas para possveis interaces
medicamentosas; Diagnstico mais rpido e com maior acuidade; Planeamento dos cuidados mais consistente e
completo;
3. Apoio s Actividades ClnicasNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
UCI, nefrologia, servios de cardiologia, sistemas decomunicao de pedidos, prescrio electrnica.
Diminuio do tempo de internamento; Diminuio dos erros de prescrio; Cuidados mais consistentes; Avisos de desvios aos planos de cuidados
acordados.
2. Apoio Integrado ao Diagnstico e TeraputicaNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sade Exemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistemas de patologia e radiologia.
Acesso rpido a diagnsticos anteriores eRelatrios;
Menor perda de relatrios; Diminuio do tempo de espera para obteno
de novos resultados.
1. Apoio AdministrativoNveis cumulativos de sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistema gesto do doente
Menor repetio dos dados do doente; Reduo do tempo de espera do doente.
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2.2.3 Os Sistemas de Informao nos Hospitais
Os Hospitais encontram-se normalmente organizados em trs grandes reas funcionais: a
rea de prestao de cuidados de sade, a rea de suporte prestao de cuidados de sade
e a rea de apoio gesto e logstica.
Cada uma destas reas, se a dimenso do hospital o justificar, deve ainda ser dividida em
Departamentos, Servios e Unidades funcionais.
Unidades funcionais so conjuntos especializados de recursos humanos e tecnolgicos, e
integram-se num Servio ou Departamento.
O Servio a unidade bsica da organizao, funcionando autonomamente ou de formaconjunta em Departamentos. O Departamento a estrutura funcional que agrega vrios
Servios e Unidades funcionais.
A rea de prestao de cuidados de sade engloba todos os servios que prestam
directamente cuidados de sade aos utentes do hospital.
Dependendo da dimenso do hospital e das valncias clnicas adstritas a cada unidade
hospitalar, de uma forma geral a rea de prestao de cuidados de sade encontra-seorganizada pelos seguintes departamentos: Departamento Cirrgico; Departamento
Mdico; Departamento da Mulher e da Criana; Departamento de Psiquiatria e Sade
Mental; Departamento dos Meios Complementares de Diagnstico e Tratamento e
Departamento de Urgncia (em alguns hospitais este ltimo departamento mais
abrangente e designado por departamento de Anestesiologia e Cuidados Crticos).
A rea de suporte prestao de cuidadosengloba os servios farmacuticos, o servio
de alimentao e diettica, o servio social, o servio de esterilizao e os servios gerais.
A rea de apoio gesto e logstica inclui normalmente, os servios de
Aprovisionamento, Contabilidade, Informtica e Comunicao, Gesto de Doentes, Gesto
Hoteleira, Gesto de Instalaes e Equipamentos, Gabinetes de relaes Pblicas e
Imagem, Gesto de recursos Humanos, Apoio e Vigilncia e o Gabinete Jurdico
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Neste sentido, j em 1999, a PAHO - Pan-American Health Organization prope uma
estrutura modular composta por diferentes grupos de mdulos integrveis intra e inter
grupos, com funcionalidades genricas e especficas de cada um, mas que constituem a
organizao no seu todo. Estes mdulos so:
A-Logstica dos cuidados ao doente: registo; admisso a ambulatrio; admisso a
internamento, alta e transferncias; agendamento de servios e gesto dos contactos;
pedidos/ requisies.
B-Gesto dos dados clnicos:processo clnico; cuidados de enfermagem; auditoria clnica.
C- Operacionalizao dos servios de apoio tcnico ao diagnstico e tratamento:
laboratrios clnicos; imagem mdica (diagnstico e interveno); radioterapia; farmcia;
banco de sangue e transfuso; servios dietticos.
D-Operacionalizao dos servios tcnicos populacionais e ambientais:sade ambiental;
imunizao; vigilncia clnica e bases de dados.
E-Administrao e gesto de recursos:gesto financeira (facturao/ contas a receber;
contas a pagar; contabilidade geral; contabilidade analtica); recursos humanos
(remuneraes; gesto de recursos humanos; benefcios); gesto de materiais (compras;
controlo de inventrio); gesto de activos fixos; manuteno de equipamento mdico;
manuteno das instalaes; servio de lavandaria; servio de transportes; oramentao e
apoio executivo.
2.2.4 Evoluo dos Sistemas de Informao nas Organizaes de Sade
O conceito de sistemas de informao usado no mbito das organizaes de Sade tem um
sentido mais alargado em relao ao conceito de Sistemas Informatizados, sendo estes
tambm sistemas de informao, regulados por meios informticos, mas em que a
informao adquire um elevado grau de criticidade por se tratar de matria do foro pessoal
de cada utente.
De facto as instituies de sade so organizaes complexas e abertas, com alguma
especificidade que as distingue das restantes, dado que, como foi dito, no trabalham com
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produtos homogneos de fcil processamento mas sim com utentes e doenas e cada utente
nico e cada episdio de doena distinto.
Mas se isto verdade, no menos verdade que em grande parte, graas aos sistemas
informticos que hoje as organizaes do sector da sade podem competir, gerindo e
filtrando e processando o grande manancial de informao que lhes aflui.
De facto estes ltimos anos, assistimos a um crescente interesse na utilizao da
informtica nos servios de sade e foi-se quebrando o tabu de que a utilizao de um
computador exige complexos conhecimentos de informtica e a organizao dos servios
foi largando o papel como suporte dos processos e passou a ser baseada em processos
automatizados, em que cada servio cliente e fornecedor de informao, no seio daorganizao.
A filosofia organizacional destas instituies assenta na gesto administrativa e na gesto
clnica, que sendo autnomas tm de estar integradas, exigindo novas formas de estruturar
a informao de maneira a encontrar a coerncia e a integrao destes dois tipos de dados,
para que a necessria e consequente gesto organizacional seja possvel e eficaz.
Figura 2.5 - Utilizao dos SI nas Organizaes de Sade, adaptado da CPC-HS
Em Portugal, o Ministrio da Sade possui uma rede informtica de carcter interno
(Intranet). Esta rede de informao da sade, conhecida por RIS foi desenvolvida e
mantida pela ACSS (Administrao Central de Sistemas de Sade), antigo Instituto de
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Gesto Informtica e Financeira da Sade (IGIF) e tem como objectivo estabelecer as
ligaes entre as diversas instituies de sade, que utilizam programas similares, de forma
a permitir a troca e a partilha da informao clnica e administrativa.
Figura 2.6 - Rede de Informao da Sade, adaptado da ACSS
Estamos a falar em informao rica em contedos e utilidade que permite gerar servios dequalidade, facultando consultas a base de dados centrais de informao e reduzir
fortemente os processos burocrticos.
apoiados nestes pressupostos que os Hospitais tm vindo a adoptar projectos inovadores
ao nvel da informatizao e controlo da informao com vista obteno de mais e
melhores resultados, ou seja, mais e melhor qualidade de Servios de Sade.
Com a responsabilidade crescente associada ao tratamento de doentes, as organizaes de
sade tm sentido a necessidade de possurem um sistema para integrar toda a informao
de cada doente num nico registo, independentemente da durao do tratamento ou das
vrias utilizaes por parte do doente.
No seio de uma Organizao Hospitalar, qualquer sistema de informao no pode ser
sectorial, pois ele deve visar assegurar a coerncia e a integrao. Com a integrao
pretende-se disponibilizar a informao aos vrios nveis e tipos de gesto, eliminando a
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separao gesto clnica/gesto administrativa e tratando os dados de forma consistente,
coerente e integrada, auxiliando a gesto da organizao.
2.2.5 Plano Nacional de Sade 2004/2010 - Situao actual dos SIS
Nas Orientaes Estratgicas do Plano Nacional de Sade 2004/2010, apresentada uma
realidade pouco animadora no que diz respeito implementao de sistemas de informao
na rea da sade.
Os pontos fundamentais que so apontados como justificao para essa realidade so:
1. Conceptualizao inadequada do Sistema de Informao da Sade,
consequncia da sua desagregao descentralizao, com uma heterogeneidade de
aplicaes que no conduz a uma normalizao de modelos de dados.
Por outro lado a utilizao destes sistemas no olhada na perspectiva da
necessria vigilncia epidemiolgica. Se os modelos de dados fossem normalizados
e comuns a todas as instituies no plano nacional, a vigilncia epidemiolgica e a
criao de indicadores de sade pblica seria realizada de forma mais fcil e
recorrendo a menos recursos humanos e materiais.
2. Qualidade indefinida da informao, resultante da rdua tarefa de uma
definio rigorosa do nvel de qualidade existente para gerir o SNS
3. Falta de normalizao de conceitos, apontada como tendo impacto negativo
directo na meta-informao da Sade. Isto porque no permite que a evoluo das
estruturas seja gerida directamente pelo Min
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