-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
1/
Auditoria a um Sistema de Informao Hospitalar - SAM
Margarida da Luz Cardoso
Dissertao apresentada Escola Superior de Tecnologia e de
Gesto
Instituto Politcnico de Bragana
para obteno do Grau deMestre emSistemas de Informao
Outubro\2010
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
2/
II
Auditoria a um Sistema de Informao Hospitalar - SAM
Margarida da Luz Cardoso
Dissertao apresentada Escola Superior de Tecnologia e de
Gesto
Instituto Politcnico de Bragana
para obteno do Grau de Mestre em
Sistemas de Informao
Orientador:
Jos Adriano Pires
Esta dissertao no inclui as crticas e sugestes feitas pelo
Jri
Outubro\2010
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
3/
III
Um Sistema no uma cabea. Um mvel no gente. Todos os processos
etodos os aparelhos resultaro inteis para as organizaes, se as
cabeas dosindivduos que os empregam, no estiverem convenientemente
organizadas.E essas cabeas estaro organizadas, se estiver
organizada, devidamente, amesma parte do corpo do chefe que as
dirige.
Assim como se podem escrever asneiras com uma mquina de escrever
doltimo modelo, tambm se podem fazer disparates com os sistemas e
aparelhosmais perfeitos para ajudar a no faz-lo.Sistemas,
processos, mveis, mquinas, aparelhos, so como todas as coisas
mecnicas e materiais: elementos puramente auxiliares!
O verdadeiro processo PENSAR. A mquina fundamental
aINTELIGNCIA
Fernando Pessoa (1934), em Mensagem
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
4/
IV
Agradecimentos
Durante o desenvolvimento deste trabalho, muitas foram as
sugestes de colegas e amigos.Cabe-me aqui deixar expresso o meu
reconhecimento a todos aqueles que, directa ou
indirectamente, contriburam para a realizao deste trabalho.
Ao Professor Doutor Jos Adriano Pires, meu orientador, dirijo um
agradecimento muito
especial pelo apoio, orientao, colaborao, amizade e
disponibilidade, no devendo ainda
ficar esquecida a oportunidade que me deu de realizar este
trabalho.
Ao Dr. Jlio Novo, Mdico Cirurgio do Centro Hospitalar do
Nordeste, UnidadeHospitalar de Bragana, pela sua viso estratgica,
conhecimentos e ajuda na elaborao e
validao do questionrio.
Ao Dr. Jos Castanheira, pela sua preciosa ajuda no que diz
respeito identificao dos
requisitos de desenvolvimento da aplicao em estudo, e tambm pela
sua amizade e
incentivo.
Ao meu marido, Antnio Oliveira, pelo seu apoio, orientao, e
slidos conhecimentoscientficos, que muito contriburam para que este
trabalho fosse conseguido, mas acima de
tudo pelo seu carinho e disponibilidade.
E finalmente, s minhas lindas filhas, Joana e Clara, pela sua
pacincia e compreenso e
pelo carinho e estmulo que sempre me transmitiram.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
5/
V
Resumo
A implementao de um Sistema de Informao em ambiente hospitalar
no tarefa fcil.
A primeira dificuldade comea quando se pretendem objectivar as
necessidades da
organizao. As dificuldades sentem-se, os profissionais levantam
questes, contudo
quando se quer resolver o problema, nem sempre se atinge uma
soluo vivel.
A diversidade e complexidade de fluxos de informao no seio de
uma organizao
hospitalar, dificultam a definio de critrios e de objectivos
para o desenvolvimento de
uma aplicao que se destine a informatizar as actividades de um
grupo profissional como
o dos mdicos.
Os mdicos so, por princpio um grupo profissional cuja actividade
abarca uma grande
rea hospitalar. Desde a Urgncia, passando pela Consulta,
Internamento, Hospital de Dia,
produzida informao que necessrio tratar. Pela sua natureza
trata-se de informao
to crtica para o diagnstico como para a continuidade de
tratamento, pelo que
necessrio preservar, tratar e gerir esta informao de forma
segura, eficaz e fivel.
Neste princpio, a ACSS, comeou no ano 2000 a desenvolver o SAM,
Sistema de Apoio
ao Mdico, com o propsito de auxiliar a prtica diria dos mdicos
quer da rea hospitalar
quer da rea dos cuidados primrios.
Quando se desenvolve uma aplicao informtica desta natureza nem
sempre os requisitos
de base so atingidos, e quase sempre so necessrias adaptaes e
actualizaes. Esta no
excepo, trata-se de uma aplicao que tem sofrido actualizaes com
alguma
frequncia no sentido de acompanhar o desenvolvimento quer da
estrutura das
organizaes hospitalares quer das estratgias polticas definidas a
nvel nacional.
Palavras-Chave:Requisitos, Sistema de Informao, Mdicos,
Hospital
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
6/
VI
Abstract
The implementation of an information system in a hospital
environment is not an easy task.
The trouble begins when you first intend to objectify the
organization's needs. The
difficulties they feel, the professionals raise questions,
however if one wants to solve the
problem, not always a viable solution is reached.
The diversity and complexity of information flows within a
hospital organization
complicate the definition of criteria and objectives for
developing an application that is
intended to computerize the activities of a professional group
like the doctors.
Physicians are in principle a professional group whose work
encompasses a large areahospital. Since the ER, through
consultation, Inpatient, Day Hospital, is produced
information that must be considered. By its nature it is so
critical information for diagnosis
and for the continuity of treatment, so it is necessary to
preserve, treat and manage this
information in a safe, efficient and reliable.
In principle, the ACSS, began in 2000 to develop the SAM,
Medical Support System, in
order to assist the daily practice of doctors or the hospital
area or the area of primary care.
When developing a computer application of this nature is not
always the basic
requirements are met and almost always necessary adjustments and
updates. This is no
exception, this is an application that has been updated with
some frequency in order to
monitor the development of both the structure of hospital
organizations or policy strategies
established at national level.
Keywords:Requirements, Information System, Doctors, Hospital
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
7/
VII
ndice
1Introduo
..........................................................................................................................
1
1.1 Objectivo o Trabalho
....................................................................................................
11.2 Contexto do
Trabalho....................................................................................................
11.3 Organizao da Dissertao
..........................................................................................
11.4 Metodologia de Investigao
........................................................................................
21.4.1 Formulao do Problema
.........................................................................................
41.4.2 Populao / Amostra
................................................................................................
51.4.2.1Representatividade da Amostra
...........................................................................
61.4.2.2Calculo simples da dimenso da amostra
............................................................ 7
1.4.3 Instrumento de recolha de Dados
.............................................................................
81.4.4 Pr-Teste
...................................................................................................................
9
2 Fundamentao Terica
...................................................................................................
102.1 Tecnologias de Informao em Portugal
....................................................................
102.1.1 A Sociedade da Informao
...................................................................................
102.1.2 Informao, Sistemas de Informao e Tecnologias de
Informao...................... 122.1.3 As Instituies Pblicas e as
Tecnologias da Informao ......................................
19
2.1.4O Servio e o acesso informao
.........................................................................
22
2.1.5 Organizao hospitalar
...........................................................................................
25
2.2 Sistemas de Informao na Sade
...............................................................................
262.2.1 As Funes dos Servios de Sade e os Sistemas de Informao em
Sade ......... 282.2.2 Impacto da sofisticao dos sistemas de
informao em sade na qualidade dos
cuidados
..................................................................................................................
292.2.3 Os Sistemas de Informao nos Hospitais
.............................................................
31
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
8/1
VIII
2.2.4 Evoluo dos Sistemas de Informao nas Organizaes de Sade
...................... 322.2.5 Plano Nacional de Sade 2004/2010 -
Situao actual dos SIS ............................. 352.2.6
Sistemas de Informao Integrados da Sade
........................................................ 372.2.7
Sistema de Informao Hospitalar
.........................................................................
392.2.8 SONHO
..................................................................................................................
40
3 Construo da Ferramenta de Auditoria
..........................................................................
433.1 Sistemas de Informao na Unidade Hospitalar de Bragana
.................................... 433.1.1 CHNE, EPE
............................................................................................................
433.1.2 Organizao dos SI no CHNE E.P.E.
.....................................................................
443.1.3 Sistemas de Informao na U. H. de Bragana
...................................................... 45
3.2 SAM - Sistemas de Apoio ao Mdico na Unidade Hospitalar de
Bragana ............... 553.2.1 SAM Mdulo de Urgncia
..................................................................................
583.2.2 SAM Mdulo de Consulta Externa
.....................................................................
58
3.2.3SAM Mdulo de Internamento
...........................................................................
58
3.2.4 SAM Mdulo de Bloco Operatrio
.....................................................................
593.2.5 SAM Mdulo de Hospital de Dia
........................................................................
593.2.6 SAM Processo Clnico Electrnico
.....................................................................
60
3.3 SAM Requisitos para o Desenvolvimento do SAM
................................................ 633.3.1 Requisitos
Funcionais e de Protocolo
....................................................................
653.3.1.1Relacionamento do mdico com o utente
..........................................................
653.3.1.2Relacionamento do mdico com a instituio
................................................... 66
3.3.2 Requisitos Tecnolgicos
........................................................................................
673.3.2.1 Interaco com o utilizador
...............................................................................
683.3.2.2 Integrao com outras aplicaes
......................................................................
68
3.3.3 Requisitos Estratgico-Polticos
.............................................................................
69
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
9/1
IX
3.3.3.1De base nacional\regional
..................................................................................
703.3.3.2De base institucional
..........................................................................................
71
4 Realizao da Auditoria
...................................................................................................
744.1 Recolha de
Dados........................................................................................................
744.2 Anlise de Resultados
.................................................................................................
744.3 Auditoria aos Requisitos Funcionais e de Protocolo
.................................................. 754.4 Auditoria
aos Requisitos
Tecnolgicos.......................................................................
784.5 Auditoria aos Requisitos Estratgico-Polticos
........................................................... 824.5.1
Requisitos Estratgico-Polticos de base Institucional
........................................... 824.5.2 Requisitos
Estratgico-Polticos de base Regional / Nacional
............................... 85
4.6 Apreciao Global do Inqurito
..................................................................................
874.7 Sugestes Apresentadas
..............................................................................................
90
5 Concluses
.......................................................................................................................
92
5.1Limitaes
...................................................................................................................
96
5.2 Sugestes para Trabalho Futuros
................................................................................
97
Referencias Bibliogrficas
...................................................................................................
99Anexos
....................................................................................................................................
iAnexo 1: Questionrio aplicado aos mdicos
.......................................................................
iAnexo 2: Entrevista escrita enviada para a ARS;
................................................................
vAnexo 3: Entrevista escrita enviada para a ACSS;
............................................................
viiAnexo 4: Resposta do Presidente do Conselho de Administrao da
ARS, entrevista
formulada.
....................................................................................................................
ix
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
10
X
ndice de Tabelas
Tabela 2.1- Ganhos em Funo da Sofisticao dos Sistemas, adaptado
de Arajo, 2004 . 30
Tabela 4.1 Distribuio de respostas aos requisitos Grupo I
............................................ 75Tabela 4.2 -
Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II
........................................... 78Tabela 4.3 -
Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III
.......................................... 82
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
11
XI
ndice de Figuras
Figura 2.1 - O contexto envolvente dos sistemas de informao
........................................ 12
Figura 2.2 - Relao entre dados, informao e conhecimento adaptado
de Checkland &Howell, 1997; Hirschheim et al., 1995
................................................................................
14Figura 2.3 - O Modelo Conceptual do Sistema Organizacional,
adaptado de Pires, 2001 .. 16Figura 2.4 - Funes e SIS numa
Organizao
...................................................................
28Figura 2.5 - Utilizao dos SI nas Organizaes de Sade, adaptado da
CPC-HS ............. 33Figura 2.6 - Rede de Informao da Sade,
adaptado da ACSS ......................................... 34Figura
2.7 - Tendncia dos Sistemas de Informao da Sade, adaptado do PTSIIS
......... 37Figura 2.8 - Ncleo central dos sistemas de informao da
sade, adaptado PTSIIS ......... 38Figura 3.1- Uniformizao de
sistemas entre as trs Unidades Hospitalares ......................
44Figura 3.2 Sistemas de Informao na UHB
....................................................................
46Figura 3.3 - Interaco da aplicao SONHO com o SI da UHB
....................................... 47Figura 3.4 Mdulos da
Aplicao SAM
...........................................................................
56Figura 3.5 - Arquitecturas similares SAM/SAPE para verses CSP e
CSD ....................... 57Figura 3.6 Relao PCE \ Sistemas de
Sade
...................................................................
60Figura 3.7 Requisitos de desenvolvimento da Aplicao SAM
....................................... 64Figura 3.8 Exemplo de
troca de informao entre aplicaes
.......................................... 69
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
12
XII
ndice de grficos
Grfico 4.1 - Distribuio de respostas aos requisitos - Grupo I:
Mdico\Utente .............. 76
Grfico 4.2- Distribuio de respostas aos requisitos Grupo I:
Mdico\Instituio ............ 77Grfico 4.3 - Distribuio de respostas
aos requisitos Grupo II: Ambiente grfico ........... 80Grfico 4.4:
Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II: Utilidade dos
SistemasIntegrados
............................................................................................................................
81Grfico 4.5 Distribuio de respostas aos requisitos Grupo II:
Disponibilidade efuncionalidade dos sistemas integrados
...............................................................................
81Grfico 4.6 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III:
Recolha de dados .......... 83Grfico 4.7 - Distribuio de respostas
aos requisitos Grupo III: Recolha de Dados,excluindo as respostas
Desconheo
.................................................................................
84Grfico 4.8 - Distribuio de respostas aos requisitos Grupo III:
Criao de Protocolos ... 84Grfico 4.9- Distribuio total das
frequncias de
respostas............................................... 88Grfico
4.10 Cumprimento dos requisitos Funcionais e de Protocolo
............................. 89Grfico 4.11 - Cumprimento dos
requisitos Tcnolgicos
.................................................. 89Grfico 4.12 -
Cumprimento dos Estratgico-Polticos, Base Institucional
........................ 90
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
13
XIII
Lista de Siglas
SIGLA SIGNIFICADO DA SIGLASNS
Servio Nacional de Sade
CHNE Centro Hospitalar do Nordeste
EPE Entidade Pblica Empresarial
UHB Unidade Hospitalar de Bragana
MSI Misso para a Sociedade da Informao
SI Sistemas de Informao
UHM
Unidade Hospitalar de Mirandela
UHMC Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros
AP Administrao Pblica
QoS Quality of Service
SONHO Sistema Integrado de Gesto Hospitalar
BD Base de Dados
SAM Sistema de Apoio ao Mdico
SAPE
Sistema de Apoio Prtica de Enfermagem
RIS Rede de Informao da Sade
IGIF Instituto de Gesto Informtica e Financeira da Sade
ACSS Administrao Central de Sistemas de Sade
CPS Center for Performance Sciences
SIC Servio de Informtica e Comunicaes
MS Ministrio da Sade
MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia
SIGLIC Sistema Informtico de Gesto de Lista de Inscritos
Para Cirurgia
TIC Tecnologias de Informao e Comunicao
SIH Sistema de Informao Hospitalar
CPC HS. Companhia Portuguesa de Computadores
Healthcare Solutions
SINUS Sistema de Informao para as Unidades de Sade
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
14
XIV
CSP Cuidados de Sade Primrios
CSD Cuidados de Sade Diferenciados
SIIS Sistemas de Informao Integrados da Sade
SIS
Sistemas de Informao da Sade
PNS Plano Nacional de Sade
PTSIIS Plano de transformao de Sistemas de Informao
Integrados da Sade
IAPMEI Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e
ao Investimento
PCE Processo Clnico Electrnico
LIC
Lista de Inscritos para Cirurgia
CTH Consulta a Tempo e Horas
ARS Administrao Regional de Sade
PSI Planeamento de Sistemas de Informao
ROR Registo Oncolgico Regional
PCA Presidente do Conselho de Administrao
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
15
1
Captulo 1
1Introduo
1.1 Objectivo o TrabalhoEste trabalho pretende fazer um estudo
sobre os requisitos que levaram concepo e
implementao do sistema aplicacional SAM (Sistema de Apoio ao
Mdico). Trata-se de
uma aplicao da tutela do Ministrio da Sade, com objectivos
definidos a aplicar s
Organizaes Hospitalares. Mas ser que estes objectivos esto a ser
cumpridos? Ser que
os requisitos que nortearam a sua criao tm aplicabilidade prtica
no seio de uma
Organizao?
1.2 Contexto do TrabalhoO trabalho desenvolve-se no Centro
Hospitalar do Nordeste, EPE., mais precisamente na
Unidade Hospitalar de Bragana.
1.3 Organizao da DissertaoA dissertao ser organizada
captulos.
Numa primeira fase ser exposta a organizao e metodologias usadas
para a realizao
deste trabalho, bem como o resumo e contextualizao do tema em
estudo.
No segundo captulo so abordados os conceitos associados,
nomeadamente ao nvel dos
Sistema de Informao Organizacionais.
Depois e porque se trata de uma rea muito especfica, a da Sade,
far-se- uma
perspectiva da evoluo dos sistemas de informao no sector da
Sade. Como tem
evoludo a implementao de sistemas de informao em ambientes
hospitalares, qual a
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
16
2
sua eficcia e que resultados se podem obter com a sua
operacionalizao neste tipo de
organizaes.
No terceiro captulo e aps contextualizado fisicamente o ambiente
de estudo do trabalho
ao nvel dos sistemas de informao em uso na Unidade Hospitalar de
Bragana, feita a
abordagem dos considerados vitais para o funcionamento da
instituio, entrar-se- naquilo
que propriamente o tema da dissertao, atestar acerca do
cumprimento dos requisitos de
desenvolvimento da aplicao SAM.
Feito o levantamento dos requisitos base que conduziram ao
desenvolvimento desta
aplicao, e j no quarto captulo, construda e aplicada a
ferramenta de auditoria que
conduzir ao apuramento de resultados para anlise.
Nesta fase, desenvolvido o tratamento dos dados e a sua anlise e
de forma a realizar a
auditoria propriamente dita.
No final existir um captulo onde sero tecidas as principais
concluses e apreciaes
retiradas ao longo de todo o trabalho.
1.4 Metodologia de InvestigaoApenas conhecemos correctamente o
mtodo de investigao depois de o termos
experimentado por ns prprios [Quivy 1998]
Segundo Quivy e Canpenhoudt [1998] um trabalho de investigao
consiste em procurar
sempre tomar o caminho mais curto e mais simples para o melhor
resultado.
Segundo estes autores, ao formular-se um projecto de investigao,
concebe-se uma
problemtica e explicita-se igualmente o quadro conceptual da
investigao, descrevendo-
se o quadro terico em que se inscreve a metodologia do
investigador. Precisam-se os
conceitos fundamentais e as relaes que eles tm entre si e
constri-se um sistema
conceptual adaptado ao objecto de investigao.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
17
3
J Burns e Grove [1993] definem investigao cientfica como um
processo sistemtico,
efectuado com o objectivo de validar conhecimentos j
estabelecidos e de produzir outros
novos que vo, de forma directa ou indirecta, influenciar a
prtica.
A investigao pois a base do conhecimento, quer pelo
desenvolvimento quer pela
verificao da teoria.
Qualquer rea profissional deve ter inerente o contributo da
investigao para o seu eficaz
desenvolvimento.
Frequentemente a pesquisa que utiliza o mtodo quantitativo, como
o presente estudo,
baseia-se no paradigma do positivismo, onde se reala a
regularidade e repetitividade dos
factos e a objectividade na colheita e anlise dos dados [Polit e
Hungler, 1995]. Segundo
estes autores, a utilizao do mtodo quantitativo aquele que
melhor garante a preciso
dos resultados, evitando distoro de anlises e interpretaes.
A investigao inicia-se normalmente com ideias pr concebidas
(teses) acerca da maneira
como os conceitos esto inter-relacionados, sendo utilizados
mtodos estruturados e
instrumentos formais para a colheita de informao mensurvel e
procedimentos
estatsticos para a anlise dos dados [Polit e Hungler, 1995].
Como tal, procedeu-se a elaborao e aplicao de um inqurito de
auditoria sobre o
cumprimento e viabilidade dos requisitos que estiveram na base
do desenvolvimento da
aplicao SAM.
Um dos conceitos da Engenharia de Requisitos1 refere que a
questo mais crtica na
criao dos requisitos de desenvolvimento de um sistema antes de
mais o estudo de
viabilidade desse mesmo sistema. Saber se ele contribui para os
objectivos da organizao,
j que um sistema que no contribua para os objectivos da
organizao no lhe traz
qualquer valor acrescentado e como tal a sua existncia no se
justifica.
1http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_requisitos
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
18/
4
Apesar de parecer bvia, so frequentemente desenvolvidos sistemas
que no contribuem
para os objectivos das respectivas organizaes, quer seja por
interesses externos (polticos
ou organizacionais) ou por falta de clareza na definio dos
objectivos da organizao.
A implementao do sistema em estudo, na Unidade Hospitalar de
Bragana, nunca foi
alvo de nenhum estudo. Ela foi feita por se tratar de uma
aplicao de cariz oficial, uma
vez que, como j referido, foi desenvolvida pela instituio do
Ministrio da Sade com
autoridade na rea dos sistemas de informao e que tinha a funo de
fazer essa
implementao nas organizaes hospitalares.
Na metodologia aplicada e particularmente neste trabalho os
dados sero colhidos no
decurso da aplicao do inqurito.
Assim, na elaborao da ferramenta a aplicar percorrer-se-o as
seguintes etapas:
Delineamento da pesquisa;
Levantamento dos Requisitos a auditar;
Seleco da populao;
Seleco da amostra;
Elaborao da ferramenta de colheita de dados; Aplicao do
questionrio populao seleccionada;
Anlise, interpretao e discusso dos resultados;
Concluses e sugestes.
1.4.1 Formulao do Problema
O ponto de partida para qualquer trabalho de investigao a
existncia de uma temtica
que merea ser estudada e aprofundada.
O levantamento de questes e todo o posterior trabalho de recolha
e tratamento de
informao, conduzem realizao de excelentes trabalhos de
investigao e s
descobertas no domnio da cincia.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
19/
5
Contudo estas questes, de forma a assumirem o papel de objecto
de estudo, devem ser
expressas em termos observveis e mensurveis e contriburem para a
aquisio de
conhecimentos.
Um problema de investigao deve constituir uma questo formulada
correctamente e sem
ambiguidade. No deve apresentar uma questo de natureza moral ou
tica, mas uma
questo que possa ser testada empiricamente.
Fortin [1999] diz que formular um problema de investigao definir
o fenmeno em
estudo atravs de uma progresso lgica de elementos, de relaes, de
argumentos e de
factos. O problema apresenta o domnio, explica a sua importncia,
condensa os dados
factuais e as teorias existentes nesse domnio e justifica a
escolha do estudo.
O problema que est na base deste trabalho prende-se com a
necessidade de averiguar
sobre o cumprimento dos requisitos que estiveram na base do
desenvolvimento do Sistema
Aplicacional SAM Sistema de Apoio ao Mdico.
Ser que na UHB, a aplicao cumpre os objectivos para os quais foi
desenvolvida?
1.4.2 Populao / Amostra
Qualquer estudo necessita de uma populao ou seja de um nmero de
elementos onde o
investigador possa testar as suas questes de investigao.
Para Fortin [1999] a populao compreende todos os elementos que
partilham
caractersticas comuns, as quais so definidas pelos critrios
estabelecidos para o
estudo.
De acordo com Polit [1995] a amostragem o processo de seleco de
uma parte da
populao para representar a sua totalidade. Uma populao, por sua
vez, todo o
agregado de casos que atendem a um conjunto escolhido de
critrios.
Ainda para esta autora, a amostra um subconjunto de elementos ou
de sujeitos tirados da
populao que so convidados a participar no estudo.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
20
6
Para Fortin [1999] existem duas grandes categorias de amostras,
ou seja, as amostras
probabilsticas e as no probabilsticas.
Neste caso, uma vez que todos os elementos da populao alvo tm a
mesma
probabilidade de ser escolhidos para fazer parte da amostra, a
escolha recaiu sobre a
amostragem probabilstica.
Assim, a amostra composta por 31 mdicos do CHNE que exercem
funes na Unidade
Hospitalar de Bragana, independentemente da especialidade
clnica. A nica condio
que sejam utilizadores da aplicao SAM.
Procurar-se-o obter respostas por parta da Administrao Central
de Sistemas de Sade e
da Administrao Regional de Sade do Norte, por forma auditar os
requisitos de mbito
nacional e regional.
1.4.2.1 Representatividade da AmostraNo decurso de trabalhos de
investigao, colocam-se frequentemente duas questes em
relao amostra: a sua significnciae a sua representatividade.
Pela primeira, entende-se os efectivos da amostra (o seu nmero)
e, pela segunda, a sua
qualidade (o mtodo de amostragem).
Embora os dois conceitos apaream, algumas vezes, como sendo
coincidentes, no o so.
Se a representatividade de uma amostra implica tambm a existncia
de uma amostra
significativa, nem sempre uma amostra com um N significativo de
sujeitos ou observaes
se pode considerar representativa da populao.
A representatividadede uma amostra essencial ou a condio mais
importante numa
investigao, nomeadamente quando se pretende generalizar os
resultados obtidos com
uma amostra populao. Para que tal generalizao seja possvel,
necessrio que a
populao se encontre "reflectida" na amostra considerada. A
representatividade de uma
amostra numa investigao requer a salvaguarda de alguns princpios
ou tem as suas
exigncias prprias:
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
21
7
Uma segunda questo prende-se com o tamanho da amostra, ou seja,
a sua significncia.
No fcil nas Cincias Sociais e Humanas definir quantos sujeitos
deve possuir uma
amostra para que a mesma seja significativa. Claro est que esse
nmero deve ser
compatvel com a representao da populao, isto , a amostra deve
ser suficientemente
grande para garantir a representatividade.
Na perspectiva clssica da amostragem, o conceito de
representatividade da amostra est
directamente relacionado com a sua dimenso: quanto maior for a
amostra, maior
representatividade fornecer da populao da qual provm.
Oliveira [2006], explica, com exemplos que isto no bem verdade.
Diz ele que na
perspectiva actual, "a estrutura da amostra tem de ser
consistente com a estrutura dapopulao para que ela possa
proporcionar uma forma de avaliar a plausibilidade de vrias
hipteses sobre a populao atravs de um nmero limitado de
observaes".
O importante numa amostra que ela represente os padres de
interesse na populao e
sugere que pensemos na amostra de um tapete. Se o tapete for
constitudo por pequenos
padres que se repetem, basta-nos ver um pedacinho pequeno para
podermos imaginar o
aspecto de toda a pea. Pelo contrrio, se o padro de outro tapete
for grande, precisaremos
de uma amostra maior para termos ideia do aspecto da pea. Com
estes exemplos fcil
entender que a representatividade de uma amostra no est
relacionada com o seu
tamanho.2
1.4.2.2 Calculo simples da dimenso da amostraA dimenso da
amostra importante, no necessariamente para
assegurarrepresentatividade mas para assegurar a preciso do estudo.
Ento, qual ter de ser a
dimenso mnima de uma amostra?
Existem vrias frmulas para calcular a dimenso da amostra e
programas informticos
criados para o efeito, mas um clculo mais simples da dimenso da
amostra que pode ser
2http://onde-encontro.blogspot.com/2009/05/calculo-simples-da-dimensao-da-amostra.html
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
22
8
utilizado quando a dimenso da populao conhecida, -nos
apresentado em Dr.
Arsham's Statistics Site.3. Arsham diz que a dimenso de uma
amostra proveniente de uma
populao finita de tamanho N dado por:
121
+
Arredondando o resultado para o nmero inteiro mais prximo.
Pare este trabalho sendo a populao composta por 56 indivduos,
qual deveria ser o
tamanho da amostra?
Aplicando a frmula de clculo obtm-se o resultado de 9 indivduos,
ou seja, para que o
estudo tenha fiabilidade e preciso deveriam ser inquiridos, no
mnimo, 9 mdicos da
instituio. Uma vez que se obtiveram 31 inquritos, devidamente
preenchidos e vlidos,
pode concluir-se que a amostra suficientemente representativa e
significativa da
populao em estudo.
1.4.3
Instrumento de recolha de DadosEntende-se por instrumento de
pesquisa, o conjunto de processos ou meios, que se utilizam
para obter a recolha de dados.
Para realizar este estudo, foi utilizado um instrumento de
recolha de dados, um
Questionrio (Anexo 1). Para a populao em causa pareceu-nos ser a
melhor fonte de
informao.
O questionrio versa o tema: Auditoria aos Requisitos da Aplicao
SAM
3Dr. Arsham's Statistics Site. Statistical Thinking for
Managerial Decisions
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
23
9
O questionrio constitudo por trs grupos de questes, seguindo a
estrutura da definio
dos requisitos: Grupo I: dos Requisitos Funcionais e de
Protocolo; Grupo II: Requisitos
Tecnolgicos e Grupo III: Requisitos Estratgico-Politicos.
Para conseguir responder totalmente ao problema, e de forma a
auditar os requisitos
Estratgico-Politicos de base nacional, ser elaborada um
entrevista por escrito a responder
pelos elementos balizados da ACSS e da ARS Norte. (Anexo 2 e
3)
1.4.4 Pr-Teste
O questionrio precisa de ser testado antes da sua aplicao
definitiva, para tal, e de formaa averiguar a sua validade como
instrumento de colheita de dados, foi utilizado o pr-teste.
Para Fortin [1999] o pr-teste consiste no preenchimento do
questionrio para uma
pequena amostra, a fim de verificar se as questes podem ser bem
compreendidas. Esta
etapa de todo indispensvel e permite corrigir ou modificar o
questionrio, resolver
problemas imprevistos e verificar a redaco e a ordem das
questes.
O pr-teste como o prprio nome indica, permite evidenciar
possveis falhas existentes epode ser aplicado tantas vezes quantas
as necessrias com vista ao seu aperfeioamento e
da sua validade.
Para a realizao do pr-teste, o questionrio foi aplicado a 2
mdicos, e no foi levantada
qualquer dvida, pelo que no foi feita qualquer alterao. Est
testada a sua validade.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
24
10
Captulo 2
2Fundamentao Terica
Neste Captulo sero abordados os conceitos revistos ao nvel da
bibliografia e que de
alguma forma fazem o enquadramento daquela que a rea de estudo
deste trabalho.
Sero focados temas centrados nas tecnologias e sistemas de
informao organizacional de
uma forma geral e posteriormente, estes temas sero focalizados
na rea especfica da
Sade, mais propriamente na organizao Hospitalar.
2.1 Tecnologias de Informao em Portugal2.1.1 A Sociedade da
Informao
Ao longo dos ltimos anos, a administrao pblica tem vindo a fazer
um esforo no
sentido de se adaptar e convergir com transformaes da sociedade,
desenvolvendo novos
meios de resposta aos cidados, novas vias de comunicao e difuso
de informao,
sustentados por sistemas tecnolgicos estruturados.
Estas mudanas sociais, que tm vindo a crescer ao longo dos
ltimos trinta anos,
conduziram-nos para uma sociedade da informao em que, quer a
informao, quer o
conhecimento adquiriram um papel preponderante e nuclear em
todos os sectores e
actividades da sociedade, no sendo excepo as instituies pblicas.
Na realidade, apesardo aparelho do Estado ter sido alvo de
constantes apelos mudana e inovao, foi apenas
nos ltimos anos que as instituies pblicas se consciencializaram
destes novos moldes
em que a sociedade se enceta e iniciaram o processo de mudana e
modernizao. At
ento, a administrao pblica caracterizava-se por fortes
caractersticas de inrcia e
impermeabilidade, ao contrrio do papel que deve assumir: eixo
central da sociedade da
informao e do conhecimento em Portugal [MSI, 1997].
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
25
11
Os factores conhecimento e inovao, por si s, no constituem
elementos novos nas
sociedades. De facto, constata-se que em todas as sociedades,
sempre existiu circulao de
informao e o conhecimento sempre foi valorizado. A enfatizao
agora colocada no
papel da informao na sociedade resultante das trocas e das
interaces culturais entre os
elementos que as constituem.
Dado que as alteraes implcitas sociedade da informao atravessam
transversalmente
todos os contextos econmicos, sociais e polticos, entende-se
necessrio compreender e
avaliar o mbito destas mudanas na sociedade para se perceberem
as presses a que esto
sujeitas as organizaes.
Uma sociedade de informao caracteriza-se pela capacidade dos
elementos que aconstituem adquirirem, armazenarem, processarem e
partilharem informao e
conhecimento instantaneamente, a partir de qualquer lugar e da
forma mais conveniente. A
sociedade vista como uma rede de ligaes e de fluxos de informao
que originam
conhecimento e em que, quer os indivduos, quer as organizaes
desempenham o seu
papel contribuindo para o todo, sendo conduzidos para sucessivas
adaptaes e
readaptaes [Castells, 2001].
Notoriamente, a sociedade de informao possui um efeito
multiplicador que dinamiza
todos os sectores da economia constituindo, por sua vez, a fora
motora do
desenvolvimento poltico, econmico, social, cultural e
tecnolgico.
A partir de meados do sculo XX, e muito especialmente a partir
da dcada de setenta,
foram-se progressivamente desenvolvendo factores que, a par das
transformaes nas
sociedades, encontraram bases slidas para sustentar uma revoluo
tecnolgica.
Esta realidade, que neste incio de sculo tanto inquestionvel
como irreversvel, tem
vido a crescer ao longo dos ltimos 20 ou 30 anos, com a
massificao da tecnologia, em
especial a rea das telecomunicaes, e com o uso generalizado da
Internet.
A Internet representa um dos elementos mais importantes
subjacentes a esta transformao
das sociedades e da actualidade, uma vez que reduziu o universo
quilo que Marshall
McLuhan [1967] denominou por global village. Para este autor, a
noo de tempo
terminou, a distncia desapareceu. Agora vivemos numa global
village numa
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
26
12
sucesso de acontecimentos simultneos [Marshall McLuhan, 1967].
Essencialmente,
contribuiu para o aparecimento da sociedade de informao
transformando as fundaes
das sociedades industrializadas: novos domnios de actuao, novos
mercados, novas
formas de comunicao, etc. Inclusive, o Livro Verde para a
Sociedade da Informao em
Portugal, refere que "a transio da sociedade industrial para a
sociedade ps-industrial
uma mudana ainda mais radical do que a passagem da sociedade
pr-industrial para a
sociedade industrial. Em particular prev-se que, na sociedade
ps-industrial, no sero
nem a energia nem a fora muscular que lideraro a evoluo, mas sim
o domnio da
informao. Nesta ptica, os sistemas da sociedade, humanos ou
organizacionais, so
basicamente pensados como sistemas de informao." [MSI,
1997].
2.1.2 Informao, Sistemas de Informao e Tecnologias de
Informao
Nesta fase, considera-se relevante clarificar um conjunto de
termos que frequentemente so
tratados como um nico elemento: sistemas de informao e
tecnologias de informao.De
facto, estes conceitos derivam um do outro, com consequentes
implicaes nas suas
definies, e qualquer um deles contribui, em larga escala, para a
concretizao dos
objectivos e da misso da organizao.
Figura 2.1 - O contexto envolvente dos sistemas de informao
Como refere Zorrinho [1995]: a gesto da informao uma funo que
conjuga a gesto
do sistema de informao e do sistema informtico de suporte com a
concepo dinmica
da organizao num determinado contexto envolvente, potenciando as
condies
Organizao Sistema
Informao
Tecnologias
Sistemas de Informao
Apoiados / Suportadospor
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
27
13
necessrias aos gestores para tomarem decises que, eventualmente,
podem condicionar e
at alterar o planeamento estratgico da organizao e,
consequentemente, a sua posio na
redede relaes que integra.
A informao um processo que permite a construo de conhecimento,
reduzindo a
incerteza; no fundo constitui um instrumento de compreenso do
mundo e, tambm, de
aco sobre ele [Zorrinho, 1995]. Informao tudo o que altera e
transforma estruturas.
No um conceito nico mas antes um conjunto de conceitos ligados
por relaes
complexas.
So variadas as definies que existem sobre informao, dado o papel
cada vez mais
importantes que tem, quer nas organizaes, quer nas
sociedades.
O seu uso passou a ser mais generalizado a partir da dcada de
50, sendo hoje um termo de
aplicao corrente no quotidiano de todos.
De acordo com Peter Drucker [1993], a informao tornou-se to
importante que,
inclusive, defende o surgimento de um novo tipo de gesto, em que
a relao
capital/trabalho substituda pela relao informao/conhecimento,
como factores
preponderantes no sucesso das organizaes. Ou seja, de uma forma
mais generalistavislumbra-se que o valor da informao e o
conhecimento iro suplantar o actual valor do
capital nas sociedades.
De facto, qualquer organizao, para sobreviver no mercado em que
est inserida,
necessita de informao, quer para interactuar com esse mercado,
quer para permitir as
interaces entre as diferentes componentes que a constituem.
Sendo o mercado uma
estrutura em constante mudana, a organizao deve estar preparada
com canais de
comunicao suficientemente eficientes e eficazes, de forma a
reduzir o impacto dessas
variaes.
Hoje em dia, informao relevante e no momento certo podem
representar para uma
organizao decises sustentadas, novas oportunidades de
investimento, um planeamento
estratgico antecipado de actividades, um conhecimento mais
profundo do mercado e
primazia na inovao.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
28/
14
Efectivamente, a informao o elemento fundamental de que dependem
os processos de
deciso, pelo que precisa de ter qualidade, estar correcta,
ntegra e ser disponibilizada no
momento exacto, para a pessoa certa [McGee, 1993]. Informaes no
so elementos que o
computador apresenta num determinado formato, mas sim aquilo que
os gestores precisam,
no formato certo, no momento certo para tomadas de decises
[Peter Druker, 1993].
Muitas vezes confunde-se o significado de dados com o
significado de informao econhecimento.
Informao muito mais do que simples dados, so dados organizados e
tratados por uma
ou mais pessoas aos quais so atribudos interpretaes e
significados contextuais.
A Informao gera o conhecimento.
Figura 2.2 - Relao entre dados, informao e conhecimento adaptado
de Checkland & Howell, 1997;
Hirschheim et al., 1995
Segundo McGee [1993], existem 6 etapas que apoiam o processo de
gesto da informao.
Para um uso eficaz da informao torna-se necessrio proceder-se a
um processo
coordenado de todas as etapas da gesto da informao.
1. Identificao de necessidades e requisitos de informao: De que
informao
realmente precisamos? Onde esto as fontes de informao? Aonde e
como se pode obt-
las (ambiente interno ou externo)? Elas esto prontas ou preciso
process-las?
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
29/
15
2. Recolher/entrada de informao Aps o levantamento das
necessidades de
informao, parte-se para a definio do processo de pesquisa atravs
de uma estrutura
formal ou informal.
3. Classificao e armazenamento da informao Aps a identificao do
utilizador
alvo, inicia-se a determinao da forma como a informao ser
classificada e armazenada.
A forma de armazenamento poder ir dos tradicionais registos em
papel, CD-ROMs at ao
armazenamento nos actuais sistemas de Bases de Dados.
4. Tratamento e apresentao da Informao Integrados no processo
anterior, aqui
definem-se os tratamentos necessrios: clculos, formatos,
tratamentos, consistncias e
formas de apresentao.
5. Desenvolvimento de produtos e servios de informao Nesta etapa
a participao
dos utilizadores alvo torna-se imprescindvel para extrair o
mximo da informao,
gerando uma ampla gama de resultados.
6. Distribuio/disseminao da informao A partir do mapeamento dos
destinos das
informaes, parte-se para o desenvolvimento de processos eficazes
no sentido de entregar
as informaes s pessoas certas e em tempo til recorrendo, por
exemplo, a sistemas deinformao que reflictam as necessidades da
organizao em que esto inseridos.
Para Layzell & Loucopoulos [1993], um sistema de informao o
meio que providencia
os meios de armazenamento, gerao e distribuio de informao com o
objectivo de
suportar as funes de operao e gesto de uma organizao, tal como
tambm o de
sustentar todos os sistemas de actividades humanas e ou
sociais.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
30
16
Figura 2.3 - O Modelo Conceptual do Sistema Organizacional,
adaptado de Pires, 2001
Com base na filosofia sistmica, a organizao pode ser encarada
como um conjunto de
actividades que agindo sobre uma srie de componentes, tem por
objectivo primrio a
concretizao de uma misso, no mbito de um contexto ambiental
diversificado. [Pires,
2001]
As organizaes precisam de ter, ou desenvolver, sistemas de
informao de qualidade que
vo ao encontro das suas necessidades e que devem servir todos os
subsistemas da
organizao, ligando-os atravs de canais de informao. Esse
desenvolvimento deve ter
por base a realidade das organizaes, sendo portanto necessrio
compreender como que
elas trabalham, como so e que estruturas as compem.
Um sistema de informao no mais do que uma combinao de
procedimentos,
informaes, pessoas e tecnologias organizadas de forma a
potenciar as organizaes a
alcanar os seus objectivos [Amaral, 1994]. Da que a implementao
de SI inadequados
pode pr em causa o sucesso das organizaes.
No entanto, necessrio realar que a implementao de um sistema
dentro de uma
organizao origina mutaes em todos os seus subsistemas e
processos de reengenharia.
As suas aplicaes e o seu uso generalizado tem permitido no
apenas melhorar a
performance dos processos e automatizao de algumas actividades
mas tambm a
reestruturao das organizaes, quer ao nvel estratgico, quer ao
nvel da gesto,
potenciando uma maior autonomia nas tomadas de deciso. Por trs
desta nova atitude
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
31
17
encontra-se a mudana do papel da informao e a consciencializao
do seu valor no seio
das organizaes e das sociedades, em geral.
O modelo apresentado por J. Pires [2001], apresenta zonas de
intercepo resultantes do
relacionamento das componentes do sistema, onde se encontram as
actividades de nvel
operacional que so alvo de uma aco de natureza reguladora,
habitualmente denominada
por actividade de Gesto.
A identificao de trs dimenses, Estratgica, Funcional e
Tecnolgica, caracteriza em
poucas palavras aquilo que se entende pelo resultado das
interaces das envolventes de
um sistema organizacional.
A Dimenso Estratgica reala o Planeamento (P) como actividade
estruturante,
resultante da interaco da estrutura orgnica das organizaes e das
tecnologias de
informao disponveis. O desconhecimento do potencial estratgico
das tecnologias de
informao aplicadas ao cumprimento dos objectivos da organizao,
frequentemente
uma das causas para o seu insucesso, denotando carncias
estratgicas de base ao nvel da
gesto da prpria organizao.
Por outro lado a Dimenso Funcional, reala a Explorao (E) dos
processosorganizacionais conjugados com as particularidades da
estrutura orgnica. Considerada
esta tambm umas das vertentes da qualidade da Gesto da organizao
altamente
influenciada pelas politicas implementadas ao nvel das
tecnologias de informao no seio
da organizao. aqui que entra a Dimenso Tecnolgicado sistema
organizacional.
O desenvolvimento (D) dos sistemas de informao caracteriza-se
fundamentalmente
como sendo um processo de mudana que visa melhorar o desempenho
dos SI. Entre essas
mudanas normalmente dado realce actividade de construo de
suportes que a funo
dos sistemas de informao tem por misso facultar aos processos da
organizao.
Os sistemas de informao desempenham um papel delimitador entre
as necessidades de
informao, sejam elas de que tipo forem, e as tecnologias da
informao.
As TI so ferramentas essenciais na criao de sistemas de
informao; so meios
tecnolgicos usados em prol da obteno de processamento,
armazenamento, distribuio e
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
32
18
utilizao de informao, ou seja, so um conjunto de associaes entre
hardware,
software, dados e tecnologias de comunicao, que permitem o
funcionamento dos
recursos tecnolgicos como um todo, no sentido de apoiar certas
vertentes e aspectos de
um sistema de informao. As tecnologias de informao so muito mais
do que apenas
computadores [Porter, 1985].
Verificou-se no passado que algumas organizaes, com vontade de
inovar e melhorar o
seu funcionamento, enfatizaram o papel das tecnologias em funo
dos sistemas de
informao. O resultado foi contrrio ao esperado e as organizaes
sofreram alteraes
negativas nas suas prticas sociais e transformaes
irreversveis.
O uso desmesurado da tecnologia gerou, como seria de esperar, o
no-uso, ou seja umuso sem regra, sem credibilidade ou
fiabilidade.
Os SI at poderiam funcionar sem os recursos das TI porm, na
prtica, a introduo das TI
traduziram um aumento de eficcia, no que diz respeito ao alcance
dos objectivos e
prossecuo da misso da organizao, e na eficincia, em termos de
opes estratgicas.
As organizaes, para melhor poderem sustentar as suas decises,
recorreram aos recursos
tecnolgicos aplicados gesto da informao. Somente desta forma foi
possvel obteremos melhores resultados inerentes ao funcionamento
dos SI. De facto, quase impossvel
uma organizao fazer com que um SI funcione sem recorrer ao uso
das tecnologias
modernas.
O Planeamento de Sistemas de Informao (PSI) caracteriza-se
fundamentalmente como
sendo o momento na vida das organizaes onde se define quer o
futuro desejado para o
seu sistema de informao quer o modo como este dever ser
suportado pelas tecnologias
de informao quer ainda a forma de concretizar esse suporte.
[Amaral, et al, 2005]
De acordo com estes autores o PSI essencialmente a tarefa de
gesto que integra aspectos
relacionados com Sistemas de Informao no processo de planeamento
da organizao,
fornecendo uma ligao directa entre este processo e a gesto
operacional, nomeadamente
no que diz respeito aquisio das Tecnologias de Informao,
desenvolvimento,
explorao e manuteno de aplicaes, etc..
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
33
19
Para outros autores, a associao entre os SI e as TI surge
motivada pelo crescimento
exponencial da informao. Desde sempre a preocupao dominante do
SI foi a de
acompanhar esse crescimento, o que despoletou a necessidade de
adaptar os sistemas e
dot-los de novos recursos tecnolgicos, capazes de continuar a
dar resposta s
necessidades das organizaes, independentemente do volume de
informao a tratar.
A evoluo das componentes tecnolgicas tem vindo a alterar uma
panplia de conceitos
tais como: a comunicao e mobilidade, a velocidade de acesso
informao, os prprios
equipamentos tecnolgicos e o comportamento generalizado dos
utilizadores. Cada vez
mais se caracterizam como propulsores de uma sociedade cujas
distncias so encurtadas,
tornando o mundo em que vivemos mais pequeno e, acima de tudo,
mais conectado
[Law, 2000].
importante realar que a vertente tecnolgica no pode nem deve ser
vista como um
elemento parte do contexto social e da sociedade [Law, 1992]. O
desenvolvimento e
evoluo das TI devem considerar sempre, para alm da satisfao das
necessidades dos
utilizadores, os seus comportamentos, essencialmente no que diz
respeito ao perodo de
adequao e adaptao que necessrio para que os recursos tecnolgicos
se transformem
em parte integrante da realidade quotidiana, podendo at originar
outros tipos de
utilizaes, diferentes das inicialmente contempladas pelos
fabricantes.
2.1.3 As Instituies Pblicas e as Tecnologias da Informao
Castells [1999] define a sociedade contempornea no como uma
sociedade da informao
mas sim como uma sociedade informacional. Esta diferena de
semntica, que Castells
utiliza, pretende sublinhar que em todas as sociedades sempre
existiu troca e circulao de
informao e que a informao sempre desempenhou um papel relevante.
A utilizao do
termo informacional acentua a relevncia notria da informao, bem
como todas as
suas fases: criao, gesto, processamento, armazenamento e
transmisso, fazendo emergir
o conceito de informao como um dos elementos de diferenciao na
riqueza, no poder e
na gesto, como resultado de novos processos tecnolgicos e de
inovao.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
34
20
As novas tecnologias da informao e comunicao, em especial os
computadores, so os
elementos mais visveis deste contexto de transformao e inovao,
pelo menos para os
utilizadores finais. Porm, tal como referido anteriormente, as
tecnologias por si s no
so, nem podem ser, o nico elemento deste processo de inovao,
apenas constituem uma
das peas. Para Castells [2001] a sociedade de informao um
conceito utilizado para
descrever uma sociedade e uma economia que faz o melhor uso
possvel das tecnologias da
informao e comunicao, no sentido de lidar com a informao,
assumindo esta, o papel
central de toda a actividade humana.
A definio de uma estratgia tecnolgica fundamental embora seja
uma tarefa muito
complexa, porque envolve, para alm das actividades tecnolgicas,
actividades
econmicas, administrativas, culturais e organizacionais que
interagem entre si,dificultando a elaborao dessa estratgia. Porm, e
tal como Dussauge e Hart [1992]
salientam, a tecnologia deve estar a par do processo, da
estrutura e cultura organizacional.
Embora este processo de inovao deva advir da estrutura interna e
vontade das
organizaes, o Estado pode e deve tomar sobre si o papel
impulsionador e dinamizador,
criando condies mais favorveis e propcias difuso da inovao
tecnolgica. Na
realidade, e tendo em conta as caractersticas da sociedade
Portuguesa, somente com o
envolvimento do Estado que se pode definir uma estratgia de
inovao.
A inovao constitui uma rea transversal sociedade, devendo
implicar a interaco de
diversas entidades pblicas e privadas. Apenas com o
estabelecimento de parcerias se pode
levar a cabo um processo de inovao activo. De facto, estas
parcerias devem pressupor
apoios s reas de investigao e desenvolvimento, criao de uma
cultura de inovao,
definio de polticas de governo que contemplem aces articuladas
em diferentes
mbitos, mobilizando entidades da sociedade.
Como consequncia da tomada de conscincia sobre a importncia da
inovao e do
envolvimento da sociedade em geral, em Outubro de 1995 a Comisso
Europeia publicou o
Livro Verde sobre a Inovao [EU, 1995], com o objectivo de
suscitar o debate em torno
do papel da inovao, das propostas a adoptar e das polticas a
seguir. Nesse sentido, o
Livro Verde identifica um conjunto de obstculos inovao, tais
como a insuficiente
investigao, quer orientada para a inovao, quer orientada para a
evoluo tecnolgica;
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
35
21
os recursos humanos associados a sistemas de ensino desadequados
e a falta de formao
especializada; as dificuldades de financiamento por parte das
empresas inovadoras e, por
fim, a inadequao do enquadramento legal na proteco da
propriedade industrial e
intelectual.
Em 1993, com a criao da Agncia de Inovao, Portugal d os
primeiros passos na
concretizao de estratgias de inovao.
A Agncia de Inovao, empresa de capitais pblicos, em que os
accionistas so o
Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior, atravs da
Fundao para a Cincia e
Tecnologia, e o Ministrio da Economia e Inovao, atravs do IAPME
e da PME
INVESTIMENTOS Sociedade de Investimento, S.A., tem como
principal objectivofomentar a inovao e o desenvolvimento
tecnolgico, promovendo a interaco entre
centros de investigao, empresas e centros tecnolgicos.
No decurso desta estratgia, em 1996, criada a Iniciativa
Nacional para a Sociedade de
Informao e a Misso para a Sociedade de Informao, que definem
quatro eixos de
actuao: a Escola, a Empresa, a Administrao Local e Regional e o
Conhecimento. Em
consequncia, publicado em 1997 o Livro Verde para a Sociedade de
Informao
[MSI, 1997], contemplando um conjunto de aces e orientaes, onde
se destaca a
orientao para a democracia electrnica e-Democracy, o e-Goverment
atravs de
projectos como as cidades e regies digitais, a info-excluso, o
Programa Internet nas
Escolas, o Nnio sc. XXI, o programa Computadores para Todos e
RCTS rede cincia e
tecnologia e sociedade, as TIC no sector pblico, nas escolas e
nas empresas, a regulao
jurdica na sociedade de informao, com a regulao do sector de
telecomunicaes e a
legislao sobre a proteco de dados [Correia, 1999]. Em suma,
nesta publicao verifica-
se uma preocupao em alinhar os objectivos nacionais com os
objectivos propostos no
mbito da Unio Europeia, definindo como uma das grandes
prioridades a administrao
pblica em todo o seu mbito.
Alguns avanos foram efectivamente concretizados desde 1993 at
hoje. O espelho desses
avanos est patente na publicao Sociedade da informao em Portugal
2006 [UMIC,
2006], que teve como propsito divulgar o estado da arte no
domnio da utilizao das
tecnologias da informao e comunicao, ao nvel do sector
empresarial, administrao
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
36
22
pblica e famlia, bem como levar ao debate e reflexo sobre os
contributos para a
sociedade Portuguesa. Esta publicao, tal como referimos
anteriormente, incidiu sobre
diversos domnios da nossa sociedade tais como a populao e as
TIC, o governo
electrnico, onde se engloba a administrao pblica central,
regional e local, a educao e
a formao em TIC, as TIC nos hospitais e a economia digital.
De facto este relatrio salienta que, apesar dos avanos
significativos que j se fazem sentir
nesta matria, Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer
para se posicionar a par
do resto da Unio Europeia. Segundo esta anlise, apesar da posse
de computadores nas
famlias j representar uma percentagem significativa, nos ltimos
dois anos verificou-se
alguma estagnao; em oposio, cada vez mais famlias possuem ligao
Internet, em
particular, ligaes de banda larga. Porm, embora o acesso
Internet esteja cada vez maisgeneralizado, em especial na populao
com nvel educacional mais elevado e estudantes,
representando uma das percentagens mais elevadas da UE, a
Internet essencialmente
utilizada para pesquisas de informao e muito pouco direccionada
para o comercio
electrnico, dada a pouca confiana dos utilizadores deste tipo de
transaco econmica.
No obstante estes indicadores, do ponto de vista do governo
electrnico, Portugal
demonstrou uma evoluo muito significativa, sendo inclusive
mencionado num outro
relatrio i2010 Annual Information Society Report, 2007.
2.1.4 O Servio e o acesso informao
Tradicionalmente, as instituies pblicas Portuguesas assentam
numa poltica
informacional dominada pela burocracia e pela centralizao, bem
como na prestao de
servios in-loco.
Apenas na ltima dcada, tal como anteriormente verificmos, que a
administrao
pblica Portuguesa despertou para esta realidade.
Efectivamente, as exigncias da sociedade de informao e a evoluo
tecnolgica
constituram um motor de mudana na AP, no s ao nvel tcnico e
tecnolgico, mas
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
37
23
tambm ao nvel dos comportamentos organizacionais e polticos.
Isto porque o modelo
organizacional, tendencialmente, passou a ser mais flexvel e
malevel, dando mais nfase
aos processos, s interaces e aos fluxos de informao, com o
intuito de melhorar a
resposta s solicitaes da sociedade.
Em sntese, a organizao burocrtica, que segundo Nonaka e Takeuchi
[1998] baseada e
dependente da centralizao, do comando, padronizao, especializao
e documentao
de processos tal como foram projectados, e segundo Webber [1978]
regida por normas
dominantes, hierarquias e formalidades, passou lentamente a dar
lugar inovao, ao
conhecimento e, portanto, a ser alvo de processos de mudana,
permanentes e constantes.
Isto resulta, segundo Nonaka e Takeuchi [1998], da inadequao da
abordagem
burocrtica, pela sua ineficincia e rigidez em contextos pouco
estveis e, em especial, aosobstculos da criao de conhecimento novo
e abrangente, para alm da desadequao do
conceito de estado estvel, apresentado por Schon [1971], que
defende a crena num
estado estvel e imutvel, em todas as perspectivas da vida dos
indivduos.
fundamental realar novamente que o denominador comum destas
iniciativas prende-se
com o papel preponderante da informao e do acesso informao,
associado a uma forte
componente tecnolgica. Como principal elemento desta conjugao,
informao e
tecnologia, est a Internet, que democratizou e disseminou o
acesso informao, bem
como originou novas formas de gerir, organizar, armazenar e
processar informao e que
por isso no pode ser ignorada.
A Internet fez emergir um processo de mudana que abarca todos os
domnios da
sociedade, desde os indivduos e as organizaes, pblicas e
privadas, at s suas relaes,
onde se sublinha a alterao de relaes entre o indivduo/cidado e o
Estado, e at ao
conceito de lazer, de trabalho e educao.
Os processos de inovao e evoluo tecnolgica potenciam, segundo
Gouveia [2004], a
criao de grupos de elite que se distinguem, no pelos
tradicionais critrios socio-
econmicos, mas pelas suas competncias face ao uso da tecnologia
e do digital, bem
como pelas capacidades que detm na utilizao de informao geradora
de conhecimento.
Isto , cada vez mais convergimos para o intitulado digital
divide, expresso que denota
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
38/
24
as diferenas nas competncias dos indivduos nas sociedades de
informao, entre aqueles
que no contexto das tecnologias de informao, tm acesso e os que
no tm.
Estas desigualdades so preocupaes h muito, presentes na esfera
das sociedades de
informao.
A fundament-lo encontramos diversos relatrios, quer ao nvel
europeu, quer ao nvel
internacional, que discutem e analisam a incluso digital e os
riscos associados sociedade
de informao. Exemplos disso so os relatrios Living and workink
in the information
society: people first [EU, 1996], Building a European
information societyfor us all
[EU, 1997], referenciados por Gouveia [2004] no livro Local
E-government - A
organizao digital na autarquia, nos relatrios produzidos no
mbito dodesenvolvimento humano nas Naes Unidas, ou no relatrio
State of the Internet Report
2000 elaborado pela United State Internet Council.
Para contrariar estas discrepncias importante que, em especial,
o Estado potencie e
facilite o acesso ao mundo digital, o contacto com a tecnologia
e com a Internet. Esta
nfase no Estado resulta da cada vez maior aplicao de prticas de
e-goverment, que
podem resultar no risco bvio de que os servios disponveis e os
processos democrticos
associados se tornarem mais acessveis para uns do que para
outros [Gronlund, 2002,
citado por Gouveia 2004].
A iniciativa e-Europe da unio europeia, actualmente designada
por programa i2010,
pretendeu que todos os cidados europeus, atravs de um
equipamento seja ele
computador, telemvel 3G, Tv digital e interactiva, passem a
estar em linha, promovendo a
utilizao da Internet e fomentando para a Europa uma cultura
digital e um processo
socialmente inclusivo [CE/DGIC, 2002].
Para alm destas diferenas no acesso informao, encontramos outro
problema
associado a esta matria e, em especial, devido ao crescimento
exponencial da informao
e informao digital: a iliteracia da informao. De facto, para
aqueles cujo acesso
informao est facilitado, verifica-se que as capacidades de
procura, compreenso e
utilizao da informao esto pouco desenvolvidas e so at escassas.
Consequentemente,
o desenvolvimento de competncias e conhecimentos, no seu amplo
sentido, encontra-se
limitado.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
39/
25
A literacia da informao, de acordo com a American Library
Association, a capacidade
de reconhecer quando a informao necessria, a capacidade para a
localizar, avaliar e
usar eficazmente [ALA 1989]4.
Cada vez mais fundamental dotar os indivduos dessas competncias
para melhor tirarem
partido da informao existente.
Para isso necessrio apostar em prticas formativas e na adopo de
modelos de literacia.
2.1.5 Organizao hospitalar
Quanto ao nvel de cuidados prestados, as Unidades de Sade
classificam-se em Unidades
de Cuidados Primrios, Unidades Hospitalares ou Unidades de
Cuidados Diferenciados e
em Unidades de Prestao de Cuidados Continuados.
As Unidades Hospitalares portuguesas, integradas na rede de
prestao de cuidados de
sade podem assumir naturezas jurdicas distintas, de acordo com
os seus estatutos.
Estabelecimentos Pblicos, dotados de personalidade jurdica, com
autonomiaadministrativa e financeira, com ou sem autonomia
patrimonial;
Estabelecimentos Pblicos, dotados de personalidade jurdica,
autonomia
administrativa, financeira e patrimonial e natureza empresarial
(EPE);
Estabelecimentos Privados, com ou sem fins lucrativos.
As Unidades Hospitalares5 Pblicas esto sujeitas a normas
legislativas mas que no
definem a sua organizao interna. O legislador define a organizao
interna dos Hospitais
ao nvel dos rgos de Gesto, deixando que cada unidade hospitalar
determine a sua
4http://www.ala.org/ala/acrl/acrlpubs/whitepapers/presidential.cfm,
5 Unidade Hospitalar ou Hospital definida pelo Conselho Superior
de Estatstica como sendo um:Estabelecimento de sade dotado de
internamento, ambulatrio e meios de diagnstico e teraputica, com
oobjectivo de prestar populao assistncia mdica curativa e de
reabilitao, competindo-lhe tambm
colaborar na preveno da doena, no ensino e na investigao
cientfica.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
40
26
organizao funcional, impondo unicamente que esta conste do
Regulamento Interno da
unidade.
A estrutura organizacional ir depender das valncias clnicas que
esto atribudas ao
hospital e do tipo de cuidados que presta.
De acordo com o estabelecido na lei, os hospitais do tipo EPE
apresentam rgos de
administrao (Conselho de Administrao), de fiscalizao (Fiscal
nico), de consulta
(Conselho Consultivo) e de apoio tcnico (Comisso de tica,
Comisso de Humanizao
e Qualidade de Servios, Comisso de Controlo da Infeco
Hospitalar, Comisso de
Farmcia e Teraputica).
2.2 Sistemas de Informao na SadeAs redes de informao em sade
providenciam aos servios de sade a integrao de
informao e de funcionalidades de diferentes grupos de sistemas,
quer dentro da
instituio quer entre instituies.
De acordo com a Pan-American Health Organization [PAHO/WHO,
1999], do ponto devista da informao, as redes de informao em sade
descrevem a combinao de vrias
funes de sistemas, utilizando tecnologias de comunicao, simples
ou concertadas, para
responder s necessidades de um cliente especfico. As aplicaes de
redes de informao
em sade podem providenciar informao dos servios de sade e
funcionalidades
integradas dentro duma instituio ou atravs de mltiplas
instituies e podem fornecer o
suporte tcnico para gerir e aceder a informao clnica e
administrativa ao longo do
processo de prestao de cuidados. Podem ainda providenciar o
enquadramento e asaplicaes onde todos os actores partilham informao
do doente e da populao.
Drudy [2005] destaca como principais oportunidades da e-sade,
conforme sugere a OMS,
as seguintes:
Sistemas de sade centrados no cidado;
Servios de sade on-line;
Cartes inteligentes;
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
41
27
Processo clnico electrnico;
Tecnologias de informao e comunicao para a educao e formao
distncia;
Sistemas que permitam a auto-gesto de doenas crnicas no
domiclio;
Sistemas de informao e comunicao em sade pblica.
Em Portugal, o Plano de Aco para a Sociedade da Informao,
elaborado pela Unidade
de Misso Inovao e Conhecimento (UMIC), e aprovado em Conselho de
Ministros a 26
de Junho de 2003 [UMIC, 2003]6, apresenta como 5 Pilar a Sade ao
Alcance de Todos,
que tem como objectivo fundamental orientar o sistema de sade
para o cidado,
melhorando a eficincia do sistema. Conforme este documento, a
aplicao de tecnologias
de informao e comunicao poder resolver ou reduzir muitas
deficincias do sistema de
sade, verificando-se um atraso significativo na sua utilizao no
sector, em comparao
com os restantes pases da Unio Europeia.
Para a concretizao do objectivo fundamental de utilizao das
tecnologias de informao
e comunicao de forma a colocar o cidado no centro das atenes do
sistema de sade,
aumentando a qualidade dos servios prestados, aumentando a
eficincia do sistema e
reduzindo os custos, foi delineada uma estratgia para o
desenvolvimento da sociedade da
informao na sade, que pretende atingir trs grandes objectivos
estratgicos(proporcionar uma maior qualidade de servio ao utente;
reduzir custos do sistema
nacional de sade aumentando os nveis de eficincia; garantir um
maior acrscimo de
eficincia processual e de gesto), suportados por trs eixos de
actuao:
Eixo1: melhoramento da rede de informao da sade;
Eixo 2: servios de sade em linha;
Eixo 3: carto do utente.
6www.umic.gov.pt
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
42
28
Sistemas ExecutivosFunesrelacionadas com a
deciso,Planeamento,avaliao e
investigao
Sistemas de Apoio Deciso
Exemplos:
Apoio s tarefas dePlaneamento, Avaliao e
Investigao.
Sistemas de Controlo de GestoFunes de Gesto
Sistemas Orientados para asTransaces
Exemplos:
Operaes administrativas,Contabilsticas,
Financeiras, gesto de
Funes de GestoExemplos:
Logsticas, Registo,Processamento e Recuperao dedados clnicos e
administrativos.
GE
STO
OP
ERACIONAL
Sistemas de Informao em Sade e suas Funes
2.2.1 As Funes dos Servios de Sade e os Sistemas de Informao
emSade
De acordo com a PAHO/WHO [1999], a importncia da informao nos
sistemas de sade
relaciona-se com o apoio aos aspectos de gesto e aos aspectos de
carcter operacional:
- Suporta as operaes dirias de gesto dos servios e da rede de
sade e suporta as
funes de diagnstico e tratamento;
- Facilita a tomada de deciso clnica e administrativa, nos vrios
nveis de aco e de
deciso;
- Apoia a monitorizao e avaliao das intervenes; do estado de
sade das
populaes e das condies do meio ambiente; da produo e utilizao
dos servios
de sade; do impacto atribuvel actuao dos servios de sade e
outrasintervenes relacionadas com a sade.
Figura 2.4 - Funes e
SIS numa Organizao
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
43
29
Para o sucesso na implementao dos sistemas de informao na sade,
h que garantir
que:
- Se desenvolvam de forma incremental, acrescentando componentes
compatveis de
forma faseada;
- Utilizem standards que possibilitem a integrao com outros
sistemas e comparao
da informao;
- Garantam a segurana e confidencialidade dos dados e da
informao;
- Obtenham o apoio dos elementos chave, nomeadamente dos rgos de
deciso
- Promovam a educao (se ocorrem mudanas na prtica profissional)
e o treino (no
sistema de informao em concreto, sendo necessrio avaliar a
literacia informtica
dos utilizadores);- O processo de desenvolvimento, lanamento e
operacionalizao pode decorrer
numa dinmica de gesto por projectos;
- Se realize uma avaliao e desenvolvimento contnuos;
- Se realize uma anlise e adaptao ao ambiente.
assumido pelo MINISTRIO DA SADE [1998] de que um bom sistema
de
informao um instrumento indispensvel para que possam ser tomadas
decises
correctas em todos os nveis do sistema de sade () Torna-se
necessrio interligar e
articular as mltiplas peas e recursos j existentes, num sistema
de informao de sade
coerente e funcional
2.2.2 Impacto da sofisticao dos sistemas de informao em sade
na
qualidade dos cuidadosComo anteriormente referido, os sistemas
de informao em sade tm um forte impacto
em termos de qualidade, boas prticas e consequentemente nos
ganhos em sade.
O quadro seguinte ilustra precisamente esses ganhos, em funo do
nvel de sofisticao
dos sistemas, do menos sofisticado (1) ao mais sofisticado
(6).
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
44
30
Tabela 2.1- Ganhos em Funo da Sofisticao dos Sistemas, adaptado
de Arajo, 2004
6. Multimdia avanada e TelemticaNveis cumulativos de sistemas de
informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Monitorizao clnica contnua e remota; Imagens de diagnstico
partilhadas remotamente
para diagnstico e reviso; Processo do doente completo
disponvel
imediatamente; Melhoria do acesso a diagnstico especializado
remoto.
Alertas imediatos para problemas;
Acesso facilitado a opinio de peritos; Histria anterior sempre
disponvel; Reduo do tempo de deslocao e do nmero
de deslocaes dos doentes; Monitorizao no domiclio mais
frequente; Gravao de imagens para avaliao de
progressos;
5. Apoio especfico a especialidadesNveis cumulativos de sistemas
de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistema de cuidados partilhados para diabetes, asma emcrianas,
caminhos com alertas e sinais automatizadosbaseados em regras,
imagens electrnicas.
Caminhos extensivos e detalhados estabelecem amelhor prtica;
Diagnstico mais rpido e com maior acuidade; Comunicaes
padronizadas, rpidas eabrangentes;
Aumento da participao do doente noscuidados.
4. Conhecimento Clnico e Apoio DecisoNveis cumulativos de
sistemas de informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Alertas e sinais simples, acesso on-line a bases deconhecimento,
planeamento multidisciplinar decuidados.
Acesso imediato ao conhecimento de peritos; Alertas para
possveis interaces
medicamentosas; Diagnstico mais rpido e com maior acuidade;
Planeamento dos cuidados mais consistente e
completo;
3. Apoio s Actividades ClnicasNveis cumulativos de sistemas de
informao em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
UCI, nefrologia, servios de cardiologia, sistemas decomunicao de
pedidos, prescrio electrnica.
Diminuio do tempo de internamento; Diminuio dos erros de
prescrio; Cuidados mais consistentes; Avisos de desvios aos planos
de cuidados
acordados.
2. Apoio Integrado ao Diagnstico e TeraputicaNveis cumulativos
de sistemas de informao em servios de
sade Exemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistemas de patologia e radiologia.
Acesso rpido a diagnsticos anteriores eRelatrios;
Menor perda de relatrios; Diminuio do tempo de espera para
obteno
de novos resultados.
1. Apoio AdministrativoNveis cumulativos de sistemas de informao
em servios de
sadeExemplos de melhorias na qualidade dos cuidados
Expl.
Sistema gesto do doente
Menor repetio dos dados do doente; Reduo do tempo de espera do
doente.
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
45
31
2.2.3 Os Sistemas de Informao nos Hospitais
Os Hospitais encontram-se normalmente organizados em trs grandes
reas funcionais: a
rea de prestao de cuidados de sade, a rea de suporte prestao de
cuidados de sade
e a rea de apoio gesto e logstica.
Cada uma destas reas, se a dimenso do hospital o justificar,
deve ainda ser dividida em
Departamentos, Servios e Unidades funcionais.
Unidades funcionais so conjuntos especializados de recursos
humanos e tecnolgicos, e
integram-se num Servio ou Departamento.
O Servio a unidade bsica da organizao, funcionando autonomamente
ou de formaconjunta em Departamentos. O Departamento a estrutura
funcional que agrega vrios
Servios e Unidades funcionais.
A rea de prestao de cuidados de sade engloba todos os servios
que prestam
directamente cuidados de sade aos utentes do hospital.
Dependendo da dimenso do hospital e das valncias clnicas
adstritas a cada unidade
hospitalar, de uma forma geral a rea de prestao de cuidados de
sade encontra-seorganizada pelos seguintes departamentos:
Departamento Cirrgico; Departamento
Mdico; Departamento da Mulher e da Criana; Departamento de
Psiquiatria e Sade
Mental; Departamento dos Meios Complementares de Diagnstico e
Tratamento e
Departamento de Urgncia (em alguns hospitais este ltimo
departamento mais
abrangente e designado por departamento de Anestesiologia e
Cuidados Crticos).
A rea de suporte prestao de cuidadosengloba os servios
farmacuticos, o servio
de alimentao e diettica, o servio social, o servio de
esterilizao e os servios gerais.
A rea de apoio gesto e logstica inclui normalmente, os servios
de
Aprovisionamento, Contabilidade, Informtica e Comunicao, Gesto
de Doentes, Gesto
Hoteleira, Gesto de Instalaes e Equipamentos, Gabinetes de
relaes Pblicas e
Imagem, Gesto de recursos Humanos, Apoio e Vigilncia e o
Gabinete Jurdico
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
46
32
Neste sentido, j em 1999, a PAHO - Pan-American Health
Organization prope uma
estrutura modular composta por diferentes grupos de mdulos
integrveis intra e inter
grupos, com funcionalidades genricas e especficas de cada um,
mas que constituem a
organizao no seu todo. Estes mdulos so:
A-Logstica dos cuidados ao doente: registo; admisso a
ambulatrio; admisso a
internamento, alta e transferncias; agendamento de servios e
gesto dos contactos;
pedidos/ requisies.
B-Gesto dos dados clnicos:processo clnico; cuidados de
enfermagem; auditoria clnica.
C- Operacionalizao dos servios de apoio tcnico ao diagnstico e
tratamento:
laboratrios clnicos; imagem mdica (diagnstico e interveno);
radioterapia; farmcia;
banco de sangue e transfuso; servios dietticos.
D-Operacionalizao dos servios tcnicos populacionais e
ambientais:sade ambiental;
imunizao; vigilncia clnica e bases de dados.
E-Administrao e gesto de recursos:gesto financeira (facturao/
contas a receber;
contas a pagar; contabilidade geral; contabilidade analtica);
recursos humanos
(remuneraes; gesto de recursos humanos; benefcios); gesto de
materiais (compras;
controlo de inventrio); gesto de activos fixos; manuteno de
equipamento mdico;
manuteno das instalaes; servio de lavandaria; servio de
transportes; oramentao e
apoio executivo.
2.2.4 Evoluo dos Sistemas de Informao nas Organizaes de Sade
O conceito de sistemas de informao usado no mbito das organizaes
de Sade tem um
sentido mais alargado em relao ao conceito de Sistemas
Informatizados, sendo estes
tambm sistemas de informao, regulados por meios informticos, mas
em que a
informao adquire um elevado grau de criticidade por se tratar de
matria do foro pessoal
de cada utente.
De facto as instituies de sade so organizaes complexas e
abertas, com alguma
especificidade que as distingue das restantes, dado que, como
foi dito, no trabalham com
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
47
33
produtos homogneos de fcil processamento mas sim com utentes e
doenas e cada utente
nico e cada episdio de doena distinto.
Mas se isto verdade, no menos verdade que em grande parte, graas
aos sistemas
informticos que hoje as organizaes do sector da sade podem
competir, gerindo e
filtrando e processando o grande manancial de informao que lhes
aflui.
De facto estes ltimos anos, assistimos a um crescente interesse
na utilizao da
informtica nos servios de sade e foi-se quebrando o tabu de que
a utilizao de um
computador exige complexos conhecimentos de informtica e a
organizao dos servios
foi largando o papel como suporte dos processos e passou a ser
baseada em processos
automatizados, em que cada servio cliente e fornecedor de
informao, no seio daorganizao.
A filosofia organizacional destas instituies assenta na gesto
administrativa e na gesto
clnica, que sendo autnomas tm de estar integradas, exigindo
novas formas de estruturar
a informao de maneira a encontrar a coerncia e a integrao destes
dois tipos de dados,
para que a necessria e consequente gesto organizacional seja
possvel e eficaz.
Figura 2.5 - Utilizao dos SI nas Organizaes de Sade, adaptado da
CPC-HS
Em Portugal, o Ministrio da Sade possui uma rede informtica de
carcter interno
(Intranet). Esta rede de informao da sade, conhecida por RIS foi
desenvolvida e
mantida pela ACSS (Administrao Central de Sistemas de Sade),
antigo Instituto de
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
48/
34
Gesto Informtica e Financeira da Sade (IGIF) e tem como
objectivo estabelecer as
ligaes entre as diversas instituies de sade, que utilizam
programas similares, de forma
a permitir a troca e a partilha da informao clnica e
administrativa.
Figura 2.6 - Rede de Informao da Sade, adaptado da ACSS
Estamos a falar em informao rica em contedos e utilidade que
permite gerar servios dequalidade, facultando consultas a base de
dados centrais de informao e reduzir
fortemente os processos burocrticos.
apoiados nestes pressupostos que os Hospitais tm vindo a adoptar
projectos inovadores
ao nvel da informatizao e controlo da informao com vista obteno
de mais e
melhores resultados, ou seja, mais e melhor qualidade de Servios
de Sade.
Com a responsabilidade crescente associada ao tratamento de
doentes, as organizaes de
sade tm sentido a necessidade de possurem um sistema para
integrar toda a informao
de cada doente num nico registo, independentemente da durao do
tratamento ou das
vrias utilizaes por parte do doente.
No seio de uma Organizao Hospitalar, qualquer sistema de
informao no pode ser
sectorial, pois ele deve visar assegurar a coerncia e a
integrao. Com a integrao
pretende-se disponibilizar a informao aos vrios nveis e tipos de
gesto, eliminando a
-
5/28/2018 Auditoria a um sistema de informa o hospitalar
49/
35
separao gesto clnica/gesto administrativa e tratando os dados de
forma consistente,
coerente e integrada, auxiliando a gesto da organizao.
2.2.5 Plano Nacional de Sade 2004/2010 - Situao actual dos
SIS
Nas Orientaes Estratgicas do Plano Nacional de Sade 2004/2010,
apresentada uma
realidade pouco animadora no que diz respeito implementao de
sistemas de informao
na rea da sade.
Os pontos fundamentais que so apontados como justificao para
essa realidade so:
1. Conceptualizao inadequada do Sistema de Informao da Sade,
consequncia da sua desagregao descentralizao, com uma
heterogeneidade de
aplicaes que no conduz a uma normalizao de modelos de dados.
Por outro lado a utilizao destes sistemas no olhada na
perspectiva da
necessria vigilncia epidemiolgica. Se os modelos de dados fossem
normalizados
e comuns a todas as instituies no plano nacional, a vigilncia
epidemiolgica e a
criao de indicadores de sade pblica seria realizada de forma
mais fcil e
recorrendo a menos recursos humanos e materiais.
2. Qualidade indefinida da informao, resultante da rdua tarefa
de uma
definio rigorosa do nvel de qualidade existente para gerir o
SNS
3. Falta de normalizao de conceitos, apontada como tendo impacto
negativo
directo na meta-informao da Sade. Isto porque no permite que a
evoluo das
estruturas seja gerida directamente pelo Min