A Gramaticalização da partícula HOTI no Grego Antigo
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A PARTÍCULA HÓTI NO GREGO ANTIGO: UM CASO DE
GRAMATICALIZAÇÃO ESPAÇO> (TEMPO)> TEXTO
Simone de O. Gonçalves Bondarczuk
Auto Lyra Teixeira
O presente capítulo é resultado da pesquisa de mestrado e dos trabalhos
desenvolvidos pelo grupo de pesquisa Discurso e Gramática (D&G), sob a orientação
do nosso saudoso professor Mario Eduardo Toscano Martelotta, e da co-orientação do
professor Auto Lyra Teixeira, professor integrante do grupo de pesquisa Discursos na
Antiguidade Grega: Texto, Contexto e Memória (DAG).
O interesse renovado do professor Martelotta pelos estudos linguísticos
históricos e interdisciplinares proporcionou a possibilidade de trabalhar com o grego
antigo, abrindo novas perspectivas no campo da linguística e dos estudos clássicos no
Brasil. A pesquisa em questão trata da partícula neutra1 hóti, que passou por um
processo de gramaticalização no decorrer do desenvolvimento da língua grega, seguindo
a trajetória polissêmica do tipo espaço > (tempo) > texto.
1. A gramaticalização espaço > (tempo) > texto
A trajetória de gramaticalização da partícula hóti se enquadra na
gramaticalização do tipo espaço > (tempo) > texto. O que temos nessa escala é uma
trajetória unidirecional do tipo + concreto > - concreto, na qual um elemento espacial
externo (geralmente dêitico) vai se distanciando do seu valor mais concreto e passa a
assumir funções referentes à organização textual, podendo, ao longo desse percurso, vir
ou não a expressar uma noção temporal.
Um exemplo desse processo, comum a várias línguas, é a transformação de
elementos adverbiais de valor espacial em conjunções. Tal mudança pode ser
considerada uma extensão analógica da organização espacial para a organização do
1 As partículas gregas originalmente eram identificadas como uma verdadeira pontuação oral, marcando e
destacando palavras ou grupos de palavras dentro da frase, de maneira a sugerir a ligação entre elas no
enunciado como um todo. No período clássico da literatura grega, com o desenvolvimento da prosa ática,
essa classe de palavras vem a assumir um papel muito mais significativo no modo de expressão da estrutura frasal, sendo usada numa série de combinações e gerando uma polissemia em seus diversos
usos. Não se pode falar em classe de palavras no sentido aristotélico, uma vez que seu significado e
função precisos surgem nos contextos de uso; no entanto, podemos, inicialmente, definir as partículas
como su/ndesmoj - amarra, ligação, conectivo.
2
universo textual. Segundo Heine et al. (1991), trata-se de um processo eminentemente
metafórico e que está presente na função anafórica do pronome hóti, o qual faz
referência a um elemento já mencionado na oração principal. As funções anafóricas ou
catafóricas mostram que o falante usa o mesmo padrão de organização espaço-temporal
do mundo concreto para organizar o mundo abstrato do texto.
Na história da língua grega, entre as diversas formas de pronome relativo,
somente hóti, a forma neutra do pronome relativo indefinido, tende a se especializar
como um subordinador geral não flexionado, perdendo, assim, as suas características
sintático-semânticas originais.
O caminho para essa especialização passa pela supressão do pronome
demonstrativo catafórico na oração principal. Quando o correlativo de hóti é suprimido,
a tendência é a perda das características morfossintáticas desse pronome relativo
indefinido, uma vez que já não existe antecedente formal na oração principal, com o
qual ele tenha que concordar. Hóti perde, portanto, as suas marcas morfossintáticas -
caso e concordância de gênero com o antecedente, passando por um processo de
descategorização. Torna-se, consequentemente, uma forma gramatical restrita e,
funcionando como conjunção integrante, sofre uma redução semântica, ou seja, perde
seu referente e, dessa forma, o conteúdo lexical. Esse processo é caracterizado como
dessemantização. Os exemplos abaixo ilustram esses processos de mudança:
(1) Ístō toûth’ hóti nō =in anḗkestos khólos éstai.2
Sabe isto que em nós dois implacável a fúria será.
(toûtho - pronome demonstrativo neutro)
“Sabe que fúria implacável se apossará de nós.”
(Ilíada, Canto XV, v.217)
(2) Óphra ídē=is glaukō =pi hóti àn sō =i patrì mákhēai.3
Para que saibas, olhos claros, que contra teu pai combates.
“Para que saibas, Olhos Claros, que contra teu pai combates.”
(Ilíada, VIII, v. 420)
2 i)/stw tou=q” o(/ti nw=in a)nh/kestoj xo//loj e)/stai. (P, 217)
3 o)/fra i)d$=j glaukw=pi o(/ti a\)n s%= patri\ ma/xhai. (Q,420)
3
No exemplo (1), Possêidon indigna-se contra Zeus, seu irmão, por este,
malgrado a vontade dos outros deuses, querer manter incólumes os muros de Ílion.
Nesse verso, o pronome demonstrativo (toûto) exerce uma função catafórica, uma vez
que o seu referente não é nenhum ser específico no contexto, mas a proposição seguinte,
o que ocorre toda vez que o antecedente do pronome relativo é uma forma pronominal
neutra.
No exemplo (2), Íris adverte a Olhos Claros, Palas Atena, para que esta não
desobedeça ao pai, prestando auxílio aos gregos, e sofrendo com isso as consequências
dessa rebeldia. Percebe-se, nesse exemplo, que o pronome demonstrativo já foi apagado
da oração principal, enquanto hóti torna-se uma verdadeira conjunção integrante.
Tornando-se conjunção, hóti perde a liberdade sintática inerente ao pronome
relativo. Dessa forma, a oração iniciada por hóti fixa sua posição sempre como segunda
oração do período, perdendo a mobilidade que tinha potencialmente, quando hóti era um
pronome relativo.
Outro mecanismo de mudança, não mais de base metafórica, mas de base
metonímica, é o princípio de inferência por pressão de informatividade (Traugott e
König, 1991:194). Tal princípio ocorre quando os falantes/ouvintes, por
convencionalização de implicaturas conversacionais, reanalisam, em determinados
contextos, os valores textuais das orações, atribuindo um novo valor ao elemento
linguístico conectivo. Por exemplo, ao analisarmos a frase - “Quando seu filho morreu,
ela perdeu a motivação para viver”, percebemos que a conjunção temporal quando pode
ser reinterpretada pelo ouvinte como causal, devido ao contexto em que é usada.
Esse processo, aparentemente, também ocorre com hóti, em orações
complemento, que passam a ser reanalisadas como orações causais, quando os verbos
das orações principais são verbos que expressam um sentimento (como, por exemplo,
admirar-se e surpreender-se).
Todos esses desdobramentos da gramaticalização vêm a corroborar a noção de
unidirecionalidade das mudanças, do discurso para a gramática; entretanto, a
gramaticalização não deve ser pensada como uma trajetória linear, dando-se apenas
numa sucessão temporal.
Martelotta (2003) apresenta-nos uma visão um pouco diferenciada em relação ao
conceito de unidirecionalidade:
4
“Se de um lado os estudos diacrônicos apresentam evidências da
unidirecionalidade da mudança, também levam à constatação antagônica
de que o conjunto de usos atuais de determinados elementos linguísticos
também se encontra em estágios anteriores da língua. A segunda
constatação leva-nos irremediavelmente à noção de uniformitarismo ou, em
termos saussurianos, ao conceito de pancronia.” (p. 59)
O conceito de pancronia evidencia o fato de que o mesmo tipo de transformação
pode ocorrer repetidamente na sucessão temporal, rompendo assim com a dicotomia
estruturalista sincronia x diacronia. A unidirecionalidade não deixa de ser considerada,
mas assume um novo status, não mais relacionado às mudanças necessariamente
sucessivas de uma determinada forma, e sim “aos processos relacionados à produção e à
transferência de informação entre diferentes domínios conceptuais” (Martelotta, 2003:
59).
Isso significa que as mudanças não são necessariamente unidirecionais, podendo
ou não ocorrer. São os processos cognitivos, subjacentes a essas mudanças, que se dão
numa direção específica de associações e transferências metafóricas mais ou menos
recorrentes na mente humana. Assumimos, então, com Labov (1994), a hipótese
neogramática, segunda a qual os mesmos tipos de mudança podem ocorrer em todas as
fases da história da língua.
Concluindo, podemos definir a gramaticalização como um processo gradual,
onde um dado item lexical assume um status gramatical, envolvendo uma série de
mudanças, as quais não ocorrem necessariamente em conjunto, numa sucessão linear,
mas seguem uma direção única, baseadas numa trajetória metafórica ou metonímica que
se estende dos usos mais concretos até os mais abstratos, num nível crescente de
abstração. A motivação por trás dessa mudança, ainda segundo Martelotta (2003), é
discursiva, refletindo três aspectos diferentes: o tempo, a cognição e o uso – sobretudo a
cognição e o uso.
2. Os usos de hóti no grego antigo
O grego passou por mudanças desde sua origem, e seu estudo pode ser
apresentado em dois períodos bem distintos do ponto de vista linguístico: o período dos
dialetos antigos e o da língua comum (koinḕ diálektos).
5
No período dos dialetos antigos (VIII ao V séc. a. C.), tem-se, de fato, uma
variedade de dialetos locais com uma base comum (grego comum primitivo). Os três
grupos dialetais principais atestados literariamente são: o ático-jônico, o eólico e o
dórico.
O período da koinḗ tem início com as campanhas militares de Alexandre Magno
(335-323 a.C). Nas regiões conquistadas pelo macedônio, o grego ático veio a tornar-se
o idioma comum dos povos helenizados. Nesse período, que viria a ser denominado
helenístico, a língua grega passou por diversas mudanças, em contato com a grande
variedade linguística das etnias que viriam a integrar os reinos helenísticos.
Pode-se traçar uma linha do desenvolvimento histórico-linguístico do grego
antigo da seguinte forma:
Língua homérica4 o ático clássico koinḕ alexandrina koinḕ romana koinḕ bizantina grego moderno
(mescla dialetal)
Ilíada e Odisseia Diálogos platônicos LXX5 Evangelhos
VIII séc. a.C V-IV séc. a. C. III séc. a. C I séc. d. C. V ´sec. d. C XV séc. d. C
As obras selecionadas para exemplificar o processo de gramaticalização de hóti
no grego antigo foram: a Ilíada de Homero, o Eutífron de Platão e o Evangelho de
Lucas.
Hóti é a forma neutra do pronome relativo indefinido masculino hóstis. Este
pronome, segundo Humbert (1997: 38), designava um tipo de ser, caracterizado por
certa qualidade. Por isso hóti pode ser traduzido como “qualquer que seja”,
expressando a generalidade de um tipo existente. Por essas características, ele foi
considerado um pronome de generalização. Consideremos o seguinte excerto, como
exemplo de pronome relativo indefinido masculino:
(3) Óphra ké ti gnō =men Trṓōn nóon (Ac.–antecedente do pronome)
Para que conheçamos, dos troianos, a intenção
hóntin’ékhousin6.
4 A língua homérica é um amálgama artificial de elementos de diferentes regiões e diferentes períodos, incluindo muitas formas inventadas pelo(s) próprio(s) autor (es). 5 Sigla referente à tradução do Antigo Testamento, atribuída a setenta e dois filólogos da biblioteca da
Alexandria, no III séc. a. C.
6
qualquer que eles tenham.”
(Il. Canto XXII, v.383)
No exemplo acima, Aquiles, depois de ter matado Heitor, exorta seus
companheiros a se aproximarem dos muros de Troia, para descobrir o que pretendiam
fazer os troianos, agora privados de seu maior defensor. A forma acusativa do pronome
– hóntina (no texto, com elisão da vogal final breve, que é morfema de acusativo),
concorda em gênero com o seu antecedente masculino - nóon (aqui traduzido como
intenção), e mantém o seu valor de pronome indefinido, uma vez que a reação dos
troianos à morte de Heitor ainda era desconhecida.
O uso do pronome relativo indefinido hóstis foi mantido até o período do grego
koiné7. No entanto, devido à complexidade de sua composição, pois ele é formado pela
justaposição de duas formas pronominais de declinações diferentes (hós – segunda
declinação, e tij - terceira declinação), a sua flexão foi se reduzindo cada vez mais.
Porém, ainda encontramos, no período da koiné, as formas de nominativo masculino
(hóstis) e feminino (hḗtis), usadas como pronomes relativos, enquanto a forma neutra
(hóti), de maneira geral, ia perdendo as características morfossintáticas de pronome
relativo.
A origem da conjunção integrante estaria no uso da forma neutra hóti do
pronome relativo em contextos nos quais ele servia como anáfora para um acusativo de
relação (Murachco, 2001: 671; Chantraine, 1963: 288). O acusativo de relação era,
basicamente, uma função adverbial, mas que também podia funcionar como
complemento nominal de um adjetivo.
2.1 - O acusativo de relação
Esse uso do pronome decorre do próprio valor semântico do caso acusativo, que
expressava, em sua origem, “a extensão no tempo e espaço, marcando a direção, ou o
movimento que tende para um ponto, vindo frequentemente em expressões que
indiquem o termo do movimento” (Horta, 1983: 134; Murachco, 2001: 97). Mais tarde,
essas noções circunstanciais de tempo, espaço e movimento passaram a ser expressas
6 o)/fra ke\ ti gnw=men Trw/wn no/on, o(/ntin” e)/xousin. (X, 383)
7“Koiné é uma língua de civilização que se constituiu por volta da época em que começou a influência
macedônia e que perdurou por todo o Império Romano, chegando até o período bizantino.” (Meillet,
1948:26).
7
por determinadas preposições antepostas ao caso e, cada vez mais, o acusativo foi
assumindo apenas a função de complemento verbal de verbos transitivos.
O acusativo de relação pode ser complemento de um adjetivo ou de um verbo
que expressa estado (verbo intransitivo ou verbo na forma passiva), para precisar-lhes o
sentido ou para indicar outras características: o ponto de vista, a relação, a parte do
corpo ou do ser que determina a qualidade ou modo de ser da ação. Consideremos os
exemplos abaixo (Murachco, 2001: 100-101):
a) Parte do Corpo:
Ho ánthrōpos tòn dáktylon (acusativo de relação) algeîn.
O homem no dedo (advérbio de lugar) sente dor.
b) A relação:
Deinòs eînai tḕn mousikḗn (acusativo de relação)
Ser hábil em relação à música (compl. nominal do adjetivo)
c) Qualidade ou modo de ser da ação:
Beltíon esti sō =ma ḕ psychḗn (acus. de relação) noseîn.
Melhor é, em relação ao corpo, que em relação à alma, sofrer.
Observa-se, nos exemplos acima, que a polissemia do acusativo de relação tanto
admite uma interpretação adverbial quanto uma substantiva. Tal característica é básica
para entendermos as funções derivadas desse uso. O exemplo abaixo é elucidativo da
polissemia envolvida na função do acusativo de relação; trata-se de uma cena da Ilíada,
onde a deusa Atena, indignada, se volta para Zeus e lhe pergunta:
(4) Zeû patḕr ē rhá tí moi kekholṓseai hótti8
“Zeus pai, não ficarás enfurecido comigo, em relação àquilo
(antecedente) que
kèn eípō;
eu disser?”
(Canto V, v. 421)
O verbo kholoûn (enfurecer-se), aqui empregado na forma de futuro perfeito
kekholóseai, é intransitivo, mas a oração principal, na qual ele está inserido, tem um
acusativo neutro marcado pelo pronome indefinido tí (algo). Não sendo complemento
obrigatório do verbo, essa forma pronominal é interpretada como acusativo de relação,
pois tem a função adverbial de indicar o motivo pelo qual Zeus se enfureceria. No
8Zeu= pa/ter h)= r(a/ ti/ moi kexolw/seai o(/tti ken ei)/pw; (E, 421).
8
entanto, o pronome tí é o correlativo de hótti (pronome relativo neutro), e tem valor
catafórico, apontando o que vai ser dito na oração seguinte. Esta segunda oração é
relativa e equivale a um acusativo de relação; por conseguinte, ela também pode ser
interpretada como uma oração adverbial declarando o motivo da fúria; mas,
diferentemente da nossa oração subordinada adverbial hipotática, ela teria uma
característica de completiva causal, como explicaremos mais adiante. Nota-se, então,
que a oração subordinada tem dupla interpretação, pois tanto pode ter valor completivo
quanto adverbial. No grego, os verbos que exprimem um sentimento ou um estado
geralmente vêm acompanhados de uma oração completiva de sentido causal.
2.2 – O pronome relativo
O pronome relativo indefinido hóti, como acusativo de relação, aparece em
construções gramaticais mais antigas, referindo-se anaforicamente a um termo neutro
da oração precedente e introduzindo uma especificação centrada neste último. Tal
contexto sintático específico do uso do acusativo de relação, onde ele assume um valor
relativo, constitui o ponto de partida do processo de gramaticalização aqui estudado.
Meillet (1927: 576) sugere que, no indo-europeu, as frases relativas não
apresentavam nenhuma particularidade específica no emprego dos tempos e dos
modos, e que o grego antigo construía orações relativas com os tempos e os modos das
orações principais como se elas fossem orações relativas paratáticas.
Segundo Chantraine (1963: 232), as construções paratáticas são frequentes em
Homero, o que seria outra marca de oralidade (geralmente se relaciona a simplicidade
da parataxe com a linguagem oral).
Os pronomes relativos derivados da raiz indo-europeia *yo, como é o caso de
hóti, costumavam, originalmente, vir associados a um pronome demonstrativo
correlativo de base *to, gerando uma série de estruturas correlativas (como, por
exemplo, tósos...hósos; tóte...hóte, as quais podem ser traduzidos, respectivamente,
como “tanto...quanto” e “neste momento...quando”). Praticamente, para cada forma
pronominal demonstrativa que a língua grega gerou a partir de *to, havia outra
correspondente de base *yo, formando verdadeiros pares correlatos.
Meillet (1927: 570), por outro lado, afirma ser provável que no indo-europeu a
correlação pudesse ser expressa também pela repetição do tema *to-; assim, os
dialetos gregos antigos apresentam exemplos do emprego de *to- em função de
9
relativo. Segundo Humbert (1997: 37): “é possível que a ordem mais antiga seja
precisamente *yo...*to, mas a ordem inversa *to...*yo não tarda a aparecer, tanto que
não se percebe a diferença de natureza entre os dois elementos pronominais”.
O processo de relativização de hóti se coaduna com o tipo de mudança no qual
um elemento de origem dêitico-espacial passa a cumprir no texto funções de
organização das informações (anafóricas e catafóricas) e se transforma em pronome
relativo.
O uso de hóti como pronome relativo se caracteriza pela presença de um verbo
transitivo na oração principal, geralmente, cognitivo ou dicendi, como atestado no
excerto abaixo:
(5) ísto toûth’ hóti noîn anékestos khólos éstai9.
Sabe isto que em nós implacável a fúria será.
(pronome demonstrativo neutro de base *to- e pronome relativo
de base * yo-)
“Sabe que fúria implacável se apossará de nós.”
(Canto XV, v. 217)
No exemplo (5), como já mencionamos acima, Possêidon se opõe a Zeus, por
este, malgrado a vontade de outros deuses, querer manter incólumes os muros de Ílion.
Quando o pronome é catafórico, a informação torna-se redundante e, por
economia discursiva, a tendência do falante é apagar a informação contida no pronome
demonstrativo. Tal constatação abre um caminho viável de explicação para o fato de a
forma neutra do pronome relativo se tornar conjunção integrante, e não as formas
masculinas e femininas.
2.3 - Conjunção integrante
Segundo Liddell e Scott (1968), o emprego de hóti como conjunção integrante é
corrente após verbos de cognição, como, por exemplo, gignṓskō (conhecer) e oîda
(saber), verbos de atividade verbal, como, por exemplo, légō (dizer), laléō (falar) e
euangelízō (proclamar a boa notícia), e verbos de percepção como, por exemplo, horáō
(ver), noéō (perceber) etc.
9 i)/stw tou=q” o(/ti nw=in a)nh/kestoj xo//loj e)/stai. (P, 217)
10
No exemplo a seguir, emprega-se um verbo de percepção, horáō, exigindo uma
oração completiva de onde decorre o uso de hóti. Neste excerto, Possêidon se dirige a
Zeus, reclamando, por causa do muro que os gregos (Acaios) haviam construído na
praia para proteger suas embarcações e, temendo também que esse muro venha a ser
ainda mais famoso que as próprias muralhas de Troia, de cuja construção ele havia
participado com Apolo.
(6) Oukh horáais hóti d’ aûte kárē komóōntes Akhaioì10
Não vês que, novamente, os, de cabelos longos, Acaios
teîkhos eteikhíssanto neō =n hypér,...
um muro construíram acima das naus, ...
“Não vês que, novamente, os Acaios de cabelos longos um muro acima das
naus construíram”,...
(Canto VII, verso 448)
2.4 - Conjunção causal
Para Chantraine (1963: 288), as orações completivas causais não são idênticas às
subordinadas causais hipotáticas do português, pois foram desenvolvidas a partir de
verbos expressando um estado ou sentimento, como, por exemplo, khōlésthai
(enfurecer-se), khaírein (alegrar-se), thaumázein (admirar-se). Nessas orações, o
estado ou evento é codificado pela oração principal. Existe uma estreita conexão entre
as orações completivas com conjunção integrante e as orações causais, como podemos
ver no seguinte excerto da Ilíada, no qual Odisseu repreende Tersites:
(7) Tòi nûn Atreídēi Agamémnoni, poiméni laôn,11
Agora, ao Atrida Agamémnon, pastor de guerreiros,
ēsai oneidízon, hóti mala pollà didoûsin herōes Danaoí.
Estás reprovando que (porque) muitas coisas dão os heróis dânaos (a ele).
“Agora estás reprovando ao Atrida Agamémnone, pastor de guerreiros,
porque os heróis Dânaos lhe dão muitas coisas”.
(Canto II, v. 254)
10
Ou)x o(ra/#j o(/ti d” au)=te ka/rh komo/wntej )Axaioi\ tei=xoj e)teixi/ssanto new=n u(/per,(H,
448). 11
T%= nu=n )Atrei/d$ )Agame/mnoni poime/ni law=n h)=sai o)neidi/zwn, o(/ti ma/la polla\
didou=sin h)/rwej Danaoi/ : (B, 254)
11
2.5 - Elemento de valor catafórico
O uso catafórico de hóti é muito frequente no corpus bíblico em geral12
. Por
isso, torna-se necessário distingui-lo dos demais usos até aqui estudados. Como
tradicionalmente não havia classificação para tal uso, cunhamos o termo elemento de
valor catafórico na tentativa de melhor expressar sua função. Alguns autores
consideram-no mero expletivo ou o chamam de hóti recitativo13
.
Designamos esse uso de partícula catafórica, porque une duas orações distintas:
a primeira, uma oração principal com verbo dicendi; a segunda, uma proposição
ilocucionária. No exemplo que se segue, a conjunção é catafórica porque cumpre a
função de apontar para o que dizem os discípulos e, também, grande multidão, diante de
uma ação extraordinária de Jesus:
(8) Légontes hóti Prophétēs14
mégas ēgérthē en hēmîn15
...
dizendo: “Um grande profeta se levantou entre nós...”
(Evangelho de Lucas, c. 7, v.16)
Essa partícula tem a função de apontar para o que é dito depois, e pode ser
traduzida como dois pontos ou ser omitida na tradução. Não deve ser entendida como o
that do inglês, uma vez que este pronome é usado no discurso indireto. Quando se diz,
por exemplo, “He Said that I will go”, não significa o mesmo que, “He said, ‘I will
go’”.
O dicionário padrão do grego clássico faz a seguinte consideração sobre esse uso
da partícula: “mas hóti tem sido, com frequência, inserido erroneamente pelo copista
como se eîpen ou légousin devem-se ser seguidos por ela”. Entende-se, porém, neste
trabalho, que um uso recorrente como esse não deve ser considerado, necessariamente,
erro do copista, mesmo porque na Antiguidade, o ofício de copista era um trabalho
minucioso e feito por poucos que detinham uma tékhnē (habilidade ou técnica
específica).
12 Aproximadamente 20% dos exemplos de hóti constatados no Evangelho de Lucas são de valor catafórico. 13
Lasor, 1973: 145; Horta, 2v. 1983: 165. 14 As edições críticas do Novo Testamento costumam assinalar o discurso direto iniciando a frase depois de hóti com letra maiúscula por mera convenção, uma vez que os manuscritos mais antigos eram todos escritos com letras maiúsculas. 15 le/gontej o(/ti Profh/thj me/gaj h)ge/rqh e)n h((mi=n. (Lc 7,16).
12
Quando o Novo Testamento estava sendo escrito, o verbo légein (dizer),
associado a hóti, formava um tipo de construção (mesmo quando o verbo aparece em
formas nominais), tanto seguido de discurso direto quanto indireto, pois são raros os
exemplos em que esse verbo aparece sem a conjunção nos corpora abordados. Tal
construção já aparece no período do grego clássico (V e IV sécs. a. C) em autores como
Xenofonte e Platão.
A maior dificuldade nesse tipo de construção é distinguir quando se usa o
discurso direto ou indireto. Não é muito fácil diferenciá-los em grego helenístico, já
que o tempo e o modo da citação original são comumente retidos no discurso direto,
enquanto no grego clássico eram determinados pelo verbo da oração principal.
Contudo, Horta (2° tomo, 1983: 139) afirma que, já desde o período do grego clássico,
“também é comum, num mesmo texto, passar, indiferentemente, do estilo indireto ao
direto, assim como passar da construção pessoal para a infinitiva e vice-versa.”
O que se pode destacar como uma característica marcante no texto de Lucas é
que a forma verbal légō (eu digo), forma de primeira pessoa do singular do presente
ativo do indicativo de légei (dizer), aparece sempre num tipo de construção que assinala
uma contra-expectativa como, por exemplo, légō gàr hymîn hóti, pois eu vos digo, ou
então, asseverativa, como, por exemplo, amḗn lego hóti, em verdade eu digo.
(9) Légo gàr hymîn hóti ou mḕ phágō autò16
Eu digo-vos, pois, que (eu) não mais a comerei (a páscoa)
Héōs hótou plērṓtē=i en tē=i basiléiai toû theoû.
Até que (ela) se cumpra no reino de Deus.
“Pois eu vos digo que não mais comerei a páscoa até que ela se cumpra no
reino de Deus”.
(Evangelho de Lucas, 22:16)
No exemplo acima, vemos que não há mudança na pessoa verbal nem discurso
reportado, mas uma afirmação introduzida por uma expressão formular que gera no
ouvinte uma expectativa contrária ao que ele pretendia ouvir. O fator inesperado aqui é
16 le/gw ga\r u(mi=n o(/ti ou) mh\ fa/gw au)to\ e(/wj o(/tou plhrwq$= e)n t$= basilei/# tou= qeou=.
(Lc.22:16).
13
a afirmação de Jesus de que esta seria a última páscoa judaica que ele tomaria com seus
discípulos.
2.6 – A expressão adverbializada dē=lon hóti
Essa expressão provém do predicado impessoal, dē=los eimì hóti, eu estou certo
de. Segundo Smyth (1920:583), ela também é frequentemente usada, tanto como
construção parentética, quanto elíptica, tornando-se assim mera expressão formal sem
verbo. Nesse caso, hóti perde toda força conjuntiva, e a expressão pode ser
adverbializada. A partícula hóti, portanto, não é o elemento central na formação desse
predicado impessoal que pode se adverbializar em alguns contextos. Liddell e Scott
(1968: 1265) endossam esta descrição ao dizerem também que o hóti pode substituir
uma sentença completa, especialmente em respostas curtas afirmativas, e que desse uso
teria surgido a prática de se usar dēlonóti adverbialmente.
Vejamos nos seguintes exemplos extraídos do Górgias e do Eutífron de Platão:
(10) Oukoûn kakō=i hyperbállon tò adikeîn kákion an eíē toû
adikeîsthai.17
Certamente, eles excedem em maldade, e injustiçar mau (errado) não
seria aquele que é injusto.
“Eles excedem em maldade, e, portanto, não seria errado ser injusto
com aquele que é injusto.”
Resposta: dēlôn dḕ hóti.
É evidente. (fica subentendido: que não seria errado)
(Platão, Górgias, 475d)
(11) Toûto oúpō oîda, allá sý dē=lon hóti epekdidáskseis
Isso ainda não sei, mas tu, é evidente que, ensinarás com mais detalhes
hōs estin alēthē = hà légeis. 18
que é verdadeiro o que dizes.
“Isso ainda não sei, mas é evidente que tu ensinarás com mais detalhes
que são verdadeiras as coisas que estás dizendo”.
(Eutífron, 7a)
(12) Epeì ekeínois ge endeíksēi dē=lon hóti hōs ádika te estin
17
Ou)kou=n kak%= u(perba/llon to\ a)dikei=n ka/kion a/)n ei)/h tou= a)dikei=sqai.
Resposta: dh=lon dh\ o(/ti. (Pl. Górgias, 475d) 18 Tou=to ou)/pw oi)=da, a)lla\ su/ dh=lon o(/ti e)pekdida/ceij w(j e)stin a)lhq$= a(\ le//geij. (Eutífron,
7ª).
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Pois para eles demonstrarás evidentemente que injustas são
Kaì hoi theoì hápantes tá toiaûta misoûsin.19
E os deuses todos tais coisas odeiam.
“Pois, é verdade que, para eles, evidentemente, demonstrarás que isso é
injusto e que todos os deuses odeiam coisas semelhantes.”
(Eutrifon, 9b)
No exemplo (10), Sócrates leva o interlocutor Polo à conclusão mais plausível,
obrigando-o a responder positivamente; observa-se, então, que hóti realmente perde sua
função conjuntiva, pois a oração completiva está subentendida, e esse tipo de resposta
curta é inerente à própria forma dialógica do texto. Já no exemplo (11), em que Sócrates
se dirige a Eutífron, após este ter dito que “o que é agradável aos deuses é piedoso, e o
que não lhes é agradável é ímpio”, hóti é usado parenteticamente, ou seja, como um
parêntese entre o sujeito e o seu predicado. No terceiro exemplo (12), em que Sócrates
se dirige ironicamente a Eutífron, hóti perde seu valor conjuntivo e forma com o
adjetivo uma expressão única de valor adverbial, uma vez que vem imediatamente
seguido de outra conjunção – hōs, que no período do grego clássico também podia ter
função de conjunção integrante em contextos não-factivos. Dessa forma, parece que o
falante reconhece dē=lon hóti não mais como um predicado, mas hóti já se havia unido a
dē=lon de tal forma que a expressão formava uma unidade, mantendo o valor de um
adjetivo que podia ser adverbializado.
Essa trajetória de mudança não está relacionada necessariamente ao processo de
gramaticalização de hóti, mas parece estar relacionada a um processo de discursivização
da expressão impessoal como um todo.
3 - A trajetória polissêmica dos usos de hóti
Concluímos que todos os usos de hóti aqui descritos parecem estar implicados,
direta ou indiretamente, na polissemia do acusativo de relação. O uso de hóti como
pronome relativo, em contextos nos quais servia como anáfora para um acusativo de
relação, parece ser a categoria central que determina as possibilidades de extensão dos
usos da partícula. A possibilidade de exercer uma dupla função, adverbial ou
19
e))pei\ e)kei/noij ge e)ndei/c$ dh=lon o(/ti w(j a)/dika\ te/ e)stin kai\ oi( qeoi\ a(/pantej ta\
toiau=ta misou=sin. (Eutífron, 9b)
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substantiva, possibilita a transformação do pronome relativo hóti, tanto em conjunção
causal, quanto em conjunção integrante. Esses dois usos seriam as duas subcategorias
principais, a partir das quais os outros usos surgiram. Chegou-se, desse modo, à
seguinte hipótese de derivação dos usos de hóti, partindo de seu uso como pronome
relativo em contextos nos quais servia como anáfora para um acusativo de relação.
CONJUNÇÃO CAUSAL (em or. completivas causais) CAUSAL (em or.
subordinadas causais)
PRONOME PARTÍCULA
ANAFÓRICO PRONOME RELATIVO CONJUNÇÃO INTEGRANTE CATAFÓRICA DE UM - em orações correlativas do tipo *to...*yo/ - em or. completivas
ACUSATIVO - com antecedente ADVÉRBIO
DE RELAÇÃO substantivo neutro NA EXPRESSÃO Dēlonóti
Na proposta de derivação acima, constatamos, basicamente, que a categoria
central – pronome relativo como anáfora de um acusativo de relação – quase pode ser
interpretada como conjunção integrante-causal e como pronome relativo, ou seja, as
duas subcategorias principais. A primeira subcategoria seria conjunção integrante-
causal, pois as orações introduzidas por hóti tanto podem ser (1) interpretadas como
orações completivas de verbos expressando um estado ou sentimento, quanto (2) como
causais, uma vez que elas expressam o motivo, isto é, a causa daquele estado ou
sentimento. A segunda subcategoria aparece em orações cujo antecedente era um
pronome demonstrativo de função catafórica que poderia cumprir na oração principal a
função de acusativo de relação; teríamos, assim, uma oração relativa expressando um
acusativo de relação.
Com o apagamento do pronome correlativo catafórico neutro na oração
principal, surge a função de conjunção integrante, principalmente com verbos de
cognição, verbos de percepção e verbos dicendi na oração principal. A função de
partícula catafórica, por sua vez, decorre do uso do hóti com verbos de atividade verbal
(dicendi) na oração principal, introduzindo discurso direto. Com a repetição do verbo
légō, seguido de hóti, a expressão passou a ser sentida como uma fórmula, mesmo
quando hóti não é necessária, e a partícula fica sem tradução.
Como conjunção integrante, hóti é usado ainda no predicado dēlon (estín) hóti,
(“é claro que”), seguido de oração completiva. Nos diálogos platônicos, esse predicado
passa a ser usado em respostas curtas, com a oração completiva subentendida, o que
enfraquece a função conjuntiva de hóti; com esse esvaziamento sintático-semântico, a
16
partícula hóti se une ao adjetivo dēlon, podendo a expressão delonóti ser usada
adverbialmente.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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