1 A PARTÍCULA HÓTI NO GREGO ANTIGO: UM CASO DE GRAMATICALIZAÇÃO ESPAÇO> (TEMPO)> TEXTO Simone de O. Gonçalves Bondarczuk Auto Lyra Teixeira O presente capítulo é resultado da pesquisa de mestrado e dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa Discurso e Gramática (D&G), sob a orientação do nosso saudoso professor Mario Eduardo Toscano Martelotta, e da co-orientação do professor Auto Lyra Teixeira, professor integrante do grupo de pesquisa Discursos na Antiguidade Grega: Texto, Contexto e Memória (DAG). O interesse renovado do professor Martelotta pelos estudos linguísticos históricos e interdisciplinares proporcionou a possibilidade de trabalhar com o grego antigo, abrindo novas perspectivas no campo da linguística e dos estudos clássicos no Brasil. A pesquisa em questão trata da partícula neutra 1 hóti, que passou por um processo de gramaticalização no decorrer do desenvolvimento da língua grega, seguindo a trajetória polissêmica do tipo espaço > (tempo) > texto. 1. A gramaticalização espaço > (tempo) > texto A trajetória de gramaticalização da partícula hóti se enquadra na gramaticalização do tipo espaço > (tempo) > texto. O que temos nessa escala é uma trajetória unidirecional do tipo + concreto > - concreto, na qual um elemento espacial externo (geralmente dêitico) vai se distanciando do seu valor mais concreto e passa a assumir funções referentes à organização textual, podendo, ao longo desse percurso, vir ou não a expressar uma noção temporal. Um exemplo desse processo, comum a várias línguas, é a transformação de elementos adverbiais de valor espacial em conjunções. Tal mudança pode ser considerada uma extensão analógica da organização espacial para a organização do 1 As partículas gregas originalmente eram identificadas como uma verdadeira pontuação oral, marcando e destacando palavras ou grupos de palavras dentro da frase, de maneira a sugerir a ligação entre elas no enunciado como um todo. No período clássico da literatura grega, com o desenvolvimento da prosa ática, essa classe de palavras vem a assumir um papel muito mais significativo no modo de expressão da estrutura frasal, sendo usada numa série de combinações e gerando uma polissemia em seus diversos usos. Não se pode falar em classe de palavras no sentido aristotélico, uma vez que seu significado e função precisos surgem nos contextos de uso; no entanto, podemos, inicialmente, definir as partículas como su/ ndesmoj - amarra, ligação, conectivo.
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A Gramaticalização da partícula HOTI no Grego Antigo
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A PARTÍCULA HÓTI NO GREGO ANTIGO: UM CASO DE
GRAMATICALIZAÇÃO ESPAÇO> (TEMPO)> TEXTO
Simone de O. Gonçalves Bondarczuk
Auto Lyra Teixeira
O presente capítulo é resultado da pesquisa de mestrado e dos trabalhos
desenvolvidos pelo grupo de pesquisa Discurso e Gramática (D&G), sob a orientação
do nosso saudoso professor Mario Eduardo Toscano Martelotta, e da co-orientação do
professor Auto Lyra Teixeira, professor integrante do grupo de pesquisa Discursos na
Antiguidade Grega: Texto, Contexto e Memória (DAG).
O interesse renovado do professor Martelotta pelos estudos linguísticos
históricos e interdisciplinares proporcionou a possibilidade de trabalhar com o grego
antigo, abrindo novas perspectivas no campo da linguística e dos estudos clássicos no
Brasil. A pesquisa em questão trata da partícula neutra1 hóti, que passou por um
processo de gramaticalização no decorrer do desenvolvimento da língua grega, seguindo
a trajetória polissêmica do tipo espaço > (tempo) > texto.
1. A gramaticalização espaço > (tempo) > texto
A trajetória de gramaticalização da partícula hóti se enquadra na
gramaticalização do tipo espaço > (tempo) > texto. O que temos nessa escala é uma
trajetória unidirecional do tipo + concreto > - concreto, na qual um elemento espacial
externo (geralmente dêitico) vai se distanciando do seu valor mais concreto e passa a
assumir funções referentes à organização textual, podendo, ao longo desse percurso, vir
ou não a expressar uma noção temporal.
Um exemplo desse processo, comum a várias línguas, é a transformação de
elementos adverbiais de valor espacial em conjunções. Tal mudança pode ser
considerada uma extensão analógica da organização espacial para a organização do
1 As partículas gregas originalmente eram identificadas como uma verdadeira pontuação oral, marcando e
destacando palavras ou grupos de palavras dentro da frase, de maneira a sugerir a ligação entre elas no
enunciado como um todo. No período clássico da literatura grega, com o desenvolvimento da prosa ática,
essa classe de palavras vem a assumir um papel muito mais significativo no modo de expressão da estrutura frasal, sendo usada numa série de combinações e gerando uma polissemia em seus diversos
usos. Não se pode falar em classe de palavras no sentido aristotélico, uma vez que seu significado e
função precisos surgem nos contextos de uso; no entanto, podemos, inicialmente, definir as partículas
como su/ndesmoj - amarra, ligação, conectivo.
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universo textual. Segundo Heine et al. (1991), trata-se de um processo eminentemente
metafórico e que está presente na função anafórica do pronome hóti, o qual faz
referência a um elemento já mencionado na oração principal. As funções anafóricas ou
catafóricas mostram que o falante usa o mesmo padrão de organização espaço-temporal
do mundo concreto para organizar o mundo abstrato do texto.
Na história da língua grega, entre as diversas formas de pronome relativo,
somente hóti, a forma neutra do pronome relativo indefinido, tende a se especializar
como um subordinador geral não flexionado, perdendo, assim, as suas características
sintático-semânticas originais.
O caminho para essa especialização passa pela supressão do pronome
demonstrativo catafórico na oração principal. Quando o correlativo de hóti é suprimido,
a tendência é a perda das características morfossintáticas desse pronome relativo
indefinido, uma vez que já não existe antecedente formal na oração principal, com o
qual ele tenha que concordar. Hóti perde, portanto, as suas marcas morfossintáticas -
caso e concordância de gênero com o antecedente, passando por um processo de
descategorização. Torna-se, consequentemente, uma forma gramatical restrita e,
funcionando como conjunção integrante, sofre uma redução semântica, ou seja, perde
seu referente e, dessa forma, o conteúdo lexical. Esse processo é caracterizado como
dessemantização. Os exemplos abaixo ilustram esses processos de mudança:
No exemplo (1), Possêidon indigna-se contra Zeus, seu irmão, por este,
malgrado a vontade dos outros deuses, querer manter incólumes os muros de Ílion.
Nesse verso, o pronome demonstrativo (toûto) exerce uma função catafórica, uma vez
que o seu referente não é nenhum ser específico no contexto, mas a proposição seguinte,
o que ocorre toda vez que o antecedente do pronome relativo é uma forma pronominal
neutra.
No exemplo (2), Íris adverte a Olhos Claros, Palas Atena, para que esta não
desobedeça ao pai, prestando auxílio aos gregos, e sofrendo com isso as consequências
dessa rebeldia. Percebe-se, nesse exemplo, que o pronome demonstrativo já foi apagado
da oração principal, enquanto hóti torna-se uma verdadeira conjunção integrante.
Tornando-se conjunção, hóti perde a liberdade sintática inerente ao pronome
relativo. Dessa forma, a oração iniciada por hóti fixa sua posição sempre como segunda
oração do período, perdendo a mobilidade que tinha potencialmente, quando hóti era um
pronome relativo.
Outro mecanismo de mudança, não mais de base metafórica, mas de base
metonímica, é o princípio de inferência por pressão de informatividade (Traugott e
König, 1991:194). Tal princípio ocorre quando os falantes/ouvintes, por
convencionalização de implicaturas conversacionais, reanalisam, em determinados
contextos, os valores textuais das orações, atribuindo um novo valor ao elemento
linguístico conectivo. Por exemplo, ao analisarmos a frase - “Quando seu filho morreu,
ela perdeu a motivação para viver”, percebemos que a conjunção temporal quando pode
ser reinterpretada pelo ouvinte como causal, devido ao contexto em que é usada.
Esse processo, aparentemente, também ocorre com hóti, em orações
complemento, que passam a ser reanalisadas como orações causais, quando os verbos
das orações principais são verbos que expressam um sentimento (como, por exemplo,
admirar-se e surpreender-se).
Todos esses desdobramentos da gramaticalização vêm a corroborar a noção de
unidirecionalidade das mudanças, do discurso para a gramática; entretanto, a
gramaticalização não deve ser pensada como uma trajetória linear, dando-se apenas
numa sucessão temporal.
Martelotta (2003) apresenta-nos uma visão um pouco diferenciada em relação ao
conceito de unidirecionalidade:
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“Se de um lado os estudos diacrônicos apresentam evidências da
unidirecionalidade da mudança, também levam à constatação antagônica
de que o conjunto de usos atuais de determinados elementos linguísticos
também se encontra em estágios anteriores da língua. A segunda
constatação leva-nos irremediavelmente à noção de uniformitarismo ou, em
termos saussurianos, ao conceito de pancronia.” (p. 59)
O conceito de pancronia evidencia o fato de que o mesmo tipo de transformação
pode ocorrer repetidamente na sucessão temporal, rompendo assim com a dicotomia
estruturalista sincronia x diacronia. A unidirecionalidade não deixa de ser considerada,
mas assume um novo status, não mais relacionado às mudanças necessariamente
sucessivas de uma determinada forma, e sim “aos processos relacionados à produção e à
transferência de informação entre diferentes domínios conceptuais” (Martelotta, 2003:
59).
Isso significa que as mudanças não são necessariamente unidirecionais, podendo
ou não ocorrer. São os processos cognitivos, subjacentes a essas mudanças, que se dão
numa direção específica de associações e transferências metafóricas mais ou menos
recorrentes na mente humana. Assumimos, então, com Labov (1994), a hipótese
neogramática, segunda a qual os mesmos tipos de mudança podem ocorrer em todas as
fases da história da língua.
Concluindo, podemos definir a gramaticalização como um processo gradual,
onde um dado item lexical assume um status gramatical, envolvendo uma série de
mudanças, as quais não ocorrem necessariamente em conjunto, numa sucessão linear,
mas seguem uma direção única, baseadas numa trajetória metafórica ou metonímica que
se estende dos usos mais concretos até os mais abstratos, num nível crescente de
abstração. A motivação por trás dessa mudança, ainda segundo Martelotta (2003), é
discursiva, refletindo três aspectos diferentes: o tempo, a cognição e o uso – sobretudo a
cognição e o uso.
2. Os usos de hóti no grego antigo
O grego passou por mudanças desde sua origem, e seu estudo pode ser
apresentado em dois períodos bem distintos do ponto de vista linguístico: o período dos
dialetos antigos e o da língua comum (koinḕ diálektos).
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No período dos dialetos antigos (VIII ao V séc. a. C.), tem-se, de fato, uma
variedade de dialetos locais com uma base comum (grego comum primitivo). Os três
grupos dialetais principais atestados literariamente são: o ático-jônico, o eólico e o
dórico.
O período da koinḗ tem início com as campanhas militares de Alexandre Magno
(335-323 a.C). Nas regiões conquistadas pelo macedônio, o grego ático veio a tornar-se
o idioma comum dos povos helenizados. Nesse período, que viria a ser denominado
helenístico, a língua grega passou por diversas mudanças, em contato com a grande
variedade linguística das etnias que viriam a integrar os reinos helenísticos.
Pode-se traçar uma linha do desenvolvimento histórico-linguístico do grego
antigo da seguinte forma:
Língua homérica4 o ático clássico koinḕ alexandrina koinḕ romana koinḕ bizantina grego moderno
(mescla dialetal)
Ilíada e Odisseia Diálogos platônicos LXX5 Evangelhos
VIII séc. a.C V-IV séc. a. C. III séc. a. C I séc. d. C. V ´sec. d. C XV séc. d. C
As obras selecionadas para exemplificar o processo de gramaticalização de hóti
no grego antigo foram: a Ilíada de Homero, o Eutífron de Platão e o Evangelho de
Lucas.
Hóti é a forma neutra do pronome relativo indefinido masculino hóstis. Este
pronome, segundo Humbert (1997: 38), designava um tipo de ser, caracterizado por
certa qualidade. Por isso hóti pode ser traduzido como “qualquer que seja”,
expressando a generalidade de um tipo existente. Por essas características, ele foi
considerado um pronome de generalização. Consideremos o seguinte excerto, como
exemplo de pronome relativo indefinido masculino:
(3) Óphra ké ti gnō =men Trṓōn nóon (Ac.–antecedente do pronome)
Para que conheçamos, dos troianos, a intenção
hóntin’ékhousin6.
4 A língua homérica é um amálgama artificial de elementos de diferentes regiões e diferentes períodos, incluindo muitas formas inventadas pelo(s) próprio(s) autor (es). 5 Sigla referente à tradução do Antigo Testamento, atribuída a setenta e dois filólogos da biblioteca da
Alexandria, no III séc. a. C.
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qualquer que eles tenham.”
(Il. Canto XXII, v.383)
No exemplo acima, Aquiles, depois de ter matado Heitor, exorta seus
companheiros a se aproximarem dos muros de Troia, para descobrir o que pretendiam
fazer os troianos, agora privados de seu maior defensor. A forma acusativa do pronome
– hóntina (no texto, com elisão da vogal final breve, que é morfema de acusativo),
concorda em gênero com o seu antecedente masculino - nóon (aqui traduzido como
intenção), e mantém o seu valor de pronome indefinido, uma vez que a reação dos
troianos à morte de Heitor ainda era desconhecida.
O uso do pronome relativo indefinido hóstis foi mantido até o período do grego
koiné7. No entanto, devido à complexidade de sua composição, pois ele é formado pela
justaposição de duas formas pronominais de declinações diferentes (hós – segunda
declinação, e tij - terceira declinação), a sua flexão foi se reduzindo cada vez mais.
Porém, ainda encontramos, no período da koiné, as formas de nominativo masculino
(hóstis) e feminino (hḗtis), usadas como pronomes relativos, enquanto a forma neutra
(hóti), de maneira geral, ia perdendo as características morfossintáticas de pronome
relativo.
A origem da conjunção integrante estaria no uso da forma neutra hóti do
pronome relativo em contextos nos quais ele servia como anáfora para um acusativo de
relação (Murachco, 2001: 671; Chantraine, 1963: 288). O acusativo de relação era,
basicamente, uma função adverbial, mas que também podia funcionar como
complemento nominal de um adjetivo.
2.1 - O acusativo de relação
Esse uso do pronome decorre do próprio valor semântico do caso acusativo, que
expressava, em sua origem, “a extensão no tempo e espaço, marcando a direção, ou o
movimento que tende para um ponto, vindo frequentemente em expressões que
indiquem o termo do movimento” (Horta, 1983: 134; Murachco, 2001: 97). Mais tarde,
essas noções circunstanciais de tempo, espaço e movimento passaram a ser expressas
O uso catafórico de hóti é muito frequente no corpus bíblico em geral12
. Por
isso, torna-se necessário distingui-lo dos demais usos até aqui estudados. Como
tradicionalmente não havia classificação para tal uso, cunhamos o termo elemento de
valor catafórico na tentativa de melhor expressar sua função. Alguns autores
consideram-no mero expletivo ou o chamam de hóti recitativo13
.
Designamos esse uso de partícula catafórica, porque une duas orações distintas:
a primeira, uma oração principal com verbo dicendi; a segunda, uma proposição
ilocucionária. No exemplo que se segue, a conjunção é catafórica porque cumpre a
função de apontar para o que dizem os discípulos e, também, grande multidão, diante de
uma ação extraordinária de Jesus:
(8) Légontes hóti Prophétēs14
mégas ēgérthē en hēmîn15
...
dizendo: “Um grande profeta se levantou entre nós...”
(Evangelho de Lucas, c. 7, v.16)
Essa partícula tem a função de apontar para o que é dito depois, e pode ser
traduzida como dois pontos ou ser omitida na tradução. Não deve ser entendida como o
that do inglês, uma vez que este pronome é usado no discurso indireto. Quando se diz,
por exemplo, “He Said that I will go”, não significa o mesmo que, “He said, ‘I will
go’”.
O dicionário padrão do grego clássico faz a seguinte consideração sobre esse uso
da partícula: “mas hóti tem sido, com frequência, inserido erroneamente pelo copista
como se eîpen ou légousin devem-se ser seguidos por ela”. Entende-se, porém, neste
trabalho, que um uso recorrente como esse não deve ser considerado, necessariamente,
erro do copista, mesmo porque na Antiguidade, o ofício de copista era um trabalho
minucioso e feito por poucos que detinham uma tékhnē (habilidade ou técnica
específica).
12 Aproximadamente 20% dos exemplos de hóti constatados no Evangelho de Lucas são de valor catafórico. 13
Lasor, 1973: 145; Horta, 2v. 1983: 165. 14 As edições críticas do Novo Testamento costumam assinalar o discurso direto iniciando a frase depois de hóti com letra maiúscula por mera convenção, uma vez que os manuscritos mais antigos eram todos escritos com letras maiúsculas. 15 le/gontej o(/ti Profh/thj me/gaj h)ge/rqh e)n h((mi=n. (Lc 7,16).
12
Quando o Novo Testamento estava sendo escrito, o verbo légein (dizer),
associado a hóti, formava um tipo de construção (mesmo quando o verbo aparece em
formas nominais), tanto seguido de discurso direto quanto indireto, pois são raros os
exemplos em que esse verbo aparece sem a conjunção nos corpora abordados. Tal
construção já aparece no período do grego clássico (V e IV sécs. a. C) em autores como
Xenofonte e Platão.
A maior dificuldade nesse tipo de construção é distinguir quando se usa o
discurso direto ou indireto. Não é muito fácil diferenciá-los em grego helenístico, já
que o tempo e o modo da citação original são comumente retidos no discurso direto,
enquanto no grego clássico eram determinados pelo verbo da oração principal.
Contudo, Horta (2° tomo, 1983: 139) afirma que, já desde o período do grego clássico,
“também é comum, num mesmo texto, passar, indiferentemente, do estilo indireto ao
direto, assim como passar da construção pessoal para a infinitiva e vice-versa.”
O que se pode destacar como uma característica marcante no texto de Lucas é
que a forma verbal légō (eu digo), forma de primeira pessoa do singular do presente
ativo do indicativo de légei (dizer), aparece sempre num tipo de construção que assinala
uma contra-expectativa como, por exemplo, légō gàr hymîn hóti, pois eu vos digo, ou
então, asseverativa, como, por exemplo, amḗn lego hóti, em verdade eu digo.
(9) Légo gàr hymîn hóti ou mḕ phágō autò16
Eu digo-vos, pois, que (eu) não mais a comerei (a páscoa)
Héōs hótou plērṓtē=i en tē=i basiléiai toû theoû.
Até que (ela) se cumpra no reino de Deus.
“Pois eu vos digo que não mais comerei a páscoa até que ela se cumpra no
reino de Deus”.
(Evangelho de Lucas, 22:16)
No exemplo acima, vemos que não há mudança na pessoa verbal nem discurso
reportado, mas uma afirmação introduzida por uma expressão formular que gera no
ouvinte uma expectativa contrária ao que ele pretendia ouvir. O fator inesperado aqui é