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NOVOCOMENTRIO BBLICO
CONTEMPORNEO
F. F. BRUCEBaseado na
Edio Contempornea de Almeida
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NDICE
Prefcio
..........................................................................................................................6A
breviaturas.................................................................................................................
8Introduo...................................................................................................................
12
Filipenses1. Prem bulo (Filipenses
1:1-2)......................................................................
352. Aes de graas introdutrias
(Filipenses
1:3-6).............................................................................................
403. Interldio (Filipenses
1:7-8)........................................................................444.
Orao Intercessria
(Filipenses
1:9-11)...........................................................................................465.
Situao Atual de Paulo
(Filipenses
1:12-14)........................................................................................
506. Vrias Razes para o Testem unho do Evangelho
(Filipenses
1:15-17)........................................................................................
537. Vida ou M orte? (Filipenses
1:18-26)..........................................................
568. Perseverana no Sofrim ento
(Filipenses
1:27-30)........................................................................................
659. Convite para Consideraes M tuas
(Filipenses
2:1-5).............................................................................................7010.
Hino a Cristo (Filipenses
2:6-11)............................................................7711.
Exortao Fidelidade
(Filipenses
2:12-13)........................................................................................9012.
Esperana de Paulo Quanto aos Filipenses
(Filipenses
2:14-16)........................................................................................9413.
Libao de Paulo Sobre o Sacrifcio dos Filipenses
(Filipenses
2:17-18)........................................................................................9814.
Visita de Tim teo A guardada
(Filipenses
2:19-24)......................................................................................
10015. E logio a E pafrodito (Filipenses
2:25-30).............................................. 10416. Prim
eira Concluso: Cham ada ao Regozijo
(Filipenses
3:1)...............................................................................................11017.
A dvertncia Contra os "M aus Obreiros"
(Filipenses
3:2-3)...........................................................................................112
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18. A ntigo Cdigo de Valores de Paulo(Filipenses
3:4-6)...........................................................................................116
19. Atual Cdigo de Valores de Paulo(Filipenses
3:7-11).........................................................................................121
20. A m bio de Paulo (Filipenses
3:12-14).................................................13021. M
aturidade Espiritual (Filipenses
3:15-16)..........................................13422. Im itao de
Paulo (Filipenses
3:17)........................................................13723.
A dvertncia Contra Inim igos (Filipenses
3:18-19)............................13924. Esperana e Cidadania
Celestiais
(Filipenses
3:20-21)......................................................................................
14325. Exortao Perm anecer Firme (Filipenses
4:1)..................................14726. Novo A pelo em Prol da
Unidade (Filipenses 4:2-3)..........................14827. Convite
Reiterado a Regozijar-se (Filipenses
4:4)............................. 15128. Estm ulo F (Filipenses
4:5-7)..............................................................
15229. Segunda Concluso: A lim ento para a M ente
(Filipenses
4:8-9)...........................................................................................15530.
Suficincia de Paulo (Filipenses
4:10-13)............................................. 15831. A
preciao de D divas Anteriores
(Filipenses
4:14-17)......................................................................................16232.
R econhecim ento de D divas Atuais
(Filipenses
4:18-20)......................................................................................
16533. Saudaes Finais (Filipenses
4:21-22)................................................... 16734.
Ao de Graas Bno (Filipenses 4:23)___________________ 170Posfcio
......................................................................................................................171Glossrio...................................................................................................................
174
NDICE 5
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Prefcio
Em bora no aparea nas listas com uns de "best-sellers", a B blia
continua a ser m ais vendida que qualquer outro livro. E, a
despeito do crescente secularism o ocidental, no h sinais de que o
interesse pela m ensagem da B blia esteja arrefecendo. Bem ao
contrrio, nm ero cada vez m aior de hom ens e m ulheres exam ina
suas pginas em busca de luz e orientao, em m eio crescente com
plexidade da vida m oderna.
Esse interesse sem pre renovado pelas Escrituras, o qual se
encontra tanto dentro com o fora da igreja, fato notvel entre os
povos da sia e da frica, bem como da Europa e das A m ricas. Na
verdade, m edida que sam os de pases tradicionalm ente cristos
parece aum entar o in teresse pela B blia. Pessoas ligadas a
igrejas tradicionais catlicas e p ro testantes m anifestam , pela
Palavra, o m esm o anseio presente em com unidades evanglicas m ais
recentes.
Por isso, ao oferecerm os esta nova srie de com entrios, desejam
os estim ular e forta lecer esse m ovim ento m undial de estudo da
B blia pelos leigos. Conquanto esperem os que pastores e m estres
considerem estes volum es m uito teis com preenso e com unicao da
Palavra de Deus, no os escrevem os prim ordialm ente para esses
profissionais. Nosso objetivo fornecer, a todos os leitores das
Escrituras, guias confiveis que os ajudem a m elhor com preender os
livros da B blia guias que representem o que h de m elhor em erudio
contem pornea, e que sejam apresentados de m aneira a no exigir
preparo teolgico form al para ser entendidos.
convico do editor, bem como dos autores, que a B blia pertence
ao povo, e no m eram ente aos acadmicos. A m ensagem da B blia to
im portante que de m odo algum pode ficar acorrentada a artigos
eruditos, presa a ensaios e m onografias herm ticos, redigidos
apenas para os especialistas em teologia. Em bora a erudio
rigorosa, esm erada, tenha seu lugar no servio de Cristo, todos
quantos participam do m inistrio do ensino, na igreja, so
responsveis por tornar acessveis grande com unidade crist os
resultados de suas pesquisas. Por isso, os eruditos que se unem
para apresentar esta srie de com entrios o fazem tendo em m ente
estes objetivos superiores.
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Prefcio
H m uitas tradues e edies contem porneas, em portugus, do Livro
santo. Na sua m aioria essas edies so excelentes e devem ter a p
referncia do leitor no que concerne com preenso.
A Bblia de Jerusalm , baseada na obra de eruditos catlicos
franceses, vividam ente traduzida para o portugus, talvez seja a m
ais literria das tradues recentes. A BLH (Bblia na L inguagem de H
oje), da Sociedade B blica do Brasil, a traduo mais acessvel s
pessoas pouco fam ilia rizadas com a tradio crist. H, ainda, em
portugus, a A lm eida Revista e A tualizada, e a Edio Revisada de A
lm eida, alm de outras tradues m ais recentes.
Todas essas verses so, sua prpria maneira, muito boas, e devem
ser consultadas com proveito pelo estudante srio das Escrituras.
possvel que a maioria dos estudantes deseje possuir diversas verses
para consulta, objetivando especialmente a clareza de compreenso em
bora se deva salientar que de m odo algum qualquer delas esteja
isenta de falhas e deva ser considerada a ltima palavra quanto a
qualquer ponto. De outra form a, no haveria a m enor necessidade de
um comentrio como este!
Esta srie de com entrios, por ser traduo do ingls, faz
referncias NEB, que constitui verdadeiro m onum ento pesquisa m
oderna pro testante, e a outras verses em ingls, entre elas a RSV,
a N A B, e a conceituada NIV.
Como texto bblico bsico desta srie decidim os usar a ECA, por
ser esta edio a que est-se tornando padro, de m odo especial nos
sem inrios e institutos bblicos. Por representar, no m om ento, o
que h de m elhor na literatura evanglica em lngua portuguesa, ela
aos poucos se torna a m ais u tilizada por pastores e outros
estudiosos das Escrituras.
Cada volum e desta srie contm um captulo introdutrio expondo em
m incias o intuito geral do livro e seu autor, os tem as m ais im
portantes, e outras inform aes teis. D epois, cada seo do livro
elucidada como um todo, e acom panhada de notas sobre aqueles
pontos do texto que necessitam de m aior esclarecim ento ou de
explanao m ais m inuciosa.
Esta nova srie oferecida com um a orao: que venha a ser instrum
ento de renovao autntica, e de crescim ento entre a com unidade
crist no m undo inteiro, bem como meio de enaltecer a f das pessoas
que viveram nos tem pos bblicos, e das que procuram viver, em
nossos dias, segundo a Bblia.
Editora Vida
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Abreviaturas
A Codex Alexandrinusa.C. antes de Cristoad loc. no lugarAleph
Codex SinaiticusANF Pais Ante-Nicenos (srie)Ant. Josephus,
AntiquitiesASNU Acta Seminarii Neotestamentici UpsaliensisASV
American Standard Version (1901)AT Antigo TestamentoB Codex
VaticanusBC Incio do CristianismoBDF F. Blass, A. Debrunner, R. W.
Funk, Greek
Grammar ofthe New Testament and Other Early Christian
Literature
BFCT Beitrage zur Forschung Christlicher TheologieBib. BblicaBJ
Bblia de JerusalmBZAW Beihefte zur Zeitschrift fr die
altestamentliche
W issenschaftBZNW Beihefte zur Zeitschrift fr die
neutestamentenliche
W issenschaft C Codex EphraemiCB Coniectanea BiblicaCBC
Cambridge Bible CommentaryCBQ Catholic Biblical CommentaryCBSC
Cambridge Bible for Schools and Collegescf. confronte, comparecap.
captulo, captulosCIJ Corpus Inscriptionum JudaicarumCIL Corpus
Inscriptionum Latinarum1 Ciem Carta de Clemente de Roma aos
CorntiosCiem Hom Clementine HomiliesCNT Commentaire du Nouveau
TestamentD Codex Claromontanus
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Abreviaturas
D*D 1D 2d.C.ECAEGTEPCEQETL
F
FRLANT
GGNBHDBHNTHNTCHTRIBIBNTGICCJBJBLJRStatSocJTCJTSKEKKJVLLXXMNTCNASBNCBNClarBNEBNICNTNIGTCNIV
Primeira mo em D Primeiro corretor de D Segundo corretor de D
Depois de CristoBblia Sagrada, Edio Contempornea, Almeida
Expositor's Greek Testament Epworth Preacher's Commentaries
Evangelical QuarterlyEphemerides Theologicae Lovanienses Expository
TimesCodex AugiensisForschugen zur Religion und Literatur des Alten
und Neuen Testaments Codex BoernerianusGood News Bible (verso em
ingls contemporneo) Hastings' Dictionary ofthe Bible Handbuch zum
Neuen Testament H arpers's New Testament Commentaries Harvard
Theological Review In terp re te is BibleC. F. D. Moule, Idiom-Book
ofNew Testament GreekInternational Criticai CommentaryBblia de
JerusalmJournal ofBiblical LiteratureJournal ofthe Royal
Statistical SocietyJournalfor Theology and the ChurchJournal o f
Theological StudiesKritisch-Exegetischer KommentarKing James
Version (Verso do Rei Tiago)Codex AngelicusSeptuaginta (traduo
grega pr-crist do AT)M offatt New Testament CommentaryNew American
Standard BibleNew Century BibleNew Claredon BibleNew English
BibleNew International Commentary onthe New Testament New
International Greek Testament Commentary New International
Version
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10 Filipenses
NovT Novum TestamentumNovTSup Novum Testamentum SupplementNPNF
Pais Nicenos e Ps-Nicenos (srie)NT Novo TestamentoNTC Comentrio do
Novo TestamentoNTD Das Neue Testament Deutsch (NT alemo)NTF
Neutestamentliche ForschungenNTL Biblioteca do Novo TestamentoNTS
New Testament StudiesNTTS New Testament Tools and StudiesP Codex
PorphyrianusP46 Papiro Chester Beatty das Cartas de Paulopar.
paraleloPNTC Pelican New Testament CommentariesPsi Codex Athous
LauraeRB Revue BibliqueRNT Regensburger Neues TestamentRSPT Revue
des sciences philosophiques et thologiquesRSR Recherche de Science
religieuseRSV Revised Standard Versions.,ss. seguinte, seguintes
(de versculos ou pginas)SBLDS Society ofB iblical Literature
Dissertation SeriesSBT Studies in Biblical TheologySD Studies and
DocumentsSE Studia EvanglicaSNT Die Schriften des Neuen
TestamentsSNTSMS Society for New Testament Studies M onograph
SeriesTB Tyndale BulletinTDNT Theological Dictionary ofthe New
TestamentTest Zeb Testament ofZebulun (in Testaments ofthe
Twelve Patriarchs)HKNT Theologischer Handkommentar zum Neuen
TestamentTKNT Theologischer Kommentar zum Neuen TestamentTU Texte
und UntersuchungenTZ Theologische Zeitschriftv.(w .) versculo
(versculos)WBC Word Biblical CommentaryWC W estminster
Commentaries
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Abreviaturas 11
WPCS W estminster Pelican Commentary SeriesWUNT W
issenschaftliche Untersuchungen zum
Neuen Testament ZK Zahn KommentarZNT Zeitschrift f r das Neue
Testament
(
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Introduo
FiliposA cidade de Filipos leva o nom e de Filipe II, rei da M
acednia,
fundada por ele em 356 a.C. A ntes, existia nesse lugar um
vilarejo traciano conhecido pelo nom e grego K renides ("fontes"),
que em 361a.C. fo i tom ado por colonos da ilha de Tasos, com
andados por um exilado ateniense cham ado Calistrato. O m aior
atrativo desse lugar era o fato de localizar-se nas proxim idades
das m inas de ouro do m onte Pangus, que F ilipe fez questo de
controlar ao fundar de novo a cidade. F ilipos tinha tam bm im
portncia estratgica por constituir a rota terrestre para o H
elesponto (D ardanelos) e B sforo, e portanto, para o interior da
sia.
Lucas descreve Filipos com o "a prim eira cidade dessa regio da
M acedn ia"1 isto , o prim eiro entre quatro distritos em que a M
acednia fora dividida pelos rom anos, em 167 a.C. e acrescenta que
se tratava de um a colnia rom ana (Atos 16:12). A cidade foi
transfo rm ada em colnia em 42 a.C., pelos lderes rom anos A ntnio
e O taviano, aps obterem vitria ali sobre Bruto e Cssio, os
assassinos de Jlio Csar. Os com andantes vitoriosos estabeleceram
um batalho de soldados veteranos em Filipos. Doze anos m ais tarde
O taviano, havendo por sua vez derrotado ali as tropas de A ntnio
na batalha de A ctium , instalou na rea parte das tropas
desbaratadas de A ntnio, bem com o algum as fam lias, s quais
despojou a fim de estabelecer tam bm seus prprios soldados
veteranos, dando cidade seu prprio nome: Colnia JliaFilipense. Trs
anos depois, quando O taviano assum iu o ttulo de A ugus-
A 2to, o nom e da cidade foi ampliado: Colnia Jlia A ugusta
Filipense.
Os cidados de qualquer colnia rom ana eram autom aticam ente c
idados rom anos; a constituio de um a colnia rom ana seguia o m
odelo da cidade-m e, Rom a, havendo um colegiado de dois m
agistrados na liderana. Na m aior parte das colnias esses m
agistrados eram o fic ia lm ente conhecidos como duo uiri (ou
duumuiri iuri dicundo, "dois hom ens que adm inistram justia"). N
outras colnias, todavia, p referiam ser cham ados pelo ttulo m ais
distinto de pretor; falando, por exem plo, dos m agistrados-chefes
de Cpua, na Itlia, Ccero observou que "em bora sejam denom inados
duo uiri nas outras colnias, estes querem ser
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Introduo 13
cham ados de pretores." Parece que isso tam bm era verdade
quanto aos m agistrados-chefes de Filipos: Lucas se refere a eles
usando um term o grego strategoi, equivalente ao ttulo de
"pretores" (Atos 16:22, 35, 36, 38), que ECA traduz "m
agistrado".
sem elhana dos m agistrados-chefes de Rom a, os das colnias rom
anas eram acom panhados pelos lictores, que possuam fasces, ou m
olhos de varas, sm bolos do cargo. Os lictores que atendiam aos
pretores filipenses surgem na narrativa de Lucas sob a designao
grega equivalente: rhabdouchoi, literalm ente "seguradores de
varas", que ECA traduz "quadrilheiros" (Atos 16:35, 38).
MacedniaM acednia, territrio a que Filipos pertencia, era antigo
reino da
pennsula balcnica, que se lim itava ao sul com a Thesslia, e a
este e nordeste com a Trcia. Q uando os persas invadiram a Europa,
nos incios do sculo quinto a.C., os reis da M acednia colaboraram
com os invasores e por isso conseguiram certa independncia limitada
para si prprios.4
A pesar disso, o rei m acednico A lexandre I ajudou secretam
ente as regies gregas m ais distantes, ao sul, que foram atacadas p
o rX erx es em 480 a.C ..5 Tanto A lexandre I como seus sucessores
patrocinaram a cultura grega; o prprio A lexandre, como prncipe
coroado da M acednia, teve perm isso para com petir nos jo g o s
olm picos (abertos acenas aos gregos), visto que sua fam lia afirm
ava descender de Argive.
Por volta do quarto sculo a.C., a M acednia fazia parte do m
undo grego no que se referia m aior parte das questes prticas. F
ilipe II da M acednia (359-336 a.C.), m ediante diplom acia e
conquistas m ilitares, tornou-se senhor das cidades-estados da
Grcia. Aps seu assassinato, seu filho A lexandre III (A lexandre, o
Grande) herdou o dom nio greco- m acednico, fazendo dele a base
para a conquista da parte ocidental da sia (do extrem o leste, at o
vale do rio Indo) e Egito. Todavia, com a diviso do im prio de A
lexandre, logo aps sua m orte em 323 a.C., a M acednia tornou-se
outra vez um reino separado.
O reino da M acednia entrou em conflito com os rom anos quando
Filipe V (221-179 a.C.) celebrou um t r a d o com o inim igo deles,
A nbal,
durante a segunda guerra cartaginesa. Os rom anos foram capazes
de suscitar m uitas encrencas para Filipe, no lado ocidental do A
dritico, de m odo que Filipe perm aneceu ocupado o tem po todo,
enquanto seu tratado com Anbal deixou de surtir efeito. Quando a
segunda guerra cartaginesa
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14 Filipenses
aproxim ou-se do fim , estando Anbal m orto, os rom anos
encontraram um pretexto para declarar guerra a Filipe. Essa guerra
findou em 197 a.C. com a derrota de Filipe em C inoceflia, na
Thesslia central. Da em diante ele foi obrigado a lim itar seu
governo M acednia, sem poder in terferir nos assuntos das
cidades-estados gregas mais distantes, ao sul.
Perseu, filho de F ilipe, por sua vez atraiu as suspeitas de R
om a, as quais foram increm entadas pelo seu inim igo, o rei de
Prgam o, e aliado de Roma. Seguiu-se a terceira guerra m acednica
(como cham ada pelos h istoriadores rom anos), term inando em 168
a.C. com a vitria dos rom anos em Pidna, cidade litornea ao sul da
M acednia. Foi quando os rom anos aboliram a dinastia real da M
acednia e dividiram o reino em quatro rep b lica s .10 Entretanto,
em 149 a.C., um aventureiro cham ado A ndrisco, declarando ser
filho de Perseu, reunificou a M acednia sob seu com ando, por um
curto p e ro d o .11 Q uando os rom anos abateram A ndrisco, em 148
a.C., decidiram que a nica ao a ser tom ada com respeito M acednia
seria anex-la a um a provncia. As quatro repblicas que vinte anos
antes haviam sido estabelecidas, perm aneceram como distritos
geogrficos retendo, porm , pouca im portncia poltica.
A fim de consolidar o poderio sobre a nova provncia, os rom anos
construram um a enorm e estrada m ilitar, a via Incia, partindo de
Apo- lnia e D irrquio, no A dritico, at Tessalnica; m ais tarde
estendeu-se para o leste, at F ilipos, e a seu porto N epolis (a m
oderna Cavala), e m ais tarde at B izn c io .13
A M acednia tornou-se assim uma base para m aior expanso do
poderio rom ano. Em 27 a.C., ela se tornou provncia senatorial,
pelo im perador A ugusto. Seu sucessor, Tibrio, colocou-a sob seu
controle direto, como provncia im perial, em 15 d.C., mas Cludio a
devolveu ao senado em 44 d .C .14 O procnsul (assim se cham ava o
governador de um a provncia senatorial) tinha sua sede adm
inistrativa em Tessalnica.
A Chegada do EvangelhoO cristianism o chegou M acednia m enos de
vinte anos aps a m orte
de Cristo. Um dos docum entos mais antigos do N ovo Testam ento
a prim eira carta aos Tessalonicenses foi enviada de Corinto, p
rovavelm ente no outono de 50 d.C., dirigida recm -fundada igreja
de T essalnica. 15 Esta carta foi enviada por Paulo, Silvano e Tim
teo, e indica que a igreja de Tessalnica teve seu incio quando
esses trs hom ens visitaram a cidade, tinha pouco tem po. A visita
deles a T essalnica havia
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Introduo 15
sido precedida por um a visita a Filipos, "havendo, prim eiro
padecido, e sido u ltrajados em Filipos" (1 Tessalonicenses
2:2).
Os m o v im en to s de P au lo e seus co m p an h e iro s , re g
is tra d o s em1 T essalonicenses, coincidem com os registros m ais
m inuciosos de Atos 16:6-18:5, os quais foram escritos em data
posterior, e podem ser aceitos com m xim a confiana como form ando
uma estrutura histrica dentro da qual os dados m ais incidentais da
correspondncia paulina se encaixam , para m aior com preenso.
Q uando Paulo e seu com panheiro Silvano (cham ado de Silas, em
Atos) lanaram -se, aps o concilio de Jerusalm , travessia da sia M
enor, a partir da Cilcia, indo para o oeste, a M acednia no
constava de seus planos de viagem. Pelo que se pode determ inar m
ediante a narrativa de A tos, o objetivo deles era Efeso.
Entretanto, am bos foram im pedidos de proseguir em sua viagem
naquela direo e se viram obrigados (agora acom panhados de Tim teo,
que se lhes ju n ta ra em Listra) a ir para noroeste, saindo de
Icnio ou A ntioquia da P isdia, at chegar ao m ar Egeu, ao porto de
Trade Alexandria).
E aqui que se inicia a passagem na prim eira pessoa do plural,
"ns", de Atos: e a narrativa prossegue nessa pessoa, o que indica
talvez que o prprio narrador estivesse presente aos acontecim
entos:
"Paulo teve de noite uma viso em que se apresentou um hom em da
M acednia, que lhe rogava: 'Passa M acednia, e a juda-nos.' Logo
depois desta viso, procuram os partir para a M acednia, concluindo
que o Senhor nos cham ava para lhes anunciarm os o evangelho" (Atos
16:9, 10).
O grupo m issionrio, agora aum entado para quatro pessoas
(segundo parece), pela adio do narrador (que presum im os ser
Lucas), atravessou o m ar, de Trade a N epolis, e dali viajou cerca
de dezesseis quilm etros pela via Incia, at Filipos.
Era costum e de Paulo, ao visitar um a cidade gentia, dirigir-se
sinagoga local a fim de encontrar alguns ouvintes dentre os ju d eu
s e gentios tem entes a Deus que porventura a freqentassem . Parece
que em Filipos no havia um a com unidade judaica suficientem ente
grande para estabelecer-se um a congregao regular na sinagoga (para
isso o quorum seria dez h o m en s).16 Todavia, havia um local
inform al de reunies, fora da cidade, s m argens do rio G angites,
onde algum as m ulheres se reuniam aos sbados para recitar determ
inadas oraes. Esse grupo
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14 Filipenses
fem inino era fo rm ado provavelm ente por m ulheres ju d ias e
outras, tem entes a Deus (povo gentio que aderia form a ju d a ica
de culto sem serem proslitos convertidos); a lder era Ldia, natural
de Tiatira, na sia M enor, que negociava com prpura, tintura
fabricada com o sum o da raiz da ru iva-dos-tin tureiros, pela qual
a cidade j h m uito tem po se tornara fam osa. (H om ero descreveu
o m odo que "uma m ulher m acednica ou cariana tingia o m arfim com
tintura de prpura.") L dia e suas amigas form aram o ncleo da
igreja em Filipos. As m ulheres da M acednia j h m uito tem po
tinham a fam a de exercer iniciativa e influncia, e estas nobres
tradies foram bem conservadas pelas m ulheres das igrejas m aced n
icas .18
L dia colocou sua casa disposio dos m issionrios, a qual se
tornou sem dvida o lugar de reunies da igreja que logo surgiu em
Filipos.
E ntretanto, os m issionrios envolveram -se em problem as graves
quando Paulo exorcizou o "esprito de adivinhao" de u m ajo v em
que, "adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores" (Atos
16:16). T ecnicam ente esse esprito cham ado de esprito de
pitonisa, ou seja: tratava-se do m esm o esprito, porm de m enor
poder, que subjugava a profetiza ptica de D elfos de m odo que esta
fa lava com o porta-voz de Apoio. Como resultado do exorcism o a
jovem no m ais conseguia predizer o futuro. (Existe um paralelo
literrio em Theophoroumene [A Mulher Divinamente Inspirada], de M
enander, pea em que u m a jo v em escrava perde seus cm balos e tam
borins e, com eles, o dom da profecia deles p ro v en ien te
.)19
Os proprietrios filipenses da escrava ficaram perturbados diante
da perda dos rendim entos regulares que a leitura da sorte lhes
proporcionava. Paulo, assim ju lgavam eles, era culpado de in
terferir em seus direitos de propriedade. Portanto, Paulo e Silvano
(os dois ju d eu s genunos do quarteto m issionrio) foram
arrastados ante o m agistrado, no frum , sob a seguinte acusao:
"Estes hom ens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. E nos
pregam costum es que no nos lcito receber nem praticar, visto que
som os rom anos" (Atos 16:20, 21). Os presentes uniram -se nesse
ataque e o m agistrado, decidindo que aqueles dois estrangeiros
indesejveis precisavam de um a boa lio, ordenou que fossem
castigados com as varas dos lictores e trancafiados at o dia
seguinte.
Quando os lictores chegaram priso na m anh seguinte, a fim de
expulsar am bos de F ilipos, foram surpreendidos com um protesto:
os
-
Introduo 16
prisioneiros exigiam que fossem reconduzidos presena dos m ag
istrados. Paulo e Silvano eram cidados rom anos e no poderiam su
jeitar-se ao tratam ento que receberam . Os m agistrados haviam
ouvido a acusao sem dar-se o trabalho de investig-la e sem convidar
os dois acusados a deporem , contando sua verso do acon tec im ento
.20
Se Paulo e Silvano declararam sua cidadania romana perante o
frum , nenhum a ateno lhes foi dada em meio grande confuso. Agora,
todavia, em circunstncias mais tranqilas, os homens injustiados
exigiam seus direitos. Agora os magistrados precisaram ouvi-los, e
pedir desculpas por haverem aoitado cidados romanos sem julgam ento
e sentena normais. Os m agistrados no podiam sum ariam ente
expulsar cidados rom anos de uma cidade romana, mas com grande
instncia suplicaram que ambos fossem embora: julgaram -se incapazes
de proteg-los contra o ressentim ento pblico. Acertando a situao
legal, Paulo e Silvano certificavam -se de que os convertidos
filipenses no se tornariam vtimas do dio popular, por estarem
associados a criminosos comuns.
O episdio bem conhecido da narrativa de Lucas, sobre a
evangeliza- o de Filipos, o que diz respeito ao terrem oto que
ocorreu m eia-noite, enquanto Paulo e Silvano "oravam e cantavam
hinos a Deus" na escu rido daquela priso, e ao terror do
carcereiro, sua tentativa de suicdio, e converso (Atos
16:25-34).
Podem os destacar este episdio de seu contexto, pois possui a
fin idades prprias. Num a obra grega do prim eiro sculo cham ada
Testamento de Jos (um dos trabalhos da coletnea denom inada
Testamentos dos Doze Patriarcas), Jos nos conta com o seu senhor
egpcio "me aoitou e me encerrou na priso de fara. Estando eu na
casa da escurido, acorrentado, cantando hinos ao Senhor e
glorificando ao meu Deus, regozijando-m e com voz jub ilosa , a m
ulher egpcia me o u v iu ."21 No existe nenhum a questo de
dependncia literria direta, desta ou daquela form a; todavia, am
bos os docum entos prendem -se a um a conveno estilstica comum. A
idia geral reaparece um pouco m ais tarde no escritor estico
Epiteto: "Serem os com petidores com Scrates, quando puderm os
escrever cnticos de louvor na priso." 22
Quanto aos efeitos do terrem oto m eia-noite, Orgenes, em m
eados do terceiro sculo (ou m esm o o pago Celso, setenta anos
antes), sugeriu um paralelo entre o registro de Lucas e a descrio
em Bacchae, de Eurpedes, da fuga dos brios e de D ionsio da priso
de Penteu: "os
-
14 Filipenses
grilhes dos ps se lhes soltaram , por si m esm os, e as chaves
abriram as portas sem que m os m ortais ag isse m ."23 No possvel
deixar de reconhecer as afin idades entre esses episdios, os quais
todavia, no depreciam a h isto ricidade do evento bblico.
A Igreja de FiliposPaulo e Silvano deveriam abandonar F ilipos;
o delicado pedido dos
m agistrados no poderia ser desprezado, com o no poderiam
desprezar a eventual expulso fora, da parte dos lictores. Todavia,
deixaram atrs u m a jo v e m igreja constituda de ardentes
convertidos, cujo afeto pelo apstolo foi dem onstrado m ediante
ddivas que lhe enviaram em m ais de um a ocasio, iniciando-se algum
as sem anas depois de sua partida (veja Filipenses 4:15, 16). T im
teo acom panhou seus dois colegas mais velhos; possvel que Lucas
tenha perm anecido em Filipos.
digno de nota que a prim eira passagem narrada na prim eira
pessoa do plural (ns), em Atos, term ina em Filipos (Atos 20:5). Se
Lucas perm aneceu em Filipos, durante os sete ou oito anos
seguintes, sem dvida os crentes filipenses o consideraram como um
deles: at possvel que o tenham nom eado representante da igreja
entre os delegados de outras igrejas que contriburam para a oferta
que Paulo levou aos pobres da Judia, em 57 d.C.
A lista dos com panheiros de viagem de Paulo, de A tos 20:4, no
m enciona nenhum m em bro da igreja de F ilipos, em bora talvez ela
seja incom pleta. Os que constavam da lista, inform a-nos Lucas,
"indo ad iante, esperaram -nos em Trade" enquanto "ns" (isto ,
Paulo, o narrador e talvez m ais um ou dois) "depois dos dias dos
pes asm os, navegam os de Filipos" (Atos 20:5, 6). Na verdade,
teriam em barcado em N epolis, porto de Filipos. Em 57 d.C. a festa
dos pes asm os caiu na sem ana de 7 a 14 de abril.
A igreja de F ilipos fo i, ento, a ltim a das igrejas de Paulo a
oeste do m ar Egeu, com a qual ele m anteve contato pessoal antes
de sua ltim a e infeliz visita Jerusalm . Essa igreja continuou a
com unicar-se com o apstolo, com o o fazia desde sua fundao , e a
carta de Paulo aos filipenses d ao leitor um a idia do im enso
prazer que essa igreja proporcionava ao apstolo, cada vez que
pensava nela, e como era grande a apreciao da bondade e afeio dos
crentes.
Que a igreja de Filipos preservou o m esm o carter m eio sculo
depois, transparece pelo seu cuidado por Incio, bispo de A
ntioquia, a cam inho
-
Introduo 19
de R om a, sob guarda m ilitar, a fim de ser atirado s bestas
feras da arena. sem elhana de Paulo, antes, Incio velejou de Trade
a N epolis, prosseguindo a viagem por terra, pela via In c ia .24
Faltam -nos m incias da pousada de Incio em Filipos; contudo, os
crentes filipenses tiveram grande interesse por ele, ao ponto de
escreverem a Policarpo, bispo de Esm irna, sujjlicando-lhe que lhes
enviasse cpias das cartas de Incio disponveis. A resposta de
Policarpo ao pedido dos filipenses sobreviveu at nossos dias. No
incio da carta, o bispo expressa sua alegria quanto ao fato de os
filipenses "terem seguido o exem plo do verdadeiro amor, e terem
ajudado com o puderam , sem pre que houve oportunidade, os que
estavam em cadeias". Tais cadeias, diz ele, so ornam ento dos
santos; constituem "diadem as de todos quantos verdadeiram ente tm
sido escolhidos por D eus e nosso Senhor Jesus Cristo" (dentre os
quais ele pensava de m odo especial em Incio). A seguir acrescenta
ele: "A legro-m e tam bm em vossa f firm em ente enraizada,
reconhecida desde os prim rdios, a qual prevalece at o presente e
produz fru tos para nosso Senhor Jesus C r is to ."26 A rvore que
Paulo e seus colabodores plantaram continuava a produzir fru tos
que atestavam a qualidade do servio daqueles servos.
Carter. Ocasio e Propsito da Carta Tema
A carta enviada com unidade crist de F ilipos por Paulo, que
acrescenta o nom e de Tim teo ao seu, logo na saudao inicial.
A ps haver saudado seus am igos filipenses e assegurado sua
profunda gratido e suas oraes por eles, Paulo lhes relata com o sua
situao atual, a despeito das restries da priso, prom oveu a
divulgao do evangelho entre os oficiais, sob cuja guarda ele se
encontra, tendo encorajado a m uitos dos crentes locais a serem m
ais ousados no testem unho da f. A inda que alguns tenham sido im
pelidos por m otivos inam istosos contra Paulo, perm anece o fato
que Cristo est sendo proclam ado, o que faz Paulo regozijar-se. Ele
no sabe em que resultar sua priso; contudo, ele j entendeu e
decidiu que, quer a priso term ine com a libertao, quer com a m
orte, tudo redundar para a glria de Cristo.
Em seguida, faz um apelo para que haja harm onia entre os m em
bros da igreja filipense: lam enta a existncia de cim es e
antipatias desprezveis e lhes traz m em ria a auto-renncia de
Cristo, ao tornar-se servo
-
14 Filipenses
dos hom ens, ao ponto de sofrer a m orte na cruz. D epois de m
ais algum as palavras de encorajam ento , nas quais se torna bem
evidente o envolv imento pessoal de Paulo no bem -estar espiritual
de seus convertidos, o apstolo lhes diz que logo enviar Tim teo,
que os visitar e trar notcias deles. Agora, diz Paulo, ele lhes m
anda de volta Epafrodito , m em bro da igreja deles, que viera para
desincum bir-se de uma tarefa que lhe fora entregue pelos
filipenses, e durante a qual ficara seriam ente doente.
Ento, com um "Q uanto ao m ais, irm os m eus..." (3:1), Paulo d
a im presso de que vai finalizar a carta m as, de sbito, alerta
seus leitores contra intrusos subversivos. E o apstolo estabelece
(em parte ao rebater a m influncia de tais pessoas), referindo-se
sua prpria experincia, a essncia da f e da vida crists.
Palavras adicionais de adm oestao (4:1-9) so seguidas de
agradecim entos por um a oferta que E pafrodito lhe trouxe de
Filipos (4:10-20). A carta se encerra com uma doxologia final,
saudaes e bno.
AutoriaA ceita-se, de m odo geral, que Filipenses seja uma carta
genuna de
Paulo.O prim eiro desafio srio autenticidade da carta foi feita
em 1840,
por F. C. Baur, de Tbingeajg27 Baur citou a opinio de um erudito
mais velho, W. M. L. de W ette, para quem a genuinidade da carta
estava "acim a de qualquer questo." Baur, ento, pediu licena para
apresentar alguns pontos que poderiam enfraquecer a opinio de W
ette.
Um desses pontos era o alegado em prego de expresses e idias
gnsticas que, com toda certeza, enchiam a m ente do autor da carta,
e que aparecem de m odo especial na passagem cristolgica Filipenses
2:6-11 29 Outro ponto era a natureza repetitiva do docum ento.
Dizia Baur que a carta caracterizava-se "por uma falta de conexo
profunda, slida de idias, e por certa pobreza de pen sam en to ".30
A crescentou a seguir que no se consegue encontrar "nem m otivo nem
oportunidade para a carta, nenhum a indicao distinta quanto a
propsito e, tam pouco, uma idia p rin c ip a l" .31 O desabafo polm
ico de Filipenses 3:2-19 foi considerado "im itao fraca e sem vida"
de 2 C orntios 11:13-15. A re fe rncia em Filipenses 4 :15 ,16 a
reiteradas oferendas recebidas de Filipos foi considerada
contradio, pois Paulo afirm a em 1 C orntios 9:15-18, e noutras
passagens, que ele p referia no ser sustentado pelos seus
convertidos, mas ganhar seu sustento m ediante seu prprio trabalho.
A
-
base estaria, segundo Baur pensava, em 2 Corntios 11:9, onde
Paulo m enciona um a exceo ao seu costum e regular certa ocasio em
Corinto quagx^o suas necessidades foram atendidas por alguns am
igos da M acednia.
Finalm ente, Baur, que presum iu ser Rom a o lugar da priso, de
onde a carta aos Filipenses supostam ente teria sido escrita, alega
que a descrio do progresso do evangelho em Rom a, na poca indicada,
fica sem apoio. A pista que conduz a tal descrio, e m eno dos
"santos... da casa de Csar" (4:22) foi tirada (assim pensava Baur)
da referncia a certo C lem ente, em Filipenses 4:3. Este C lem
ente, de acordo com Baur, deve ser identificado como o Tito Flvio
Clem ente, aparentado por casam ento com o im perador D om iciano,
que o m atou em 95 d.C. Este hom em , alega-se, foi introduzido na
carta por um autor ps-apostlico que conhecia bem a histria
legendria de Clemente. Segundo essa histria, Clem ente teria sido
convertido por Pedro; ao traz-lo em contato com Paulo, o autor de F
ilipenses deu excelente contribuio reconciliao pstum a entre os
dois apstolos que (assim acreditava Baur) foram adversrios enquanto
v iv eram .34
A lguns dos argum entos de Baur so apenas questo de opinio, ou m
odo de ver as coisas; outros dependem da form a como se encara a
evidncia; todavia, o argum ento a respeito de Clem ente sim plesm
ente errado. O Clem ente de F ilipenses 4:3 um filipense cristo,
sobre quem nada m ais sabem os, mas de form a nenhum a esteve
associado a Roma. N enhum dos argum entos de Baur referen tes carta
aos Filipenses conseguiu convencer as futuras geraes de estudiosos
sobre Paulo.
M ais recentem ente, colocou-se um ponto de interrogao sobre a
autoria paulina dessa carta, base de uma anlise estatstica da
linguagem .35 Tampouco este argumento conseguiu aceitao geral; o
documento dem asiado pequeno para prover evidncias convincentes
desse tipo.
OcasioE evidente que Filipenses foi escrita enquanto Paulo
estava na priso
aguardando o ju lgam ento que significaria liberdade, ou talvez
a perda da prpria v id a .36 Trs vezes no prim eiro captulo ele m
enciona a priso, integrando-a no decurso de seu m inistrio
apostlico: declara estar onde foi "posto para defesa do evangelho"
(Filipenses 1:16). M ediante a priso de Paulo, na verdade, o
evangelho estava sendo prom ovido em reas onde, de outra form a,
poderia no ter acesso.
Introduo
-
14 Filipenses
M as, onde estava ele preso? Paulo no diz explicitam ente. N em
era preciso diz-lo a seus am igos filipenses. E les sabiam onde o
apstolo estava pois enviaram E pafrodito , um deles m esm os, para
visit-lo (2:25). A resposta tradicional a tal pergunta tem sido Rom
a; entretanto, em pocas m ais recentes, E feso e Cesaria tm sido m
encionadas como possibilidades.
A priso em E feso tem sido defendida por A. D eissm ann, G. S. D
uncan, e o u tro s .38 E bem possvel que Paulo houvesse sido preso
pelo m enos um a vez, enquanto residiu em E feso (52-55 d.C .), mas
a priso que o apstolo so fria ao enviar esta carta a F ilipos
dificilm ente poderia ter sido um a priso efsia. Q uando Paulo d
iz: "de m aneira que as m inhas cadeias, em Cristo, se tornaram
conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os dem ais"
(1:13), a palavra grega traduzida por "guarda pretoriana"
praitorion, em prestada do latim praetorium. Se Paulo usa um a
palavra em prestada, a idia que ela detm seu sentido tcnico. O term
o denota a sede do pretor, m ais particularm ente o quartel do
oficial com andante num acam pam ento m ilitar. N a cidade de R om
a, sob o im prio, a "guarda pretoriana" significava a segurana
pessoal do im perador. Longe de Rom a, o term o designava a sede do
governo provincial, mas governo de provncia im perial, que possua
unidades m ilitares sob seu com ando. No existe exem plo, nos tem
pos im periais, do em prego dessa expresso para a sede de um
procnsul, o governador de um a provncia senatorial com o era a sia,
nessa poca.
Tem -se apelado para incries, com o evidncias da presena de um
praetorianus (m em bro de um a guarda pretoriana) nas v izinhanas
de E feso; todavia, tais evidncias tornam -se irrelevantes para a
questo que se discute. O praetorianus m encionado em trs inscries
latinas era um antigo m em bro da guarda pretoriana que m ais tarde
desem penharia funes policiais com o um stationarius num a estrada
rom ana, na p ro vncia da sia .39
E feso est excluda, com o provvel local de onde a carta fo i
enviada,de modo que C esaria se apresenta para nossas consideraes.
Cesariatem sido habilm ente defendida por vrios eruditos, de m odo
especial porErnst L o h m ey er.40 Em apoio desta cidade h a
declarao expressa deAtos 23:35 de que Paulo cnji| m antido sob a
guarda ali, "no pretrio de H erodes" (lit., praetorium.)
Nos ltim os anos de seu m inistrio ao longo do m ar Egeu,
Paulo
-
Introduo 23
organizou um a coleta nas igrejas da m isso gentlica, para
socorro dos pobres da igreja em Jerusalm . Na festa de Pentecoste
de 57 d.C., Paulo chegou a Jerusalm com alguns representantes
dessas igrejas, os quais deveriam entregar as contribuies dos
crentes aos lderes da igreja em Jerusalm . No m uitos dias aps sua
chegada, Paulo fo i atacado por um a m ultido feroz, no recinto do
tem plo, tendo sido resgatado por m em bros da guarda rom ana e
levado forta leza Antnia, que dava para o ptio externo do tem plo.
O com andante da forta leza tom ou-o sob custdia e o enviou ao
procurador Flix, em Cesaria.
Paulo perm aneceu em C esaria dois anos (57-59 d.C.), aguardando
que Flix prom ulgasse um a deciso ju d ic ia l quanto ao seu caso
(Atos 24:26, 27). Flix, na verdade, nunca chegou a pronunciar um
veredicto form al sobre Paulo: Lucas explica esse adiam ento pela
esperana de Flix em receber um dinheiro de suborno, de Paulo ou de
seus am igos. Ele sabia que Paulo havia chegado Judia trazendo um a
substancial som a de dinheiro para ser distribudo entre os pobres
da ig reja de Jerusalm (Atos 24:17), e presum iu que ele teria
acesso a m aiores fundos. Todavia, Paulo tinha m uitas razes para
supor que o veredicto de Flix, quando sasse, lhe seria favorvel e
ele sairia livre. Isso proveria, poder- se-ia argum entar, bom m
otivo para o otim ism o do apstolo: "E, tendo esta confiana, sei
que ficarei, e perm anecerei com todos vs para o vosso progressso e
gozo na f" (Filipenses 1:25).
Contudo, Cesaria era um charco poltico. Se fo i l que Paulo
ficou preso ao escrever a carta aos F ilipenses, certo que todos do
praetorium de H erodes ficariam sabendo por que Paulo estava l, mas
que im portncia havia nisso? H avia cristos em Cesaria, mas seriam
eles su fic ien tem ente num erosos ou diversificados de m odo que
pudessem tom ar partido ao lado de Paulo, ou contra Paulo, m aneira
descrita em F ilipenses 1:15-18? A inda que fossem estim ulados
pela residncia fo rada do apstolo naquela cidade a pregar o
evangelho com renovado entusiasm o, C esaria o ferecia um am biente
restrito dem ais que explicasse o alegre entusiasm o de Paulo ao
narrar como sua priso contribuiu para o avano do evangelho. Rom a,
porm , apresentaria um quadro bem diferente.
Flix fo i rem ovido da Judia em 59 d.C. sem haver resolvido o
caso de Paulo. Foi substitudo como procurador por Festo. Q uando
Festo com eou a reabrir o caso de Paulo, o apstolo logo percebeu
que poderia expor-se a perigo m ortal em face da atitude que o novo
procurador, em
-
14 Filipenses
sua inexperincia, parecia tomar. Portanto, Paulo lanou m o do
direito que tinha, com o cidado rom ano, e disse: "Apelo para C
sar", isto , pediu que seu caso fosse transferido da corte
provincial para a ju risd io direta do im perador, em Roma. A Rom
a, pois, Paulo fo i enviado, onde chegou em incios de 60 d.C. Ficou
durante os dois anos seguintes em priso dom iciliar, aguardando a
audio de seu caso. Q uando este viesse tona, Paulo talvez tivesse
de defender-se de m ais de um a acusao. A que pesava sobre sua
cabea ao ser preso em Jerusalm era a de violar a santidade do tem
plo; tal acusao, todavia, poderia ser facilm ente r e fu tada.
Havia m eno, porm , da acusao de perturbar a paz rom ana por todas
as provncias do im prio (Atos 24:5). Esta era um a acusao sria, e
em bora Paulo pudesse dar-lhe um a refutao poderosa, no havia m
eios de saber com o o caso seria conduzido no tribunal
imperial.
Enquanto Paulo aguardava que seu caso fosse levado perante Nero,
ter-lhe-ia sido suprem am ente alegre ver como o evangelho
estava-se espalhando por toda Rom a, m ediante sua presena na
cidade, em bora sob custdia. A lm do m ais, favorecendo a idia de
que a carta vinha de Rom a h a referncia aos "santos da casa de
Csar" que, ju n tam en te com os dem ais cristos, enviam suas
saudaes igreja filipense (Filipenses 4:22). verdade que o
funcionalism o civil im perial se com punha de m em bros da casa de
Csar em grande parte constituda de ex-escravos, os quais se
espalhavam por todas as provncias. Todavia, concentravam -se em R
om a, e s em Rom a seriam suficientem ente num erosos de m odo que
tivessem um grupo de cristos.
Se concluirm os que esta carta foi enviada de Rom a, torna-se
necessrio relacionar a expectativa e inteno declaradas de Paulo de
visitar Filipos em breve (Filipenses 1:25-27; 2:24) com o planejara
anteriorm ente, conform e R om anos 15:24, 29, de ir de Rom a
Espanha. Q uando o apstolo rem eteu sua carta aos rom anos, no
incio de 57 d.C., estava prestes a despedir-se do m undo banhado
pelo Egeu. Tem o m esm o sentido o registro que Lucas faz das
palavras de Paulo aos ancios da igreja efsia, quando se encontrou
com eles brevem ente em M ileto, em sua ltim a viagem a Jerusalm :
"A gora, na verdade, sei que nenhum de vs ... jam ais tom ar a ver
o meu rosto" (Atos 20:25). Se Filipenses deve ser datada de quando
Paulo foi preso em Roma, ou m esm o de quando esteve preso em
Cesaria, seus planos devem ter m udado substancialmente.
Os planos de viagem de Paulo nunca foram inflexveis: sem pre
-
Introduo 25
estiveram sujeitos sua percepo da orientao divina. Na verdade, a
prontido com que Paulo estava disposto a m ud-los deixava seus am
igos desconsertados, e dava m otivo a seus adversrios para acus-lo
de vacilao (cf. 2 C orntios 1:15 2:1). Quando ele m anifestou
perante os crentes rom anos seu plano de passar algum tem po com
eles, quando a cam inho da Espanha, previu a possibilidade de
surgirem problem as durante sua im inente visita a Jerusalm , m as
no previu sua priso ali, sua subseqente deteno por dois anos em
Cesaria, seu envio sob guarda arm ada a Rom a, e seu cativeiro dom
iciliar adicional, de outros dois anos, enquanto aguardava a intim
ao para com parecer perante Csar. Esta seqncia im prevista e im
previsvel de acontecim entos p o deria t-lo levado a reconsiderar
seus planos de viagens. C ontinuavam chegando notcias da parte de
seus am igos do m undo ao redor do Egeu que o levaram a decidir que
seria preciso visit-los outra vez, to logo ele pudesse, estando
livre. Expectativa sem elhante Paulo expressa em sua carta a F ilem
om , de Colossos (a qual tam bm deveria ser datada, provavelm ente,
de quando esteve preso em Roma): "Prepara-m e tam bm pousada,
porque espero que pelas vossas oraes vos hei de ser concedido"
(Filem om 22).
Se fosse provvel a datao de Filipenses com o sendo de R om a,
por outros argum entos, a esperana expressa de Paulo de v isitar F
ilipos outra vez no constitui argum ento decisivo contra essa
datao.
O nm ero de viagens de ida e volta entre F ilipos e o lugar do
cativeiro de Paulo, im plcitas na carta, leva alguns a ju lg a r
que a carta originou-se em feso, em vez de R o m a .43 A viagem
entre Rom a e Filipos, ou vice-versa, exigia cerca de 40 d ia s ;44
a viagem entre F ilipos e feso requeria apenas um a sem ana ou 10 d
ia s .45
A poca em que a carta foi escritaa. chegaram a Filipos as
notcias da priso de Paulo;b. Epafrodito viajou de Filipos, a fim de
entregar uma oferta a Paulo
(4:18);c. chegaram notcias a Filipos da doena de Epafrodito
(2:26);d. chegaram notcias a Epafrodito sobre a ansiedade dos
filipenses, ao
saberem de sua doena (2:26);e. Epafrodito estava prestes a
partir para Filipos, levando a carta de Paulo
(2:25, 28);/ Timteo deveria segui-lo em breve, to logo os planos
de Paulo se
tomassem mais viveis (2:19-23);
-
14 Filipenses
g. O prprio Paulo esperava poder visitar Filipos, se fosse
libertado (2:24).
Quatro destas viagens se realizaram ; as trs ltim as deveriam
ocorrer em futuro prxim o. Porm , as quatro prim eiras esto
descritas de modo que deixam im plcito que Epafrodito caiu doente
aps ter chegado no lugar onde estava Paulo: como fica sugerido
abaixo, no com entrio sobre 2:26, os fatos no aconteceram assim ,
necessariam ente; E pafrodito p o deria ter ficado doente a cam
inho do encontro com Paulo. Isto reduziria o tem po necessrio para
as sucessivas viagens. Em qualquer caso, como esclarece C. H. Dodd,
"seja onde for que Paulo estivesse na poca, as circunstncias
exigiam intercom unicaes freqentes com Filipos; apesar de E feso
estar bem perto, o cativeiro rom ano tam bm foi longo". Paulo morou
dois anos em Rom a e s ento que seu caso subiu aos tribunais;
quando Filipenses foi escrita, estava im inente um a deciso a
respeito do apstolo. Houve, ento, m uito tem po, suficiente para
todas as viagens efetuadas.
Tem sido argumentado que a expresso de agradecimentos de Paulo
aos filipenses, iniciada com um "finalmente" finalm ente eles
haviam demonstrado cuidado pelo apstolo outra vez (4:10) "no pode
deixar de ser considerada repreenso, uma repreenso sarcstica, na
verdade," caso a carta no fosse enviada at o perodo do cativeiro
romano. Esta interpretao tam bm tem sido levantada como argumento
favorvel origem efsia da carta. Como ficar demonstrado no comentrio
sobre essa passagem, entretanto, tanto Paulo quanto os filipenses
sabiam bem que o longo intervalo que permeou o envio das ofertas
era devido ao costume financeiro do prprio Paulo, e no a alguma
negligncia da parte dos filipenses. Outros eruditos, na verdade, tm
dito que a expresso de agradecimentos de 4:10-20 constitui um a
cartinha separada, que antecedeu a principal carta, dentro da qual
esse bilhete teria sido inserido editorialmente.
Isso levanta a questo sobre se essa carta, como se nos apresenta
hoje, com pilao.
Documento nico ou Compilao de Fragmentos?M ais especificam ente
em tem pos recentes que se levantaram algu
mas questes srias quanto unidade literria da carta. Na verdade,
Policarpo escreveu aos crentes filipenses na prim eira m etade do
segundo sculoTlm brando-lhes de como Paulo no s lhes ensinou "a
palavra da verdade", quando presente entre eles, "como tam bm ,
quando ausente,
-
Introduo 27
vos escreveu cartas" {Aos Filipenses 3:2). H grave risco em
inferir-se da que Policarpo entendia que a carta cannica se com
punha de docum entos separados: se ele no est usando um plural
generalizante, pode ter em m ente outras cartas que no chegaram at
ns, alm dessa que sobreviveu.
M uitos com entaristas (talvez a m aioria deles) ainda crem na
unidade do docum ento, mas h os que o consideram uma com pilao de
fragm entos. G nther B ornkam m o descreveu com o "uma coleo de
cartas p au lin as ."50 H duas sees, de m odo especial, que alguns
pensam constituir inseres na carta principal:
(a) a nota de agradecim entos de 4:10-20 e(b) a seo que se
inicia em 3:2 e prossegue at o captulo 4.N ota de agradecim entos
(4:10-20). A nota de agradecim entos de
4:10-20 vincula-se ao corpo principal da carta m ediante a
referncia a Epafrodito (4:18; cf. 2:25-30). Em ambas as passagens
trata-se da m esm a e nica m isso de Epafrodito . Todavia, os que
inferem de 2:25-30 que E pafrodito gastou tem po considervel com
Paulo, aps lhe haver en tregue a oferta filipense, tendo ficado
doente logo depois, chegam concluso de que Paulo enviou essa nota
de agradecim ento to logo recebeu a oferta, no tendo esperado,
portanto, que Epafrodito se curasse e pudesse voltar para casa. D
eduzem , da, que a nota de agradecim entos deve ter sido rem etida
antes da carta p rin c ip a l.51
Contudo, se Epafrodito caiu doente a cam inho da visita a Paulo
(o que m ais provvel), e o apstolo o rem eteu de volta a Filipos
antes do tem po planejado, a fim de aliviar a ansiedade dos am igos
filipenses concernente a E pafrodito , teria sido m uito
conveniente que o v iajante convalescido levasse consigo a nota de
agradecim entos jun to a um a carta mais longa, ou inserida nela
(veja com entrios sobre 2:26-28). (Se a nota foi enviada anexa
carta m aior, posteriorm ente teria sido includa nela.)
A dvertncia Contra os M aus Obreiros (3:2ss.). As trs
caractersticas principais desta seo so:
(a) vem depois do "finalm ente" (3:1)(b) a diferena de tom, em
relao ao restante da carta, e(c) sem elhante aos ltim os quatro
captulos de 2 Corntios.A expresso "quanto ao mais" (gr. to loipon
em 3:1 (usada outra vez
em 4:8), poderia ser considerada preparao do autor para a
concluso da carta; entretanto, no se pode afirm ar m uita coisa em
cima dessa
-
14 Filipenses
expresso apenas, visto que em cartas inform ais (no se falando
de serm es), as palavras que sugerem a aproxim ao da concluso podem
vir m uito antes da prpria concluso.
Entretanto, a repentina severidade da advertncia, nesta seo, e
sua sem elhana em tom e assunto com 2 C orntios 10-13 exige algum a
explicao. Na verdade, h diferenas: enquanto em 2 C orntios 10-13 os
"falsos apstolos" j esto de fato operando em Cornto, tal no fica im
plcito de F ilipenses 3:2ss.: no se sabe se os "m aus obreiros" j
estavam trabalhando em Filipos e tam pouco se havia qualquer d ispo
sio entre os crentes filipenses para dar-lhes ouvidos.
Em Cornto, os intrusos proclam avam ter credenciais e realizaes
m ais elevadas do que as de Paulo, de m odo que o apstolo se sentiu
obrigado ("envergonhado o digo", 2 C orntios 11:21) a argum entar
que se tais credenciais e realizaes que eles aparentem ente estavam
apresentando fossem realm ente necessrias, ele, Paulo, poderia
apresentar um currculo m uito m ais im pressionante que qualquer
desses intrusos. Paulo trilha um cam inho sem elhante em F
ilipenses 3:4-16, observando que se fosse adequado alim entar
confiana nas dotaes naturais e nas realizaes, o apstolo no se
sentiria perdido, m as cheio de razes para ter confiana.
Entretanto, tudo quanto antes ele valorizava agora despreza com o
intil e lana-se, em seguida, a um a eloqente declarao das coisas
que realm ente tm valor: o conhecim ento pessoal de Cristo, a
participao em seus sofrimentos, a esperana de ressurreio com ele e
a ambio de cum prir o alto propsito para o qual ele foi chamado por
Cristo.
C. H. Dodd, que aceita Filipenses com o sendo um docum ento
nico, datado do cativeiro de Paulo em Rom a, cita F ilipenses
3:13-16 com o indicando "m uito claram ente o que a experincia
havia fe ito desse hom em por natureza orgulhoso, autoconfiante e
im paciente". Tam bm provendo evidncias para sua tese segundo a
qual na poca da "tribulao que nos sobreveio na sia" (2 C orntios
1:8), o apstolo passou por um a "segunda converso" que lhe resultou
em m arcante m udana de tem peram en to .52 Entretanto, difcil
reconhecer tal "m udana de tem peram ento" na form a com o Paulo
trata os "m aus obreiros" no prprio contexto de 3:13-16 na fustigao
dos "ces" de 3:2 ou na denncia dos libertinos de 3 :18 ,19 .
verdade que ele afirm a estar escrevendo aquelas palavras de
denncia "chorando", enquanto em 2 C orntios 10 13 talvez ele
houvesse escrito aquelas palavras m ais com ira do que com
-
Introduo 29
tristeza. E ntretanto, no h grande diferena entre a linguagem de
Paulo nesta ou naquela carta. Se houver alguma base para a tese de
D odd quanto a um a "segunda converso" (en a verdade h algum a),
deveram os, ento, dizer com T. W. M anson que Filipenses 3:2ss. "se
entende m elhor antes da segunda converso, do que d ep o is
."53
E m uito im provvel que se possa tirar algum a inferncia de um a
m udana de perspectiva que se tenha verificado entre a expectativa
de Paulo em 3:20, 21, quanto a partilhar a "m udana" que os crentes
rem anescentes experim entaro quando da volta de Cristo, e a
expectativa do apstolo em 1:23, de estar "com Cristo" ao m orrer; a
possib ilidade de ser executado, com o resultado do ju lgam ento
pendente, suficiente para explicar sua expectativa de 1:23,
enquanto em 3:20, 21, Paulo declara (talvez em form a de credo) a
esperana dos crentes em geral.
parte isso, se fosse possvel vencer tal quebra de "probabilidade
b ib liogrfica" como a diviso de F ilipenses em duas cartas
originaria- m ente separadas, m uito se poderia dizer a favor da
datao de 3:2ss. no m esm o perodo genrico de 2 Corntios 10 13,
datando a carta com o um todo no final do cativeiro rom ano de
Paulo. Em bora as pessoas antipticas de 1:15-18 no sejam as m esm
as das m encionadas com tanta severidade em 3:2, 18, 19 (e, na
verdade, aquelas no parecem haver adulterado o evangelho), a
suavidade de Paulo, no entanto, ao referir-se quelas pessoas fica
em notvel contraste com a forte invectiva contra estas outras,
havendo a sugesto de um perodo interm edirio aplacador. Paulo
aprendeu a enxergar m otivos para dar graas em situaes que, noutros
tem pos, t-lo-iam levado a explodir de indignao.
Se supusssem os que outra carta, ou parte de outra carta, se
inicia em 3:2, at onde ela iria? Com certeza at 4:1, com aquele
apelo aos filipenses: "estai assim firm es no Senhor, am ados"55
mas talvez at 4 :3 56
e possivelm ente at 4:9. Se a carta se encerrasse em 4:9, teram
os um a concluso satisfatria para um a carta, em que o ltim o
pargrafo se iniciaria com "Quanto ao mais, irm os", encerrando-se
com um a bno: "E o Deus de paz ser convosco." A seguir, a carta
principal anunciaria sua concluso: "Quanto ao m ais, irmos m eus,
regozijai-vos no Senhor" (3:1), seguida d an o ta de agradecim
entos (4:10-20) e a saudao eb n o finais (4:21-23). Entretanto,
todos os argum entos em prol de considerar- se F ilipenses como
sendo produto de com pilao na m elhor das h ipteses so apenas
tentativas. O ju lgam ento de W. G. K m m el deve m erecer
-
14 Filipenses
respeito: "No existe... razo suficiente para c^ue se duvide da
unidade original de F ilipenses, com o foi transm itida ."5
PropsitoO propsito da carta s pode ser form ulado aps
considerar-se todo
seu contedo.Epafrodito estava de regresso a Filipos por causa da
insistncia de
Paulo, que aproveitou a oportunidade e lhe entregou um a carta
dirigida aos crentes filipenses, agradecendo-lhes a oferta de que E
pafrodito havia sido portador, agradecendo-lhes tam bm pela
participao geral e constante deles, em seu m inistrio, e
explicando-lhes incidentalm ente por que estava enviando E
pafrodito de volta to depressa.
Ao m esm o tem po, Paulo aproveita a oportunidade para dar-lhes
inform aes sobre sua situao atual, a fim de prepar-los para a im
inente visita de T im teo, a qual seria seguida (assim esperava
Paulo) de uma visita dele m esm o. O apstolo os adverte contra um a
variedade de elem entos que rondavam as igrejas subvertendo a f e a
m oral crists. Contudo, o principal objetivo de Paulo era,
evidentem ente, estim ular o esprito de unidade entre os crentes. O
que m ilitava contra tal unidade era a tendncia natural para a
auto-afirm ao, que Paulo com batia com toda a disposio de que era
capaz. O exem plo de Cristo deveria inspirar seus seguidores no
sentido de colocar os interesses dos outros diante de seus prprios
interesses, e serem m arcados pelo esprito de autonegao e
auto-sacrifcio espontneo. Se aprendessem essa lio, no apenas
transbordariam o clice de Paulo com alegria mas tam bm seriam
liberados de tenses internas e seriam capazes de, jun tos com
Paulo, regozijar-se no Senhor.
Nota: No incio do livro h um a lista de abreviaturas usadas
neste com entrio (veja pp. 9-12).
Notas1. Este texto (GNB) provavelmente deve ser original, embora
no se encontre
nos manuscritos gregos; foi preservado em alguns manuscritos da
Vulgata Latina, e em verses provenais e alems, baseadas no latim;
consulte E. Elaenchen, The Acts ofthe Apostles, p. 474.
2. Quanto ao nome completo, consulte a inscrio latina de
Filipos, reproduzida por M. N. Tod, emAnnual ofthe British School
atAthens 23 (1918-19), p.95, no. 21.
3. Ccero, On the Agrarian Law, 2.93.
-
Introduo 314. Herdoto, History 5.17f.5. Idem, 7.173; 9.45.6.
Ibid.,5.22; 8.137.7. Polybius, History 7.9.8. Idem, 18.22-28.9.
Ibid., 31.29.
10. Livy, History 45.29.5ss.; cf. J. A. O. Larsen, Greek Federal
States.11. Diodorus, History 32.9b, 15; Florus, Epitomel.30.12.
Florus, Epitome 1.32.3; cf. M. G. Morgan, "Metellus Macedonicus e
a
Provncia Macednica," Historia 18 (1969), pp. 422-46.13. Strabo,
Geography 1.1 A. Consulte, para um bom relato popular, F.
0 'Sullivan, The Egnatian Way.14. De 15 a 44 AD a Macednia se
uniu Acaia, no sul, e Moesia bem ao
norte para formar uma provncia imperial. (Tcito, Annals 1.76.4;
1.80.1.). Uma provncia imperial, diferentemente de uma provncia
senatorial, exigia a presena de unidades militares, e era governada
por um legado nomeado diretamente pelo imperador. Consulte tambm F.
Papazoglu, "Quelques aspects de l'histoire de la province
Macdoine," in Aufstieg und Niedergang der romischen Welt, ed. H.
Temporini e W. Haase, 2.7.1 (Berlim e Nova York: de Gruyter, 1979),
pp. 302-69.
15. Cf. F. F. Bruce, 1 & 2 Tessalonicenses.16. O termo
tcnico para este quorum de dez homens minyan.17. Homero, Iliada
4.141 s.18. Cf. W. W. Tarne G. T. Griffith, Hellenistic
Civilisation, pp. 98s.; W. D.
Thomas ,"The Place of Women in the Church at Philippi," E xpT83
(1971-72), pp. 117-20. Consulte o comentrio sobre 4:3 abaixo.
19. Cf. T. B. L. Webster, An Introduction to Menander
(Manchester: Man- chester University Press, 1974), p. 191.
20. Por trs da frase grega traduzida por "sem sermos condenados"
(Atos 16:37), W. M. Ramsay discerniu o termo legal romano re
incgnita, "sem
investigar o caso" St. Paul the Traveller and the Roman Citizen
pp. 224s.).21. Testament ofJoseph 8:4s. Veja W. K. L. Clarke, "St.
Luke and the
Pseudepigrapha," JTS 15 (1914), p. 599; "The Use ofthe
Septuagint in Acts," BC 1.2 (Londres: Macmillan, 1922), pp.
lis.
22. Epictetus, Dissertations 2.6.26.23. Eurpedes, Bacchae 447s.,
cf, 586ss.; veja Orgenes, Against Celsus 2.34.
Quanto a um padro corrente que seguidamente aparece nos relatos
de fugas da priso (cf. tambm Atos 5:19-23; 12:6-11) veja R.
Reitzenstein, Die hellenis- tischen Wundererzahlungen (Leipzig:
Teubner, 1906), pp. 120-122.
24. Incio, A Policarpo 8:1.25. Policarpo, Aos Filipenses 13:226.
Idem, 1:,2.27. F. C. Baur, Paulo: Sua Vida e Obras vol. 2, pp.
45-79.28. W. M. L. de Wette, Lehrbuch der historisch-kritischen
Einleitung in die
-
14 Filipenses
kanonischen Bucher des Neuen Testaments, p. 268.29. Baur, vol.
2, pp. 46-53.30. Idem, p. 53.31. Ibid., p. 53.32. Ibid., p. 55.32.
33. Ibid.,pp. 56-58. Veja comentrio sobre 4:16.34. Ibid., pp. 58-64
.0 Flvio Clemente histrico mencionado porDio Cssio,
Hist. 67.14; Suetnio, Domcio 15.1. A explicao integral da lenda
sobre Clemente, que envolve uma confuso entre Flvio Clemente com o
pai apostlico Clemente de Roma, aparece no quarto sculo, nas obras
Clementine Recognitions e Clementine Homilies.
35. Cf. A. Q. Morton, "The Authorship of Greek Prose," J R Stat
Soe srie A 127 (1965), pp. 169-233;" The Authorship ofthe Pauline
Corpus," sm TheN ew Testamentin Historical and Contemporary
Perspective: Essays in Memory o f G. H. C. MacGregore. W. Barclay
eH . Anderson, pp. 209-35; The Integrity ofthe Pauline Epistles
(Manchester: Manchester Statistical Society, 1965); M. Levison, A.
0 . Morton, and W. C. Wake, "OnCertain Statistical Features ofthe
Pauline Epistles," Philosophical Journal 3 (1966), pp. 129-48.
36. Isto foi contestado por T. W. Manson, que sugeriu que o
encarceramento mencionado em Filipenses 1:7, 13s., 17, foi o de
Filipos (Atos 16:23-39) ou um breve perodo de custdia em Corinto,
aguardando seu comparecimento diante deGlio (Atos 18:12-17); ele
datou Filipenses como escrito durante o ministrio efsio de Paulo,
julgando que o encarceramento era o mais antigo, no aquele que o
apstolo estava sofrendo por ocasio da escrita (Studies in the
Gospels and Epistles, pp. 149-67).
37. Cf. o prlogo "marcionita": "Os filipenses so macednicos.
Estes, havendo recebido a palavra da verdade, permaneceram firmes
na f. O apstolo oselpeia^escrevendo-lhes da pnso em Roma,." * . , .
,38. C f A. Ueissmann, Zur epnesimschen Gefangenschaft des
AposteisPaulus," em Anatolian Studies Presentedto Sir W. M.
Ramsayed. W. H. Buckler e W. M. Calder, pp. 121-27; P. Feine, Die
Abfassung des Philipperbriefes in Ephesus-, W . Michaellis, Die
Gegangenschaft des Paulus in Ephesus; Der B rie f des Paulus an die
Philipper, J. H. Michael, The Epistle ofPaul to the Philip- pians;
G. S. Duncan, St. PauTs Ephesian Ministry; "A New Setting for
Paul's Epistle to the Philippians," ExpT43 (1931-32), pp. 7-11;
"Were Paul's Impri- sonment Epistles Written from Ephesus?" ExpT 67
(1955-56), pp. 163-66; "Paul's Ministry in Asia The Last Phase,"
NTS 3 (1956-57), pp. 211-18.
39. C1L\\\. 6085,7135,7136.
2SEsegundo se pen sav a , por M arcion (ca. 144 d .C .) e seus
segm dores.
-
Introduo 32
40. E. Lohmeyer, Der B rief an die Philipper pp. 3s., 38-49;
tambm L. Johnson, "The Pauline Letters from Caesarea," ExpTS
(1956-57), pp. 24-26; J. J. Gunther, Paul: Messenger and Exile pp.
98-107; J. A. T. Robinson, Redating the New Testament, pp. 60s.,
77-79.
41. A sede ocasional de Pilatos em Jerusalm mencionada como
praetorium (pretrio) em Marcos 15:16; Joo 18:28, 33; 19:8.
42. B. Reicke ("Caesarea, Rome and the Captivity Epistles," em
W. W. Gasque eR. P. M artin, eds., Aposto lie History and the
Gospel, pp. 277-86), que defende a teoria segundo a qual as demais
cartas do cativeiro provieram de Cesaria, mas que a de Filipenses
teria vindo de Roma, pensa que "era impossvel que os leitores no
entendessem a referncia Roma e aos funcionrios de Nero" nesta
saudao; ele compara a meno em seis inscries romanas (C/J
284,301,338, 368,416,496) da sinagoga dos Augustenses, "os
ex-escravos libertos" (p. 285). Compare o comentrio e nota
adicional ad loc.
43. Veja Duncan, St. PauTs Ephesian Ministry, pp. 80-81.44. Veja
W. M. Ramsay, "Roads and travei (inNT)," em HDB5, pp. 375-402
(especialmente p. 385).45. Veja o itinerrio em Atos 20:6-16.46.
C. H. Dodd, "The Mind ofPaul: II," em New Testaments Studies, p.
97.47. Manson, Gospels and Epistles, p. 157.48. Compare Dodd, New
Testaments Studies, pp. 97-98.49. Tais questes eram levantadas
esporadicamente, em tempos mais remotos:
um dos primeiros estudiosos a apontar os problemas relacionados
com a unidade (que era aceita) das cartas, foi S. Le Moyne, Varia
Sacra (Leiden: Daniel Gaesbeeck, 1685), vol. 2, pp. 332-43.
50. G. Bomkamm, "DerPhilipperbrief ais paulinische
Briefsammlung" em W. (' van Unnik, ed., Neotestamentica et
Patristica, pp. 192-202. Veja tambm F. W. Beare,^4 Commentary on
the Epistle to the Philippians, pp.4,149-57; B. D. Rahtjen, "The
Three Letters of Paul to the Philippians", NTS6 (1959-60), pp.
167-73; W. Schmithals, Paul atui the Gnostics, pp. 67-81.51. Veja
Beare, Philippians, p .150. Rahtjen, "The Three Letters," p.
170,
li f-uinenta que Epafrodito j havia sido enviado de volta a
Filipos quando Paulo escreveu 2:25-30 que Paulo no diz : "Por isso,
tanto mais me apresso em mand-lo" (2:28, "Almeida Revista e
Atualizada"), mas "Por isso vo-lo enviei nmis depressa" (ECA). O
tempo do verbo epempsa (mandou) indica acontecimento passado.
52. Dodd, New Testament Studies, pp. 80-82.53. Msnson, Gospels
and Epistles, pp. 163, 164.54. Com esta expresso de repreenso
suave, mas erudita, F. G. Kenyon
eol limava derrubar algumas hipteses literrias e crticas (como
em The Bible mui Modern Scholarship, Londres: JohnM urray, 1948, p.
37). Rupturas assim k orriam, de vez em quando, e isto fica
demonstrado pela (praticamente certa) Itmcro da posterior
"Constituio de Draco" na Constituio de Atenas in e.lotlica, de que
Kenyon produziu a primeira edio impressa em 1891.
-
34 Filipenses
55. Tambm Beare, Philippians, pp.24,25.56. Tambm Bomkamm, "Der
Philipperbrief ais paulinische Briefsammlung,"
p. 195; tambm, (mais recente) J. E. Symes, "Five Epistles to the
Philippians,"The InternrpterlO (1913-14), Dp. 167-70.
57. Tambem Rahtjen, The Three Letters , pp. 171,172. Entretanto,
esse autorconsidera 3:2-4:9 como carta posterior, a qual "segue o
padro clssico do testamento de um pai moribundo a seus filhos."
58. W. G. Kmmel, Introduction to the New Testament, p. 237. A
unidade da carta defendida tambm por B. S. Mackay,
"FurtherThoughtsonPhilippians," N TS1 (1960-61), pp. 161-70; V. P.
Fumish, "The Plan andPurpose ofPhilip- pians iii", NTS 10
(1963-64), pp. 80-88; T. E. Pollard, "The Integrity of
Philippians," NTS 13 (1966-67), pp. 57-66; R. Jewett,
"TheEpistolary Thanks- giving and the Integrity of Philippians,"
NovT 12 (1970), pp. 40-53.
-
1. Prembulo (Filipenses 1:1-2)
O prem bulo, ou saudao introdutria de um a carta antiga, norm
alm ente continha trs elem entos:
(a) nom e do rem etente, ou dos que assinavam a carta;(b) nom e
do destinatrio, ou a quem deveria ser transm itida; e(c) cum prim
entos e felicitaes.So abundantes os exem plos de cartas da poca do
Novo Testam ento,
em grego e em latim, tanto literrias quanto comuns. Exem plos
mais antigos so fragm entos de correspondncia oficial da corte
persa, m encionados no livro de Esdras; com pare Esdras 7:12, "A
rtaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do D
eus do cu: Saudaes." Este padro seguido aqui, com o tam bm em todas
as cartas do N ovo Testam ento.
N esta carta que principiam os a estudar, Paulo e Tim teo so m
encio nados como rem etentes e "todos os santos em Cristo Jesus,
que esto em Filipos" so os destinatrios, sendo "graa" e "paz" os
votos de bem -estar e felicidade.
1:1 / Paulo o nico autor da carta, ainda que o nom e de T im teo
seja acrescentado neste prem bulo. Percebem os isto quando Paulo
diz: "Dou graas ao meu Deus" (Filipenses 1:3). Ao contrrio do que
acontece em C olossenses 1:3, onde o nom e de Timteo aparece ju n
to ao de Paulo no prem bulo, Paulo diz: "G raas dam os a Deus".
Posteriorm ente, na carta aos filipenses, Paulo se refere a Tim teo
pelo nom e, com o verbo na terceira pessoa (2:19).
Tim teo tem seu nom e associado ao de Paulo no prem bulo em
sinal de am izade. O m oo estava com Paulo poca em que a carta
estava sendo escrita e at poderia ter agido com o secretrio de
Paulo, tom ando- lhe o ditado. Ele era bem conhecido entre os
crentes filipenses, tendo sido m em bro da equipe m issionria que
levou o evangelho quela cidade pela prim eira vez. A presena de Tim
teo est im plcita, e no expressam ente declarada, conform e Atos
16:11-40.
Tim teo era nativo de L istra, na L icania, nascido de um casam
ento m isto, pois sua m e e ra ju d ia e seu pai grego. Foi educado
na f ju d a ica mas no havia sido circuncidado na infncia. D urante
a prim eira visita
-
54 (Filipenses 1:15-17)
de Paulo e B arnab sua cidade natal (Atos 14:8-20) ele se
converteu ao cristianism o. Q uando Paulo passou por ali outra vez,
um ou dois anos m ais tarde, ficou im pressionado com o desenvolvim
ento espiritual de T im teo, que era reconhecido por crentes
ntegros de L istra e de Icnio.
Paulo decidiu nom ear Tim teo seu cooperador pastoral para que
este trabalhasse em seu m inistrio apostlico, m as circuncidou-o
prim eiro, a fim de regularizar sua situao religiosa anmala: sendo
filho de m ejudia, no era um cristo gentio, mas um judeu em tudo,
exceto quanto circunciso.
Paulo e T im teo bem sabiam que a circunciso no faria a m nim a
d iferena quanto sua situao perante D eus; todavia, a circunciso
tinhao objetivo de rem over um a verdadeira barreira nas relaes de
Paulo com as autoridades da sinagoga (Atos 16:1-3).
Com grande disposio Timteo uniu-se a Paulo, a quem passou a
servir com devoo como colaborador; o desprendimento desse moo pode
ser avaliado pelas palavras elogiosas de Paulo em Filipenses
2:20-22.
Paulo e Tim teo so descritos como servos (literalm ente
"escravos") de Cristo Jesus. Em Rom anos 1:1 Paulo se apresenta
como "servo de Cristo Jesus, cham ado para ser apstolo, separado
para o evangelho de Deus."
Ao dirigir-se aos filipenses, Paulo no tinha necessidade de
enfatizar sua autoridade apostlica, como o fez ao dirigir-se s
igrejas da Galcia e de Corinto: no havia a tendncia, em Filipos,
para deixar de reconhecer sua autoridade, com o acontecia naquelas
outras igrejas.
Tem sido argum entado que o term o "servos", aqui, no tem o
sentido de "escravos", porque a palavra grega "do u lo s usada na
LX X (verso grega do Velho Testam ento) referindo-se a algum a quem
Deus usa num m inistrio especial, ou atravs de quem D eus fala, com
o M oiss (Ne- em ias 10:29), Josu (Josu 24:29), Davi (Salm o 89:20
[LXX: 88:21], Jonas (2 Reis [LXX: 4 Reis] 14:25), todos os quais so
cham ados de "servo (Grego: doulos) do Senhor."
Entretanto, os leitores das cartas de Paulo entenderiam m ais
depressa que o apstolo queria dizer que era um "escravo" de Cristo
no sentido de hum ildade, pois esse era o sentido que a palavra
tinha para eles. No h dvida de que Paulo considerava um a honra
elevada ser escravo de Cristo, m as tam bm deixava im plcito, pela
palavra "escravo", que estava totalm ente disposio de seu Senhor.
No entanto, por essa
-
(Filipenses 1:15-17) 55
m esm a razo suas palavras e aes tinham a autoridade de seu
Senhor, e naquele trabalho de servo Paulo sentia liberdade
perfeita.
Os destinatrios da carta so cham ados de santos ou de "povo
santo", pessoas a quem D eus separou para si m esm o designao m
uito com um de Paulo para os crentes em suas cartas (conform e R om
anos 1:7;1 C orntios 1:2; 2 C orntios l : l ;E f s io s 1:1;
Colossenses 1:2).
A designao grega " hagios tem razes nos tem pos do AT quando
Deus celebrou um a aliana com Israel, depois de hav-lo libertado do
Egito. D eus o cham ou de "nao santa" (xodo 19:6) e intim ou o
povo: "Sede santos porque eu sou santo" (Levtico 11:45). Esta intim
ao trazida ao NT e im posta sobre o povo da nova aliana. O uso
cristo tam bm pode ter sido influenciado, at certo ponto, pela
descrio que Daniel faz do rem anescente eleito, no fim dos tem pos:
"os santos do Altssim o" (Daniel 7:18, 22, 27). E provvel que Paulo
tenha em m ente descrio de D aniel, quando afirm a que "os santos
ho de ju lg a r o mundo" (1 Corntios 6:2).
Paulo escreve, a seguir, a todos os santos em Cristo Jesus que
esto Mi Filipos isto , igreja toda naquela cidade. Suas cartas
anteriores ;ao endereadas explicitam ente s igrejas em vrias
cidades, conform e
-
54(Filipenses 1:15-17)
No havia nenhum a designao oficial para os lderes eclesisticos
nas igrejas paulinas. Em Tessalnica eram designados com o: "os que
trabalham entre vs, e os que presidem sobre vs no Senhor, e vos adm
oestam " (1 Tessalonicenses 5:12). Talvez os prprios crentes f i l
i penses que se referiam a seus lderes na igreja como episkopoi,
"os bispos que governam " (o m esm o term o aplicado aos ancios da
igreja de feso em A tos 20:28, a fim de expressar a
responsabilidade deles como pastores espirituais).
Os diconos (gr. diakonoi) so aqueles que desem penham qualquer
servio na igreja. Nas cartas pastorais os deveres deles so m ais fo
rm alizados (cf. 1 T im teo 3:8-13).
N esta carta aos filipenses incerta a razo da m eno especial a
bispos e diconos. M uitos estudiosos, de Crisstom o em diante, tm
ensinado que estes oficiais fo ram os responsveis pelo envio de E
pafrodito com um a oferta para Paulo. F. W. B eare acha possvel que
Paulo desejasse atrair a ateno dos lderes para a obra de Epafrodito
. E. B est considera a possibilidade de haver Paulo recebido um a
carta form al, assinada pelos "santos em C risto Jesus que esto em
Filipos, com os bispos e diconos," e usou este jo g o de palavras,
em sua resposta. E po r isso, de fo rm a proposital e perspicaz,
evita atribuir-se qualquer ttulo alm do "escravo de Cristo
Jesus."
C inqenta anos mais tarde, quando Policarpo escreve ig reja
filip en se, esta ainda adm inistrada por um a pluralidade de
lderes, a quem ele cham a de "ancios" {To the Philipens 6:1;
11:1).
1:2 I A esta altura do prem bulo de um a carta grega, o rem
etente norm alm ente desejaria "alegria" a seu correspondente; num
a carta latina, ele desejaria "perfeita sade." Paulo herdou o
costum e hebraico (e sem tico, generalizado) de desejar ao
destinatrio "paz" (Heb. shalm), mas freqentem ente ele am plia seus
votos para "graa e paz." possvel que se tratasse de um a expresso
usual em bnos nas sinagogas ou igrejas. N um a obra ju d a ica
posterior, apocalptica, do prim eiro sculo, um a carta provavelm
ente enviada por B aruque s tribos de Israel deportadas pelos
assrios, apresenta um cabealho: "M isericrdia e paz" (2 B aruque
78:2). Paz a som a total das bnos tem porais e espirituais, e a
graa a fon te de onde provm .
A graa...e paz que Paulo invoca sobre seus destinatrios quase
sem pre derivam da parte de D eus nosso Pai e do Senhor Jesus
Cristo.
-
(Filipenses 1:15-17)55
A ntim a associao de Cristo com Deus, em expresses desse tipo,
testifica do lugar que Cristo ocupava no pensam ento de Paulo.
Sendo aquele que ressurgiu e fo i exaltado, Cristo recebeu de Deus
a designao de "Senhor" o "nom e que sobre todo o nom e" (Filipenses
2:9) revestido de hum anidade celestial (1 C orntios 15:45-49).
D eus e Cristo so um na origem e na concesso da salvao. A boa
vontade incondicional em prol dos seres hum anos que fo i m
anifestada na obra redentora da cruz sempre cham ada "graa de D
eus" (R om anos 5:15) e de "graa de nosso Senhor Jesus Cristo"
(Filipenses 4:23). De m odo sem elhante, o estado de vida a que
essa obra redentora conduz os crentes paz com D eus e paz uns com
os outros sem pre cham ada "paz de D eus" (Filipenses 4:7) e "paz
de Cristo" (Colossenses 3:15).
Notas Adicionais 1.1:1 / Quanto circunciso de Timteo feita por
Paulo, veja-se M. Hengel,
Acts and the History ofEarliest Christianity, p. 64.Quanto frase
servos de Cristo Jesus, consulte-se K. H. Rengstorf, TDNT,
vol. 2, pp.261-80, s. v. [doulos, etc. (specially 276, 277). G.
Sass,"Zur Bedeu- tung von doulos bei Paulus," ZNWAO (1941),
pp.24-32, conclui que para Paulo trata-se de um ttulo
honorfico.
Quanto expresso santos em Cristo Jesus (Filipenses 4:21),
consulte-se O. E. Evans, Saints in Christ Jesus: A Study ofthe
Christian Life in the New Testament. Veja-se tambm o captulo "The
Corporate Christ" em C. F. D. Moule, The Origin ofChristology, pp.
47-96.
Nas Epstolas Pastorais os termos episkopos epresbyteros ainda so
usados intercambiavelmente, havendo, pelo que se percebe, vrios
oficiais assim designados em determinadas igrejas (cf. 1 Timteo
3:2; 5:17; Tito 1:5-7); suas qualificaes so estabelecidas
minuciosamente. A incidncia de episkopoi e diakonoi usados em
conjunto na literatura crist, ocorre no Didache 5:1.
Em outras passagens das cartas paulinas, os crentes aqui
denominados episkopoi so chamados deproistamenoi, os que "presidem"
(Romanos 12:8; cf. 1 Tessalonicenses 5:12) que no constitui,
entretanto, termo tcnico. Veja J. B. Lightfoot, "The Christian
Ministry," em Philippians, pp. 181-269; F. J. A. Hort, The
Christian Ecclesia pp. 211-13; E. Best, "Bishops and Deacons:
Philippians 1:1" TU 102 = SE 4 (1968), pp. 371-76; B. Holmberg,
Paul and Power: The Structure ofAuthority in the Primitive Church
as Reflected in the Pauline Epistles, pp. 100, 101,116 e 117.
-
2. Aes de Graas Introdutrias (Filipenses 1:3-6)
O prem bulo das cartas de Paulo freqentem ente seguido por um a
expresso introdutria de agradecim ento. Glatas constitui exceo,
pois quase no havia m otivos que suscitassem agradecim entos em
relao situao em que se encontravam as igrejas glatas.
A prioridade que Paulo atribua ao de graas, em geral, est
explcita em R om anos 1:8: "Prim eiram ente dou graas ao meu Deus,
por m eio de Jesus Cristo, no tocante a todos vs." O agradecim ento
aqui em F ilipenses refle te "o senso de ntim a com unho de Paulo
com seus am igos filip en ses" ; a expresso dele "incom um ente
fervorosa" (0 'B rie n , p. 19). Como em outras passagens, a ao de
graas de Paulo est interligada a um a orao.
1:3 / A form a verbal no indicativo dou graas tam bm usada no
agradecim ento introdutrio de R om anos 1:8; 1 Corntios 1:4; 2 T im
teo 1:3 e Filem om 4. No plural: "graas dam os", em Colossenses 1:3
e 1 Tessalonicenses 1:2. Temos :"sempre devem os, irm os, dar
graas" em2 Tessalonicenses 1:3. Em 2 Corntios 1:3, em Efsios 1:3,
com o tam bm em 1 Pedro 1:3 encontram os a form a m ais litrgica "B
endito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." B asta
pensar em seus am igos cristos em Filipos e outras cidades, e Paulo
j encontra m otivo para dar graas a Deus.
1:4 O prem bulo gratulatrio de Paulo est repetidam ente ligado
certeza de suas constantes oraes pelos am igos a quem escreve (cf.
R om anos 1:9; E fsios 1:16; 1 Tessalonicenses 1:2; 2 Tim teo 1:3;
Filem om 4). Tm -se a im presso de que o apstolo no conseguia
pensar nos am igos sem orar por eles, contudo ele intercedia
principalm ente com o indivduos e tam bm com o igreja, com
regularidade e dentro de um program a estabelecido.
No podem os ter certeza quanto s palavras em todas as m inhas
oraes, splicas por todos vs, se elas esto intim am ente ligadas ao
perodo seguinte (como acontece na NIV) ou se com o perodo p
recedente: Dou graas ao meu D eus, sendo que neste caso estariam em
conexo paralela com todas as vezes que me lem bro de vs.
-
(Filipenses 2:17-6a) 99
A repetio de todas, todos, todas as vezes (so da m esm a e nica
raiz, no grego) digna de nota, pois trata-se de um a caracterstica
do estilo de Paulo, em toda sua correspondncia e de m odo especial
nesta carta. H trs ocorrncias nos versculos 3 e 4, que poderiam ser
salientadas na seguinte traduo: "Dou graas ao meu D eus todas as
vezes que me lem bro de vs, fazendo sem pre, em todas as m inhas
oraes, splicas por todos vs com alegria."
A declarao de Paulo de que ele ora por todos eles com alegria
introduz um a nota repetitiva nesta carta conform e vem os em:
1:18; 2:2,17, 18, 28, 29; 3:1; 4:1, 4, 10. Em contraste com m uitas
outras de suas
igrejas, a igreja filipense dava a Paulo alegria pura quando
pensava nela. evidente que essa igreja no abrigava ensinos
subversivos que haviam encontrado guarida noutras igrejas da
Galcia, e tam pouco a libertinagem m argem da tica, que era
defendido por alguns m em bros da igreja de Cornto.
1:5 / O que desperta alegria da ao de graas em Paulo, de m odo
particular aqui, a enrgica disposio com que os crentes filipenses
haviam cooperado com o apstolo no evangelho, desde que ele v
isitara a cidade pela prim eira vez. Enquanto Paulo estivera ali
vrios irm os "trabalharam com igo no evangelho" (4:3) e, aps sua
partida, p rossegu iram no testem unho ativo. Oravam por ele com
regularidade (v. 19); m antinham contato com ele atravs de m
ensageiros com o E pafrodito (2:25-30); enviavam -lhe ofertas,
sempre que havia oportunidade na verdade, um a das razes para o
envio dessa carta era agradecer-lhes a ic-messa de um a oferta,
pela m o de Epafrodito ; aqui, Paulo antecipa de modo breve seu
agradecim ento m ais elaborado de 4:10-20.
Eles haviam participado com generosidade na arrecadao de fundos
para socorro dos fam intos de Jerusalm , cam panha que o apstolo
i> i ganizara em sua m isso evangelstica entre os gentios, nos
anos finais > Ir seu m inistrio na costa do Egeu. Em 2 C orntios
8:1-5 faz um caloroso rlogio da liberal doao feita pelas igrejas m
acednicas (dentre as quais figura a igreja filipense).
O fato de que a cooperao dessa igreja, no evangelho, havia
prosse- Hilido sem interrupo at ag o ra , sugere que nada havia
acontecido no irio da com unidade filipense que causasse preocupao
sria a Paulo.
1:6 / A ardente participao deles no m inistrio evanglico de
Paulo
-
54 (Filipenses F. 15-17)
era um sinal seguro da obra da graa, que com eava a operar em
suas v idas quando, de incio, creram na m ensagem salvadora. Paulo
externa sua convico de que aquele que em vs com eou a boa obra a
aperfeioar (cf. 2:13) at chegar consum ao, na vinda de Cristo. De m
odo sem elhante, em 1 Tessalonicenses 5:24, depois de orar para que
seus leitores sejam "conservados irrepreensveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus C risto", Paulo e seus com panheiros afirm am :
"Fiel o que vos chama, o qual tam bm o fa r ." A salvao obra de
Deus do princpio ao fim ; portanto, onde ela com eou, certam ente
se com pletar.
O dia de Cristo Jesus, cham ado "o dia de Cristo" no v. 10, e em
2:16, o dia da v inda de Cristo em glria, que aguardam os (cf.
3:20). A expresso fo i tirada do AT: "dia do Senhor" o dia em que
Iav, o D eus de Israel, reiv indicaria suajustia , elim inando toda
injustia, onde quer que fosse encontrada, em prim eiro lugar e
principalm ente entre seu povo (cf. Ams 5:18-20). Agora, todavia,
por ordenao divina, "Jesus Cristo Senhor" no sentido m ais augusto
dessa palavra (2:11); o dia do Senhor , portanto, o dia de Cristo
Jesus. N um contexto cristo o dia em que a v ida e obra do povo de
Cristo sero avaliadas. "A obra de cada um se m anifestar, porque o
dia a dem onstrar" (1 Corntios 3:13); portanto, o ju lgam ento
final dever esperar o Senhor, "at que venha", e no deve ser
antecipado por aqueles cujo conhecim ento dos m otivos e c
ircunstncias pessoais dos outros , pelo m enos, im perfeito (1
Corntios 4:5).
A cim a de tudo, o dia de Cristo Jesus o dia em que a salvao dos
crentes, j principiada, ser consum ada. De m aneira sem elhante a
seus irm os e irm s de Tessalnica, os crentes de Filipos haviam
aprendido algo: "... e aguardardes dos cus a seu Filho, a quem ele
ressuscitou dentre os m ortos" (1 T essalonicenses 1:10), e a
regozijar-se na "esperana da salvao", porque haviam sido escolhidos
no para receber a retribuio divina, que recair sobre os inquos, no
final dos tem pos, mas para "alcanar a salvao, por nosso Senhor
Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses 5:8,9). Portanto, para os crentes
esse ser um dia de luz e no de escurido (em contraste com a
advertncia de A m s 5:20, de que para alguns esse dia trar "trevas,
e no luz").
Notas Adicionais 21:3 / Quanto a agradecimentos iniciais nas
cartas de Paulo, consultem-se P.
Schubert, Form and Function ofthe Pauline Thanksgivingse, P. T.
0 'B rien,
-
(Filipenses F. 15-17) 55
Introductory Thanksgivings in the Letters ofPaul. Tais aes de
graas tm sido identificadas em cartas escritas em papiro no mesmo
perodo genrico: "Paulo estava, portanto, aderindo ao belo costume
secular, quando com tanta freqncia iniciava suas cartas dando graas
a Deus" (A. Deissmann, Lightfrom theAncient East, p. 181, no.
5).
O verbo aqui eucharisteo (como em Romanos 1:8; 1 Corntios 1:4;
Filemom 4); cf. eucharistoumen qm Colossenses 1:3; 1
Tessalonicenses 1:2; eucharistein opheilomen em 2 Tessalonicenses
1:3; charin echo em 2 Timteo 1:3; eulogetos ho theos em 2 Corntios
1:3; Efsios 1:3.
As palavras todas as vezes que me lembro de vs (gr. epi pase te
mneia hymon) poderiam ser traduzidas assim: "todas as vezes que vs
lembrais de mim" (se hymon para genitivo subjetivo, e no objetivo);
cf. Moffatt: "por todas as lembranas que fazeis de mim." P. T. 0 'B
rien acha que " melhor entender a frase como referindo-se ao fato
dos filipenses se lembrarem de Paulo ao sustent-lo financeiramente
em vrias ocasies, antes" (Introductory Thanksgivings, p. 23). Se
isto for verdade, Paulo estaria mencionando trs razes para dar
graas: o fato de eles se lembrarem do apstolo, a participao contnua
deles na obra do evangelho (v. 5), e a confiana de Paulo em que a
boa obra ser integralmente realizada (v. 6).
Por outro lado, em todas as dem ais passagens em que Paulo usa
as palavras "lem brar-se" (mneia), em seus agradecim entos
iniciais, ele quem se lem bra de seus leitores (Rom anos 1:9; E
fsios 1:16; 1 T essalo nicenses 1:2; 2 Tim teo 1:3; F ilem om 4). A
palavra mneia aparece um a nica vez, noutra passagem , nas cartas
de Paulo, significando na verdade que seus leitores se lem bram
dele; no se trata, todavia, de agradecim ento introdutrio (1
Tessalonicenses 3:6).
1:5 / A frase pela vossa cooperao (koinonia traduo literal.
Significa "participao" ativa da parte dos filipenses no ministrio
evanglico de Paulo, estando, portanto, correta. Entretanto, H.
Seesemann, Der B egrijf Koinonia im Neuen Testament, pp. 73s., 79,
defende um sentido mais passivo para a participao dos crentes nas
bnos salvficas do evangelho: vossa cooperao no evangelho seria,
assim, um rodeio de palavras para o significado de "vossa f."
-
3. Interldio (Filipenses 1:7-8)
Estas