Yeye Omo Eja- Uma me, uma guerreira, uma santidade africana em
terras brasileiras.Raphael Lisboa de SouzaDiscente do curso de
licenciatura e bacharelado de Histria, pela Universidade Federal da
Bahia (UFBA)
Ogunt, Marab, Caiala, e SobOloxum, Yna, Janaina e IemanjOgunt,
Marab, Caiala, e SobOloxum, Yna, Janaina e IemanjSo rainhas do
marMar... (Lenda da Sereia-Marisa Monte)
A fora uterina de muita importncia para as religies de matriz
africana. O papel das mulheres-independentes do grau hierrquico - o
que garante a preservao e a continuidade das religies de matrizes
africanas, e tambm, da cultura afro brasileira em geral. Isso pode
ser facilmente notado, quando percebemos que as divindades
femininas do candombl, especificamente as yabas do panteo ketu no
desempenham um papel secundrio dentro dos itans, e dentro do prprio
culto. Dentro desse universo das yabas, fao um recorte na imagem de
Yemanja, tida como a me dos orixs e senhora do ri.Yeye Omo Eja (me
de todos aqueles, que seus filhos so peixes), Yemanja tida como me.
A grande me que teve seus seios rasgados, dando assim origem a dois
grandes rios e tambm, aos outros orixs. uma das divindades mais
cultuadas e respeitadas dentro e fora das religies afro. Filha de
Olokum- Deus do oceano que pode ser conhecido como figura masculina
em terras do atual Benim, e masculina em If-, era cultuada pelos
povos Egb, que aps a guerra dentro do territrio Yorubano, se
refugiam para regio de Abeokuta. Nessa migrao forada, os Egbs
levaram consigo o culto a Yemanja que agora seria cultuada no Rio
Ogum. Durante o final do sculo XVIII e inicio do XIX, uma grande
levas de Egbs foram trazidos escravizados para o Brasil. Aqui
chegados, trouxeram o culto a Yemanja. Ao desembarcar em terras
brasileiras, o culto a Yemanja foi atribudo aos mares. Presumo que,
essa atribuio tenha se dado atravs de uma possvel juno do culto a
Olokum (deus dos oceanos, que deu a luz a Yemanja), com o culto
dessa yaba.Comment by Gladys: Tida por quem? Comment by Gladys: Com
base em que? Uma de suas lendas conta que Yemanja, depois de ser
violada por Orugan, seu filho primognito, teve teus seios rasgado,
de onde saram dois rios e todos outros orixs. Em uma outra verso
desse mito, ao invs de originar dois rios, se originou as correntes
martima.Um outro mito conta que Yemanja depois de ter se casado com
Orunmila,cdeu a luz a dez orixs. Em uma outra verso desse mesmo
mito, conta que aps ela ter um breve caso com Orunmila, na poca que
ela era casada com Oxal, ela deu a luz a uma criana.Vendo esses
mitos podemos constatar a presena da fertilidade contida dentro das
atribuies dessa divindade. H relatos mostrando que, alm de cuidar
dos seus filhos legtimos, Yemanja tambm cuidou de outros filhos no
gerados por ela, como foi o caso de Omolu, filho de Nan com
Oxalufan, marido de Yemanja. Isso tambm revela um outro trao
importante dessa divindade yorubana:a maternidade. No por acaso que
muitas fiis realizam at hoje (tanto no Brasil como na regio de
Abeokuta), oferendas com a inteno de engravidarem. Aqui no Brasil
particularmente essas oferendas no ficam restritas apenas aos fieis
das religies de matrizes africanas.Comment by Gladys: Melhor
substituir a palavra por outra com o mesmo sentido.Comment by
Gladys: De onde?Comment by Gladys: Analisando, estudando,
examinando... Cairia melhor.Comment by Gladys: Constatar um termo
forte, pq parece que a verdade absoluta. Sugiro substituir chego a
concluso que...Falando ainda sobre a relao da maternidade e da
fertilidade como um trao presente no perfil arqutipo de Yemanja,
notvel que muitos a confundam com uma outra yaba tambm muito
conhecida e venerada dentro das religiosidades afro brasileiras:
Oxum, senhora da beleza e da fertilidade, dona do ouro, divindade
das guas doces (podendo tambm ser cultuada nas guas do mar em
alguns casos) facilmente confundida com Yemanja, sua me. Oxum,
conjuntamente com Yemanja, responsvel por guarnecer o aparelho
reprodutor feminino. Uma de suas lendas conta que Oxum, apesar de
no ser a me biolgica dos Ibejis, filhos de Yans, criou e os amou
como se fossem seus filhos biolgicos. Essa caracterstica da
fertilidade e da maternidade que esta relacionada Yemanja, faz com
que sejam traados arqutipos corporais de suas filhas: quadris
largos e seios fartos, mostrando assim a possibilidade fertilidade
e fartura. Todavia, no devemos nos apegar tanto a esses traos
corpreos, pois, nem sempre isso uma regra.Como j se sabe, os cultos
de matrizes africanas eram proibidos em terras brasileiras. Para se
driblar essa proibio,foi adotado o processo de sincretismo
religioso,onde orixs,nkises,e vodus eram travestidos com a imagem
de santos catlicos. Esse processo envolvia todo um jogo onde as
caractersticas de cada entidade africana, eram colocadas no mesmo
de igualdade que as santidades catlicas, e tambm as lendas das
divindades africanas eram correlacionadas s lendas dos santos
catlicos. Nesse processo Oxossi foi sincretizado a imagem de So
Jorge, Ogum a imagem de Santo Antonio, Oxala a imagem de Jesus, e
etc...Yemanja dentro desse contexto teve sua imagem equiparada a
imagem de Nossa Senhora. Isso ajudou para que, a imagem de rainha
guerreira,vencedora de batalhas, fosse esquecida, diminuda,
enquanto que a imagem de me serena se reforou. Dentro tambm do
contexto do sincretismo religioso, importante ressaltar o
embranquecimento sofrido nas imagens das divindades africanas, em
especial, na imagem de Yemanja. Em terras africanas ela era tida
como uma mulher negra, de seios fartos, cabelos crespos, quadris
largos, e muito guerreira. Aqui no Brasil a partir do sculo 19,foi
se desenvolvendo a imagem de uma mulher alta,magra,branca,cabelos
lisos,e com semblante de serenidade,podendo at ser comparada a
imagem da Nossa Senhora. Comment by Gladys: etc. da a entender que
uma idia vaga. Comment by Gladys: Se voc iniciou o texto usando o
XIX, use o padro no texto todo.
A primeira foto representa Mikaia, uma das nkises que
representam a fora das guas dentro do panteo Bantu, sendo
assemelhada a Yemanja do panteo Ketu. em seguida temos a imagem
mais famosa de Yemanja,onde ela aparece branca,e muito semelhante a
terceira imagem,a de Nossa Senhora.Yemanja tambm teve sua imagem
alterada e assemelhada as imagens das sereias europias, e tambm,
com a divindade indgena regente dos rios e lagos. Isso ajudou para
que essa Yaba fosse representada como uma sereia de doce canto, que
se senta em suas pedras nas noites de lua cheia, a espera de um
pescador ou de um marujo perdido para lev-lo para seu castelo no
fundo no mar. Dessa maneira, Yemanja passa de ser uma divindade
apena do panteo candomblecista, e passa ser uma divindade popular,
como pode ser notado nas festas pblicas realizadas em muitos
territrios brasileiros. Alguns pontos de candombl de Umbanda fazem
reflexo sobre essa representao de Yemanja como sereia.Saia do
marLinda sereiaSaia do marVenha brincar na areiaSaia do marSereia
belaSaia do marVenha brincar com elaYemanja pros yorubanos, Aziri
Tobossi pros jejes, Mikaia/Kaitumba/Mametu Samba/Kaiala dos bantus,
essa divindade me de todos. senhora que pode adquirir varias
formas. De moa velha a uma adolescente, ela rege as ondas do mar, o
fluxo das ondas, a fertilidade. energia presente em todos os seres
humanos. pura vitalidade.
BibliografiaCarneiro, Edison: Religies negras.Carneiro, Ribeiro:
Negros Bantus.Carneiro, Ribeiro: Candombl na Bahia.Martins, Suzana:
A dana de Yemanja Ogunt: sob as perspectivas do corpoAMIM, Valria;
Povoas Ruy do Carmo: Iemanj: imagens arquetpicas da grande me na
dispora.Luz, Marco Aurlio: Agad: A dinmica da civilizao
africano-brasileira