Walter Ong - Orality and Literacy – The Technologizing of the Word IMPRESSÃO, ESPAÇO E FECHAMENTO Uma leitura do capítulo 5
Walter Ong - Orality and Literacy – The Technologizing of the Word
IMPRESSÃO, ESPAÇO E FECHAMENTOUma leitura do capítulo 5
A audição cede à visão
Considero que a Impressão reforça e transforma os efeitos da escrita sobre o pensamento e a expressão. Interessam-me as relações entre a Impressão, a escrita e as suas marcas de oralidade.
Para Elizabeth Eisenstein, a Imprensa foi decisiva na propagação das ideias em importantes momentos históricos desde o Renascimento aos nossos dias, nos campos da arte, cultura, ciência, religião, economia, política e cidadania. Para McLuhan, a Impressão afectou de forma mais subtil a consciência.
É verdade…
A audição cede à visão
O grande momento da História da Impressão é a invenção dos caracteres tipográficos como estes:
Com eles as palavras são compostas de unidades que pré-existem como unidades às palavras que irão constituir. A Impressão sugere que as palavras são coisas, muito mais do que a escrita jamais fizera. Esta é a primeira ruptura psicológica!
A audição cede à visãoOs semiólogos estruturalistas estão enganados quando afirmam que foi a escrita que coisificou a palavra e com ela a actividade espiritual. Eu defendo que isso aconteceu com a Impressão da palavra.
A audição, mais do que a visão, dominoude uma forma significativa o mundo noético
A audição cede à visão
Veja-se as páginas de rosto de um livro do século XVI; determinantes e preposições surgem em letras maiúsculas e os nomes em menor dimensão.
A evolução da Imprensa revelou, na sua fase incipiente, a inexistência de unidades visuais na palavra impressa.
A audição cede à visão
…mas choca com a nossa percepção actual de ver as palavras impressas como unidades textuais. Pois, mas no século XVI, o SOM da palavra lida era mais importante!.
O resultado é esteticamente agradável, não acham?
A audição cede à visão
A pouco e pouco a impressão foi substituindo o predomínio da audição. A impressão passou a situar as palavras no espaço de forma mais veemente que o texto manuscrito alguma vez fizera. Os caracteres respiram dentro de caixas e têm uma posição rígida, fixa e predeterminada no papel. A cultura manuscrita é orientada para o produtor. A
impressão é orientada para o consumidor.
Espaço e significado
As listas de palavras impressas (índices), rótulos, páginas de rosto, a poesia concreta, logomaquia do texto, etc. não possuem equivalente oral e são a prova do definitivo encerramento da palavra no espaço da Impressão.
Os livros impressos passaram a ser entendidos como objectos que continham informação relevante e não como meros registos de elocuções. Por outro lado, também a impressão de desenhos veio garantir fiabilidade e precisão na reprodução face ao original manufacturado. ESTE RIGOR TEVE CONSEQUÊNCIAS FUNDAMENTAIS NO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO.
Espaço e significado
O espaço tipográfico favorece a acção científica e filosófica e age igualmente sobre a imaginação:
George Herbert “The Altar” (1633)
r-p-o-p-h-e-s-s-a-g-r who a)s w(e loo) k upnowgath PPEGORHASS eringint (o- aThe) :l eA !p: S a (r rIvInG .gRrEaPsPhOs) to rea (be) rran (com) gi (e) ngly ,grasshopper;
Cummings Complete Poems: 1904-1962
Espaço e significado
A poesia concreta joga com a dialéctica da palavra encerrada no espaço por oposição à palavra sonora oral que nunca pode ser encerrada no espaço. O Concretismo não é um produto da escrita mas sim da Impressão.
Victor Az
Espaço e significadoPosso referir ainda outras consequências mais difusas da Imprensa:
• Destronização da Arte da Retórica;• Quantificação do saber;
• Diminuição da iconografia ligada ao conhecimento;• Produção exaustiva de dicionários;
• Desenvolvimento de estudos metalinguísticos;• Portabilidade e redução do livro;
• Surgimento da leitura solitária individual;• Conceitos de propriedade das palavras
e direitos de autor;
Impressão e FechamentoHá um sentimento que a palavra impressa produz:um fechamento, um estado de completude.A Impressão encerra o pensamento em milhares de cópias de uma obra. O texto impresso apresenta as palavras de forma definitiva ou final, já não comporta mudanças, rasuras, inserções tão facilmente como o texto manuscrito.
Impressão e FechamentoA cultura impressa, graças ao seu fechamento, permitiu o surgimento de conceitos românticos como os de Originalidade e Criatividade,…
…mas contemporaneamente também deu origem a novos estudos (anos 60) sobre as relações que os textos ficcionais mantêm entre si e a que chamamos intertextualidade. Neste sentido, cada escritor estará permanentemente sobre a influência de textos de outros escritores.
…mas contemporaneamente também deu origem a novos estudos (anos 60) sobre as relações que os textos ficcionais mantêm entre si e a que chamamos intertextualidade. Neste sentido, cada escritor estará permanentemente sobre a influência de textos de outros escritores.
Oralidade secundária
O registo áudio em meios de comunicação afasta-se da oralidade primária porque se baseia essencialmente no uso da escrita e da impressão. Passámos de grupos restritos de ouvintes para grupos à escala global com um espírito autoconsciente e programático.Na oralidade secundária, o auditório está ausente, é virtual. Os oradores estão isolados, ocultos não há confronto directo; os meios electrónicos (rádio/TV) não toleram o antagonismo aberto. Há um fechamento próprio da impressão.
O registo áudio em meios de comunicação afasta-se da oralidade primária porque se baseia essencialmente no uso da escrita e da impressão. Passámos de grupos restritos de ouvintes para grupos à escala global com um espírito autoconsciente e programático.Na oralidade secundária, o auditório está ausente, é virtual. Os oradores estão isolados, ocultos não há confronto directo; os meios electrónicos (rádio/TV) não toleram o antagonismo aberto. Há um fechamento próprio da impressão.
FIM
Hiperligações
Sítios premiados sobre arte tipográfica: http://www.bornmagazine.org/projects/
barracks_stove/ http://www.storyabout.net/typedrawin
g/ http://www.wordsatplay.com/ http://www.ni9e.com/typo/typo_dylan.
html http://perte-de-temps.com/
lhorloge.htm
Autoria
Universidade AbertaMestrado em Comunicação Educacional
Multimédia
2007-2008
COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL MULTIMÉDIA
Alunos/Equipa VerdeCarlos Osório, Domingos Novais, Maria Isabel Santos Nunes, Rute Cavaco de Souza e Sónia Marques