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BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO DO CEPNOR 23 SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA, PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS DO NORDESTE PARAENSE Kátia Cristina de Araújo Silva 1 Clésio de Lima Cardoso 2 Israel Hidenburgo Aniceto Cintra 1 Gisele de Sousa Lima Pantaleão 3 RESUMO Os siris do gênero Callinectes Stimpson, 1860 são crustáceos explorados economicamente nos estuários e baías de todo o continente americano. Os exemplares foram capturados, mensalmente, durante os anos de 2002 a 2004, com puçá-de-arrasto nos estuários dos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia. As variáveis abióticas registradas foram a salinidade e a temperatura da água. Após cada coleta, os siris foram separados dos peixes, camarões e outros, lavados e colocados em frascos plásticos com álcool a 70 % e, posteriormente, transportados para análise no Laboratório de Carcinologia do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (Cepnor/Ibama). Os valores médios da temperatura e salinidade foram, respectivamente, 28 °C e 18 ‰. Tomando a quantidade amostrada como índice de abundância, do total de 832 siris, Callinectes bocourti contribuiu com 742 indivíduos, Callinectes danae com 76 e Callinectes ornatus com 14. Em termos espaciais, a abundância de C. bocourti foi maior no município de Vigia, e de C. danae e C. ornatus, no município de Salinópolis, sendo estas espécies mais freqüentes no período menos chuvoso. Os machos foram numericamente predominantes nas três espécies. A classificação específica por tamanho individual tem a seguinte ordem decrescente: C. bocourti, C. danae e C. ornatus. Palavras-chave: siris, Callinectes, distribuição espacial, proporção sexual, estado do Pará. ABSTRACT Swimming crabs of the genus Callinectes Stimpson, 1860, in estuarine waters of northeast Pará State The swimming crabs of the genus Callinectes Stimpson, 1860 are economically- exploitable crustaceans inside estuaries and sounds all over the American continent. Sampling for size and sex-ratio studies was made in the years from 2002 to 2004 in estuaries of Bragança, Salinópolis and Vigia counties, northeast Pará State. As abiotic parameters, water temperature and salinity were recorded and shown to vary about the 28 °C and 18 ‰ average values. After each sampling the swimming 1 Professor Ufra, Pesquisador Cepnor/Ibama. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro de Pesca / Agência de Pesca do Estado do Amapá 3 Engenheira de Pesca / Projeto Piatam Mar II Bol. Téc. Cient. Cepnor, Belém, v. 5, n. 1, p. 23-40, 2005
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BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO DO CEPNOR

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SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA,PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS DO NORDESTE PARAENSE

Kátia Cristina de Araújo Silva1

Clésio de Lima Cardoso2

Israel Hidenburgo Aniceto Cintra1

Gisele de Sousa Lima Pantaleão3

RESUMOOs siris do gênero Callinectes Stimpson, 1860 são crustáceos exploradoseconomicamente nos estuários e baías de todo o continente americano. Osexemplares foram capturados, mensalmente, durante os anos de 2002 a 2004,com puçá-de-arrasto nos estuários dos municípios de Bragança, Salinópolis eVigia. As variáveis abióticas registradas foram a salinidade e a temperatura daágua. Após cada coleta, os siris foram separados dos peixes, camarões e outros,lavados e colocados em frascos plásticos com álcool a 70 % e, posteriormente,transportados para análise no Laboratório de Carcinologia do Centro de Pesquisae Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (Cepnor/Ibama). Os valoresmédios da temperatura e salinidade foram, respectivamente, 28 °C e 18 ‰.Tomando a quantidade amostrada como índice de abundância, do total de 832siris, Callinectes bocourti contribuiu com 742 indivíduos, Callinectes danae com76 e Callinectes ornatus com 14. Em termos espaciais, a abundância de C. bocourtifoi maior no município de Vigia, e de C. danae e C. ornatus, no município deSalinópolis, sendo estas espécies mais freqüentes no período menos chuvoso.Os machos foram numericamente predominantes nas três espécies. A classificaçãoespecífica por tamanho individual tem a seguinte ordem decrescente: C. bocourti,C. danae e C. ornatus.Palavras-chave: siris, Callinectes, distribuição espacial, proporção sexual, estadodo Pará.

ABSTRACTSwimming crabs of the genus Callinectes Stimpson, 1860, in estuarine

waters of northeast Pará StateThe swimming crabs of the genus Callinectes Stimpson, 1860 are economically-exploitable crustaceans inside estuaries and sounds all over the American continent.Sampling for size and sex-ratio studies was made in the years from 2002 to 2004in estuaries of Bragança, Salinópolis and Vigia counties, northeast Pará State. Asabiotic parameters, water temperature and salinity were recorded and shown tovary about the 28 °C and 18 ‰ average values. After each sampling the swimming

1 Professor Ufra, Pesquisador Cepnor/Ibama. E-mail: [email protected] Engenheiro de Pesca / Agência de Pesca do Estado do Amapá3 Engenheira de Pesca / Projeto Piatam Mar II

Bol. Téc. Cient. Cepnor, Belém, v. 5, n. 1, p. 23-40, 2005

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crabs were separated from the fish, shrimps and other organism, washed andstored in plastic recipients for them to be amenable to transportation over to theCrustacean Laboratory at the Institute for Research and Fish ResourcesManagement in Northern Brazil (Cepnor/Ibama). Taking the sampled quantity asan abundance index, out of a total 832 swimming crabs Callinectes bocourticontributed with 742 individuals, Callinectes danae with 76 and Callinectes ornatuswith 14. As concerns spatial distribution, C. bocourti was more abundant in Vigiacounty, and C. danae and C. ornatus, in Salinópolis county, all of them being moreavailable during the less rainy months. Males were numerically predominant in thethree species. A specific classification by size runs as follows in a decreasingorder: C. bocourti, C. danae and C. ornatus.Key words: C. bocourti, C. danae, C. ornatus, crab.

INTRODUÇÃOOs siris do gênero Callinectes são crustáceos da ordem Decapoda

pertencentes à família Portunidae. No Brasil ocorrem pelo menos 18 espéciesdessa família, em todos os tipos de ambientes, desde zona costeira até o alto mar(Coelho & Coelho-Filho, 1993). Habitam águas rasas em substratos lamosos,areno-lamosos e em fundos de areia nas periferias dos manguezais, ocorrendodesde a zona entre-marés até 75 m de profundidade (Melo, 1996a). As fêmeasdesovam no mar, onde as larvas se desenvolvem. Alimentam-se de animais mortose de plantas. A carapaça é geralmente azulada quando o animal está vivo, e rosadacom manchas amarelas, depois de fixado (Almeida, 2002).

Estes crustáceos são intensamente explorados nos estuários e baías detodo o continente americano, principalmente na costa leste das Américas do Nortee do Sul (Van Engel, 1958). Na Baía de Chesapeake (EUA), sua exploraçãocomercial é muito importante; já em 1960, a produção média anual de Callinectesfoi de aproximadamente 27.000 t (Lee & Stanford, 1964) e, no Golfo do México, acaptura total desses recursos alcançou 4.085 t em 1976 (Raman-Contreras, 1986).

No Brasil os valores são menos expressivos, porém não menos importantes,com registro de produção significativa, pelo menos desde início da década de 70. Aprodução média anual na Lagoa de Mundaú (Alagoas) nos anos de 1967 a 1971 foi de62,5 t (Pereira-Barros & Travassos, 1975) e no litoral paranaense, em 1977, a produçãototal de crustáceos correspondeu a 93 t (Gaspar, 1981). Durante o ano de 1999, aprodução total de pescado no estado do Pará foi de 95.106,5 t e os siris contribuíramcom 9,1 t (IBAMA, 2000). No mesmo estado, no ano de 2003, a produção total de pescadofoi de 154.546,5 t, assim distribuídas: 93.305,5 corresponderam a pesca marinha e84.929,0 a pesca artesanal; desta os siris contribuíram com 3 t (IBAMA, 2004).

O Estado do Pará possui, somente em sua região nordeste, um potencialpesqueiro estimado em mais de 100.000 t/ano de peixes, crustáceos e moluscos.A utilização desses recursos, de forma sustentável, trará uma contribuiçãoimportante para o desenvolvimento da região. A captura excessiva dos recursos

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pesqueiros, muitas vezes por meio de práticas predatórias leva os estoques aodeclínio. A exploração desordenada dos recursos naturais nesta área apontavapara o comprometimento da sustentabilidade ambiental, econômica e social(Disponível em: www.gtz.org.br).

O nordeste paraense é uma região rica em pescado, mas a maioria desseproduto é subexplorada, ocasionando um mau uso desse recurso. Raramenteencontram-se siris em mercados onde há venda de pescado, a não ser nos mesesde veraneio, quando são vistos exemplares em sua forma inteira ou como carnejá “catada”. Os siris são capturados artesanalmente e possuem uma pequenacomercialização (Cintra & Silva, 2002). Portanto, a importância desses organismostem levado ao desenvolvimento de várias pesquisas, dedicadas principalmente àsistemática, taxonomia e levantamentos de espécies (Teixeira & Sá, 1998).

O presente trabalho tem por objetivo divulgar dados sobre a bioecologia desiris do gênero Callinectes capturados em áreas do nordeste paraense, nos anosde 2002 a 2004.

MATERIAL E MÉTODOSA região estudada apresenta um período chuvoso (inverno) e outro com

chuvas menos intensas ou mais escassas (verão). O primeiro vai de janeiro ajunho, com chuvas mais intensas nos meses de fevereiro a abril, e o segundo vaide julho a dezembro, sendo os meses de novembro os de menor quedapluviométrica (Lima et al., 2001).

Os exemplares foram capturados mensalmente durante os anos de 2002 a2004, nos estuários dos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, que compõemo nordeste paraense e foram escolhidos em razão dos limites de salinidade desuas águas. Os estuários neles localizados constituem as áreas de captura dosexemplares de siris, cuja distribuição geográfica é delimitada pelas coordenadas:00056’37”S - 46044’59”W, 00037’05”S - 47021’00”W e 00051’12”S - 48008’41”W,respectivamente (Figura 1).

Figura 1 - Localização dos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, no nordesteparaense.

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Utilizou-se como arte de pesca um puçá-de-arrasto, confeccionado comnáilon, que possui 3,7 m de comprimento, 1,0 m de altura, 1,8 m de abertura emalha de 17 mm entre-nós (Figura 2). A abertura possui um calão de madeira emcada extremidade, que serve de suporte para manusear a rede, conduzida pordois pescadores. Para o deslocamento foi utilizada uma canoa a remo.

Figura 2 - Dimensões do apetrecho, puçá-de-arrasto, conforme desenhoesquemático de Silva, 2002.

As variáveis abióticas registradas foram a salinidade e a temperatura; aprimeira foi mensurada com o uso de um refratômetro com escala entre -2 e 100,e a segunda, com um termômetro variando entre –10 °C e 110 °C. Essas medidasforam obtidas na camada superficial da água.

Após cada coleta os siris foram separados dos peixes, camarões e lixo(matéria orgânica), e colocados em frascos plásticos, acondicionados numa bacia.Em terra, foram lavados e conservados em álcool a 70 %, e o frasco etiquetadocom o nome do município e a data da coleta. Posteriormente, foram transportadospara o Laboratório de Carcinologia do Centro de Pesquisa e Gestão de RecursosPesqueiros do Litoral Norte (Cepnor/Ibama), onde foram identificados de acordocom os trabalhos de Fischer (1978), Takeda (1983) e Melo (1996b). A sexagem foifeita por meio de observações descritas por Almeida (2002)

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Como características biométricas, foram amostrados: o comprimento docefalotórax CC, medido entre suas margens anterior a posterior da carapaça (cm);a largura do cefalotórax (LC), medida em sua parte mais larga, entre os pereiópodos(cm); e o peso individual (PT), em grama. As medidas de comprimento foramrealizadas com o auxílio de um ictiômetro milimetrado e de um paquímetro deprecisão (0 a 150 mm). Para a obtenção dos pesos, utilizou-se uma balança deprecisão. Nos resultados foram utilizadas as abreviaturas máx., méd. e mín.,referentes aos comprimentos e pesos máximos, médios e mínimos.

Os dados obtidos das amostragens mensais foram digitados em formuláriosespecíficos em planilhas no programa Microsoft Office 2000, aplicativo Excel, e,comparados entre dois períodos pluviométricos (chuvoso e menos chuvoso), deacordo com Lima et al. (2001).

Os cálculos das freqüências absoluta e relativa de machos e fêmeas e aproporção sexual tiveram intervalos mensais. Aos resultados da proporção sexualfoi aplicado o teste χ2, com nível de significância de 5 %, e comparados com ovalor tabelado χ2

crit. = 3,84 e GL= 1 para verificar a existência ou não de diferenças

significativas na proporção entre os sexos.

RESULTADOS E DISCUSSÃODurante o ano de 2002, o valor mínimo de temperatura da água foi de 20,5

°C e o máximo foi de 31 °C, como média obteve-se 27,5 °C. Em 2003, oscilouentre 24 °C e 32 °C e o valor médio foi de 28 °C. No ano de 2004, o índice mínimode 25 °C e o máximo de 31 °C, como média observou-se 28,4 °C. A temperaturamédia durante o estudo foi de 28 °C (Tabela 1), que confirma o valor encontradopor Cintra & Silva (2002), que foi de 28 °C, para o período de 1999-2001, nosmesmos locais de estudo.

Apesar da grande flutuação da temperatura durante o estudo (20,5 °C a 32°C), acredita-se que este parâmetro não seja uma barreira para o crescimento deC. danae como, também não o foi na Lagoa da Conceição em Santa Catarina(Branco & Masunari, 1992).

No ano de 2002 foram constatados valores mínimos de salinidade em tornode 0 e o valor máximo de 36 ‰, a média foi de 19,4 ‰. Em 2003 foram registradosvalores mínimos próximo a 0 e o máximo de 37 ‰, como média obteve-se 18 ‰.Durante o ano de 2004 foram constatados valores mínimos de salinidade próximoa 0 e o valor máximo de 36 ‰, o índice médio foi de 16,3 ‰. A salinidade médiapara o período de estudo (2002-2004), foi de aproximadamente 17,9 ‰ (Tabela 1).A amplitude foi um pouco superior à encontrada por Cintra & Silva (2002), queobtiveram valores entre 0 e 36 ‰, com média de 17,5 ‰.

Segundo Williams (1974), as espécies desta família geralmente toleramgrandes variações no gradiente de salinidade, mas as fêmeas, após a desovadeslocam-se para águas mais salinas.

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Tabela 1 - Variação de temperatura (°C) e salinidade (‰), nos anos de 2002 a2004, nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, Estado do Pará.

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Durante o estudo foram analisados 832 siris, assim distribuídos: 742exemplares de Callinectes bocourti, 76 de Callinectes danae e 14 de Callinectesornatus (Tabela 2).

Em 2002, foram analisados 224 exemplares e ocorreram duas espécies,sendo que a mais abundante foi C. bocourti com 87,1 % dos exemplarescapturados, seguida por C. danae com 12,9 %; neste ano, não houve a ocorrênciade C. ornatus. Os dados obtidos no ano de 2003, com 418 indivíduos capturados,também indicam C. bocourti como a espécie de maior participação, representando89 % dos exemplares; C. danae e C. ornatus participaram, respectivamente, com7,9 % e 3,1 %. Para o ano de 2004, com o total de 190 exemplares, houve apredominância de C. bocourti, correspondendo a 92,1 %, seguida por C. danaecom 7,4 % e C. ornatus, a de menor incidência, com 0,5 % (Tabela 2).

C. ornatus apresentou menor frequência de ocorrência e somente ocorreunos anos de 2003 e 2004, sendo a menos abundante com apenas 14 indivíduos,totalizando 1,7 % dos exemplares amostrados. Não foi encontrado em Vigia, e,nos outros municípios, apenas no período menos chuvoso, o que a classifica comoa espécie mais estenohalina entre as estudadas (Tabela 2). A abundância dasespécies apresentadas, os locais e os períodos de coleta concordam com osdados encontrados por Cintra & Silva (2002).

Tabela 2 - Número de exemplares capturados nos municípios de Bragança,Salinópolis e Vigia, por espécie, durante os anos de 2002 a 2004.

De acordo com a Tabela 3, fica evidente que C. bocourti tem preferência porambientes com água de baixa salinidade, uma vez que o maior número de indivíduossempre foi coletado no município de Vigia, sendo o maior percentual (70,8 %)coletado no ano de 2002, em água com salinidade média de 7,7 %(Tabela 1).

Tabela 3 - Participação das espécies capturadas nos municípios de Bragança,Salinópolis e Vigia, durante os anos de 2002 a 2004.

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Com relação à proporção sexual de Callinectes bocourti no ano de 2002, onúmero de machos mostrou-se mais elevado do que o de fêmeas, porém, não foiencontrada diferença estatisticamente significante para este período. Esta diferençafoi significante apenas no município de Vigia nos meses de abril, novembro edezembro. Em 2003, os machos quase sempre ocorreram em maior número,sem significância, mas tal diferença com significância foi verificada em algunsmeses, em junho no município de Bragança, maio e junho em Salinópolis, e julhoe dezembro em Vigia. Para este ano em geral, a proporção entre os sexos foisignificativa. No ano de 2004 houve um maior número de machos em relação àsfêmeas, sem significância para o período anual. Essa diferença foi estatisticamentesignificante para os meses de março no município de Bragança e, julho emSalinópolis. No período em geral (2002-2004) houve uma maior proporção demachos, estatisticamente significante (Tabela 4).

Cintra & Silva (2002) relatam que, os machos capturados no período de1999-2001, foram mais abundantes em relação às fêmeas, porém sem diferençaestatisticamente significante.

Para C. danae, nos anos de 2002 e 2004 verificou-se um maior número demachos; estes apresentaram diferenças estatísticas, em outubro de 2004 nomunicípio de Salinópolis e também para o período anual. Em 2003, as fêmeasforam mais abundantes. Para o período em estudo, houve um maior número de

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machos em relação às fêmeas, esse valor foi estatisticamente significante (Tabela5). Cintra & Silva (2002) encontraram mais fêmeas do que machos, porém semdiferença estatisticamente significante.

Com relação a C. ornatus, em 2003 verificou-se um número maior de machosem relação às fêmeas, apresentando diferença estatisticamente significante. Noano de 2004, apenas um exemplar macho foi capturado. Durante o estudo houveum maior número de machos em relação às fêmeas, esse valor foi estatisticamentesignificante (Tabela 6). Segundo Cintra & Silva (2002), C. ornatus foi mais comumno período menos chuvoso. Os machos foram mais abundantes em relação àsfêmeas, com diferença estatisticamente significante.

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Tabela 4 - Participação de machos e fêmeas e estimativa do χ2cal

de Callnectesbocourti capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, nos anos de2002 a 2004.

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Tabela 5 - Participação de machos e fêmeas e estimativa do χ2cal

de Callinectesdanae capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, nos anos de2002 a 2004.

Tabela 6 - Participação de machos e fêmeas e estimativa do χ2cal

de Callinectesornatus capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, nos anos de2003 e 2004.

Total Prop.

sexual

n % n % m : f

set 5 83,3 1 16,7 6 5,0:1,0 2,7

Salinópolis nov 6 60 4 40 10 1,5:1,0 0,4

dez 8 61,5 5 38,5 13 1,6:1,0 0,7

Total 19 65,5 10 34,5 29 1,9:1,0 2,8

jan - 0 10 100 10 0,0:10,0 10,0*

ago 1 100 - 0 1 1,0:0,0 1

Salinópolis set 2 40 3 60 5 1,0:1,5 0,2

out 4 57,1 3 42,9 7 1,3:1,0 0,1

dez 6 60 4 40 10 1,5:1,0 0,4

Total 13 39,4 20 60,6 33 1,0:1,5 1,5

Bragança nov 1 50 1 50 2 1,0:1,0 0

ago 1 100 - 0 1 1,0:0,0 1

Salinópolis set 1 50 1 50 2 1,0:1,0 0

out 9 100 - 0 9 9,0:0,0 9,0*

Total 12 91,7 2 8,3 12 11,0:1,0 8,3*

45 58,1 31 41,9 74 1,4:1,0 1,9

c2

2002

2003

2004

* Significativo ao nível de 5%.

Ano Local Mês

Sexo

Machos Fêmeas

Total geral

n % n %Bragança ago 6 100,0 - 0 6 6,0:0,0 6,0*

ago 4 66,7 2 33,3 6 2,0:1,0 0,7

dez 1 100,0 - 0 1 1,0:0,0 1,0Total 11 84,6 2 15,4 13 5,5 : 1 6,2*2004 Salinópolis nov 1 100,0 - 0 1 1,0:1,0 1,0

12 85,7 2 14,3 14 6,0:1,0 7,1*

c2

Proporção

sexual m:fTotal

* Significante ao nível de 5%.

Total geral

2003Salinópolis

Sexo

Machos FêmeasAno Local Mês

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Figura 3 - Proporção sexual das espécies de siris do gênero Callinectes capturadasnos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, nos anos de 2002 a 2004.

Para todas as espécies, os machos foram mais numerosos do que asfêmeas, principalmente para C. ornatus (Figura 3).

No ano de 2002, o menor exemplar macho de C. bocourti mediu 0,7 cm CCe o maior 6,5 cm CC coletados em janeiro e dezembro, ambos em Vigia. Para asfêmeas, o comprimento mínimo atingiu 0,9 cm CC e o máximo 5,8 cm CC, emnovembro e janeiro, respectivamente (Tabela 7). Para o ano de 2003, o menor e omaior exemplar macho foram provenientes do município de Salinópolis e mediram0,7 cm CC e 6,3 cm CC, em maio e fevereiro, respectivamente. O menor indivíduodo sexo feminino mediu 0,9 cm CC e foi proveniente de Vigia, em agosto, e omaior com 5,9 cm CC, em dezembro em Salinópolis (Tabela 8). Em 2004, o menorindivíduo macho mediu 0,6 cm CC e foi proveniente do município de Vigia, emsetembro, e o maior, com 6,9 cm CC, no mês de março em Bragança. O menorexemplar fêmea mediu 0,7 cm CC e foi proveniente de Vigia, em setembro, e omaior com 6,3 cm CC, em Bragança, no mês de abril (Tabela 9).

Os intervalos de comprimento foram de 0,6 a 6,9 cm CC para os machos e0,7 a 6,3 cm para as fêmeas, semelhantes aos obtidos por Cintra & Silva (2002),exceto o comprimento máximo do cefalotórax, que foi de 12,6 cm. A largura docefalotórax variou de 1,3 a 11,7 cm para as fêmeas e de 1,1 a 13,7 cm para osmachos, valores próximos aos encontrados por Cintra et al. (2003).

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Tabela 7 - Medidas de tendência central e dispersão para machos e fêmeas deCallinectes bocourti, capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia,no ano de 2002.

O menor e o maior indivíduo macho de C. danae foram coletados do municípiode Salinópolis; o comprimento mínimo atingiu 1,0 cm CC, e o máximo 5,3 cm CC,em setembro de 2002 e dezembro de 2003. O menor e o maior exemplar fêmeaforam provenientes de Salinópolis e mediram 0,9 cm CC e 4,8 cm CC, em setembrode 2002 e janeiro de 2003 (Tabela 10). O menor exemplar, entre machos e fêmeasde C. danae, mediu 0,9 cm CC e o maior 5,3 cm CC; esses intervalos estãopróximos dos encontrados por Cintra & Silva (2002), com valores mínimo e máximode 0,5 cm CC e 5,9 cm CC, respectivamente. A largura da carapaça variou de 1,8a 11,2 cm para as fêmeas e de 2,5 a 11,9 cm para os machos, concordam com osde Cintra et al. (2003).

mín. méd. máx. mín. méd. máx. mín. méd. máx.abr 5,8 11,3 122set 5,8 10,9 82,2jan 1,5 3,8 6,1 3,2 7,3 11,9 2,0 22,4 48,4abr 1,2 4,2 5,8 2,3 8,4 12,5 1,1 54,4 120,0out 4,8 9,8 55,5

nov 4,4 4,9 5,6 8,4 10,0 11,4 45,5 61,3 75,3dez 2,5 4,6 6,3 5,0 8,9 12,2 4,9 56,8 122,0jan 1,7 3,7 6,5 3,3 6,7 12,0 2,2 34,5 117,0abr 2,7 4,4 5,7 5,0 8,7 11,2 8,9 55,8 131,0set 2,0 2,6 3,2 4,4 5,8 7,3 3,3 9,5 16,1nov 1,1 2,4 3,1 2,3 4,7 6,3 0,6 7,1 13,6dez 0,7 1,7 3,2 1,2 3,2 6,2 0,1 3,3 15,6jan 1,3 4,1 6,0 2,3 8,3 11,7 1,3 39,8 91,3abr 2,8 3,9 4,7 5,2 7,7 9,5 14,1 39,2 66,9

dez 4,0 4,3 4,5 8,0 8,6 9,1 30,9 37,7 47,8jan 1,4 3,1 5,8 2,1 5,6 10,9 1,2 14,9 44,5abr 2,6 4,3 5,5 4,9 8,6 11,0 9,5 48,6 103,0set 1,2 2,0 2,6 2,7 4,4 5,8 0,7 4,4 7,7nov 0,9 2,1 4,0 1,7 4,1 7,8 0,3 6,0 34,5dez 1,2 2,0 2,4 2,2 3,8 4,7 0,6 4,1 7,1

Macho

Fêmea

Bragança

Salinópolis

Vigia

Salinópolis

Vigia

Sexo Local MêsCC (cm) LC (cm) WT ( g )

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SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA, PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS...

mín. méd. máx. mín. méd. máx. mín. méd. máx.

mar 3,7 5,2 5,7 7,3 10,6 11,6 20,3 67,1 87,1

jun 3,7 7,3 20,3

ago 5,3 10,3 85,5

jan 2,0 4,1 6,0 4,0 8,5 12,5 3,7 55,8 123,0

fev 1,5 4,4 6,3 2,8 8,7 12,6 1,3 78,2 128,0

mar 1,7 4,3 5,8 3,3 8,6 12,1 2,5 53,0 90,5

abr 2,3 5,0 5,8 5,4 10,4 12,3 6,3 65,7 100,0

mai 0,7 2,6 4,6 1,3 5,1 9,2 0,2 15,8 52,2

jun 2,5 3,6 5,7 4,9 7,0 11,8 7,2 36,4 108,0

ago 3,4 3,7 3,9 6,7 7,8 8,9 16,8 30,1 43,4

jan 0,9 2,0 3,2 1,8 3,9 6,8 0,3 5,6 16,7

fev 1,1 3,6 6,2 2,1 7,3 12,6 0,7 45,0 142,0

mar 1,5 4,5 5,8 3,6 9,1 12,0 1,8 56,6 112,0

mai 2,7 3,3 5,0 4,9 6,0 9,6 8,7 19,2 66,0

jun 1,7 2,6 5,4 3,1 4,9 11,1 1,9 11,0 62,9

jul 1,8 4,2 5,8 3,3 8,3 11,6 2,2 42,7 97,1

ago 0,9 2,3 5,0 1,7 4,5 9,6 0,4 11,0 64,0

set 1,5 2,4 3,5 3,1 4,6 6,4 1,5 5,6 14,2

out 1,2 2,2 3,0 2,3 6,1 4,3 0,7 5,0 9,7

nov 1,2 2,6 4,8 2,3 5,0 9,2 0,6 8,9 37,3

dez 0,8 2,1 4,7 1,6 4,2 9,0 0,3 5,9 40,9

mar 4,1 5,2 5,7 8,1 10,6 11,6 34,9 67,1 87,1

ago 2,4 5,5 5,3

jan 3,1 5,9 13,3

fev 4,4 4,9 5,4 8,8 11,3 10,1 49,5 59,2 68,9

mar 3 3,8 4,5 5,9 7,6 9,0 12,5 32 50,2

abr 3,6 3,9 4,1 7,1 7,7 8,3 24,7 29,1 39,9

mai 4,0 8,4 33,1

dez 5,9 10,9 80,0

jan 1,5 2,3 3,6 2,8 4,3 7,0 1,6 6,8 22,7

fev 1,8 3,5 5,7 3,4 6,8 11,2 2,2 26,9 66

mar 2,4 3,0 3,7 4,7 5,9 7,8 7,1 14,8 28,1

abr 4,0 7,8 31,1

mai 2,4 3,2 4,4 4,3 6,0 8,8 6,7 17,2 39,5

jun 2,1 3,2 4,6 3,8 6,1 9,5 3,8 16,2 38,4

ago 0,9 2,3 4,0 1,5 4,3 7,6 0,2 10,2 26,8

set 1,4 2,5 4,2 3,0 4,8 8,1 1,3 7,0 22,3

out 1,3 2,4 4,1 2,4 4,5 8,2 0,8 7,2 21,8

nov 1,3 2,9 4,5 1,3 5,5 8,8 1,0 12,0 32,1

dez 1,4 1,9 3,2 2,7 3,7 6,2 1,3 4,0 14,6

Macho

Fêmea

Vigia

Salinópolis

Bragança

Vigia

Salinópolis

Bragança

Sexo Local MêsCC (cm) LC (cm) WT ( g )

Tabela 8 - Medidas de tendência central e dispersão para machos e fêmeas deCallinectes bocourti, capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia,no ano de 2003.

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SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA, PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS...

Tabela 9 - Medidas de tendência central e dispersão para machos e fêmeas deCallinectes bocourti, capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia,no ano de 2004.

Tabela 10 - Medidas de tendência central e dispersão para machos e fêmeas deCallinectes danae capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia,durante os anos de 2002 a 2004.

mín. méd. máx. mín. méd. máx. mín. méd. máx

Bragança jul 5,0 5,3 5,5 9,5 10,2 10,8 87,7 111,0 140,7

mar 1,6 4,0 6,9 2,9 7,8 13,7 2,5 35,2 78,8

abr 0,7 2,6 5,7 1,2 5,1 11,5 0,2 29,5 138,0

mai 2,2 4,2 5,5 4,1 8,4 10,8 6,0 64,5 126,0

jul 2,5 4,2 5,7 4,7 8,4 11,6 9,9 67,2 146,0

ago 1,6 1,8 1,9 3,1 3,5 3,8 1,8 2,3 2,8

set 5,4 10,7 91,1

nov 5,2 10,5 89,6

jan 1,6 2,8 5,1 2,9 5,5 10,6 1,2 12,7 64,7

abr 1,9 5,1 13,5

mai 2,1 3,1 4,1 3,6 5,8 8,2 5,4 19,6 45,2

jul 2,9 4,0 5,0 5,3 7,8 10,2 10,0 35,5 60,9

ago 1,1 2,0 3,2 2,1 4,0 6,5 0,7 6,9 21,1

set 0,6 1,1 1,9 1,1 2,1 3,5 0,1 0,9 3,0

out 1,4 1,8 2,2 2,9 3,5 4,3 1,3 3,0 5,4

Bragança jul 3,8 4,1 4,4 7,4 7,8 8,4 37,1 49,7 62,8

abr 1,1 2,9 6,3 2,0 5,8 13,0 0,8 28,6 127,0

mai 2,0 3,6 4,6 4,1 7,3 9,3 4,9 34,4 43,5

ago 4,4 9,5 41,6

nov 4,3 8,9 45,6

jan 1,4 2,8 4,4 2,4 5,2 8,5 1,0 11,4 31,1

abr 3,5 7,0 20,8

mai 1,7 2,9 4,3 3,1 5,5 8,5 3,4 17,7 48,8

jul 2,7 3,0 3,6 5,2 5,6 6,7 10,5 13,2 20,1

ago 1,2 1,8 2,3 2,6 3,5 4,4 1,2 3,6 6,5

set 0,7 1,2 2,1 1,3 2,2 4,0 0,2 1,5 4,9

out 1,3 1,9 2,6 2,5 3,8 5,4 1,2 3,9 8,3

Machos

Fêmeas

Salinópolis

Vigia

Vigia

Salinópolis

CC (cm) LC (cm) WT ( g )Sexo Local Mês

mín. méd. máx. mín. méd. máx. mín. méd. máx.

set/02 1,0 2,0 2,9 1,9 3,8 5,6 0,4 4,0 7,9

nov/02 1,6 3,7 4,8 3,5 8,4 11,9 2,0 31,3 62,5

dez/02 2,1 2,7 4,2 4,4 6,0 9,5 4,3 12,5 43,7

ago/03 2,5 5,6 4,4

set/03 3,4 3,5 3,6 7,1 7,9 8,6 19,6 21,9 24,1

out/03 2,3 2,7 3,7 4,6 5,6 7,5 4,7 8,8 19

dez/03 2,4 4,3 5,3 5,0 9,3 11,9 6,0 42,2 83,6

Bragança nov/04 4,6 11,2 67,9

ago/04 2,4 5,3 6,9

set/04 4,1 10 35

out/04 1,4 2,1 3,2 2,5 7,6 4,8 0,7 6,6 18,7

set/02 0,9 1,8 0,3

nov/02 1,1 2,1 3,8 2,5 4,7 8,5 0,7 6,9 21,1

dez/02 2,5 2,9 3,2 5,5 6,4 7,2 7,5 11,2 14,4

jan/03 3,2 3,9 4,8 7,0 8,7 11,2 15,4 30,2 54,9

set/03 3,0 3,4 3,6 6,9 8,0 8,9 13,0 19,2 23,3

out/03 1,1 2,2 2,9 2,1 4,6 6,2 0,4 6,0 9,9

dez/03 1,3 2,2 3,8 3,5 5,1 8,1 2,2 9,8 28,9

Bragança nov/04 3,2 7,2 19,7

Salinópolis set/04 2,4 5,5 6,5

Macho

Fêmea

Salinópolis

Salinópolis

Salinópolis

Salinópolis

Salinópolis

CC (cm) LC (cm) WT ( g )Sexo Local Mês/ano

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SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA, PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS...

O menor indivíduo macho de Callinectes ornatus mediu 0,9 cm CC e foicapturado em Bragança, em agosto de 2003, e o maior, com 5,4 cm CC,proveniente do município de Salinópolis, em dezembro de 2003. As fêmeasocorreram apenas em agosto de 2003 em Salinópolis, medindo 1,6 cm CC e 2,0cm CC como valores mínimo e máximo, respectivamente (Tabela 11). O menor eo maior indivíduo capturado mediram 0,9 cm CC e 5,4 cm CC; concordando comos intervalos de comprimento encontrados por Cintra & Silva (2002). A largura dacarapaça variou de 2,2 cm a 12 cm para os machos e de 3,4 cm a 4,2 cm para asfêmeas, valores inferiores aos encontrados por Cintra et al. (2003). A maioria dosindivíduos é jovem, com base nos estudos de Branco & Fracasso (2004), quemencionam a largura da carapaça para a primeira maturação gonadal com 5,8cm para os machos e 5,2 cm para as fêmeas.

C. ornatus possui um ciclo de vida complexo, existindo fases característicasda região estuarina e outras de mar aberto, além de diferenças na distribuição dasclasses etárias e na proporção sexual, conforme observado por Pita et al. (1985)na Baía de Santos (São Paulo). Estes autores registraram animais de menor porteno interior da Baía, com as fêmeas se concentrando em águas mais rasas quandojuvenis.

A população de C. ornatus, em Matinhos, atinge o tamanho de primeiramaturação com 6,1 e 6,7 cm de largura do cefalotórax, para fêmeas e machos,com idade correspondente de 1,6 ano (Branco & Lunardon-Branco, 1993).

O tamanho médio das espécies capturadas demonstrou que C. bocourtiapresentou o maior comprimento de carapaça CC e C. ornatus o menor (Tabela12).

Tabela 11 - Medidas de tendência central e dispersão para machos e fêmeas deCallinectes ornatus capturados nos municípios de Bragança, Salinópolis e Vigia,durante o período de estudo.

Tabela 12 - Comprimento médio das espécies de Callinectes, capturados nosmunicípios de Bragança, Salinópolis e Vigia, nos anos de 2002, 2003 e 2004.

mín. méd. máx. mín. méd. máx. mín. méd. máx.

Bragança ago/03 0,9 1,1 1,6 2 2,4 3,5 0,2 0,7 2

ago/03 1 2 3,8 2,2 4 6,6 0,2 3,9 12,2

dez/03 5,4 12 79,3

Salinópolis nov/04 1,8 4 3,3

Fêmea Salinópolis ago/03 1,6 1,8 2 3,4 3,8 4,2 1,6 2,6 3,5

Macho Salinópolis

Sexo Local MêsCC (cm) LC (cm) WT ( g )

Ano

2002 2003 2004

C. bocourti 3,7 3,5 3,2 3,5

C. danae 2,5 3,1 3,1 2,9

C. ornatus - 2,6 1,8 2,2

Espécie Média

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SIRIS DO GÊNERO Callinectes STIMPSON, 1860 (DECAPODA, PORTUNIDAE) EM ESTUÁRIOS...

CONCLUSÕES1. As três espécies de Callinectes estudadas apresentam a seguinte ordem

de frequência de ocorrência: C. bocourti, C. danae e C. ornatus.2. C. bocourti ocorre principalmente no período menos chuvoso, no município

de Vigia. Os machos foram mais abundantes. O comprimento médio do cefalotóraxfoi de 3,5 cm, para sexos agrupados.

3. C. danae apresentou uma maior freqüência no período menos chuvoso,principalmente no município de Salinópolis. Para todo o período os machos forammais abundantes. O comprimento médio do cefalotórax foi de 2,9 cm, para sexosagrupados.

4. C. ornatus ocorreu somente no período menos chuvoso, preferencialmenteno município de Salinópolis. Apresentou-se como a espécie mais estenohalina.Os indivíduos jovens foram mais freqüentes. Os exemplares machos foramsignificativamente mais abundantes. O comprimento médio do cefalotórax foi de2,2 cm, para sexos agrupados.

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