REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.
165*ProfessoraDoutoradaUniversidadedeSoPaulo.1Esclarecemosqueomurmrionasaldequetratamosnestetextodiferentedomurmrionasaldeconsoantesnasaisemataquedeslaba,evidnciasapartirdoingls(KRAKOW,1989)deveroserdiscutidasadiante.VOGAIS
NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO:REFLEXES PRELIMINARES DE UMA
REVISITANasal vowels in Brazilian Portuguese:preliminary
considerations in a revisitBeatriz Raposo de Medeiros*1
INTRODUODescries e interpretaes fonticas e fonolgicas do
segmentovoclico nasal em portugus tem se filiado, na lingstica
brasileira e mesmona portuguesa, ao estruturalismo de Mattoso Cmara
Jr., para quem o carternasal da vogal se deve ao segmento
consonntico nasal que a segue e o queo autor chama de arquifonema
nasal. O fenmeno consonntico em questo,que doravante chamaremos de
murmrio da vogal nasal ou apenas murmrionasal1, no apenas um gesto
remanescente do qual a vogal assimila anasalidade. O murmrio nasal,
muitas vezes, facilmente visualizado noespectrograma. Um estudo
fontico acstico como o de Sousa (1994) podemostrar isso, tanto com
medidas de freqncia, como de durao. Por outrolado, temos evidncias,
a partir dos dados do presente trabalho, de que omurmrio nasal
encontrado quando a vogal nasal antecede uma consoanteoclusiva, no
detectado antes de consoante fricativa. Assim, para que asreflexes
frutifiquem preciso aclarar alguns pontos de partida no estudodas
vogais nasais do portugus brasileiro (doravante PB). De um lado,
temosa possvel interpretao (como o fez Cagliari, 1977) de que a
vogal
teriaassimiladototalmenteaconsoantenasal,tornando-senasalizada,representando-se
no nvel fontico como apenas um segmento. De outro lado,166 REVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA
UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...2Aexplicaodoacoplamentodetudoestnaseo3.temos estudos
fonolgicos (ABAURRE; PAGOTTO 1996; BATTISTI, 1998; BISOL,2002;
MORAES; WETZELS, 1992; QUICOLI, 1990), que defendem a
existnciadeumaconsoanteseguintevogalnasalizada.Istoquerdizerqueinterpretam
a hiptese bifonmica de Mattoso ao p da letra, atribuindo defato
dois segmentos distintos na realizao da vogal nasal. Por fim,
temosevidnciasdarealizaoacsticadavogalnasaldequenosetratadedetectarmos
fases nitidamente. Detecta-se um contnuo de vogal nasal paraum
murmrio nasal (quando este existe), no entanto, quase
impossvelestabelecer o incio e o fim de cada um, como veremos na
seo de anlisedos dados fontico-acsticos coletados para as reflexes
deste texto.Entendemosofenmenodenasalidadevoclicaemportuguscomo um
fenmeno complexo, por isso difcil de ser explicado. Assim,
tantodopontodevistadafontica,comodafonologia,muitasquestespermanecem
sem soluo. Os fonlogos, em geral, interpretam as vogaisnasais
apenas como contrapartes nasalizadas de suas orais e evitam o
termovogalnasal,enquantotrabalhoslevadosacabonombitodafonticaexperimental(excetoCagliari,1977)usamotermovogalparaomesmofenmeno
(SOUSA, 1994; JESUS, 2002; DELVAUX, 2003).Propomos com estas
reflexes levantar: 1) os achados da fonticaexperimental em torno do
fenmeno da nasalidade voclica e sua contribuiopara entendermos
melhor sua realizao; 2) a questo da variabilidade
domurmrionasal,variabilidadeestaqueimplicaemassumirmosumarepresentao
melhor elaborada para a vogal nasal em PB; 3) a proposta deuma
abordagem do fenmeno a partir da Fonologia Articulatria, a qualser
apresentada ao final deste texto.Os resultados deste trabalho,
obtidos nos estudos descritos nassees 5 e 6, apontam para 1) um
espectro dos primeiros pulsos da vogalnasal j influenciados pelo
acoplamento dos tubos2, o que significa que noexiste uma fase
puramente oral e 2) a variabilidade acstica da vogal
nasal,dependendodocontextodireita;ouseja,vogaisnasaisantecedendoconsoantesoclusivasapresentammurmrionasaleaquelasantesdefricativas,
no obrigatoriamente. Isto nos levou a questionar a diviso dasfases
da vogal nasal, em simplesmente vogal oral e consoante nasal.1.1 A
MANUTENO DA HIPTESE BIFONMICA
POSSVEL?Notocantehiptesebifonmica,podemosdizerqueestafazsentido,
pois pode-se prever no mnimo duas fases para a vogal nasal, se
oREVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR. 167MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...murmrio no for detectado: uma fase oralizada, ainda
que breve, e
outranasal(CAGLIARI,1977;SOUSA,1994).Aressalvaaserfeitaaotermobifonmica
que este abriga o conceito de dois fonemas
perfeitamentesegmentveis: a vogal e a consoante. Sugerimos, ento, o
termo
bifsico.Noentanto,asimplespropostademudanasdenomenclaturanodeveminimizaroinsightmattosiano.Assim,ahipteseVNdeMattosocontemplaria
a variabilidade da produo da vogal nasal, uma vez que
Vrepresentaria a qualidade voclica e N abrangeria a poro nasal
acrescidaou no do murmrio
nasal.Valeressaltarqueasporesdavogalnasalnoexistemindependentemente,eassimestamoslidandocomapenasumsegmento(SOUSA,
1994). Alm disso, cabe saber quanto da poro oral importantecomo
pista da qualidade da vogal para a percepo do falante, e se ela
tema mesma importncia e existncia em todas as vogais nasais do PB.
Por ora,alguns dados de percepo envolvendo discriminao das
diferentes fasesda vogal nasal (MEDEIROS, 2006) apontam para a
percepo do murmrionasal voclico, tanto quanto apontam para a
percepo de uma qualidadevoclica, quando o que est em jogo a fase em
que o murmrio deveriapredominar. Isto indica quo varivel a vogal
nasal.2 AS VOGAIS NASAIS CONSIDERADAS PARA ESTE
TRABALHOConsideramos vogais nasais do PB as vogais em slabas do
tipoCVN, e/ou VN, pr-tnicas e tnicas3 em que o primeiro C uma
consoante,V uma vogal e N, que segue esta ltima, representa a fase
final da vogalnasal. Exemplos destas estruturas silbicas podem ser:
canto, senda, intacto,l, com, mundo. O inventrio de vogais nasais
do PB fica assim [a, c, i, o,u]. As mdias baixas [c, 5], portanto,
no constituem vogais nasais do
PB.Devemosassinalarqueasvogaisnasaismdias-altasapresentamditongao,
sobretudo a anterior mdia alta [c], no dialeto paulista da cidadede
So Paulo e, por esta razo, podemos argumentar que no so
vogaisnasais verdadeiras. No entanto no este o foco deste
trabalho.3 As ps-tnicas merecem um estudo parte, por seu
comportamento
complexo.Doisexemplosdestacomplexidade:1)amaioriadasps-tnicasnasaisditonganestaposio,comoocasodefalam,falem,Milton;2)[ujpodesofreroralizao,comoemlbum(/'awbu/['awbuj).168
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...Consideramos vogais nasalizadas4 aquelas encontradas
em slabastonas como em banana neste caso o [a] pr-tnico) e em
slabas CV, em quea consoante uma nasal, como em mata5. Entretanto,
restringimo-nos alevantar este aspecto como passvel de investigao e
advertimos, desde
j,quenooobjetodesteestudo,emborareconheamossuaimportnciapara a
questo da nasalidade em PB. Ainda na palavra banana,
encontramosoutro fenmeno de nasalidade que o da vogal tnica,
seguida de
consoantenasal,emrelaoaquenosfazemosapergunta:trata-sedeumavogalnasalouapenasnasalizada?Sabemosqueaspalavrasamaeana(bemcomo
os paradigmas que delas se formam, acrescentando-se uma
consoanteinicial)apresentamavogaltnicaobrigatoriamentenasalizada,ouseja,no
se trata de uma nasalizao opcional como no primeiro [a] de
banana.Assim, sugerimos, para estudos futuros, uma discusso sobre o
fato de talnasalizao ser alofnica, segundo Moraes e Wetzels
(1992).OutroaspectoquemerecedestaquenoestudodanasalidadevoclicaemPBaditongao,noentanto,julgamosprudente,emumprimeiro
momento, concentrarmos a ateno em um s aspecto, e evitarmoslidar
com muitas variveis em um assunto, que s pela natureza do
fenmenoenvolvido, j complexo.Neste sentido, do inventrio das vogais
nasais do PB, escolhemostrs [i, n, u] para serem analisadas
acusticamente, como se ver nas sees5 e 6.3 ESTUDOS EXPERIMENTAIS E
A REALIZAO DAS VOGAIS NASAISAntes de nos reportarmos aos trabalhos
de Cagliari (1977), Sousa(1994), Jesus (2002) no PB e Delvaux
(2003), no francs, preciso responder,do ponto de vista acstico e
articulatrio, questo O que uma vogalnasal?. Para a produo de uma
vogal nasal, a cavidade oral
encontra-seaberta,ovupalatinoseabaixaeassim,oarquefezvibraraspregas4Otermonasalizadaempregadoporfonlogosquefazemumadistinoentrevogaisnasaiseaquelasquehistoricamenteforamnasalizadas,poisseguidasdeconsoantesnasais.Nestesentido,oPBspossuiriavogaisnasalizadasnonvelfontico,poisnonvelsubjancenteseriamorais.Nestetrabalho,otermonasalizadaempregadoquandoprecisonosreferirmosavogaisoraisquesofreminflunciadesegmentosnasaisadjacentes,masque,pordistinvidade
fonolgica, devem permanecer orais, ou ainda, opcionalmente, podem
vir a ser
nasais.Aquestonosimples,masevocaumaproblemticaaserdesvendadanoreinodanasalidadevoclicaemPB.5Explica-seanasalizaodevogaisprecedidasporconsoantesnasaispelofatodosmovimentosdovuseremgraduais,aindaquecontrolados(CLUMECK,1976).DadosaerodinmicoscomoosdeAmeloteMichaud(2006)earticulatrioscomoosdeOliveiraeTeixeira(2007)nosrevelamquehumtempodefechamentodovusobrepostoaogestoseguinte,nasalizandoparcialmenteesteltimogesto.REVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
169MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...vocaispassatantopelacavidadenasalcomopelaoral.Cria-seoquesechama
tradicionalmente na literatura de acoplamento de tubos (o tubo
dacavidadeoraleodanasal),cujoresultadoacsticooprodutodasressonncias
nasais e orais. As vogais nasais possuem uma qualidade
sonoraresultantedaconvivnciaderessonnciaseanti-ressonncias,tambmchamadas
de plos e zeros, respectivamente. Os plos e zeros
interagemdevidoaoacoplamentodostubosepodemproduzir:(1)seuprpriocancelamentocasosuasfreqnciasderessonnciasejamiguais,havendo
perda de energia do espectro; (2) formantes nasais e (3)
formantesorais.Umadescriodetalhadadosistemadeabsoroderessonnciasgeradopeloacoplamento,bemcomoadescriodasressonnciasdascavidades
nasais e sua interao com as ressonncias do trato oral encontra-se
em Stevens (2000).Assim como os resultados acsticos so originados
de um
sistemadefiltragemderessonnciasbastanteintrincado,omovimentodovupalatino
tambm oferece complexidade, uma vez que no se trata de oporuma
posio aberta outra fechada. Segundo estudo eletromiogrfico
deUshijimaeHirose(1974),comdadosdojapons,anasaldecodaem/teNteNteN/apresentoumaiorrapideznoabaixamentodovudoqueaconsoante
de ataque em /nenene/. Achados sobre o movimento do vu, atravsde
cinefluorografia, (KENT; CARNEY; SEVEREID, 1974), incluem a
elevaoinicial deste em seqncia VNC, antes da constrio oral para a
consoantenasal, em ingls americano. Assim, v-se que o fenmeno da
nasalidade,seja da vogal ou da consoante, apresenta uma
variabilidade no movimentoarticulatrio do vu, que controlado para
seu maior ou menor abaixamento.Veremos a seguir alguns achados
sobre o posicionamento do vu palatinopara a vogal nasal
especificamente.Trabalhosdenaturezaexperimental,tomandoofenmenodanasalidadenoPB,sounnimesquantocomplexidadedoassuntoeesclarecem-nos
a produo acstica e articulatria dos segmentos nasais
e/ounasalizados,comoocasodeCagliari(1977),quedesenvolveumapesquisa
bastante abrangente do fenmeno em PB, incluindo em seus dados,a
fala de vozes normais e de nasalidade patolgica (ou seja, que
atinge
atossegmentosorais).Paratanto,oautorrealizaexperimentosacsticos,articulatrios
e aerodinmicos e, nestes dois ltimos, utiliza recursos
comolaringografia,fluorografiaepneumotacografia.Sousa(1994)fazumacaracterizao
das acsticas das vogais nasais do PB, com detalhes, e
Jesus(2002),tambmemestudofonticoacstico,chegaaresultadosquecorroboram
os de Sousa (1994). Delvaux (2003) trata das vogais nasais
dofrancs, avaliando aspectos articulatrios e acsticos, incluindo
tambm170 REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO.
2007. EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...aspectosperceptuaisdasvogaisestudadas.Algunsdeseusresultadosacsticos
vo ao encontro dos resultados obtidos por Sousa (1994).Retomando a
questo da complexidade do fenmeno, vejamos
comopodemosexemplific-laapartirdedoisdosautoresjcitados.Cagliari(1977)eDelvaux(2003)apontamparadiferentesgrausdenasalidade,dependendodograudeabaixamentodovupalatino.Oprimeiroautorressalta
que a razo oral:nasal, ou seja, as diferenas de dimenso entre
ascavidades oral e nasal, modificadas pelo maior ou menor
abaixamento
dovupalatino,responsvelpelograudenasalidadedeumsomdafala.Cagliari(1977)postulacincoparmetrosenvolvidosnaproduodanasalidade:aberturanasal,alturadovu,caractersticasdofluxodear,acoplamentoacstico,coordenaodotraooral/nasal.Dadoqueanasalidade
fruto das ressonncias do tubo nasal (da cavidade nasal quese acopla
oral, ou no, no caso das consoantes), ressaltamos a importnciade
saber como se realiza o fluxo de ar, quando h abaixamento do vu.
Apartir de um experimento em que se combinaram tcnicas de
fluorografia,pneumotacografia e laringografia, foi possvel ver o
movimento do vu e
terumgrficodofluxodearnasaldesegmentoscomoosdafraseComoslees no se
brinca assim. Sobre os resultados deste experimento, Cagliari(1977,
p. 278) afirma: The velic port does not assume only two
positions:one open and the other closed. The velum assumes
different positions
fordifferentspeechsegmentsbecauseofthefunctionalneedforcontrollingnasality
precisely.A este achado de Cagliari (1977), podemos relacionar a
descriode dados acsticos do ingls por Stevens (2000) quanto
nasalidade dediferentes vogais produzidas por um falante masculino.
As vogais [c] e
[5]apresentammaioremenornasalizao,respectivamente,oquesedeve,segundo
Stevens (2000), ao controle da abertura velofarngea, entre
outrosfatores, como diferena anatmica individual. V-se, ento, que
os diferentesgraus de abertura do vu esto presentes em diferentes
lnguas (japons,portugus, ingls), indicando que o gesto nasal, seja
para a vogal, seja paraa consoante, realiza-se satisfazendo
exigncias especficas de cada lnguano tocante distintividade
fonolgica.Delvaux (2003) desenvolveu quatro estudos experimentais
sobreasvogaisnasaisdofrancs:umestudoarticulatrio,umaerodinmico,um
acstico do ponto de vista da produo e outro do ponto de vista
dapercepo. Em sua investigao articulatria, a autora mostra, atravs
deimagensderessonnciamagntica(MRI),queoabaixamentodovudiferente
para cada vogal: /o, c, 5, /. Sabe-se que o vu tem uma
posiointrinsecamente mais baixa para vogais baixas e que isso se
deveria posiorelaxada do palatoglossus na produo destas vogais
(MOLL, 1962; MOLL;REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188,
MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR. 171MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS
DO PORTUGUS BRASILEIRO...SHRINER, 1967; apud DELVAUX, 2003). Assim,
Delvaux verificou que, demodo geral, o vu abaixa-se mais em /o/ em
comparao a /5/ e
mantmumaposiointermediriapara/c/c//.OinteressantedoachadodeDelvaux
que, correlacionando-se o grau de abertura do vu com o DAN(dbito de
ar nasal) de cada vogal, verificou-se que o fluxo de ar nasal
menornaproduode/o/doquenade/5/.Essesfatosindicamquocomplexos so os
aspectos de produo fontica de uma vogal
nasal.Passamosaapresentarasconclusessobreacaracterizaoacstica das
vogais nasais a que os autores (Cagliari, 1977; Sousa, 1994;Jesus,
2002 para o PB; Delvaux, 2003 para o francs) chegaram em
seusestudos. Muito embora aspectos importantes de articulao e
aerodinmica(fluxo de ar nasal/oral) possam nos dar respostas
valiosas para a questoda nasalidade, no recebero o mesmo destaque,
por ora, uma vez que aliteratura sobre assunto com dados do PB, tem
pouco ainda a dizer6. Diantedo que, resolvemos realizar um estudo
acstico, cujo piloto apresentaremosa seguir, a fim de alicerar,
juntamente com os trabalhos experimentais jexistentes a nossa
argumentao.Emsuainvestigaoacstica,Cagliari(1977)contemplousetevogais
[i, c, c, a, 5, o, u] e mais as reduzidas [i, o] para compar-las
com ascorrespondentes nasais, exceto no caso das mdias-baixas no
aspecto
dasfreqnciasdeformantes.Asvogais,tantoasoraisquantoasnasais,inseriam-seemmonosslabos.Dentreosresultadosdecadaumdostrsinformantes
falantes do PB, interessa-nos, por ora, obter uma mdia para osdois
primeiros formantes das seguintes vogais: [i], [a] e [u] e suas
contrapartesnasais. Para tanto, apresentamos a tabela abaixo para
facilitar a leitura. TABELA 1: MDIAS OBTIDAS DAS MEDIDAS EM HERTZ,
DE CAGLIARI (1977).Como veremos logo a seguir, as medidas obtidas
por Cagliari (1977)apresentam resultado semelhante queles de Sousa
(1994) e Jesus
(2002),osquaissecoadunamtambmcomosnossos(verseosobreavogalnasal e a
consoante oclusiva). Nos dados de Cagliari (1977) h diferena de120
Hz entre o F1 de [a ] e o F1 de sua oral correspondente [a] e uma
diferenade 410 Hz entre o F2 de [i ] e [i]. A vogal nasal baixa
aquela que
apresenta6HumtrabalhodeMedeiroseDemolinemquepode-severomovimentodovuemvogaisnasaisdoPB,atravsdatcnicadeIRM.172
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...F1sempremenorqueodasuacontraparteoral,indicandoelevaodamandbula,
o que no ocorre com as vogais altas das duas extremidadessuperiores
do tringulo voclico.Ainda no tocante ao padro formntico das vogais
nasais,
vejamososresultadosdeduasautorasbrasileiras.Sousa(1994)investigouoslogatomas
/pV/, em que V era uma vogal oral [a, c, c, i, 5, o, u] e/ou nasal
[a,c, i, o, u]. Os logatomas inseriam-se na frase veculo Digo __
para ele quefoi falada por quatro sujeitos masculinos do PB. As
mdias apresentadaspela autora nas tabelas comparativas por vogal
oral e nasal so as seguintesno que diz respeito a F1: 738 Hz para
[a] x 630 para [a ]; 291 Hz para [i] e 279para [i]; 299 Hz para [u]
e 310 para [u]. As vogais [i] e [u]
apresentaram,respectivamente,aumentodeF2eF3emrelaoa[i]e[u].Jesus(2002)investigouopadromasculinoefemininoseparadamente,encontrandosempre
a diminuio de F1 da vogal baixa nasal (canta) em relao a [a]
decata. A mdia de F1 de falantes masculinos ficou em 680 Hz para
[a], enquantopara F1 de [a] ficou em 502 Hz. A autora ainda
verificou elevao de F2 de [i]em relao a [i] e elevao tambm de F3 de
[u] em comparao a [u].Quanto aos resultados gerais do estudo
acstico de Delvaux
(2003),podemosdizerquesomuitosemelhantesaosdeSousa(1994).Argumentandoemfavordeumaexecuonoautomtica7daproduodas
vogais nasais, Delvaux (2003) conclui que o crescimento da
gravidadenavogalnasalemrelaosuacontraparteoral,responsvelpelapercepo
da nasalidade. Os seguintes aspectos acsticos so
evidenciadospelaautoraaofimdoestudoacstico:comparadassorais,asvogaisnasais
so mais longas; o vu palatino tem abaixamento maior ou
menor,dependendo do contexto fonolgico; uma poro oral inicial
rapidamenteevolui para nasal, e a, a energia sempre inferior,
afetando, sobretudo aregio de F1 e F3. Sousa (1994) chega
exatamente s mesmas concluses noque diz respeito s caractersticas
acsticas das vogais nasais do PB, com aexceo de verificar menor
intensidade junto a F2. A autora brasileira aindadestaca a
existncia e o papel do murmrio nasal como fase caractersticada
vogal nasal, e que no existe independente dela, assim como
acontececom a fase oral.A compreenso do fenmeno da nasalidade
voclica se d
passandoemrevista,comofizemosnestaseo,oacoplamentodostubos,osmovimentosdovupalatinoeanolinearidadeentreoseventosaerodinmicos,
e o resultado acstico a que se chegou nos estudos brasileiros.Esses
ltimos, porm, no discutem a variabilidade da vogal nasal, o
que7Delvauxconcluisuatesedizendoqueomodelodafonticacontrolada(KINGSTON;
DIEHL, 1994) o melhor para dar conta das vogais nasais no francs.
No do escopodestetrabalhodiscutirtalmodeloporora.REVISTA LETRAS,
CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
173MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO...acaba
por subdimensionar o fenmeno. Tais estudos tambm no focam aborda
direita, utilizando apenas dados com consoantes oclusivas seguintes
vogal nasal; e no perscrutam sua borda esquerda, perpetuando a
descriode que a vogal nasal possui os primeiros pulsos orais. O
presente
trabalhopropedesvendartaisproblemticasedarumtratamentotericoqueconsidere
o aspecto dinmico da vogal nasal.4 UM PADRO ACSTICO PARA AS VOGAIS
NASAIS DO PBDiante dos resultados numricos apresentados acima,
possveldelinear um perfil do padro formntico das vogais nasais
extremas do PB,em posio tnica, ressaltando a caracterstica robusta
do [a] apresentarseu primeiro formante sistematicamente de 100 a
200 Hz abaixo do primeiroformante de [a]. sistemtico tambm o
comportamento do segundo formantede [i] este se eleva em relao ao
F2 de [i] e o terceiro de [u], que seabaixa em relao a [u].
Obviamente estamos limitando a apresentao dosdados de cada estudo
embora seus desenhos experimentais sejam muitoparecidos, mas no se
reduzam a um s experimento para podermos sermais objetivos ao falar
da comparao das vogais orais e nasais; comparaotpica em estudos da
nasalidade voclica. Alm da comparao de valoresde formantes, podemos
ter uma caracterizao acstica mais completa dasvogais nasais,
conforme veremos a seguir. Os estudos sobre as vogais
nasaisdoPBnosfornecemsuficientesevidnciasparafalarmosdequalidadevoclica,
da a importncia de chamar-se a ateno para o padro acstico.Apesar de
ser um gesto complexo, variando ao longo do tempo articulatoriae
acusticamente, a vogal nasal mantm seu timbre, a fim de
distinguir-sedasoutrasnasais.Istoindciodequantoorquestramosfinamenteosarticuladores
envolvidos na produo do gesto voclico
nasal.Emboraosresultadosapresentadosindiquemnitidamenteumpadro
geral entre indivduos falantes do PB para distinguir
acusticamenteas vogais orais e nasais, as diferenas individuais
sempre so apontadasem investigaes experimentais. Por exemplo, em
seus dados, Sousa (1994)encontrou, dentre seus quatro informantes
masculinos, um que produziavogais nasais com murmrios muito curtos,
ou mesmo inexistentes.
Quantotrajetriadosformantesdasvogaisnasais,estaautorainvestigouminuciosamente
o que ocorria junto a cada vogal e falante. Inicialmentelevantou os
aspectos desta trajetria que dificultam a visualizao dosformantes e
a medio destes e em seguida observou que tais aspectosso detectados
junto a um falante e no em outro, dependendo da regio defreqncia.
Tais aspectos so: interrupo de formante, cluster, bifurcao,174
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...junoequedadeintensidadeepresenadeformantesnasaisentreosformantesespecificados.Sabemosquediferenasindividuaispodemseratribudas
a diferentes tipos de voz, cujo articulador responsvel a
laringe,mas alm disso, quando se fala em segmentos nasais ou
nasalizados, hque se levar em conta ainda o fato de haver diferena
de um trato nasal paraoutro, entre indivduos. Obviamente, isso
acarretar diferena no
produtoderessonncias,porexemplo,ofatodestasseremmaisamortecidas,oferecendo
a qualidade nasal nossa percepo. No entanto, essas diferenasparecem
ser neutralizadas pelos falantes, pois, como vimos, eles atingem
adistino oral/nasal de maneira eficiente, uma vez que acabam
produzindodois padres formnticos sistematicamente distintos: o das
vogais orais edas vogais nasais.No tocante existncia de uma
consoante aps a vogal nasal, osautores brasileiros reportam o
seguinte:A homorganic nasal consonant does not normally occur
following anasalized vowel and preceding an oral consonant in
connectedspeech. When a homorganic nasal does occur before a stop,
it isvery short and shows only a very small excursion from the
baselineof the nasal traces (CAGLIARI, 1977, p. 304).A maior parte
das vogais nasais analisadas registrou a presena deum murmrio
nasal, que consideramos aqui como constituindo
aterceirafasederealizaodestasvogais.Estemurmrioseriaconsideravelmentecoarticuladovogalenoapresentasinaisaparentes
de transies para um ponto de articulao consonantal(SOUSA, 1994, p.
127).Neste trabalho, a ocorrncia de forma assistemtica e
bastanteheterognea nos chamou a ateno, levando-nos a especular
seeste seria condicionado pela vogal, pelo falante ou se haveria
umcondicionamento dialetal. [...] O murmrio nasal apresentou-secom
freqncia baixa, no se observando informaes espectraisque
evidenciassem transio para a consoante seguinte (JESUS,2002, p.
217).Vemos assim, que as abordagens experimentais das vogais
nasaisdo PB no atestam a consoante que, segundo alguns estudos,
teria o mesmoponto de articulao da consoante de onset da slaba
seguinte.5 A VOGAL NASAL E O CONTEXTO SILBICO SEGUIDO DE
CONSOANTEOCLUSIVAO estudo tratado nesta seo baseou-se nos estudos j
existentesnaliteraturaecorroboraopadroformnticodavogalnasalemPB.AsREVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
175MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...vogais-alvoforam[i,a,u]esuascontrapartesorais.Paraacoletadosdados,
os pares mnimos cito/cinto; ata/anta e juta/junta foram
proferidosemumafrase-veculo(Diga___baixinho)porumfalantemasculino(doravanteC.),emcabineinsonorizada8.Houvecincorepetiesdecadapalavra
contendo as vogais-alvo, a fim de se calcular a mdia, desvio padroe
o coeficiente de variao relativos aos valores dos formantes.
Mediram-seostrsprimeirosformantesdecadavogal.Atabelaabaixodemonstraatendncia
j evidenciada (ver seo sobre padro formntico da vogal nasal)de a
vogal baixa nasal apresentar F1 cerca de 200 Hz mais baixo do que
abaixa oral e da vogal alta anterior nasal apresentar F2 mais alto
que suacontraparte oral.TABELA 2: F1 E F2 DAS VOGAIS NASAIS
EXTREMAS E SUAS CONTRAPARTESORAIS DITAS POR
C.Avogalnasalaltaposteriorapresentouemtodasasrepetiespouca energia
na regio de freqncia de F2, tornando impossvel medir esteformante.
Junto a [ a ] e [ u ], F3 detectava-se facilmente, o que no
aconteciacom a vogal nasal anterior. No caso desta ltima, muito
provavelmente, F3formava um cluster com o F2, que se apresentou
sistematicamente elevadoem relao vogal
oral.8AgravaotevelugarnacabineinsonorizadadoLafape,LaboratriodeFonticaePsicolingstica,IEL,UNICAMP.176
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...Analisamos ainda o comportamento inicial da vogal
nasal, gerandoum espectro FFT, a fim de verificar se este era mais
semelhante ao
espectrodavogaloralouaodanasal.Paratanto,escolhemosespectrogramaseformas
de onda9 que ilustravam bem os fenmenos de que estamos tratandono
presente trabalho e geramos trs espectros FFT a partir de cada
vogal:um espectro de 4 a 5 pulsos iniciais, outro de mesmo nmero de
pulsos apartir da poro medial para as vogais nasais, e um terceiro
espectro daporo medial da vogal oral, tambm com 4 ou 5 pulsos. O
resultado podeser visto nas figuras a seguir.FIGURA 1: VOGAL [ i ].
(o) FORMA DE ONDA, () ESPECTROGRAMA, () ESPECTRODA PORO INICIAL DA
VOGAL, () ESPECTRO DA PORO MEDIAL DA VOGAL.LINHAS PONTILHADAS EM
(), () E () COM UNIDADE ESCALAR DE 800 HZ.9 A forma de onda e
espectrograma de cada vogal esto alinhados e
representamaduraototaldavogal,desdeoprimeiroatoltimopulsovoclico.REVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
177MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...FIGURA 2: VOGAL [ i ]. (o) FORMA DE ONDA, ()
ESPECTROGRAMA, ()
ESPECTRODAPOROINICIALDAVOGAL.LINHASPONTILHADASEM()E()COMUNIDADE
ESCALAR DE 800 HZ.FIGURA 3: VOGAL [ a]. (o) FORMA DE ONDA, ()
ESPECTROGRAMA, () ESPECTRODA PORO INICIAL DA VOGAL, () ESPECTRO DA
PORO MEDIAL DA VOGAL.LINHAS PONTILHADAS EM (), () E () COM UNIDADE
ESCALAR DE 800 HZ.178 REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188,
MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO
PORTUGUS BRASILEIRO...FIGURA 4: VOGAL [ o]. (o) FORMA DE ONDA, ()
ESPECTROGRAMA, (c)
ESPECTRODAPOROINICIALDAVOGAL.LINHASPONTILHADASEM(b)E(c)COMUNIDADE
ESCALAR DE 800 HZ.FIGURA 5: VOGAL [ o]. (a) FORMA DE ONDA, (b)
ESPECTROGRAMA, (c) ESPECTRODA PORO INICIAL DA VOGAL, (d) ESPECTRO
DA PORO MEDIAL DA VOGAL.LINHAS PONTILHADAS EM (b), (c) E (d) COM
UNIDADE ESCALAR DE 800 HZ.REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P.
165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR. 179MEDEIROS, B. R. de.
VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO...FIGURA 6: VOGAL [ o ]. (o)
FORMA DE ONDA, (b) ESPECTROGRAMA, (c)ESPECTRO DA PORO INICIAL DA
VOGAL. LINHAS PONTILHADAS EM (b) E(c) COM UNIDADE ESCALAR DE 800
HZ.5.1 COMPARAO ESPECTRAL ENTRE [ i ] E [ i ]O que melhor
diferencia os espectros em comparao (Figura 1 d eFigura 2 c) a
presena de um formante nasal por volta de 800 Hz, outropor volta de
1400 Hz e o deslocamento de F2 para 2400 Hz, que como jvimos a
elevao deste formante em relao ao F2 da vogal oral. Quanto poro
inicial (Figura 1 c), esta no apresenta formantes nasais, mas
umaglomerado de picos de baixa amplitude, em torno da regio que
seria de
F2nasal.JavogaloralapresentaF2porvoltade2200Hz,destacadodosharmnicos
de pouca amplitude que o precedem.5.2 COMPARAO ESPECTRAL ENTRE [ a
] E [ a ]Avisualizaodosespectrosdavogaisbaixasnasaleoralnaporo
medial indica maior nmero de picos em torno de F1 para [ a ] do
quepara [ a ]. F2 de [ a ] encontra-se destacado de F1 por um vale
na faixa de
700a1300Hz.Hpresenadevale,tambm,naregiodefreqnciaquecorresponderiaaF3oral.EmseuestudosobreasvogaisnasaisdoPB,180
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...Seara(2000)consideraosvalesnosespectroscomorepresentativosdasanti-ressonncias,
que so caractersticas destas vogais. Destaca-se, ao
finaldavogalnasal(verformadeondaeespectrograma),omurmrionasal.Este,
embora comum antes de consoantes oclusivas, no se encontra
tonitidamente nas demais vogais deste estudo. A poro inicial de [ a
] tambmapresenta poucos picos em torno de F1, o que indica aumento
de largura debanda dos harmnicos, e um vale acentuado na regio de
F3. Assim, este um espectro semelhante ao espectro nasal.5.3
COMPARAO ESPECTRAL ENTRE [ u ] E [ u ]As diferenas encontradas
entre os espectros de FFT de [ u ] e [ u
]naporomedialnosomuitograndes.Noentanto,percebe-seodestacamento de
um pico por volta de 600 Hz (formante nasal) na
vogalnasalegrandeperdadeenergianospicosprximosde940Hz,valorcorrespondente
a F2 da vogal posterior oral. A poro inicial da posteriornasal
assemelha-se aos outros espectros em comparao, mas assim comoa poro
medial da nasal, apresenta picos de pouca amplitude na regio deF2
(940 Hz).As comparaes acima, por meio de espectros voclicos
baseiam-se em comparaes semelhantes de Stevens (2000), que elenca o
aumentode largura de banda, perda de proeminncia dos picos e
presena de formantesnasais como pistas da nasalidade. Comparando [
o ] e [ a ], por exemplo, dapalavra engage (francs), Stevens (2000)
tambm, assim como ocorre comas vogais baixas deste estudo, encontra
picos espectrais mais destacadosem torno dos dois primeiros
formantes na vogal oral. Aspectos tpicos davogal nasal, como
aumento de largura de banda, vales e formantes nasaisforam
encontrados nas duas pores, inicial e medial, das vogais
nasaisinvestigadas.Assim, atravs das comparaes feitas, conclumos
que a poroinicial da vogal nasal no to diferente da medial,
indicando que o
vudeveestarabaixadodesdeoinciodavogal.Daconsiderarmosmaisapropriado
chamar o incio da vogal nasal de oralizada e no de oral.
Aindaassim,taldesignaoremeteidiadeumafasedefinidaemrelaooutra. No
entanto, temos evidncias neste estudo e no prximo (seo 5) deque a
variabilidade da vogal nasal no permite estabelecer, sequer
generalizar,fases, que antes, dependem da qualidade voclica e do
contexto. A direotomada, at aqui, a de que a representao do gesto
voclico nasal tem deser elstica; podendo ora aceitar maior
nasalidade, ora menor nasalidadeem sua borda esquerda.REVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
181MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO...6 A
VOGAL NASAL E O CONTEXTO SILBICO SEGUIDO DE
CONSOANTEFRICATIVAEsteestudovemcomplementarosestudosexperimentaisjexistentes,
que analisam a vogal nasal antes de consoante oclusiva.
Paraisso,ofalantemasculinoB.proferiuasseguintespalavrasgravadasnacabine
insonorizada do Laboratrio de Fontica da USP: tampa/mbar,
canta/anda, panca/tanga, anfi; dana/transa, cancha/canja;
limpa/timbre, pinta/inda, finca/ngua, infra, pina/quinze,
pincha/finja; cumpra/rumba, punta/fundo, junco/fungo e punge. A
frase-veculo foi Eu digo ___ para voc. Nohouve repeties, tampouco
comparaes entre vogais orais e nasais,
poisoobjetivofoicompararvisualmenteosespectrogramasdaspalavrasemque
as vogais nasais eram seguidas de consoantes oclusivas com
aquelasemquetaisvogaiseramseguidasdefricativas.Oresultadover-se-aseguir10.FIGURA
7: (a) PINTA E (b) PINCHA: EM (a), ENTRE AS LINHAS
PONTILHADASVISUALIZA-SE O MURMRIO, ANTES DESTE, A VOGAL NASAL E
DEPOIS
DESTEOSILNCIODAOCLUSIVA;EM(B),ALINHAPONTILHADATRAAUMAFRONTEIRA
ENTRE A VOGAL NASAL E A
FRICATIVA.10Foramescolhidosasformasdeondaeosespectrogramasdeapenasumpardepalavrasparacadavogalnasalinvestigada,seguidadeconsoanteoclusivaefricativa,porumaquestodeespao.Osparesapresentadosso,noentanto,muitorepresentativosdofenmenoencontrado.182
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...FIGURA 8: (a) CANTA E (b) DANA: EM (a), ENTRE AS
LINHAS PONTILHADASVISUALIZA-SE O MURMRIO, ANTES DESTE, A VOGAL
NASAL E DEPOIS DESTEO SILNCIO DA OCLUSIVA; EM (b), A LINHA
PONTILHADA DA FORMA DE ONDAAT O ESPECTROGRAMA INDICA FRONTEIRA
ENTRE A VOGAL E A
FRICATIVA;ALINHAPONTILHADADOESPECTROGRAMAEM100MS(0.1)INDICAAINTERRUPO
DE F3 E F4, ANTES DO FINAL DA VOGAL.FIGURA 9: (a) CUMPRE E (b)
PUNGE: EM (a), ENTRE AS LINHAS PONTILHADASVISUALIZA-SE O MURMRIO,
ANTES DESTE, A VOGAL NASAL E DEPOIS DESTEO SILNCIO DA OCLUSIVA; EM
(b), A LINHA PONTILHADA DA FORMA DE ONDAAT O ESPECTROGRAMA INDICA
FRONTEIRA ENTRE A VOGAL E A FRICATIVA;A LINHA PONTILHADA DO
ESPECTROGRAMA EM 106 MS INDICA A TRANSIODA VOGAL NASAL POSTERIOR
PARA A FRICATIVA PALATAL.REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P.
165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR. 183MEDEIROS, B. R. de.
VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO...O murmrio nasal, comumente
investigado como trao acsticodas consoantes nasais, caracterizado
articulatoriamente pelo abaixamentodo vu palatino e pela ocluso do
trato oral e acusticamente pela
presenadeformantesnasais,sendooprimeiroomaisreforadoemenergiaemtorno
de 300 Hz (FUJIMURA, 1962) e os demais bastante amortecidos.
Seara(2000)descreveomurmriovoclicodascincovogaisnasaisdoPB,atribuindo-lhe
de 3 a 5 formantes nasais (FN), dependendo da vogal. O FN1mdio mais
baixo de 200 Hz, enquanto os demais variam desde 800 Hz at3400 Hz,
o que est de acordo com o padro formntico proposto por Fant(1960)
para as consoantes nasais de um modo
geral.Nopresenteestudo,todasasoutraspalavrascontendovogaisnasais
seguidas de fricativas tiveram a forma de onda e o
espectrogramainspecionados visualmente e verificou-se que no
apresentavam o murmrio.Por outro lado, junto s vogais seguidas de
oclusiva, o murmrio fica patente.O nico caso em que houve um lapso
de tempo, entre a vogal e a fricativa,apresentando interrupo de
formantes, foi o da vogal [ a] de dana (Figura8). Ainda, para estas
reflexes sobre a vogal nasal em PB, no realizamosmedidas de durao e
formantes para o murmrio11, mas temos em Sousa(1994) que a durao do
murmrio voclico ocupa de 20 a 65% da
duraototaldavogalnasal,oquesecoadunacomaduraodosmurmriosseguidos de
consoantes oclusivas nas figuras 7, 8 e 912.7 DISCUSSO FINAL E
PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM DINMICA DAVOGAL NASAL EM PBAs reflexes
propostas neste trabalho partiram da compreensoda realizao
fontico-acstica da vogal nasal em PB e apontaram para suagrande
variabilidade. Vimos sobretudo que no se trata de variabilidade
deumaclassedesons,mastambmdevariabilidadeentremembrosdestaclasse.
Como apontado anteriormente, este um fenmeno fontico
universal:avogalbaixasenasalizamaisfacilmentequeasdemais.Aindaassim,vimos
que a fase inicial das vogais nasais altas no pode ser
consideradauma mera realizao de pulsos orais. O que est em jogo,
ento, so ajustesdo trato vocal para que o gesto fnico em questo d
conta da qualidadevoclica e de sua
nasalidade.11HumtrabalhoemandamentoAnasalidadeemPBeaquestodacoda:vogal
ou consoante?, no qual analisar-se- o murmrio vocal e os fenmenos
de coarticulao emsuasbordas,envolvendomedidasdeduraoeformantes.12
De fato, a partir dos pontos encontrados no eixo do tempo para
segmentar omurmrio, temos a durao total da vogal e a do murmrio,
assim, foi possvel calcular o
seguinte:empinta,omurmrioocupa29%davogaltotal,emcanta,24%,eemcumpre,23%.184
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...Em sua borda direita, vimos que o murmrio nasal est
presenteem contextos de consoante oclusiva e ausente em contextos
de consoantefricativa. A explicao fontica para tanto est no fato de
que para a
produodasfricativashumamaioroumenorconstriodotratovocal,masapassagem
de ar no interrompida, ao contrrio, permitindo a manutenodo
acoplamento de tubos e por conseguinte a manuteno das
ressonnciasorais e nasais. Neste caso, no se pode atribuir ao
murmrio voclico
umacaractersticadefaseobrigatriadavogalnasal,jqueeledependedocontexto
silbico.Diantedaimpossibilidadedeatribuirfasesprecisassvogaisnasais
do PB de uma maneira geral, propomos o tratamento do fenmenosob a
tica da Fonologia Articulatria (FAR) (BROWMAN; GOLDSTEIN, 1989e
1992, GOLDSTEIN; FOWLER, 2003) que permite ver o gesto da vogal
nasalcomoumgestocomplexo.ParaaFAR,aunidadefonolgicaogestoarticulatrio
e sua representao deve contemplar sua natureza dinmica,ou seja, no
h representaes categricas do tipo apagamento ou inserode um
segmento. Assim, a FAR prope representar a sobreposio de
gestosarticulatrios, como por exemplo, a sobreposio do murmrio
nasal voclico(gesto vlico) ao silncio da oclusiva (gesto de
fechamento). Os gestos estorelacionados a seis rgos articulatrios
que so representados verticalmentena pauta gestual. Tais rgos so:
lbios, ponta da lngua, corpo da lngua,raiz da lngua, vu palatino e
laringe. O exemplo da pauta, abaixo,
demonstracomopode-serepresentarasobreposiodegestosnapalavrateam(equipe),
do
ingls.AfiguraacimafoiadaptadaapartirdeGoldstein&Fowler(2003).Trata-sedapautagestualparaapalavrateam.Osretngulosindicamotempoemqueorgo
responsvel pelo gesto est ativado. Note-se como os gestos de CL
(corpo dalngua) e Vuse sobrepem, indicando nasalizao parcial da
vogal anterior alta.REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188,
MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR. 185MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS
DO PORTUGUS BRASILEIRO...A adequao da FAR para tratar o fenmeno da
nasalidade voclicaem PB se torna ainda mais evidente, uma vez que
podemos contar com oconceito de constelao gestual (BROWMAN;
GOLDSTEIN, 1992), para o qualdois articuladores esto em jogo para
determinar o gesto: este o caso dasvogais nasais do PB. Propomos
que a nasalidade voclica possa e deva serdescrita e explicada como
um gesto complexo em que existe a
sobreposiodogestodaaberturavlicaaodaalturadalngua,sendoesteltimooresponsvelpelaqualidadevoclicadesejada.Assimsugerimosapautagestual
abaixo para a palavra canta:Pelo que nos foi permitido compreender
a partir dos dados
acsticosdasvogaisnasais,parecelcitodizerqueaexataconfiguraodotratopara
atingir uma determinada qualidade voclica e a instalao gradual
danasalidade so muito importantes para atingir a distintividade
fonolgica.Estudos perceptuais envolvendo segmentao das vogais
nasais (sobretudoas mdias altas e as altas) verificaram que suas
fases iniciais so ouvidascomo orais (CAGLIARI, 1977; SEARA, 2000;
MEDEIROS, 2006), o que entraem conflito com os achados do primeiro
estudo deste trabalho. No
entanto,aspistasacsticasdeproduoapartirdasquaispossvelinferiraarticulao,nocaso,oabaixamentodovupalatino,noestabelecemnecessariamenteumaisomorfiacomaspistasacsticasdepercepo.Oque
supomos que no momento preciso em que o gesto de altura da
lnguaatinge seu alvo, o fluxo de ar nasal ainda no atingiu o seu
mximo (muitoembora o vu j tenha se abaixado), assim, ouve-se uma
determinada vogaloral.Na figura acima, interessa-nos destacar que o
gesto vlico se ativa desde o incioda vogal nasal, e parece se
prolongar, sobrepondo-se ao gesto da oclusiva, o quepode estar
sendo indicado a partir dos dados acsticos. Ocorpo da lngua o
rgoresponsvelpelogestovoclicoeovu,orgoresponsvelpelogestovlico,abaixado
neste caso ( ). wide186 REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P.
165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS
NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO...Neste ponto das reflexes, outras
questes se avizinham. Comoseria a fronteira entre uma vogal nasal e
uma vogal oral? As vogais nasaistonas seriam semelhantes s tnicas?
Que respostas os dados aerodinmicosnos poderiam dar a respeito das
vogais nasais? Investigar o fenmeno
danasalidadevoclicaapartirdasquesteslevantadasatarefaquenosensinar
a dar elasticidade hiptese mattosiana, e trabalh-la luz daFAR,
podendo espichar para c ou para l a nasalidade voclica, tmida
noincio de algumas vogais e persistente ao final, sobretudo quando
h umaconsoante oclusiva.RESUMOEste artigo prope reflexes acerca do
fenmeno da vogal nasalque versam desde a proposta bifonmica para
tratar tais vogaisno portugus brasileiro, passando pela sua
realizao fontico-acstica, at propor uma representao que leve em
conta
suavariabilidade.Emboraasvogaisnasaisapresentemumcomportamento
formntico bastante regular em comparao ssuas contrapartes orais,
considerar o limite preciso entre doisfonemas ou mesmo duas fases
(proposta bifsica, alternativa bifonmica) ainda permanece
problemtico. Assim, atravs daanlise de espectros, a presena de uma
fase genuinamenteoral no incio da vogal nasal questionada. Foca-se,
ainda, aquesto do murmrio nasal voclico, facilmente encontradojunto
a contextos silbicos em que a vogal nasal seguida deconsoante
oclusiva, mas ausente quando seguida de consoantefricativa.
Conclui-se que a natureza varivel da vogal nasalser melhor tratada
sob uma perspectiva dinmica, encontradajunto Fonologia
Articulatria. Prope-se ento, uma
primeiraaproximaodaproblemticadasvogaisnasaiscomaabordagem
dinmica.Palavras-chave: vogais nasais; Fontica;
Fonologia.ABSTRACTThisarticlesproposesareflectionaboutthenasalvowelphenomenoninBrazilianPortuguesebyanalyzingthebiphonemicproposalandacousticphoneticproduction
features to propose a representation which is able to captureits
variability. Although nasal vowels have formant patterns asregular
as their oral counterparts, it remains difficult to estimatethe
precise limit between two phonemes or even two phases(biphasic
proposal, an alternative to thebiphonemic
proposal).Inthisway,theexistenceofapurelyoralportionintheREVISTA
LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007. EDITORA UFPR.
187MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...beginning of the vowel is called into question. Also
discussedis the variable nature of the nasal murmur, usually
present insyllabiccontextsinwhichthenasalvowel precedesanobstruent,
but absent when it precedes a fricative. It can beconcluded that
the variable nature of the nasal vowel is betterexplained by a
dynamical perspective as the one proposed byArticulatory Phonology.
Finally, a first approximation of
thetreatmentofnasalvowelsisproposedwiththedynamicalapproach.Key-words:
nasal vowels; Phonetics; Phonology.REFERNCIASABAURRE, B. M.;
PAGOTTO, E. G. Nasalizao voclica no portugus do Brasil. In: KOCH,I.
G. V. Gramtica do portugus falado. Campinas: Editora da Unicamp,
1996. v. VI. p.
495-526.AMELOT,A.;MICHAUD,A.Effetsarodynamiquesdumouvementduvelum:lecasdevoyellesnasalesdufranais.JournesdEtudessurlaParole(JEP),p.247-250,2006.BATTISTI.E.Anasalizaodoportugusbrasileiropelateoriadaotimidade.Rev.Est.Ling.,
7, n. 1, p. 59-89,
1998.BROWMAN,C.;GOLDSTEIN,L.Articulatorygesturesasphonologicalunits.Phonologyyearbook,6,p.201-251,1989.______.ArticulatoryPhonology:anoverview.Phonetica,49,p.155-180,1992.BISOL.L.Estudosobreanasalidade.In:ABAURRE,B.(Org.).Gramticadoportugusfalado.Campinas:EditoradaUnicamp,2002.v.VIII.p.501-535.CAGLIARI,L.C.AnexperimentalstudyofnasalitywithparticularreferencetoBrazilianPortuguese.320f.Tese(Doutorado)-UniversityofEdinburgh,Edinburgo,1977.CMARA
JR., J. M.
Problemasdelingsticadescritiva.Petrpolis:EditoraVozes,1971.______.Estruturadalnguaportuguesa.12.ed.Petrpolis:EditoraVozes,1982.CLUMECK,
H. Patterns of soft palate movements in six languages. Journal of
Phonetics,
4,p.337-351,1976.DELVAUX,V.Contrleetconnaisancephontique:lesvoyellesnasalesdufranais.Tese(Doutorado)-UniversitLibredeBruxelles,Bruxelas,2003.GOLDSTEIN,
L.; FOWLER, C. Articulatory Phonology: a phonology for public
language
use.In:SCHILLER,N.O.;MEYER,A.S.(Orgs.).PhoneticsandPhonologyinLanguageComprehensionandProduction.MoutondeGruyter,2003.p.159-207.FUJIMURA,
O. Analysis of nasal consonats. J. of the Ac. Soc. of America, 34,
n. 12, p. 1865-1875, 1962.JESUS, M. de S. V. Estudo fontico da
nasalidade voclica. Estudos Lingsticos 5:
estudosemfonticaefonologiadoportugus,p.205-224,2002.KENT, R.,
CARNEY, P.; SEVEREID, L. R. Velar movement and timing: evaluation
of a modelofbinarycontrol.J.SpeechHearingRes.,p.17:470-488,1974.188
REVISTA LETRAS, CURITIBA, N. 72, P. 165-188, MAIO/AGO. 2007.
EDITORA UFPR.MEDEIROS, B. R. de. VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS
BRASILEIRO...MEDEIROS,B.Raposode.Percepodasdiferentesfasesdevogaisnasaisdoportugusbrasileiro:estudopreliminar.In:54SEMINRIODOGEL,Araraquara,UNESP,2006.MEDEIROS,B.R.de;DEMOLIN,D.Vogaisnasaisnoportugusbrasileiro:umestudodeIRM.InIVCONGRESSOINTERNACIONALDAABRALIN,Braslia,2005.MORAES,
J. A.; WETZELS, L. Sobre a durao dos segmentos voclicos nasais e
nasalizadosem portugus. Cad. Est. Ling., 23, p. 153-166,
1992.MORAIS-BARBOSA,J.Lesvoyellesnasalesportugaises:interprtationphonologique.In:ANTTI,S.;AALTO,P.PROC.FOURTHINTER.CONGRESSOFPHONETICSCIENCES,p.691-708,
1962.OHALA,J.;OHALA,M.Thephoneticsofnasalphonology:theoremsanddata.Phoneticsandphonology.Nasals,nasalizationandthevelum,n.5,p.225-249,1993.OLIVEIRA.C.;TEIXEIRA,Antonio.Ongesturestimingineuropeanportuguesenasals.In:ICPhS
XVI, Saarsbrken, p. 405-408,
2007.PARKINSON,S.Portuguesenasalvowelsasphonologicaldiphtongs.Lingua61,p.157-177,
1983.QUICOLI, A. C. Harmony, lowering and nasalization in Brazilian
Portuguese. Lingua 80, p.295-331,1990.SEARA, I. C. Estudo
acstico-perceptual da nasalidade das vogais do portugus
brasileiro.270f.Tese(Doutorado)-UniversidadeFederaldeSantaCatarina,Florianpolis,2000.SOUSA,E.M.G.Paraacaracterizaofontico-acsticadanasalidadenoportugusdoBrasil.Dissertao(Mestrado)-UniversidadeEstadualdeCampinas,1994.STEVENS,K.N.AcousticPhonetics.Cambridge,Londres:MITPress,2000.USHIJIMA,T.;HIROSE,H.Eletromyographicstudyofthevelumduringspeech.JournalofPhonetics
2, 4, p. 315-326, 1974.