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72 Arte Md Ampl. 2012; 32(2): 72-9.
Arte Mdica Ampliada
I Farmacutico antroposfi co
Endereo para correspondncia: [email protected]
palavras-chave: Viscum
album; processo farmacutico;
medicina antroposfi ca; terapias
complementares; prescries.
Key words: Viscum album;
mistletoe; pharmaceutical process;
anthroposophic medicine;
complementary therapies;
prescriptions.
Viscum album: preparaes farmacuticas para aplicao na teraputica
antroposfi ca
Viscum album: pharmaceutical preparations for use in
anthroposophic therapy
Daniel de A. maganoI
RESUmO A forma e os critrios de fabricao de cinco preparados
medicinais a base de Viscum album L. utilizados na teraputica
antroposfi ca AbnobaVISCUM, Helixor, Iscador, Iscucin e Isorel so
descritos comparativamente com base em bibliografi a de acesso
pblico. Diferenas importantes na colheita, extrao, mistura e
dinamizao so encontradas. Conclui-se que a prescrio e o uso de tais
preparados no deve seguir um padro nico, mas basear-se nas
indicaes dos respectivos fabricantes.
ABSTRACTThe form and criteria of the man ufacture of fi ve
mistletoe (Viscum album L.) medicinal products used in
anthroposophic therapy AbnobaVISCUM, Helixor, Iscador, Iscucin and
Isorel are described comparatively based on public available
bibliography. Important differences in the harvest, extraction,
mixing and potentization are found. It is concluded that the
prescription and use of such preparations should not follow a
single standard, but be based on the indications of their
respective manufacturers.
Artigo de reviso | Review
Arte Mdica Ampliada Vol.32 | N. 2 |Abril/Maio/Junho de 2012
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INTRODUOEste artigo surgiu a partir de perguntas sobre as
diferen-as, semelhanas e, especialmente, a correspondncia
teraputica entre as diversas preparaes farmacuti-cas de Viscum
album L. disponveis para aplicao na teraputica antroposfica.
Concentraes, dinamiza-es, tipos de plantas hospedeiras, processos
de pre-parao, apresentaes parecem assemelhadas, mas existem
correspondncias? Uma pesquisa em algumas obras de acesso pblico,
aliada ao conhecimento acu-mulado na experincia profissional do
autor, resultou nas informaes que aqui so relatadas.
A utilizao de Viscum album como medicamento na Europa central
remonta poca anterior sua cris-tianizao.1 Ele foi incorporado
medicina popular depois da Idade Mdia e includo entre as matrias
mdicas da homeopatia no sculo XIX. No sculo XX ele foi abordado com
frequncia por Rudolf Steiner no mbito do surgimento da
antroposofia, quando foi relacionado especificamente ao tratamento
de enfer-midades tumorais.
A partir destas indicaes foram criados os pre-parados
farmacuticos Iscar, na dcada de 1920-30 (depois rebatizado de
Iscador a partir da dcada de 1950), Helixor (dcada de 1970),
Iscucin, Isorel e Ab-nobaVISCUM. Existem outros preparados contendo
Viscum album, como extrato padronizado ou comple-xo fitoterpico e
em diversos complexos homeopti-cos, com indicaes para tratamento de
hipertenso, arteriosclerose, artrose, poliartrite crnica e artrite
reu-matoide, entre outras.
A pLANTAO gnero Viscum compreende quase uma centena de espcies,
a maioria nativa da frica e especifi-camente em Madagascar.1 Ele
faz parte do grupo das viscceas e lorantceas, plantas que parasitam
outras espcies vegetais. A espcie Viscum album L. habita a Europa
central e se subdivide em trs su-bespcies: ssp. abietis, que
parasita especificamente exemplares do gnero Abies (abetos), ssp.
austria-cum, que parasita especificamente exemplares do gnero Pinus
(pinheiros) e ssp. album, que parasita quaisquer outras rvores
decduas.
Viscum album L. considerado semiparasita, pois, apesar de
utilizar a seiva bruta da hospedeira, possui folhas verdes e
realiza a prpria fotossntese. Seu crescimento muito lento e no
capaz de ame-aar a vida da hospedeira. Este crescimento se d em
todas as direes, contrariando as tendncias helio- e geotrpicas
tpicas do reino vegetal. A espcie tam-bm contraria o ciclo vegetal
normal em seu habitat:
na poca da primavera ocorre a brotao de folhas, em geral dois
pares apenas sobre cada terminao. As flores, que surgem na
primavera nos espcimes masculinos e femininos, so discretas,
esverdeadas, e depois se desenvolvem lentamente as bagas, que
amadurecem somente no inverno seguinte. As bagas brancas,
translcidas, brilham entre as folhas verdes da planta no ambiente
gelado e nevado. Ao invs de sementes, carregam em seu interior o
embrio de uma nova planta, que se desenvolve assim que encontra o
substrato de uma hospedeira adequada. As bagas representam um rico
alimento para algumas aves, numa poca de escassez, quando o embrio
passa inclume pelo trato digestivo. Desta forma ocorre a propagao
da espcie.
pRINCIpAIS COmpONENTES1
Viscum album L. uma das espcies utilizadas na medicina
complementar mais rica e profundamente estudadas, em estudos
botnicos, fenomenolgicos, fitoqumicos, pr-clnicos e clnicos.Muitas
categorias fitoqumicas foram identificadas en-tre seus componentes,
incluindo aminocidos, pept-deos e polipeptdeos, protenas e
glicoprotenas, a-cares ou glicis, polissacardeos, esteris,
triterpenos, flavonoides, aminas, cidos vegetais, e um derivado
fenilpropnico. Vrios destes compostos foram rela-cionados com as
atividades biolgicas de extratos de Viscum album, dentre os quais
se destacam:
- Protenas de Vester: frao proteica do extrato, de natureza
alcalina e peso molecular mdio de 60 KDa. Possuem atividade
antitumoral, txica e citostti-ca, que decai rapidamente com a idade
do extrato. As quantidades destas protenas nos extratos de Viscum
album variaram intensamente em funo da rvore hospedeira e do perodo
de colheita, sendo especial-mente elevadas em primaveras que
seguiram perodos particularmente frios.
- Lectinas: glicoprotenas que se ligam a deter-minados acares,
so consideradas as principais responsveis pela atividade
antitumoral de Viscum album. As mais importantes so as chamadas
visco-lectina I, viscolectina II e viscolectina III (na literatura
mdico-cientfica as viscolectinas so referidas em alemo como
Mistellektin, em ingls como mistletoe lectin e so frequentemente
abreviadas como ML I, II e III), alm de VisalbCBA. A citotoxicidade
das vis-colectinas decorre basicamente de sua propriedade
limitadora da sntese proteica nos ribossomos e de sua capacidade
indutora de apoptose, a morte pro-gramada das clulas. As lectinas
tambm contribuem decisivamente na atividade imunoestimulante
dos
Magano DA
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Viscum album: preparaes farmacuticas para aplicao na teraputica
antroposfica
extratos de Viscum album. A quantidade das dife-rentes
viscolectinas varia em decorrncia da rvore hospedeira, da poca de
colheita e da intensidade do frio no inverno, sendo que elas so
particularmente elevadas em invernos muito frios.
- Viscotoxinas: polipeptdeos de baixo peso mole-cular (cerca
5000), fortemente alcalinos e anfiflicos. Alm de ativas no sistema
cardiorrespiratrio, espe-cialmente diminuindo a presso arterial, as
viscoto-xinas apresentam uma atividade de estimulao e aumento da
capacidade imunolgica, so citotxicas por lise da membrana celular e
possvel induo de apoptose e so capazes de proteger o DNA.
- Oligo- e polissacardeos: com concentraes mui-to variveis
dependendo da poca do ano, da hos-pedeira e, possivelmente do
processo de fabricao, estes compostos apresentam importantes
atividades imunoestimulantes. Eles aumentam a citotoxicidade de
diversos tipos de clulas imunolgicas em sinergia com IL-2 ou IL-12,
causam a liberao de IFN-, IL-6, TNF- e PGF2, estimulam a proliferao
de linfcitos T CD4+, ativam o sistema complemento, aumentam os
neutrfilos, limitam o crescimento tumoral e protegem contra danos
decorrentes de radiao.
- Alcaloides: compostos lbeis e de difcil isola-mento,
demonstraram atividade citotxica.
- Lipossomas: pores vesiculadas de membranas celulares,
principalmente glicopeptdeos originados de cloroplastos. Em ao
sinrgica com outros com-ponentes estimulam a proliferao de
linfcitos. Estas pores foram estudadas particularmente em
AbnobaVISCUM .
O pROCESSO DE pREpARAOOs produtos fitoterpicos de Viscum album
par-tem de extratos, geralmente aquosos, de plantas colhidas sem
ateno hospedeira ou de choupo (Populus sp.), secas ou frescas.
Estes extratos so, algumas vezes, padronizadas quanto ao contedo de
viscolectinas.2,3
Os produtos homeopticos partem de tinturas me preparadas de
acordo com as farmacopeias home-opticas, na maioria das vezes em
veculo hidroal-colico, que so dinamizadas at o grau requerido e,
muitas vezes, misturadas com outras substncias dinamizadas.2,3
Os processos de preparao dos medicamentos de Viscum album na
teraputica antroposfica decorrem de indicaes de Rudolf Steiner. Ao
mdico e um dos fundadores dos Laboratrios Internacionais (mais
tar-de rebatizado com o nome Weleda) Dr. Ludwig Noll, Steiner ditou
em 1920 o seguinte:4
Extrair no inverno, melhor no Natal e no alto vero. Final de
junho melhor. De Viscum de inverno e vero. O suco de vero deve
fluir para baixo, e depois para dentro do suco de inverno, que
corre em recipiente em rotao. Deixar a mistura escorrer
lateralmente. Melhor armazenar numa bexiga animal, porque a
estrutura resultante muito frgil e porque no se deveria perder as
duas foras, que seria o caso num (recipiente) inorgnico. Rotao
fraca resulta em medicamento com efeito mais fraco, rotao forte,
medicamento mais forte. (Traduo do autor)
Rudolf Steiner complementou o ditado acima com um desenho (Fig.
1).
Figura 1. Desenho de Rudolf Steiner.
Alm desta indicao, particularmente importante uma resposta que
Steiner deu a uma pergunta formu-lada por Karl Kller aps uma
conferncia, em 22 de abril de 1924.5 Steiner j havia ressaltado a
importn-cia de se utilizar os sucos de vero e de inverno da planta,
e aqui ele descreve como estes sucos devem ser misturados:
Primeiro trazemos o suco de Viscum a um movimento vertical e
este deixamos ser trespassado por um movimento rotacional
horizontal. Trata-se de se conseguir que o suco de Viscum goteje e,
no gotejamento, seja circundado, se ligue novamente, em crculos
horizontais, com o suco de Viscum, de forma que nos menores crculos
seja evocada uma nova estrutura. Isso o realmente curativo no
Viscum, isto o que surge a. Certamente, j em si um remdio efetivo,
mas o medicamento incondicionalmente especfico surge s por esta
maneira complicada (Traduo do autor).
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Esta explicao foi acompanhada por um desenho que por muitos anos
foi considerado extraviado. O mdico Dietrich Boie, um dos
fundadores do Labo-ratrio Helixor, inconformado com isto, procurou
tanto que encontrou o desenho perdido atrs de um armrio na Seo
Mdica do Goetheanum, em 1970 (Fig. 2).6
- Esterilizao: como o uso dos preparados far-macuticos de Viscum
album, na teraputica an-troposfica, se d por via parenteral,
injetvel, os produtos devem atender aos quesitos de qualidade para
esta forma farmacutica, entre os quais a es-terilidade. Devido
termolabilidade de muitos dos componentes dos produtos, estes no
podem ser submetidos a procedimentos utilizando calor, sen-do ento
esterilizados por filtrao e envasados em processos asspticos.
AbnobaVISCUm2,3,8-10
Fabricado pela empresa Abnoba GmbH, de Pfor-zheim, Alemanha. A
empresa foi fundada por mdi-cos, bilogos e fsicos da Gesellschaft
zur Frderung der Krebstherapie e.V. (Associao para o Fomento da
Terapia de Cncer) em 1971.
As plantas frescas de Viscum album L. so co-lhidas no vero e no
inverno de macieiras, bor-dos, btulas, carvalhos, freixos,
amendoeiras, crataegos, abetos e pinheiros. O material vege-tal
logo particionado sob gs argnio (inerte) e ultracongelado a -190 C
em nitrognio lquido. Para a extrao tanto de vero como de inverno, o
material vegetal descongelado numa soluo tampo fosfato-ascorbato,
em atmosfera inerte, na qual transcorre todo o processo de produo
(soluo tampo uma soluo contendo um ou mais cidos fracos ou bases
fracas e seus sais, que, por via do equilbrio de dissociao,
impe-dem uma variao grande de pH com a adio de outros cidos ou
bases). A mistura prensada atravs de uma fenda regulada cada vez
mais es-treita, at que, depois de filtrado, resulte em um lquido
verde opalescente. Esta cor resultante da presena de lipossomas de
membranas contendo clorofila. Ao final da extrao obtm-se uma so-luo
contendo cerca de 75% do material vegetal empregado. O rendimento ,
assim, relativamente alto, contendo tanto viscolectinas como
viscoto-xinas em quantidade considervel.
O extrato de inverno colocado numa mquina especial, em que, por
meio de movimento rotacio-nal, espalhado em fina camada sobre a
superf-cie do rotor. O extrato de vero nebulizado para dentro deste
rotor e as suas partculas so incor-poradas ao extrato de inverno em
movimento. O extrato misturado ento dinamizado at obter to-das as
concentraes disponveis: 20 mg, 2 mg, 0,2 mg, 0,02 mg, D6, D10, D20
e D30. O produto submetido filtrao esterilizante e envasado em
condies asspticas em ampolas contendo 1 mL.
Figura 2. Desenho de Rudolf Steiner em 22/04/1924.
Os elementos fundamentais dos processos de pre-parao para a
teraputica antroposfica so ento:3
- Colheita: pelo menos duas colheitas durante o ano,
representando a planta no inverno e no vero.
- Extrao: de forma que se obtenha o suco da planta. A partir do
conhecimento dos componentes qumicos da planta que so, em grande
parte, pou-co estveis, os processos de extrao tendem a ser
cuidadosos e conservadores, em termos de meios de extrao que no
promovam desnaturaes e possu-am pH adequado, e procedimentos em
temperaturas brandas. Um fabricante (Hiscia) inclui uma etapa de
fermentao.
- Mistura: os extratos de inverno e de vero so misturados por um
processo mecnico que promova as condies sugeridas por Steiner:
movimentos ver-ticais e horizontais rotacionais. Em alguns produtos
(AbnobaVISCUM, Iscador) utiliza-se um disco em alta rotao onde o
extrato de inverno flui centrifugamente e o extrato de vero goteja
prximo borda, onde so misturados. Em outros (Helixor, Iscucin,
Isorel), utili-zam-se recipientes onde um vrtice potencial gera-do
no extrato de inverno, formando um movimento lamelar helicoidal, e
o extrato de vero gotejado no centro deste vrtice.7
- Dinamizao: Os extratos combinados so le-vados a concentraes
decrescentes, utilizadas na teraputica, por meio de diluies
sucessivas e movi-mentos ritmados prprios.
Magano DA
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HELIxOR2,3,9,10
Fabricado por Helixor Heilmittel GmbH & CO. KG em Rosenfeld,
Alemanha. A empresa foi fundada por membros do Verein fr Leukmie-
und Krebstherapie e. V. (Associao para a Terapia de Leucemia e
Cncer) e fornece o preparado Helixor desde o incio da dca-da de
1970.
Helixor preparado a partir de cada uma das su-bespcies europeias
de Viscum album L.: Helixor A de Viscum de abeto (ssp. abietis),
Helixor M de Viscum de macieiras (ssp. album) e Helixor P de Viscum
de pinheiro (ssp. austriacum).
So colhidos os dois ltimos elementos de cada ramo com parte do
terceiro, com hastes jovens, folhas, flores e frutos. Para obter
todos os estgios importantes de desenvolvimento da planta so
realizadas quatro colheitas no perodo de um ano: na poca de Natal,
na florao no final do inverno e incio da primavera
(fevereiro/maro), na poca joanina (junho) e na po-ca micalica
(final de setembro). Na poca de Natal as bagas so colhidas em
separado, sendo adiciona-das no momento da extrao em proporo
definida, e em cada colheita as plantas femininas e masculinas so
coletadas separadamente. As plantas coletadas so cuidadosamente
selecionadas, lavadas, modas e con-geladas at o momento da
extrao.
A extrao ocorre separadamente por subespcies, juntando o
material vegetal colhido no Natal e na florao para obter o extrato
de inverno e o material colhido em junho e setembro para obter o
extrato de vero. Para isto o material vegetal modo adicionado a uma
soluo hipotnica de cloreto de sdio em forte movimento rotacional,
formando um vrtice, por uma hora. A proporo entre planta e solvente
de 1:20. Os extratos so clarificados e submetidos filtrao
esterilizante para conservao.
O preparado Helixor obtido finalmente pela mis-tura do extrato
de inverno e vero, num recipiente ova-lado revestido internamente
de ouro, onde o extrato de inverno intensamente rotacionado,
formando um vrtice potencial, e o extrato de vero gotejado para
dentro deste vrtice, na proporo de 1:3. A mistura isotonizada com
cloreto de sdio e o pH ajustado com hidrxido de sdio. O produto na
concentrao de 50 mg/mL (ou 100 mg/2 mL) padronizado em termos de
atividade citotxica em culturas de clulas MOLT-4. O produto Helixor
especialmente rico em carboi-dratos (mono e dissacardeos),
flavonoides e viscolec-tinas, sendo que as viscotoxinas se
encontram abaixo do nvel de deteco analtica.
Para obter as demais concentraes disponveis, o produto
dinamizado por diluio e agitao por meio do mesmo processo em vrtice
utilizado na
mistura dos extratos, obtendo-se as apresentaes com 100 mg/2 mL,
50 mg, 30 mg, 20 mg, 10 mg, 5 mg, 1 mg, 0,1 mg e 0,01 mg. Depois da
filtrao esterilizante e do envase assptico, o produto con-trolado e
embalado.
ISCADOR2,3,9,10
Envasado e distribudo por Weleda AG, Schwbisch Gmnd, Alemanha.
Produzido pelo Institut Hiscia Verein fr Krebsforschung e. V.
(Instituto Hiscia As-sociao para Pesquisa em Cncer) desde 1950. Foi
envasado e distribudo tambm pela Weleda do Bra-sil at 2010.
As folhas, hastes, flores e frutos com um a dois anos de idade
de Viscum album L. proveniente de maciei-ras, pinheiros, carvalhos
olmos e abetos (este ltimo disponvel somente na Sua) so colhidas no
vero e no inverno. O material colhido selecionado e depois modo em
rolos. Acrescenta-se gua, acar e Lacto-bacillus plantarum e uma
fermentao ocorre durante trs dias, baixando o pH a 4 e,
consequentemente, re-duzindo a concentrao de viscolectinas a um
quarto e aumentando a de viscotoxinas ao dobro. Depois da fermentao
o extrato prensado, clarificado e esteri-lizado por filtrao.
A mistura dos extratos de vero e de inverno ocorre na primavera
e no outono, por meio de uma mqui-na especialmente desenvolvida que
consiste, basica-mente, num disco de titnio de 1 m de dimetro, com
borda elevada, que gira a 10.000 rpm. O extrato de inverno
adicionado no centro do disco e se espalha pela superfcie formando
um filme, enquanto o extra-to de vero gotejado prximo borda,
levando mistura dos dois extratos em condies de velocidade de
aproximadamente 1900 km/h e fora centrpeta de cerca de 55.000 G. No
caso dos produtos contendo metais, estes so adicionados aos
respectivos extratos de inverno, antes da mistura, na forma de
carbonatos de prata e de cobre (malaquita) e sulfato de mercrio, na
dinamizao D8.
A preparao das diferentes concentraes ocorre por dinamizao
manual com soluo iso-tnica de cloreto de sdio para se obter 0,0001
mg, 0,001 mg, 0,01 mg, 0,1 mg, 1 mg, 10 mg e 20 mg por ampola de 1
mL. O Iscador Spezial 5 mg, preparado com Viscum album de macieiras
e de carvalhos, tem a concentrao de lectinas totais padronizada em
250 ng/mL. Depois da filtrao esterilizante o produto envasado
assepticamente em ampolas de 1 mL e embalado. O produto pre-parado
no Brasil era apresentado nas dinamizaes D1 a 20%, D2, D3, D4 e
D5.
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ISCUCIN2,3,9,10
Fabricado por Wala Heilmittel GmbH, Eckwlden, Alemanha. O
produto foi originalmente desenvol-vido pelo mdico Karl Kller no
Laboratrio Lyoflor, em Hannover, em 1965, e adquirido pelo
Laboratrio Wala aps a sua morte, em 1978.
A empresa colhe Viscum album de macieiras, car-valhos, tlias,
choupos, salgueiros, crataegos, abetos e pinheiros distantes de
fontes de poluio. No vero e no inverno so coletados exemplares
femininos e masculinos, incluindo, alm das hastes, folhas, flores e
frutos, os haustrios rgos de fixao especial-mente ricos em lectinas
junto com um pouco da madeira da hospedeira (com exceo do raro
Viscum de carvalho, que seria exposto ao risco de extino). Sem
tocar o solo, o material vegetal selecionado, cortado e liofilizado
(seco por vcuo em baixa tem-peratura). Depois ele modo e
armazenado.
A extrao ocorre separadamente do material co-lhido no vero e no
inverno, por uma soluo aquosa de cloreto e hidrogenocarbonato de
sdio, por 14 dias a 4 C com agitao de manh e de tarde.
A mistura ocorre numa mquina desenvolvida por Kl-ler, onde o
extrato de inverno fica no oval de prata inferior, sendo agitada
por um rotor formando um vrtice, e o ex-trato de vero gotejado pelo
oval superior de ouro para dentro do vrtice. Ali ocorre uma intensa
interpenetrao dos extratos de origem temporalmente distinta.
O extrato misturado processado para se obter a primeira
dinamizao, diludo em soluo iso-
tnica na proporo 1:20 e agitado manualmente para a formao de
vrtices. As dinamizaes se-guintes so realizadas da mesma forma, na
propor-o 1:20, obtendo-se as concentraes H (20-1), G (20-2), F
(20-3), E (20-4), D (20-5), C (20-6), B (20-8) e A (20-10). Todas
as dinamizaes passam por filtra-o esterilizante, envase assptico em
ampolas de vidro e embalagem.
ISOREL2,9,10Fabricado por Novipharm GmbH, de Prtschach, us-tria.
Desenvolvido por Herta e Rudolf Weiss, fabrica-do e distribudo
desde 1980.
So utilizados Viscum album de abetos, macieira e pinheiros. As
plantas inteiras (hastes, folhas, flores, frutos e haustrios) so
colhidas cuidadosamente na poca do Natal (inverno) e de so Joo
(vero) e, sem tocar o solo, so rapidamente selecionadas, modas e
congeladas a -18 C.
A extrao ocorre num processo rtmico em meio aquoso, sendo que a
j ocorre uma dinamizao.
A mistura feita num recipiente cilndrico de vidro, onde o
extrato de vero goteja para dentro do extrato de inverno que se
movimenta em crculos horizontais. A mistura esterilizada por
filtrao.
As apresentaes so preparadas por dinamizao, resultando 60 mg, 36
mg, 24 mg, 12 mg, 6 mg, 1 mg, D6, D10, D17 e D30 (dinamizaes D6,
D10, D17 e D30 s para Isorel A (Abietis) e P (Pini)).
TABELAS
Para facilitar a compreenso comparativa so apresentadas as
Tabelas de 1 a 3.
Magano DA
Tabela 1. Espcies hospedeiras de Viscum album L. disponveis.
rvore hospedeira Tipo Abnoba Helixor Iscador Iscucin Isorel
Abeto (Abies sp.) A Abietis n n n* n nAmendoeira (Prunus
amygdalus dulcis Web.) Am - Amygdalus n
Btula (Betula sp.) B Betulae n
Bordo (Acer sp.) Ac Aceris n
Carvalho (Quercus sp.) Qu Querci n n n
Choupo (Populus tremula L.) Po Populi n
Crataego (Crataegus sp.) C Crataegi n n
Freixo (Fraxinus excelsior L.) F Fraxini nMacieira (Pyrus malus
L.) M Mali n n n n nOlmo (Ulmus sp.) U Ulmi nPinheiro (Pinus sp.) P
Pini n n n n nSalgueiro (Salix sp.) S Salicis n
Tlia (Tilia sp.) T Tiliae n* Disponvel somente na Sua
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Viscum album: preparaes farmacuticas para aplicao na teraputica
antroposfica
Tabela 2. Partes utilizadas, colheitas, conservao pr-extrao,
extrao, mistura.
Abnoba Helixor Iscador Iscucin Isorel
partes utilizadasBrotos de 1 ano, folhas, flores, frutos
imaturos, bagas (inverno)
Brotos com 1 a 2 anos, folhas, flores, frutos imaturos, bagas
(inverno)
Brotos com 1 a 2 anos, folhas, flores, frutos imaturos, bagas
(inverno)
Brotos jovens e velhos, folhas, flores, bagas, haustrio e
madeira da hospedeira**
Brotos jovens e velhos, folhas, flores, bagas, haustrio e
madeira da hospedeira
poca das colheitas Vero, invernoNatal, incio da primavera, s.
Joo,Micael
Natal, s. Joo Natal, s. Joo Natal, s. Joo
ConservaoUltracongelamento (-190 C)
CongelamentoSecagem a vcuo (liofilizao)
Congelamento
ExtraoPrensagem em tampo fosfato-ascorbato
Turbilhonamento rtmico em vrtice, em soluo hipotnica de NaCl
Fermentao em gua, acar e Lactobacillus plantarum
Macerao em tampo NaCl/NaHCO3
Turbilhonamento rtmico em vrtice, em gua
Concentrao do extrato
1:50 1:20 1:5 1:6 1:16,5
Tempo e temperaturaCerca de 30 min., cerca de 20 C
Mnimo 1h, 12 a 20 C 3 dias, 20 a 24 C 14 dias, 4C Sem
informao
misturaImpacto em alta velocidade radial
Fluxo em vrticeImpacto em alta velocidade radial
Fluxo em vrtice Fluxo em vrtice
padronizao ProcessoCitotoxicidade com MOLT-4
Processo, Lectinas totais*
Processo Processo
Observaes LipossomasProporo vero-inverno 1:3
Tambm com adio de prata, cobre e mercrio
* Somente Iscador Spezial 5 mg** Com exceo de carvalho (Qu -
Querci)
Tabela 3. Concentraes ou apresentaes.
Abnoba Helixor Iscador Iscador (Brasil) Iscucin Isorel
Extrato 1:50 1:20 1:5 1:5 1:6 1:16,5
Apresentaes
100 mg
60 mg
50 mg H = 1:20 (20-1)
36 mg
30 mg
24 mg
20 mg 20 mg 20 mg D1 20%
12 mg
10 mg 10 mg D2
6 mg
5 mg 5 mg Spezial
G = 1:400 (20-2)
2 mg
1 mg 1 mg D3 1 mg
0,2 mg
F = 1:8000 (20-3)
0,1 mg 0,1 mg D4
0,02 mg
0,01 mg 0,01 mg D5
E = 1:160000 (20-4)
D6 0,001 mg D6
D = 20-5
0,0001 mg
C = 20-6
D10 D10
B = 20-8
A = 20-10
D17
D20
D30 D30
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CONCLUSOApesar de seguirem basicamente os mesmos cri-trios na
preparao dos medicamentos de Vis-cum album, inspirados nas indicaes
de Rudolf Steiner, os produtos resultantes tm substanciais
diferenas. Diferentes subespcies e hospedeiras so utilizadas. Na
colheita, existem diferenas nas partes utilizadas, na sua idade e
na manei-ra de conserv-las at o processo de extrao e mesmo nas
pocas de colheita. Na extrao, diferentes mtodos e meios so
empregados, re-sultando em quantidades bastante distintas dos
principais componentes qumicos da planta, im-pactando diretamente
no tipo de eficcia e in-dicao predominante dos diferentes produtos.
Na mistura dos extratos, dois princpios bastante diferentes so
aplicados, com mquinas muito especiais construdas pelos ou
exclusivamente para os respectivos fabricantes, que podem levar a
sutis diferenas de efeitos nos pacientes. Quan-do ocorre alguma
padronizao de concentrao ou potncia, ela realizada com critrios
bastan-te distintos. Por fim, as formas de dinamizao e as
concentraes finais so tambm bastante diferentes, permitindo uma
comparabilidade bas-tante limitada entre os preparados.
Recomenda-se, ento, que a prescrio e o uso dos preparados no
sigam um padro nico e uniforme para todos os preparados, mas sejam
feitos de acordo com as informaes e indica-es fornecidas pelos
fabricantes, ou de acordo com experincias anteriores abalizadas,
prprias ou de colegas ou mestres na arte mdica amplia-da pela
antroposofia.
Declarao de conflito de interessesO autor atua como consultor e
mantm, na data da redao deste artigo, contrato de assessoria com a
empresa Helixor Heilmittel GmbH & CO. KG.
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Avaliao: Editor e dois revisores do conselho editorialRecebido
em 01/03/2012Aceito aps modificaes em 25/05/2012
Magano DA
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