VIGILÂNCIA EM SAÚDE Ana Carolina Campos Economista Residente – Gestão Hospitalar Maria da Consolação Magalhães Enfermeira – Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente (HU-UFJF) [email protected]
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Ana Carolina Campos
Economista Residente – Gestão Hospitalar
Maria da Consolação Magalhães
Enfermeira – Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do
Paciente (HU-UFJF)
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
O conceito inicial de “Vigilância em Saúde” se relacionava com conceito de saúde e doença
presentes em cada época e lugar, às práticas de atenção do doentes e aos mecanismos
adotados para tentar impedir a disseminação das doenças.
Com o desenvolvimento das investigações no campo das doenças infecciosas e o advento da
bacteriologia, resultaram no aparecimento de novas e mais eficazes medidas de controle das
doenças. Surgindo, então, na saúde pública o conceito de “vigilância”, sendo limitada na função
de observar contatos de pacientes atingidos pelas denominadas “doenças pestilenciais”.
A partir da década de 50 o conceito de “vigilância” vem sendo modificado, atingindo um cenário
mais amplo no campo da saúde. Resumidamente, tem-se a Vigilância em Saúde como o
acompanhamento sistemático de eventos adversos à saúde na comunidade.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
No campo da saúde, a vigilância está relacionada às práticas de atenção e promoção da saúde
dos cidadãos e aos mecanismos adotados para prevenção de doenças.
Além disso, integra diversas áreas de conhecimento e aborda diferentes temas, tais como
política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, condições de
vida e situação de saúde das populações, processo de trabalho e ambiente e saúde.
Desta forma, a Vigilância em Saúde encontra-se distribuída nos seguintes pontos:
❖ Vigilância Epidemiológica
❖ Vigilância Ambiental
❖ Vigilância Sanitária
❖ Vigilância de Agravos Relacionados ao Trabalho (Saúde do Trabalhador).
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Art. 6º da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990.
Entende-se por “Vigilância Epidemiológica” um conjunto de ações que proporcionam o
conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as
medidas de prevenção e controle das doenças e agravos.
No âmbito hospitalar a Vigilância Epidemiológica realiza o monitoramento de casos
hospitalizados por doenças e agravos prioritários para o Sistema Nacional de Vigilância em
Saúde (SNVS), através da notificação compulsória
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
É a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de
saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a
ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública,
descritos nas portarias e resoluções específicas, podendo ser imediata ou semanal, de acordo
com o agravo.
❖ Portaria nº 204, do Ministério da Saúde do dia 17 de fevereiro de 2016.
❖ Resolução SES nº 3244 de 25 de Abril de 2012.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
DOENÇAS EMERGENTES OU REEMERGENTES
As doenças emergentes são aquelas que surgem com impacto significativo sobre o ser
humano, devido a gravidade, potencialidade de deixar sequelas limitadoras e/ou morte, pelas
repercussões sócias relacionadas à sua prevalência, reveladoras de degradação ambiental.
As doenças reemergentes ou resistentes às drogas são aquelas que reaparecem após um
período de declínio significativo (como cólera e dengue no Brasil) ou ameaçam aumentar em
um futuro próximo (sarampo, pólio...).
As infecções reemergem tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos.
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DOENÇAS NEGLIGENCIADAS
São aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas tropicas e são consideradas
endêmicas em populações de baixa renda na África, Ásia e América Latina.
Apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de
medicamentos e em seu controle.
Estas doenças incapacitam ou matam milhões de pessoas e representam uma necessidade
médica importante que permanece não atendida.
Doenças tropicais e a tuberculose são responsáveis por cerca de 11,4% da carga global de
doença.
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AIDS
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
Apesar do amplo conhecimento sobre a doença, a notificação é de suma importância para:
❖ Planejamento dos serviços de saúde (medicamentos, exames, profissionais...)
❖ Verificação de mudanças no perfil da doença
❖ Promover campanhas educativas para o público prioritário
❖ Avaliar eficácia de tratamento....
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ESTADO Nº DE CASOS
Amazonas 742
Roraima 280
Rio de Janeiro 14
Rio Grande do Sul 13
Pará 2
São Paulo 1
Rondônia 1
Fonte: Ministério da Saúde
Casos de Sarampo no Brasil em 2018
Cobertura Vacinal no Brasil
1ª dose: 85%
2ª dose: 67%
Meta: 95%
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
Por que notificar uma doença?
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
A informação é o produto obtido a partir de determinada combinação e interpretação de dados.
Ela possibilita o conhecimento, a avaliação e o juízo sobre determinada situação. Sendo um
importante recurso para subsidiar o processo de planejamento, tomada de decisão, execução e
avaliação das ações desencadeadas.
Situação da Saúde
Avaliação
Dados Informação Conhecimento Decisão Ação
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
Endemia – existência mais ou menos constante de uma doença ou agravo, em determinado
lugar e período de tempo. O que define o caráter endêmico de uma doença é o fato de a
mesma ser peculiar a um povo, país ou região.
Epidemia – elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em determinado lugar e
período de tempo, caracterizado de forma clara um excesso em relação à frequência esperada.
Pandemia – uma epidemia de grandes proporções, que se espalha a vários países e a mais de
um continente.
Surto – tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e
bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creche, escola, condomínio).
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
MEDIDA DE PREVALÊNCIA
É a relação entre o número de casos existentes (novos e antigos) de uma determinada doença
e o número de pessoas na população, em um determinado período. Na interpretação da
medida da prevalência, deve-se lembrar que a mesma depende do número de pessoas que
desenvolveram a doença no passado e continuam doentes no presente.
𝑪𝒐𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝑷𝒓𝒆𝒗𝒂𝒍ê𝒏𝒄𝒊𝒂 =𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝐸𝑋𝐼𝑆𝑇𝐸𝑁𝑇𝐸𝑆 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑥 𝑘
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
MEDIDA DE INCIDÊNCIA
É um dos melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuindo, aumentando ou
permanecendo estável, pois indica o número de pessoas da população que passou de um
estado de não-doente para doente ou vice-versa.
𝑪𝒐𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝑰𝒏𝒄𝒊𝒅ê𝒏𝒄𝒊𝒂 =𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑁𝑂𝑉𝑂𝑆 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜x k
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
TAXA DE INCIDÊNCIA
Casos da doença “x” em dois bairros em 2017:
Incidência absoluta (A): 40/1000
Incidência absoluta (B): 60/1000
Taxa de Incidência (B): (60/1000)*100 = 6 por cem habitantes.
Taxa de Incidência (A): (40/((100*1) + (200*0,75) + (500*0,5) + (200*0,25))*100 = 7, 27 por cem habitantes.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
EXEMPLO:
O município de Santa Maria (que tem 270.000 habitantes) possui atualmente 1500
portadores do vírus HIV. No ano de 2017, 96 novos casos foram registrados na cidade
(dados hipotéticos).
1) Calcule o coeficiente de prevalência em 2017.
2) Calcule o coeficiente de incidência em 2017.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
COMO CALCULAR O NÍVEL ENDÊMICO DE UMA DOENÇA E DIAGNOSTICAR A
OCORRÊNCIA DE UMA EPIDEMIA
❖ verificar se a distribuição do número de casos/incidência da doença, registrado mensalmente
durante os últimos anos (geralmente dez anos ou mais), apresenta grandes variações;
❖ excluir os dados referentes a anos epidêmicos;
❖ calcular a média aritmética e os desvios-padrão de cada distribuição mensal das incidências
registradas no período selecionado;
❖ calcular o intervalo de confiança;
❖ representar graficamente a distribuição (diagrama de controle);
❖ analisar como se comporta a distribuição de uma determinada doença frente ao diagrama de
controle.
Caso os valores plotados ultrapassem o limite máximo da variação esperada, diz-se que estáocorrendo uma epidemia.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
1994 Média Limite máximo esperado
DIAGRAMA DE CONTROLE
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
INDICADORES EM AMBIENTE HOSPITALAR
Busca ativa no CAPS Liberdade sobre notificações de violências. Sendo analisados 246
prontuários e constatando que 21% dos pacientes haviam sido acometidos a violência.
26,3
22,8
21,1
7,0
3,5 3,5 3,5 3,5
1,8 1,8 1,8 1,8 1,8
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
Violência Física Tentativa deauto extermínio
IntoxicaçãoExógena
Física / Psi/Moral / Fin
Física / Psi/Moral
Física / Psi/Moral / Fin
/Negligência
Física / Psi/Moral/ Tent
autoexterminio
ViolênciaSexual
Psi/ Moral/ Tentautoexterminio
Sexual /Física/Psi/Moral
Aids Sífilis Finaceira/econ
CASOS DE FEBRE AMARELA NO HU-UFJF
Semana 1
Semana 2
Semana 3
semana 4
Semana 5
Semana 6
Semana 7
Semana 8
Semana 9
Semana 10
Semana 11
Semana 12
Semana 13
Semana 14
Semana 15
Semana 16
Semana 17
Semana 18
Semana 19
0
2
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0
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6
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6
2
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2
1
0
2
0 0 0
1
0 0
1
4
8
2
3 3
2
3
0 0 0 0 0 0 0 0 0
Suspeitos Conf irmados
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SISTEMAS DE GESTÃO
SIH – SUS: Registra todos os atendimentos provenientes de internações hospitalares que
foram financiadas pelo SUS e gera relatórios sobre internações por doenças de notificação
compulsória. Caso a doença não tenha sido notificada o hospital recebe uma glosa na AIH.
VIGIHOSP – Busca agilizar ao Serviço de Qualidade Hospitalar, a ciência e a solução de
problemas ocorridos nos hospitais, facilitando o processo decisório em ações para melhoria da
qualidade dos serviços prestados ao paciente. Sendo necessário, sempre que possível, a
notificação em tempo real.
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas
e desafios. São Paulo: Martinari, 2011.
Guia de Vigilância Epidemiológica – 6ª edição (2005) – 2ª reimpressão (2007). Série A.
Normas e Manuais Técnicos. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília / DF – 2007.
MENEZES, A. M. B. Noções básicas de epidemiologia. Silva LCC, Menezes AMB,
organizadores. Epidemiologia das doenças respiratórias. Rio de Janeiro: Revinter, p. 1-
25, 2001.
SOARES, D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. Epidemiologia e indicadores de
saúde. Bases da saúde coletiva. Londrina: Ed. UEL, p. 183-210, 2001.