Serviço de Consulta Psicológica da Universidade da Madeira Vêm aí as frequências: Pequenos truques para estudar melhor
Apr 07, 2016
S e r v i ç o d e C o n s u l t a P s i c o l ó g i c a d a U n i v e r s i d a d e d a M a d e i r a
Vêm aí as frequências: Pequenos truques para estudar
melhor
VÊM AÍ AS FREQUÊNCIAS: PEQUENOS TRUQUES PARA ESTUDAR MELHOR 1
Este material foi criado pela Equipa de Psicólogos do Serviço de Consulta Psicológica da Universidade da Madeira (SCP-‐UMa)
em Novembro de 2011.
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Aprender?!
Processo dinâmico de aquisição de novos conhecimentos, de desenvolvimento de
competências e de mudança de comportamentos.
“A aprendizagem é sempre um trabalho de autor.”
(Rosário, 2004, p. 11)
A aprendizagem é um processo ativo em que os sujeitos estabelecem objectivos, tentam
monitorizar, regular e controlar as cognições, motivações e comportamentos, de modo a
alcançar a meta definida.
Como se aprende?
Adaptado de Dias (2006)
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Segundo a teoria do processamento de informação (Atkinson & Shiffrin, 1968), a
informação é captada através dos receptores sensoriais, sobretudo os olhos e ouvidos.
Esta informação fica retida na memória imediata ou sensorial durante um curto espaço
de tempo (3 ou 4 segundos).
Se esta não for objecto de atenção, decai ou desaparece da memória imediata ou
sensorial.
A atenção é, por isso, um factor essencial para evitar o esquecimento da informação e,
deste modo, possibilitar a aprendizagem.
Depois da informação ser alvo de atenção esta passa para a memória de trabalho, antes
de ser armazenada na memória a longo prazo.
A passagem à memória a longo prazo exige que a informação seja mantida em exercício
na memória de trabalho durante 10 a 30 segundos.
Outros factores como a motivação, as emoções e as expectativas também interferem no
processo de assimilação da informação.
Todavia, é entre a memória de trabalho e a memória a longo prazo que se concretiza
grande parte da aprendizagem.
O estabelecimento de ligações entre a nova aprendizagem e a antiga aumenta a
probabilidade desta ser armazenada em permanência na memória a longo prazo.
Em primeiro lugar, é preciso compreender como se estuda para melhor se
poder rentabilizar os recursos internos e os métodos de estudo utilizados.
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Alguns factores que influenciam a
aprendizagem… MOTIVAÇÃO
Factor chave para uma aprendizagem bem-‐sucedida.
Quando se está mais motivado, maior o envolvimento e o empenho e, consequentemente,
melhor o desempenho académico (Consulte também o folheto “Qual o segredo da
Motivação?” para mais dicas).
Deste modo, procura identificar e questionar as tuas motivações para o
estudo:
• “O que guia o meu estudo na Universidade?”
• “Que objectivos tenho?”
• “Em que me pode ajudar os estudos na minha formação como pessoa?”
Sem objectivos de aprendizagem é muito difícil
manter a motivação suficiente para estudar.
Encontra, por isso, os teus OBJECTIVOS!
Define-‐os!
No estabelecimento de objectivos tem em atenção a seguinte regra – CRAVA
(concretizáveis, realistas e avaliáveis).
De igual modo, divide-‐os em etapas. Ao defini-‐los deste modo tens uma maior percepção de
domínio sobre os mesmos, sendo mais provável a sua concretização.
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CONCENTRAÇÃO Essencial para se poder tirar proveito das horas de estudo.
A concentração facilita a apreensão e memorização da
informação. (consulte o folheto “ Concentrado ou não?” para mais
dicas).
Como podes melhorar a tua capacidade de concentração?
• Estuda nas horas em que produzes melhor;
• Estuda as matérias mais difíceis nos momentos em que estás com mais energia;
• Evita estudar quando estiveres cansado ou sonolento;
• Faz pequenos intervalos durante o estudo;
• Tem uma alimentação cuidada e uma boa higiene de sono.
ATITUDE POSITIVA FACE AO ESTUDO
Uma atitude positiva face ao estudo pode ser um facilitador de aprendizagem.
“De asas fechadas ninguém aprende a voar.” (Rosário, Pérez & González-‐Pienda, 2007)
O desejo de aprender e a crença nas capacidades e potencialidades, ao nível do estudo,
aumenta o interesse pelo estudo e diminui a ansiedade e sentimentos de inadequação
passíveis de surgir nos momentos mais difíceis (ex.: face a uma nota inferior num exame ou
trabalho).
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AMBIENTE DE ESTUDO
As condições ambientais podem interferir, negativamente ou positivamente, no rendimento
académico.
Um ambiente propício à aprendizagem deverá preencher alguns destes
requisitos:
• Ser um local próprio para estudar (evitar estudar deitado na cama ou no sofá)
• Ser calmo e sem interferências (ex.: telemóvel, ruído de televisão)
• Ter uma boa iluminação, temperatura amena e boa ventilação
• Ter mesa e cadeira adequadas
• Estar arrumado e organizado
• O material de estudo deverá ser de fácil acesso
MÉTODO DE ESTUDO
O método de estudo prediz, em grande parte, o sucesso académico.
Muitas vezes, a falta de método de estudo adequado está na origem de um desempenho
académico diminuído.
Reflete sobre os teus hábitos e métodos de estudo que podem estar a entravar o teu
desempenho académico. Mantém e potencia aqueles que te ajudam a aprender melhor!
Como planear e organizar o estudo?
Para seres bem-‐sucedido no estudo é fundamental que definas à priori um plano de estudo.
Deste modo, terás mais tempo para organizar e rever os conteúdos estudados, o que
contribui para que te sintas mais confiante e seguro.
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No plano de estudo…
• Faz uma lista de coisas a fazer (Lista “CAF”);
• Prioriza as tarefas, segundo o seu grau de importância (indica a quantidade de tempo a
despender à tarefa) e de urgência (indica o prazo de realização);
• Faz uma tarefa de cada vez;
• Estima o tempo para cada tarefa e reserva um dia e uma hora para fazê-‐la;
• Dedica algum tempo aos imprevistos e ao lazer;
• Atualiza e revê diariamente as atividades que tens para fazer, antes de começar a fazê-‐
las.
O plano de estudo deve ser realista tendo em conta as tuas necessidades.
Coloca-‐o num lugar visível (na secretária, na capa de um dossier).
Compromete-‐te com o teu plano.
Recompensa-‐te pelos teus esforços e tentativas de concretização.
MODELO PLEA Adaptado de Rosário, González-‐Pienda e Pérez (2006)
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Algumas técnicas de estudo que facilitam a
aprendizagem…
A. TOMADA DE APONTAMENTOS
Porquê?
• Ajuda a focar a atenção
• Nem toda a informação que o professor transmite nas aulas está nos livros
• Ajuda a compreender e a memorizar mais facilmente
Para quê?
• Facilita o estudo em casa
• Ajuda a relembrar os assuntos abordados na aula
• Ajuda a acompanhar melhor a sequência da matéria dada.
DICAS PARA TOMAR APONTAMENTOS
Antes da aula:
1. Revê os apontamentos que tiraste na aula anterior.
2. Prepara-‐te, realizando os exercícios e as leituras sugeridas.
3. Reúne o material necessário: folhas, canetas, livros…
4. Chega antes do início da aula de modo a poderes escolher um lugar de onde possas ver
bem o quadro e ouvir o professor sem dificuldade.
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Durante a aula:
1. Está atento, tentando identificar as ideias principais. Procura algum indicador (inflexão
de voz, explicitação, não verbal…) que te sugira a importância da informação.
2. Evita distraíres-‐te com toques de telemóvel, SMS, conversas laterais, sonhar acordado, …
3. Usa abreviaturas e não tentes escrever tudo o que o professor diz: seleciona.
4. Destaca as mudanças de assunto.
5. Numera e data os apontamentos referentes a cada aula.
Depois da aula:
1. Completa os apontamentos com novas informações e exemplos logo que possas para
não te esqueceres do mais importante.
2. Esclarece, com o professor ou com os colegas, alguma ideia que esteja incompleta ou
que não faça sentido.
3. Elabora questões à medida que estudas a matéria.
4. Transforma e organiza a informação recorrendo a estratégias de aprendizagem: resumo,
sublinhado, esquemas, síntese, mapas de ideias.
5. Responde a questões, às tuas, mas também a outras, por exemplo de exames de anos
anteriores.
Adaptado de Rosário, González-‐Pienda e Pérez (2006)
B. LEITURA É fundamental o uso de técnicas de optimização de leitura, de modo a fazer face ao volume
de livros artigos que são exigidos ler na universidade. No processo de leitura podemos
destacar três grandes fases (adaptado de Guerra, 2006):
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Levantamento
Ler todos os títulos e subtítulos, sumário
Ver as <iguras, quadros e grá<icos
Procurar <icar com uma ideia geral dos assuntos principais
tratados no texto
Pensar um pouco sobre o que sabe sobre os assuntos a
estudar.
Envolvimento
Ler atentamente todo o texto
Sublinhar as palavras-‐chave com marcadores
Procurar responder às questões expostas
Revisão
Rever pontos importantes
Rever notas, comentários, resumos
Fechar o livro e procurar recordar as ideias principais
Repetir recitando, o que acabou de ser estudado
Procurar explicar por palavras próprias os conceitos
Para evitares o desconforto aquando a leitura, deves sentar-‐te de forma direita, colocar o
livro sobre uma mesa a 35 ou 45 cm dos olhos, fazer algumas pausas regulares para evitar o
cansaço ocular e fazer alguns exercícios de relaxamento.
C. ELABORAÇÃO DE RESUMOS
Os resumos permitem sintetizar os pontos principais de um texto, facilitando uma maior
assimilação e memorização dos conteúdos do mesmo.
Para elaborar um bom resumo deves:
• Identificar os pontos/aspectos principais do texto a constar no resumo;
• Reduzir a extensão do texto, aproximadamente a 2/3 do texto base;
• Utilizar as tuas próprias palavras;
• Respeitar a ideia do autor e a ordem pela qual as ideias ou factos são apresentados no
texto base;
• Rever as notas. Caso o texto não esteja claro, deverás proceder às retificações.
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D. ESQUEMATIZAÇÃO
Os esquemas permitem a apresentação visual de ideias, conceitos ou etapas de um
processo. Para o efeito, podem ser usadas linhas, setas, círculos, quadrados, chavetas, entre
outros símbolos diversos.
Ao elaborar um esquema, deves prestar atenção aos seguintes aspectos:
• Fidelidade ao texto original (conter as ideias do autor, sem as modificar)
• Estrutura e sequência lógica (partir de uma ideia geral para as ideias específicas)
• Utilidade e funcionalidade (facilitar a compreensão e revisão dos conceitos principais)
E. MEMORIZAÇÃO
Existem várias estratégias que podem potenciar a capacidade de memorização, factor
essencial para um bom desempenho nas provas académicas.
Na escolha de uma ou mais estratégias é importante que te apercebas da forma particular
como melhor “registas e gravas” a informação. Podes ser mais visual (absorver melhor
aquilo que vês), ou mais auditivo (fixar melhor o que ouves) e/ou ainda cinestésico (gravar
melhor a informação quando a “manipulas”).
Note-‐se que, de um modo geral:
• Recordamos mais facilmente aquilo que desejamos, compreendemos e aquilo que nos
capta mais a atenção.
• Recordamos melhor o início e o fim de um evento.
• Recordamos melhor a informação inserida num contexto.
• Recordamos melhor o que é diferente e invulgar
• Memorizamos melhor por associação de informação e por imagens
• A memorização multissensorial (recorrendo a diferentes meios visuais, auditivos)
facilita a recordação.
(Guerra, 2006)
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“Eu ouço e esqueço…
Explico aos outros e compreendo!” Confúcio
Como realizar uma memorização eficiente?
UTILIZAÇÃO DE MNEMÓNICAS – forma de organizar o material para ser aprendido de
maneira original. Há vários tipos de mnemónicas desde rimas, acrónimos (como “LER”,
associando números a letras). Quando a matéria é muito complexa pode ser difícil criar
mnemónicas que depois sejam fáceis de memorizar.
MÉTODO DOS LUGARES – associar a uma informação a memorizar a lugares conhecidos ou
coisas conhecidas. Ex.: associar uma lista de compras a um percurso entre a universidade e
a casa. Tal implica que se consiga ter facilidade em associar um espaço a uma determinada
matéria.
MÉTODO DAS ASSOCIAÇÕES – elaborar, por exemplo, uma história em que se associa cada
acontecimento da história a algo a memorizar.
MÉTODO DAS PALAVRAS-‐CHAVE – associar um tópico a uma palavra-‐chave, de modo a que
ao se lembrar desse termo, se venha a recordar da informação associada a esse termo, bem
como da sequência de raciocínio. A escolha da palavra-‐chave é muito importante, na
medida em o esquecimento dessa palavra pode implicar a perda de todo o raciocínio.
MÉTODO DA REPETIÇÃO – repetir a informação várias vezes, em voz alta ou não, até ficar
apreendida. Embora seja uma técnica muito utilizada, é pouco eficaz, na medida em que
implica muito esforço mental e não evita o esquecimento, sobretudo se for apenas uma
fixação sem compreensão.
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Para consolidar a informação é importante a REVISÃO. A revisão funciona como um travão do esquecimento. Sendo assim, devem ser periódicas e
devidamente espaçadas. Deverá efetuar uma revisão após se ter estudado pela primeira vez
uma matéria, voltando a rever, pelo menos, mais uma vez a mesma antes da frequência.
“Aprender sem pensar
é tempo perdido.”
(Confúcio)
14 VÊM AÍ AS FREQUÊNCIAS: PEQUENOS TRUQUES PARA ESTUDAR MELHOR
Referências bibliográficas: Carvalho, R., Moreira, L., Sanches, J. & Santos, M. (1987). Desenvolvimento de competências
de Estudo nos Jovens. Cadernos de Consulta Psicológica, 3, 89-‐92.
Dias, G. (2006). Apoio Psicológico a jovens do ensino superior: Métodos, técnicas e
experiências. Porto: Edições ASA.
Guerra, P. (2000). Cerebrus: A gestão interpessoal. Lisboa: Pergaminho.
Silva, A. & Sá, I. (2007). Saber estudar e estudar para saber. Porto: Porto Editora.
Rosário, P., Pérez, C. & González-‐Pienda, J. (2007). Sarilhos do Amarelo (2ªEd.). Porto: Porto
Editora.
Rosário, P., González-‐Pienda, J. & Pérez, C. (2006). Cartas Do Gervásio ao seu amigo umbigo.
Coimbra. Edições Almedina.
Rosário, P. (2004). Estudar o Estudar: As (Des)venturas do Testas. Porto: Porto Editora.
Livro Recomendado para leitura:
Seco, G, Pereira, A., Filipe, L, Alves, S. & Duarte, A. (2012). Como ter sucesso no Ensino
Superior. Guia Prático do Estudante. Lisboa: Pactor
Rosário, P., González-‐Pienda, J. & Pérez, C. (2006). Cartas Do Gervásio ao seu amigo
umbigo. Coimbra. Edições Almedina
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Novembro de 2011