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Variabilidade pluvial no semiárido brasil Impactos e vulnerabilidades na paisagem da bacia
rio Moxotó
eiro:
hidrográfica do
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Tese de Doutorado apresentada ao programa
de pós-graduação em Geografia
Keyla Manuela Alencar da Silva Alves
Orientador: Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Variabilidade pluvial no semiárido brasileiro: Impactos e vulnerabilidades na paisagem da bacia
hidrográfica do rio Moxotó
Keyla Manuela Alencar da Silva Alves
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal de
Pernambuco, orientada pelo Prof.
Dr. Ranyére Silva Nóbrega, como
requisito para obtenção de grau de
doutor em Geografia.
Recife
2016
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Catalogação na fonte
Bibliotecária Maria do Carmo de Paiva, CRB-4 1291
A474v Alves, Keyla Manuela Alencar da Silva. Variabilidade pluvial no semiárido brasileiro : impactos e
vulnerabilidades na paisagem da bacia hidrográfica do rio Moxotó / Keyla Manuela Alencar da Silva Alves. – 2016.
162 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em Geografia, Recife, 2016.
Inclui referências.
1. Geografia. 2. Mudanças climáticas – Aspectos ambientais. 3. Impacto ambiental. 4. Bacias hidrográficas – Moxotó, Rio, Vale (PE e AL). 5. Precipitação (Meteorologia). I. Nóbrega, Ranyére Silva (Orientador). II. Título.
910 CDD (22.ed.) UFPE (BCFCH2016-52)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - CFCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS - DCG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - PPGEO
KEYLA MANUELA ALENCAR DA SILVA ALVES
VARIABILIDADE PLUVIAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: IMPACTOS E
VULNERABILIDADES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOXOTÓ EM PERNAMBUCO
Tese aprovada, em 29/02/2016, pela comissão examinadora:
Prof. Dr. Ranyére Silva Nóbrega (1º examinador – orientador – PPGEO/DCG/UFPE)
Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça (2º examinador – Geografia/UFPR)
Prof. Dr. Antonio Carlos de Barros Corrêa (3º examinador – PPGEO/DCG/UFPE)
Prof. Dr. Osvaldo Girão da Silva (4º examinador – PPGEO/DCG/UFPE)
Prof. Dr. Kleython de Araújo Monteiro (5º examinador – Geografia/UFAL)
RECIFE 2016
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A ciência é mais que um simples
conjunto de conhecimentos: é uma
maneira de pensar.
Carl Sagan
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Ranyere Nóbrega, pela humildade e
paciência em compartilhar conhecimentos acadêmicos e experiências. Por
dedicar-se não apenas transmitir informações, e sim em assumir a função de
um verdadeiro mestre que contribui na formação plena de seus alunos.
Obrigada por todos os anos de ensinamentos.
A minha mãe Ruth Alencar, por tudo que ela é, e por toda educação e
sabedoria que me transmitiu, pela dedicação, entrega e amor, tudo que faço é
para ela e por ela. Aos meus irmãos, Kessio e Kenya, minha mais profunda
gratidão pelo amor e apoio.
Ao meu amor e companheiro Tomás Dahm, porto de todas minhas
tempestades. Obrigada por não me deixar desistir.
A todos meus amigos do Laboratorio de Territorio y Medio Ambiente da
Universidad de Chile, principalmente a Dustyn Opazo, Silvana Espinosa,
Josefa Vergara, Pamela Smith e o prof. Dr. Hugo Romero. Minha estadia juntos
a vocês foi uma das etapas mais importantes para meu crescimento
profissional.
Aos meus amigos queridos do GEQUA, TROPOCLIMA, e especialmente
ao meu amigo Edvaldo Dias (NEMA).
As minhas queridas amigas Larissa Rafael, Jessica Menezes, Ana Clara
Magalhães, Drielly Fonseca e Luanda Calado, pela ajuda nas horas de tensão
da tese. Que nossa solidariedade fortaleza a presença feminina na ciência.
A todos os meus professores da Universidade Federal de Pernambuco.
A Blanca Vasquez Torres e Prof. Esteban Soto, da Universidad
Tecnológica Metropolitana, pelo apoio e compreensão.
A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de
Pernambuco (FACEPE) por financiar esta pesquisa.
Agradeço a todos meus amigos de Olinda por compreenderem minha
ausência e por me apoiarem.
Muito obrigada!
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RESUMO
A pesquisa aqui presente visou compreender os aspectos das mudanças
ambientais (climática e da cobertura vegetal), e os impactos e vulnerabilidades
produzidas por tais mudanças na Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó, que se
encontra localizada no semiárido pernambucano. Para análise das mudanças
ambientais foram utilizadas a técnica de análise de tendência de precipitação
Mann-Kendall, aplicada a uma série de dados de 84 anos extraídos de 38
estações meteorológicas, e para análise espaço-temporal das mudanças da
cobertura vegetal a técnica NDVI utilizando imagens satelitais Landsat 5 e 7.
Com base nos dados obtidos a partir dessas técnicas, observaram-se os
impactos e também serviram para compor como indicadores na construção do
índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas. O resultado da análise de
tendência de precipitação apresentou que as tendências na área da bacia não
são homogenias; e que o resultado referente à análise do comportamento da
cobertura vegetal demonstra que a vegetação nativa apresenta-se mais
conservadas nas áreas de altitudes mais elevadas e nas áreas de morros
testemunhos e relevos residuais da bacia sedimentar do Jatobá. Para
construção do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas foram
selecionados indicadores tomando como critério de seleção a relação
conceitual \cientifica que cada um destes possuía com as mudanças climáticas
e a área de estudo. Assim foram selecionados indicadores de caráter social,
econômico e físico que foram agrupados em três subíndices (exposição,
sensibilidade e capacidade adaptativa), onde cada um desses subíndices
representava a variabilidade climática e as mudanças na cobertura vegetal, as
vulnerabilidades sociais e econômicas e os aspectos positivos que favorecem a
adaptação às mudanças ambientais, respectivamente. Dentre os resultados
gerados pelos subíndices e índice final, observou-se que os municípios em
situação mais grave são Jatobá, Ibimirim e Tupanatinga, que apresentaram os
níveis mais elevados de vulnerabilidades ás mudanças climáticas. A partir de
todos os resultados e análises apresentados fica evidente a importância dos
estudos de vulnerabilidades sociais e ambientais como recursos para o
entendimento dos efeitos das mudanças climáticas sobre sistemas sociais e
ambientais.
Palavras – chaves: mudanças climáticas, vulnerabilidade, bacia hidrográfica
do rio Moxotó, tendência de precipitação, NDVI.
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ABSTRACT
This research aimed to understand environmental changes aspects (climate
and vegetation cover), and the impacts and vulnerabilities produced by those
changes in Moxotó watershed, located in semiarid. In order to investigate the
environmental changes, Mann-Kendall trends test was applied to analyze
precipitation trends by using a series of 84-year data obtained from 38
meteorological stations, and to evaluate space-temporal changes in vegetation
cover NDVI method was used through Landsat 5 and 7 imagery. The data
provided by these methods permitted to observe the impacts and served as
indicators of climate change vulnerability index. The results of Mann-Kendall
test showed that trends of precipitation in Moxotó watershed are not
homogeneous; and the analysis of vegetation cover behavior demonstrates that
native vegetation is well-preserved in higher altitude areas and residual
landforms of Jatobá sedimentary basin. Indicators used to construct the climate
changes vulnerabilities index were selected trough their conceptual/scientific
relation between climate changes and the study area. Therefore, social,
economic and physical indicators were selected and clustered in three sub-
indexes (exposure, sensibility and adaptive capacity), each one represented the
climate variability and changes in vegetation cover, social and economic
vulnerabilities and positive aspects that favors adaptation to climate change,
respectively. The outcomes obtained through the sub-indexes and final index
presented that Jatobá, Ibimirim and Tupanatinga municipalities presented the
highest vulnerability levels to climate changes. Based on the results and
analysis mentioned, became evident the importance of researches in social
and environmental vulnerabilities issues to support the understanding of climate
changes effects on social and environmental systems.
Keywords: climate changes; Moxotó watershed; NDVI; precipitation trend;
vulnerability
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................... 12
1. REVISÃO TÉORICA E CONCEITUAL.......................................................... 15
1.1 INFLUÊNCIA DA TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NO DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA FÍSICA: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS, TEÓRICAS E CONCEITUAIS...............................................
15
1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NATURAIS E ANTRÓPICAS...............................................................................................
20
1.3 VULNERABILIDADE SOCIAMBIENTAL AS MUDANÇAS DO CLIMA E OUTROS CONCEITOS.................................................................................
27
2. METODOLOGIA CIENTÍFICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS............... 35
2.1 CARACTERIZAÇÄO DA ÁREA DE ESTUDO............................................... 35
2.2 PROCEDIMENTOS TÈCNICOS.......................................................... 46
2.2.1 ANÁLISES DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES TEMPORAIS............................ 46
2.2.2 ANÁLISES ESPAÇO-TEMPORAL DE IMPACTOS SOBRE A COBERTURA VEGETAL...............................................................................
47
2.2.3 CONCEITUAÇÃO E METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE FRENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CRIAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – IVMC..............................................................................................................
59
3. VALIDAÇÃO DO MODELO: APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO ALTIPLANO CHILENO.......................................................................................................
68
4. RESULTADOS.................................................................................. 73
4.1 ANÁLISE DE TENDÊNCIA PLUVIOMÉTRICA............................................. 73
4.2 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA BACIA............................................................................................................
90
4.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS................ 101
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 138
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 144
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LISTAS DE FIGURAS
Figura 1: Esquema das relações entre perigo, risco e vulnerabilidade............. 31 Figura 2: Quem é vulnerável a quê e por quê?................................................. 33 Figura 3: Mapa de localização da bacia hidrográfica do Moxotó – PE............. 38 Figura 4: Mapa altimétrico da bacia hidrográfica do rio Moxotó – PE............... 39 Figura 5: Caatinga arbórea – arbustiva de baixa densidade............................. 57 Figura 6: Caatinga arbórea – arbustiva de media densidade........................... 58 Figura 7: Caatinga arbórea – arbustiva de alta densidade............................... 58 Figura 8: Hierarquização da informação para elaboração do índice a parir de
indicadores e dados brutos................................................................
60
Figura 9: Mapa da distribuição espacial das estações meteorológicas............ 74
Figura 10: Espacialização dos resultados obtidos na análise de tendência pluviométrica........................................................................................
80
Figura 11: Resultados do NDVI da bacia para série 1984 a 2011....................... 95 Figura 12: Vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012)... 104 Figura 13: Vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012)... 105 Figura 14: Retirada de vegetação no município de Buíque.................................. 106 Figura 15: Retirada de vegetação por meio de queimada no município de
Buíque..................................................................................................
107
Figura 16: Incêndio florestal no município de Buíque........................................... 107 Figura 17 Construção artesanal para represamento de água no município de
Buíque..................................................................................................
108
Figura 18 Construção artesanal para represamento de água no município de Buíque..................................................................................................
108
Figura 19 Vista panorâmica (baixa) da lagoa do Puiu......................................... 109 Figura 20 Vista panorâmica (alta) da lagoa do Puiu............................................ 109 Figura 21 Gado morto, município de Ibimirim...................................................... 110 Figura 22 Gado desnutrido, município de Ibimirim.............................................. 110 Figura 23 Trecho do riacho do Mel, município de Tupanatinga........................... 111 Figura 24 Gado morto, município de Inajá........................................................... 112 Figura 25 Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu................. 113 Figura 26 Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu................. 114 Figura 27 Mapa do subíndice de exposição........................................................ 118 Figura 28: Mapa do subíndice de sensibilidade.................................................... 124 Figura 29 Mapa do subíndice de capacidade adaptativa.................................... 130 Figura 30 Mapa do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas............... 136
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Relação de estações meteorológicas onde foram extraídos os dados de precipitação........................................................................
48
Tabela 2: Descrição da significância do teste Mann - Kendall ......................... 52 Tabela 3: Valores do índice x Classes.............................................................. 56 Tabela 4: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora........... 58 Tabela 5: Distribuição das estações por setores da bacia................................ 75 Tabela 6: Resultados do método Mann – Kendall para análise de tendência
para precipitação...............................................................................
76
Tabela 7: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora........... 93 Tabela 8: Taxa de solo degradado nos municípios da bacia do Moxotó........... 100 Tabela 9: Resultados dos indicadores para cada município correspondente... 115 Tabela 10: Resultados do subíndice de exposição............................................. 116 Tabela 11: Critérios para a severidade da exposição climática nos municípios
da bacia.............................................................................................
117
Tabela 12: Resultados dos indicadores para cada município correspondente... 121 Tabela 13: Resultados do subíndice de sensibilidade......................................... 122 Tabela 14: Critérios para a severidade da sensibilidade climática nos
municípios da bacia...........................................................................
123
Tabela 15: Resultados dos indicadores para cada município correspondente....................................................................................
127
Tabela 16: Resultados do subíndice de capacidade adaptativa........................... 129 Tabela 17: Critérios para a severidade da sensibilidade climática nos
municípios da bacia.............................................................................
129
Tabela 18: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.........................................................................
133
Tabela 19: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.........................................................................
134
Tabela 20: Critérios para a severidade do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas...........................................................................
135
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Observações de uma série temporal com previsões de origem t e horizontes de previsão iguais a um, dois e h.....................................
48
Gráfico 2: Resultados do teste Mann-kendall setor leste................................... 76 Gráfico 3: Resultados do teste Mann-kendall setor oeste.................................. 77 Gráfico 4: Resultados do teste Mann-kendall setor centro................................. 77 Gráfico 5: Resultados do teste Mann-Kendall setor sul...................................... 77 Gráfico 6: Resultados do teste Mann-Kendall setor norte.................................. 78 Gráfico 7: Precipitação mensal do setor leste.................................................... 82 Gráfico 8: Precipitação mensal do setor oeste................................................... 83 Gráfico 9: Precipitação mensal do setor centro.................................................. 84 Gráfico 10: Precipitação mensal do setor sul....................................................... 85 Gráfico 11: Precipitação mensal do setor norte.................................................... 86 Gráfico 12: Porcentagem de precipitação mensal do setor leste ........................ 87 Gráfico 13: Porcentagem de precipitação mensal do setor oeste........................ 87 Gráfico 14: Porcentagem de precipitação mensal do setor centro....................... 87 Gráfico 15: Porcentagem de precipitação mensal do setor sul............................ 87 Gráfico 16: Porcentagem de precipitação mensal do setor norte......................... 88 Gráfico 17: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.... 97 Gráfico 18: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da
bacia – categoria 1.............................................................................
97
Gráfico 19: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.... 98 Gráfico 20: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da
bacia – categoria 2.............................................................................
98
Gráfico 21: Valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.... 99 Gráfico 22: Valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da
bacia – categoria 3.............................................................................
100
Gráfico 23: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de exposição. 116 Gráfico 24: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de
sensibilidade.......................................................................................
122
Gráfico 25: Gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa.......................................................................
128
Gráfico 26: Gráfico dos resultados dos subíndices.............................................. 134 Gráfico 27: Gráfico dos resultados do índice de vulnerabilidade às mudanças
climáticas............................................................................................
135
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12
INTRODUÇÃO
Os sistemas naturais possuem estrutura dinâmica, onde é possível
observar ciclos, variabilidades e mudanças. Sistemas naturais interferem em
outros sistemas naturais provocando intervenções. As interferências que os
sistemas naturais causam uns aos outros, não são vistas como problema,
segundo a perspectiva científica. No entanto as intervenções que os sistemas
humanos (através dos processos de expansão industrial, urbanização, extração
de matéria prima, sistemas econômicos etc.) causam aos sistemas naturais
são consideradas como graves impactos, pois não estão inseridos em um
contexto natural, provocando acelerações às mudanças dos sistemas naturais,
ou desacelerações, ou provocando diversos tipos de anomalias.
A vulnerabilidade causada pelas mudanças climáticas refere-se ao grau
em que um determinado lugar ou grupo social está exposto a alguma ameaça
climática e qual capacidade possui para controlar os riscos e danos sem que
afete mecanismos de adaptação às mudanças climáticas. A capacidade de
controle e mitigação está relacionada à maneira como o sistema é afetado e
por quanto tempo está exposto à ameaça. Entretanto para promover a
mitigação é importante reconhecer a capacidade que os sistemas (natural ou
social) possui para enfrentar as adversidades climáticas, identificar a
sensibilidade dos sistemas, quais os efeitos (impactos) e ameaças provocam.
Identificado o grau de exposição e a sensibilidade, determinam as áreas
suscetíveis a impactos ou impactados do sistema. A vulnerabilidade está
intrinsecamente relacionada à ameaça na qual está exposta (exposição): a
sensibilidade e capacidade adaptativa.
Dentre os muitos sistemas que compõem a natureza, o clima é o que
recebe mais atribuições de mudanças por intervenções humanas, no entanto é
um dos mais difíceis de identificar tais alterações, uma vez que os limites
atmosféricos não são tão rígidos e definidos. E por esta razão este estudo
optou por utilizar o recorte espacial bacia hidrográfica, onde são mais
perceptíveis os efeitos (impactos) das mudanças climáticas sobre a paisagem.
Para Christofoletti (1999) toda a problemática das mudanças ambientais
globais, assim como as mudanças climáticas, encaixa-se nesse contexto
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13
conceitual e analítico sistêmico, e esta pesquisa apoia-se na mesma afirmação
para definir sua base teórica conceitual.
O objeto de estudo desta pesquisa é a bacia hidrográfica do rio Moxotó.
Está localizada no semiárido do Nordeste brasileiro. Possui aproximadamente
9.752, 71 km². Faz parte da baia hidrográfica do rio São Francisco. A bacia do
Moxotó está inserida nas microrregiões do sertão do Moxotó
(predominantemente), e do vale do Ipanema e de Itaparica (OLIVEIRA, 2009).
Segundo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente –
SECTMA (2009), a principal demanda hídrica do estado de Pernambuco é para
atendimento à irrigação, e a demanda para irrigação representa
aproximadamente 90% da total na bacia do Moxotó
Além de estar totalmente inserida no semiárido, região caracterizada
pela expressiva variabilidade temporal (inter e intra-anuais) da precipitação e
intensa extração da cobertura vegetal, e com elevados índices de fragilidade
ambiental (BELFORT e BARBOSA, 2011), a bacia do Moxotó também passou
por intensos processos de intervenções antrópicas que provocaram impactos e
potencializaram a vulnerabilidade. No final da década de 1970 o Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS criou o perímetro irrigado na
bacia. Para Montenegro (2009) naquela época “a irrigação era totalmente
voltada para o aproveitamento de solos aluviais, sendo os métodos
gravitacionais os mais usados não havendo preocupação com a baixa
eficiência de distribuição de água própria daqueles métodos” (MONTENEGRO,
2009, p. 36-37).
O perímetro irrigado do Moxotó tornou-se pólo econômico de grande
importância para a época, atingindo seu auge na década de 1980. No entanto a
falta de ordenamento da bacia e o uso excessivo da água levaram o perímetro
a um processo de racionamento, restringindo o uso da água para a irrigação
em 1991, e sua total paralisação em 1996, provocando impactos negativos à
economia regional e local, e também ao meio ambiente e a população
(MONTENEGRO, 2009).
Em 2004 o perímetro retomou suas atividades, porém com um número
reduzido de lotes irrigados, e apresentando, todavia, problemas nos canais de
irrigação (OLIVEIRA, 2009).
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14
O objetivo geral desta pesquisa é diagnosticar a vulnerabilidade na bacia
hidrográfica do Moxotó. Para alcançar este objetivo geral desenvolverá os
seguintes objetivos específicos:
a. Identificar os possíveis impactos presentes na paisagem, e
possíveis mudanças ou variabilidades na dinâmica de
precipitação, através de:
i. Análise de tendência da precipitação
ii. Aplicação do NDVI para análise da cobertura vegetal
b. Elaborar e propor um índice de vulnerabilidade socioambiental,
que estará composto por indicadores econômicos, físicos e
sociais. Para isto é necessário identificar a „que‟ e „por que‟ a
bacia do Moxotó é vulnerável.
i. Visitas in loco
ii. Seleção dos indicadores
iii. Coleta dos dados para compor os indicadores
iv. Tabulação de dados selecionados
v. Construção dos subíndices
vi. Elaboração do índice final
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15
1|REVISÃO TÉORICA E CONCEITUAL
1.1 INFLUÊNCIA DA TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NO
DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA FÍSICA: CONSIDERAÇÕES
HISTÓRICAS, TEÓRICAS E CONCEITUAIS
Os pensadores desde a antiguidade sempre buscaram entender o
funcionamento do universo, e alimentados pela busca do saber criaram teorias
que os ajudassem a esclarecer e explicar os mecanismos e fenômenos da
natureza, e também do comportamento humano. Esta inquietude pelo saber
apresenta-se marcante entre os Gregos antigos como Aristóteles, Platão e
Erastóstenes. Obviamente cada período da história das ciências foi marcado
pelas tendências religiosas, políticas e culturais do momento; por exemplo,
durante a Idade Média, os pensadores Santo Agostinho e Santo Tomás
desenvolviam ideias do mundo sobre bases dogmáticas e metafísicas, por
conta da forte influência da igreja católica neste período (VICENTE e PEREZ
FILHO, 2003).
Durante o período do Iluminismo a ciência passa por novas mudanças,
adquirindo novas características, e possui um caráter mais questionador,
baseado na razão e na valorização das leis naturais. É durante este período
que surge a abordagem Cartesiana ou Mecanicista na ciência (ABREU, 2005).
Na abordagem Mecanicista prevaleciam as análises de dados e as
experimentações empíricas com base na razão, e o enfoque da relação Deus-
homem foi substituído pela relação homem-natureza. Durante o apogeu do
pensamento Mecanicista destacaram-se muitos pensadores como Francis
Bacon (método empírico-indutivo), Galileu Galilei, René Descartes (método
racional-dedutivo), e Isaac Newton que teve grande destaque por elaborar leis
físico-matemáticas que foram de grande contribuição para compreender o
funcionamento do universo, e estabelecer o paradigma de universo mecânico
(VICENTE e PEREZ FILHO, 2003).
A estrutura teórico-metodológica das pesquisas de abordagem
mecanicista eram, basicamente, realizadas da seguinte forma: “dividir para
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16
conhecer”, isto é, analisavam-se separadamente as partes componentes de um
todo, como se a natureza fosse uma máquina. Pois segundo o pensamento
cartesiano o todo poderia ser compreendido através apenas da análise das
partes. (CHISTOFOLETTI, 1999).
No entanto a abordagem mecanicista possui limitações e não conseguiu
explicar as relações existentes entre as partes, assim não conseguindo
entender, dominar e explicar a realidade do todo. Já que a realidade do todo
possui características complexas, integradas e por vezes caóticas. Era
necessária uma teoria não só que analisasse as partes separadamente, mas
também que analisasse as relações entre elas, e como estas partes se
comportam no conjunto (MORIN, 1997). Para entender mais profundamente a
natureza, era necessário entender mais que o mecanismo das partes. Mais
uma vez a ciência exigia uma reorientação, com bases além da física e da
matemática (BERTANLANFY, 1973).
Existe então a necessidade de aprofundar o conhecimento da realidade,
e com o objetivo de completar e ou de ser alternativa surgea abordagem
sistêmica com o intuito de agrupar as investigações realizadas anteriormente,
dentro de uma única teoria.
A abordagem sistêmica foi proposta por Ludwing Von Bertalanffy por
volta de 1930. Em 1950 Bertalanffy apresenta a General System Theory
(Teoria Geral dos Sistemas), que tinha como objetivo propor um novo conceito,
uma episteme complexa capaz de gerar uma linguagem científica única que
englobasse todos os Campos de conhecimento. (CAPRA, 1996).
Apesar de Bertalanffy não deixar claro sua intenção de propor a teoria
geral dos sistemas como uma teoria que viria substituir as teorias mecanicistas,
ele sempre foi bastante crítico ao pensamento mecanicista, principalmente às
leis físicas aplicadas na ciência clássica. E tal crítica se evidencia logo ao
princípio de seu livro: “A meta da física clássica era entender os fenômenos da
natureza através de um jogo de unidades elementares governadas por leis „cegas‟ da
natureza.” (BERTALANFFY, 1973, p. 30).
No entanto, ainda segundo Bertalanffy, (1973) esta visão mecanicista
não se alterou na ciência moderna, ao contrário, fortaleceu-se quando as leis
físicas deterministas foram substituídas por leis estatísticas, e por conta da
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17
permanência da visão mecanicista no início do desenvolvimento da física
moderna, várias linhas de pesquisa apresentaram problemas de compreensão
de totalidade, interação dinâmica e organização.
Vários autores buscavam conceituar o que é sistema, já que não há uma
definição única do conceito, porém é fácil identificar os paradigmas ou objetivos
dos autores. Por exemplo, Ferdinand de Sausurre (1930) diz que “sistema é
uma totalidade organizada, constituída de elementos solidários, só podendo ser
definidos uns em relação aos outros em função de seu lugar nesta totalidade”.
Ackoff (1960, apud MORIN 1997, p.99) define sistema como “a unidade
resultante das partes em interação mútua”. Maturana (1972, apud MORIN
1997, p.99) diz que é “todo conjunto definível de componentes”. Bertalanffy
(1973) o define como “um conjunto de elementos em interação”. Mesmo
variando em alguns termos, as definições apresentam características principais
de um sistema, como o caráter global, o aspecto relacional, a organização e a
hierarquização. Em resumo é um conjunto de elementos unidos por interação
ou interdependência. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser
classificado como sistema, desde que as relações das partes e o
comportamento do todo sejam o foco de atenção. (VALE, 2012).
Pode-se afirmar que em parte a base da teoria dos sistemas utilizada
por Bertalanffy se pauta em um importante conceito que surge nos anos 30 do
século XX, o ecossistema, proposto por Tansley. Essa proposta de
organização teórica dos conhecimentos biológicos influencia de maneira geral
as ciências que também pesquisam os aspectos físicos da terra. O conceito de
ecossistema apresenta como objetivo central buscar melhor entendimento das
relações biológicas dos vários grupos que compõem os ambientes naturais.
Assim a biológica tende a superar a excessiva preocupação com a Taxonomia,
e apresenta maior interesse nas relações alimentares e nas trocas de matéria e
energia entre vários níveis tróficos (CHRISTOFOLETTI, 1990).
Embora Bertalanffy (1973) não tenha dado demasiado enfoque ao
conceito de sistema propriamente dito, a história desse conceito inclui nomes
ilustres tais como Gottfried Leibniz (1646 – 1716) que aplicou o termo sob
denominação de Filosofia Natural. Nicolau de Cusa (1404 –1461) e Hermann
Hesse (1877 – 1922) viam o mundo, suas relações e todo seu funcionamento
sob uma visão sistêmica.
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Entretanto, para Bertalanffy (1968), foi a obra de Alfred Lotka, publicada
em 1925, que mais o influenciou no objetivo da Teoria Geral dos Sistemas, e
que contribuiu para elaboração das formulações básicas do conceito geral dos
sistemas. Lotka definiu comunidades como sistemas, e entendia o organismo
individual como a soma de suas células.
Lotka (1925 apud BERTALANFFY, 1968) embora fosse um estatístico,
seus interesses científicos voltavam-se mais para os problemas sociais do que
para os problemas biológicos dos organismos individuais. Lotka defendia um
ponto de vista organísmica1 na Biologia que enfocasse a ponderação do
organismo como totalidade ou sistema.
Há 90 anos, Bertalanffy iniciou sua carreira científica, e neste momento a
Biologia já se empenhava nas controvérsias do mecanicismo – vitalismo.
Contrário ao mecanicismo, ele adotou o pensamento organísmico. Este
pensamento defendia, basicamente, que há uma organização inerente aos
organismos, e que caberia aos biólogos pesquisar em que consistia tal
organização.
A teoria Geral dos Sistemas foi apresentada ao mundo, foi criticada, até
mesmo rotulada de pseudociência. No entanto a teoria não passava de uma
nova proposta de abordagem, neste caso de um ponto de vista holístico.
Todavia, as oposições feitas à teoria foram aos poucos sendo abatidas. E a
comunidade acadêmica começa a apresentar maior aceitação da Teoria Geral
dos Sistemas. (VALE, 2012)
Desde sua primeira publicação em 1947, “Genral Systemas Yearbook”,
Bertalanffy corrigiu, modificou e aplicou os conceitos da Teoria Geral dos
Sistemas. Em muitas áreas a aceitação da teoria foi relutante, no entanto
muitos cientistas sociais analisaram e aplicaram a teoria dos sistemas em suas
pesquisas. Segundo Ackoff (1959 apud BERTALANFFY, 1968, p.9):
Nas últimas duas décadas nós testemunhamos à
emergência do “sistema” como conceito chave da
pesquisa científica. Evidentemente, os sistemas já
1
Refere-se à visão holística aplicada na ciência. A Teoria Organísmica enfatiza a organização, unidade e integração dos seres humanos.
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19
eram estudados há séculos, mas algo novo foi agora
acrescentado... A tendência a estudar os sistemas
como uma entidade e não como um aglomerado de
partes está de acordo com a tendência da ciência
contemporânea que não isola mais os fenômenos em
contextos estreitamente confinados, mas abre-se ao
exame das interações e investiga setores da natureza
cada vez maiores. Sob a égide da pesquisa dos
sistemas (e seus numerosos sinônimos) assistimos
também à convergência de muitas criações mais
especializadas da ciência contemporânea. [...] Esta
pesquisa prossegue e muitas outras estão sendo
entrelaçadas em um esforço conjunto de investigação,
que envolve um espectro cada vez mais amplo de
disciplinas científicas e tecnológicas. Estamos
participando do que é, provavelmente, o mais amplo
esforço para chegar a uma síntese do conhecimento
científico como jamais foi feita.
(Ackoff 1959 apud BERTALANFFY, 1968, p.9).
A Teoria Geral dos Sistemas busca por um referencial que unifique as
ciências. Uma vez que a subdivisão da ciência em várias disciplinas, cada vez
mais especializadas, apresentava impedimentos para evolução da ciência. O
objetivo da teoria é buscar um referencial que permita ao físico se comunicar
com o biólogo ou com o cientista social.
Segundo Bertalanffy (1968), a Teoria Geral dos Sistemas seria um
instrumento de extrema utilidade para a ciência, capaz de prover modelos que
poderiam ser aplicados a distintos campos de pesquisa, e estabelecer
comunicação entre diferentes ramos da ciência, precavendo-se do risco das
analogias superficiais.
É evidente que entre os principais propósitos da Teoria Geral dos
Sistemas se destaca a tendência de integrar varias ciências, naturais e sociais,
cuja centralização estaria na teoria dos sistemas. Logo, a teoria dos sistemas
seria um eficiente meio para alcançar resultados “exatos” em áreas não físicas
da ciência.
Bertalanffy (op cit, p.32) relaciona algumas razões que o levaram a
formular a Teoria Geral dos Sistemas: a) Necessidade de generalização dos
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20
conceitos científicos e modelos; b) Introdução de novas categorias no
pensamento e nas pesquisas científicas; c) Os problemas da complexidade
organizada, que são agora notados na ciência, exigem novos instrumentos
conceituais; d) Pelo fato de não existirem instrumentos conceituais apropriados
que sirvam para a explicação e a previsão na biologia; e) Introdução de novos
modelos conceituais na ciência; f) Interdisciplinaridade: daí resulta o
isomorfismo dos modelos, dos princípios gerais e mesmo das leis especiais
que aparecem em vários campos. Em resumo:
A inclusão das ciências biológica, social e do
comportamento junto com a moderna tecnologia exige
a generalização de conceitos básicos da ciência. Isto
implica novas categorias do pensamento científico, em
comparação com as existentes na física tradicional e os
modelos introduzidos com esta finalidade são de
natureza interdisciplinar.
(BERTALANFFY, 1973, p. 132).
Bertalanffy (1973) demonstrou preocupação com relação à aplicação da
Teoria Geral dos sistemas, atento ao desenvolvimento da concepção sistêmica
às perspectivas mais amplas, sobretudo a aplicação da teoria sobre grandes
grupos humanos, sociedades e à própria humanidade em sua totalidade.
1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NATURAIS E
ANTRÓPICAS
Dando um caráter holístico e dinâmico ao clima, Sorre (1951) propôs o
seguinte conceito: O clima é composto por séries de estados atmosféricos, em
uma sucessão habitual. Classificando o clima como sistema dinâmico, e não
estático, uma vez que os estados atmosféricos, também definidos como
tempos meteorológicos é a combinação momentânea de atributos
atmosféricos, como temperatura, pressão, umidade, precipitação,
nebulosidade, radiação entre outros. A sucessão em série do tempo
meteorológico, apresentando toda sua variabilidade, é o que constitui o clima.
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De fato o clima está em constante e permanente transformação, assim
como os demais sistemas naturais do nosso planeta. Estas transformações
podem ocorrer em diversas escalas temporais, que se estendem de períodos
geológicos (mudanças climáticas naturais) ou décadas (variabilidade climática
– ritmo climático). No entanto, a circunstância atual de aumento de Gases de
Efeito Estufa (GEE) leva à definição de mudanças climáticas antrópicas como
as alterações da variabilidade climática devido aos efeitos naturais e as
atividades humanas (SALATI, 2011).
A atmosfera é constituída por vários gases, sendo os principais o
Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2) que, somados compõem aproximadamente
99% da proporção em volume. Outros gases encontram-se presentes em
menores quantidades, dentre estes, citam-se os gases de efeito estufa (GEE)
tais como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e vapor d‟água, assim
definidos por terem a capacidade natural de reter o calor na atmosfera, sendo
na maior parte transparentes a radiação de ondas curtas e absorvedores de
radiações de ondas longas mantendo, assim, a Terra aquecida (SALATI, 2011).
Diversos estudos vêm diagnosticando progressivo aumento na
concentração dos GEE‟s na atmosfera, e há fortes indícios que este aumento
está relacionado principalmente pelas atividades antrópicas (COSTA e FOLEY,
2000; NIJSSEN et al., 2001; EEROLA, 2003; MENDONÇA, 2003; CONTI,
2005; MARENGO, 2006; FORD, 2015; FRUMHOFF et al., 2015), e que o
aumento da emissão deste gases na atmosfera refletiram diretamente no clima
do planeta, provocando alterações na sua variabilidade natural.
Segundo Salati (2001) o equilíbrio dinâmico atual da atmosfera está
sujeito às forças modificadoras que alteram as variações climáticas naturais,
que podem ser analisadas sobre três aspectos distintos: variações climáticas
na região devidas às variações climáticas globais decorrentes de causas
naturais; variações climáticas de origem antrópicas decorrentes de alterações
do uso da terra dentro da própria região; e variações climáticas decorrentes
das mudanças climáticas globais provocadas por ações antrópicas.
Mudanças nos sistemas naturais podem provocar modificações nos
sistemas socioeconômicos, e vice-versa. A formatação dos espaços urbano e
rural, atrelada aos interesses financeiros, tem prevalecido e produzido
alterações rápidas nos fluxos de matéria e energia, no âmbito dos sistemas
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socioeconômicos, com repercussão nos sistemas naturais. Especula-se sobre
tendência e mudanças climáticas de origem antrópica que produziriam
consequências impactantes retroalimentadoras em ambos os sistemas. Assim
as questões pertinentes às mudanças na composição da atmosfera, aumento
na concentração dos GEE com reflexos no balanço de radiação e no
aquecimento de algumas partes do globo, são muito salientes (TAVARES,
2010).
Os relatórios científicos do IPCC prevêem mudanças no clima em
diversas partes do globo. Desde o IPCC-AR4, apresenta particularmente as
áreas mais vulneráveis do planeta às alterações no clima, e chama atenção à
suscetibilidade do Nordeste brasileiro, e principalmente para o Semiárido como
uma área vulnerável às mudanças climáticas. Ainda segundo o relatório as
áreas semiáridas e áridas sofrerão decréscimo na disponibilidade de água em
virtude da mudança climática. O Semiárido brasileiro, naturalmente, está sob
um regime de variabilidade pluviométrico intenso natural, vem apresentando
uma irregularidade espacial e temporal das precipitações (MARENGO et al.,
2008). Os modelos globais de mudanças climáticas demonstram que o
decréscimo na disponibilidade de água será por conta da ocorrência de
temperaturas mais altas no Nordeste. Isto implica maior evaporação de água e
transpiração das plantas e, portanto, em aumento do déficit hídrico, menor
umidade do solo e maiores índices de aridez.
Na climatologia atual o uso e desenvolvimento de modelos em função das
pesquisas aumentaram consideravelmente. As contribuições relacionadas com
a modelagem nas caracterizações das condições climáticas e previsões do
tempo meteorológico, as preocupações com as mudanças climáticas e
repercussões nos demais componentes dos sistemas ambientais e nas
atividades humanas surgem frequentemente (CHRISTOFOLETTI, 1999). Não
há outra forma de buscar soluções para um determinado problema sem
conhecê-lo detalhadamente, os modelos são ferramentas fundamentais na
busca de conhecimento e soluções. São usados para definir e caracterizar o
clima, como também para projetar cenários futuros.
Os modelos são cruciais na elaboração de planejamentos eficazes e
eficientes. Mas, saber da existência de um problema não implica em conhecer
as soluções para o mesmo e, além disso, um problema mal enunciado se torna
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mais difícil de ser solucionado. Ou seja, o conhecimento mais acurado sobre a
ocorrência e o comportamento da problemática que tange às mudanças
climáticas que já podem estar ocorrendo e as que poderão ocorrer são de
suma importância para a ciência em todas as áreas do conhecimento
(MARENGO, et al., 2007).
Neste contexto, a utilização de técnicas de modelagem climática tornou-
se uma ferramenta central em estudos de mudanças climáticas e impactos
climáticos, impulsionando sobremaneira o desenvolvimento de sistemas de
processamento e pesquisas sobre a física dos fenômenos atmosféricos em
suas diferentes escalas de tempo e espaço. No Brasil, durante a última década,
o desenvolvimento crescente das técnicas de modelagem, aliado ao avanço
tecnológico computacional, vem possibilitando a geração de estudos climáticos
confiáveis.
Após a divulgação dos relatórios 4° e 5° sobre mudanças climáticas
(Fourth Assessement Report– AR4 / IPCC- AR4, 2007 e AR5 / IPCC- AR5,
2014) teve-se conhecimento público sobre a informação dada pelo índice de
vulnerabilidade da região nordeste do Brasil diante dos cenários futuros de
alterações climáticas, principalmente a simulação dos cenários críticos. O
relatório destaca o semiárido, como área extremamente suscetível a tais
mudanças.
De acordo com os resultados projetados e apresentados no ultimo
relatório do IPCC-AR5 (2014), o Semiárido brasileiro tornar-se-ia uma região
árida permanente, tendo uma diminuição significativa nas precipitações e
aumento da evapotranspiração, que associados com as atividades agrícolas
não sustentáveis acelerariam os processos solo exposto já existente na região.
Tendo conhecimento dos cenários futuros, o poder público do estado de
Pernambuco publicou o Plano Estadual de Mudanças Climáticas, onde traça
uma série de metas e estratégia para mitigar os impactos climáticos que já
estejam ocorrendo; E prevê e planeja de maneira efetiva os impactos futuros.
Nessa conjuntura foi elaborada A Política Estadual de Enfrentamento às
Mudanças Climáticas (Lei Estadual nº 14.090, de 17 de junho de 2010).
Os municípios do estado de Pernambuco que estão inseridos na região
do Semiárido possuem, de acordo com o censo demográfico de 2010,
3.655.822 milhões de habitantes, e 135 municípios em áreas suscetíveis à
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desertificação (ASD)2. Este cenário poderia levar a processos migratórios
deslocando as populações afetadas para os centros urbanos, sobrecarregando
os serviços nesta região e agravando ainda mais a condição socioeconômica.
Apesar do conhecimento da problemática dos impactos das mudanças
climáticas sobre o Semiárido, apresentado pelos segundo e terceiro relatórios
do IPCC (2001), foi somente após a publicação do quarto relatório IPCC-AR4
(2007), que ganhou ênfase e surgiram mais pesquisas e publicações científicas
sobre mudanças climáticas no semiárido pernambucano (TUCCI, 2003;
LACERDA et al., 2009; ASSIS et al., 2009; MARENGO, 2009, 2011; ASSAD et
al., 2010; SOARES e NÓBREGA, 2010). Todavia necessita-se de muitos
estudos sobre o tema, e, sobretudo sobre quais seriam as vulnerabilidades, e
quais as áreas do Semiárido estão mais expostas aos impactos.
Destacar a intervenção antrópica no processo de mudanças climáticas
não está desassociada dos processos naturais de mudanças do clima.
Indiscutivelmente, o clima do planeta oscilou significativamente nos últimos 65
milhões de anos. Estas flutuações incluem processos lentos (numa escala de
105 a 107 anos) de aquecimento ou de resfriamento impulsionados pela
tectônica de placas, processos graduais, quase cíclicos, derivados de
alterações orbitais (numa escala de 104 a 106 anos), em alguns raros casos
alterações abruptas com transições na escala de 103 anos. Este padrão de
flutuações alterou-se, significativamente, desde a revolução industrial do século
XIX, quando a Terra entrou em um processo de aquecimento em função do
crescente acúmulo de gases, especialmente CO₂, na atmosfera do planeta
(FBDS, 2006).
As longas séries temporais reconstruídas a partir de dados geológicos
indicam que variações climáticas intensas já ocorreram no passado. Essas
mudanças ocorreram, em sua grande parte, na ausência dos seres humanos,
podendo ser chamadas de mudanças climáticas naturais. A compreensão das
mudanças naturais é um desafio e um problema importante que auxilia a
previsão das mudanças climáticas naturais e daquelas provocadas pela ação
do homem. Se o conjunto formado pela atmosfera, oceano e superfície da
Terra é definido como sistema climático, as variações da constante solar, as
2 Atlas de áreas susceptíveis a desertificação no Brasil, 2007. Ministério do Meio Ambiente.
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variações na órbita da Terra ao redor do sol e as erupções vulcânicas são
consideradas forçantes externas ao sistema que podem alterar o clima
(HARTMAN, 1994).
Porém, levando-se em conta estas medições, existem dois fatos sobre a
mudança climática: a temperatura média e o teor de dióxido de carbono estão
em ascensão em todo o planeta. Isto é apontado também pelos anéis de
crescimento das árvores, isótopos de oxigênio das geleiras e o recuo de
geleiras alpinas (VERÍSSIMO, 2003).
De fato, os teores pré-industriais de dióxido de carbono, medidos de
geleiras continentais são 280.000 ppbv. O nível atual é de 366.000 ppbv, ou
seja, o teor de dióxido de carbono sofreu um aumento nunca antes visto,
demonstrando que algo de muito incomum está acontecendo atualmente
(SKINNER e PORTER, 2000). Teores tão altos não são conhecidos na história
recente da Terra. Mesmo assim, existem evidências de que estes teores em
ascensão não são devidos apenas à atividade antrópica. Existe uma correlação
forte com algumas outras fontes de dióxido de carbono e o aumento de
temperaturas globais, como os oceanos e atividade vulcânica, por exemplo. De
qualquer modo, ao que parece, o homem está contribuindo à ascensão natural
de dióxido de carbono, sobretudo nos grandes centros urbanos. Isto é causado
principalmente pela indústria, desmatamento, e atividades agrícolas não
sustentáveis. E, sobretudo, nos grandes centos urbanos a ação do homem
contribui com o aumento da quantidade de outros gases de efeito estufa na
atmosfera.
Comparadas de modo separado, as atividades humanas podem ser
consideradas como desprezíveis dentro de uma perspectiva global e de tempo
geológico, mas a ação conjunta destas, juntamente com outros agentes
atmosféricos, podem ser significantes (MERRITTS, et al., 1997). Os processos
geológicos são lentos, ao serem comparados com a influência do homem.
Apesar de a influência humana ocorrer dentro de um período de tempo
geológico relativamente curto, o seu efeito acumulado e “repentino” pode ser
mais forte do que o de agentes naturais, mais lentos (SKINNER e PORTER,
2000).
As possíveis influências das atividades humanas sobre o sistema do clima
vêm sendo observadas desde o início do século XX, sobretudo a partir dos
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anos 50, quando cientistas começaram a reunir evidências e a publicar artigos
científicos abordando a relação entre o aumento da concentração de GEE na
atmosfera e o aumento da temperatura média da superfície do planeta. Mas
somente a partir da década de 80 é que os estudos sobre as mudanças do
clima passaram a despertar o interesse de um número maior e mais
representativo de cientistas3.
A temática mudança climática globais levou a Organização Meteorológica
Mundial (OMM) e a UNEP (United Nations Environment Programme) a criarem
o IPCC (Intergovernmental Panelon Climate Change) em 1988. Segundo o
IPCC, no século XX, houve um aumento de 0,65°C na média da temperatura
global, sendo este mais pronunciado na década de 90. Quanto à precipitação,
o aumento variou de 0,2% a 0,3% na região tropical, compreendida entre 10°C
de latitude Norte e 10°C de latitude Sul. As causas dessas variações podem
ser de ordem natural ou antropogênica, ou uma soma das duas (IPCC, 2004).
O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção Quadro das Nações
Unidas para a Mudança do Clima, que entrou em vigor em 21 de março de
1994. O Congresso Nacional ratificou a Convenção em 28 de fevereiro de 1994
e esta entrou em vigor no Brasil em 29 de maio de 1994 (www.mct.gov.br). Em
2000, foi criado o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, com o objetivo de
promover a mobilização e a conscientização da sociedade sobre a mudança
global do clima, desenvolvendo diversas atividades nessa área.
No entanto, quando se trata de aquecimento global há muitas incertezas
apresentadas, uma vez que este aquecimento não é homogêneo em todo o
planeta. Não se sabe ao certo se o aquecimento global é provocado pelo
homem, ou por um período de aumento de temperatura natural de um período
interglacial. Estas incertezas podem ser por si só, consideradas como ameaças
por décadas (EEROLA, 2003). Ao se iniciar, uma mudança climática é difícil de
ser impedida ou interrompida. A transição a um período de efeito estufa pode
ocorrer repentinamente e não aos poucos, especialmente em centros urbanos.
As consequências disto ao homem e ao meio ambiente podem ser
catastróficas. (SALATI, 2006).
3 Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil (GEO – Brasil), Tema: Atmosfera, LIMA, PPE- COPPE, UFRJ, abril 2002.
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É um grande desafio para os estudos climáticos prever mudanças
climáticas com detalhe adequado e antecedência suficiente que permita à
humanidade ajustar seu comportamento e evitar as piores consequências de
tais mudanças. Integralmente, têm-se definido as características das mudanças
climáticas observadas e apontado suas possíveis consequências e impactos
sociais. Cada região do globo apresenta mudanças distintas, com variações no
volume e distribuição espacial da precipitação, aumento da temperatura,
elevação do nível do mar e demais efeitos causados pelas mudanças
climáticas (SALATI, 2006).
1.3 VULNERABILIDADE SOCIAMBIENTAL AS MUDANÇAS DO CLIMA E
OUTROS CONCEITOS
As mudanças climáticas podem ser consideras como um problema de
gestão do risco, onde as mudanças nos fatores climáticos (sobretudo
temperatura e precipitação) resultado de intervenções antrópicas, ao passo que
a vulnerabilidade surge do modelo de desenvolvimento e uso dos recursos
naturais. Para reduzir a magnitude do risco propõe-se a redução de atividades
humanas não sustentáveis que produzem impactos, esta ação é definida como
mitigação. Para reduzir a vulnerabilidade Adger (2006) propõe desenvolver e
aplicar estratégias de adaptação às mudanças climáticas. No entanto, para
sugerir medidas de adaptação é necessário entender e avaliar a
vulnerabilidade às anomalias climáticas.
A vulnerabilidade está composta por contextos físicos, sociais,
econômicos e ambientais de uma determinada região, setor ou grupo social
suscetível aos impactos de fenômenos climáticos. A dinâmica da
vulnerabilidade como elemento multifatorial, deve possuir dados que possibilite
analisar o passado recente e projetá-los ao futuro com objetivo de analisar os
possíveis impactos das mudanças climáticas. Avaliar quantitativamente e
qualitativamente a vulnerabilidade é priorizar espacialmente onde mais se
necessita medidas de adaptação.
Por que analisar a vulnerabilidade? Esta indagação deve ser contestada
reconhecendo a vulnerabilidade como elemento chave para estimular os
potenciais impactos das mudanças climáticas. Através da quantificação dos
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dados pode-se definir quão vulnerável é determinado grupo social ou
localidade, eliminando as ambiguidades sobre o que ou quem é mais ou menos
vulnerável.
Neste capitulo buscou-se desenvolver uma proposta metodológica para
a construção do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas, e que esta
proposta fosse composta por conceitos e indicadores.
É necessário contar com o conhecimento detalhado dos indicadores que
compõem o índice, entendendo suas dinâmicas de maneira que possa
construir um modelo conceitual sobre a relação do clima com os indicadores
nas escalas de tempo e espaço. Com o modelo conceitual e o índice
construído é possível diagnosticar as causas da vulnerabilidade e os fatores
que permitam caracterizar cenários futuros próximos.
Criar o índice de vulnerabilidade através de indicadores é a parte central
desta pesquisa, e aplicá-lo requer estimar o risco recente e compará-los numa
escala espaço-temporal aos impactos quando estes apresentam ameaças
climáticas significativas.
Portanto antes de descrever os procedimentos técnicos utilizados na
criação do índice é importante conceituar os termos aqui utilizados. Sendo
assim, este capítulo será constituído por três etapas, sendo elas: a)
conceituação dos termos (modelo conceitual); b) seleção e definição dos
indicadores; c) procedimentos técnicos para criação do índice de
vulnerabilidade às mudanças climáticas.
a. O perigo climático
Para a climatologia, em termos gerais, perigo é uma condição onde
eventos ou fenômenos naturais podem provocar efeitos negativos a um
sistema vulnerável. Comumente, o perigo se estima como informação
meteorológica ou climática histórica. Estes dados representam a probabilidade
de ocorrência de um determinado fenômeno climático (por exemplo: seca,
furacões, enchentes, etc). Portanto, um sistema estará em risco quando estiver
sob perigo, e quando este perigo converta-se em ameaça, e o risco pode se
materializar em impactos. Os indicadores que quantificam o perigo, assim
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como os tipos de impactos, variam de acordo a área de estudo e ao fenômeno
climático analisado (ROMERO e MENDONÇA, 2012).
Determinar o significado de perigo climático requer analisar as condições
climáticas que leva a um desastre. Não somente simular cenários futuros de
temperatura e precipitação, mas analisar dados climáticos históricos e,
considerar quanto de mudança nos fatores climáticos é suficiente para gerar
impactos num determinado sistema (ROMERO e MENDONÇA, 2012).
b. Risco ambiental e Impacto ambiental
Em termos gerais o risco é compreendido como a probabilidade de que
um evento – esperado ou não esperado – se torne realidade (DAGNINO e
CAPRI, 2007). Considerando a probabilidade como mecanismo de
funcionamento do risco, a definição do conceito afirmar que o risco se
apresenta em situações ou áreas em que existe a susceptibilidade,
vulnerabilidade e exposição de ocorrer algum tipo de ameaça, perigo,
problema, impacto ou desastres (AMARO, 2005).
Entende-se o termo risco ambiental como as situações de risco que não
estão isoladas das ações do entorno – o ambiente, em seu sentido amplo –
seja o ambiente natural ou construído pelo homem (social e tecnológico).
Veyret e Meschine de Richemond (2007, p.63) conceituam os riscos ambientais
como: “resultantes da associação entre os riscos naturais e os riscos
decorrentes de processos naturais agravados pela atividade humana e pela
ocupação do território”.
No entanto, é importante resaltar que apesar dos conceitos e definições
de risco aplicado como indicadores de problemas ambientais, o risco é um
objeto social, que diretamente ou indiretamente refere-se ao ser humano
individuo ou grupo social. Como afirma Veyret (2007, p. 11):
Não há risco sem uma população [ser social] ou indivíduo [ser
biológico] que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Correm-se
riscos, que são assumidos, recusados, estimulados, avaliados,
calculados. O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo para
aquele que está sujeito a ele e o percebe como tal.
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Os impactos são considerados como a “materialização do risco”, o que
significa que em alguns casos, os impactos podem alcançar níveis críticos.
Explicar o impacto requer documentar as características do risco, perigo e da
vulnerabilidade, não considerar apenas o enfoque físico que explica o desastre
unicamente como a expressão das forças da natureza (CASTRO, 2003).
O cruzamento das informações que caracteriza o risco e a
vulnerabilidade, geralmente, é usado para construir os primeiros cenários de
impactos causados pelas mudanças climáticas, definindo uma imagem do
futuro essencialmente a partir dos perigos, sem considerar a dinâmica da
vulnerabilidade. Em segundo momento, se reconhece que a vulnerabilidade é o
elemento fundamental para entender os impactos, já que os sistemas e seus
respectivos funcionamentos dependem de muitos mais elementos que apenas
o clima (PARMESAN, 2006).
c. Vulnerabilidade
A vulnerabilidade representa a interface entre a exposição às ameaças
físicas para o bem estar humano e a capacidade das pessoas e comunidades
para controlar tais ameaças. As ameaças podem surgir da combinação de
processos físicos e sociais. A vulnerabilidade é um indicador variável, por isso
deve-se medi-la através de métodos quantitativos e qualitativos. No entanto,
reduzir a vulnerabilidade implica em detectar quais fatores contribuem para o
aumento desta, e identificar os pontos onde se pode intervir na rede de causas
dos perigos e suas consequências humanas (CUTTER, 2011).
Segundo o quarto relatório do IPCC (2012, p. 87) “a vulnerabilidade é o
grau ao qual um sistema é susceptível e incapaz de enfrentar os efeitos
adversos das mudanças climáticas, incluindo a variabilidade climática e os
eventos extremos”. A vulnerabilidade deve ser analisada como uma condição
sistêmica, multifatorial, multissetorial, multitemporal e multiescalar, e assim
como o perigo, a vulnerabilidade é dinâmica.
A exposição somando à sensibilidade são os fatores que geram a
vulnerabilidade, no entanto a exposição tem maior contribuição na
vulnerabilidade, de tal forma que se não houver exposição a um fenômeno
específico, mesmo que haja sensibilidade, não haverá risco, e
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consequentemente não haverá vulnerabilidade. O risco é a combinação entre
perigo e vulnerabilidade, e sendo assim, um determinado sistema é vulnerável
à medida que este seja exposto ao perigo (Figura 1).
Figura 1: Esquema das relações entre perigo, risco e vulnerabilidade.
Fonte: CUTTER, 2011.
Para medir a vulnerabilidade de um determinado grupo social ou área é
comum o uso de indicadores relacionados a fatores físicos, sociais e
econômicos. A relação entre indicadores como densidade populacional
(indicador social) e Produto Interno Bruto (PIB) (indicador econômico) pode
proporcionar resultados que caracterizam a vulnerabilidade de pessoas frente
às condições climáticas extremas. Os indicadores, convertidos em índices
levam à quantificação da vulnerabilidade e de sua dinâmica.
d. Elementos para avaliar a vulnerabilidade
A vulnerabilidade é caracterizada pela exposição, sensibilidade e
capacidade adaptativa de cada sistema que está sobe feito de variabilidade
climática, eventos extremos e mudanças climáticas (MONTERROSO, 2011). A
vulnerabilidade, em termos gerais, consiste num conjunto de condições dos
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sistemas4 que derivam dos contextos históricos e culturais predominantes,
sociais, ambientais, políticos e econômicos:
A vulnerabilidade é o conjunto de condições
físicas, sociais e econômicas que incidem na
possibilidade de afetar pessoas de um sistema
social e ou natural, devido à ocorrência de
fenômenos naturais.
(CUTTER, 2003, p 243)
Analisar as mudanças climáticas requer também estimar o perigo e a
vulnerabilidade, e como toda projeção ao futuro, os resultados estarão
associados a um grau de incerteza. Estimar a vulnerabilidade é sempre
complexo, no entanto, se espera que a magnitude da incerteza seja menor que
os sinais reais apresentados pelos resultados. E estimar o grau de incerteza
dos cenários de vulnerabilidade é algo difícil e por tanto pouco abordado. Pois
a vulnerabilidade futura depende de decisões humanas difíceis de definir.
Pode-se gerar um leque de possibilidades de condições de vulnerabilidade no
futuro e consequentemente incertezas.
Para estimar a vulnerabilidade às mudanças climáticas, CUTTER (2003)
sugere que:
Não existe metodologia universalmente aceitada
para quantificar a vulnerabilidade futura que,
associado a projeções do clima, permita estimar o
risco que se enfrentará sob efeitos das mudanças
climáticas.
(CUTTER, 2003, p.243)
O conceito de vulnerabilidade tem ganhado notoriedade nos estudos de
análises dos potencias impactos das mudanças climáticas, convertendo-se em
elemento essencial na construção de políticas públicas para mitigação de
danos e impactos.
4 Neste caso, entende “sistema” como estrutura holística que agrega elementos sociais, culturais, físicos
e econômicos (BUCKLEY, 1973).
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33
A aproximação ao problema de estabelecer a vulnerabilidade deve
transitar por três perguntas básicas: 1) Quem ou o que é vulnerável?; 2)
Vulnerável a que?; 3) Por que é vulnerável? (Figura 2).
Figura 2: Quem é vulnerável a quê e por quê?
Fonte: Relatório do desenvolvimento humano (2014 ).
1. “Quem ou o que é vulnerável?”: A resposta está na análise das
condições de sensibilidade apresentados pelos sistemas ambientais e
os grupos sociais, a partir da caracterização do objeto de análise, assim
como nas relações do objeto de análise e o perigo.
2. “Vulnerável a quê?”: A resposta desta pergunta está no reconhecimento
da dinâmica dos fatores de perigo e sua relação geoespacial com as
pessoas, permitindo estimar o grau de exposição na área de estudo.
3. “Por que é vulnerável?”: Esta é a chave do diagnóstico da
vulnerabilidade, pois implica na análise dos fatores que afetam os
sistemas, reconhecendo as capacidades adaptativas.
Para alcançar resultados que contribuam com a redução da
vulnerabilidade é necessário transcender da análise qualitativa para uma
quantitativa, que permita dar seguimento às aspirações do desenvolvimento
sustentável. O enfoque qualitativo é indutivo e se baseia na expansão dos
dados e na informação com meios de investigação interpretativos, que partem
de observações nem sempre estruturadas, entrevistas abertas, revisões de
documentos, discussões em grupos e avaliações de experiências. Pode-se
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afirmar que a análise qualitativa das condições vulneráveis nem sempre é
consistente, sobretudo ao ser desenvolvida sob distintos pontos de vista que
consequentemente apresentaria resultados contrastantes da realidade
(CUTTER, 2011).
O enfoque quantitativo é dedutivo, pretende limitar a informação, e estar
ligado a experimentos estruturados, entrevistas com perguntas fechadas e
instrumentos de medição padronizados. Estabelecer as condições para
desenvolver a análise da vulnerabilidade com enfoque quantitativo permite
legitimar a informação obtida, unificar os critérios de medição e qualificar
objetivamente as condições da vulnerabilidade às mudanças climáticas. Este
tipo de enfoque é o mais adequado para analisar a dinâmica da vulnerabilidade
e na construção de índices.
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2|METODOLOGIA CIENTÍFICA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
2.1 CARACTERIZAÇAO DA ÁREA DE ESTUDO
a. Objeto de estudo
O objeto de estudo desta pesquisa é a Bacia Hidrográfica do Moxotó. Onde
serão analisados os impactos ambientais presentes na bacia e também a
vulnerabilidade, especificamente vulnerabilidade ambiental da e dos grupos
sociais que a ocupam que estão sob a influência dos impactos das atividades
socioeconômicas não sustentáveis e consequentemente dos efeitos das
mudanças climáticas.
O objetivo desta pesquisa é quantificar e analisar a vulnerabilidade
ambiental e social da bacia hidrográfica do Moxotó, através da elaboração de
índice com finalidade de contribuir com a implementação de ações de
adaptação as mudanças climáticas. Este objetivo vai de encontro com linhas
centrais do Plano de Ação de Bali (2007) sobre a adaptação às mudanças
climáticas, que destacam a aplicação de medidas de adaptação através da
análise da vulnerabilidade e da capacidade de resposta da paisagem. Esta
pesquisa também realizou um levantamento de dados da bacia para
identificação dos impactos. Foram analisados sob perspectiva espaço-temporal
dados climáticos e dados extraídos de imagens satelitais, com objetivo que
criar um diagnostico prévio do nível dos impactos presentes na paisagem da
bacia.
b. Critérios de seleção da área de estudo
O primeiro critério de escolha foi que a área de estudo estivesse localizada
na região semiárida do Nordeste do Brasil. Já que o objetivo da pesquisa é
quantificar e analisar a vulnerabilidade as mudanças climáticas, optou-se por
selecionar uma área que estivesse dentro da zona considerada crítica e
altamente susceptível aos impactos por efeitos de mudanças climáticas.
Segundo o 5° relatório do IPCC (2014) todos os modelos apresentam que a
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região semiárida sofrerá aquecimento até 2100, variando de 1.5°C – 5.5 °C e
um leve aumento de chuvas e aumento de extremos climáticos, perda
significativa de biodiversidade, potencial perda de cobertura vegetal,
consequentemente aumento das áreas de solo exposto e graves impactos na
atividade agrícola.
O segundo critério de escolha da área de estudo foi o recorte espacial de
bacia hidrográfica, pois já que a pesquisa parte da análise de possíveis
mudanças nos fatores climáticos (precipitação e temperatura) teria que analisar
a distribuição espacial das águas das chuvas. E sendo assim o recorte espacial
bacia hidrográfica é o mais apropriado para este tipo de análise. A atmosfera
não possui recortes espaciais definidos, o que torna difícil de determinar e
quantificar as mudanças sem adotar um recorte físico ou um fator climático
específico. O recorte bacia hidrográfica favorece a análise por estar delimitada
por divisores de água, que neste caso são importantes para observar qual a
carga verdadeira de água oriunda das precipitações abastecem esta zona. O
recorte município ou microrregião são recortes de divisões políticas
administrativas, não cumpre com a função deste estudo.
O conceito de bacia hidrográfica adotado nesta pesquisa é o proposto por
Lima e Zakia (2000), que define “bacia hidrográfica” como conjunto de terras
drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas zonas mais altas do relevo
por divisores de água, onde a água das chuvas, ou escoam superficialmente
formando riachos e rios, ou infiltram no solo dando origem aos aquíferos.
Ademais acrescentam uma abordagem sistêmica ao conceito, para estes
autores bacias hidrográficas são sistemas abertos, que recebem energia
através de agentes climáticos e perdem energia através do deflúvio, podendo
ser descritas em termos de variáveis interdependentes, que oscilam em torno
de um padrão, e, desta forma, mesmo quando perturbadas por ações
antrópicas, encontram-se em equilíbrio dinâmico. Assim, qualquer modificação
no recebimento ou na liberação de energia, ou modificação na forma do
sistema, acarretará em uma mudança compensatória que tende a minimizar o
efeito da modificação e restaurar o estado de equilíbrio dinâmico.
c. Recorte espacial
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A bacia hidrográfica do rio Moxotó, fisiograficamente inserida totalmente
dentro dos limites do semiárido nordestino, situa-se quase que totalmente na
porção central do estado de Pernambuco e na parte oeste do estado de
Alagoas, perfazendo uma área de aproximadamente 9.752,71 km2 (sendo
8.778,05 km2 no estado de Pernambuco e 974,66 km2 no estado de Alagoas).
O clima correspondente da bacia, segundo a classificação genérica de
Köppen é o BShW‟, que corresponde ao tipo quente e seco, com total
pluviométrico anual médio que varia de 300 mm a 900 mm, com chuvas
concentradas nos meses de janeiro a maio. A temperatura, a umidade relativa
e a evaporação potencial média anual são de 25 ºC, 55% e 3.008 mm,
respectivamente (PERRAZZO, 2002).
No entanto é importante salientar que o clima da região semiárida, não deve
ser compreendido apenas pelas informações descritas por sua classificação,
uma vez que este clima se configura por sua extrema variabilidade, e
influências de eventos climáticos extremos, como por exemplo, o El niño/La
Niña. A região apresenta valores consideráveis referentes à precipitação, o
problema encontra-se na distribuição temporal destas chuvas, que na região
concentram-se durante os meses de maio a agosto, configurando assim o
período chuvoso, e todos os demais meses de estiagem.
A bacia hidrográfica do rio Moxotó abrange parcialmente 15 municípios, 11
pertencentes ao estado de Pernambuco, sendo eles Arcoverde, Buíque,
Custódia, Ibimirim, Iguaraci, Inajá, Jatobá, Manari, Tupanatinga, Sertânia e
Tacaratú, sendo Iguaraci o município com menor área territorial dentro da
bacia, e 4 no estado de Alagoas, sendo eles Água Branca, Delmiro Gouveia,
Mata Grande e Pariconha (CPRM, 2004) (Figura 3).
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente –SECTMA (2009)–
afirma que a maior parte das demandas hídricas do estado de Pernambuco são
para atendimento à irrigação, destacando-se a bacia do rio Pontal, a GI-8 e a
do Moxotó, onde a demanda para irrigação representa mais de 90% da
demanda total da bacia.
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Figura 3: Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Moxotó – PE.Fonte: Elaborado pela
Autora (2016)
A bacia hidrográfica do rio Moxotó é coberta de norte a sul, em 89% da
área, por caatinga. É considerado um hot spot de biodiversidade pela riqueza
da fauna e flora. A cultura cíclica ocupa 7% da bacia, enquanto que os 4%
restantes são ocupados por vegetação arbórea aberta (MELO, 2010).
A geologia da bacia hidrográfica do Moxotó é complexa, as cabeceiras
de drenagem estão sobre estruturas cristalinas associadas à encosta ocidental
do planalto da Borborema. No inicio do médio curso do rio principal surgem
cabaceiras de drenagem sobre morfologia tabuliformes e homoclinais
associados ao planalto da bacia do Jatobá. Seguindo o mesmo trecho o rio
percorre uma zona de depressão subsequente instalada sobre as estruturas
lineares que separam o Horst do leste da bacia, do planalto em estrutura
homoclinal com caimento para sudeste do setor oeste. No trecho do baixo
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curso, o rio principal corta epigenicamente um Horst estreito no sentido E – NE
– WSW estruturado sobre os arenitos da Formação Tacaratu. A epigenia
identificada parece ser uma antiga captura do médio curso do rio Moxotó pelo
atual curso, cuja característica morfológica mais notável é a estreita garganta
sobreposta ao Horst mencionado acima (OLIVEIRA, 2009).
No trecho final o rio sofre inflexão para sudoeste e forma um plano
aluvial que se confunde com as baixas superfícies pedimentadas, esculpidas
sobre estrutura cristalina. O plano aluvial atinge largura máxima próxima à foz,
denotando subida substancial do nível de base perceptível até no padrão de
colmatação das embocaduras das drenagens menores, adjacentes ao canal
principal (OLIVEIRA, 2009).
A bacia possui altitude variando entre 200 e 1100m (Figura 4), o que
influência diretamente no uso e cobertura do solo.
Figura 4: Mapa altimétrico da bacia hidrográfica do rio Moxotó.
Fonte: elaborado pela autora.
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d. Caracterização climática da Bacia Hidrográfica do Moxotó
Sabe-se que a precipitação pluvial, nas faixas semiáridas, varia de no
mínimo 300 mm a 400 mm e no máximo de 700 mm a 800 mm (SEPLAN,
1993). E para Almeida (2001), a chuva é, sem dúvida, o elemento de maior
variabilidade mensal e anual na maioria das regiões do mundo.
A distribuição da precipitação sobre a superfície terrestre é muito mais
complexa se comparada com a radiação ou a distribuição de calor (temperatura
do ar). Parte da complexidade em modelar a distribuição da precipitação é
atribuída à influência de alguns fatores tais, como a topografia, à distância dos
grandes corpos hídricos, as massas de ar predominantes, dentre outros
(AYOADE, 1991).
Para caracterizar o clima a distribuição da precipitação na bacia do
Moxotó, realizou-se um levantamento bibliográfico tomando como base as
principais publicações científicas sobre os sistemas atmosféricos, eventos e
oscilações climáticas cíclicas, anomalias e mudanças unidirecionais que atuam
na região. Enfatizando os sistemas produtores de chuva e as tele-conexões
climáticas como as desencadeadas por eventos como ENSO ou Dipolo do
Atlântico.
Dentre os vários atores climáticos observados na região tropical, os que
se destacam contribuindo para a ocorrência de períodos chuvosos e de
estiagem no Semiárido brasileiro são os sistemas atmosféricos: a ZCIT (Zona
de Convergência Intertropical), VCAN‟s (Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis),
DOL‟s (Distúrbios Ondulatórios de Leste) ou simplesmente Ondas de Leste e
os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM); os eventos climáticos: El
Niño – La Niña (ENOS) e o Dipolodo do Atlântico.
O El Niño Oscilação Sul – ENOS é um evento climático cíclico que
possui efeitos em escala mundial, sendo as zonas mais afetadas a América do
Sul, Indonésia e Austrália. O ENOS origina do aquecimento das águas do
oceano pacifico tropical, próximo à Austrália e Indonésia, alterando a pressão
atmosférica em diferentes zonas por conta da mudança da direção de
velocidade dos ventos alísios, e o deslocamento das chuvas da região tropical
para a costa da America do sul (NÓBREGA, 2000).
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O ENOS é um dos principais fenômenos climáticos responsáveis pelos
longos períodos de estiagem na região semiárida do Brasil. Interferindo nas
características climáticas em grande escala na atmosfera terrestre, modifica os
padrões de chuva nesta região. Sua ocorrência é devido à diferença de
Pressão ao Nível do Mar (PNM) entre os setores centro-leste e oeste no
Oceano Pacífico Tropical, relacionado a um aquecimento anômalo de águas
em geral mais frias no lado leste deste Oceano, provocando mudanças na
circulação geral da atmosfera causando portanto, alterações climáticas em
várias regiões do planeta. (ALVES e REPELLI,1992).
Segundo Nóbrega (2000) o ENOS associado ao Dipolo do Atlântico
Tropical afeta diretamente o posicionamento da ZCIT, influenciando, portanto, a
distribuição pluvial sobre a bacia do Atlântico e o norte da América do Sul.
O Dipolo do atlântico apresenta anomalias de Temperatura da Superfície
do Mar (TSM) com sinais opostos ao norte e ao sul do Equador sobre o
Atlântico Tropical influenciando assim a posição latitudinal da ZCIT, que por
sua vez, altera a distribuição sazonal da precipitação sobre o Atlântico
Equatorial, o Nordeste Brasileiro (NEB) e até a Amazônia. Considera-se que na
fase positiva do dipolo ocorrem precipitações abaixo do normal em todo NEB,
enquanto em sua fase negativa, verificam-se precipitações acima da
normalidade.
Assim, coincidentemente, nos anos de ocorrência do ENOS com a
estação chuvosa sobre o NEB, e por consequência no semiárido, os
fenômenos atmosféricos e oceânicos sobre a bacia do Atlântico Tropical são
mais significativos estatisticamente para a variabilidade interanual do clima
sobre a citada região do que os do próprio Pacífico. (NÓBREGA, 2000).
Coelho et al.,(2004) consideram a ZCIT, sistema atmosférico de
importante influência sobre os trópicos, isto porque a estação chuvosa depende
fortemente da posição da mesma. Neste sentido, a variação na posição da
ZCIT pode resultar em períodos de estiagem ou de chuvas intensas sobre o
Semiárido, pela ocorrência da fase positiva do dipolo ou pela fase negativa do
dipolo, empurrando a ZCIT mais para o norte ou mais para o sul
respectivamente.
Outro relevante sistema climático que atua no Semiárido, principalmente
nos meses de verão austral são os denominados vórtices ciclônicos de altos
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níveis (VCAN‟s). Os VCAN‟s são sistemas de escala sinótica, associados a
chuvas intensas e que para sua formação necessitam de um sistema frontal no
Hemisfério Sul e outro no Hemisfério Norte próximo às latitudes equatoriais e
confluência dos Alísios. A formação dos VCAN‟s está relacionada juntamente a
Alta da Bolívia e do Cavado Nordeste como apresentado por Kousky e Gan em
1981, sendo que, abaixo da crista de 200 hPa onde ocorre uma intensificação
da vorticidade ciclônica, também atuam os Cavados de Latitudes Médias
(CLM‟s) e os Sistemas Frontais (SF‟s), causando deslocamentos tanto
regulares como irregulares na direção do vórtice (KOUSKY e GAN, 1981).
Sendo o VCAN‟s considerado um sistema ciclônico fechado, sua atuação
apresenta as seguintes características: quando suas bordas estão sobre o
Semiárido provoca chuvas, já quando seu centro (frio) está sobre o continente,
provoca estiagem (veranicos). Observa-se também que este fenômeno se
apresenta com uma elevada frequência, visto que de seis anos de
observações, em cinco verificou-se a presença de VCAN‟s. (SILVA ARAGÃO
et. al,. 1996).
Outro sistema climático que atua sobre o Semiárido provocando
precipitações por distúrbios nos ventos de leste conhecidos como ondas de
leste ou simplesmente DOL‟s (Distúrbios Ondulatórios de Leste). Configuram-
se entre as altas subtropicais e a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) é
dominada por fortes e constantes correntes de ar próximo à superfície,
chamadas de Ventos Alísios. Na camada mais baixa dos alísios o ar é
geralmente úmido e a temperatura é determinada pelas trocas de calor entre a
interface oceano-atmosfera. Acima desta camada é encontrada a Camada de
Inversão dos Ventos Alísios, onde a temperatura aumenta com a altura. Apesar
dos alísios estarem relacionados às condições de tempo estável, em algumas
regiões dos trópicos estas situações são interrompidas por distúrbios que, por
se moverem para oeste e apresentarem configurações ondulatórias nos
campos de vento e pressão são denominadas de ondas de leste (NORQUIST
et al., 1977; OLIVEIRA, ALVES, e NOBREGA, 2010).
Desde os anos 80, grande número de artigos científicos tem
documentado ambientes, ciclos de vida e características observacionais dos
Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM). Estes sistemas são importantes
devido ao fato de produzirem uma grande fração da precipitação na escala
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43
local durante os meses quentes e frequentemente estão associados com
tempo severo. Os CCM‟s são conjuntos de cumulus nimbus cobertos por uma
densa camada de cirrus que podem ser facilmente identificados em imagens de
satélite devido a seu formato aproximadamente circular e com um crescimento
explosivo superior a seis horas (ALVES, 2011).
O conhecimento das características dos CCM‟s é de suma importância
uma vez que eles contribuem para o balanço hidrológico local e global. Zipser
(et al., 1997, apud LAING E FRITSCH, 2006) utilizando seis anos de dados do
satélite TRMM, mapeou os casos de convecção severa mais extremos no
globo, enfatizando o sul da América do Sul como a área com as tempestades
mais intensas na Terra.
e. Causas da vulnerabilidade socioambiental na bacia hidrográfica do
Moxotó
A bacia hidrográfica do rio Moxotó sempre foi marcada por gestões
deficientes e precárias. A bacia possui um histórico de problemas relacionados
a gestão que obviamente, afetava diretamente os municípios da bacia, a
economia local é dependente dos recursos naturais para o desenvolvimento
das principais atividades, e não possuir uma gestão eficiente significou para
estes municípios uma recessão econômica, sendo um dos fatores
responsáveis do baixo desenvolvimento dos municípios (MELO, 2010; LIMA,
2011; LIMA E GATTO, 2013). No entanto, este estudo enfatizou no caso do
Perímetro Irrigando do Moxotó por ter gerado grande impacto social,
econômico e ambiental na bacia.
Localizado na zona fisiográfica do Sertão de Pernambuco, integrando a
microrregião homogênea do Sertão do Moxotó, a 334 km de Recife, o
Perímetro Irrigado Moxotó (PIMOX) abrange áreas dos municípios de Ibimirim
e Inajá, com uma área total de 12.395,96ha (6.375,00ha entregues aos
irrigantes), imediatamente após a jusante do Açude Público Federal Engº.
Francisco Saboya (Poço da Cruz) estendendo-se por cerca de 40 km de ambos
os lados do Rio Moxotó e composto por 565 lotes agrícolas
(UNIVALE/DENOCS, 2013).
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Apesar da bacia esta localizada numa região afetada por fenômenos
climáticos que causam longos períodos de estiagem, este não é o principal
fator causador da vulnerabilidade na área da bacia. A principal atividade
econômica desenvolvida nos municípios que compõem a bacia é a agricultura,
sobretudo a agricultura familiar. Embora possua terras com potencial para
irrigação, e mesmo sendo cenários de projetos desenvolvimentistas nos anos
50, alguns projetos de desenvolvimento da economia local não obtiveram
sucesso, e causaram impactos no meio ambiente e na população, e
consequentemente contribuíram com a vulnerabilidade na Bacia.
Para entender a vulnerabilidade socioambiental da Bacia buscou-se
informações históricas referentes aos eventos que contribuíram com a
dinâmica da vulnerabilidade na área, que forma: a construção do Açude
Público Francisco Sabóia ou Açude Poço da Cruz e a construção do Perímetro
Irrigado do Moxotó (PIMOX).
O Açude Poço da Cruz foi projetado pela Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas – IFOCS (atual Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas – DNOCS). Está localizado no município de Ibimirim – PE e possui
profundidade máxima que varia entre 37m a 50m, está inserido na Bacia
Hidrográfica do Moxotó e possui contribuição direta de outros três rios mais:
Cupity, Mel e Piutá.
O início da construção do Açude foi em 1957 e rapidamente concluída em
1958, com as finalidades principais de irrigação das terras a jusante e a
montante do vale, a piscicultura e a geração de energia. Esta última finalidade
se daria através da instalação de uma pequena usina hidrelétrica. A usina
construída possui capacidade total de 1.660 kVA. No entanto a pequena central
hidrelétrica encontra-se desativada há anos (VASCONCELOS, 2009).
Apenas no início dos anos 70 começou o uso de águas do açude para
irrigação, tendo auge nos anos 80. No entanto por conta da falta de chuvas e o
uso de maneira irregular do recurso, foi necessário aplicar medidas de
racionamento. O colapso total no fim dos anos 90 levou muitos agricultores a
abandonar as zonas irrigáveis e toda a estrutura do perímetro de irrigação
(VASCONCELOS, 2009).
O perímetro irrigado do Moxotó (PIMOX) foi instalado apenas nos
municípios de Ibimirim e Inajá, está localizado a jusante do açude, e se estende
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por cerca de 40 km em ambos os lados do rio Moxotó, abrangendo área total
de 12.395,69ha, área irrigável são 8.596ha, e área efetivamente implementada
de 5.607ha. A irrigação difusa abrange 400ha da área da montante do
reservatório e 600ha da jusante. O objetivo da construção do açude foi
subsidiar água para o perímetro irrigado e potencializar a atividade agrícola da
região. Toda a estrutura do perímetro esta, me maior parte, sobre solos
aluviais, por possuírem textura fina e são indicados para irrigação. O projeto foi
planejado para 560 lotes de famílias, com área média de 6,6ha, e 33 lotes
empresariais, com área total de 3,03ha (VASCONCELOS, 2009).
A irrigação era realizada, na maioria da área, através do método de
gravidade que aplica à técnica de infiltração por sulcos e sifões. A água do
açude é transportada por um canal principal que se deriva para dois adutores
distintos para abastecer os canais, no entanto todos os canais são abertos, o
que causa perda significativa durante o transporte por conta da
evapotranspiração.
Entre 1980 e 1983 o PIMOX chegava ao seu auge, beneficiando mais de
6.000 famílias e gerando mais de 20.000 empregos diretos e aproximadamente
5.000 indiretos. A região chegou a ser chamada de “El dourado do sertão de
Pernambuco” por alguns jornais do estado. (VASCONCELOS, 2009).
Em 1991 iniciava no semiárido um longo período de estiagem, e
consequentemente um racionamento das águas do açude, e em 1993 o volume
do açude atingiu níveis críticos. O volume total reduziu 15% da capacidade, em
torno de 74 milhões de metros cúbicos, dando inicio a aplicação de medidas de
restrição de uso.
Com objetivo de controlar o desperdício da água e melhorar a
administração do perímetro, em 1995 foi aprovado pela Assembléia Geral de
Irrigantes a criação da Associação dos Produtores Rurais Irrigantes do Vale do
Moxotó (UNIVALE).
O longo período de estiagem, os altos índices de evapotranspiração e o
uso pouco sustentável das águas do açude reduziram consideravelmente a
capacidade de fornecimento de água para atendimento à demanda. O que
resultou no fechamento total das comportas, que a criação da UNIVALE era
mantida aberta constantemente sem qualquer controle.
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No entanto, mesmo com a aplicação de medidas de restrição do
fornecimento de água e a redução das áreas irrigadas não resolveram o
problema do volume do açude nem tão poucos dos impactos que surgiam. Tal
situação levou a paralisação total do projeto e suspensão do uso das águas do
reservatório para irrigação, provocando ainda mais impactos socioambientais e
econômicos.
A paralisação do sistema de irrigação durou até 2004, quando houve a
retomada das atividades do PIMOX, desta vez contemplado apenas 58 lotes
agrícolas e 79 irrigantes. O numero de beneficiados pelo sistema foi reduzido
uma vez que a estrutura do sistema não permitia a liberação de volumes
maiores que 1.000/s. os canais de irrigação ainda encontravam-se danificados
propiciando perda de água. (VASCONCELOS, 2009)
Somado aos fatores climáticos a estas práticas não sustentáveis de uso
do solo e dos recursos hídricos são estes os principais fatores que contribuem
diretamente no aumento da vulnerabilidade socioambiental da bacia.
2.2 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
A metodologia desta pesquisa está divida em três etapas. A primeira
etapa está constituída dos métodos técnicos aplicados para análise das
presumíveis mudanças na dinâmica das precipitações. A segunda se trata da
análise espaço-temporal dos possíveis impactos presentes na paisagem da
bacia hidrográfica do Moxotó, sobretudo na vegetação, e a terceira etapa
corresponde à construção do índice de vulnerabilidade às mudanças
climáticas, no qual serão analisados os fatores de vulnerabilidade social e
ambiental da bacia. As duas primeiras etapas representam o risco aos quais
estão expostos os grupos sociais que ocupam a bacia. E a terceira representa
a quantificação da vulnerabilidade.
2.2.1 ANÁLISES DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES TEMPORAIS
a. Séries temporais
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Pode-se definir uma série temporal como sendo um conjunto de dados
observados e ordenados segundo parâmetros de tempo e com dependência
serial, sendo esse espaço de tempo entre os dados disponíveis equidistantes
(SOUZA e CAMARGO, 2004).
A suposição básica que norteia a análise de séries temporais é que há
um sistema casual relativamente constante, relacionando com o tempo, que
exerceu influência sobre os dados no passado e pode continuar a fazê-lo no
futuro. Este sistema casual costuma atuar criando padrões não aleatórios que
podem ser detectados no gráfico da série temporal. O de analisar uma série
temporal é constatar a ausência de padrões não aleatórios, já que a estes é
atribuído o papel de indicador que determinando sistema ou processo esta fora
de controle, ou fora de sua dinâmica habitual.
De acordo com o exposto, nota-se que a análise de séries temporais tem
grande importância como informação para previsão do futuro. O estudo do
comportamento das variáveis ocorridas no passado, em dados de precipitação,
nos permite prever as variações que poderão ocorrer no futuro, e assim prever
os próprios valores futuros dos dados (GÓIS, 1980).
Para que uma determinada série seja classificada como uma série
temporal, é necessário que ela preencha outro pré-requisito: os dados devem
apresentar uma dependência serial entre eles. Onde: os dados de uma variável
aleatória Z (precipitação), no instante t, com t variando até N, possa de certa
maneira, conter informações necessárias para que seja determinando o valor
dessa variável no instante t+1. Cabe mencionar que, N representa o numero de
observações da série temporal (MORETTIN e TOLOI, 2006).
A série temporal pode ser conceituada simplesmente como qualquer
conjunto de dados observados no tempo (MORRETTIN e TOLOI, 2006). E
expressada matematicamente pela seguinte equação (1):
Zt
(1)
Onde t é um índice temporal, e N é o número de observações.
Considerando a existência de uma série temporal até o instante t, a previsão no
instante t + h é denotada por Žt(h), cuja origem é t e o horizonte de previsão é
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h. As previsões em Z(t+1), Z(t+2), ... Z(t+h) podem ser ilustradas pelo gráfico abaixo
(Gráfico1).
Gráfico 1: Observações de uma série temporal com previsões de origem t e horizontes de
previsão iguais a um, dois e h.
Fonte: MORETTIN e TOLOI, 2006, p 16.
Os dados utilizados nesta etapa da pesquisa foram conseguidos
juntamente à Agência Pernambucana de águas e clima (APAC). Corresponde a
uma série contínua de dados mensais de precipitação do período de 1930 a
2014, das estações meteorológicas das cidades de Arcoverde, Betânia,
Custódia, Ibimirim, Inajá e Sertânia (Tabela 1).
No processo de tabulação a série foi ordenada em quatro intervalos:
1930 a 1950
1951 a 1970
1971 a 1990
1991 a 2014
Tabela 1: Relação de estações meteorológicas onde foram extraídos os dados de precipitação.
ESTAÇÕES ANO ESTAÇÕES ANO
Arcoverde – 206
1973 a
2009
Inajá – 149
1993 a
2007
Arcoverde – 334
1999
Inajá - Juazeiro dos Candidos–
391
1962 a
1992
Arcoverde - CHESF- 47
1930 a
1998
Inajá - Pernambucano – 323
1962 a
1993
Arcoverde - Fazenda Quixaba - 517
2001 a
2004
Inajá - Poço Alexandre – 322
1962 a
1993
Arcoverde - IPA – 16 1962 a Inajá - CHESF – 33 1937 a
Page 50
49
2014 2014
Betânia – 93
1934 a
2014
Manari– 478
1963 a
2014
Betânia - Cachoeira do Leite - 228
1962 a
2001
Sertânia – 185
1994 a
2014
Custodia – 147
1933 a
2014
Sertânia - Albuquerque Né – 401
2008 a
2012
Custodia - CHESF – 46
1993 a
1998
Sertânia - Algodões – 75
1933 a
1999
Custodia - Povoado Caiçara - 234
1962 a
2005
Sertânia - Carualina– 315
1962 a
1993
Custodia - Quitimbu – 449
1962 a
1991
Sertânia - Henrique Dias – 427
1962 a
1992
Ibimirim - Brejo do Piore – 431
1962 a
1993
Sertânia - Henrique Dias – 339
1931 a
2009
Ibimirim - IPA – 14
1993 a
2014
Sertânia - IPA – 243
1990 a
2014
Ibimirim - Jeritaco – 424
1934 a
1992
Sertânia - Moderna – 143
1962 a
2012
Ibimirim - Moxotó – 388
1934 a
1989
Sertânia - Pernambuquinho – 364
2008 a
2012
Ibimirim - Poço da Cruz – 468
1958 a
2011
Sertânia - Rio da Barra – 256
1962 a
2009
Ibimirim - PCD – 489
1999 a
2014
Sertânia - Xilili– 383
1962 a
1992
Ibimirim - PCD/Poço da Cruz - 494
2000 a
2004
Sertânia - PCD – 337
2005 a
2014
Fonte: APAC
Esta série temporal possui padrão de variações sazonais, ou ciclo anual.
O tempo entre duas cristas corresponde exatamente há um ano. As variações
sazonais são aquelas que ocorrem regularmente no período de um ano. No
entanto, há duas razões importantes para isolar a componente sazonal de uma
série temporal. A primeira é remover padrão sazonal e analisar apenas as
variações cíclicas e irregulares, e a segunda, e mais coerente para esta
pesquisa, é identificar os fatores sazonais com o objetivo de que eles
contribuam na planificação final dos resultados. Nos estudos climatológicos, é
recomendável remover a componente sazonal das séries temporais, pois
podem mascarar outras componentes da série.
Page 51
50
b. TESTE MANN-KENDALL
Detectar possíveis aumentos ou diminuições progressivas nas
precipitações médias anuais é uma tarefa que frequentemente apresenta
problemas complexos que são comuns em análises de séries climatológicas.
Os problemas, em geral, estão relacionados às variáveis climatológicas que
apresentam flutuações significativas ao longo do tempo.
Tentar identificar tendências nítidas apenas analisando a informação
dada pelos gráficos das séries temporais é inútil, podem-se perceber anos mais
secos e outros mais chuvosos, no entanto, é bastante difícil de detectar se
ocorrem sequências ou ciclos de anos com predominância de uma ou outra
dessas características. Portanto é fundamental aplicar um método estatístico
que possibilidade identificar se existem tendências nítidas nas séries em
análise.
O teste de Mann-Kendall é um teste não-paramétrico (KENDALL, 1975;
MANN, 1945), sugerido para avaliação da tendência em séries temporais de
dados ambientais (YU et al., 2002). Esse teste consiste basicamente da
comparação de cada valor de uma série temporal com outros valores restantes,
sempre em ordem sequencial (SILVA et al., 2007). O teste considera a
hipótese de estabilidade de uma série temporal. Neste sentido, a sucessão de
valores denota deformação independente e a distribuição de probabilidade
deve permanecer sempre a mesma (série aleatória simples). A Organização
Meteorológica Mundial (OMM) recomenda este teste, pois permite a
identificação em estudos de tendências e séries temporais meteorológicas
partindo do principio que a estabilidade é ideal para analisar a dinâmica
climática em série história, e identificar mudanças nas séries. (RODRIGUES et.
al., 2010).
Este teste foi aplicado para verificar objetivamente se há tendências
estatísticas significativas ou não na série temporal de precipitação da bacia
hidrográfica do Moxotó. Seja uma série temporal de observações x1, x2, ..., xn,
Mann (1945) propôs que para hipótese nula - H0 seja verdadeira a informação
vinda de um bando de dados devem ser variáveis aleatórias, independentes e
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51
igualmente distribuídas. E para que a hipótese alternativa – H1 seja verdadeira
os dados devem seguir uma tendência monotônica.
Neste teste, ao considerar-se a equação 1, toma-se a hipótese nula (H0)
considerando a ausência de tendências; neste caso, os dados
necessariamente devem representar variáveis aleatórias igualmente
distribuídas. Sendo expressa pela seguinte equação 2:
Onde:
Sgn (x) =
+ 1 x > 0
0 x = 0
- 1 x < 0
(2)
Xj e Xk representam a ordem relativa de cada elemento da série temporal. As
diferenças (Xj - Xk). Recebem valor zero (0) se (Xj - Xk) = 0; e [-1] se (Xj - Xk) >
0, por fim, [1] se (Xj - Xk) < 0. Supondo que H0 seja verdadeiro, S deve
apresentar uma distribuição aproximadamente normal com média zero e
variância Var(S) = [(n*(n-1)*(2*n+5)]/18.
O resultado de S indica a existência da tendência, desde que o valor de
S seja significativamente diferente de zero. Sendo S diferente de zero, a
hipótese nula H0, pode ser rejeitada. Inversamente a hipótese alternativa (H1) é
aceita (MANN, 1945).
O valor da estatística do teste é representado por Z, dado pela seguinte
equação (3):
Se S>0
Z =
0 Se S = 0
Se S<0
(3)
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52
A presença de uma tendência estatisticamente significativa é avaliada
pelo valor de Z. Essa estatística é usada para testar a hipótese nula, ou seja,
que não existe nenhuma tendência. O valor positivo de Z indica um aumento da
tendência, quando o valor é negativo indica tendência decrescente.
A presença de uma tendência estatisticamente significativa é avaliada
pelo valor de Z. Essa estatística é usada para testar a hipótese nula, ou seja,
que não existe nenhuma tendência. O valor positivo de Z indica um aumento da
tendência, quando o valor é negativo indica tendência decrescente. A
existência de uma tendência estatisticamente significante na série temporal foi
avaliada usando-se o valor da estatística Z, para testar a hipótese nula (não há
nenhuma tendência). O Z é o parâmetro de saída do teste Mann-Kendall.
Valores positivos de Z indicam tendências crescentes, enquanto que negativos
indicam tendências decrescentes. Para testar qualquer tendência, crescente ou
decrescente, para um nível significante α, rejeita-se a hipótese nula se o valor
absoluto de Z for maior que Z1-α/2 (Tabela 2). Neste trabalho, foi aplicado o
nível de significância α = 0,05. Assim, se o valor absoluto de Z for maior que
1,96, rejeita-se a hipótese nula ao nível de 5% e as médias são
estatisticamente diferentes. O resultado positivo da estatística Z, maior do que
1,96 indica tendência significativa de acréscimo (Tsa), menor que 1,96 a
tendência é não significativa de acréscimo (Tnsa), enquanto um valor negativo
de Z, menor do que -1,96 indica tendência significativa de decréscimo (Tsd) e
valor maior que -1,96 indica tendência não significativa de decréscimo (Tnsd).
Se o Z for 0 não existe tendência na série (ALVES et al., 2015)
Tabela 2: Descrição da significância do teste Mann - Kendall
SIGNIFICANCIA LEGENDA Z
Sem tendência ST 0
Tendência significativa de acréscimo TSA > + 1,96
Tendência significativa de
decréscimo
TSD
< - 1,96
Tendência não significativa de
acréscimo
TNSA
< + 1,96
Tendência não significativa de
decréscimo
TNSD
> - 1,96
Fonte: ALVES et al,. 2015
Page 54
53
2.2.2 ANÁLISES ESPAÇO-TEMPORAL DE IMPACTOS SOBRE A
COBERTURA VEGETAL
O avanço das pesquisas espaciais, a criação de novos sensores orbitais
e a distribuição de maneira mais acessível aos usuários das ferramentas de
geoprocessamento, tem tornado as imagens satélites o produto de
sensoriamento remoto mais utilizado para análises da dinâmica de cobertura
vegetal no mundo.
Estas tecnologias contribuíram e facilitaram o mapeamento,
monitoramento e controle da cobertura vegetal de áreas extensas na superfície
(PONZONI, 2001). O mapeamento e monitoramento da cobertura vegetal
ganharam considerável impulso nas últimas décadas, e uma das razões é a
popularização das ferramentas de sensoriamento remoto e do acesso gratuito
a muitas delas e, sobretudo, o grande desenvolvimento de pesquisas sobre
controle e monitoramento do desmatamento, já que as áreas onde ocorrem os
desmatamentos na maioria dos casos são extremamente extensas, como por
exemplo, a floresta Amazônica.
A facilidade do acesso às ferramentas e técnicas do processamento de
imagens, que consequentemente contribui aos avanços das pesquisas sobre
vegetação e especialmente aos estudos de controle e monitoramento dos
desmatamentos, associados às políticas de proteção ambiental, têm sido um
importante ator no combate ao desmatamento e preservação de florestas.
Segundo Fonseca (2000), além da importância do uso das imagens satelitais
nos estudos relacionados à vegetação, o quão importante é esta ferramenta
como fonte de informação para produção cartográfica de estratégia.
Dentre as principais técnicas aplicadas de processamento de imagens
relacionado às análises de dinâmica da vegetação destaca-se o NDVI
(Normalized Difference Vegetation Index). Este é o índice mais utilizado no
processamento de dados satelitais aplicados à vegetação, pois explora as
propriedades espectrais de absorção da vegetação no comprimento da onda
visível. Na onda visível absorve-se melhor a vegetação por conta da clorofila, e
atinge seu máximo de refletância na onda infravermelha, dependendo da
anatomia da folha (MYNENI et al., 1995). O NDVI funciona como estimador de
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54
radiação utilizada dentro do processo de fotossíntese que ocorre nas folhas, e
monitora a variabilidade periódica das plantas (STÖCKLI e VIDALE, 2004;
STÖCKLI, 2005).
Este índice apresenta excelente resposta na análise das mudanças na
quantidade da biomassa verde, conteúdo de clorofila e estresse hídrico
(LIANG, 2004). Além de auxiliar na estimativa e controle de produções
agrícolas.
Os diferentes tipos de vegetação podem ser classificados segundo o
exclusivo comportamento espectral de casa espécie vegetal (TUCKER, 1978):
a radiação do canal vermelho (630 nm - 690 nm) é absorvida pela clorofila,
enquanto que no canal infravermelho próximo (760 nm- 900 nm) a radiação é
refletida e sua intensidade de refletância depende da estrutura celular das
folhas.
Por tanto ao analisar a curva da refletância da vegetação, o desvio
observado entre o canal vermelho e o infravermelho próximo constitui em uma
variável sensível à presença da vegetação verde. A resposta espectral da
vegetação no canal vermelho está diretamente relacionada à concentração de
clorofila, enquanto que a resposta espectral do canal infravermelho é
controlada pelo índice de área foliar e a densidade da vegetação verde
(MAJOR et. al., 1990). A combinação desses dois domínios espectrais permite
diferenciar os distintos tipos de vegetação, determinando fotossinteticamente a
biomassa ativa através da densidade da cobertura vegetal, e diferenciando a
vegetação dos demais elementos presentes na superfície.
O objetivo deste capítulo é identificar e quantificar no espaço e no tempo
os impactos presentes na vegetação e no solo da superfície da bacia. Para isto
serão utilizadas imagens satelitais LandSAT (5 e 7) e será aplicado o índice
NDVI.
a. Descarga, registro e correção geográfica das imagens
Para realizar esta etapa da pesquisa foram utilizadas do satélite
LANDSAT 5 sensor TM e LANDSAT 7 sensor ETM – disponíveis gratuitamente
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
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55
A eleição das imagens foi sob os seguintes critérios: escolher imagens
referentes ao período seco da bacia, de mínima precipitação, para enfatizar as
áreas de vegetação permanente e que as imagens apresentassem o mínimo
de cobertura de nuvens, para facilitar a visualização das zonas analisadas.
Cada banda espectral do satélite LANDSAT5 TM possui resolução de
30m, cada pixel representa uma área quadrangular de 30m X 30m. Assim, um
pixel pode abrigar mais de um tipo de “corpo terrestre” ou corpos que refletirão
energia solar de formas distintas.
Para o processamento digital das imagens foi utilizado o software
ArcGIS 9.3 (Licenciado para a Universidade Federal de Pernambuco).
b. Calibração radiométrica
Esta etapa constitui no cálculo da radiância espectral de cada banda, ou
seja, a conversão radiométrica onde o número digital de cada pixel da imagem
é convertido em radiância espectral monocromática (SILVA, 2009). Segundo
Markahm e Baker (1987), este cálculo representa a radiação solar refletida por
cada pixel, por unidade de área, de tempo, de ângulo solido e comprimento de
onda, medida ao nível do satélite LANDSAT5 TM, para as bandas 1 a 7
(equação 4).
(4)
Onde a e b são as radiâncias espectrais mínima e máxima,
respectivamente, ND é a intensidade do pixel, e i corresponde às bandas da
imagem. A radiância calculada é a conversão radiométrica do número digital
em valor monocromático, neste caso o valor da radiância que é apresentada
por cada pixel corresponde à medida das radiâncias de todos os corpos
identificados na área da imagem. O cálculo de radiância é uma etapa
fundamental no cálculo do NDVI.
c. Cálculo de refletância
É definido como a razão entre o fluxo da radiância solar refletida e o
fluxo da radiância solar incidente (equação 5)
Page 57
56
(5)
Onde Lλi é a radiância espectral de cada banda, kλi é a irradiação solar
espectral de cada banda no topo da atmosfera, Z é o ângulo zenital e dr é o
quadrado da razão entre a distância da terra-sol (ro) e terra-sol (r), num
determinado dia do ano. A refletância espectral de uma determinada superfície
é extremamente complexa, uma vez que a superfície da Terra, em geral, é
heterogênea e agrega diversos elementos. (FIORIO et. al., 2001).
d. Cálculo do Normalized Difference Vegetation Index – NDVI
O índice NDVI foi obtido pela razão entre as diferenças entre a
refletância do infravermelho próximo e o vermelho (equação 6).
(6)
Onde A é a refletância no canal infravermelho próximo; B é a refletância
no canal vermelho.
e. Classificação supervisionada
Para esta etapa foi aplicado uma adaptação da classificação
supervisionada proposta por Lourenço e Landim (2004), onde os valores mais
altos do índice foram associados a maior densidade de cobertura vegetal, e os
valores mais baixos foram associados a menor densidade de cobertura vegetal,
superfícies expostas, corpos d‟água e zonas urbanas:
Tabela 3: Valores do Índice x Classes
Valores do índice Classes
-1 a -0,32 Corpos d‟água
-0,31 a -0,059 Áreas úmidas
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57
-0,058 a 0,0039 Solos expostos
0,004 a 0,12 Vegetação pouco densa
0,13 a 1 Vegetação densa
Fonte: elaborado pela autora.
Segundo o relatório de Biodiversidade da Caatinga (2003), a região
central do Semiárido Pernambuco (onde está localizada a bacia do Moxotó),
apresenta predominantemente o domínio da vegetação hiperxerófila, também
apresentando áreas com domínio da vegetação hipoxerófila e pequenas ilhas
úmidas (Brejos) 5.
Quanto maior a quantidade espacial de vegetação, menor as áreas de
solo exposto. Sendo assim foi destacada nas imagens apenas a vegetação, e
com auxilio da classificação supervisionada (LOURENÇO e LANDIM, 2004), a
cobertura vegetal foi divida em três categorias de densidade de acordo com os
valores do NDVI.
Este estudo pretende analisar apenas a vegetação arbórea e arbustiva,
por tanto a classificação supervisionada foi adaptada com base no perfil
vegetal da Caatinga segundo a fisionomia (Figuras 5, 6 e 7) e nos resultados
do NDVI (Tabela 4). Sendo assim a adaptação realizada foi à seguinte:
Figura 5: Caatinga arbórea - arbustiva de Baixa densidade
Fonte: LEMOS, 2006
5 Os Brejos de Altitude Nordestinos são encraves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida
em plena região Semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco conhecimento sobre sua vegetação e ecologia (PORTO et al., 2004).
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58
Figura 6: Caatinga arbórea - arbustiva de média densidade
Fonte: LEMOS, 2006
Figura 7: Caatinga arbórea - arbustiva de alta densidade
Fonte: LEMOS, 2006
Tabela 4: Classificação supervisionada – NDVI.
CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA – NDVI
Fonte: Adaptada pela autora.
VALOR NDVI CATEGORIAS
0,25 – 0,50 Baixa densidade vegetal
0,50 – 0,75 Média densidade vegetal
0,75 – 1 Alta densidade vegetal
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59
2.2.3 CONCEITUAÇÃO E METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA
VULNERABILIDADE FRENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CRIAÇÃO DO
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – IVMC
O processo de gerar a informação para construção dos indicadores a
partir de dados brutos requer também conhecimento de campo. Os indicadores
são usados para construir modelos conceituais do funcionamento de um
determinado sistema a partir de um raciocínio lógico e ou da experiência
adquirida entre os pesquisadores e os atores chaves.
A conceitualização de um sistema socioambiental onde um dos fatores
de perigo são as possíveis alterações do clima requer um modelo quantitativo
onde os fenômenos possam ser convertidos em valores concretos. Por tanto é
necessário estabelecer parâmetros para quantificar os fatores que geram a
vulnerabilidade, como as características físicas da paisagem e
socioeconômicas. Estas informações serviram de referencia para determinar os
níveis de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa do sistema em
análise.
Os dados brutos para construção dos indicadores foram selecionados
segundo os seguintes critérios: deveriam possuir relação direta com o perigo
(CONNOR & HIROKI, 2005; MENDOZA, et. al., 1999; MOSSET et. al., 2000)
que se enquadrasse com a escala de análise e com as características
específicas da bacia hidrográfica do Moxotó (FOWLER et. al., 2003; SULLIVAN
& MEIGH, 2005).
Os indicadores servirão para ordenar e sistematizar a informação para a
planificação, montagem e análise do índice que contribuíram na gestão de
mitigação.
Também para determinação dos indicadores que foram aplicados na
construção do índice, além de possuírem aspectos físicos, econômicos e
sociais, deveriam também possuir aspectos diretamente relacionados às
características climáticas e que fossem suficiente sensível para que pudessem
refletir as mudanças do sistema estudado. (Figura 8).
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60
Figura 8: Hierarquização da informação para elaboração do índice a parir de indicadores e
dados brutos.
Fonte: adaptado de CENDERO (1997).
Com o objetivo de reduzir o grau de incertezas foram selecionados
poucos indicadores, no entanto foram selecionados indicadores que
apresentassem precisamente características dos fatores de análise, que seriam
a exposição, a sensibilidade e a capacidade adaptativa.
a. MODELO CONCEITUAL
i. Construção do Índice de Vulnerabilidade a Mudanças
Climáticas
Nesta etapa elegeu-se trabalhar com informação de fácil acesso e atual,
disponível a todo o público, e que a informação estivesse disponível a escala
municipal.
A principal fonte de extração dos dados foi o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, que é o órgão público encarregado pela coleta
e tratamento de dados relacionados ao tema, ademais de ser o instituto
responsável pelo Censo nacional e da Agência Estadual de Planejamento e
Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE\FIDEM. Também foram extraídos
dados da Agencia Pernambucana de Águas e Clima – APAC, e dados
extraídos dos resultados do processamento das imagens do satélite LANDSAT.
ÍNDICE
INDICADORES
DADOS BRUTOS
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61
Foram reunidos dados brutos de sete municípios (que fazem parte do recorte
da bacia do Moxotó).
Os indicadores selecionados para compor o índice foram doze,
agrupados em cada subíndice correspondente: três para caracterizar o
subíndice de exposição, cinco para caracterizar o subíndice de sensibilidade, e
quatro para caracterizar o subíndice de capacidade adaptativa.
Este índice foi construído tomando como base a metodologia proposta
por Monterroso (2011). Foram modificados os indicadores que compõem os
subíndices, com objetivo de adequar melhor o índice à realidade do semiárido
brasileiro. Sendo assim os subíndices que compõem o índice foram
organizados da seguinte forma:
EXPOSIÇÃO
Este subíndice se refere ao grau de estresse climático sobre uma unidade
particular de analise; pode ser representado por mudanças nas condições
climáticas ou pelas taxas de variabilidade climática, onde se inclui a magnitude
e frequência dos eventos extremos. Alguns fenômenos naturais apresentam-se
como ameaças, correspondem a fenômenos extremos, como as inundações,
secas, incêndios, tempestades, dentre outros. O risco se estabelece diante da
possibilidade de exposição da sociedade a qualquer evento extremo
(MARANDOLA et. al., 2009). Para compor este subíndice sugere-se os
seguintes indicadores:
Tendência pluviométria: uma ameaça às atividades primárias
predominante no semiárido é a alta variabilidade climática. Essa região
que historicamente é atingida por eventos extremos e sendo assim
frequentes períodos de estiagem. Em regiões com estas características
climáticas a produção agrícola, a pecuária, e a caça encontram-se mais
expostas aos impactos, que consequentemente impactam também os
grupos sociais envolvidos em tais atividades a na própria economia
local. Para construir este indicador foram analisados os dados climáticos
de precipitação mensal e anual do período de 1930 a 2014 com objetivo
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62
de identificar tendências de mudanças climáticas, sobretudo, tendências
positivas, negativas ou neutras na dinâmica de precipitações da bacia.
Taxa de solo degradado: Este subíndice considera as
porcentagens de áreas sem cobertura vegetal. A vegetação determina a
proteção à erosão dos solos, assim como controlam o albedo da
radiação solar, que é mais elevado ante a ausência da cobertura
vegetal. A retirada da cobertura vegetal na região Semiárida, seja
através de queimadas ou cortes ilegais, contribui e potencializa os
processos de exposição do solo. A ausência da cobertura vegetal
também contribui com a lixiviação do solo, isto é a extração ou
solubilização dos constituintes químicos de uma rocha, mineral, solo,
depósito sedimentar e etc. pela ação de um fluido percolante (DEMATTÊ
et al., 2004). Para compor este indicador optou-se por extrair a
informação dos resultados do índice Normalizado de Diferença
Vegetacional (NDVI, sigla em inglês).
Porcentagem de variação da temperatura: Corresponde o
resultado da aplicação do cenário B2 (menos critico) do modelo
PRECIS(Providing Regional Climates for ImpactStudies). Os dados
deste indicador foram extraídos do quinto relatório sobre mudanças
climáticas do IPCC (IPCC, 2013)
SENSIBILIDADE
A sensibilidade é o estado no qual se encontra um sistema quando é
potencialmente afetado e modificado por um distúrbio, interno ou externo, ou
um grupo deles. Medir a sensibilidade determina o grau no qual um sistema foi
afetado, possibilitando quantificar o nível de sensibilidade de um sistema. Este
subíndice está composto por indicadores que possibilitam avaliar a
sensibilidade social e ambiental no sistema da Bacia do Moxotó.
(MONTERROSO, et. al., 2011).
Determinados grupos sociais estão mais expostos que outros aos riscos
ambientais, em particular os grupos sociais mais sensíveis são as
comunidades pobres dos centros urbanos, que sofrem com os efeitos diretos
da contaminação do ar, e os impactos do efeito estufa; os agricultores
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63
familiares de zonas áridas e semiáridas, que estão sob regime irregular de
precipitações, e frequentes e largos períodos de estiagem (secas). Uma ampla
variedade de fatores sociais e econômicos intervém direta e indiretamente na
sensibilidade humana frente às mudanças climáticas, entres estes fatores se
destacam a pobreza, a desigualdade social, o acesso a recursos naturais
básicos. (CUTTER, 1996).
População – Incidência de pobreza: A pobreza aqui é conceituada desde
a perspectiva da carência e ou ausência de recursos mínimos
aceitáveis. A conceitualização da pobreza já não é, somente, o ingresso
a um determinado nível social ou a renda, senão se refere também ao
processo pelo qual as pessoas alcançam (ou não) seu bem-estar
(ESPÍNOLA, et al,.2010). O PNUD (2014) seguindo a proposta de
Amartya Sen, que também considera as necessidades e ou privações
das pessoas por sua condição social como a referência final para
determinar a pobreza. Isto é, consideram ademais da renda familiar, o
aceso à educação, saúde e qualidade de vida (acesso à eletricidade,
saneamento básica, água potável, etc). Com base num critério de
análise multidimensional, entende que a pobreza possui conceito relativo
e extremamente complexo, no qual se baseia não somente na falta de
recursos financeiros, mas também na carência de oportunidades reais
de desenvolvimento, determinados pelas limitações impostas pela
sociedade (PNUD, 1997). Sendo assim, a pobreza é reconhecida como
um indicador de extrema importância na medição da vulnerabilidade às
ameaças climáticas. Os grupos sociais de baixa renda apresentam
capacidade de controle inferior aos demais grupos, portanto sofrem
consequências desproporcionais. (MARANDOLA et. al., 2005)
Saúde – Número de estabelecimentos públicos de saúde: Neste tópico
entendesse a falta de acesso a tratamentos de saúde públicos com
indicador de sensibilidade, uma vez que uma determinada área sofre
com impactos diversos, estes afetam diretamente nas vidas das
pessoas, e por vezes causando doenças e impactos semelhantes.
Entendendo desta forma que quanto menor o número de
estabelecimentos públicos de saúde, maior a dificuldade de pessoas de
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64
baixa renda a ter acesso a tratamentos de saúde, consequentemente
mais vulneráveis são estas pessoas. (PNUD, 2014).
Condições sanitárias – Número de residências sem saneamento básico
adequado: A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento
básico como “o controle de todos os fatores de meio físico do homem
que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem-estar físico,
mental e social”. O saneamento básico tem como objetivo zelar pela
saúde do ser humano, tendo em conta que muitas doenças podem ser
desenvolvidas quando há um saneamento precário. (PNUD, 2014).
Atividade econômica – Número de trabalhadores em atividades
primárias (agricultura, pecuária e caça): As atividades primárias são
diretamente dependentes de fatores naturais, e uma vez que estes
sofram mudanças e impactos, estas atividades seriam as primeiras a
passarem por transformações. As atividades primárias são
predominantes nos municípios que compõem a bacia do Moxotó. E
havendo alterações no sistema natural, haveria mudanças no sistema
socioeconômico da bacia. Segundo Tavares (20110) Mudanças nos
geossistemas podem provocar modificações nos sistemas
socioeconômicos, e vice-versa. Com a formatação dos espaços urbano
e rural atrelado aos interesses financeiros tem prevalecido e produzido
alterações rápidas nos fluxos de matéria e energia no âmbito dos
sistemas socioeconômicos, com repercussão nos geossistemas,
especula-se sobre tendência e mudanças climáticas de origem
antrópica, que produziriam consequências impactantes
retroalimentadoras em ambos os sistemas.
CAPACIDADE ADAPTATIVA
As capacidades de um sistema de enfrentar as consequência dos impactos
das mudanças climáticas contribuem no processo de mitigação. Implementar
medidas que ajudem a minimizar os impactos e técnicas que potencializem a
capacidade adaptativa dos grupos sociais. A capacidade adaptativa de um
grupo social reflete sua flexibilidade a modificar características e
comportamentos para enfrentar melhor as dificuldades, com objetivo de
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65
monitorar os fatores que impulsionam as mudanças (MONTERROSO, et. al.,
2011). Para compor este subíndice selecionaram-se os seguintes indicadores:
Capital humano – Taxa de alfabetizados: Entende-se como
alfabetização “a habilidade para utilizar símbolos gráficos que
representem a linguagem falada de modo que o saber coletivo do grupo
exteriorize-se e perpetue no tempo e espaço” (BATISTA, 2006, p. 15).
Alfabetização está relacionada, sobretudo, com a capacidade humana
de usar um conjunto de técnicas para decodificar e produzir materiais
escritos, que segundo McGarry (1999) esta definição refere-se à
alfabetização impressa ou alfabetização básica. Para Bawden (2002), o
conceito de alfabetização vai muito além de dominar leitura e escrita,
que a compreensão e interpretação do espaço são fundamentais e
indispensáveis no processo da alfabetização. Ainda segundo Bawden,
nas ultimas décadas o conceito de alfabetização tem sido
complementado com as chamadas “alfabetizações de habilidades”, este
conceito mais amplo da alfabetização foi desenvolvido para fazer
referencia as informações tecnológicas e complexas que estão em auge.
Bawden conclui afirmando que poderia citar variadas denominações
para a alfabetização, dependendo da habilidade a que se refere:
alfabetização agrícola, alfabetização cinematográfica, alfabetização
digital, dentre outras formas. A alfabetização é um importante indicador
que contribui a adaptação, já que pessoas que melhor interpretam o
meio podem melhor prever situações, por exemplo, a atuação dos
„profetas do sertão‟, agricultores do Sertão do Cariri, reúne-se
anualmente para compartirem as previsões climáticas do ano corrente,
graças ao domínio de leitura, escrita e interpretação, estes agricultores
podem prevenir-se dos efeitos de fenômenos climáticos (ALVES, 2006).
Capital econômico familiar – Número de domicílios particulares
permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar de
mais de 2 a 5 salários mínimos: Sem dúvida todos os humanos
apresentam algum nível de vulnerabilidade aos impactos ambientais, à
capacidade das pessoas de adaptar-se à mudança e controlá-la é
Page 67
66
variada. Porém os grupos sociais de menor renda financeira apresentam
baixa capacidade para adaptar-se a mudanças e são mais vulneráveis
aos efeitos negativos dos fenômenos climáticos, assim como a outras
ameaças (IPCC, 2001).
Capital financeiro público – investimento público em programas e
infraestruturas sociais: este indicador refere-se ao papel do estado como
principal ator na prevenção de impactos através do planejamento e
aplicação de ações de mitigação que fomentem meios da população
adaptar-se melhor as adversidades das mudanças climáticas. Portanto
entende-se que investir em programas sociais que contribuam
diretamente para o bem estar da população está consequentemente
contribuindo para adaptação dos mesmos. (PNUD, 2014).
Capital natural – Disponibilidade de água por residência: O acesso à
água é uma problemática em qualquer região árida e semiárida do
mundo. A água é o recurso natural fundamental para sobrevivência
humana. Possuir acesso a este bem significa ter melhores condições de
enfrentar os infortúnios que as mudanças climáticas podem causar.
Sendo assim neste tópico serão consideradas como aporte o numero de
residências que possua acesso à água canalizada. (PNUD, 2014).
TRATAMENTO DOS DADOS
Para elaborar o índice criou-se um banco de dados com toda a informação
de cada um dos indicadores. Onde o valor máximo de cada indicador refletiria
sua máxima severidade, com exceção dos indicadores que compõem o
subíndice de capacidade adaptativa, onde o máximo valor apresentado pelos
indicadores refletiria seu maior potencial positivo.
Para que fosse possível comprar todos os valores resultantes entre si, todos
os indicadores foram padronizados para eliminar as diferenças de escala. Para
isto foi aplicado à seguinte equação (7):
ZV = (Xi – X)/DS
(7)
Page 68
67
Onde Z representa o valor padronizado da variável v; Xi é o valor observado
de v, e X é o valor médio do conjunto de valores i, e DS é o desvio padrão do
conjunto de valores i. Após a etapa de padronização dos indicadores,
procederam-se os cálculos de cada um dos subíndices: exposição,
sensibilidade e capacidade adaptativa.
Somaram algebricamente os valores padronizados dos indicadores de
cada subíndice aplicando a seguinte equação (8). E uma vez calculado os
subíndices, foram normalizados a escala de valores de 0 a 100.
Lp = (lobs – mínimo l)/(máximo l – mínimo l)
(8)
Onde l é o subíndice da variável p, lobs é o valor da soma dos indicadores
de cada subíndice. Mínimo l é o valor mínimo observado do conjunto de valores
de lp; e máximo l é o valor máximo observado do mesmo conjunto de lp.
Posterior a esta etapa todos os valores resultantes foram transformados em
porcentagens.
Com todos os valores calculados e devidamente padronizados em
escala de porcentagem. Finaliza-se o índice calculando a vulnerabilidade de
cada município da bacia através desta equação (9).
Vulnerabilidade = (exposição + sensibilidade) – capacidade adaptativa
(9)
Onde a vulnerabilidade é igual à soma dos resultados padronizados da
exposição e sensibilidade, e subtraídos pelos valores da capacidade
adaptativa.
A escala municipal foi escolhida para espacialização e construção do
índice de vulnerabilidade. O critério para selecionar o tipo de escala foi de
acordo com a disponibilidade de informações de todos os indicadores e de
todos os municípios que compõem a bacia. O estado de Pernambuco, através
CONDEPE – FIDEM atualizou a base de dados do censo municipal 2010,
sendo a fonte de dados mais atual disponível para esta escala.
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68
3|VALIDAÇÃO DO MODELO
3.3 APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NO ALTIPLANO CHILENO
Esta etapa da pesquisa consiste na construção do índice, e na escolha
dos indicadores em caráter de teste, isto é, validar a metodologia antes de
aplicá-la definitivamente na área de estudo da tese. Para isso foi selecionada
uma área que possui experiências e técnicas de adaptação em adversidades
às mudanças climáticas, para que o modelo seja aplicado como área de teste
de validação. Portanto elegeu-se o altiplano chileno – Chile, mais
especificamente quatro comunas6.
Justifica-se a escolha desta área pelos seguintes critérios: i) Ambas as
áreas de estudo estão sob efeitos semelhantes da atuação do El niño,
provocando longos períodos de estiagem. O altiplano chileno também é
caracterizado por intensa variabilidade climática; ii) Outra semelhança é em
relação às taxas de precipitações anuais, o Altiplano também possui baixas
taxas de precipitação, entretanto são bastante inferiores se comparadas com o
semiárido brasileiro (sobretudo levando em consideração que o semiárido
brasileiro é o mais chuvoso do planeta). Não se optou por escolher uma área
da zona semiárida do Chile, pois, esta comparada com as características
climáticas do Semiárido brasileiro, seria mais semelhante às características de
uma zona desértica; iii) As semelhanças entre as características de atuação de
anomalias atmosféricas e também pela variabilidade sazonal.
O Altiplano chileno teve como primeira atividade econômica a pecuária e
posteriormente a agricultura, esta atividade foi desenvolvida por grupos
indígenas através de técnicas milenares bastante desenvolvidas para enfrentar
os efeitos brutais da variabilidade climática da zona (BRAVO e LLAGOSTERA,
1986; NÚÑEZ e DILLEHAY, 1995; BERENGUER et al.,1980). E esta também
foi uma das razões pela escolha desta zona, já que um dos objetivos desta
etapa, além de validar a metodologia, era observar (através de visitas in loco)
6 Divisão política geográfica que possui poder administrativo do governo equivale a município.
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69
como os grupos antrópicos milenários que ocupavam esta área se adaptavam
para enfrentar as adversidades da variabilidade climática da região.
Esta etapa da pesquisa na Universidad de Chile foi fundamental para o
desenvolvimento da tese, sobretudo o compartilhamento de informações
conceituais sobre pesquisa de mudanças climáticas e vulnerabilidade. O Chile
é um país que tem sido afetado severamente por desastres naturais, desde
grandes terremotos, tsunamis, inundações, deslizamentos de terra a longos
períodos de seca. Ainda não há no país um programa de prevenção e
mitigação aos impactos gerados pelos eventos naturais, entretanto há um
crescente aumento nos estudos relacionados à pesquisa da vulnerabilidade
social.
O prof. Dr. Hugo Romero, foi o professor responsável por acompanhar
esta pesquisa. O prof. Romero faz parte do departamento de Geografia da
Universidad de Chile, e desenvolve pesquisas na área de climatologia e
mudanças climáticas. Impactos naturais e vulnerabilidade socioambiental
(ROMERO, et al., 2006; 2008, 2010ª, 2010b). O prof. Romero também produziu
pesquisas relacionando fatores climáticos urbanos entre cidades do Chile e do
Brasil, como também artigos que comparam as condições de vulnerabilidades
entre ambos os países (MENDONÇA e ROMERO, 2008b; ROMERO e
MENDONÇA, 2012).
Durante o ano de 2013, sob a supervisão do Prof. Dr. Hugo Romero, foi
desenvolvida, nas instalações do Laboratorio de Medio Ambiente y Territorio de
Universidad de Chile, a validação do índice de vulnerabilidade às mudanças
climáticas.
A pesquisa foi aplicada a quatro comunas do altiplano chileno: General
Lagos, Putre, Pica e Colchane. No início do estudo, foi proposto como área de
estudo a Bacia Hidrográfica Altiplánica, entretanto as dificuldades com relação
aos dados sociais levaram a mudança de recorte espacial. Em caso de seguir
os estudos com base ao recorte de bacia hidrográfica teríamos que utilizar os
dados sociais das localidades que integram a bacia, e durante este período os
dados sociais do censo 2012 não haviam sido disponibilizados. Estavam
indisponíveis devido a problemas na coleta de informações e o governo do
Chile recomendou que os resultados do censo não fossem divulgados, sendo
insinuado repetir entrevistas em 2015. Entretanto, em 2014 o Instituto Nacional
Page 71
70
de Estatísticas de Chile (INEC) corrigiu os erros e divulgou os dados em
setembro deste mesmo ano.
Os dados sociais estavam disponíveis em outras fontes de dados
(Biblioteca do Senado – Chile) para escala de comuna. Portanto para não
prejudicar a pesquisa alteramos o recorte espacial e permanecemos na mesma
área de estudo.
O resultado da etapa de validação foi organizado num relatório e
apresentado no “TALLER INTERNACIONAL SOBRE AVANCES Y
PROYECCIONES DE LA CONSIDERACIÓN DE LOS CAMBIOS CLIMÁTICOS
EN LA EVALUACIÓN AMBIENTAL ESTRATÉGICA (EAE) (CENTRO DE
HUMEDALES, PICA, 22 – 26 DE ENERO DE 2014)”.
Além de contribuir com o aperfeiçoamento da pesquisa, esta etapa foi de
grande importância para a construção definitiva do índice. Pois os erros
apresentados durante o processo de validação foram corrigidos antes de serem
apresentados na versão da tese apresentada à banca de avaliação.
Em relação aos resultados do processo de validação do índice, estes
também foram apresentados por etapas, onde a primeira etapa corresponde à
identificação de mudanças no padrão das precipitações, a segunda à
identificação de áreas verdes, a terceira ao levantamento dos dados sociais e
econômicos e por último, a quarta e última etapa, o tratamento de todos os
dados e organização dos mesmos nos subíndice e no índice final.
Na etapa de identificação de mudanças climáticas o método aplicado na
validação não foi o mesmo aplicado na metodologia da tese. Pois o método
aplicado na validação identifica os meses sem chuvas com objetivo de
identificar os períodos de estiagem. Discutiu-se a escolha de outro método, já
que este foi bastante insólito e não apresentava confiabilidade suficiente para
afirmar mudanças no padrão das precipitações, nem tampouco os resultados
deste método que já não demonstravam se havia algum tipo de tendência
sobre os períodos de estiagem no altiplano chileno. Nesta etapa o método
escolhido para substituir o método aplicado na validação foi o Mann-Kendall.
Na etapa de identificação de áreas verdes a metodologia não foi
alterada, o método NDVI respondeu muito bem ao ser aplicado em ambas as
zonas, e os resultados foram excelentes. Nesta etapa apenas o critério de
seleção das imagens satelitais foi alterado. No relatório da validação usou-se
Page 72
71
apenas quatro imagens que representavam aspectos climáticos distintos: uma
imagem de um ano chuvoso, outra de um ano seco e duas imagens de anos
normais. Entretanto conclui-se que este critério de seleção das imagens não
representava a dinâmica da vegetação segundo a influência da variabilidade
climática. Sendo assim, na tese foram utilizadas todas as imagens dos satélites
LandSat disponíveis entre 1984 e 2011. Ainda nesta etapa, no relatório da
validação, por sugestão do orientador, agregou-se ao resultado deste capítulo
a relação entre as áreas verdes e as formações vegetais nativas da área de
estudo.
O uso do resultado do modelo PRECIS como indicar alterações nas
temperaturas foi aplicado em ambas às áreas de estudos. E os três indicadores
citados acima integram o subíndice de exposição.
Já os indicadores utilizados para compor os subíndices de sensibilidade
e capacidade adaptativa representavam os aspectos socioeconômicos das
comunas do altiplano chileno e foram modificados ao serem aplicados à bacia
hidrográfica do Moxotó.
Todas as sugestões de alterações propostas no relatório de validação
foram propostas pelo Prof. Dr. Hugo Romero, que durante esta etapa foi o
orientador responsável por acompanhar a pesquisa. As correções sugeridas na
revisão de texto do relatório de validação foram adotadas, e adaptadas a serem
aplicadas também à metodologia da tese, que neste caso foram revisadas pelo
Prof. Dr. Ranyere Nóbrega, orientador da tese.
O resultado final do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas no
altiplano chileno demonstrou que as ações de adaptação são mínimas, que
muitas das localidades visitadas estão praticamente abandonadas, já que a
atividade mineradora, mesmo não sendo objeto de análise desse estudo, é o
maior atrativo econômico de toda a região, e também a principal atividade
causadora de impactos.
A migração dos habitantes das comunas do altiplano que foi analisada é
intensa. Sobretudo para aqueles que se localizam nas zonas rurais. Os
Aymaras, índios que ocupam esta região, migram por distintas razões ao largo
da história da ocupação deste território (CORTEZ, 1995). Entretanto para
Moscoso e Oroz (2013), a atividade mineradora seria a principal causa das
atuais migrações, seja pela busca de trabalho de muitos jovens da região, ou
Page 73
72
pela pressão que as mineradoras exercem na região (extração de água,
contaminação, compra de terrenos indígenas para exploração mineira).
Impactos gerados pela atividade mineradora são evidentes na paisagem
do altiplano, e causadores direto e indireto da vulnerabilidade socioambiental
da área de estudo.
Page 74
73
4|RESULTADOS
4.1 ANÁLISE DE TENDÊNCIA PLUVIOMÉTRICA
As mudanças climáticas têm sido amplamente discutidas em diversos
trabalhos como Moura (1981), Sant‟Anna (2000), Conti (2005), Marengo
(2006), Carvalho (2006), Lacerda et al (2009), Gondim et al (2009), Girão
(2009) e Nóbrega et al (2014). Todos esses autores citados acima estudam o
clima futuro do Nordeste brasileiro, utilizando diferentes métodos e conceitos
para descrever a variação no clima, tais como: variabilidade, flutuação
climática, tendências climáticas, ciclo climático e mudanças climáticas. As
pesquisas sobre as mudanças climáticas no Brasil, além de encontrar
respostas para as possíveis causas das mudanças e identificação de algumas
alterações no clima, favoreceram também ao aprofundamento dos
conhecimentos sobre a dinâmica climática regional e local de muitas partes do
país.
Nobre (1991), há 25 anos já afirmava que as mudanças antrópicas vêm
causando severas modificações climáticas no estado atual do clima, que as
intervenções humanas são as principais responsáveis pelo aquecimento global
e por consequência causariam mudanças em cenários futuros do clima. No
entanto, Black (2001) assegura que as mudanças observadas sobre o clima
global ainda não são suficientes para imputar ao homem a culpa pelo
aquecimento global. Contudo, é inegável a influência humana na dinâmica dos
geossitemas, contribuindo diretamente nas alterações de frequências,
sobretudo no clima local.
Um modo de investigar se há alterações nos padrões climáticos é, sem
dúvida, analisar uma série temporal. A análise de tendência em série temporal,
segundo Yevjevich (1972), definiu como a identificação de mudanças
sistemáticas nos parâmetros das amostras periódicas ou quase periódicas.
Rodrigues et. al., (2011) afirma que a oscilação climática é a flutuação
na qual a variável tende a mover-se gradualmente por um suave acréscimo ou
decréscimo nos valores médios. A análise da tendência em variáveis climáticas
Page 75
74
é um excelente método para monitorar mudanças climáticas, entre estas
análises, a metodologia proposta por Mann e Kendall é recomendada pela
Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
O método Mann-Kendall, procura identificar e analisar a variabilidade
temporal dos dados anuais da série de elementos climáticos, mais comumente
utilizada para precipitação. Berger (1986) considera que o teste Mann-Kendall
é o método mais apropriado para analisar mudanças climáticas em séries
climatológicas de pequenas escalas espaciais, e que este método também
permite a detecção e localização aproximada do ponto inicial de determinada
tendência.
Para analisar as tendências da precipitação na bacia hidrográfica do
Moxotó, considerou-se o período de 1930 a 2014, período corresponde à série
mais longa com registros completos para todas as estações analisadas, e 38
estações distribuídas em diversos pontos da bacia (Figura 9).
Page 76
75
Figura 9: Mapa da distribuição espacial das estações meteorológicas.
Fonte: elaborado pela autora.
Para facilitar à interpretação dos resultados as estações foram separadas de
acordo a sua localização geográfica dentro do perímetro da bacia da seguinte
forma:
Tabela 5: Distribuição das estações por setores da bacia.
LESTE OESTE CENTRO
arcoverde-206 betânia-93 ibimirim-brejo do piore-431
arcoverde-334 betânia-cachoeira do leite-
228
ibimirim-ipa-14
acorverde-chesf-47 custodia-147 ibimirim-jeritaco-424
arcoverde-fazenda quixaba-
517
custodia-chesf-46 ibirmim-moxotó-388
arcoverde-ipa-16 custodia-povoado caiçara-
234
ibimirim-poço da cruz-468
arcoverde-pcd-231 custodia-quitimbu-449 ibimirim-pcd-489
ibimirim-pcd-poço da cruz-
494
SUL NORTE
inajá-149 sertânia-185
inajá-juazeiro dos candidos-
391
sertânia-albuquerque né-401
inajá-pernambuco-323 sertânia-algodões-75
inajá-poço alexandre-322 sertânia-carualina-315
inajá-chesf-33 sertânia-henrique dias-427
sertânia-henrique dias-339
sertânia-ipa-243
sertânia-moderna-143
Fonte: elaborada pela autora.
A tendência de precipitação na bacia apresentou significância positiva
em três setores (leste, centro sul). O setor oeste apresentou significância
negativa, e o setor norte apresentou tendência não significativa. Também foram
Page 77
76
realizadas análises detalhadas nas séries anuais correspondentes a cada setor
da bacia, obtendo como resultado as observações a seguir.
Os resultados podem ser observados na Tabela 6 abaixo.
Tabela 6: Resultados do método Mann – Kendall para análise de tendência
para precipitação
SIGNIFICANCIA LEGENDA Z
Sem tendência ST 0
Tendência significativa de acréscimo TSA > + 1,96
Tendência significativa de
decréscimo
TSD
< - 1,96
Tendência não significativa de
acréscimo
TNSA
< + 1,96
Tendência não significativa de
decréscimo
TNSD
> - 1,96
Fonte: Silva, 2012.
A tendência de precipitação na bacia apresentou significância positiva
em três setores (leste, centro sul). O setor oeste apresentou significância
negativa, e o setor norte apresentou tendência não significativa. Também foram
realizadas análises detalhadas nas séries anuais correspondentes a cada setor
da bacia, obtendo como resultado as observações a seguir (Gráficos 2 a 6).
Gráfico 2: Resultado da tendência no setor leste da bacia. Fonte: elaborado pela autora
setor leste
1200
1000
800
600
400
200
0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
2 Ano
Pre
cip
(m
m)
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77
Gráfico 3: Resultado da tendência no setor oeste da bacia. Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 4: Resultado da tendência no setor centro da bacia. Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 5: Resultado da tendência no setor sul da bacia. Fonte: elaborado pela autora
Setor Oeste
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
3 Ano
setor centro
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
4 Ano
5
Setor sul
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
Ano
Pre
cip
(mm
) P
reci
p(m
m)
Pre
cip
(m
m)
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78
Gráfico 6: Resultado da tendência no setor norte da bacia. Fonte: elaborado pela autora
O resultado do teste Mann-kendall no setor leste da bacia apresentou
tendência significativa de acréscimo Z= 2,20 (Gráfico 2), a média da série foi
592,9 mm, e o desvio padrão 261,3 mm. Indicando que na série de 1930 a
2014 há uma tendência de aumento das precipitações. Sendo este setor o que
possui a média de precipitações mais elevada de toda a bacia. Assim como o
setor leste, o centro da bacia também apresentou tendência significativa de
acréscimo Z= 2,90 (Gráfico 3). A média de precipitações no centro foi 453 mm,
e o desvio padrão 247,5 mm. O sul da bacia foi o terceiro setor que apresentou
tendência significativa de acréscimo Z= 3,26(Gráfico 4). A média deste setor foi
350,9 mm e o desvio padrão 207,7mm.
O setor oeste da bacia foi o único que apresentou tendência significativa
de decréscimo Z= -1,70, isto é, conforme a análise dos resultados este setor
apresenta diminuição das precipitações nos anos da série de dados. O valor da
média foi 470 mm, e o valor do desvio padrão 238,8 mm (Gráfico 5).
O norte da bacia segundo os resultados do teste Mann-kendall
apresenta tendência não significativa de acréscimo Z=1,05, isto é, nesta série
as médias de precipitação anual demonstraram valores com semelhantes entre
si, o que resulta numa baixa variabilidade da precipitação para este setor
(Gráfico 6). A média deste setor foi 441,156, e o desvio padrão 200,460.
6
Setor norte
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
Ano
Pre
cip
(mm
)
Page 80
79
Apesar dos resultados apresentarem três setores da bacia com
tendências positivas é importante salientar que a região onde está localizada a
bacia do Moxotó é o Semiárido brasileiro característico pelo déficit hídrico, no
entanto, o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do planeta, a média histórica
pluviométrica vai de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da região. Porém,
as precipitações são irregulares. Além disso, a quantidade de chuva é menor
do que o índice de evaporação, que é de 3 mil mm/ano, ou seja, a evaporação
é três vezes maior do que a de chuva que precipita (REBOUÇAS, 1997;
MALVEZZI, 2007; BAPTISTA e CAMPOS, 2013).Portanto, mesmo com os
resultados dos três setores da bacia que apresentaram tendências
significativas positivas, as precipitações não são suficientes para superar o
déficit de água.
De fato, as precipitações não se distribuem homogeneamente durante
todo ano. No semiárido pernambucano, observa-se grande concentração em
poucos meses do ano. Essa concentração se torna mais evidente à medida
que a precipitação média diminui. Este fato associado às altas temperaturas
com pequena variação durante o ano permite apenas a distinção da estação
chuvosa (NIMER, 1979).
A região onde está localizada a bacia do Moxotó é o semiárido brasileiro
característico pelo déficit hídrico. Mas, isso não significa falta de água. Pelo
contrário, é o semiárido brasileiro é mais chuvoso do planeta. A média histórica
pluviométrica vai de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da região. Porém,
as precipitações são irregulares no tempo e no espaço. Além disso, a
quantidade de chuva é menor do que o índice de evaporação, que é de 3 mil
mm/ano, ou seja, a evaporação é três vezes maior do que a de chuva que cai
(REBOUÇAS, 1997). Portanto, mesmo com os resultados dos três setores da
bacia que apresentaram tendências significativas positivas, as precipitações
não são suficientes para inibir os períodos de seca, uma vez que em todos os
resultados dos setores apresentaram concentração no espaço e no tempo.
De todo modo, as chuvas não se distribuem homogeneamente durante
todo ano. No semiárido pernambucano, observa-se grande concentração em
poucos meses do ano. Essa concentração se torna mais evidente à medida
que a precipitação média diminui. Este fato associado às altas temperaturas
com pequena variação durante o ano permite apenas a distinção da estação
Page 81
80
chuvosa (NIMER, 1979). A variabilidade de precipitações no semiárido
aumenta, dentro de certos limites, à medida que diminui a precipitação anual
(RIEHL, 1965). Em setores de depressão do semiárido, entre os estado da
Paraíba e Pernambuco, Nimer (op.cit., 1979) encontrou coeficientes de
variação mensal da precipitação que vão de 20% a 70% (Figura 10).
Figura 10: Distribuição espacial da precipitação média anual na área da bacia.
Fonte: elaborado pela autora.
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81
O Semiárido pernambucano é característico por concentrar a
precipitação anual em um só período que variam de 3 a 4 meses, com
irregularidades espaço-temporal (PRADO, 2003; NASCIMENTO, 2008;). E
ainda segundo Souza e Oliveira (2006) estas ocorrem principalmente de
fevereiro a setembro, com máximas de março a julho, sendo junho e julho os
meses mais chuvosos.
A análise de tendência pluviométrica apresentada por este estudo foi
realizada apenas com dados anuais, e este tipo de dado não demonstra a
concentração mensal da precipitação em cada ano.
Para identificar a concentração da precipitação nos meses de cada ano
da série 1930 - 2014 foram analisados os valores das médias mensais. Em
algumas referências sobre dinâmica climática do Semiárido afirmam que a
concentração das chuvas está nos primeiros quatro meses do ano (MOLION e
BERNARDO, 2000; SOUZA e OLIVEIRA, 2006; MARENGO, 2008; MEDEIROS
et al., 2016), e em outras referências afirmam que o período chuvoso
corresponde aos meses de março a junho(NEVES et al., 2010; HERCULANO
et al., 2010; FILHO et al., 2016; AQUINO et al., 2016).
Foram criados gráficos com os dados mensais de cada ano e setores, e
os resultados dos gráficos foram transformados em valores de porcentagem
para que fossem mais evidentes e fáceis de observam quais eram os meses
mais chuvosos de cada setor da bacia. Os resultados podem ser observados
nos gráficos abaixo (Gráficos 7 a 16).
Page 83
Precipitação (mm)
1930
1932
1934
1936
1938
1940
1942
1944
1946
1948
1950
1952
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1975
1984
1994
1996
1998
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Setor leste
450
400
350
janeiro
fevereiro
março
abril m
aio
jun
ho
julh
o
agosto
setemb
ro
ou
tub
ro
no
vemb
ro
dezem
bro
300
250
200
150
100
50 0
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.
82
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Precipitação (mm)
1930
1932
1934
1936
1938
1940
1942
1944
1946
1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Setor o
este
700
600
janeiro
fevereiro
março
abril m
aio
jun
ho
julh
o
agosto
setemb
ro
ou
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ro
no
vemb
ro
dezem
bro
500
400
300
200
100 0
An
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Grá
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r oe
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bo
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ela
au
tora
.
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Precipitação (mm)
1930
1932
1934
1936
1938
1940
1942
1944
1946
1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1993
1995
1997
1999
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Setor cen
tro
600
500
janeiro
fevereiro
março
abril
400
maio
jun
ho
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300
agosto
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vemb
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200
100 0
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ela
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tora
.
84
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Gráfico 10: Precipitação mensal do Setor sul. Fonte: elaborado pela autora.
85
Setor sul
350
300
250
200
150
100
50
janeiro
fevereiro
março
abril
maio
junho
julho
agosto
setembro
outubro
novembro
dezembro
0
Ano
Pre
cip
itaç
ão (
mm
)
1930
1932
1934
1936
1938
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1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
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Precipitação (mm)
1930
1932
1934
1936
1938
1940
1942
1944
1946
1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Setor n
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600
500
janeiro
fevereiro
março
abril m
aio
jun
ho
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o
agosto
setemb
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ou
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ro
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vemb
ro
dezem
bro
400
300
200
100 0
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86
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2%
3% 2%
7%
12%
11%
12
Setor leste
7%
8%
17%
16%
janeiro
Setor oeste
10%
13%
21%
janeiro
fevereiro fevereiro
5% março
abril
maio
1% 4%
6% 2% 2%
4%
março
abril
maio
junho 9% junho
julho
agosto
setembro
11%
17%
julho
agosto
setembro 10% outubro outubro
novembro novembro
dezembro 13 dezembro
Gráfico 12 e 13: Porcentagens de precipitação mensal dos Setores leste e oeste. Fonte: elaborado
pela autora.
2%2% 5% 7%
1% 3% 5%
8%
16%
14
Setor centro
12%
14%
25%
janeiro
Setor sul
13%
11%
19%
janeiro
fevereiro fevereiro
março março
abril
maio
5%
2% 2%
3%
8% abril
maio
junho 7% junho
julho 7% julho
agosto 10% 13%
agosto
setembro setembro
outubro outubro
novembro novembro
dezembro 15 dezembro
Gráfico 14 e 15: Porcentagens de precipitação mensal dos Setores centro e sul. Fonte: elaborado
pela autora.
87
Page 89
88
Gráfico 16: Porcentagens de precipitação mensal do Setor norte. Fonte: elaborado pela autora.
O resultado das precipitações do setor leste apresenta concentração
temporal das chuvas nos meses de março, abril, maio, junho e julho, somando
66% do total das precipitações. Os meses de agosto, setembro, outubro,
novembro, dezembro, janeiro e fevereiro apresentam 34% das precipitações.
Em relação aos resultados mensais do setor oeste, observou-se que os
meses de fevereiro, março e abril concentram 51% do total das precipitações, e
que os demais meses (maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro,
novembro, dezembro e janeiro) tiveram 49% das precipitações. Com estes
resultados conclui-se que o setor oeste da bacia também apresenta
concentração temporal das precipitações e baixa frequência. Já no setor centro
da bacia os meses de janeiro, fevereiro, março e abril concentraram 67% do
total das precipitações para este série, enquanto que os demais meses (maio,
junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro) concentraram
33%.
No setor sul os meses chuvosos da série foram janeiro, fevereiro, março,
abril e maio somam 66% do total das precipitações, e os meses de junho, julho,
agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro somam os 34% restantes
16
Setor norte
3%
3% 1% 4% 5% 14% 1%
6% 14%
9% 17% 23%
janeiro
fevereiro
março
abril
maio
junho
julho
agosto
setembro
outubro
novembro
dezembro
Page 90
89
das precipitações. Por fim, no setor norte os meses de janeiro, fevereiro, março
e abril concentraram 68% do total das chuvas deste setor, e os demais meses
(maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro) somam
32% da precipitação restante da série analisada.
Com estes resultados concluiu-se que apesar de constar em referências,
como as citadas acima, que o semiárido apresenta chuvas concentradas entre
os meses de fevereiro a setembro, com máximas de março a julho, e meses
mais chuvosos seriam junho e julho, existe uma variabilidade desta
concentração temporal das chuvas com relação ao espaço, pois segundo os
resultados apresentando nesta etapa da pesquisa pode observar que a
concentração das precipitações da bacia está nos meses de janeiro a julho,
com máximas entre os meses de fevereiro a maio, e meses mais chuvosos
foram março e abril, e que este resultado coincide para todos os setores da
bacia.
A predominância deste período chuvoso concentrado nos meses de
fevereiro a maio, esta condicionado pela atuação da Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT). A ZCIT é considerada o sistema mais importante gerador
de precipitações sobre a região do equador, e inicia sua migração para a região
Nordeste do Brasil em fins de abril e inicio de maio, período quando as chuvas
provavelmente serão abundantes (CAVALCANTI, et al., 2009).
Page 91
90
4.2 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA BACIA
A cobertura vegetal é um importante indicador na análise dos impactos
da paisagem. A vegetação possui a função de protetora da superfície, impede
que o impacto direto das gotas de chuvas atinja o solo com intensidade,
consequentemente evitando maiores erosões. Eliminar a cobertura vegetal
proporciona fortes impactos à superfície, além do impacto das chuvas. O solo
exposto possui maior capacidade de absorção da radiação solar, assim
aumentado a temperatura local, e acelerando a evapotranspiração. Os
impactos das precipitações sobre solos expostos diminuem a resistência à
erosão e arrastam a matéria orgânica, reduzem a fertilidade dos solos e
diminuem a capacidade de armazenamento.
A vegetação predominante na bacia, assim como em quase todo
Semiárido a vegetação de caatinga, dividida em hipoxerófila e hiperxerófila,
havendo também outros tipos de vegetação de caatinga, vegetação com
carnaúba e vegetação mista de caatinga, cerrado e/ou florestas (GIULIETTI et
al., 2003). A "Caatinga", palavra indígena que significa floresta branca ou
floresta clara, compõe-sede uma camada arbórea de 10 a 15m de altura, com
cobertura bastante densa, entretanto, não completamente fechada, em geral,
depois de uma camada arbustiva de 4 a 6m de altura. A Caatinga engloba um
grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e
floristicamente diferentes. Explica-se isto, em parte, considerando que as
condições do meio são extremamente rigorosas de modo que a vegetação é
adaptada ao máximo para poder resistir (FOURY, 1973).
A caatinga é considerada um hotspot. Os hotspots são áreas ricas em
biodiversidade, principalmente em espécies endêmicas e que, possuem um
alto grau de degradação ambiental, foram conceituadas por Myers em 1988.
Ele mapeou assim, as áreas na Terra, que precisariam, com maior urgência, de
atenção (OLVIVEIRA, et al., 2008). Estima-se que 80% dos ecossistemas da
caatinga já tenham sofrido intervenções antrópicas (PAES SILVA, 2000).
No Semiárido uma das principais atividades antrópicas que contribuem
no desmatamento da caatinga é a agriculta. Em toda a região nordeste esta
atividade esta fortemente sustentada na exploração de recursos naturais, e
principalmente no que se refere ao extrativismo da cobertura vegetal. Desde o
Page 92
91
período colonial a cobertura vegetal é explorada: a retirada da vegetação para
o plantio; e também utilizadas como sumos energéticos para a indústria (PAES
SILVA, 2000).
A vegetação lenhosa da Caatinga é até hoje fonte de energia. Desde
1974, pós a crise mundial do petróleo, o governo da época decidiu que alguns
setores industriais do Nordeste buscassem fontes alternativas de energia,
concentrando-se na biomassa. Como resultado, a lenha e o carvão passaram a
ser fontes de energia primária fundamental para a indústria da região. A
utilização das espécies florestais da caatinga para produção de lenha e carvão
tem sido intensiva e desordenada (RIEGELHAUPT e PAREYN, 2010). A
dependência da população e demais setores da economia em relação à
biomassa como fonte de energia representa cerca de 50% do consumo de
energia primária no semiárido (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2008).
A Caatinga apresenta aspecto verde logo após as chuvas, no entanto
este tipo de vegetação leva em média de 10 a 15 anos para recuperar mais de
90% da biomassa original (ANDRADE e OLIVEIRA, 2004).
Índice de vegetação diferenciada normalizada - NDVI
Nesta etapa da pesquisa foram utilizadas as bandas 3 e 4 do mapeador
temático do satélite LandSAT 5 TM. O canal vermelho (banda 3) (0,63 – 0,69
µm) é a parte do espectro onde a clorofila causa considerável absorção, e o
canal infravermelho (banda 4) (0,76 – 0,79 µm) é a parte do espectro onde a
estrutura esponjosa da folha (mesófilo esponjoso) causa alta reflectância. A
combinação entre as bandas 3 e 4 forma proposta no objetivo de melhor
caracterizar o vigor da vegetação, baseados na premissa de contraste
espectral da reflectância entre a vegetação e os elementos de fundo de cena
(ROUSE et al, 1974).
Compactar os dados espectrais de dois canais em um único canal deu
origem ao índice de vegetação, que minimizasse os efeitos variáveis de brilho
de fundo enquanto enfatiza as variações da densidade de vegetação.
O NDVI (sigla em inglês) atua como indicador sensível da quantidade de
da condição da vegetação verde. Seus valores variam de -1 a +1. Os valores
mais altos estão associados a coberturas vegetais de alta densidade. Os
Page 93
92
valores mais baixos são referentes aos efeitos atmosféricos, como por
exemplo, o espalhamento de partículas e nuvens menores que o pixel, que
atuam aumentando o valor da radiação registrada pela banda do visível em
relação ao infravermelho próximo e reduz o valor do NDVI (OLIVEIRA e
GALVÍNCIO, 2009). Superfícies úmidas, líquidas e nuvens estão associadas
com valores baixos ou negativos, afloramentos rochosos apresentam NDVI
próximo à zero.
Combater o desmatamento e queimadas no semiárido, e promover a
preservação da Caatinga e manutenção da vegetação em estado natural
contribuem diretamente com a redução do CO2 na atmosfera. Segundo
Ahlström et al., (2015) a taxa de crescimento do dióxido de carbono
atmosférico é caracterizada por uma grande variabilidade interanual,
principalmente resultante da variabilidade das emissões de CO2 absorvida
pelos ecossistemas terrestres (chamados de “sumidouros de carbono”). No
entanto, as contribuições de absorção dos ecossistemas regionais do carbono
não são bem conhecidas. Ainda segundo os resultados da pesquisa de
Ahlström et al., (2015) os ecossistemas das zonas Semiáridas são
responsáveis pela absorção da maior parte do CO2, isto numa análise de
tendência a longo prazo, os ecossistemas do semiárido pode absorver mais
CO2 do que as florestas tropicais.
Foram utilizadas 84 imagens do mapeador temático do satélite LandSAT
5 TM, da órbita e ponto 215/66, compostas por sete bandas espectrais,
adquiridas gratuitamente através da catalogo de imagens do Instituto de
Pesquisas Espaciais (INPE). Todas as imagens selecionadas são dos meses
de outubro, novembro e dezembro, que correspondem ao período seco. Foi
preferível imagens deste período por possuírem o mínimo de nuvens para ter
melhor visualização do objeto de análise. A presença de nuvens dificulta
bastante à identificação de objetos na superfície, além do mais, o NDVI é
altamente sensível à precipitação em regiões semiáridas, sobretudo no
semiárido nordestino que é o mais chuvoso do planeta (BAPTISTA &
CAMPOS, 2014). Tucker et al., (1991) realizou pesquisas na região do Sahel
(África), observou que o coeficiente de variação do NDVI é maior precisamente
nas áreas onde existe variação na posição da ZCIT (zona de convergência
intertropical).
Page 94
93
Quanto maior a quantidade espacial de vegetação, menor as áreas de
solo exposto. Sendo assim foi destacada nas imagens apenas a vegetação, e
com auxilio da classificação supervisionada (LOURENÇO e LANDIM, 2004), a
cobertura vegetal foi divida em três categorias de densidade de acordo com os
valores do NDVI (Tabela 7).
Tabela 7: Classificação supervisionada – NDVI. Adaptada pela autora.
CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA - NDVI
VALOR NDVI CATEGORIAS
0,25 – 0,50 Baixa densidade
0,50 – 0,75 Média densidade
0,75 - 1 Alta densidade
Fonte (LOURENÇO e LANDIM, 2004).
Os resultados do NDVI de 1984 a 2011 podem ser observados nas
imagens abaixo (Figura 11)
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95
Figura 11: Resultados do NDVI da bacia para série 1984 a 2011.
Fonte: elaborado pela autora.
Segundo a análise dos resultados do NDVI, observou-se que não há
relação direta entre as zonas de tendências da precipitação e a cobertura
vegetal, os resultados são aleatórios. Não foi detectado aumento da cobertura
vegetal nas zonas de tendência positiva da precipitação, assim como tampouco
foi detectado diminuição da cobertura vegetal especificamente na zona de
tendência negativa da precipitação. Obviamente que estes resultados não
afirmam que a precipitação não possui influência sobre a vegetação, o que
seria uma equivocação. Porém que existem fatores, por exemplo, a extração
da cobertura vegetal, que é mais determinante no comportamento da cobertura
vegetal na bacia. Portanto os resultados apresentados aqui são de toda a área
da bacia, já que a dinâmica espacial da cobertura vegetal da bacia apresentou
relativa homogeneidade em praticamente todas as imagens NDVI analisadas.
Page 97
96
Também segundo os resultados das imagens NDVI é possível notar que
a topografia exercer grande influencia sobre a distribuição espacial da
cobertura vegetal. A vegetação nativa apresenta-se mais conservadas nas
áreas de altitudes mais elevadas e nas áreas de morros testemunhos e relevos
residuais da bacia sedimentar do Jatobá. Nestas áreas é possível ver que há
vegetação permanente na maioria dos anos analisados.
Para identificar qual o categoria de vegetação é predominante na bacia
nestas imagens analisadas, separou-se por densidade em três categorias a
vegetação, como já foi apresentando acima. Os resultados estatísticos da
dinâmica de cada uma das categorias analisadas podem ser observados
abaixo.
a. Categoria 1 (0,25 – 0,50)
Esta é a categoria 1, composta por vegetação de baixa densidade, e
segundo os resultados é o tipo de vegetação mais abundante na bacia. Os
resultados do gráfico abaixo representam quantitativamente (em
porcentagem) a cobertura vegetal de baixa densidade presente no
perímetro da bacia (Gráfico 17). Nesta série, a categoria 1 teve
porcentagem superior a 30% apenas em 1990, e no total somente 4 anos
apresentam aumento significativo desta categoria, que são 1990, 1996,
1999 e 2011. Nesta categoria não foi incluído o tipo de vegetação
gramíneas, pois o comportamento espectral destas eram facilmente
confundidas com outros elementos espaciais. Por tanto para dar ênfase
apenas na vegetação de densidade significativa gramíneas foram excluída
desta categoria.
Também se observou o quanto havia de aumento ou diminuição desta
categoria, e os resultados podem ser observados no gráfico 18. Com
exceção do ano 1984, todos os demais anos foi possível identificar se foram
anos positivos ou negativos para esta categoria vegetal. Foram registrados
12 anos (não consecutivos) de valores negativos, isto é decréscimo nesta
categoria, e 16 anos (não consecutivos) e de valores positivos,
representando aumento.
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97
Gráfico 17: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.
Fonte: elaborado pela autora.
Gráfico 18: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 1.
Fonte: elaborado pela autora.
A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,25 –
0,50 apresentou aumento positivo de 8,15% para série temporal de 1984 a
2011.
b. Categoria 2 (0,50 – 0,75)
A categoria 2 é composta por vegetação de média densidade, sendo
também a segunda mais abundante no perímetro da bacia. O ano 1990
apresentou o maior valor percentual. Os anos mais significativos em termos de
aumento da cobertura vegetal para esta categoria foram: 1990, 1996, 2000 e
NDVI de 0,25 - 0,50 35
30
25
20
15
10
5
0
NDVI de 0,25 - 0,50
Ano
Porcentagem de variação 40 30 20 10
0 -10 -20 -30 -40
Ano
Po
rcen
tage
m -
%
po
rcen
tage
m -
%
198
4
198
6
198
8
199
0
199
2
199
4
199
6
199
8
200
0
200
2
200
4
200
6
200
8
201
0
1985
19
86
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
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98
2001 (Gráfico 19). No entanto nenhum dos anos analisados ultrapassou os
10%, o que significa que a vegetação de média densidade, nesta série
analisada, é baixa.
Do mesmo modo observou-se a variação anual da cobertura vegetal, e
assim como houve um aumento significativo da vegetação em 1990, em 1991
houve forte decréscimo, como se pode observa no gráfico 20, com perdas da
cobertura vegetal, sendo parcialmente recuperadas em 2011. Houve nesta
categoria 10 anos (não consecutivos) de valores negativos, e 18 anos (não
consecutivos) de valores positivos.
Gráfico 19: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.
Fonte: elaborado pela autora.
Gráfico 20: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 2.
Fonte: elaborado pela autora.
NDVI de 0,50 - 0,75 10
8
6
4
2
0
NDVI de 0,50 - 0,75
Ano
Porcentagem de variação 10
5
0
-5
-10
Ano
Po
rcen
tage
m -
%
Po
rcen
tage
m -
%
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
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99
NDVI de 0,75 - 1 0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
NDVI de 0,75 - 1
Ano
A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,50 – 0,75
apresentou aumento positivo de 16,5% para série temporal de 1984 a 2011.
Sendo a categoria que mais cresceu dentre as demais categorias.
c. Categoria 3 (0,75 – 1)
Esta é a categoria que representa a vegetação mais densa, e por sua
vez a que apresenta os valores percentuais mais baixos. Segundo os
resultados, a bacia não possui mais que 1% de vegetal de alta densidade.
Apenas no ano de 1993 houve um crescimento significativo nesta categoria
(Gráfico 21). Em relação à variação, observa-se que todos os anos
apresentaram valores de aumento e diminuição de 1%, e que o ano de
1993 teve expressivo aumento em comparação há 1992, no entanto
apresento diminuição no ano seguinte, e nos anos consecutivos manteve-se
muito baixa (Gráfico 22). Portanto, concluiu-se que na área da bacia a
presença de vegetação de alta densidade é baixíssima.
Gráfico 21: valores quantitativos da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.
Fonte: elaborado pela autora.
Po
rcen
tage
m -
%
Page 101
100
Gráfico 22: valores quantitativos da variação anual da cobertura vegetal da bacia – categoria 3.
Fonte: elaborado pela autora.
A taxa de crescimento da vegetação na categoria de densidade 0,75 – 1
apresentou aumento positivo de 3,38% para série temporal de 1984 a 2011.
Esta é a categoria que apresentou menor crescimento em comparação as
demais categorias.
A análise espaço-temporal da cobertura vegetal da bacia, assim como o
capítulo anterior de análise das tendências de precipitações representa o
modelo de risco que descreve os impactos recentes na paisagem da bacia.
Neste capitulo foi possível criar um perfil da vegetação segundo sua densidade
para toda a área da bacia, e como resultado secundário obteve-se os valores
de área de solo degradado. Apesar de apresentarem taxas de crescimento
positiva em todas as categorias de densidade, a vegetação da bacia ainda
cresce em taxas inferiores aos valores de taxa de crescimento das áreas de
solo exposto. Estes resultados representam a taxa de crescimento de solo
exposto na série temporal de 1984 a 2011. Os resultados abaixo representa a
taxa de solo degradado do período analisado:
Tabela 8: Taxa de crescimento de solo expostos nos municípios da bacia do Moxotó.
MUNICÍPIOS TAXA DE SOLO
DEGRADADO
Arcoverde 58,16%
Buíque 67,66%
Porcentagem de variação 0,06
0,04
0,02
0
-0,02
-0,04
-0,06
Ano
Po
rcen
tage
m -
%
1985
19
86
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
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101
Custódia 43,88%
Ibimirim 58,89%
Inajá 32,95%
Iguaraci 18,54%
Jatobá 62,42%
Manari 56,15%
Sertânia 58,35%
Tupanatinga 72,46%
Tacaratu 39,99%
Fonte: elaborada pela autora.
4.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ÁS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A vulnerabilidade é, em uma definição bastante simples e resumida, o
potencial para a perda de um determinado sistema. Basicamente a
vulnerabilidade está composta por três fatores: a exposição ao risco, que está
determinada pelas circunstancias que colocam grupos sociais ou localidades
físicas em risco diante de um perigo eminente; a sensibilidade, que se traduz
no grau em que um sistema pode ser afetado, como também sua capacidade
de resposta (positiva ou negativa) ao perigo; e a capacidade adaptativa, que
são os conjuntos de ações que aumentam ou reduzem a capacidade dos
grupos sociais e sistemas físicos para enfrentar e recuperar-se das ameaças
ambientais. Estas definições tão simples e genéricas são a essência da
vulnerabilidade (CUTTER, 1996; WISNER et al.,2004; ADGER, 2006,
BIRKMANN, 2006).
Para identificar a vulnerabilidade de um determinado grupo social ou
sistema, é necessária uma abordagem sistêmica, capaz de explicar as
complexidades nas interações entre sistemas sociais, naturais e artificiais.
Além da importância de compreender a dinâmica de cada um desses sistemas,
e os processos naturais que dão origem aos riscos. Dessa forma tentando
aproximar-se ao máximo possível da compreensão dos impactos de tais
processos ou eventos naturais.
O desastre ambiental ocorre quando as ameaças naturais afetam aos
grupos sociais mais vulneráveis. Neste contexto Romero e Mendonça (2012)
Page 103
102
destacam o modelo de “pressão e liberação”, proposto por Blaikei et al., (1996),
que segundo o autor do modelo, a vulnerabilidade está diretamente ligada aos
processos sociais, e os desastres, por sua vez, encontram-se na interseção
das forças opostas: os processos sociais que geram vulnerabilidade e a
exposição física diante uma ameaça natural. A „pressão‟ corresponde à tensão
exercida por ambas forças a população, e a „liberação‟ refere-se às ações que
possuam objetivo direto e indireto em reduzir a vulnerabilidade.
Investigar sobre a vulnerabilidade auxilia a identificar como um
determinado evento, ou um conjunto deles, pode produzir impactos distintos na
mesma região atingida. Ademais, identificar a vulnerabilidade fornece
ferramentas que permitem a investigação de fatores sociais que interferem na
natureza redistribuindo o risco preexistente a um evento, e os prejuízos após o
mesmo. No entanto, a comparação entre as diferenças da vulnerabilidade
geradas numa mesma região, ou entre regiões, pelo mesmo evento, ou um
conjunto deles, requerer um conceito de escala consistente, sendo este
fundamental na discussão dos resultados. Pois para análise da vulnerabilidade
a comparação sistemática entre áreas é um componente fundamental do
estudo (CUTTER, 2011).
Os estudos que tem como objetivo identificar e analisar a vulnerabilidade
sócio-ambiental deve priorizar evidenciar a relação entre as mudanças
ambientais e a vulnerabilidade permanente, isto é, evitar considerar que as
mudanças ambientais, eventos extremos e ou desastres naturais são os únicos
responsáveis pelas perturbações extraordinárias que interrompem o
comportamento normal dos processos naturais e não analisá-los
separadamente das características sociais, econômicas e culturais do grupo
social afetado. Segundo Romero e Mendonça (2012), em estudos de
vulnerabilidade, analisar os desastres separados dos elementos sociais é o
mesmo que ignorar sistematicamente os riscos da vida cotidiana,
especialmente diante das ameaças naturais. A pobreza e a falta de acesso à
saúde e educação são fatores que potencializam as capacidades de absorção
dos impactos. Ainda, segundo os autores, os desastres possuem escalas
multidimensionais e se produzem entres os sistemas sociais e naturais.
Portanto, a vulnerabilidade social representa a inclinação dos grupos
sociais a impactos negativos dos perigos e dos desastres (CUTTER et al.,
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103
2003). É a vulnerabilidade responsável por identificar os fatores da sociedade
que aumentam ou diminuem a capacidade de prevenir, ou de promover ações
de recuperação aos impactos dos desastres. Também, é o estudo da
vulnerabilidade, com ajuda da cartografia, que auxilia na compreensão da
distribuição dos riscos e dos potenciais danos, isto é, evidencia a relação que
existe entre sociedades vulneráveis e os ambientes naturais vulneráveis
(CUTTER, 2011).
O atlas de vulnerabilidade social dos municípios brasileiros (2015),
produzido pelo IPEA, afirma que em 2010, 47,7% dos municípios da região
Nordeste encontrava-se na faixa alta, e 32,4% dos municípios encontravam-se
na faixa muito alta do índice de vulnerabilidade social. No entanto, comparando
os resultados do índice de vulnerabilidade social, tanto o de 2000 com o de
2010, Pernambuco foi o segundo a apresentar melhores resultados na redução
da vulnerabilidade social. Porém, ainda concentra muitos municípios com
vulnerabilidade social muito alta, sobretudo na microrregião do Moxotó,
Alguns dos municípios que integram a bacia do Moxotó foram visitados
em caráter de trabalho de campo, as visitas foram realizadas em 2012 e 2013.
Os municípios que fizeram parte do roteiro da atividade in situ foram:
Arcoverde, Buíque, Ibimirim, Inajá, Tacaratu e Tupanatinga. O Semiárido
brasileiro é uma região profundamente afetada pela variabilidade climática, e,
sobretudo pelos efeitos do El niño e dipolo do Atlântico, que nesta região se
traduz em longos e severos períodos de seca.
Durante os trabalhos de campo foi possível evidenciar os impactos
causados pelas adversidades climáticas. Além dos impactos da seca, também
foi possível identificar atividades predatórias como queimadas e extração da
vegetação. O procedimento metodológico do trabalho de campo foi básico e
restrito apenas a identificação da área, registro fotográfico do cotidiano dos
municípios visitados e das atividades predatórios como queimadas e extração
vegetal. Também forma realizados os registros fotográficos da paisagem, para
caracterizar como se comporta a paisagem durante o período de seca.
No primeiro trabalho de campo em 2012 foram visitados os municípios
de Arcoverde, Buíque e Ibimirim. Estes municípios estão localizados no Setor
oriental da bacia, com exceção do município de Ibimirim, que expande seu
território até o extremo borde ocidental da bacia, cobrindo também toda a
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104
região central. É no borde oriental da bacia onde, segundo a análise da
cobertura vegetal, encontra-se concentrada a vegetação nativa permanente, a
vegetação está justamente nas altitudes mais elevadas.
Durante 2012, estes municípios, assim como toda região semiárida,
foram impactados pela seca, marcando o início de um longo período que
perdura até o final de 2015, consequência do logo período de estiagem. As
imagens apresentadas abaixo forma registradas durante os meses de maio e
junho de 2012. As primeiras imagens correspondem a caatinga nativa no
município de Arcoverde, que diminui consideravelmente sua densidade durante
os períodos de estiagem, favorecendo a exposição do solo (Figura 12 e 13).
Figura 12: vegetação nativa no município de Arcoverde (Novembro de 2012).
Foto: Keyla Alencar (2012).
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105
Figura 13: vegetação nativa no município de Arcoverde.
Foto: Keyla Alencar (2012).
Segundo Christofoletti (1999), sob a perspectiva física, a resiliência é a
capacidade de um corpo recuperar sua forma e seu tamanho original após ser
submetido a uma tensão que não ultrapassa o limite de sua elasticidade.
Adaptada aos sistemas ambientais, a resiliência determina a persistência da
dinâmica interna do sistema, refletindo sua capacidade de absorver mudanças,
consequentemente produzindo reajustes no estado final comparados às
condições iniciais. Isto é, o sistema mantém sua estrutura e características,
embora nem sempre mantenha os mesmos valores nos atributos que
compõem o sistema. Ainda, segundo o autor, áreas sujeitas a fortes flutuações
climáticas, como o Nordeste brasileiro, e obviamente, o semiárido, sofrem
diminuições sensíveis na fauna e flora durante as fases secas, mas se
recuperam rapidamente após os distúrbios.
No município de Buíque, além da vegetação seca e espaça também se
registrou atividades predatórias de extração da vegetação nativa e incêndios
florestais (Figura 14, 15 e 16). Também foram encontrados durante o trajeto
construções artesanais para represa de água. Algumas residências recebem
ajudas de programas sociais que instalam cisternas (reservatórios de água), a
ASA – Articulação do Semiárido Brasileiro – junto ao Governo do Estado de
Pernambuco são responsáveis pela distribuição e instalação das cisternas, no
entanto são insuficientes para suprir toda a demanda do semiárido. Os
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106
agricultores que não possuem cisternas ou poços artesianos buscam
alternativas para conserva água.
O problema das represas artesanais é que elas são pouco eficientes, e
não conservam a água por muitos dias, sobretudo numa área onde as taxas de
evaporação são elevadas. Segundo relatos dos proprietários das pequenas
represas a água que ficava estancada durava no máximo duas a três semanas,
e não tinha utilidade para consumo humano, sendo usada apenas para
alimentação dos animais (Figura 17 e 18).
Figura 14: retirada de vegetação no município de Buíque.
Foto: Keyla Alencar (2012).
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107
Figura 15: retirada de vegetação por meio de queimada no município de Buíque.
Foto: Keyla Alencar (2012).
Figura 16: Incêndio florestal no município de Buíque.
Foto: Keyla Alencar (2012).
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Figura 17: construção artesanal para represamento de água no município de Buíque.
Foto: Keyla Alencar (2012).
Figura 18: construção artesanal para represamento de água no município de Buíque.
Foto: Keyla Alencar (2012).
Apesar dos incentivos do governo do estado de Pernambuco em
fornecer água potável a todos os domicílios do Semiárido, segundo a FIDEM
(2013) nenhum dos municípios que integram a bacia possui mais de 50% das
residências com água encanada. Esta realidade reflete na baixa capacidade
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109
que a população desses municípios possuem em enfrentar os períodos de
estiagem que são tão frequentes na região, o que os faz buscar alternativas,
como as represas artesanais, que nem sempre são eficazes para mitigar os
problemas gerados pela seca.
O terceiro município visitado foi Ibimirim, também bastante afetado pela
seca, também foi observado neste município diminuição da área da vegetação
nativa, a seca total da lagoa do Puiu, a segunda principal reserva de água do
município, depois do açude Poço da cruz. Durante o trabalho de campo
registrou-se a tragédia de inúmeros animais mortos pela falta de água e
alimentos.
A lagoa do Puiu possui mais de um quilometro de extensão e largura
superior a 400 m, está rodeada por vegetação nativa, como a caatinga
arbustiva, e também plantações de fruteiras, palmáceas e cultivos de
subsistência. Historicamente a lagoa do Puiu sempre foi o principal recurso
hídrico dos nativos da região para enfrentarem a seca (Figura 19 e 20).
Figura 19: Vista panorâmica (baixa) da lagoa do Puiu. Foto: Keyla Alencar (2012).
Figura 20: Vista panorâmica (alta) da lagoa do Puiu. Foto: Keyla Alencar (2012).
A principal atividade econômica de Ibimirim é a agricultura e a pecuária,
e ambas as atividades são diretamente dependentes da climatologia, e sofrem
impactos na economia local, que se traduz em perdas na produção agrícola,
desnutrição e morte de animais (Figura 21 e 22).
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110
Figura 21: Gado morto, município de Ibimirim. Foto: Keyla Alencar (2012).
Figura 22: Gado desnutrido, município de Ibimirim. Foto: Keyla Alencar (2012).
O segundo trabalho de campo ocorreu em 2013, foram visitados os
municípios de Inajá, Tacaratu e Tupanatinga. O primeiro município do roteiro
visitado foi Tupanatinga, todos os cursos d‟água deste município, assim como a
maioria dos municípios do semiárido, possuem regime de escoamento
intermitente e o padrão de drenagem é dendrítico. Tupanatinga, como
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111
também os demais municípios visitados, possuía corpos d‟água secos. O
riacho do Mel, um dos principais tributários do rio Moxotó estava com baixa
disponibilidade hídrica. (Figura 23).
Os rios e riachos intermitentes estão presentes durante a estação
chuvosa, porém, no período de estiagem, esses rios e riachos desaparecem.
Os rios intermitentes, também chamados de temporários, são alimentados por
escoamento superficial e subsuperficial. Eles desaparecem temporariamente
no período de seca porque o lençol freático se torna mais baixo do que o nível
do canal, cessando sua alimentação. Embora esta seja uma característica
natural dos rios e riachos do semiárido, é essa condição hídrica e as faltas de
alternativas ao acesso da água que potencializam a sensibilidade da população
para enfrentar as adversidades da seca.
Figura 23: Trecho do riacho do Mel, município de Tupanatinga. Foto: Keyla Alencar (2013).
Inajá foi o segundo município visitado, também muito impactado pela
ausência de chuvas. Durante as visitas aos agricultores, foram registradas as
perdas matérias (Figura 24), evidentes, além da morte de inúmeros animais, a
completa falta de água para irrigação dos plantios, era um dos principais
problemas da população.
Os prejuízos que as últimas secas têm causado à produção animal estão
relacionados diretamente a perdas de efetivo. Segundo IBGE, em 2012, na
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112
região Nordeste, foram perdidos 1,3 milhões de bovinos, 696 mil caprinos, 784
mil ovinos e 755 mil aves, havendo perdas também nos rebanhos de suínos e
equídeos. As perdas mais pronunciadas foram nos estados nordestinos da
Bahia (40%), da Paraíba (28%) e de Pernambuco (24%).
Segundo o Informe Especial sobre a crise hídrica (2014), produzido pela
Agência Nacional de Águas, até o ano de 2025, mais de 70% das cidades com
população acima de 5.000 habitantes do Semiárido enfrentarão crise no
abastecimento de água para consumo humano. Em resumo, entre os impactos
previstos para com as mudanças no clima no semiárido brasileiro estão: a
alteração na vegetação da Caatinga; a diminuição da água de lagos, açudes e
reservatórios; maior vulnerabilidade às chuvas torrenciais e concentradas em
curto espaço de tempo, resultando em enchentes e graves impactos
socioambientais; maior frequência de dias secos consecutivos e de ondas de
calor; a inviabilidade da produção agrícola de subsistência de grandes áreas e
o aumento da migração.
Figura 24: Gado morto, município de Inajá. Foto: Keyla Alencar (2013).
O último município visitado foi Tacaratu. Neste município, assim como
também em todos os demais municípios visitados, pode-se observar as
adversidades as quais a população está exposta durante os períodos de
estiagem. Sobretudo a população rural que é composta, em maioria, por
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113
agricultores familiares, que não possuem tecnologias pra o plantio, e em muitos
casos não possuem sequer acesso a água encanada (Figura 25 e 26).
Mendonça (2005) destaca que as mudanças climáticas são agravantes
no aumento de doenças comuns nos trópicos, como a malária, dengue e
leptospirose. No entanto, o autor também chama atenção para a falta de
planejamento socioeconômico, a pobreza e a miserabilidade humana (que
apesar de muitos avanços em projetos sociais no semiárido, apresenta índices
elevados de pobreza), o intenso processo de urbanização das cidades, e a
formação de condições socioambientais de alta degradação potencializam os
problemas de saúde típicos da zona tropical.
Figura 25: Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu.
Foto: Keyla Alencar (2013).
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114
Figura 26: Mulheres lavando roupa em “bica”, município de Tacaratu.
Foto: Keyla Alencar (2013).
Os tópicos a seguir correspondem aos resultados dos subíndices de
exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa, respectivamente, e por fim o
resultado do índice de vulnerabilidade a mudanças climáticas.
Subíndice de exposição
A dimensão interna da vulnerabilidade é composta pela sensibilidade e
capacidade adaptativa do sistema. Os elementos que compõem a dimensão
interna relacionam-se com a capacidade de defesa e segurança; A capacidade
de antecipar, enfrentar, resistir e recuperar-se de um determinado impacto.
Destacam-se como processos internos do sistema o uso do solo, fatores
sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais. Estes processos
possuem influência determinante na vulnerabilidade (SMIT, 2006).
Entretanto, esta dimensão é composta pela exposição e risco a um
determinado fenômeno ou estressor. O‟brien et al., (2004) define exposição
como a natureza ou o grau de exposição de um sistema à variações climáticas
consideráveis. A exposição está relacionada ao nível de estresse climático de
um sistema.
A exposição pode ser representada pelas mudanças nas variáveis
climáticas a largo prazo, como também por mudanças na variabilidade
Page 116
115
climática, incluindo magnitude e frequência de eventos extremos. Neste estudo
para representar a exposição considerou-se as mudanças nas variáveis do
clima local aplicando o método de análise de tendências na precipitação, o
percentual de aumento na temperatura e a variação da densidade da
vegetação.
O resultado do sub-índice de exposição é expressado pelo resultado da
média aritmética de cada um dos indicadores apresentados abaixo:
Tabela 9: resultados dos indicadores para cada município correspondente.
MUNICÍPIOS TENDÊNCIAS
PLUVIOMÉTRICAS
TAXA DE SOLO
DEGRADADO
VARIAÇÃO DA
TEMPERATURA
Arcoverde 12,50% 58,16% 4%
Buíque 0,00% 67,66% 4%
Custódia -12,50% 43,88% 4%
Ibimirim 12,50% 58,89% 4%
Inajá 12,50% 32,95% 4%
Iguaraci 0,00% 18,54% 4%
Jatobá 0,00% 62,42% 4%
Manari 0,00% 56,15% 4%
Sertânia 0,00% 58,35% 4%
Tupanatinga 0,00% 72,46% 4%
Tacaratu 0,00% 39,99% 4%
Fonte: elaborada pela autora.
O indicador de tendência pluviométrica é representado pelo resultado da
aplicação do método Mann-Kendall na série de precipitação de 1930 – 2014
(capítulo 3). Os dados de precipitação foram obtidos na Agência
Pernambucana de Água e Clima (APAC). O resultado deste indicador
corresponde à tendência média calculada pelo índice Mann-Kendall.
O indicador taxa de solo degradado é representado pelo resultado do
NDVI (capítulo 4) aplicado nas imagens de satélite de 1984 – 2011. E o
resultado deste indicador corresponde à porcentagem de áreas com solo com
qualquer tipo de degradação correspondente apenas ao período analisado. O
resultado do indicador variação de temperatura corresponde ao valor de
Page 117
116
e de
136
aumento de temperatura apresentado pelo modelo PRECIS no cenário B2 para
a região semiárida (Gráfico 23).
Gráfico 23: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de exposição.
Fonte: elaborado pela autora.
É importante salientar que os indicadores que compõem o subíndic
exposição representam três eixos: mudanças na dinâmica da precipitação da
bacia, a problemática ambiental representada pela ausência da vegetação, e a
mudança climática futura representada pelo cenário futuro de mudança de
temperatura. Cada um dos indicadores apresentados demonstra a severidade
da exposição. Para alcançar o resultado final deste subíndice, aplicou-se a
equação Ip=Iobs-minimoI/maximoI-minimoI os resultados dos indicadores e
o resultado foi o seguinte:
Tabela 10: Resultados do subíndice de exposição
MUNICÍPOS SUBINDICE DE EXPOSIÇÃO
Arcoverde 64%
Buíque 62%
Custódia 22%
Ibimirim 65%
Inajá 33%
Iguaraci -3%
Tacaratu
Tupanatinga
Sertânia
Manari
Jatobá
Iguaraci
Inajá
Ibimirim
Custódia
Buíque
Arcoverde
VARIAÇÃO DA TEMPERATURA
TAXA DE SOLO EXPOSTO
TENDÊNCIAS PLUVIOMÉTRICAS
-20,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%
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117
Jatobá 56%
Manari 49%
Sertânia 51%
Tupanatinga 67%
Tacaratu 30%
Fonte: elaborada pela autora.
Uma vez construído o sub-índice de exposição com valores designados
para cada município da bacia, os resultados foram hierarquizados pelo grau de
exposição. O resultado final foi dividido em três categorias de acordo com a
frequência:
Tabela 11: critérios para a severidade da exposição climática nos municípios da bacia.
Sub-índice de exposição 0 – 40 41 – 60 61 - 100
Severidade da exposição Baixa Média Alta
Fonte: elaborada pela autora.
Os resultados finais foram espacializados para melhor análise (Figura
27). Assim, observamos que quatro dos municípios que integram a bacia,
apresentaram alta exposição (61 – 100) a fenômenos e estressores
(Arcoverde, Buíque, Ibimirim e Tacaratu); outros quatro municípios
apresentaram valores médios (41 – 60) de exposição (Jatobá, Manari e
Sertania); e também quatro municípios apresentaram baixos valores (0 – 40)
de exposição (Custódia, Inajá, Iguaraci e Tupanatinga).
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118
Figura 27: Mapa do subíndice de exposição.
Fonte: elaborada pela autora (2015).
Segundo os resultados do subíndice de exposição foi concluído que:
25% dos municípios que integram a bacia sofrem aumento nas precipitações,
8,3% sofre diminuição na precipitação, os demais municípios não
apresentaram nenhum tipo de tendência; Apenas 33,3% dos municípios
possuem menos de 50% de solo exposto, todos os demais possuem mais de
50% de sua área total com solo exposto, e com relação ao aumento de
temperatura o valor aplicado foi o mesmo para toda a bacia, já que
corresponde ao valor dado pelo modelo PRECIS para toda a região semiárida,
e essa porcentagem representa aumento de 3° a 4° na temperatura média do
semiárido.
A exposição às ameaças pode ser minimizada reduzindo o risco, isto é,
reduzindo a probabilidade de exposição ao impacto, e consequentemente,
reduzindo a possibilidade que ocorra danos. Teoricamente a exposição sempre
pode ser evitada isolando as pessoas de situações de perigo, no entanto está é
Page 120
119
uma alternativa que na prática não funciona. Sendo assim, a alternativa mais
eficaz para redução da exposição é ampliar as pesquisas sobre os fatores de
exposição, neste caso as mudanças climáticas, e aplicar o conhecimento das
pesquisas em planejamentos ambientais.
Subíndice de sensibilidade
O grau em que um sistema responderá a uma determinada mudança
ocorrida em fatores controladores será representado pela sensibilidade. O grau
de suscetibilidade de um sistema é representado pela sensibilidade quando
concebida como a capacidade de reagir ou a disposição de ressentir às
mínimas ações, variações ou perturbações externas (CHRISTOFOLETTI,
1999). A sensibilidade também se refere à habilidade que um sistema
ambiental possui para enfrentar um distúrbio, neste caso climático.
O conceito de sensibilidade esta composto por outros três conceitos, que
são: estabilidade, resiliência e flexibilidade. A estabilidade refere-se à
capacidade de um sistema permanecer estável durante um distúrbio; a
resiliência representa a capacidade de recuperação do sistema; e a
flexibilidade representa a maleabilidade interna do sistema. A sensibilidade
representa os aspectos que constitui a capacidade de resistência de um
determinado sistema, e não um limite específico para o colapso, até por que é
bastante complexo definir o limite de qualquer sistema, seja natural ou humano.
(SMITHERS e SMIT, 2009).
Este sub-índice está composto por indicadores que representam as
atividades econômicas, saúde e perfil da população que ocupa a bacia. Os
indicadores são: Número de trabalhadores em atividades primárias; número de
domicílios particulares sem saneamento básico adequado; número de
estabelecimentos públicos de saúde e incidência de pobreza.
As principais atividades econômicas desenvolvida nos municípios que
integram a bacia estão diretamente ou indiretamente ligadas a terra.
Agricultura, pecuária e a pesca (desenvolvida principalmente na lagoa do Puiu
– Ibimirim), são atividades fortemente prejudicadas pelas mudanças climáticas,
assim como as atividades a estas relacionadas, como os trabalhadores
„feirantes‟ vendedores dos produtos agrícolas locais, que são comuns na região
Page 121
120
semiárida. O perfil do trabalhador rural nestes municípios está relacionado à
família ou a pequenas cooperativas, não há estruturas modernas, e ainda são
poucas as iniciativas públicas e privadas que promovam uma planificação
eficaz e eficiente destas atividades, sendo assim, em períodos de seca, por
exemplo, as perdas são máximas, e geram forte impacto econômico nos
municípios.
Segundo o IBGE, durante a seca de 2012 na região Semiárida houve
uma perda de 696 mil bovinos e 784 mil caprinos, e no setor aviário 797 mil
galos, galinhas e frangos, além de outros animais, no total o IBGE apresenta
um saldo de perdas de 137 milhões de animais mortos. A Articulação do
Semiárido (2013), também afirma que os impactos negativos resultados da
seca 2012 – 2013 causaram grandes prejuízos, mas que é a sensibilidade da
atividade econômica e a falta de planejamento e de políticas públicas
potencializaram os impactos, que a falta de dimensão política e programas e
infra-estrutura expõem as atividades primárias a impactos e consequentemente
a danos. E os principais atingidos pelos impactos foram os agricultores
familiares e os pequenos agricultores, que são maioria na região.
Os indicadores “número de domicílios particulares sem saneamento
básico adequado” e “número de estabelecimentos públicos de saúde”
representam quanto os municípios estão preparados para enfrentar possível
aumento de doenças provado pelas mudanças climáticas. A falta de
saneamento básico é um dos principais problemas da proliferação de doenças
infectocontagiosas. Mendonça (2009), afirma que apesar da evidente influência
climática no surgimento de epidemias de doenças transmissíveis por
mosquitos. O retorno dessas doenças é consequência da ineficácia de políticas
públicas de saúde.
O Brasil já vem apresentando avanços consideráveis na redução da
miséria e pobreza, sobretudo no Semiárido, entretanto Obermaier e Rosa
(2013) para necessidade de interpretar a adaptação como processo, e a
vulnerabilidade como condição dinâmica. E a importância de considerar a
pobreza como indicador fundamental na análise da vulnerabilidade as
mudanças climáticas, já que as comunidades mais pobres são as mais
expostas aos impactos das alterações e variabilidades climáticas.
Page 122
121
Os dados presentes neste subíndice são da CONDEPE/FIDEM –
Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. São projeções
para 2013 tomando como base os censos de 2000 e 2010. Todos os dados dos
indicadores sociais e econômicos usados na elaboração deste subíndice e em
todos os demais foram extraídos desta mesma base de dados.
Subíndice de sensibilidade representam três eixos: perfil aquisitivo e de
ingressos da população, acesso a serviços de saúde e agrícola, pecuária e
caça. Apresentado os seguintes resultados projetados:
Tabela 12: Resultados dos indicadores para cada município correspondente.
MUNICÍPIOS
INCIDÊNCIA
DE POBREZA
NÚMERO DE
ESTABELECIMENTOS
PÚBLICOS DE SAÚDE
NÚMERO DE
DOMICÍLIOS
PARTICULARES
SEM
SANEAMENTO
BÁSICO
ADEQUADO
NÚMERO DE
TRABALHADORES
EM ATIVIDADES
PRIMÁRIAS
Arcoverde 38,49% 0,67% 16,01% 10,36%
Buíque 38,93% 0,67% 15,94% 30,43%
Custódia 32,41% 0,67% 34,05% 27,28%
Ibimirim 41,27% 0,33% 23,08% 36,93%
Inajá 41,15% 0,33% 26,03% 24,81%
Iguaraci 37,41% 0,33% 30,62% 29,63%
Jatobá 40,48% 0,33% 17,36% 36,99%
Manari 40,66% 0,33% 20,09% 35,65%
Sertânia 26,35% 0,33% 37,01% 31,83%
Tupanatinga 41,43% 0,33% 21,11% 33,56%
Tacaratu 42,68% 0,33% 21,04% 37,63%
Fonte: elaborada pela autora.
Como citado acima, os indicadores são dados projetados para 2013,
preferiu-se usar os dados projetados por serem mais atuais do que os dados
dos censos. Os indicadores de incidência de pobreza, número de domicílios
particulares sem saneamento básico adequado e o número de trabalhadores
em atividades primárias estão projetados de acordo aos resultados dos censos
Page 123
122
2000 e 2010, porém o indicador número de estabelecimentos públicos de
saúde refere-se ao número total de hospitais públicos por município, e a
porcentagem é dada tomando como base o total de hospitais no estado de
Pernambuco. Sendo assim os municípios que apresentaram valor 0,67% neste
indicador, possui dois estabelecimentos públicos de saúde, e os municípios
que apresentaram 0,33% possui apenas um estabelecimento público de saúde.
Para melhor interpretação os resultados dos indicadores forma aplicados em
forma de gráfico (Gráfico 24).
Gráficos 24: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de sensibilidade.
Fonte: elaborada pela autora.
Os resultados dos indicadores foram à equação: Ip=Iobs-
minimoI/maximoI-minimoI (a definição da equação encontra-se no capítulo
2), obtendo o resultado do sub-índice de sensibilidade que podem ser
observados abaixo:
Tabela 13: Resultados do subíndice de sensibilidade
MUNICÍPIOS SUBINDICE DE SENSIBILIDADE
Arcoverde 63%
Tacaratu
Tupanati…
Sertânia
NÚMERO DE TRABALHADORES EM ATIVIDADES PRIMÁRIAS
Manari
Jatobá
Iguaraci
Inajá
Ibimirim
NÚMERO DE DOMICÍLIOS PARTICULARES SEM SANEAMENTO BÁSICO ADEQUADO
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS DE SAÚDE
Custódia INCIDÊNCIA DE POBREZA
Buíque
Arcoverde
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%
Page 124
123
Buíque 84%
Custódia 92%
Ibimirim 100%
Inajá 91%
Iguaraci 97%
Jatobá 94%
Manari 96%
Sertânia 94%
Tupanatinga 95%
Tacaratu 100%
Fonte: elaborada pela autora.
Assim como no sub-índice de exposição, o resultado do sub-índice de
sensibilidade foi hierarquizado de acordo a frequência, como se pode observa
abaixo:
Tabela 14: critérios para a severidade da sensibilidade climática nos municípios da bacia.
Sub-índice de sensibilidade 0 – 40 41 – 60 61 - 100
Severidade da sensibilidade Baixa Média Alta
Fonte: elaborada pela autora.
Nenhum dos municípios analisados apresentou resultado baixo neste
subíndice. Todos os demais municípios apresentaram resultado de alta
severidade da sensibilidade (Figura 28).
Page 125
124
Figura 28: Mapa do subíndice de sensibilidade. Fonte: elaborado pela autora.
A sensibilidade às mudanças climáticas foi compreendida como o grau
em que os municípios da bacia, sua população e atividades econômicas
primárias, podem ser afetados pelas mudanças e variações do clima. E
observou-se que de todos os municípios analisados apenas o município de
Sertânia apresentou menos de 30% de incidência de pobreza, todos os demais
municípios possuem mais de 30% de sua população na pobreza.
Em relação ao indicador de saneamento básico adequado, que está
diretamente relacionado às questões sanitárias e de saúde, os municípios,
todavia apresentam um déficit, apenas 25% dos municípios possuem mais de
20% dos domicílios com saneamento básico adequado (segundo definição da
FIDEM, saneamento básico adequando referi-se aos domicílios que estão em
uma rede de esgotamento geral ou fossa séptica e coleta de lixo).
E segundo os resultados do indicador de trabalhadores em atividades
primárias, observou-se que apenas o município de Arcoverde apresentou
menos de 15% de sua população neste tipo de atividade. É importante
esclarecer que este indicador representa não apenas o número de
Page 126
125
trabalhadores nesta atividade, mas, também, o perfil das atividades primárias
na bacia, que são em maioria pequenos agricultores e agricultores familiares,
que não possuem infraestrutura que possibilite a produção durante os períodos
de estiagem, e que tampouco possuem apoio técnico para potencializar e
melhorar a produção. Quanto às atividades primárias dependentes do clima,
qualquer mudança ou variação no clima afetaria diretamente tais atividades, e
consequentemente a economia local (BUAINAIN e GARCIA, 2013).
Segundo os resultados a infraestrutura para saúde e atividades
econômicas existentes nos municípios é insuficiente para aportar com a
redução da sensibilidade. Seria adequado promover melhorias neste âmbito,
sobretudo na implementação de planos temáticos que acompanhem a
dinamicidade da população local. Sugere-se implementar planejamentos
específicos para a problemática das mudanças climáticas mas, que sobretudo
atenda às necessidades de cada município, considerando as particularidades
de cada população.
Subíndice de capacidade adaptativa
A capacidade adaptativa forma parte da vulnerabilidade, é um dos
fatores que junto à exposição e sensibilidade caracterizam a vulnerabilidade. A
capacidade adaptativa descreve a habilidade de um sistema em ajustar-se a
condições esperadas, isto é, a habilidade de enfrentar as consequências
adversas de um impacto. É a capacidade de um sistema em modificar sua
estrutura interna em favor de uma condição menos vulnerável (LUERS et al.,
2003). A capacidade adaptativa pode ser determina em função da saúde,
tecnologia, educação, informação, habilidades, infraestrutura, acesso a
recursos, e capacidade de manejo (BROOKS, et al., 2005; MCCARTHY, et al.,
2001; O‟BRIEN et al., 2004).
Dois enfoques distintos já foram propostos para compreender a
capacidade adaptativa, inicialmente era compreendida através dos resultados
da construção de cenários, onde a análise era realizada „de cima para baixo‟, e
se observava o quão perigoso eram as mudanças climáticas. Este tipo de
proposta ainda é bastante utilizada, sobretudo na análise de mudanças
climáticas globais e suas respectivas consequências. Entretanto a proposta de
Page 127
126
análise “de cima para baixo” não evidencia as características locais da
capacidade adaptativa. Então, para suprimir a necessidade de identificar as
capacidades adaptativas em menor escala, propôs-se uma análise sistêmica
“de baixo para cima”, onde o enfoque está em compreender qual a melhor
forma de adaptarem-se as mudanças climáticas (HUQ e REID, 2009).
A resiliência é a base fundamental da adaptação, e a capacidade de se
adaptar (representa a pré-disposição a adaptação). A resiliência representa o
conjunto de processos de decisão e a implementação de ações. Em contra
partida, a vulnerabilidade é suscetível a mudanças na resiliência
socioambiental, sendo assim, a redução da vulnerabilidade contribui para
potencializar a resiliência de um sistema (ADGER, 2004, 2006; EAKIE e
WEHBE, 2009; FORSYTH, 2009).
Para a construção de uma resiliência que fortaleça os sistemas
socioambientais é crucial o conhecimento das capacidades do sistema em
análise. E nesse sentindo a resiliência destaca o processo de recuperação,
inovação e capacidade de aprender e transformar, focando em cenários
futuros, e a capacidade adaptativa representa um aparte fundamental da
vulnerabilidade que é uma das condições antes do evento. As ações de
enfretamento aos impactos das mudanças climáticas não podem ser tomadas
sem antes conhecer o nível de vulnerabilidade de um sistema socioambiental.
A vulnerabilidade é uma característica inerente a todo sistema, e por isso é
importante estabelecer níveis aceitáveis de vulnerabilidade, sobretudo em
sistemas socioambientais de alta vulnerabilidade (CUTTER, 2008).
O estudo da vulnerabilidade ainda representa uma linha de pesquisa
muito recente, entretanto importante para os estudos de adaptação as
mudanças climáticas. Identificar os principais fatores que caracterizam a
capacidade de sistemas socioambientais de responderem e se recuperarem de
desastres é tão importante quanto conhecer a dinâmica dos sistemas
atmosféricos que causam os desastres. E esta capacidade de adaptar-se
consiste em identificar e fortalecer as condições inerentes aos sistemas
socioambientais que permitem aos mesmos absorverem impactos e lidar com
eventos extremos (ADGER, 2006; CUTTER, 2008; FOLKE, 2006).
Em síntese, a capacidade adaptativa refere-se ao potencial de adaptar-
se de um grupo social ou sistema, no contexto das mudanças climáticas, um
Page 128
127
sistema que se ajuste, modifique, ou altere com o objetivo de moderar um dano
potencial, ou que lide melhor com as consequências de um clima em alteração
é considerado sistema com alta capacidade de adaptação (ADGER, 2003;
SMIT e WANDEL, 2006).
A variabilidade climática é intrínseca a incerteza, e os grupos sociais já
enfrentam e respondem a essa realidade (ADGER, 2002). No entanto a forma
como estes grupos sociais têm aplicado os mecanismos, parece ser pouco
eficientes para enfrentar os novos desafios trazidos pelas mudanças climáticas.
E as sociedades mais vulneráveis não são apenas aquelas que experimentam
os maiores impactos, mas sim aquelas mais sensíveis, e que apresentam
dificuldades em adaptar-se às mudanças climáticas e às pressões do
desenvolvimento (VAN ASLST et al., 2008).
Os indicadores selecionados por esta pesquisa para compor o subíndice
de capacidade adaptativa representam quatro eixos: educação, renda,
infraestrutura e programas públicos e acesso à água. Os indicadores são: taxa
de alfabetização; número de domicílios com 2 a 5 salários mínimos;
investimentos públicos em infraestrutura e programas sociais e domicílios com
acesso a água encanada.
Assim como os indicadores do subíndice anterior, estes indicadores
também fazem parte do bando de dados do perfil municipal da
CONDEPE/FIDEM. Com exceção do indicador „taxa de alfabetizados‟, este
indicador é o resultado do censo 2010, no entanto foi obtido no mesmo banco
de dados que os demais indicadores. Os resultados dos indicadores podem ser
observados abaixo:
Tabela 15: resultados dos indicadores para cada município correspondente.
MUNICÍPIOS
TAXA DE
ALFABETIZAÇÃO
NÚMERO
DE
DOMICILIOS
COM 2 A 5
SALÁRIOS
MÍNIMOS
INVESTIMENTO
PÚBLICO EM
PROGRAMASSOCIAIS
E INFRA-
ESTRUTURAS
DOMICILIOS
COM
ACESSO A
ÁGUA
ENCANADA
Arcoverde 61,96% 12,22% 11,30% 49,62%
Buíque 53,33% 5,69% 13,20% 35,47%
Custódia 61,21% 12,81% 19,88% 37,50%
Page 129
128
Ibimirim 45,61% 9,02% 20,38% 48,51%
Inajá 42,06% 7,05% 23,19% 40,06%
Iguaraci 50,84% 9,92% 18,96% 43,20%
Jatobá 55,79% 12,23% 0,00% 44,32%
Manari 41,75% 7,47% 16,47% 45,54%
Sertânia 51,09% 10,73% 24,95% 47,71%
Tupanatinga 40,27% 6,00% 15,15% 42,55%
Tacaratu 40,04% 8,84% 21,43% 43,02%
Fonte: elaborada pela autora.
Especificamente os valores dos indicadores “taxa de alfabetização” e
“domicílios com acesso à água encanada ”foram positivos, em comparação aos
dois demais indicadores, o baixo acesso à renda e o baixo investimento público
em programas sociais e infraestrutura refletem a fragilidade, nesse contexto,
destes indicadores. O indicador de renda demonstra o que o indicador de
incidência de pobreza já havia apresentado anteriormente, que, todavia, a
pobreza é um grave problema nos municípios da bacia. E que apesar de
existirem políticas estaduais de incentivo ao enfrentamento as mudanças
climáticas, as ações reais ainda são insuficientes (Gráfico 25).
Gráfico 25: gráfico dos resultados dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa.
Fonte: elaborado pela autora.
Tacaratu
Tupanatinga DOMICILIOS COM ACESSO A ÁGUA ENCANADA
Sertânia
Manari
Jatobá
INVESTIMENTO PÚBLICO EM PROGRAMAS E INFRA- ESTRUTURAS SOCIAIS
Iguaraci
Inajá
Ibimirim
NÚMERO DE DOMICILIOS COM 2 A 5 SALÁRIOS MÍNIMOS
Custódia
Buíque
Arcoverde
NÚMERO DE PESSOAS COM ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO
0,00% 20,00% 40,00% 60,00%
Page 130
129
Desse modo, para obter os resultados dos demais subíndices, os
valores dos indicadores do subíndice de capacidade adaptativa foram
aplicados na equação: Ip=Iobs-minimoI/maximoI-minimoIe o resultado final
foi o seguinte:
Tabela 16: Resultados do subíndice de capacidade adaptativa.
MUNICÍPIOS SUBINDICE DE ADAPTAÇÃO
Arcoverde 98,3%
Buíque 86,0%
Custódia 84,4%
Ibimirim 95,9%
Inajá 87,7%
Iguaraci 90,0%
Jatobá 72,5%
Manari 87,4%
Sertânia 100%
Tupanatinga 83,9%
Tacaratu 83,9%
Fonte: elaborada pela autora.
E para hierarquizar os resultados do subíndice adotou-se a mesma medida
aplicada nos demais subíndices, obedecendo a um padrão que possa ser comparável
entre si (tabela 17):
Tabela 17: critérios para a severidade da sensibilidade climática nos municípios da bacia.
Sub-índice de capacidade adaptativa 0 – 40 41 – 60 61 – 100
Severidade da capacidade adaptativa Baixa Média Alta
Fonte: elaborada pela autora.
Mesmo apresentando dois indicadores que possuíam valores baixos em
todos os municípios, o resultado final do subíndice foi positivo em todos os
municípios da bacia (Figura 29).
Page 131
130
Figura 29: Mapa do subíndice de capacidade adaptativa. Fonte: elaborado pela autora.
Os indicadores que compõem este subíndice representam quatro eixos:
capital humano, capital econômico familiar, capital financeiro público e capital
natural. Cada um desses eixos foi compreendido em função de atributos do
sistema socioambiental, neste caso a bacia do Moxotó e os municípios que a
integram. Atributos da população (capital humano), suas formas de
organização (capital econômico familiar), variáveis econômicas (capital
financeiro público), e o acesso a recursos naturais (capital natural), foram estes
atributos que determinaram a seleção destes indicadores para comporte o
subíndice de capacidade adaptativa.
Todos os municípios analisados apresentaram resultados acima dos
80% neste subíndices. O percentual de domicílios com acesso à água
encanada representa uma característica bastante favorável, apenas os
municípios de Buíque e Custódia possuem menos de 40% dos domicílios sem
acesso à água encanada. Entretanto este não é o resultado ideal para este
indicador, e expandir a estrutura de acesso à água para todos é fundamental
para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Page 132
131
Os programas de alfabetização têm favorecido a taxa de alfabetizados,
principalmente entre crianças e jovens do semiárido. Porém apesar da
existência de programas específicos para alfabetização de jovens e adultos, os
percentuais de alfabetizados nesta faixa etária ainda não são os esperados
(BARBOSA, et al., 2013). No entanto, o resultado final do indicador é positivo,
considerando que estes percentuais são de 2010, e que já pode ter havido
avanços positivos.
Com relação ao indicador de renda, o resultado mostra que a pobreza
ainda é um problema real nestes municípios, onde apenas cinco municípios
possuem mais de 10% de domicílios com renda entre 2 e 5 salários mínimos,
todos os demais estão abaixo dos 10%.
No indicador de investimentos públicos em programas sociais e infra-
estrutura obtiveram-se resultados para todos os municípios, com exceção do
município de Jatobá, que segundo a CONDEPE/FIDEM a administração do
município não informou quanto das finanças públicas foi investido em
programas sociais e infraestrutura.
O resultado final do subíndice de capacidade adaptativa indica que os
indicadores possuem valores positivos, porém que necessitam de ajustes, e
que aportam como elementos para planos de adaptação ao futuro.
Índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas
As pesquisas sobre as mudanças climáticas têm se expandido por todas
as ciências da natureza, dando ênfase, sobretudo à modelagem de cenários
futuros, assim apresentando enfoque na compreensão dos impactos das
mudanças climáticas globais (SIMON, 2007). Entretanto, o reconhecimento das
mudanças climáticas como um problema cujo caráter possui base na
epistemologia assim como na realidade tem ganhado espaço nas pesquisas,
até mesmo no último relatório do IPCC (LAMPIS, 2013).
A vulnerabilidade às mudanças climáticas pode ser compreendida a
partir de dois paradigmas. Primeiro como um fato relacionado principalmente
aos sistemas físicos e segundo como um problema de desenvolvimento dos
sistemas humanos. Entretanto, as necessidades reais por respostas mais
concretas à problemática das mudanças climáticas impulsionaram a construção
Page 133
132
do terceiro paradigma, que consiste da combinação dos dois anteriores. Este
terceiro paradigma possui enfoque integrado, e é representado por três
enfoques principais, que são: 1. Risco – ameaça; 2. Construção social do risco;
3. Enfoque integrado. (LAMPIS, 2013; CUTTER et al., 2003; ADGER, 1999).
A vulnerabilidade às mudanças climáticas é mais que a simples
exposição a algum tipo de risco. Ela se dá quando entre a relação da
exposição a um risco se gera uma vulneração, e este vulneração são os
recursos, acessos e capitais necessários para enfrentar aos riscos sem
apresentar perdas de capacidades e oportunidades. Quando se fala de
vulnerabilidade às mudanças climáticas, refere-se principalmente à
vulnerabilidade socioambiental, e esta é agravada por conta dos problemas de
desenvolvimento humano limitado (LAMPIS, 2010).
Basicamente, medir a vulnerabilidade às mudanças climáticas depende
da análise dos efeitos das mudanças climáticas regionais ou locais, e da
capacidade da sociedade em lidar com essas mudanças. A vulnerabilidade às
mudanças climáticas é inerente a um determinado sistema social e varia de
acordo com os níveis de desenvolvimento socioeconômico.
A variabilidade espaço-temporal das precipitações no Semiárido não
garante o sucesso das plantações de subsistência, segundo Marengo (2008),
os frequentes períodos de estiagem representam grandes prejuízos para a
região. Ainda segundo Marengo (2008), o Programa de Monitoramento em
Tempo Real da Região Nordeste (Proclima) oferece dentre seus produtos o
relatório de número com déficit hídrico durante o período chuvoso, e o autor
considera este produto como indicador da vulnerabilidade da agricultura a falta
de chuvas na região. Entretanto não há, até a presente data, nenhum produto
cientifico acadêmico ou relatório governamental sobre a quantificação e
espacialização da vulnerabilidade às mudanças climáticas no semiárido.
Neste contexto ressalta o caráter inovador desta pesquisa, aplicando e
adaptando uma metodologia nunca antes desenvolvida para uma bacia
hidrográfica na região do semiárido. Além dos objetivos inerentes a esta
pesquisa, estes resultados procura contribuir indiretamente como
desenvolvimento regional, no sentido de aportar com informações úteis para
futuros planos de mitigação específico para o enfretamento às mudanças
climáticas.
Page 134
133
A estimação da vulnerabilidade às mudanças climáticas proposta desta
pesquisa, foi aplicada nos municípios que integram à bacia hidrográfica do
Moxotó, considerando indicadores que refletissem o grau de exposição às
mudanças climáticas, indicadores de sensibilidade a estas mudanças assim
como indicadores que demonstrem a magnitude da capacidade adaptativa.
Procurou-se aplicar uma avaliação integrada da vulnerabilidade, onde os
indicadores selecionados fossem representativos das condições biofísicas reais
da bacia do Moxotó, e também descreveram as condições socioeconômicas
dos municípios da bacia.
O índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas consiste no
resultado da equação: [Vulnerabilidade = (exposição + sensibilidade) –
capacidade adaptativa], a discussão dos resultados correspondentes a cada
um dos subíndices foi apresentada nos tópicos anteriores. Entretanto para
melhor compreensão do resultado final da vulnerabilidade podemos observar
os resultados de cada subíndice na tabela abaixo:
Tabela 18: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.
MUNICÍPIOS
SUBINDICE
DE
EXPOSIÇÃO
SUBINDICE DE
SENSIBILIDADE
SUBINDICE
DE
ADAPTAÇÃO
Arcoverde 64% 63% 98,3%
Buíque 62% 84% 86,0%
Custódia 22% 92% 84,4%
Ibimirim 65% 100% 95,9%
Inajá 33% 91% 87,7%
Iguaraci -3% 97% 90,0%
Jatobá 56% 94% 72,5%
Manari 49% 96% 87,4%
Sertânia 51% 94% 100%
Tupanatinga 67% 95% 83,9%
Tacaratu 30% 100% 83,9%
Fonte: elaborada pela autora.
Page 135
134
Observa-se que o resultado do subíndice de exposição do município de
Iguaraci foi de -3%, isso ocorreu porque este município foi o que apresentou o
menor valor nos indicadores que compõem este subíndice, e quando esses
valores foram aplicados à equação correspondente ao processamento dos
subíndices, para este município, o resultado foi negativo, porém interpreta-se
que este município possui baixa exposição, e não exposição negativa (Gráfico
26).
Gráfico 26: Gráfico dos resultados dos subíndices.
Fonte: elaborado pela autora.
Os resultados de cada um dos subíndices foram combinados e aplicados
à equação da vulnerabilidade, onde o resultado final é o índice da
vulnerabilidade às mudanças climáticas (Tabela 19 e Gráfico 27).
Tabela 19: Resultados dos subíndices de exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa.
MUNICÍPIOS VULNERABILIDADE
Arcoverde 29%
Buíque 59%
Custódia 30%
Tacaratu
Tupanatinga
Sertânia
Manari
Jatobá
Iguaraci
Inajá
SUBINDICE DE ADAPTAÇÃO
SUBINDICE DE SENSIBILIDADE
SUBINDICE DE EXPOSIÇÃO
Ibimirim
Custódia
Buíque
Arcoverde
-20% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Page 136
135
Ibimirim 69%
Inajá 37%
Iguaraci 4%
Jatobá 78%
Manari 57%
Sertânia 44%
Tupanatinga 78%
Tacaratu 47%
Fonte: elaborada pela autora.
Gráfico 27: Gráfico dos resultados do índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Fonte: elaborado pela autora.
Assim como em todos os demais resultados dos subíndices, no resultado final
do índice os valores foram hierarquizados e espacializados com o objetivo de melhor
comparação entre os resultados (Tabela 20 e Figura 30).
Tabela 20: Critérios para a severidade do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas.
Índice de vulnerabilidade ás mudanças
climáticas
0 – 40 41 – 60 61 – 100
Severidade doíndice de vulnerabilidade
ás mudanças climáticas
Baixa Média Alta
Fonte: elaborada pela autora.
Tacaratu
Tupanatinga
Sertânia
Manari
Jatobá
Iguaraci
Inajá
Ibimirim
Custódia
Buíque
Arcoverde
VULNERABILIDADE
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Page 137
136
Figura 30: Mapa do índice de vulnerabilidade ás mudanças climáticas.
Fonte: elaborada pela autora.
O resultado do índice nos indica que apesar de que a bacia hidrográfica
do Moxotó esteja, segundo a perspectiva de mudanças climáticas dos modelos
numéricos globais, sob a mesma dinâmica climática, os resultados desta
pesquisa afirmam o contrário. Que a menor escala à tendência de precipitação
varia tanto espacialmente como temporalmente, assim como também os
impactos que estas mudanças produzem. Não são homogêneos os efeitos das
mudanças climáticas na área da bacia, e, portanto, tampouco o resultado da
vulnerabilidade o é.
Dos 12 municípios da bacia que foram analisados apresentaram
resultados variados: 4 municípios apresentaram severidade baixa (0 – 40), 5
municípios apresentaram severidade média (41 – 60), e apenas 3 municípios
apresentaram severidade alta (61 – 100).
Os municípios que demonstraram os melhores resultados foram
Arcoverde, Custódia, Iguaraci e Inajá (0 – 40), e sendo Iguaraci (4%) o que
Page 138
137
apresentou o menor valor de vulnerabilidade, seguidos de Arcoverde (29%),
Custódia (30%) e Inajá (37%). Três dos municípios desse grupo apresentaram
altos valores de severidade nos subíndices de exposição e sensibilidade
(Arcoverde, Custódia e Inajá), porém também apresentou os melhores
resultados no subíndice de capacidade adaptativa, o que resultou em valores
positivos na vulnerabilidade. Com exceção do município de Iguaraci, que
apresentou severidade de exposição baixa, e esse fator favoreceu para que o
seu resultado de vulnerabilidade também fosse baixo.
O segundo grupo está formado pelos municípios que apresentaram
severidade média: Buíque, Manari, Sertânia e Tacaratu (41 – 60). Buíque
(59%) foi o município deste grupo que apresentou o valor mais alto do índice,
seguido por Manari (57%). Os demais municípios (Sertânia 44% e Tacaratu
47%) apresentaram valores semelhantes.
O terceiro e ultimo grupo representa os municípios com severidade alta
(61 – 100): Ibimirim, Jatobá e Tupanatinga. Estes municípios são os mais
vulneráveis da bacia do Moxotó, Jatobá (78%) e Tupanatinga (78%) são os que
apresentaram os valores mais altos deste grupo seguidos por Ibimirim (69%).
Page 139
138
5|CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi apresentando nos capítulos que estruturaram esta
tese, é possível tecer as seguintes considerações finais descritas abaixo.
A climatologia no Brasil gradualmente foi adotando uma perspectiva
mais dinâmica em seus estudos, abandonando aos poucos a visão generalista
tão comum nos primeiros estudos climáticos realizados no país. Essa
perspectiva dinâmica estava baseada na visão sistêmica da relação atmosfera
– superfície. A influência da teoria geral dos sistemas não só trouxe
dinamicidade aos estudos climáticos, como também os aproximou de outras
esferas dos estudos científicos (ALVES, 2012).
Ao longo da construção desta tese houve a preocupação em abordar
sobre a teoria geral dos sistemas e de como esta influenciou e influencia os
estudos geográficos. A teoria geossistêmica que serve de base teórica para
muitas pesquisas na geografia é um dos exemplos dessa forte relação
existente entre a geografia e a visão sistêmica.
Com base nessa perspectiva sistêmica, esta pesquisa focou-se na
investigação e análise das relações entre o clima (e suas mudanças e
variabilidades) e as atividades humanas, e de como esta relação se apresenta
em distintas formas no espaço.
A metodologia adotada por este estudo é um reflexo de como a
abordagem sistêmica pode ser útil em pesquisas cientificas, sobretudo aquelas
que pretendem analisar diferentes tipos de sistemas com intuito de gerar um
resultado final único. A metodologia aplicada para o desenvolvimento do índice
de vulnerabilidade às mudanças climáticas está integrada por dados físicos,
sociais e econômicos. Diferentes sistemas que estão interconectados e ao
serem analisados em conjunto apresentaram como resultado final a
espacialização da vulnerabilidade socioambiental da bacia hidrográfica do
Moxotó.
A área de estudo, a bacia do Moxotó, está totalmente inserida no
Semiárido do Nordeste brasileiro. Esta é uma região que historicamente sofre
períodos de seca. O regime de chuvas irregulares e a alta variabilidade
Page 140
139
climática são alguns dos muitos fatores que favorecem a estiagem nessa
região.
Desde 2012 o semiárido está no regime de seca, o que
consequentemente reflete em perdas econômicas para os municípios da
região, que em sua maioria dependem das atividades agropecuárias, levando a
agravar as situações de vulnerabilidade social e ambiental.
Com este cenário de mudanças e variabilidades climáticas e
vulnerabilidades em uma região, onde a pobreza ainda é bastante presente,
surge a necessidade de somar as pesquisas de mudanças climáticas „novas‟,
esferas de análise: redução da vulnerabilidade, aumento da resiliência e a
capacidade adaptativa.
Antecedendo a definição quantitativa e qualitativa da vulnerabilidade
socioambiental na bacia do Moxotó, realizaram-se análises da dinâmica das
precipitações dos últimos 84 anos, e também uma análise do comportamento
da vegetação dos últimos 27 anos.
Em relação à análise da dinâmica dos resultados foram os setores leste,
centro e sul que revelaram uma tendência significativa positiva. Já o setor
oeste possui uma tendência significativa negativa, e o setor norte apresentou
tendência não significativa. Também foi observada uma concentração temporal
das precipitações em alguns meses do ano. Este resultado também foi
apresentado por setores: 66% das precipitações do setor leste concentram-se
nos meses de março, abril, maio, junho e julho; 51% das precipitações do setor
oeste concentram-se nos meses de fevereiro, março e abril; o setor centro
concentra 67% das precipitações nos meses de janeiro, fevereiro, março e
abril; o setor sul concentra 66% das precipitações também nos mesmos meses
que concentra o setor centro, assim como o setor norte também concentra nos
meses citados 68% das precipitações. Assim, o perfil das tendências de
precipitações analisadas durante o período de 1930 a 2014 possui
irregularidade espacial e concentração temporal durante os meses de janeiro,
fevereiro, março e abril. Os resultados relacionados à análise espaço-
temporal da cobertura vegetal através do NDVI apresentaram três categorias
de vegetação segundo a densidade vegetal. Observou-se que não há relação
entre os setores da bacia que apresentaram tendência positiva na precipitação
com os setores de maior densidade da vegetação. A topografia exerce forte
Page 141
140
influência na bacia, destaca-se como um dos resultados desta etapa a
concentração da vegetação nativa da bacia nas áreas mais elevadas, também
foi possível identificar a presença dessa vegetação em todas as imagens
analisadas nesta série. Também se observou que das três categorias de
densidade vegetal presentes, a mais abundante é a categoria 1, a que
representa vegetação de baixa densidade (valor NDVI 0,25 – 0,50), e a menos
abundante é a categoria 3, que representa vegetação de alta densidade (valor
NDVI 0,75 – 1).
Identificou-se que a vegetação apresentou os seguintes crescimentos
segundo as categorias de densidade: a categoria de densidade 1 (0,25 – 0,50)
apresentou taxa de crescimento de 8,15%; a categoria de densidade 2 (0,50 –
0,75) possui taxa de crescimento de 16,5%, sendo a categoria que mais
cresceu na área da bacia; e por último a categoria de densidade 3 (0,75 – 1)
que apresentou taxa de crescimento de 3,38%. Também foi possível gerar
como resultado secundário a taxa de crescimento de solo exposto, este
resultado foi utilizado como indicador para integrar o subíndice de exposição.
Os resultados dos capítulos de análise de tendências de precipitações e
o de análise espaço-temporal da cobertura vegetal serviram como modelo de
risco no qual há uma descrição dos impactos recentes na paisagem da bacia,
onde foi possível realizar um diagnóstico prévio das características vulneráveis
da bacia antes de gerar o índice. E os dados gerados em ambos os capítulos
também foram aplicados como indicadores na modelagem do índice de
vulnerabilidade às mudanças climáticas. Concluiu-se que mesmo havendo
mais setores de tendência de precipitações positivas, as precipitações
registradas durante a série analisada estão concentradas em poucos meses, o
que gera estresse hídrico nos demais meses do ano, e consequentemente
ocasiona impactos à vegetação.
A terceira parte dos resultados corresponde ao índice de vulnerabilidade
às mudanças climáticas. Entretanto, antes de citar as conclusões desses
resultados é importante ressaltar que a metodologia aplicada para desenvolver
o índice foi antes testada, em caráter de validação, durante um ano com dados
físicos, econômicos e sociais do altiplano chileno. Foi um experimento de suma
importância, pois graças a ele foi possível corrigir diversos erros, sobretudo
aqueles erros correspondentes à álgebra dos cálculos que padronizou cada
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141
indicador. Ademais, este período de validação da metodologia foi crucial para
entender, adaptar e aplicar os conceitos que envolvem os estudos da
vulnerabilidade socioambiental, com auxilio do Laboratório de Território e Meio
Ambiente da Universidad de Chile, que possui experiência sobre estudos de
vulnerabilidades, foi possível desenvolver um índice que pudesse expressar da
maneira mais real possível as condições de vulnerabilidade socioambientais
nas quais a bacia do Moxotó está exposta, sob a perspectiva de mudanças
climáticas vigentes.
Ainda antes de pôr em prática a construção do índice, alguns municípios
da bacia foram visitados com os objetivos de reconhecimento da área de
estudo, estabelecer diálogos com alguns moradores e diagnóstico prévio da
paisagem. A conclusão destas visitas foi que mesmo sendo apenas visitas de
reconhecimento, o que foi registrado através de imagens, já indicava uma
situação vulnerável suscetível à vulnerabilidade. Importante salientar que todas
as visitas ocorreram durante os anos de 2012 e 2013, período em que o
semiárido enfrentava o início de uma seca.
Os resultados do índice foram apresentados separadamente de acordo
com os resultados de cada indicador e subíndice correspondente. Os
subíndices estão divididos em três: exposição, sensibilidade e capacidade
adaptativa.
O subíndice de exposição foi composto por indicadores físicos:
tendências de precipitação, taxa de solo exposto e variação da temperatura.
Concluiu-se que, segundo os resultados deste subíndice, quatro municípios
apresentaram exposição alta (Arcoverde, Buíque, Ibimirim e Tacaratu); quatro
apresentam exposição média (Jatobá, Manari e Sertania); e outros quatro
apresentaram exposição baixa (Custódia, Iguaraci, Inaja e Tupanatinga). Estes
resultados referem-se ao nível de exposição às mudanças climáticas de cada
um desses municípios, quanto maior a exposição, mais está suscetivo a
impactos. Entretanto os resultados de exposição são insuficientes para afirmar
o quão vulnerável são estes municípios, já que estes resultados concluem
apenas o nível de exposição do ponto de vista dos fatores físicos da paisagem.
Para gerar o resultado final do índice foi preciso analisar a sensibilidade dos
grupos sociais que ocupam os municípios, assim como a capacidade
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142
adaptativa que estes grupos possuem para enfrentar as adversidades das
mudanças climáticas.
O subíndice de sensibilidade está vinculado, basicamente, aos conceitos
de estabilidade, resiliência e flexibilidade. Refere-se à habilidade de um
determinado sistema (físico ou social) de suportar os impactos de distúrbios
climáticos, de maneira que os impactos gerados por tal distúrbio sejam
mínimos. Para compor este subíndice os indicadores selecionados foram:
número de trabalhadores em atividades primárias; número de domicílios
particulares sem saneamento básico; número de estabelecimentos públicos de
saúde e incidência de pobreza. Os resultados deste subíndice foram bastante
negativos, apenas o município de Arcoverde apresentou resultado de
sensibilidade média, todos os demais apresentaram resultados de sensibilidade
alta. O que é um indicativo de que estes municípios não possuem estabilidade
e tampouco resiliência suficiente para enfrentar os distúrbios provocados pelas
mudanças climáticas.
O subíndice de capacidade adaptativa representa o capital humano, e a
infraestrutura social existente nos municípios que permitem dar condições reais
de predisposição à adaptação às mudanças futuras. Este subíndice está
composto pelos seguintes indicadores: taxa de alfabetização; número de
domicílios com 2 a 5 (ou mais) salários mínimos; investimentos públicos em
programas sociais, infraestrutura e domicílios com acesso à água encanada. O
peso de cada indicador na construção deste subíndice foi distribuído
igualmente, entretanto é importante ressaltar que graças aos valores positivos
dos indicadores taxa de alfabetização e domicílios com acesso à água
encanada, o resultado final do subíndice de capacidade adaptativa alto para
todos os municípios. Porém os indicadores número de domicílios com 2 ou 5
(ou mais) salários mínimos e investimento público em programas sociais e
infraestrutura demonstram que, todavia existe uma deficiência sobre a
distribuição de renda nestes municípios, somente os municípios Arcoverde,
Custódio possui mais de 12% de domicílios com 2 a 5 (ou mais) salários
mínimos. Assim como as porcentagens de investimentos públicos em
infraestrutura e programas sociais são bastante baixos.
Para gerar o resultado final do índice se aplicou a uma equação de
álgebra simples os resultados finais de cada um dos subíndices descritos
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acima, onde a vulnerabilidade seria o resultado da soma dos resultados dos
subíndices de exposição e sensibilidade menos o resultado do subíndice de
capacidade adaptativa.
Os resultados indicam que não há homogeneidade de vulnerabilidade na
área da bacia. Graças à metodologia aplicada a menor escala, é possível
observar variações da variabilidade que não poderiam ser observadas se
houvessem sido aplicadas em outra escala como as dos modelos globais,
mesmo que aplicadas a um downscaling. Os resultados foram: Arcoverde,
Custódia, Iguaraci e Inajá apresentaram baixa vulnerabilidade; Buíque, Manari
e Tacaratu apresentaram média vulnerabilidade; e os municípios que
apresentaram estado mais crítico foram Jatobá, Ibimirim e Tupanatinga, que
apresentaram alto índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Conclui-se que esta é uma metodologia que responde bem quando
aplicada à escala municipal. Que o recorte da bacia hidrográfica representou a
melhor opção para a observação de mudanças no clima e na vegetação,
sobretudo em zona rural –zona essa na qual o estudo foi realizado– onde a
urbanização ainda não é impactante como nas capitais, sendo assim o recorte
municipal não serviria para este tipo de análise como o recorte bacia
hidrográfica que possui divisores de água e influência na distribuição das
precipitações.
Este estudo tem importância como produto estratégico no planejamento
da adaptação às mudanças climáticas, e em estabelecer metas para minimizar
as ações que contribuam com os impactos da paisagem e com as mudanças
no clima. Entretanto, este estudo isolado das ações não será suficiente parar
promover o desenvolvimento sustentável que irá potenciar a resiliência na
bacia hidrográfica do Moxotó. Portanto este estudo sugere integrar os estudos
relacionados à investigação das mudanças climáticas às políticas públicas que
potencializem a resiliência e a capacidade adaptativa de áreas, assim como a
bacia hidrográfica do Moxotó que apresenta altos índices de vulnerabilidade.
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