UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PAGE 15
SERGIO FERRAZ FONSECA
Utilizao de Embalagens Comestveis na Indstria de
AlimentosTrabalho acadmico apresentado ao Curso de Bacharelado em
Qumica de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial da disciplina de Seminrios em Alimentos.
Orientadora: Prof. Dr. Rosane da Silva RodriguesPelotas,
2009
"O ser humano no pode deixar de cometer erros; com os erros que
os homens de bom senso aprendem a sabedoria para o futuro."
Plutarco
FONSECA, Sergio Ferraz. Utilizao de Embalagens Comestveis na
Indstria de Alimentos. 2009. 34f. Trabalho acadmico apresentado ao
Curso de Bacharelado em Qumica de Alimentos. Universidade Federal
de Pelotas, Pelotas.
Resumo
Embalagens comestveis so coberturas utilizadas em alimentos na
forma de filmes ou revestimentos, formadas por macromolculas tanto
de origem vegetal como de origem animal. Nem sempre substituem
materiais de embalagem sinttica no comestvel, mas ajudam a
proporcionar maior qualidade, estendendo a vida de prateleira e
possibilitando economia com materiais de embalagem tradicionais.
Elas so divididas em dois tipos: os filmes e os revestimentos e
podem ser classificadas em trs diferentes grupos por sua composio:
Hidrocoloidais, Lipdicas ou Compostas. Nos dias de hoje, estes
filmes e revestimentos tm sido utilizados na indstria alimentcia
principalmente para conservar alimentos como frutas, hortalias e
produtos crneos embutidos. As embalagens comestveis podem aumentar
a resistncia a danos fsicos dos produtos alimentares e melhorar
aspectos visuais e tteis da superfcie dos produtos, proteger os
alimentos contra perda de umidade, crescimento microbiano na
superfcie, mudanas qumicas causadas pela luz, oxidao de nutrientes,
contra perda de sabor, barreiras contra leos, gases ou vapores, ser
um meio de veicular substncias antimicrobianas, corantes,
flavorizantes, antioxidantes (evitar o escurecimento enzimtico em
vegetais cortados). Estas funes protetoras tm o objetivo de
aumentar a qualidade dos produtos alimentcios, resultando no
aumento da vida-de-prateleira e numa maior segurana em termos
microbiolgicos. Elas podem ser elaboradas e aplicadas aos alimentos
por diferentes mtodos. Todas estas propriedades e vantagens
oferecidas pelas embalagens comestveis as tornam uma tima
alternativa para as indstrias de alimentos, podendo substituir as
embalagens convencionais no-degradveis.Palavras-chave: Embalagens
comestveis. Biofilmes Comestveis. Revestimentos Comestveis. Edible
Packaging. Edible Films and Coatings.
Lista de Figuras
Figura 1 - Aspecto geral de mangas Surpresa tratadas com soluo
de fcula de mandioca em temperatura ambiente (29 C) e comparadas
aos 12 dias................16Figura 2 - Estrutura qumica da
quitosana..............................................................17Figura
3 - Estrutura qumica da hidrxipropil
metilcelulose.....................................17Figura 4 - Ma
imersa em soluo de material de revestimento
comestvel.................................................................................................................28
Sumrio
1
Introduo...............................................................................................................62
Definio.................................................................................................................83
Tipos e
Classificao...........................................................................................104
Aplicaes............................................................................................................115
Elaborao............................................................................................................135.1
Materiais Utilizados para
Elaborao..............................................................135.1.1
Hidrocolides.................................................................................................135.1.1.1
Amido...........................................................................................................155.1.1.2
Quitosana e
HPMC......................................................................................165.1.1.3
Goma
Gelana...............................................................................................175.1.1.4
Gelatina........................................................................................................185.1.2
Lipdeos..........................................................................................................185.1.2.1
Cera de
Carnaba.......................................................................................195.1.3
Compostos......................................................................................................215.2
Mtodos de Elaborao de Embalagens
Comestveis..................................216 Propriedades das
Embalagens
Comestveis....................................................236.1
Biodegradabilidade..........................................................................................236.2
Propriedades de
Barreira.................................................................................246.3
Propriedades
Mecnicas..................................................................................256.4
Ao
Antimicrobiana........................................................................................267
Tecnologia de
Aplicao.....................................................................................277.1
Imerso...............................................................................................................277.2
Pulverizao......................................................................................................287.3
Casting...............................................................................................................298
Concluso.............................................................................................................309
Referncias
..........................................................................................................311
Introduo
A definio mais comum que se d embalagem que se trata de um
elemento ou um conjunto de elementos destinados a envolver, conter
e proteger produtos durante sua movimentao, transporte,
armazenagem, comercializao e consumo.H muito tempo a humanidade tem
se preocupado em achar mtodos de conservar e proteger os alimentos.
E pensando nisso, tiveram a idia de utilizar alguma forma de
revestimento que os protegesse contra a deteriorao e danos
mecnicos. Muitos materiais, alguns provenientes de fontes
renovveis, mas a maioria base de fontes no-renovveis foram sendo
utilizados, como: plstico, metais, madeira, vidro, papel, etc.
Com o passar dos anos, a populao mundial foi aumentando e
consequentemente o consumo de alimentos. O crescimento do consumo
de alimentos acarretou um aumento na utilizao de embalagens para
poder armazenar e transportar estes. Como a grande maioria destas
embalagens no so reciclveis ou biodegradveis, a tendncia foi delas
irem se acumulando em grandes depsitos de lixos ou simplesmente
serem despejadas no meio ambiente, ocasionando a poluio de cidades,
rios, lagos, oceanos, florestas, etc. Essa enorme poluio do meio
ambiente pode causar vrios perigos populao, como: surgimento de
vrios tipos de doenas, contaminao das fontes de abastecimento de
gua potvel, extino de espcies animais e vegetais, aumento na
populao de pragas, entre outros.Todos estes problemas associados ao
fato da populao nos ltimos anos ter um maior interesse em produtos
mais saudveis, com boa qualidade alimentar, mais convenientes,
seguros e a preferncia por utilizar fontes renovveis de
matria-prima levaram a uma grande evoluo nas pesquisas sobre as
embalagens comestveis. Porm, a utilizao destas no nenhuma novidade.
H muito tempo j se utilizavam ceras para conservao de frutas ou
tripas de animais para revestir produtos crneos como salames,
etc.No Brasil, no existe na Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
(ANVISA) uma legislao especfica para embalagens comestveis, mas
elas so consideradas como ingredientes ou aditivos e devem obedecer
ao Decreto 55.871, de 26 de maro de 1965, que fala sobre as normas
reguladoras de emprego de aditivos para alimentos, e Portaria n 540
SVS/MS, de 27 de outubro de 1997, que trata sobre o Regulamento
Tcnico de Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia de
Fabricao, alm das consideraes do Codex Alimentarius e do FDA (Food
and Drugs Administration).Este trabalho tem por objetivo
identificar os tipos existentes de embalagens comestveis, onde so
aplicadas, como podem ser classificadas, quais os materiais
utilizados para sua elaborao, como so produzidas, qual a tecnologia
de aplicao nos alimentos, alm de reconhecer as suas propriedades.2
DefinioEmbalagens comestveis so coberturas utilizadas em alimentos
na forma de filmes ou revestimentos, formadas por macromolculas
tanto de origem vegetal como de origem animal. Porm, diferente do
que ocorre com as embalagens usuais, normalmente elas no so
planejadas para serem separadas dos materiais embalados, levando-se
a consider-las como uma parte do produto final. Nem sempre estas
embalagens substituem materiais de embalagem sinttica no comestvel,
mas ajudam a proporcionar maior qualidade, estendendo a
vida-de-prateleira e possibilitando economia com materiais de
embalagem tradicionais (KESTER; FENNEMA, 1986).Os filmes, tambm
conhecidos por biofilmes, so uma fina pelcula formada separadamente
do alimento e depois aplicada sobre ele. Os revestimentos (ou
cobertura) so uma suspenso ou emulso aplicada diretamente sobre a
superfcie do alimento, ocorrendo, aps a secagem, a formao de uma
fina pelcula sobre o produto (GENNADIOS; WELLER, 1990).
Biofilmes so filmes flexveis formados a partir de macromolculas
biolgicas, como as protenas, os polissacardeos e os lipdeos capazes
de formar uma matriz coesa e contnua (KROCHTA; BALDWIN, 1994).
Geralmente consistem de polmeros capazes de fornecer resistncia
mecnica para a estrutura desta fina camada.Revestimentos comestveis
so finas camadas de material orgnico, invisveis a olho nu,
aplicadas e formadas diretamente na superfcie do produto, sendo
usados para substituir e/ou incrementar o revestimento de proteo
natural dos alimentos e reduzir qualquer tipo de dano que possa ser
causado ao produto principalmente danos fsicos ou microbiolgicos
(GONTARD; GUILBERT, 1996; KROCHTA; MULDER-JOHNSTON, 1997).As
embalagens comestveis so consideradas como ingrediente, quando
melhoram a qualidade nutricional do produto, ou como aditivos,
quando no incrementam o seu valor nutricional. E por ser uma
embalagem e componente alimentar ao mesmo tempo, elas devem
interferir nas na estabilidade bioqumica, fsico-qumica e
microbiolgica do alimento, porm no podem alterar as caractersticas
sensoriais deste (VILLADIEGO et al., 2005).As embalagens comestveis
devem obedecer a dois princpios: os compostos usados na elaborao da
embalagem devem ser GRAS (Generally Recognized As Safe, compostos
geralmente reconhecidos como seguros pelo FDA Food and Drug
Administration) que so elaborados dentro das Boas Prticas de
Fabricao (BPF), e estas embalagens devem ser base de algum polmero,
tipicamente um biopolmero, de cadeia longa, o que d uma certa
insolubilidade e estabilidade matriz da embalagem em meio aquoso
(KESTER; FENNEMA, 1986).3 Tipos e classificaoAs embalagens
comestveis so divididas em dois tipos: os filmes e os
revestimentos. Podem ser classificadas em trs diferentes grupos por
sua composio: Hidrocoloidais, Lipdicas ou Compostas.
De acordo com Mathlouthi (1994), os biofilmes so constitudos de
biopolmeros naturais. Estes biopolmeros podem ser classificados em
trs categorias gerais: hidrocoloidais (protenas e polissacardeos
obtidos normalmente de biossntese bacteriana extracelular),
lipdicos e compostos (que possuem componentes tanto dos lipdicos
como dos hidrocoloidais). Filmes compostos por polissacardeos
(celulose e derivados, amidos e derivados, gomas, etc.) ou protenas
(gelatina, zeina, glten, etc.) possuem propriedades pticas e
mecnicas adequadas, baixa permeabilidade ao oxignio, dixido de
carbono e lipdeos, mas so altamente sensveis mistura e demonstram
fracas propriedades separatrias de vapor dgua. Em contraste, filmes
base de lipdeos (ceras, lipdeos e derivados) possuem uma boa
propriedade separatria de vapor dgua, mas so normalmente opacos e
relativamente inflexveis. Filmes de lipdeos podem ser tambm bem
frgeis e instveis (rancidez). Existem muitos lipdeos em forma
cristalina, com baixa permeabilidade aos gases e ao vapor
dgua.Filmes do grupo dos compostos podem ser base de protenas mais
lipdeos, ou polissacardeos mais lipdeos. Eles podem existir como
camadas separadas, ou associadas, em que ambos os componentes so
adicionados ao filme. Este tipo de embalagem tem sido mais
pesquisado por combinar as vantagens de cada um dos componentes
reduzindo assim as desvantagens de cada um (KROCHTA; BALDWIN;
NISPEROS-CARRIEDO, 1994). 4 AplicaesO uso de embalagens comestveis
em alimentos no um assunto propriamente novo. O primeiro registro
de filmes e embalagens comestveis data em torno do ano de 1800. A
partir de 1930, as ceras de abelha, parafina e carnaba e os leos
minerais e vegetais foram utilizados para conservar frutas (ALLEN
et al., 1963). H muito tempo tripas de animais so utilizadas como
revestimentos de embutidos crneos. Os chineses, h muitos anos atrs
j aplicavam ceras na superfcie de laranjas e limes para aumentar a
vida-de-prateleira destas frutas (KROCHTA, 1997).
Nos dias de hoje, estes filmes e revestimentos tm sido
utilizados na indstria alimentcia principalmente para conservar
alimentos como frutas, hortalias e produtos crneos embutidos. Eles
aumentam a qualidade de produtos alimentcios, protegendo-os de
deteriorao fsica, qumica e biolgica (KESTER; FENNEMA, 1986). A
aplicao de embalagens comestveis pode facilmente aumentar a
resistncia a danos fsicos dos produtos alimentares e melhorar
aspectos visuais e tteis da superfcie dos produtos (CUQ et al.,
1995; CISNEROS-ZEVALLOS et al., 1997). Segundo Kester e Fennema
(1986), podem proteger os alimentos contra perda de umidade,
crescimento microbiano na superfcie, mudanas qumicas causadas pela
luz, oxidao de nutrientes, contra perda de sabor, etc. As
embalagens comestveis tambm podem ser utilizadas para veicular
substncias antioxidantes, que evitam o escurecimento enzimtico em
vegetais cortados (VILLADIEGO et al., 2005). Mais comumente,
embalagens comestveis funcionam como barreiras contra leos, gases
ou vapores, e como portadoras de substncias ativas, como substncias
antioxidantes, antimicrobianas, corantes e flavorizantes (KESTER;
FENNEMA, 1986; GENNADIOS; WELLER, 1990; GUILBERT; GONTARD, 1995;
KROCHTA; DE MULDER-JOHNSTON, 1997; MILLER et al., 1998). Estas
funes protetoras tm o objetivo de manter a qualidade dos produtos
alimentcios, resultando no aumento da vida-de-prateleira e numa
maior segurana em termos microbiolgicos (GENNADIOS; WELLER,
1990).As embalagens comestveis devem apresentar adequada resistncia
ruptura e abraso permitindo uma boa proteo do alimento sem perder
qualidade por manuseio. Devem ser flexveis para se adaptar s
eventuais deformaes dos alimentos, sem danos mecnicos as mesmas.5
Elaborao5.1 - Materiais Utilizados para Elaborao
H cerca de 10 anos, muitos pesquisadores em todo mundo esto
focalizando suas pesquisas e desenvolvendo embalagens comestveis
para alimentos, cada vez mais sofisticadas em termos de qualidade.
Como citado anteriormente, estas embalagens so constitudas de
biopolmeros naturais como protenas, lipdeos ou polissacardeos.
Protenas, derivados de celulose, alginatos, pectinas, amidos, e
outros polissacardeos so as substncias que compem o grupo dos
hidrocolides. No caso dos lipdeos, incluem-se as ceras, os
acil-gliceris, e os cidos graxos. Tratando-se de biofilmes, um
filme composto pode existir como bicamada, que formada por um
hidrocolide e um lipdeo, ou ento por um conglomerado, onde os
componentes dos lipdeos e hidrocolides so completamente
intercalados no filme (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO,
1994).5.1.1 HidrocolidesEmbalagens hidrocoloidais so aquelas
formadas a partir de polissacardeos (amidos, gomas, etc.) ou
protenas (gelatina, glten, colgeno, etc.).
Os filmes base de hidrocolides podem ser utilizados onde o
controle de difuso de vapor dgua no o objetivo. Eles possuem boas
propriedades de barreira ao oxignio, dixido de carbono e lipdeos. A
maioria tambm possui propriedades mecnicas desejveis, tornando-os
teis para melhorar a integridade estrutural de produtos frgeis. A
solubilidade em gua de filmes de polissacardeos extremamente
vantajosa em situaes onde o filme ser consumido junto com o produto
que previamente aquecido para o consumo, pois durante o
aquecimento, a embalagem de hidrocolide seria dissolvida, no
alterando as propriedades sensoriais do alimento (KROCHTA; BALDWIN;
NISPEROS-CARRIEDO, 1994).Os hidrocolides utilizados no preparo de
embalagens so classificados de acordo com sua composio, carga
molecular e solubilidade em gua. Em termos de composio, podem ser
tanto carboidratos como protenas. Filmes base de carboidratos
incluem amido, gomas vegetais (por exemplo, alginatos, pectinas,
carragenina, gelana, pululana, e goma arbica) e amidos quimicamente
modificados. Filmes base de protenas incluem gelatina, casena,
protena de soja, protena do soro do leite, glten de trigo e glten
de farinha de milho. No entanto, existem grandes diferenas no quo
facilmente os filmes de boa integridade podem ser formados por
essas substncias (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).O
estado carregado de um hidrocolide pode ser til para formao de um
filme. Alginatos e pectinas requerem a adio de um on polivalente,
geralmente o clcio, para facilitar a formao do filme. Assim como as
protenas, so susceptveis s mudanas do pH por causa do seu estado
carregado. Para algumas aplicaes uma vantagem pode ser alcanada
combinando hidrocolides de cargas opostas como a gelatina e a goma
arbica (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).Segundo Krochta,
Baldwin e Nisperos-Carriedo (1994), embora os filmes de
hidrocolides possuam baixa resistncia a vapor dgua por causa de sua
natureza hidroflica, os que so apenas moderadamente solveis em gua,
como no caso da etil-celulose, do glten de trigo e do glten da
farinha de milho provem uma resistncia relativamente maior passagem
de vapor dgua comparado a resistncia que os hidrocolides solveis em
gua fornecem (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).teres de
celulose so outros polissacardeos utilizados para a produo de
embalagens comestveis. Eles so polmeros obtidos pela substituio
parcial de grupos hidroxilas na celulose, que so polares e
apresentam boas propriedades para formar filmes. Exemplos destes
teres so a Metilcelulose (MC), Hidroxipropil celulose (HPC),
Hidroxipropil metilcelulose (HPMC) e Carboximetilcelulose (CMC)
(GENNADIOS; HANNA; KURTH, 1997; PETERSEN et al., 1999).5.1.1.1
Amido um dos polissacardeos mais importantes e mais amplamente
encontrados na natureza e possui capacidade de formar revestimentos
para aplicao na indstria alimentcia (ARVANITOYANNIS; NAKAYAMA;
AIBA, 1998). O seu uso pode ser uma soluo para filmes e
revestimentos comestveis, graas ao seu baixo custo, alta produo,
biodegradabilidade, comestibilidade e fcil manipulao (MALI et al.,
2002). O amido pode ser obtido de vrias fontes renovveis como milho
e outros cereais, inhame, mandioca, batata. De acordo com Lawton
(1996), dependendo da fonte de amido, os filmes podem apresentar
diferentes propriedades, as quais so atribudas ao contedo de
amilose presente no amido, que varia entre 18 e 30%. Quanto maior o
teor de amilose, melhor ser o filme. Porm, devido hidrofilicidade
dos amidos, os filmes ou revestimentos apresentam baixas
propriedades de barreira ao vapor dgua (LAWTON, 1996).
As principais fontes de amido para a indstria de alimentos
brasileira so o milho e a mandioca. J o inhame considerado como uma
fonte alternativa, por causa de vrias propriedades desejveis de seu
amido, como a estabilidade em alta temperatura e pH baixo (ALVES;
GROSSMANN; SILVA, 1999). uma boa fonte de amido para elaborao de
embalagens comestveis, pois o seu amido em base seca contm 30% de
amilose, e este polissacardeo no amido o responsvel pela formao dos
filmes.Um exemplo da aplicao de amido de mandioca foi feito por
Scanavaca, Fonseca e Pereira (2007), onde eles utilizaram este
amido na ps-colheita de manga Surpresa. Aps a lavagem e desinfeco
dos frutos, os mesmos foram divididos em quatro tratamentos (0; 1;
2 e 3% de soluo de fcula de mandioca). Cada tratamento foi
constitudo por 50 frutos. Foram avaliados 10 frutos a cada 3 dias,
at os 12 dias aps a aplicao dos tratamentos. No tempo zero, os
frutos foram pesados na colheita (parte da manh) e novamente no
final do dia ( tarde). Para a aplicao da soluo de fcula de mandioca
mergulharam-se os frutos em um recipiente contendo a soluo com a
concentrao desejada, por trs minutos. Aps, os frutos foram
colocados em recipiente de tela de nilon para drenagem e secagem do
excesso da soluo de fcula de mandioca. Os frutos foram dispostos em
uma bancada temperatura (28,9 3C) e umidade relativa (87 5%)
ambiente.A Figura 1 mostra demonstra o aspecto geral de mangas
Surpresa tratadas com soluo de fcula de mandioca em temperatura
ambiente (29oC) e comparadas aos 12 dias.
FIGURA 1 - Aspecto geral de mangas Surpresa tratadas com soluo
de fcula de mandioca em temperatura ambiente (29o C) e comparadas
aos 12 dias.Fonte: SCANAVACA; FONSECA; PEREIRA, 2007
Pode-se observar que aps os 12 dias temperatura de 29C, as
mangas controle sofreram uma grande deteriorao e danos em sua
estrutura, porm as mangas que foram tratadas com a soluo de fcula
de mandioca conservaram as caractersticas qumicas e fisiolgicas das
frutas por muito mais tempo, sendo que quanto maior a concentrao da
soluo de amido, menor foram os danos s mangas.5.1.1.2 Quitosana e
HPMCA quitosana um biopolmero obtido da desacetilao da quitina, que
o maior constituinte de exoesqueletos de crustceos e outros animais
marinhos. A abundncia (baixo custo), biodegradabilidade, no
toxicidade e origem natural, faz da quitosana um material bastante
vivel na utilizao em agricultura. Produz filmes claros,
consistentes e flexveis, com boas propriedades de barreira ao
oxignio (KROCHTA; DeMULDER-JOHNSTON, 1997). Na Figura 2 podemos
observar a estrutura qumica de quitosana.
Figura 2 Estrutura qumica da quitosanaFonte: QUITOSANA, 2009O
derivado de celulose, HPMC, um material promissor para ser aplicado
em filmes para alimentos. um polmero solvel em gua, utilizado na
indstria de alimentos como agente gelificante e estabilizante.
Entretanto filmes de HPMC no apresentam propriedades mecnicas e de
barreira de gua (PREZ, et. al., 2008).Na Figura 3 vemos a estrutura
qumica do HPMC.
Figura 3 Estrutura qumica do hidrxipropil metilceluloseFonte:
HIDROXIPROPIL METILCELULOSE, 20095.1.1.3 Goma GelanaA goma gelana
um agente formador de gel, obtido pelo processo de fermentao
aerbica pelo microrganismo Sphingomonas elodea, de cadeia linear
formada por cido glucurnico, glucose e raminose e forma gis a
baixas concentraes (0,05 a 0,4%), tem boa estabilidade, de fcil uso
e possui excelente liberao de sabor e claridade (KELCO, 1996). O
uso da gelana foi aprovado no Brasil atravs da Portaria do MS n
503, de 22 de junho de 1998 (MINISTRIO DA SADE, 1998).Jacometti,
Meneghel e Yamashita (2003) testaram concentraes de 0,5, 0,75, 1 e
2% de gelana (p/v) e 1% de plastificante (sorbitol e glicerol)
(p/v) para produo da soluo de goma, visando obter boa aderncia,
transparncia e aparncia do revestimento. Logo aps a goma ser
totalmente solubilizada em gua destilada, a soluo de goma foi
aquecida at 70C e resfriada at a temperatura ambiente. Os frutos
foram totalmente submersos nestas solues por 30 segundos e
dispostos em bancadas para escorrer o excesso de soluo da goma e
secar.5.1.1.4 GelatinaAs gelatinas so colides obtidos a partir da
clivagem hidroltica das cadeias de colgeno. Apresentam cadeia
longa, ramificada com exposio dos grupos guanidina (bsico) e
carboxlico (cido) (KESTER; FENNEMA, 1986).
Revestimentos comestveis com gelatina reduzem a difuso de
oxignio, umidade e leo ou podem carrear agentes antioxidantes ou
antimicrobianos (KROCHTA; DE MULDERJOHNSTON, 1997).
5.1.2 LipdeosFilmes de lipdeos so normalmente usados como
barreiras ao vapor dgua ou como agentes de revestimento para
aditivos brilhosos em produtos doces. Porm a sua utilizao na forma
pura como filmes limitada, devido grande falta de integridade e
durabilidade (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).
Entre os lipdeos mais utilizados na elaborao de embalagens
comestveis esto as ceras de abelha, parafina e carnaba, e os leos
minerais e vegetais, glicerdeos e acetilglicerdeos (GENNADIOS;
HANNA; KURTH, 1997).
Ceras so comumente utilizadas para revestimentos de vegetais com
a funo de retardar a respirao e reduzir perda de umidade. Formulaes
para embalagens de cera variam muito e as composies so muitas vezes
patenteadas. Mono-glicerdeos acetilados so frequentemente
adicionados em formulaes de ceras para conferir flexibilidade
embalagem (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).
O uso de ceras ou de emulses de cera como cobertura superficial
em certos produtos perecveis reduz a perda de umidade e retarda o
enrugamento, bem como pode propiciar aparncia lustrosa, o que muito
apreciado pelo consumidor (CHITARRA; CHITARRA, 1990). A aplicao de
ceras em produtos perecveis exige que estes no sejam muito
impermeveis para no interferir na respirao aerbica. Revestimentos
que impedem a entrada de oxignio ou a sada de gs carbnico podem
induzir a respirao anaerbica, que acarreta desordens fisiolgicas e
diminuio da vida de prateleira do produto (MAIA; PORTE; SOUZA,
2000).Embalagens envernizadas, quando formadas sobre uma matriz
auxiliar, fornecem propriedades de barreira eficazes para gases e
vapor dgua (HAGENMAIER; SHAW, 1991). Embalagens de sacarose, cidos
graxos e steres, segundo Kester et al. (1990), so barreiras de
misturas efetivas para manter a crocncia de lanches e para estender
a vida de prateleira de mas (DRAKE et al., 1987).
Embora cidos graxos e alcois graxos sejam barreiras efetivas
para vapor dgua, sua fragilidade requer que sejam usados em
conjunto com uma matriz auxiliar (KROCHTA; BALDWIN;
NISPEROS-CARRIEDO, 1994).
5.1.2.1 Cera de CarnabaEsta cera vem sendo testada em frutas e
hortalias. Pode ser aplicada em produtos dos quais tambm se consome
a casca, devido ao fato de no ser txica. Confere brilho e reduz a
perda de matria fresca dos produtos, alm de ser facilmente removvel
com gua, se necessrio (HAGENMAIER; BAKER, 1994).
Singh e Chauhan (1982), aplicando ceras de carnaba em goiabas
Sardar, verificaram eficincia na reduo da perda de massa dos
frutos. Brown e Wills (1983), alm de encontrarem reduo na perda de
massa, tambm observaram um aumento no brilho da casca e nenhuma
alterao na colorao da casca, na taxa de respirao e na produo de
etileno. Singh et al. (1984) verificaram que o uso de ceras de
carnaba em goiabas Allahabad Safeda aumentou em 3 dias a vida til
das mesmas, com manuteno da firmeza. Pivetta et al. (1992) e
Tavares (1993) obtiveram aumento na conservao de goiabas Rica e
Paluma, pela aplicao de cera Sta. Fresh, tambm base de carnaba.
McGuire e Hallman (1995) verificaram significativa reduo na perda
da firmeza em goiabas tratadas com cera base de carnaba e McGuire
(1997) observou retardo de dois dias no amadurecimento de goiabas
pelo tratamento trmico associado cera de carnaba.
A pelcula de cera aplicada na superfcie do produto vegetal
apresenta diferentes taxas de permeabilidade ao O2, CO2 e ao vapor
dgua em funo das propriedades da matria-prima, de sua concentrao e
da espessura da pelcula. A combinao adequada destes fatores varivel
para cada fruta, conforme suas caractersticas fisiolgicas (AMARANTE
et al., 2001).No experimento de Jacomino et al. (2003), as goiabas
foram padronizadas por parcelas e submetidas imerso em soluo de
hipoclorito de sdio (150ppm), colocadas para secar em ambiente
ventilado e submetidas aplicao de emulses comerciais de cera de
carnaba nas seguintes concentraes: Citrosol AK = 18%; Citrosol M =
10%; Fruit wax = 18 a 21%; Meghwax ECF100 = 30% e Cleantex wax =
18,5 a 20,5%. Frutas sem aplicao de cera foram utilizadas como
controle.
A aplicao das emulses de cera foi manual, de forma a cobrir toda
a superfcie das frutas com uma fina camada. Com o auxlio de uma
pipeta graduada de 1mL foi colocado 0,15 a 0,20mL de cera em cada
fruta e com a mo espalhou-se a cera uniformemente sobre a fruta.
Esta quantidade aplicada corresponde a aproximadamente um litro de
cera por tonelada de fruta. Posteriormente as frutas foram
armazenadas sobre bancadas, em condio ambiente (25 2C e 75 5%
UR).As ceras com maior concentrao de soluto (Meghwax ECF-100,
Citrossol AK, Fruitwax e Cleantex wax) proporcionaram leve reteno
da cor verde da casca em relao s frutas no tratadas ou tratadas com
Citrossol M, que possui apenas 10 % de cera de carnaba. Porm, a
cera Meghwax foi a nica que diferiu significativamente do controle
no 6 dia de armazenamento, retardando em 2 dias, aproximadamente, a
evoluo da cor da casca.
5.1.3 Compostos
As pesquisas mais recentes tm sido focalizadas neste tipo de
embalagem, pois os filmes compostos podem ser formulados para
combinar as vantagens dos componentes de lipdeos e hidrocolides e
reduzir as desvantagens de cada um. Quando uma barreira contra
vapor dgua desejada, o componente lipdico pode exercer esta funo
enquanto o componente de hidrocolide prov a durabilidade necessria.
Filmes compostos feitos de um conglomerado de casena e
mono-glicerdeos acetilados podem ser usados como embalagens para
frutas e vegetais processados. Segundo Krochta et al. (1994 apud
MARTIN-POLO; VOILLEY, 1990) um filme composto de goma accia e
glicerolmonoestearato dever ter uma boa propriedade de barreira de
vapor dgua com um gradiente de umidade relativa a 43,8 23,6%.
5.2 Mtodos de Elaborao de Embalagens Comestveis
A composio das embalagens comestveis deve conter substncias que
formem uma matriz resistente e que tenha capacidade de adeso s
superfcies dos alimentos. O processo de formao destas embalagens
pode envolver os seguintes mecanismos:
a) Fuso e solidificao, que so mais utilizadas para gorduras
slidas e ceras.
b) Coacervao Simples consiste na precipitao de um hidrocolide
disperso em soluo aquosa. Esta precipitao pode ser obtida pela
evaporao de um solvente (durante a secagem), pela adio de um soluto
no eletrlito (no qual o hidrocolide no solvel. Ex: etanol), pela
adio de um eletrlito que induz a precipitao ou cruzamento dos
componentes, ou pela modificao do pH da soluo (DEBEAUFORT;
QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998; KESTER; FENNEMA, 1986).c) Coacervao
Complexa consiste em se obter a precipitao pela mistura de duas
solues de hidrocolides com cargas eltricas opostas que interagem,
formando o polmero complexo.
d) Gelificao ou Coagulao Trmica consiste no aquecimento das
macromolculas que envolvem desnaturao, formao de gel e precipitao.
Isso pode ocorrer, por exemplo, quando a ovoalbumina aquecida.
Outro modo de obter-se a gelificao pelo resfriamento rpido de uma
soluo hidrocolide que se encontra aquecida. Por exemplo, o gar a
95C est liquido, e quando resfriado abaixo de 45C forma um gel e se
solidifica (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998; GUILBERT;
GONTARD; GORRIS, 1996; KESTER; FENNEMA, 1986).
Os filmes so obtidos no laboratrio pelo mtodo casting, que
consiste em espalhar a soluo formadora do filme em uma superfcie
lisa e deixar secar. Na indstria, os filmes podem ser obtidos pelos
mesmos mtodos utilizados para elaborar filmes plsticos flexveis,
como extruso e co-extruso para filmes multicamadas, laminao e,
principalmente por secagem em rolos para a remoo do solvente de
soluo polimrica (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998).6
Propriedades das Embalagens Comestveis
Para a utilizao de embalagens comestveis pelas indstrias de
alimentos ser vivel, estas embalagens devem apresentar vantagens
ou, no mnimo, serem equivalentes s embalagens no biodegradveis.
Devem apresentar uma boa biodegradabilidade, boas propriedades de
barreira, mecnicas, ao antimicrobiana, etc.Segundo Krochta, Baldwin
e Nisperos-Carriedo (1994), as propriedades funcionais, sensoriais,
nutricionais e mecnicas de uma embalagem comestvel podem ser
alteradas pela adio de vrios produtos qumicos em pequenas
quantidades. Plastificantes, como o glicerol, acetilado mono
glicerdeo e sacarose so normalmente usados para modificar as
propriedades mecnicas de uma embalagem. A incorporao destes
aditivos pode, no entanto, causar mudanas significativas nas
propriedades de barreira da embalagem.
Outros tipos de aditivos para embalagens frequentemente
encontrados em formulaes so agentes antimicrobianos, vitaminas,
antioxidantes, aromatizantes e pigmentos (KROCHTA; BALDWIN;
NISPEROS-CARRIEDO, 1994).
6.1 Biodegradabilidade
Para um material ser considerado biodegradvel, ele deve ser
degradado completamente por microrganismos em compostos naturais,
como CO2, gua, metano, hidrognio e biomassa (KROCHTA;
MULDER-JOHNSTON,1997).
O processo de biodegradao envolve duas etapas: a despolimerizao,
que a clivagem da cadeia do polmero, e a mineralizao para carbono,
gua e sais, entre outros. Este processo possui trs elementos-chave:
microrganismo apropriado, ambiente e substrato adequado. Para que a
biodegradao seja eficiente, os microrganismos devem ter condies
ambientes adequadas de calor, umidade, pH, nutrientes e oxignio
(KROCHTA; MULDER-JOHNSTON,1997). A utilizao de embalagens
biodegradveis poder contribuir na reduo do uso de fontes
no-renovveis e diminuir o acmulo de lixo por meio da reciclagem
biolgica (KROCHTA; MULDER-JOHNSTON,1997), em que produtos da
biodegradao, como o CO2, gua e sais, podem ser utilizados para
fertilizar solos e na fotossntese das plantas, com produo de novos
biopolmeros. Utilizando-se polmeros biodegradveis pode-se
substituir os polmeros sintticos derivados do petrleo e diminuir a
produo de CO2 na atmosfera proveniente dos combustveis fsseis. A
biodegradao de biopolmeros derivados de fontes renovveis recicla o
CO2 para a atmosfera ao invs de aument-lo (KROCHTA;
MULDER-JOHNSTON,1997).6.2 Propriedades de barreira
Diversos alimentos necessitam de condies atmosfricas especficas
para poder manter sua qualidade durante a estocagem. Para manter
constante a composio de gases dentro da embalagem necessrio que o
material da embalagem apresente uma barreira aos gases e ao vapor
dgua (VILLADIEGO et al., 2005).
A eficincia funcional das embalagens comestveis vai depender de
sua composio. Muitos, por serem base de polissacardeos ou protenas,
tm comportamento hidroflico, apresentando, por isso, baixa ou
moderada resistncia umidade; porm, quando se compara a taxa de
transmisso de vapor dgua de filmes comestveis em relao aos
sintticos, evidencia-se que possvel produzir embalagens comestveis
com taxa de transmisso ao vapor dgua similar a alguns filmes
plsticos (VILLADIEGO et al., 2005). Uma embalagem com eficiente
barreira ao vapor dgua desejvel para a conservao de muitos
alimentos, como produtos frescos ou congelados, evitando a
desidratao na superfcie (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998).
Graas a essa hidrofilicidade, as embalagens hidrocoloidais
apresentam baixa permeabilidade ao oxignio comparada a alguns tipos
de embalagens sintticas, o que desejvel, por exemplo, quando se
quer reduzir a taxa de respirao de frutas para retardar o
amadurecimento (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998; KROCHTA;
BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).
As propriedades de barreira umidade de embalagens comestveis so
muito influenciadas pela adio de compostos lipdicos que reduzem o
transporte da umidade (VILLADIEGO et al., 2005).
Quezada-Gallo et al. (2000), usando filmes compostos, feitos a
partir de emulses de metilcelulose e diferentes lipdeos (leo e cera
de parafina, triglicerdeos), observaram que eles possuam melhor
barreira ao vapor dgua que os base de metilcelulose sem lipdeos, e
que a permeabilidade ao vapor dgua era influenciada pela natureza
do lipdeo utilizado. Quando utilizaram leo ou cera de parafina,
observaram uma permeabilidade duas a trs vezes menor do que quando
foram usados triglicerdeos relativamente mais hidroflicos e menos
densos.6.3 Propriedades mecnicas
Este tipo de propriedade depende da matria-prima usada na obteno
da embalagem e, principalmente, de sua coeso estrutural. Coeso o
resultado da habilidade de um polmero de formar unies moleculares
fortes e numerosas entre as cadeias do polmero, dificultando assim
a separao delas. Esta habilidade depende da estrutura do polmero e,
especialmente, de sua fora molecular, peso molecular, geometria e
distribuio e posio dos seus grupos laterais (GUILBERT; GONTARD;
GORRIS, 1996).
Entre as propriedades mecnicas esto: fora de tenso, alongamento,
resistncia trao, mdulo elstico, flexibilidade, entre outras (CHEN,
1995; ROBERTSON, 1993). As embalagens normalmente devem ser
resistentes quebra e abraso, para protegerem a estrutura de um
alimento, e flexveis, para se adaptarem possvel deformao do
alimento sem se romperem (GUILBERT; GONTARD; GORRIS, 1996). Outra
taxa que pode ser reduzida com a utilizao de embalagens com baixa
permeabilidade ao oxignio a rancidez nos alimentos.6.4 Ao
antimicrobiana
Segundo Villadiego et al. (2005 apud QUINTAVALLA & VICINI,
2002), a embalagem antimicrobiana pode diminuir, inibir ou retardar
o crescimento de microrganismos presentes no produto. Os agentes
antimicrobianos controlam a contaminao mediante trs mecanismos:
reduo da taxa de crescimento dos microrganismos, aumento da fase
lag ou inativao por contato.
De acordo com Villadiego et al. (2005), as substncias
antimicrobianas mais utilizadas junto com as embalagens comestveis
so o cido srbico, cido propinico, sorbato de potssio, cido benzico,
benzoato de sdio e cido ctrico. Uma substncia natural tambm
utilizada a lisozima, que inibe principalmente bactrias
gram-positivas.
Alimentos contaminados tm uma menor vida de prateleira e um
maior risco de transmitir doenas aos consumidores. A contaminao dos
alimentos maior na superfcie do produto, e a embalagem
antimicrobiana, pelo contato com o alimento e liberao gradativa dos
compostos antimicrobianos, tem funo importante na conservao do
alimento (APPENDINI; HOTCHKISS, 2002).
So desejveis as embalagens comestveis com baixa taxa de difuso
do antimicrobiano, por manter alta concentrao deste por um tempo
mais longo. A liberao do antimicrobiano a partir do polmero tem que
ser mantida em uma taxa mnima. No entanto, a concentrao do
antimicrobiano na superfcie deve permanecer acima da concentrao
inibitria mnima (HAN, 2000).
As substncias antimicrobianas podem ser adicionadas aos polmeros
por fuso, ou por solubilizao do composto dentro da matriz. Devido a
muitas serem sensveis ao calor, o mtodo por solubilizao o mais
indicado para incorpor-las na matriz do biopolmero (APPENDINI;
HOTCHKISS, 2002).
Um exemplo de substncia antimicrobiana adicionada s embalagens
comestveis a quitosana, porque alm de apresentar boas propriedades
formadoras de filmes, possui ao bactericida e fungicida. Esta ao
devida a sua capacidade de ligar-se s molculas de gua, inativar as
enzimas microbianas e absorver os nutrientes usados pelos
microrganismos (ROBERTSON, 1993).
7 Tecnologia de AplicaoNa indstria de alimentos utilizam-se,
principalmente, os revestimentos, os quais podem ser aplicados nos
alimentos por diferentes mtodos, como a pulverizao, imerso ou
aplicao com pincis, seguindo de uma etapa de secagem para
revestimentos hidrocoloidais ou esfriamento para revestimentos
lipdicos (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 1998). Porm, outro
mtodo que pode ser utilizado para aplicar embalagens comestveis
alimentos o mtodo de Casting.7.1 ImersoEste mtodo utilizado para
produtos alimentares que necessitam de vrias aplicaes de materiais
envoltrios ou que necessitam de um revestimento uniforme em uma
superfcie irregular. Aps a imerso, o excesso de material de
revestimento drenado do produto, e em seguida ele seco ou deixado
em repouso para solidificar. Este mtodo tem sido utilizado para
aplicar filmes de monoglicerdeos acetilados em produtos crneos,
peixes e aves, e para aplicar revestimentos de ceras em frutas e
outros vegetais (KROCHTA; BALDWIN; NISPEROS-CARRIEDO, 1994).Na
Figura 4 podemos observar uma ma sendo imersa em um material de
revestimento comestvel.
Figura 4 - Ma imersa em soluo de material de revestimento
comestvel.Fonte: EMBRAPA, 20067.2 Pulverizao
Filmes aplicados por pulverizao podem ser formados de uma forma
mais fina, e mais uniforme do que aqueles aplicados por imerso.
Pulverizao, ao contrrio da imerso, mais apropriado para aplicar o
revestimento de um s lado de um alimento a ser coberto. Isto
desejvel quando se precisa de proteo em uma s superfcie, por
exemplo, quando uma crosta de pizza exposta a um molho mido.
Pulverizao tambm pode ser utilizada para aplicar um fino
revestimento secundrio, como uma soluo catinica necessria para
ligar revestimentos de alginatos ou pectina.
7.3 Casting
Consiste em espalhar a soluo formadora do filme em uma superfcie
lisa e deixar secar com posterior utilizao no soluto. Na indstria,
os filmes podem ser obtidos mediante os mesmos mtodos usados para
filmes plsticos flexveis, como extruso e co-extruso para filmes
multicamadas, laminao e, principalmente, por secagem em rolos para
a remoo do solvente da soluo polimrica (DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO;
VOILLEY, 1998).8 Concluso
Devido aos graves problemas de poluio mundial, grande procura
dos consumidores por produtos mais saudveis, com boa qualidade
alimentar, mais convenientes, seguros e a preferncia por utilizar
fontes renovveis de matria-prima, houve uma grande evoluo nas
pesquisas em embalagens comestveis.Conclui-se ento que as
embalagens comestveis so timas alternativas para a conservao de
alimentos, podendo substituir as embalagens convencionais ou serem
aplicadas juntamente com elas, podem ser encontradas na forma de
biofilmes ou de revestimentos e so classificadas conforme a sua
composio e que seu mercado tende a se expandir cada vez mais com o
passar dos anos. E pelo fato de serem biodegradveis, quando no so
consumidas junto com o alimento, so descartadas, mas no poluem o
meio ambiente.9 RefernciasALLEN, L.; NELSON, A. I.; STEINBERG, M.
P.; McGILL, J. N., Edible carbohydrates food coating II:
Evaluations on fresh meat products. Food Technology, V. 17, p.
1442-1446, 1963.
ALVES, R. M. L.; GROSSMANN, M. V. E.; SILVA, R. S. S. F.,
Gelling properties of extruded yam (Dioscorea alata) starch. Food
Chemistry, V. 67, p. 123-127, 1999. APPENDINI, P.; HOTCHKISS, J.
H., Review of antimicrobial food packaging. Innovative Food Science
& Emerging Technologies, V. 3, p. 113-126, 2002.
ARVAMITOYANNIS, I.; NAKAYAMA, A.; AIBA, S., Edible films made
from hidroxypropyl starch and gelatin and plasticized by polyols
and water. Carbohydrate Polymers, V. 36, p. 105-119, 1998.
BROWN, B.I.; WILLS, R.B.H. Post-harvest changes in guava fruit
of different maturing. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.19,
p.237-243, 1983.CHEN, H., Functional Properties and Applications of
Edible Films Made of Milk Proteins. Journal Dairy Science, V. 78,
p. 2563-2583, 1995.
CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Ps-colheita de frutos e
hortalias: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990.
320pDEBEAUFORT, F.; QUEZADA-GALLO, J. A.; VOILLEY, A., Edible Films
and Coatings: Tomorrow Packaging: A Review. Critical Reviews in
Food Science, V. 38, p. 299-313, 1998.Disponvel em Acesso em
03.05.2009GENNADIOS, A.; HANNA, M. A.; KURTH, L. B., Application of
Edible Coatings on Meats, Poultry and Seafoods: A Review.
Lebensmittel-wissenschoft und- Technologie, V. 30, p. 337-350,
1997.GENNADIOS, A.; McHUGH, T. H.; WELLER, C. L.; KROCHTA, J. M.
Edible coatings and films based on proteins. In: KROCHTA, J. M.;
BALDWIN, E. A.; NISPEROS-CARRIEDO, M. (Eds.). Edible Films and
Coatings to Improve Quality. Lancaster: Technomic Publishing Co.,
1994. p. 210-278.GENNADIOS, A.; WELLER, C., Edible Films and
Coatings from Wheat and Corn Proteins. Food Technology, V. 44, p.
63-69, 1990.GENNADIOS, A.; WELLER, C.L; GOODING, C.H. Measurement
Errors in Water Vapor Permeability of Highly Permeable, Hydrophilic
Edible Films. Journal of Food Engineering, v. 21, n. 3, p. 395-409,
abr. 1994.GONTARD, N; GUILBERT, S. Bio-packaging: technology and
properties of edible and/or biodegradable material of agricultural
origin. Boletim SBCTA, v.30, n.1, p.3-15, 1996.GUILBERT, S.;
GONTARD, N.; GORRIS, G. M., Prolongation of the Shelf-life of
Perishabe Food Products using Biodegradable Films and Coatins.
Lebensmittel-Wissenschoft und- Technologie, V. 29, n. 1-2, 1996
HAGENMAIER,R.D.; BAKER, R.A. Wax microemulsions and emulsions as
citrus coating. Journal of Agriculture Food Chemistry, Washington,
v.42, p. 899-902, 1994.HAN, J. H. Innovations in food packaging. V.
1, Manitoba: Elsevier, 2005. 517 p.
HAN, J. H., Antimicrobial Food Packaging. Food Technology, V.
54, p. 3-65, 2000.
HENRIQUE, C. M.; CEREDA, M. P. Utilizao de biofilmes na
conservao ps-colheita de morango (Fragaria Ananassa Duch) cv IAC
Campinas. Cincia e Tecnologia de Alimentos, Campinas, V. 19, n. 2,
1999.
JACOMETTI, G. A.; MENEGHEL, R. F. A.; YAMASHITA, F. Aplicao De
Revestimentos Comestveis Em Pssego (Prunus persica). Cincia e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, V. 23, n. 1, p. 95-100,
2003.JACOMINO, A. P.; OJEDA, R. M.; KLUGE, R. A.; SCARPARE FILHO,
J. A., Conservao De Goiabas Tratadas Com Emulses De Cera De
Carnaba, Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, V. 25, n.
3, 2003.KELCO. Multi-functional polysaccharide for gelling and
texturising. 3dh ed. Monsanto Company, 1996.KESTER, J. J.; FENNEMA,
O. R., Edible Films and Coatings: A Review. Food Technology, V. 40,
n. 12, p. 47-59, 1986.KROCHTA, J. M.; BALDWIN, E. A.;
NISPEROS-CARRIEDO, M.; Edible coatings and films to improve food
quality. V. 1, Lancaster: CRC Press, 1994. 379 p.
KROCHTA, J. M.; MULDER-JOHNSTON, C. Edible and biodegradable
polymer films: challenges and opportunities. Food Technology, v.51,
p.61-74, 1997.
KROCHTA, J.M; MULDER-JOHNSTON, C. Edible films solve problems.
Food Technology, v.51, n.2, p.60-74, 1997.
LAWTON, J. W., Effect of starch type on the properties of starch
containing films. Carbohydrate Polymers, V. 29, p. 203-208,
1996.
MAIA, L. H.; PORTE, A.; DE SOUZA, V. F., Filmes Comestveis:
Aspectos Gerais, Propriedades de Barreira a Umidade e Oxignio,
B.CEPPA, Curitiba, v. 18, n. 1, p. 105-128, jan./jun.2000.
MALI, S.; GROSSMANN, M. V. E.; GARCA, M. A.; MARTINO, M. N.;
ZARITZKY, N. E., Microstructural characterization of yam starch
films. Carbohydrate Polymers, V. 50, p. 379-386, 2002.MATHLOUTHI.
M., Food packaging and preservation. V. 1, Gaithersburg: Aspen,
1994. 292 p.
MINISTRIO DA SADE. Portaria n 503: regulamentao da utilizao da
goma gelana. Disponvel em Acesso em 12.06.2009.
MONTERREY-QUINTERO E.S.; SOBRAL P.J.A. Caracterizao de
Propriedades Mecnicas e ticas de Biofilmes Base de Protenas
Miofibrilares de Tilpia do Nilo Usando uma Metodologia de
Superfcie-Resposta. Cincia e Tecnologia de Alimentos, V. 19, n. 2,
p. 294-301, 1999.
MONTERREY-QUINTERO, E.S.; SOBRAL, P.J.A. Preparo e Caracterizao
de Protenas Miofibrilares de Tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus)
para elaborao de biofilmes. Pesquisa Agropecuria Brasileira, v. 35,
p. 179-190, 2000.p.1-6. Setembro 1999.
PETERSON, K.; NIELSEN, P. V.; BERTELSEN, G.; LAWTHER, M.; OLSEN,
M. B.; NILSSON, N. H.; MORTENSEN, G., Potencial of biobased
materials for food packaging. Food Science and Technology, V. 10,
p. 52-68, 1999.
PREPARAO E CARACTERIZAO MECNICA DE FILMES COMESTVEIS
SINTETIZADOS A PARTIR DE HIDROXIPROPIL METILCELULOSE E
NANOPARTCULAS.
QUEZADA-GALLO, J. A.; DEBEAUFORT, F.; CALLEGARIN, F.; VOILLEY,
A., Lipid hidrophobicity, physical state and distribution effects
on the properties of emulsion-based edible films. Journal of
Membrane Science, V. 180, p. 37-46, 2000.
ROBERTSON, G. L., Food Packaging: Principles and Practice. N.
Yor, Marcel Dekker INC., 1993. 676p.
SCANAVACA, L; FONSECA, N; PEREIRA, M. E. C. Uso de fcula de
mandioca na ps-colheita de manga 'surpresa'. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, V. 29, n. 1, 2007. SINGH, K.; CHAUHAN,
K.S. Effect of certain postharvest treatments on storage life of
cv. L-49 of guava. Haryana Journal of Horticultural Sciences, New
Delhi, v. 11, n. 3/4, p. 163-167, 1982.
SOBRAL, P.J.A. Influncia da Espessura sobre certas Propriedades
de Biofilmes Base de Protenas Miofibrilares. Pesquisa Agropecuria
Brasileira, v. 35, n. 6, p. 1251-1259, 2000.VILLADIEGO, A. M. D.;
SOARES, N. F. F.; ANDRADE, N. J.; PUSCHMANN, R.; MINIM, V. P. R.;
CRUZ, R., Filmes e revestimentos comestveis na conservao de
produtos alimentcios. Revista Ceres, Viosa, V. 52, n. 300, p.
221-244, 2005.