UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas CAMPUS DE DRACENA PLANTIO DIRETO DE HORTALIÇAS Relatório final do projeto de pesquisa apresentado a Fundação Agrisus. Responsável: Profa. Dra. Pâmela Gomes Nakada Freitas DRACENA – SP julho– 2019
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP “Júlio de Mesquita Filho”
15/05 Bomba costal-manual Flonnergan(organomineral) –Indutor de resistência
2 ml/L
18/05 Bomba costal-manual Óleo de Neem(Azadirachta indica)
1,5 L/ha
23/05 Bomba costal-manual Silício e Potássio –Indutores deresistência
2 ml/L
25/05 Bomba costal-manual Óleo de Neem(Azadirachta indica)
1,5 L/ha
A colheita do pepino foi realizada em dias alternados, cerca de duas vezes por
semana de acordo com a demanda de maturação dos frutos, pois já é comprovado
cientificamente que este esquema de colheita estimula a produção de frutos. Foram
utilizadas tesouras de poda e álcool 70% para desinfecção das tesouras de uma planta
para a outra, evitando a disseminação de doenças presentes no campo, como a virose e a
mancha de leandria. Os frutos foram ensacados e levados para laboratório, onde foram
medidos seu diâmetro com paquímetro, comprimento com fita métrica e massa fresca
em balança eletrônica, além de contado o número de frutos por planta.
Os pepinos colhidos foram doados para os funcionários do campus e em duas
instituições públicas do município sendo elas a Casa dos Velhos Obras Unidas
Sociedade de São Vicente de Paula (Imagem 22a) e o Lar Beneficente Sâ Doutrina
Espiritual do Sétimo Dia de Dracena (Imagem 22b).
Imagem 20. Avaliação dos pepinos, 2019.
Imagem 21. Flor feminina do pepino.
Imagem 22. a)doação dos pepinos em Casa dos Velhos Obras Unidas Sociedade de SãoVicente de Paula, b) Lar Beneficente S Doutrina Espiritual do Sétimo Dia de Dracena,2019.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Caracterização da área antes da implantação da pesquisa
As características químicas da área antes do preparo do solo seguem na Tabela 5:
Tabela 5. Caracterização química inicial do solo antes da implantação dos adubos
verdes, 2018.
ProfundidadepH Presina S-SO4 M.O. H+Al Al K C
a Mg SB CTC V M
(CaCl2) mg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 % %
0-20 cm 5,1 3 3 15 18 0 2,1 14 9 25,1 43,1 58 0
20-40 cm 5 2 2 15 20 0 1,8 15 11 27,8 47,8 58 0
ProfundidadeB Cu Fe Mn Zn
mg dm-3
0-20 cm 0,18 0,7 34 20,3 1
20-40 cm 0,2 0,8 20 15,3 0,6
Com o intuito de relacionar as influências dos tratamentos no sistema estudado,
foram avaliadas as condições da qualidade física do solo, antes da instalação do
experimento e após o cultivo das plantas de cobertura do solo.
Na tabela 5, estão apresentados os dados da caracterização inicial da área
estudada. Os dados referentes a compactação do solo, representado pela resistência a
penetração mostram que o solo não está compactado, este teste foi realizado juntamente
com a umidade gravimétrica do solo, que segundo Bonini e Alves (2012) deve estar
próximo a capacidade de campo e para esta área se encontra em torno de 14% da
umidade gravimétrica. Ainda os mesmos autores afirmam que a determinação da
umidade do solo no momento da avaliação da resistência do solo à penetração é
fundamental para se realizar adequadamente a interpretação dos resultados encontrados.
Os valores de porosidade (macro, micro, total) e densidade do solo (Tabela 4)
estão dentro dos limites considerados ideais, segundo Tormenta (2002) para um bom
desenvolvimento das culturas e a taxa de infiltração dentro dos limites propostos por
Brandão et al. (2006) (Figura 1).
Taxa de
infiltração de
água no solo (cm
h-1) = 63,02
Figura 1. Taxa de infiltração média de agua no solo – caracterização inicial, 2018.
6.2 Primeira etapa: outono/inverno com adubos verdes de tremoço e aveia preta.
A coleta da palhada foi realizada após a roçagem e trituração dos adubos verdes
com o implemento Triton 70 DAS (dias após a semeadura) dos adubos. De acordo com
a Tabela 6, o adubo verde que apresentou maior produção de massa seca (8.096,3 kg ha-
¹) e formação de palhada sobre o solo foi a aveia preta. Este resultado é compatível com
o de Giacomini et al.(2000) visto que os autores quantificaram maior produção de
massa seca para a cultura da aveia em cultivo isolado (4,12 a 4,60 Mg ha-¹) quando
comparado a ervilhaca (2,27 a 3,30 Mg ha-¹). A aveia é da família das poáceas, que
possuem ótima adaptação ao clima e solos brasileiros, tendo como característica o
perfilhamento, o que justifica sua maior produção de massa em relação ao tremoço
branco ou a mistura de 70% tremoço branco + 30% aveiapreta utilizadas no presente
estudo, onde predominam leguminosas. Ziech et al (2010) em concordância com estes
dados relatam que gramíneas isoladas ou consórcios com as mesmas (Avena strigosa
+Vicia sativa +Raphanus sativus) apresentam maior potencial de proteção do solo, ou
seja, maior formação de palhada, devido a permanência de resíduos na superfície.
Tabela 6. Palhada na camada superficial do solo após a roçagem dos adubos verde:
¹Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% deprobabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
A macrofauna foi coletada 20 dias após a roçagem dos adubos verdes. Para a
população de indivíduos maiores que 2 mm por m² não houve diferença significativa,
observado média de 87,7 indivíduos por m-², demonstrando que tanto plantio
convencional como direto não interferiram na macrofauna do solo até o presente
momento do manejo (Tabela 6 e 7). Já nos resultados de Aquino et al. (2000), que ao
analisarem quatro sistemas de plantio direto e um sistema convencional na pós colheita
de verão, com variações entre soja, trigo, aveia e nabo forrageiro, quantificaram maior
densidade de macrofauna em sistema convencional, com soja no verão e aveia no
inverno.
Tabela 7. Macrofauna do solo da camada de 0-20 cm em função do preparo do solo
após a roçada dos adubos verde: aveia preta; 70% tremoço branco + 30% aveia preta;
¹Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste t a 5% deprobabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Em relação ao tipo de adubo verde utilizado na rotação, a macrofauna também
não apresentou diferença significativa para nenhum dos tratamentos, sendo os valores
muito próximos (Tabela 7). Gatiboni et al, (2009) ao avaliarem a fauna edáfica do solo
durante a decomposição da palhada de centeio e aveia preta,verificaram que as ordens
da fauna edáfica estudadas têm sensibilidade à quantidade de palhada remanescente
sobre o solo, e que a redução da disponibilidade desta provoca, independentemente da
cultura utilizada, a diminuição da diversidade destes organismos, provavelmente devido
a disponibilidade de água, comida e criação de micro clima agradável que a palhada
proporciona para estes indivíduos. Em apenas um ciclo de cultura para cobertura
vegetal não é possível visualizar o efeito da redução da palha sobre a fauna edáfica do
solo (Tabela 8), espera-se que num futuro quando a camada de palha for mais espessa
no sistema de plantio direto, exista um crescimento na diversidade e quantidade de
microrganismos do solo.
Tabela 8. Macrofauna do solo da camada de 0-20 cm em função dos adubos verde em
área com sistema de plantio direto e convencional, 2018.
¹Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% deprobabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Atributos físicos do solo
Com o intuito de relacionar as influências dos tratamentos no sistema estudado,
foram avaliadas as condições da qualidade física do solo, antes da instalação do
experimento, após o cultivo das plantas de cobertura do solo, no outono/inverno, após a
colheita do repolho, e após o cultivo das plantas de cobertura do solo, na
primavera/verão, conforme esquema apresentado a seguir:
Coletas
Fev/18 Ago/18 Nov/18 Fev/19 Jun/19
Caracterização
inicial
Após o cultivo
das plantas de
cobertura do
solo (tremoço,
aveia preta,
70% de
tremoço+ 30%
de aveia preta),
no
outono/inverno
Após
colheita
do
repolho
Após plantas
de cobertura
(estilosantes,
milheto, e a
mistura de
70% de
estilosantes +
30% de
milheto), na
época da
primavera/
verão
Apóscolheita dopepino
1. Porosidade total (PT), macroporosidade(MA), microporosidade (MI) e densidade
do solo (DS)
Na tabela 9, estão apresentados os dados da caracterização inicial da área estudada.
Os valores de porosidade (macro, micro, total) e densidade do solo estão dentro dos
limites considerados ideais, segundo Tormenta (2002) para um bom desenvolvimento
das culturas.
Tabela 9. Caracterização inicial dos atributos físicos do solo: Porosidade do solo
(macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT)) (%), Densidade do solo
(DS) (g dm-3), antes da instalação do experimento, 2018.
Camadas de solo (m)MA MI PT DS
cm3 cm-3 g cm-3
0 - 0,10 0,18 0,23 0,41 1,51
0,10 - 0,20 0,17 0,18 0,35 1,63
0,20 - 0,40 0,23 0,12 0,35 1,61
Na tabela 10, 11, 12 e 13 estão apresentados os dados após o cultivo das plantas
de cobertura (ago/18), após colheita do repolho (nov/18), após plantas de cobertura
(abr/19) e após a colheita do pepino (jun/19) que compõe os tratamentos de solo,
respectivamente. E em todos os atributos estudados não houve diferença estatística,
exceto para microporosidade, porosidade total e densidade do solo (0,10-0,20m).
Para as coletas realizadas nas camadas superficiais, o plantio convencional
proporcionou maior macroporosidade do solo (Tabelas 11 a 12) possivelmente devido
ao revolvimento do solo, e para as plantas de cobertura estudadas, a aveia foi superior
nas duas épocas de coleta e somente para o tremoço na última época de coleta na
camada de 0,20-0,40m.
Tabela 10. Atributos físicos do solo após plantas de cobertura (ago/18): Porosidade do
solo (macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT)) (%),
Tremoço 0,16 0,20 0,36 1,52 bFA 7,746 ns 5,149 ns 15,782 55,503*FB 3,132 ns 0,876 ns 2,242 4,239*F A x B 1,559 ns 0,901 ns 3,450 1,120 ns
CV1 (%) 27,81 13,63 12,45 3,66CV2 (%) 22,27 14,36 6,70 3,46Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5 %.
Tabela 11. Atributos físicos do solo após colheita do repolho (nov/18): Porosidade do
solo (macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT)) (%),
Tremoço 0,09 0,20 0,29 1,68FA 5,000ns 0,218ns 1,778ns 69,444nsFB 0,341ns 0,334ns 2,716ns 2,017nsF A x B 0,030ns 0,355ns 2,478ns 4,265nsCV1 (%) 2,18 22,30 10,60 0,52CV2 (%) 5,44 29,82 7,36 3,76Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5 %.
Tabela 12. Atributos físicos do solo após plantas de cobertura (abr/19): Porosidade do solo
(macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT)) (%), Densidade do solo
Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5 %.
Tabela 13. Atributos físicos do solo após a colheita do pepino (jun/19): Porosidade do
solo (macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT)) (%),
CV1 (%) 5,25 7,00 21,67CV2 (%) 7,65 6,91 7,02Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5 %.
Nota-se que a época de coleta também influenciou o DMP, pois nas épocas das
culturas comerciais (repolho e pepino) obtiveram maiores valores de DMP, já na época
das plantas de cobertura foram encontrados menores valores, com destaque para o
tremoço com menor valor entre os tratamentos estudados.
3. Resistência a penetração e umidade gravimétrica do solo
Na tabela 16, estão apresentados os dados da caracterização inicial da área
estudada e na tabela 17 e 18, os dados das coletas de ago/18, nov/18, abr/19 e jun/19
para a resistência mecânica a penetração e a umidade gravimétrica do solo,
respectivamente. Em todas as camadas estudadas não houve diferença estatística, tanto
para a resistência como para a umidade do solo.
Os dados referentes a compactação do solo, representado pela resistência a
penetração mostram que o solo não está compactado, pois as medias estão abaixo de 2
Mpa que é o valor critico proposto por Canarache (1990). Observa-se que após os
tratamentos, houve uma redução na resistência em todas as camadas de solo estudada.
Tabela 16. Caracterização inicial dos atributos físicos do solo: umidade gravimétrica do
solo (UG) (%) e resistência a penetração do solo (RP) (Mpa), antes da instalação do
experimento, Fev/2018.
Camadas de solo (m)UG RP
% (Mpa)
0 - 0,10 12,52 0,72
0,10 - 0,20 10,71 1,65
0,20 - 0,40 11,19 0,37
Junto com o teste de resistência foi realizado a umidade gravimétrica do solo que
segundo Bonini e Alves (2012), deve estar próximo a capacidade de campo, em torno de
14% da umidade gravimétrica. Ainda os mesmo autores afirmam que a determinação da
umidade do solo no momento da avaliação da resistência do solo à penetração é
fundamental para se realizar adequadamente a interpretação dos resultados encontrados,
justificando maior ou menor resistência devido as formas de coesão e adesão do solo,
mas neste trabalho esse efeito não foi verificado.
Tabela 17. Teste F, CV (%) e valores médios de resistência mecânica a penetração
(Mpa) após plantas de cobertura (ago/18), após a cultura do repolho (nov/18) e após
plantas de cobertura (abr/19).
CAMADAS DE SOLO (m) 0 - 0,10 0,10 - 0,20 0,20 - 0,40
CV1 (%) 92,39 - -CV2 (%) 75,24Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional; ns não significativo a5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letras diferentes diferem entre si,pelo teste de Tukey a 5 %.
Tabela 18. Teste F, CV (%) e valores médios de umidade gravimétrica do solo (%)
após plantas de cobertura (ago/18), após a cultura do repolho (nov/18) e após plantas de
cobertura (abr/19): Dracena – SP.
CAMADAS DE SOLO (m) 0 - 0,10 0,10 - 0,20 0,20 - 0,40
jun/19PD 2,930 3,018 2,720PC 2,620 3,410 2,585Aveia 2,920 3,235 2,728Mix 2,818 3,920 2,453Tremoço 2,588 2,488 2,778FA 1,223 ns 2,565 ns 5,014 nsFB 3,867 ns 0,137 ns 4,448 nsF A x B 0,293 ns 1,284 ns 11,577 nsCV1 (%) 11,10 27,84 5,89CV2 (%) 9,84 57,00 4,18Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5 %.
Em relação aos sistemas de cultivo, com o passar do tempo (épocas de coleta)
houve um aumento na compactação da camada superficial, mas com valores abaixo do
limite crítico para o desenvolvimento da cultura. Para as plantas de cobertura, os
tratamentos aveia e 70% tremoço+30% aveiaforam os que obtiveram menores
resistência a compactação (camada superficial).
Para as épocas de coleta, em agosto e novembro não foi verificado resistência
nas camadas de 0,10-0,20 e 0,20-0,40m, já na última coleta um leve aumento na camada
de 0,10-0,20m. Esse comportamento corrobora com os dados de macroporosidade que
diminuíram ao longo do tempo.
Trabalho semelhante foi desenvolvido por Assis et al (2014) e verificaram que
as plantas de cobertura utilizadas (gramíneas e leguminosas) não foram capazes de
alterar a resistência a penetração, concordando com os dados obtidos neste trabalho.
4. Infiltração de água no solo
Em fevereiro de 2018, foi feita a caracterização inicial da área, antes da
instalação do experimento e foi encontrado Taxa de infiltração de água no solo (cm h-1)
= 63,02 que segundo Brandão et al. (2006) está na faixa ideal para um bom manejo do
solo e água.
Na tabela 19, estão apresentados os dados de infiltração de água no solo, nas
coletas de ago/18, nov/18, abr/19 e jun/19. Em todas as épocas estudadas não houve
diferença estatística para tratamentos e sistemas de cultivo. Entretanto, nota-se uma
redução na taxa de infiltração de águaao longo do tempo, principalmente no plantio
direto. Esse comportamento deve-se ao não preparo do solo e encrostamento superficial
dificultando a infiltração de agua. Portela et al. (2010) também verificou esse efeito
trabalhando em área degrada sob recuperação. O uso de plantas de cobertura minimiza
esse efeito de encostamento superficial, sobretudo por adicionar matéria orgânica e
aumentar a agregação do solo.
Em relação às plantas de cobertura utilizadas neste trabalho a aveia
proporcionou maiores infiltrações em todas as épocas de avaliação da infiltração de
água no solo, concordando com Girardello et al. (2011) que também obtiveram maior
infiltração em área com aveia preta.
Tabela 19. Teste F, CV(%) e valores de infiltração média de águano solo (cm h-1) após
plantas de cobertura (ago/18), após a cultura do repolho (nov/18) e após plantas de
CV1 (%) 22,86 14,34 15,64 10,68CV2 (%) 13,05 18,04 22,29 11,45Legenda: PD = sistema de plantio direto; PC = sistema de plantio convencional;ns não significativo a 5%. * significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas de Letrasdiferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey.
Resultados da colheita do repolho:
Para o desempenho do repolho cv. Sooshu como cultura comercial de inverno,
observou-se diferença para as características massa fresca da “cabeça” (1,77 kg),
diâmetro da cabeça (19,3 cm) e produtividade (49,2 t) demonstrando maiores valores de
produção no sistema convencional de plantio (Tabela 19). Já para altura da “cabeça”
não houve diferença observado média de 13,9 cm.
Para que a palhada promova adequada cobertura no sistema plantio direto é
necessário, primeiramente, uma sequência adequada de culturas de formação de palhada
e que a adubação verde não demonstre vantagens somente sobre a deposição de resíduos
cortados no ciclo atual, mas também consiga agregar benefícios da deposição dos
resíduos dos ciclos passados. Por isso, é muito importante que o sistema tenha passado
por pelo menos três ou quatros anos, garantindo a quantidade ideal de palhada, que deve
ser em torno de 5 t ha-1 distribuídas uniformemente sobre a superfície (no mínimo, 80%
da superfície do solo deve permanecer coberta) (SALTON et al, 1998).
Como este é o primeiro ano do experimento e o primeiro ciclo de plantas de
cobertura, é normal encontrar resultados em que o sistema convencional sobressaia ao
plantio direto, já que o convencional teve a incorporação da palha para as camadas mais
profundas do solo pelo seu revolvimento mecânico, auxiliando tanto na mineralização
quanto na decomposição da matéria orgânica e promovendo maior disponibilidade
imediata de nutrientes, causada também pela incorporação dos demais adubos aplicados
como ureia ou esterco ovino. Mas, ao revolver o solo com processos mecânicos como
aração e gradagem tem-se alterações nas propriedades físicas do mesmo, como o
tamanho e a distribuição dos poros, essas mudanças na estrutura do solo acontecem
devido a quebra dos blocos compactados que acaba provocando aumento da porosidade
total, mesmo estes efeitos sendo positivos a princípio já que diminuem a resistência a
penetração e densidade do perfil do solo facilitando o enraizamento das culturas, com
esse aumento na proporção dos poros maiores do solo há uma diminuição da
microporosidade, da densidade do solo e da estabilidade dos agregados tornando-o mais
susceptível a processos erosivos (FUCK et al., 2017). O sistema de plantio direto de
hortaliças se desenvolveu no Brasil justamente pelos danos erosivos causados pelo
revolvimento do solo no plantio convencional da cebola, e surgiu como método
alternativo na recuperação da estrutura do solo (DOCAMPO, 2010) demonstrando o
quão importante é se investir nesse sistema de longo prazo. Os solos de sistema de
plantio direto demonstram, geralmente, maiores valores de densidade e microporosidade
o que pode caracterizá-lo como um solo mais “compactado” quando comparado aos de
sistemas convencionais, porém, é importante ressaltar o efeito das raízes das culturas de
cobertura sobre a porosidade do solo, conhecido como “aração biológica”, onde os
adubos verdes, com seus sistemas radiculares profundos, criam pequenas galerias no
perfil do solo, formando espaços porosos que facilitam o enraizamento e permitem uma
maior infiltração da água, diminuindo seu escoamento superficial. Além de que, devido
a profundidade de suas raízes promovem uma reciclagem de nutrientes das camadas
mais profundas do solo que não podem ser alcançadas pelas raízes superficiais de
hortaliças, como o repolho ou o pepino. Para que este benefício seja alcançado é
necessária completa disponibilização dos nutrientes para a planta através do corte da
cultura em plena floração, da mineralização e decomposição de sua matéria orgânica,
realizada pela macro, meso e microfauna do solo, além de fatores ambientais como
temperatura. Quanto mais antigo um sistema, maior seu número de ciclos de adubação
verde e maiores quantidades de matéria orgânica em constante decomposição convertida
em nutrientes, aumentando assim a fertilidade do solo com o passar do tempo. Outros
resultados interessantes são encontrados com o aumento da palhada durante os ciclos de
cultivo, Marouelli et al. (2010) encontraram, durante os primeiros 30 dias após o
transplante de mudas, uma economia de água de até 28% em sistemas de plantio direto
com quatro profundidades de palha de milho + sistema de plantio convencional como
controle, o índice de produtividade da água em sistema de plantio direto apresentou
incremento linear com o aumento da quantidade de palhada utilizada, e foi até 21%
maior que no sistema de plantio convencional. Fator este que contribui para uma boa
temperatura e umidade do solo, oferecendo a cultura maior disponibilidade de água
refletindo positivamente na renda do produtor.
Tabela 20. Massa fresca, diâmetro, altura e produtividade de repolho produzido em área
com plantio direto e convencional, 2018.
PREPARO DO SOLO MF (kg) DIÂMETRO(cm)
ALTURA(cm)
PRODUTIVIDADE(t)
plantio convencional 1,77 a¹ 19,3 a 14,1 a 49,2 aplantio direto 1,28 b 16,4 b 13,7 a 35,4 bCV1(%)² 23,1 12,1 10,3 23,1CV2(%) 27,4 18,6 17,5 28,4DMS³ 0,30 1,88 1,25 8,51Média 1,5 17,9 13,9 42,3
¹Médias seguidas pela mesma letra não na coluna diferem entre si pelo teste t a 5% deprobabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Quando analisadas as características de produção do repolho em relação aos
adubos verdes cultivados, não houve diferença significativa entre os tratamentos
(Tabela 21). Demonstrando a viabilidade dos três adubos verdes testados neste presente
estudo para a formação de palhada no cultivo do repolho em plantio direto.
Em trabalho semelhante, onde também foi analisado a produção da alface
cultivada em plantio direto sob palhada de tremoço, percebe-se que o plantio direto de
alface sobre cobertura viva de aveia com tremoço e tremoço solteiro possibilitou bom
desempenho para as variáveis avaliadas (FEITOSA, 2010).
Tabela 21. Massa fresca, diâmetro, altura e produtividade de repolho produzido em área
Aveia preta 1,47 a¹ 18,5 a 14,4 a 40,8 a70% Tremoçobranco +
30% Aveia preta 1,60 a 17,9 a 14,9 a 44, 3 a
Tremoço branco 1,51 a 17,1 a 12,8 a 41, 8 a
CV1(%)² 23,1 12,1 10,3 23,1
CV2(%) 27,4 18,6 17,5 28,4
DMS³ 0,46 2,81 1,86 12,71
Média 1,5 17,9 13,9 42,3¹Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Macrofauna após a colheita do repolho:
Após a colheita do repolho houve uma segunda coleta de solo para nova análise
de macrofauna e, ocorreu interação significativa dos dados para os fatores sistema de
plantio e adubos verde. Avaliando o desdobramento de cada adubo nos sistemas de
plantio (convencional e direto), apenas para a mistura de 70% tremoço branco + 30%
aveia preta houve diferença significativa, observado maior macrofauna no sistema de
plantio direto (72,0 indivíduos m-2) (Tabela 22) o que pode ter ocorrido devido a maior
estabilidade do ambiente para os insetos já que o solo não foi revolvido e a palhada foi
mantida em superfície, servindo de abrigo, além da maior diversidade de alimento no
tratamento da mistura (70% tremoço branco + 30% aveia preta), que atrai maior
diversidade de indivíduos.
Já avaliando o desdobramento de cada sistema de plantio dentro dos adubos
verdes, houve diferença significativa apenas para o sistema de plantio convencional
havendo destaque para o tremoço branco (72,0 indivíduos m-2), o qual não diferiu
estatisticamente da aveia preta (42,7 indivíduos m-2). Quanto maior a aeração do solo,
melhor a locomoção da macrofauna, adubos verdes com sistema radicular mais espesso
e profundo, como é o caso do tremoço branco, podem contribuir para a formação de
galerias de passagem no solo para esses organismos.
Tabela 22. Macrofauna do solo em função dos adubos verde (aveia preta; 70% tremoço
branco + 30% aveia preta; tremoço branco) em área com sistema de plantio direto e
70% Tremoço branco+ 30%Aveia preta 21,3 Bb 72,0 Aa 27,9
Tremoço branco 72,0 Aa 48,0 Aa 27,9CV1(%)² 31,1 -CV2(%) 27,8DMS³ 34,5 34,5 -Média 49,3 -
¹Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste deTukey, e letra maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste t, ambos ao nível de5% de probabilidade.²CV(%): coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
6.3 Segunda etapa: primavera/verão com adubos verdes de estilosantes e milheto.
O experimento ainda está em execução, portanto, apenas será exposto os
resultados de análise química, física e macrofauna do solo e quantidade de palhada.
Observa-se na Tabela 23 as características químicas na profundidade de 0-20cm,
nesses dados não foi aplicado análise estatística, apenas foi caracterizado com a média,
assim a aveia preta como cobertura do solo em plantio direto demonstrou maiores
valores em comparação ao plantio convencional nas características de fósforo, cálcio,
soma de bases, Matéria Orgânica (M.O), Potássio, CTC e V%. Resultado contrário nos
tratamentos com tremoço e a mistura de 70% aveia preta e 30% tremoço, onde os
maiores valores são encontrados no sistema de plantio convencional. Observa-se então
de acordo com os dados, uma maior ciclagem de nutrientes nos tratamentos em plantio
direto com a cobertura da gramínea aveia preta. A ciclagem de nutrientes acontece de
forma mais intensa em sistemas de plantio direto, já que há a liberação lenta de
elementos no solo que são melhor absorvidos pela planta, mas este processo depende do
tempo de existência do sistema e é afetado por diversos fatores, principalmente pela
disponibilidade e quantidade de palhada e da cultura utilizada como cobertura. As raízes
dos adubos verde geralmente são mais profundas do que as de culturas comerciais,
como neste caso em que as raízes do repolho e do pepino (culturas de interesse
econômico) são superficiais e bem menores do que as do tremoço, aveia-preta, milheto
ou estilosantes, sendo assim, os adubos verdes buscam os nutrientes das camadas mais
profundas do solo e ao serem roçados e decompostos lentamente os liberam nas
camadas mais superficiais onde as olerícolas podem alcançá-los (EMBRAPA., 2012).
Giacomini et al (2003) demonstram em pesquisa um aumento da relação C/N em
67% ao misturar a aveia preta em consórcio com a leguminosa ervilhaca o que também
aumenta o tempo dessa palhada sobre o solo diminuindo sua decomposição e
conseqüentemente a disponibilização a curto prazo de nutrientes. A CTC (capacidade de
troca de cátions), expressa em valores a quantidade total de cátions retidos na superfície
do solo em condições permutáveis (Ca + Mg + K + H +Al), ou seja, significa o quanto
diversos nutrientes ainda podem ser liberados gradualmente neste solo, quanto maior a
CTC (juntamente com a soma de bases) mais fértil é o solo. Demonstrando que a curto
prazo para o sistema de plantio direto por seus maiores valores que a adubação de
cobertura com aveia preta pode ser mais interessante na fertilidade do solo do que o
plantio com leguminosas.
Tabela 23 . Características químicas do solo da camada de 0-20 cm após a colheita do
repolho em função do preparo do solo e do adubo verde, dez/ 2019.
Para a característica de micronutrientes, todos eles, boro,cobre,ferro,manganês e
zinco estão com valores superiores no tratamento em plantio direto com aveia preta
(Tabela 24), provavelmente pelos mesmos motivos discutidos na tabela anterior, onde a
aveia preta em plantio direto também apresentou maiores teores de macronutrientes.
Tabela 24. Quantidade de micronutrientes na camada de 0-20 cm após a colheita do
repolho em função do preparo do solo e do adubo verde, dez/ 2019.
Para os macronutrientes em profundidade pode-se perceber um grande acúmulo
de fósforo na camada de 20-40 cm do tratamento com tremoço no plantio convencional.
Tabela 25. Características química do solo da camada de 20-40 cm após a colheita do
repolho em função do preparo do solo e do adubo verde, dez/ 2019.
Quando comparado o mesmo tratamento na camada de 0-20 cm podemos
perceber uma menor quantidade deste elemento (Tabela 23), o que pode indicar a
lixiviação, movimento vertical de nutrientes e água no perfil do solo para camada mais
profunda, visto que nos outros tratamentos quando comparados os perfis de 0-20 e 20-
40 cm, não houveram diferenças muito altas. Solos sem cobertura sofrem muito mais
os efeitos da degradação hídrica e eólica por processos de desagregação, transporte e
deposição das partículas do solo em outros locais, levando as camadas superficiais que
são as mais férteis, para longe (PRIMAVESI, 2002).
Quanto as outras características não houve padrão de comportamento entre os
tratamentos possuindo valores muito próximos entre si, assim como visto na Tabela 25.
Tabela 26. Quantidade de micronutrientes na camada de 20-40 cm após a colheita do
repolho em função do preparo do solo e do adubo verde, dez/ 2019.
Química do solo após roçagem dos adubos verdes: milheto, estilosantes e sua mistura
(70% de estilosantes + 30% milheto):
Após a roçagem dos adubos verdes: milheto, estilosantes e sua mistura (70% de
estilosantes + 30% milheto) foi avaliado a química do solo na camada de 0-20 cm como
seguem nas Tabelas 27-29. Para as demais características não houve efeito significativo
dos tratamentos, observado média de pH: 6,3; K: 1,0 mmolc dm-3; Mg: 8,3 mmolc dm-3;
B: 0,08 mg dm-3.
Segundo a tabela 26 o teste revelou diferença significativa e superioridade para o
plantio convencional quanto a enxofre, CTC e saturação por base na camada de 0-20 cm
do solo. Em estudos sobre a CTC e V% do solo em plantio direto de 2001 a 2004 o
plantio direto apresentou maiores valores nos anos finais, sendo o primeiro ano com
menores valores para essas características, ou seja, o sistema de manejo plantio direto só
proporcionou aumento nos teores de saturação de bases (V%) ao longo dos quatro anos
necessitam de tempo para expressar suas vantagens de não revolvimento do solo
(ANJOS et al., 2013).
Tabela 27. Enxofre (S-SO4), capacidade de troca catiônica (CTC) e saturação por base
(V%) do solo da camada de 0-20 cm, após a roçada de adubos verdes em função do
preparo de solo, abr/ 2019.
O tratamento com estilosantes apresentou menor teor de enxofre não havendo
diferença significativa entre o milheto e a mistura de 70% estilosantes +30% milheto.
Esta diferença pode ocorrer por diversos fatores como a imobilização da massa
microbiana ou adsorção específica de sulfato,que segundo estudo de Maluf et al. (2015)
ao analisarem os seguintes adubos verde: milho, braquiária, feijão e estilosantes
puderam observar maior perda de enxofre ao longo do tempo nos tratamentos com
milho, braquiária e estilosantes.
Tabela 28. Enxofre (S-SO4) do solo da camada de 0-20 cm, após a roçada de adubos
verdes, abr/ 2019.
Num sistema de plantio direto estabelecido deve-se obter acúmulo de nutrientes
nas camadas mais superficiais do solo, fato que depende do tempo de implantação do
sistema. Analisando isoladamente cada tipo de manejo de solo, tanto plantio
convencional como plantio direto apresentaram maior acúmulo de nutrientes no
tratamento com milheto, com exceção do zinco em SPC (sistema de plantio
convencional) onde se encontra em menor quantidade quando comparado aos
tratamentos com estilosantes e 70% estilosantes+ 30% milheto. Estes últimos dois
tratamentos obtiveram valores muito próximos que não difereriram entre si
estatisticamente (Tabela 28). O milheto demonstrou grande liberação de nutrientes no
estádio fenológico de início de florescimento através de estudo feito por Carpim et al.
(2008), onde o estádio de pré-emborrachamento e pré-florescimento também foram
avaliados. Neste experimento as plantas foram cortadas justamente no estádio ótimo
para liberação de nutrientes, início do florescimento, o manejo adequado da cultura
potencializa suas capacidades de fertilização.
Quanto a M.O. nota-se maior teor onde foi cultivado o milheto, provavelmente
devido a maior relação C/N, possuindo mineralização mais lenta e, portanto, maior
residual no solo (Tabela 28).
No caso da acidez potencial (H+Al) o valor mais alto não é algo positivo pois,
quanto maior o potencial de acidez do alumínio maiores as chances de o pH do solo
diminuir, acidificando-o. Em estudo com coberturas mortas vegetais os resíduos de
estilosantes acidificaram o solo (MALUF et al., 2015), assim como ocorreu no preparo
convencional do solo no presente trabalho (Tabela 28).
base (V)do solo da camada de 20-40 cm, após a roçada de adubos verdes em função do
sistema de preparo do solo: SPC (sistema de plantio convencional) e SPD (sistema de
plantio direto), abr/ 2019.
ADUBO VERDEP S MO K V
mg dm-3 g dm-3 mmolc dm-3 %SPC SPD SPC SPD SPC SPD SPC SPD SPC SPD
Milheto 29,0 Aa 9,5 Bb 2,0 Bb 2,5 Aa 16,5 Aa 13,5 Ba 0,8 Aa 0,7 Ab 74,5 Aa 66,5 Ba
Estilosantes 31,5Aa 2,5 Bb 2,0 Ab 2,0 Ab 13,0 Ac 12,0 Ab 0,8 Ba 2,0 Aa 73,5 Aa 58,5 Bb
70% estilosantes+30% milheto 35,0 Aa 18,5 Ba 3,0 Aa 2,0 Bb 14,5 Ab 13,0 Bab 0,7 Aa 0,8 Ab 74,5 Aa 71,5 Aa
¹Médias seguida por mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey e letra maíúscula na linha não diferem entre si pelo teste t, ambosa 5% de probabilidade.
Os valores de PH e acidez potencial (H+Al) estão muito parecidos entre os
tratamentos salvo maior valor de acidez no estilosantes em plantio direto com 19
mmoldm-³. Já foi citado anteriormente os resultados de Maluf et al. (2015) onde os
restos culturais de estilosantes acidificaram o solo.
Houve baixa quantidade de zinco em plantio direto com palhada de estilosantes
(0,2 mgdm-³) (Tabela 30). Segundo Pavinato et al. (2009), o plantio direto tem maiores
acúmulos de nutrientes nas camadas mais superficiais, e no plantio convencional mais
bem distribuídos pelo perfil do solo, inclusive nas camadas de 20-40 cm.
Tabela 31. pH, acidez potencial (H+Al), manganês (Mn), zinco (Zn) do solo da camada
de 20-40 cm, após a roçada de adubos verdes em função do sistema de preparo do solo:
SPC (sistema de plantio convencional) e SPD (sistema de plantio direto), abr/ 2019.
ADUBO VERDE
pH H+Al Mn Zn
(CaCl2) mmolc dm-3 mg dm-3
SPC SPD SPC SPD SPC SPD SPC SPD
Milheto 6,3 Aa 6,1 Ba 10,5 Aa 11,0 Aa 11,4 Bb 20,2 Aa 3,6 Aa 1,0 Bb
estilosantes 6,1 Ab 5,6 Bb 11,5 Ba 19,0 Aa 10,8 Ab 11,1 Ab 2,7 Aa 0,2 Bb
70% estilosantes+30% milheto 6,2 Aab 6,3 Aa 11,5 Aa 11,0 Aa 16,6 Ba 20,4 Aa 2,9 Aa 2,2 Aa
¹Médias seguida por mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey e letra maíúscula na linha não diferem entre si pelo teste t,ambos a 5% de probabilidade.
A camada mais profunda do solo de 20-40 cm,demonstrou diferenças
significativas para cálcio, soma de bases, CTC e ferro, observado maiores valores no
preparo de solo convencional (Tabela 32), provavelmente devido a maior uniformidade
dos resíduos no perfíl do solo através da incorporação da palhada e seu revolvimento no
solo. A dinâmica dos nutrientes em plantio direto é diferente pois sem o revolvimento
do solo e a palhada morta exposta sob cobertura, a tendência é uma maior quantidade de
nutrientes nas camadas superficiais do solo e uma menor quantidade ao longo do perfil.
Tabela 32. Cálcio (Ca), soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC) e
ferro (Fe) do solo da camada de 20-40 cm, após a roçada de adubos verdes em função
do sistema de preparo do solo, abr/ 2019.
PREPARO DO SOLOCa SB CTC Fe
mmolc dm-3 mg dm-3
convencional 22,8 a¹ 32,4 a 43,6 a 14,8 aplantio direto 16,7 b 25,5 b 39,2 b 12,7 b
¹Médias seguida por mesma letra não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade.
Na tabela 33 são encontradas diferenças significativas nos teores de nutrientes e
capacidade de troca de cátions entre as diferentes coberturas de solo, porém os valores
variam muito pouco entre si e não apresentam nenhum padrão de comportamento, o que
reforça o fato do plantio direto somente se diferenciar do convencional em acúmulo de
nutrientes com o passar dos anos. Em fase de implantação, nos primeiro dois anos,
dificilmente serão visualizados os seus benefícios e diferenças (BERTONI et al., 2012).