UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA RÉGIA MARIA DE CARVALHO PEIXOTO SYLVANA ROBERTA BOTELHO MIRANDA “CUIDAR DA SEGURANÇA E CONSUMIR A SAÚDE À QUEIMA- ROUPA: UM ESTUDO SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT E AS RELAÇÕES COM ESTRATÉGIAS DE COPING E SIGNIFICADO DO TRABALHO ENTRE POLICIAIS CIVIS EM UMA DELEGACIA NA CIDADE DE NATAL-RN” NATAL 2006
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UNIVERSIDADE POTIGUAR - natal.rn.gov.br · Aos meus queridos pais Luiz e Alméria, pelo esforço, investimento ... Ao meu esposo Israel pelo incentivo, contribuição, compreensão
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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
RÉGIA MARIA DE CARVALHO PEIXOTO SYLVANA ROBERTA BOTELHO MIRANDA
“CUIDAR DA SEGURANÇA E CONSUMIR A SAÚDE À QUEIMA-ROUPA: UM ESTUDO SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT E AS RELAÇÕES COM ESTRATÉGIAS DE COPING E SIGNIFICADO DO TRABALHO ENTRE POLICIAIS CIVIS EM UMA DELEGACIA
NA CIDADE DE NATAL-RN”
NATAL
2006
RÉGIA MARIA DE CARVALHO PEIXOTO SYLVANA ROBERTA BOTELHO MIRANDA
“CUIDAR DA SEGURANÇA E CONSUMIR A SAÚDE À QUEIMA-ROUPA: UM ESTUDO SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT E AS RELAÇÕES COM ESTRATÉGIAS DE COPING E O SIGNIFICADO DO TRABALHO ENTRE
POLICIAIS CIVIS EM UMA DELEGACIA NA CIDADE DE NATAL-RN”
Monografia apresentada à Universidade Potiguar - UNP, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Psicologia.
ORIENTADOR: Prof. Me. Elson C. Vilela
NATAL 2006
P379c Peixoto, Régia Maria de Carvalho. Cuidar da segurança e consumir a saúde à queima-
roupa: um estudo sobre a Síndrome de Burnout e as relações com estratégias de Coping e significado do trabalho entre policiais civis em uma delegacia na cidade de Natal-RN / Régia Maria de Carvalho Peixoto, Sylvana Roberta Botelho Miranda. – Natal, 2007.
102f.
Monografia (Graduação em Psicologia). Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Graduação.
Bibliografia: 13-23. 1. Psicologia – Monografia. 2. Sindrome de Burnout. 3. Estratégia Coping. I. Miranda, Sylvana Roberta
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, ao meu esposo, meus filhos minha nora, meu neto, fontes de minha inspiração e perseverança. (Régia M. C. Peixoto).
Ao meu filho Ramon, que é minha conquista mais preciosa e por ser o real motivo que me faz transpor obstáculos, querer chegar mais longe e ser alguém melhor. (Sylvana R. B. Miranda).
AGRADECIMENTOS
A Deus toda a gratidão, toda a honra e toda a glória para todo o
sempre.
Aos meus pais, Manoel Carvalho e Maria Alves Carvalho pelas
orações, pelo apoio constante, pelos ensinamentos e, principalmente pelo
exemplo de vida que me forneceram.
Ao meu esposo, Dr. José Peixoto, um amigo compreensivo; aos
presentes graciosos do meu Deus. À minha nora, Melina, esposa de Laan Diego,
querida filha do coração, que me presenteou com um netinho, Diego Filho.
Aos meus irmãos queridos, Rubem, Itamar, Márcia e Rosilva, meus
amigos de todas as horas, sempre dispostos a ajudar, compreender e encorajar.
À minha amiga Veronilda Regina pela dedicada companhia e apoio
acolhedor em todos os momentos dessa jornada.
À colega e parceira, Sylvana, pelos aprendizados nessa
construção.
À Diretora, professora Roberta Barzaghi, pelas contribuições
imensuráveis para a vida.
Ao mestre professor Elson Vilela pelos ensinamentos teórico-
práticos permeados de acolhimento significativo, e por todo o esmero com que
se envolveu na construção deste trabalho.
Ao Professor Carlos Roberto por ter disponibilizado seu tempo de
forma especial, constituindo-se em grande colaborador.
À Professora Ana Augusta pela generosa participação.
Aos professores, em especial Carina Cavalcanti, Clarisse Carneiro,
Jader Leite, Sílvia Maciel, Luciana Medeiros, Jeanne D’Garim, Ana Patrícia.
A todos os colegas da turma de Psicologia 2003 da UNP, pelo
acolhimento, carinho e amizade.
Régia Maria de Carvalho Peixoto.
A Deus, por tamanha perfeição, sabedoria e generosidade, por me
permitir vivenciar dificuldades e superá-las e por me tornar capaz de alcançar
essa vitória.
Aos meus queridos pais Luiz e Alméria, pelo esforço, investimento
e convicção oferecidos durante toda minha vida e que foram necessários para
minhas realizações e ainda por contribuírem com o mérito da decência, valentia
e amor para meus valores pessoais.
Ao meu esposo Israel pelo incentivo, contribuição, compreensão e
paciência, estimando e acreditando sempre na minha capacidade e aptidão.
Ao meu irmão Sérgio por ansiar minhas aquisições e felicidade,
estando ciente de que isso é recíproco.
Aos meus familiares e amigos, mesmo os que não se encontram
mais presentes fisicamente, por me encorajarem, pela sensibilidade de
identificarem em mim a propensão à Psicologia e por dividirem comigo as
alegrias e angústias.
Aos colegas do Curso de Psicologia pelo compartilhamento de
conhecimentos e experiências, em especial à Régia, pela sociedade e
enriquecimento dado a este trabalho.
Ao professor e orientador Elson Vilela, pela indispensável
colaboração, cumplicidade, dedicação e sagacidade.
Aos professores Carlos Roberto e Ana Augusta pela atenção e
cooperação.
Sylvana Roberta Botelho Miranda
RESUMO
O estudo foi desenvolvido com o propósito de investigar a incidência da síndrome de burnout e suas relações com estratégias de coping e o significado do trabalho entre policiais civis da cidade de Natal-RN. A pesquisa foi realizada em uma delegacia especializada em homicídios (DEHOM) e envolveu uma amostra de 18 policiais de ambos os sexos com idade entre 27 e 48 anos (M= 37,8 e DP=9,6). Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram o Inventário de Burnout de Maslach (MBI), adaptado por Tamayo (1997), a Escala de Coping Ocupacional, versão brasileira, traduzida e adaptada por Pinheiro; Tamayo; Tróccoli (2000) e o Inventário de Motivação e Significado do Trabalho (IMST), desenvolvido Borges e Alves Filho (2001). Os dados foram registrados sob forma de banco de dados do SPSS (Statistical Package for Social Science). Foram utilizadas técnicas estatísticas como medidas de tendência central e dispersão, análise de variância (ANOVA), teste t, teste qui-quadrado (Pearson), correlações e análise de regressão. Tomadas as dimensões de coping e significado do trabalho como preditores das dimensões da burnout, encontrou-se que as mesmas explicaram 50% da exaustão emocional; 55,6%, da diminuição da realização; e, 38%, da despersonalização, tendo os participantes da amostra apresentado uma intensidade moderada da síndrome de burnout. Os participantes não apresentaram diferenças quanto às dimensões da burnout na dependência das variáveis sócio-demográficas e funcionais, assim como nas estratégias de coping adotadas, mas isso não prevaleceu no significado atribuído ao trabalho. Foram apresentadas recomendações quanto à prevenção tanto sob o aspecto organizacional quanto pessoal.
Palavras-Chave: Saúde mental e trabalho. Burnout. Significado do Trabalho.
Coping.
ABSTRACT
The present study was developed with the purpose of investigating the incidence of the burnout syndrome and their relationships with coping strategies and the meaning of the work among civil policemen of the city of Natal-RN. The research was accomplished at a specialized police station in homicides (DEHOM) and involved a sample of 18 policemen of both sexes with age between 27 and 48 years (M = 37,8 and DP=9 ,6). The instruments used for the collection of the data were the Maslach´s Burnout Inventory (MBI), adapted by Tamayo (1997), the Scale of Occupational Coping, Brazilian version, translated and adapted by Pinheiro; Tamayo; Tróccoli (2000) and the Motivation and Meaning of the Work Inventory (IMST), developed Borges and Alves Filho (2001). The data were registered under form of database of SPSS (Statistical Package is Social Science). Statistical techniques were used as measures of central tendency and dispersion, variance analysis (ANOVA), test t, test qui-square (Pearson), correlations and regression analysis. Taken the coping dimensions and meaning of the work as predictors of the dimensions of the burnout, one met that the same ones had explained 50% of the emotional exhaustion; 55.6%, of the accomplishment reduction; and 38%, of the depersonalization. The participants of the sample presented a moderate intensity of the burnout syndrome. The participants didn't present differences as for the dimensions of the burnout in the dependence of the partner-demographic and functional variables, as well as in the strategies of adopted coping, but that didn't prevail in the meaning attributed to the work, in the dependence of those varied. Recommendations were presented as for the prevention of the burnout being considered organizational and personal aspects. Key words: Mental Health and work, Burnout, Meaning of the Work, Coping.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 01 Representação de condições para caracterização da burnout ................................................................................ 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Distribuição dos participantes por faixa etária (N=18) ........ 58
Tabela 02 Distribuição por estado civil (N=18) .................................... 59
Tabela 03 Distribuição por religião (N=18) .......................................... 59
Tabela 04 Distribuição por freqüência a atividades religiosas (N=18) 60
Tabela 05 Distribuição por nível de instrução (N=18) ......................... 60
Tabela 06 Distribuição por cargo (N=18) ............................................ 61
Tabela 07 Distribuição por faixa de tempo no cargo .......................... 61
Tabela 08 Distribuição por faixa de tempo na Polícia Civil .................. 62
Tabela 09 Escores das médias das dimensões síndrome de burnout 67
Tabela 10 Médias dos fatores de burnout e freqüência por intervalos 68
Tabela 11 Distribuição percentual da ocorrência das dimensões exaustão, despersonalização e diminuição da realização (N=18) ................................................................................. 69
Tabela 12 Distribuição da intensidade das dimensões da burnout por variáveis que tiveram independência rejeitada pelo teste qui-quadrado ....................................................................... 73
Tabela 13 Médias nos fatores da escala de estratégias de coping no trabalho ............................................................................... 74
Tabela 14 Estatísticas descritivas da centralidade atribuída às esferas de vida (N = 18) ...................................................... 78
Tabela 15 Escores nos fatores do significado do trabalho .................. 79
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 11
1 INTRODUÇÃO 13
2 ESTRESSE E ESTRESSE OCUPACIONAL 16
2.1 ESTRESSE 16
2.2 ESTRESSE OCUPACIONAL 20
3 BURNOUT 26
4 ESTRATÉGIAS DE COPING 36
5 SIGNIFICADO DO TRABALHO 43
6 MÉTODO 56
6.1 TIPO DE ESTUDO 56
6.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 57
6.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA 62
6.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 64
6.5 PROCEDIMENTO DE REGISTROS DE DADOS 65
6.6 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS: 65
7 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 66
7.1 SÍNDROME DE BURNOUT 66
7.1.1 ESCORES DOS FATORES DA SÍNDROME DE BURNOUT 66
7.1.2 INCIDÊNCIA DE BURNOUT 70
7.2 ESTRATÉGIAS DE COPING NO TRABALHO 74
7.3 SIGNIFICADO DO TRABALHO 77
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 81
9 REFERÊNCIAS 88
APÊNDICE 93
11
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso - TCC foi desenvolvido a
partir de uma pesquisa realizada com policiais civis em uma delegacia na cidade
de Natal - RN, tendo como tema “Cuidar da segurança e consumir a saúde à
queima-roupa: um estudo sobre a síndrome de burnout e as relações com
estratégias de coping e o significado do trabalho entre policiais civis da cidade de
Natal - RN”.
O propósito maior da pesquisa foi investigar a ocorrência da
síndrome de burnout em policiais civis da cidade de Natal, bem como explorar as
possíveis relações entre a incidência de burnout, as estratégias de coping e o
significado do trabalho.
No primeiro capítulo deste trabalho se expõe os objetivos da
pesquisa, a justificativa e a relevância do estudo para o meio acadêmico e social,
tendo em vista que a síndrome de burnout interfere no bem estar do indivíduo. No segundo capítulo discorre-se sobre estresse e estresse
ocupacional, apresentando-se os conceitos e diferenças entre estes dois tipos de
estresse, enfatizando como estes podem interferir na saúde e bem estar do
trabalhador.
O terceiro capítulo traz conceitos e causas que envolvem a
síndrome de burnout e suas diferentes perspectivas. Exploram-se suas três
dimensões: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização
pessoal no trabalho. Trata-se, ainda, da síndrome em policiais, dos
desencadeadores e facilitadores do seu aparecimento, do instrumento utilizado
para que esta seja avaliada e de como prevenir e enfrentá-la.
O quarto capítulo aborda as estratégias de coping, o conceito e as
questões metodológicas que envolvem o construto e as conseqüências que
provocam no indivíduo.
O quinto capítulo, que trata do significado do trabalho, apresenta o
conceito de trabalho em diferentes perspectivas, dando-se ênfase ao trabalho
policial, a relação do trabalhador com o processo de trabalho, o modo como o
trabalhador se organiza e a importância da saúde mental deste, os fatores que
influenciam a percepção e as respostas que o policial dá a esta percepção.
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Abordam-se, também, aspectos da categoria de policiais civis e do ambiente de
trabalho dos mesmos.
O sexto capítulo explicita o método. São apresentadas as questões
de pesquisa, definida a população e caracterizada a amostra, descritos os
instrumentos utilizados e a forma (procedimentos) como os dados foram
coligidos, registrados e analisados.
No sétimo capítulo, considerando a questão geral de pesquisa e as
questões específicas, os dados são apresentados, analisados e discutidos.
O último capítulo consiste numa sumarização dos resultados
complementada por reflexões a partir do referencial teórico, de uma avaliação do
estudo e da apresentação de algumas sugestões consideradas viáveis, no
campo da pesquisa e da intervenção.
O estudo foi realizado objetivando trazer sua contribuição para a
ampliação do entendimento da relação existente entre a síndrome de burnout, as
estratégias de coping e o significado do trabalho para os policiais civis, levando
em conta fatores pessoais e organizacionais envolvidos.
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1 INTRODUÇÃO
O presente estudo teve o propósito de investigar a incidência da
síndrome de burnout e suas relações com estratégias de coping e o significado
do trabalho entre policiais civis da cidade de Natal-RN.
A motivação para o desenvolvimento desse trabalho decorreu do
interesse das autoras pela Psicologia Organizacional e do Trabalho e, em
particular, pelos estudos que envolvem trabalho, saúde e doença mental e,
ainda, pela exigência acadêmica para a conclusão do bacharelado em
Psicologia.
No que diz respeito à categoria profissional escolhida para a
realização desta pesquisa, justifica-se pelo interesse em compreender a
atividade laboral dos policiais civis, reconhecidamente vinculada a ações que
provocam estresse agudo e exaustão emocional, analisando o possível desgaste
físico e/ou emocional por eles apresentados; a importância social que se atribui
atualmente à atividade do trabalho; assim como a relevância da saúde mental na
organização.
Este trabalho vinculou-se à iniciativa de constituição de um grupo
de estudo e pesquisa em processos organizacionais e qualidade de vida no
trabalho, no curso de Psicologia da UnP.
No mundo atual, a questão da prevenção do crime e da violência
vem se tornando cada vez mais uma prioridade da gestão da segurança pública
e da defesa social. A Segurança Pública é reconhecida como parte integrante da
Defesa Social e caracterizada, segundo o Ministério da Justiça, como uma
atividade pertinente aos órgãos estatais e à comunidade como um todo,
realizada com o fim de proteger a cidadania, prevenindo e controlando
manifestações da criminalidade e da violência, garantindo o exercício pleno da
cidadania nos limites da lei.
A segurança pública depende da interação entre os componentes
da Policial Geral: a Polícia, o Ministério Público e a Autoridade Penitenciária,
para realizar a prestação de serviços públicos de segurança, através do
policiamento ostensivo, da apuração de infrações penais e da guarda e
recolhimento de presos, englobando atividades repressivas e preventivas em
prol do sentimento coletivo de segurança.
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Muitas pessoas, notadamente os rapazes, idealizam a profissão de
policial como uma possibilidade de exercer poder e respeito, proteger a
sociedade, manter a ordem pública, possuir a legitimação para manipular armas
e o sonho de vestir um imponente fardamento. Na prática, eles também lidam
com uma carreira que impõe risco de vida, com baixos salários e pouco ou
nenhum reconhecimento social.
A atividade laboral dos policiais civis está vinculada a ações que
provocam estresse agudo e exaustão emocional. Devido ao fato destes
exercícios serem legitimamente violentos, alguns destes profissionais passam a
agir de maneira excessivamente intolerante, apresentando atitudes arbitrárias e
autoritárias perante a sociedade, quando precisavam manter a segurança e o
controle da violência.
A relevância deste trabalho pode ser evidenciada considerando-se
a importância social que se atribui atualmente à atividade do trabalho, bem como
a relevância da saúde mental nas organizações e o seu reflexo na qualidade do
atendimento/tratamento dispensado ao ‘cidadão-cliente’. Por outro lado, a
síndrome de burnout apresenta-se hoje como um dos problemas psicossociais
que afetam as relações no trabalho. Neste sentido, de acordo com Tamayo e
Trocou (2002), novas pesquisas devem ser desenvolvidas no Brasil para
continuar explorando a influência de variáveis que envolvem processos de
transação entre o indivíduo e o ambiente, com a finalidade de estabelecer a sua
participação no desenvolvimento de fenômenos que atingem a saúde do
trabalhador, tais como o estresse ocupacional, a burnout e a exaustão
emocional. A importância deste trabalho reside também na identificação dos
estressores que, no trabalho de policiais civis, constituem-se em causa de
estresse e são provocadores de desgaste físico e/ou emocional. A identificação
de tais fatores pôde possibilitar sugestões de intervenção e estratégias de
enfrentamento individual e coletivo, através de re-significações de situações de
vida, relações e vínculos. Conhecer e analisar os estressores que atuam no
trabalho significa possibilidade de mudanças que podem tornar o cotidiano do
policial mais produtivo, menos desgastante e, provavelmente, resgatar a
dignidade do papel social que este desempenha.
Desta forma, a pesquisa foi orientada pelos seguintes objetivos
específicos:
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1. Identificar se os participantes apresentam a incidência de burnout e o
nível.
2. Identificar se os participantes apresentam diferenças ou semelhanças
quanto à incidência de burnout na dependência de variáveis sócio-demográficas
e funcionais, como sexo, idade, estado civil, escolaridade, moradia e meio de
locomoção próprios, tempo de vinculação à polícia civil, tempo no atual
cargo/função, local trabalho e manutenção de outros vínculos profissionais.
3. Identificar as estratégias de coping adotadas.
4. Identificar se os participantes apresentam diferenças ou semelhanças
quanto às estratégias de coping adotas na dependência de variáveis sócio-
demográficas e funcionais, como sexo, idade, estado civil, escolaridade, moradia
e meio de locomoção próprios, tempo de vinculação à polícia civil, tempo no
atual cargo/função, local trabalho e manutenção de outros vínculos profissionais.
5. Reconhecer o significado do trabalho entre os policiais civis;
6. Identificar se os participantes apresentam diferenças ou semelhanças
quanto ao significado atribuído ao trabalho, na dependência de variáveis sócio-
demográficas e funcionais, como sexo, idade, estado civil, escolaridade, moradia
e meio de locomoção próprios, tempo de vinculação à polícia civil, tempo no
atual cargo/função, local trabalho e manutenção de outros vínculos profissionais.
7. Identificar se há possibilidade de oferecer recomendações à Secretaria de
Defesa Social e ao Delegado Geral que subsidiem a tomada de decisão pela
implementação de intervenções organizacionais que possam repercutir
positivamente na melhoria da qualidade de vida dos policiais e na melhoria dos
serviços prestados ao cidadão e, sobretudo, aos profissionais sobre como lidar
com burnout, especialmente, de maneira profilática (na perspectiva de promoção
da saúde).
Espera-se que o produto desta investigação possa contribuir com a
construção de conhecimentos sobre os construtos, contribuir com o
desenvolvimento de uma linha de pesquisa em Trabalho, Saúde Mental e
Qualidade de Vida, no curso de Psicologia da Universidade Potiguar (UNP) e,
posteriormente, abrir caminho para um projeto de extensão que vise oferecer
assessoria à Secretaria de Defesa Social para que possam ser trabalhadas
intervenções, especialmente profiláticas.
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2 ESTRESSE E ESTRESSE OCUPACIONAL
2.1 ESTRESSE
Levando em conta que burnout é considerada uma conseqüência
do estresse profissional, atuando como uma resposta do organismo a um estado
de estresse prolongado e crônico optou-se por apresentar uma breve revisão
sobre estresse, na perspectiva da saúde mental e suas implicações em
situações de trabalho.
Segundo Cunha (1982), estresse constitui-se num cansaço físico
e/ou mental proveniente de excesso de trabalho e/ou preocupações. Para
Paciornik (1978) significa força, pressão, esforço, e vem do latim apertar. O
termo foi utilizado inicialmente pela Física e pela Engenharia para referir-se à
resistência de uma barra à força ou tensão (stress) antes que se rompa ou
deforme. No início do século XVII significava, para a Psicologia, fadiga, cansaço;
e a partir do século XIX passou-se a relacionar stress aos conceitos de força,
esforço e tensão.
Teles (1999) define estresse como uma forma não específica de
resposta com que o corpo se relaciona com certos agentes externos e internos.
É um estado de prontidão do organismo para a ação. Inclui três fases: reação de
alarme, que é o estágio inicial quando o indivíduo se sente imobilizado e, em
seguida, o corpo sofre uma intensa mobilização, incluindo alto grau de atividade
visceral e músculo-esquelética; reação de resistência, que corresponde ao
período em que o sujeito procura adaptar-se ao estresse; e o estágio da
exaustão, que ocorre quando o indivíduo é incapaz de manter o nível de
resistência. Quando sobrevém a exaustão, a reação de alarme se repete.
Selye (1959) foi o primeiro pesquisador que demonstrou as etapas
do “stress biológico” quando explicou as manifestações do organismo como
“reações de alarme”. Os estudos dele fomentaram e fundamentaram muitas
pesquisas sobre estresse. Selye observou em suas pesquisas que determinadas
reações orgânicas se manifestavam em doenças diversas sem relação causal
direta com o tipo de doença. Às manifestações de sinais e sintomas como perda
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de peso, perda de apetite, dores difusas, perturbações digestivas, febre e outros,
ele chamou de “síndrome de estar apenas doente”. As bases conceituais de
Hans Selye foram os estudos de Claude Bernard, que investigava a capacidade
dos seres vivos em manter a constância de bem-estar do organismo a despeito
das modificações externas. Mais tarde Walter Cannon estabeleceu o conceito de
homeostase com base nessa premissa. Lipp diz que “nenhuma doença, ou
condição, produz uma interação tão grande entre o corpo e a mente como o
stress. A reação hormonal, que é parte do stress, desencadeia uma série de
modificações físicas” e produz reações emocionais importantes (LIPP, 2000, p.
18).
De acordo com Lipp, “chama-se de stress uma reação global do
organismo, que envolve sinais psicológicos e físicos, frente a determinadas
situações que excitem, emocionem, confundam e/ou façam a pessoa
imensamente feliz” (LIPP, 2000, p. 41). Segundo a autora, sempre que a pessoa
precisa se adaptar a uma coisa nova, ela gasta “energia adaptativa” e se
desgasta. “O stress é responsável por um grande desperdício de energia”, diz
Teles (1999, p. 24). Se esse desgaste vai além das reservas de energia que a
pessoa possui, os resultados são visíveis. Os indivíduos reagem de formas
diferentes ao estresse. “Se o indivíduo vê, ao seu redor, um mundo duro, no qual
as pessoas são cruéis e não se pode confiar em nenhum relacionamento [...], se
o indivíduo se torna muito tenso como resultado de um ou vários estímulos
perturbadores” (TELES, 1999, p. 21), vai acumulando uma crescente carga
residual que lhe impossibilita lidar com o estresse. A autora diz que quando a
pessoa não consegue lidar com situações estressantes, pode tornar-se tão tensa
que culmina com uma resposta do organismo sob a forma de um distúrbio físico.
Selye (1959) definiu estresse como uma “Síndrome da Adaptação
Geral” em três fases: reação de alarme, de resistência e de exaustão. Na fase de
alarme, que se constitui como uma resposta inicial, o organismo tenta se
adequar à situação através de luta ou fuga com relação ao estressor. “A reação
do stress tem por objetivo primordial a preservação da vida. O indivíduo nasce
com a condição básica de lutar ou fugir frente ao perigo, o que vai ocorrer
através da reação do stress” (LIPP, 2000, p. 21). Essa reação de alarme altera a
homeostase e o indivíduo sofre um desgaste que procura anular eliminando o
estressor. “O grande problema é que muitas vezes o estressor presente não é do
18
tipo que exija lutar ou fugir [...], contudo, o corpo humano se prepara para lidar
do mesmo modo com qualquer tipo de estressor” (LIPP, 2000, p. 21). Nesse,
caso, se o estressor persiste, o organismo se mantém alerta e entra na fase da
resistência. As reações de alerta não são tão evidentes, embora a homeostase
se conserve alterada. A fase da exaustão advém da continuidade do estressor
com dificuldade ou impossibilidade de adaptação do organismo. Selye observou
que nesta fase os sinais que ocorrem na reação de alarme se manifestam de
forma exacerbada e irreversível, e o organismo é levado ao desequilíbrio total e
entra em processos patológicos que podem culminar na morte do indivíduo.
Não é exatamente a situação ou a resposta do organismo que
definem a força do estressor, mas a percepção do indivíduo sobre a situação. “O
stress tem a ver com a resistência às pressões, com a habilidade de lidar com
demandas e situações” (LIPP, 2000, p. 31). Krupp (1987) diz que se trata de um
distúrbio situacional resultante de uma dificuldade de adaptação do indivíduo,
diante de acontecimentos para os quais não encontra formas de superação. O
evento pode ser objetivamente insignificante ou até favorável, mas como requer
comportamentos adaptativos, podem produzir estresse, que será configurado em
cada indivíduo de forma subjetiva. Também é importante a avaliação cognitiva
da situação (o fator estressor) que determina por que e quando esta situação é
estressora, assim como para o esforço de enfrentamento, ou seja, a mudança
cognitiva e comportamental diante do estressor. Cada indivíduo percebe o
estresse e responde a ele de forma peculiar. Eventos produtores de estresse
assumem proporções e níveis diferentes de acordo com os grupos etários e
fatores psicossociais. Como assevera Lipp, “se a pessoa aprende a lidar com
seu stress, este pode ser útil, pois em doses pequenas ele dá energia, vigor,
coragem, força, vontade de fazer coisas novas, aumenta a produtividade e
melhora a qualidade de vida do ser humano” (LIPP, 2000, p. 9).
Conforme demonstra Lipp (2001), o estresse, como uma reação do
organismo provocada por alterações psicofisiológicas, se manifesta quando a
pessoa é exposta a fortes e persistentes reações emocionais, como por
exemplo, em situações onde estejam presentes a irritação, o medo, a excitação
e até mesmo a felicidade. Teles diz que “a insegurança, a dúvida [...], a perda da
identidade social, a violência e uma série de outros fatores” (TELES, 1999, p. 8)
provocam no ser humano um estado de constante tensão, enredando-o em
19
conflitos e provocando uma sensação permanente de mal-estar e desesperança.
Assim, o estresse é um processo, não apenas um estado, pois o indivíduo,
quando submetido às fontes estressoras, tem seu organismo alterado
bioquimicamente, com alterações fisiológicas diversas. Posteriormente, no
desenvolvimento do processo, manifestam-se diferentes sintomas, que variam
de acordo com as predisposições genéticas do sujeito, potencializadas com a
sua inserção no meio. Porém, Lazarus e Folkman (1984 apud JACQUES, 2003)
conceituam o estresse psicológico além da dimensão biológica, sendo uma
relação entre a pessoa e o ambiente que é avaliado como prejudicial ao seu
bem-estar. Taganelli e Lipp (2002) citando Kaplan (1995) e Lipp (1997) afirmam
também que há indícios de que um estado prolongado de estresse possa
interferir com o bem-estar psicológico e a qualidade de vida das pessoas.
De acordo com Krupp (1987), o estresse agudo pode se manifestar
em comportamentos denotando inquietação, desassossego, irritabilidade, fadiga
e sentimento de tensão emocional. A pessoa pode apresentar dificuldade de
concentração, insônia, pesadelos e preocupações somáticas. Alguns se
encaminham para a automedicação ou para a ingestão compulsiva de álcool ou
outras drogas depressoras do sistema nervoso central. Um indivíduo pode reagir
ao stress com ansiedade ou depressão, ou com o desenvolvimento de uma
sintomatologia física, ou pelo afastamento, ou embriagando-se, ou começando
um caso amoroso ou, ainda, de uma infinidade de outras maneiras. As respostas
subjetivas mais comuns são medo (da repetição do evento estressante), raiva
(devido à frustração), culpa (impulsos agressivos) e vergonha (devido à
impotência de lidar com a situação).
Para Lipp (2001), a reação de alerta do organismo ocorre em
estágio inicial quando o indivíduo de depara com um estressor. É nesse
momento que o organismo se prepara para a ação, o que provoca a quebra da
homeostase. A aceleração do organismo muitas vezes é responsável pela
preservação da vida, já que leva o organismo a um estado de alerta, a fim de
que possa lidar com situações em que tenha que atuar com urgência,
constituindo-se, portanto, em uma defesa automática do corpo. Quando o
estressor tem uma duração curta, a restauração da homeostase ocorre e a
pessoa sai da fase do alerta sem complicações para o seu bem-estar.
20
Ainda de acordo com Lipp (2001) a fase de resistência ocorre se o
estressor é de longa duração, ou sua intensidade é demasiada para a resistência
da pessoa. Nesse caso, o organismo tenta restabelecer a homeostase de um
modo reparador e entra na fase de resistência ao estresse. A saída do processo
de estresse vai depender da reserva de energia adaptativa que é utilizada na
tentativa de reequilíbrio. Se essa reserva é suficiente, a pessoa recupera-se e sai
do processo do estresse, mas se o estressor exige mais esforço de adaptação
do que é possível para aquele indivíduo, então o organismo se enfraquece e
torna-se vulnerável a doenças. Nessa fase, se há manejo do estresse ou se o
estressor for eliminado, o organismo se restabelece e o processo do estresse
termina.
Conforme afirma Lipp (2001), a fase de exaustão acontece se a
resistência da pessoa não for suficiente para lidar com a fonte de estresse, ou se
existirem vários estressores. Em decorrência disso haverá um aumento das
estruturas linfáticas, assim como a exaustão psicológica em forma de depressão,
com o conseqüente aparecimento de doenças.
É importante enfatizar que, de acordo com Glina e Rocha (2000), o
estresse não é uma doença, mas uma tentativa de adaptação do organismo em
busca da homeostase, e não está relacionado apenas ao trabalho, mas ao
cotidiano da vida do ser humano. E o termo estresse, tomado como um conceito
da fisiologia e ampliado por Selye para os eventos psicológicos, se transformou
em tema de pesquisas diversas para explicar coisas que se observavam na vida
ocupacional dos sujeitos, mas que sinalizavam para fatores além das atividades
profissionais.
2.2 ESTRESSE OCUPACIONAL
O trabalho é uma atividade essencial para a sobrevivência do
homem capaz de produzir frustrações, anseios, realizações, expectativas,
conflitos, inquietações e satisfações.
Conforme assevera Lane, “Refletir sobre uma atividade realizada
implica repensar suas ações, ter consciência de si mesmo e dos outros
21
envolvidos, refletir sobre os sentidos pessoais atribuídos às palavras, confrontá-
las com as conseqüências geradas pela atividade desenvolvida pelo grupo
social”. (LANE, 1994, p.16).
Albornoz (2004) observa a diversidade de significados que a
palavra trabalho assume na linguagem cotidiana. Sendo uma forma elementar de
interação e contato entre os homens, o seu conteúdo varia designando a
operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura. “Às
vezes, carregada de emoção, lembra dor, tortura, suor do rosto, fadiga. Noutras,
mais que aflição e fardo” (ALBORNOZ, 2004, p.8), representam o homem em
ação para sobreviver e realizar-se.
O trabalho nem sempre é uma fonte de alegria e realização como
deveria ser. Para Teles, “o trabalho, que deveria ser uma fonte de alegria e
realização, torna-se cada vez mais, um fator de stress” (1999, p. 59). A autora
diz que quando o sujeito é o empregador, sua cabeça funciona como um
computador que trabalha noite e dia em busca de maior eficiência e lucro. Por
outro lado, o empregado nunca está satisfeito com o que ganha, não se acha
livre por realizar ações programadas pelos outros e é obrigado a fazer hora extra
pra ganhar um pouco mais, assim como abre mão de férias e leva trabalho pra
casa. E assevera: “geralmente, quando o indivíduo não consegue atingir esses
objetivos, que praticamente lhe são impostos, vem a sensação de fracasso,
inferioridade, frustração, perda” (TELES, 1999, p. 46). E o trabalho, nessa
perspectiva, lembra o castigo de Sísifo, deus condenado a carregar eternamente
uma pedra até o alto da montanha. Ao chegar ao cume, a pedra rolava, e ele era
obrigado a recomeçar todo o trabalho. Mas até Sísifo um dia parou este trabalho
insano para ouvir a música de Orfeu.
Como afirmam Lipp e Novaes (2000), existem determinados tipos
de trabalho que propiciam o aparecimento do estresse, principalmente, se a
atividade exercida não combinar com o modo de ser da pessoa. São elas: a de
policial, aviador, motorista de caminhão, executivo e bancário, entre outras.
Formighieri (2003) em sua pesquisa constatou que as mudanças no
mundo social do trabalho são céleres e as situações de trabalho se caracterizam
por um complexo de exigências de natureza ambiental, fisiológica, psicológica e
social. Poucos trabalham naquilo que gostam, sentem satisfação no que fazem e
não se deixam dominar pela compulsão do trabalho. Diante desta situação, há
22
quem opte pela fuga, inclusive de seus conflitos inconscientes e de sua
ansiedade, trabalhando num ritmo acelerado, numa verdadeira compulsão, como
diz Teles, “o trabalho, como o sexo, a bebida, as drogas, o fanatismo religioso ou
político, funciona como uma válvula de escape, uma fuga, uma anestesia” (1999,
p.60). Ao mesmo tempo em que o trabalho é um bem para o sujeito, ele
acrescenta desgaste ao organismo.
Arantes e Vieira (2002) atribuem o estresse à organização e às
condições de trabalho como fontes estressoras importantes no que tange,
principalmente, à função exercida, ao papel exercido dentro da organização, ao
desenvolvimento na carreira, as relações de trabalho, a relação entre a estrutura
e o clima organizacional e a interface trabalho-família. Formighieri (2003) diz que
uma ampla mudança no interior das organizações tem sido uma constante,
sendo considerada geradora de disfunções entre o processo de trabalho e o
homem.
O estresse ocupacional se evidencia quando o sujeito, em
interação com outras pessoas e a partir de sua percepção do ambiente, se acha
inseguro quanto à sua capacidade para enfrentar um desafio que tem relação
com um valor importante para si. A incerteza da resolução enfatiza que o
indivíduo interpreta a situação em termos da percepção da probabilidade de lidar
satisfatoriamente com o desafio. Ao perceber que pode lidar facilmente com o
desafio, não há estresse. Conforme interpretação de Wagner III e Hollenbeck
(2003), esse tipo de estresse provoca um estado emocional desagradável que
causa impacto significativo sobre a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, com
reações fisiológicas, comportamentais e cognitivas, com conseqüências
importantes para as organizações, principalmente em termos dos custos
financeiros de assistência médica, absenteísmo, rotatividade, baixo compromisso
organizacional e violência no local de trabalho.
Chiavenato (1999) analisa o estresse no trabalho e demonstra que
ocorre um conjunto de reações físicas, químicas e mentais oriundas de estímulos
ou estressores no ambiente, tais como, sobrecarga de atividade, pressão de
tempo ou relações problemáticas com chefes ou clientes. Formighieri (2003)
observa que situações de emergência impõem tarefas que sobrecarregam o
homem. As conseqüências negativas incidem sobre o indivíduo tanto quanto
sobre a organização, interferindo na quantidade e qualidade do trabalho, no
23
aumento do absenteísmo e rotatividade e na predisposição a queixas,
reclamações e greves.
Ballone (2002) supõe que a capacidade de adaptação dos
trabalhadores às mudanças tecnológicas e modificações no ambiente de
trabalho parece apresentar uma certa defasagem. As tensões a que estão
submetidos os profissionais, não só no ambiente de trabalho, mas na vida em
geral, produzem um amálgama entre os estressores do trabalho e da vida
cotidiana. Responsabilidades ocupacionais, alta competitividade, necessidade de
aprendizados constantes já se constituem em grande pressão sobre a pessoa, e
se somar a isso os estressores normais da vida em sociedade, como a
segurança social, a manutenção da família, as exigências culturais, a situação de
desequilíbrio se agrava. O autor acredita ser possível que os novos desafios
ultrapassem os limites adaptativos do homem moderno, levando ao estresse. O
que se sabe é que os agentes estressores a que as pessoas estão submetidas
permanentemente nos ambientes e nas relações de trabalho são fatores
determinantes de doenças com a mesma potência dos microorganismos e a
insalubridade.
Ballone (2002) chama a atenção para as normas e regras sociais
que atuam sobre os indivíduos em nome do “politicamente correto”, obrigando-os
a apresentar um comportamento emocional incongruente com seus reais
sentimentos de agressão ou medo.
Fatores intrapsíquicos relacionados ao trabalho colaboram para
que o sujeito se mantenha estressado, como é o caso da insuficiência
profissional, pressão para comprovação de eficiência ou, até mesmo, a
impressão de estar cometendo erros profissionais. O outro lado dessa moeda
pode comportar uma vida sem motivações, sem projetos, sem mudanças na
ocupação ao longo de muitos anos, sem perspectivas de crescimento
profissional. Ballone (2002) acrescenta a isso os fatores internos como conflitos
pessoais, frustrações, desavenças familiares. Em vista disso, o autor afirma que
a sobrecarga de estímulos estressores pode ser considerada um fator importante
para eclosão do estresse patológico no trabalho, e elenca quatro fatores: 1)
urgência de tempo; 2) responsabilidade excessiva; 3) falta de apoio; 4)
expectativas excessivas de nós mesmos e daqueles que nos cercam.
24
É consenso entre muitos pesquisadores que a forma como os
sujeitos percebem os estressores no contexto de trabalho faz diferença no
desempenho e bem-estar destes, com conseqüências sobre o ambiente e sobre
as organizações. Aubert (1996 apud FORMIGHIERI 2003) enfatiza que as
condições de trabalho são responsáveis em maior ou menor grau na resistência
do trabalhador às condições desfavoráveis, e isto sinaliza para a importância dos
aspectos subjetivos da relação do sujeito com a atividade profissional. Os
conflitos entre o regime da organização de trabalho e as necessidades pessoais
do trabalhador, somadas às condições individuais como ritmo, expectativas e
dificuldades, tudo isso acaba por afetar significativamente a saúde desse
trabalhador. Silva (2000 apud FORMIGHIERI 2003) relaciona o meio
organizacional com a saúde do indivíduo e a produtividade da organização.
Formighieri (2003) diz que quando não há compatibilidade possível entre o
indivíduo e o seu trabalho, emerge o sofrimento, provocando sentimentos de
desprazer, tensão, estresse laboral, frustração. A verdade é que “o ambiente de
trabalho, as relações interpessoais, o nível de responsabilidade, o não
reconhecimento de certas qualidades pessoais, são situações estressantes que
podem provocar alterações psicológicas e fisiológicas” (FORMIGHIERI, 2003, p.
13).
Bauk (1985 apud GUIDO, 2003) assegura que os estressores estão
presentes em qualquer tipo de atividade e não se pode sequer imaginar um
trabalho sem stress, uma vez que cada indivíduo entende os estímulos a que
são expostos de modo diferente. O que é percebido por um indivíduo como ruim,
desagradável e perigoso, pode ser entendido como desafiador e estimulante por
outro. Dessa maneira, entendemos que o stress faz parte da vida do ser humano
em qualquer contexto, e pode ser desencadeado por um grande número de
estímulos. As situações de trabalho, associadas aos conflitos e sentimentos dos
trabalhadores, comprometem o desempenho produtivo e o equilíbrio físico e
emocional deles. “A oportunidade que um ambiente de trabalho permite ao
indivíduo controlar as atividades que realiza, tanto intrinsecamente [...] como
extrinsecamente, caracteriza outra variável responsável por diferentes graus de
estresse” (FORMIGHIERI, 2003, p. 17).
Em suma, citando Aubert: O estresse ocupacional “é caracterizado
como uma perturbação para o indivíduo decorrente da sua força adaptativa para
25
conseguir enfrentar as demandas do seu ambiente de trabalho, quando estas
exigem além das suas capacidades físicas e mentais” (1996 apud
FORMIGHIERI 2003, p. 15).
26
3 BURNOUT
O termo burnout deve ser compreendido a partir de uma
desconstrução morfológica. Burn significa queima, out refere-se ao exterior.
Maslach e Leiter (1997 apud CAMPOS, 2005, p. 38) identificam burnout com
uma erosão na alma e nos valores do ser humano, que corresponde à queima da
dignidade e da força de vontade.
Campos (2005, p. 35) relata que, na década de 70, o médico
Herbert Freudenberg atendia a um grupo de usuários de drogas em Nova York e
que estes eram chamados de burnout por só darem importância às drogas e
perderem o interesse por tudo e por todos ao redor. Em 1974, o médico
escreveu um artigo para a Revista de Psicologia com o título Staff Burn-out sem
a conotação de gíria, mas com o objetivo de chamar a atenção da comunidade
científica para problemas enfrentados pelos profissionais de saúde. Benevides-
Pereira (2002) refere que o primeiro artigo versando sobre burn-out, segundo
Schaufeli e Ezmann (1998), foi publicado em 1969, por Bradley, referindo-se ao
desgaste de profissionais e propondo medidas organizacionais de
enfrentamento.
Codo (1999) diz que, “apesar de um conceito relativamente novo
(década de 70), em certo sentido o estudo de burnout tem a idade da Psicologia”
(CODO, 1999, p. 238). A teoria surgiu para explicar as contradições da vida
laboral do homem, em uma época de extrema solidão humana e escassez de
solidariedade; emerge como uma metáfora, diz Codo, “quando certos recursos
pessoais são perdidos, ou são inadequados para atender às demandas, ou não
proporcionam retornos esperados (previstos). Faltam estratégias de
enfrentamento” (CODO, 1999, 240).
Maslach e Leiter (1997 apud CAMPOS 2005) conceituam Burnout
como o índice do deslocamento entre o que as pessoas são e o que elas têm
que fazer. Erosão em valores, dignidade, espírito e força de vontade. Erosão da
alma humana decorrente de um estado de estresse prolongado em que
situações de enfrentamento não foram utilizadas, falharam ou foram
insuficientes. Na conceituação de Skovholt (2001 apud CAMPOS 2005), é a
hemorragia do self, definido como o eu intrapessoal.
27
Cadiz et al. (1997) observa que as fases iniciais dos estudos sobre
a síndrome de burnout levam em consideração o conceito centrado nas
descrições clínicas do fenômeno e em constatações não empíricas de sua
relativa freqüência. A pesquisa empírica concentrou atenção especial às
categorias ocupacionais diretamente vinculadas ao cuidado do outro, como
profissionais de saúde e educação.
Gil-Monte e Peiró (1997) identificam duas perspectivas de
conceituação e abrangência do fenômeno: a clínica e a psicossocial. A
perspectiva clínica, de acordo com estudos de Freudenberg (1974), conceitua a
síndrome de burnout como um estado relacionado com experiências de
esgotamento, decepção e perda do interesse pelo trabalho, com predominância
em profissionais que trabalham em contato direto com pessoas na prestação de
serviços, sendo uma conseqüência deste contato diário no trabalho. Baseado em
sua experiência clínica, Freudenberger assevera (1974 apud COSTA, 2002, p.
58): “burnout representa um estado de exaustão decorrente do trabalho
exaustivo, onde as pessoas esquecem suas próprias necessidades para atender
as necessidades alheias, na maioria das vezes sem condições efetivas de fazê-
lo”. O estado de esgotamento estaria impregnado das características individuais
do sujeito, a partir de um conjunto de expectativas inalcançáveis geradas por ele
mesmo e pelo tipo de atividade laboral.
Maslach e Jackson (1994 apud BORGES et al. 2002) apontam para
a perspectiva sócio-psicológica, definindo o fenômeno como uma resposta a
fontes crônicas de estresse emocional e interpessoal no trabalho. Em seus
estudos, Maslach e Jackson (1994) afirmam que a síndrome atinge profissionais
envolvidos com qualquer tipo de serviço, notadamente aqueles voltados para
atividades de cuidado com outros, em uma relação de atenção direta, contínua e
altamente emocional. Essa conceituação demarca a síndrome de burnout como
um processo que se desenvolve na interação do ambiente de trabalho e
características pessoais. O estresse persistente em situações de trabalho que
promovem repetitiva pressão emocional associada a intenso envolvimento com
pessoas por prolongados períodos de tempo ocasiona a incidência da síndrome
de burnout, segundo Harrison (1999 apud CARLOTTO, 2002). Codo (1999)
afirma que o sujeito perde o sentido de sua relação com o trabalho, tornando-se
indiferente a qualquer possibilidade de realização pessoal. O trabalhador sente
28
sua energia e os recursos emocionais próprios esgotados, devido ao contado
diário com os problemas. Assim, ele sente que não pode dar mais de si mesmo
afetivamente. “O burnout decorreria da discrepância entre o que o trabalhador
investe no trabalho e o que ele recebe em termos de reconhecimento de
superiores e colegas, dos clientes e usuários dos serviços que presta” (COSTA,
2002, p. 58).
Burnout é uma resposta do organismo diante de uma dificuldade
para lidar com situações de estresse prolongado, quando não parece ser
possível mudar circunstâncias complexas que exigem enfrentamento e o
indivíduo se sente impotente, incapaz perante o irreversível. Se for irreversível,
provoca desinteresse, desmotivação, resultados de um mal estar intenso ou uma
grande insatisfação ocupacional que, por sua vez, provocam o sentimento de
impotência, inutilidade e baixa auto-estima. A síndrome tem relação com o
mundo do trabalho, com o tipo de atividades laborais do indivíduo, envolve
aspectos sociais e inter-relacionais, por meio da despersonalização, o que não
ocorre necessariamente no estresse ocupacional (GIL-MONTE; PEIRÓ, 1997),
1995; SANTOS, 1995 e SILVA, 1995). Estes estudos mostraram, também, uma
variabilidade do significado do trabalho conforme variáveis sócio-demográficas
definidas: categoria ocupacional, sexo, idade, renda, tempo de serviço, dentre
outras.
Borges (1998) propôs um modelo de construção do significado do
trabalho para explicar a relação entre significado do trabalho e socialização
organizacional que previa que os indivíduos integram conjuntos de variáveis
(características sócio-econômicas e demográficas, estrutura social das
organizações e concepções do trabalho) pelo processo de socialização
organizacional (envolvendo: qualificação/inclusão, competência e objetivos e
tradições organizacionais), construindo um significado próprio do trabalho
(multifacetado: centralidade do trabalho, atributos valorativos, atributos
descritivos e hierarquia dos atributos), com o qual voltam a atuar sobre os
primeiros.
A estrutura dos atributos valorativos consiste na identificação do
seguinte conjunto de fatores primários: 1) Justiça no trabalho (r2=0,17 e
Alfa=0,92): define que o ambiente de trabalho deve garantir as condições
materiais, de higiene e de equipamentos adequados às características das
atividades e à adoção das medidas de segurança, bem como garantir o retorno
econômico compatível, o equilíbrio de esforços e direitos entre os profissionais;
2) auto-expressão e realização pessoal (r2=0,12 e Alfa=0,81): define que o
trabalho deve oportunizar expressão da criatividade, do sentimento de
produtividade, das habilidades interpessoais, da capacidade de tomar decisões e
do prazer pela realização das tarefas; 3) sobrevivência pessoal e familiar
(r2=0,05 e Alfa=0,78): define que o trabalho deve garantir as condições
econômicas de sobrevivência e de sustento pessoal, a assistência à família, a
54
existência humana, a estabilidade no emprego decorrente do desempenho, o
salário e o progresso social; e 4) desgaste e desumanização (r2=0,04 e
Alfa=0,77): define que o trabalho deve implicar em desgaste, pressa,
atarefamento, perceber-se como máquina ou animal (desumanizado), esforço
físico, dedicação e perceber-se discriminado.
O fator valorativo Desgaste e Desumanização faz parte da
estrutura fatorial, mas a exemplo da estrutura fatorial encontrada no estudo com
operários da construção habitacional e trabalhadores de redes de supermercado
(Borges, 1997; 1999; Borges e Tamayo, 2001), também apresenta um
coeficiente alfa inferior aos demais fatores dos atributos valorativos. Além dessa
constatação, observamos a tendência das diferentes amostras apresentarem
pontuações mais baixas neste fator do que nos demais. Significa, pois, que este
fator se constitui em atributo valorativo apenas para uma parcela da amostra. A
mesma seqüência de estudos já relatada permitiu o aperfeiçoamento da
identificação dos fatores dos atributos descritivos. No último teste empírico
desenvolvido por Borges e Alves-Filho (no prelo), com profissionais de saúde,
bancários e trabalhadores de uma distribuidora de petróleo, foi identificada a
seguinte estrutura fatorial dos atributos descritivos: 1) Auto-expressão (r2=0,24 e
Alfa=0,91): descreve o trabalho como oportunizando a aplicação de opiniões dos
participantes e como lugar de influenciar nas decisões, de reconhecimento do
que se faz, de sentir-se tratado como pessoa respeitada, de relacionamento de
confiança e de crescimento pessoal; 2) Condições de trabalho (r2=0,07 e
Alfa=0,83): descreve o trabalho exigindo para o desempenho adequado
equipamentos específicos, conforto material e higiênico, assistência e melhores
salários para o trabalhador; 3) Responsabilidade (r2=0,04 e Alfa=0,70): descreve
o trabalho como implicando na necessidade de cumprir com as tarefas previstas,
na ocupação e no direito de que a organização cumpra com seus deveres,
fazendo o indivíduo sentir-se bem; 4) Recompensa econômica (r2=0,03 e Alfa =
0,82): descreve o trabalho como garantia do sustento, de independência
econômica e de sobrevivência; 5) Desgaste e Desumanização (r2=0,02 e
Alfa=0,73): descreve o trabalho como associando a valorização da condição de
ser gente à aceitação da dureza no trabalho, terminando por fazer o indivíduo
perceber-se como máquina ou animal, por exigir rapidez, esforço físico, ritmo
55
acelerado, repetição de tarefas e perceber-se discriminado de outras pessoas
em função do que faz.
Os atributos valorativos correspondem às características ideais do
trabalho – como este, na concepção do indivíduo, deve ser. Os atributos
descritivos expressam a representação mental ou abstraída da realidade do
trabalho por cada pessoa. A hierarquia dos atributos é considerada a quarta
faceta (BORGES, 1998, 1999; BORGES; ALVES FILHO, 2001 e BORGES;
TAMAYO, 2002). Esta pode ser definida como arranjos individuais que consistem
na organização dos diversos atributos valorativos e descritivos, conforme a
ordem de importância atribuída aos mesmos.
56
6 MÉTODO
Na busca de cada vez mais se aproximar da verdade, a ciência
busca o saber embasado na fidedignidade, controle, sistematização e
comprovação. É por meio do método cientifico que a pesquisa busca a solução
dos problemas. De acordo com Cervo e Bervian (2002), o método científico é a
ferramenta colocada à disposição do cientista que, com a pesquisa, pretende
penetrar no segredo de seu objeto de estudo. Segundo estes mesmos autores,
Toda investigação nasce de um problema observado ou sentido, de tal modo que não pode prosseguir, a menos que se faça uma seleção da matéria a ser tratada. Essa seleção requer alguma hipótese ou pressuposição que vai guiar e, ao mesmo tempo, delimitar o assunto a ser investigado. Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método cientifico. (CERVO & BERVIAN, 2002, p.25).
6.1 TIPO DE ESTUDO
Desenvolveu-se um estudo exploratório que, de acordo com Cervo
e Bervian (2002) é o passo inicial no processo de pesquisa, pela experiência e
um auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas para posteriores
pesquisas. Este tipo de pesquisa tem por objetivo obter novas percepções
acerca de um determinado assunto, podendo descobrir novas idéias, para assim,
realizar descrições precisas da situação e descobrir as relações existentes entre
os elementos que a compõe. Assim, pretendeu-se entender a síndrome de
burnout em policiais civis, verificando suas possíveis relações com o significado
do trabalho e as estratégias de coping adotadas por eles.
Já Gonsalves (2001), defende que este tipo de pesquisa recebe
uma outra denominação de ‘pesquisa de base’, pelo fato de oferecer dados
elementares que possibilitam suporte para a realização de estudos mais
aprofundados sobre o tema.
Fez-se um levantamento que teve como característica a
interrogação direta dos indivíduos cujo comportamento se desejava conhecer
(GIL, 1996). Ainda de acordo com o autor, este tipo de pesquisa é feito através
da solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
57
problema estudado. Após a análise quantitativa dos dados obtiveram-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados. Em geral, na maioria dos
levantamentos não são pesquisados todos os integrantes da população
estudada. Assim, fez-se uma seleção prévia, mediante procedimentos
estatísticos, de uma amostra representativa da categoria.
A pesquisa evolui por meio da observação direta das atividades do
grupo estudado e de entrevistas com informantes para registrar suas
interpretações do que ocorre na comunidade em questão. Posteriormente, ocorre
a análise quantitativa, que propicia a obtenção de conclusões derivadas dos
dados coletados.
Como é desenvolvido no próprio local em que ocorrem os
fenômenos, seus resultados costumam ser mais fidedignos e como o
pesquisador apresenta nível maior de participação, torna-se maior a
probabilidade dos sujeitos oferecerem repostas mais confiáveis.
6.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
De acordo com dados estatísticos obtidos junto à Secretaria de
Estado da Defesa Social do Rio Grande do Norte, o município de Natal conta
com 15 delegacias distritais e 19 especializadas.
Segundo RIZZINI (1999, p. 73), “denomina-se amostra o conjunto
de indivíduos selecionados dentro de uma população que se quer investigar. A
amostra é, portanto, parte da população a ser investigada”.
Face ao escopo do estudo (permitir a elaboração de um TCC) e
limitações de recursos e tempo disponível, procurando atender aos requisitos
acima mencionados para a determinação de uma amostra, foi realizado um
levantamento junto à Secretaria de Estado da Defesa Social do Rio Grande do
Norte para a identificação das delegacias localizadas no município do Natal,
adotando-se como critério o número de policiais vinculados a organização.
Definida a delegacia (DEHOM – Delegacia Especializada de
Homicídios), constatou-se que nela trabalhavam 20 agentes da policia civil, três
58
escrivãs e cinco delegados. A escolha desta delegacia se deu em função do
elevado número de policiais civis trabalhando na mesma e por ela direcionar-se
a uma especialização que, supõe-se, apresenta mais possibilidades de lidar com
situações de estresse ocupacional na rotina policial.
A amostra final se caracterizou pelo método acidental. Foram
distribuídos 28 protocolos, conforme ficará demonstrado na descrição dos
procedimentos de coleta de dados. A amostra é conseqüente do tempo
disponível dos policiais para a realização do protocolo, uma vez que realizam
diversos serviços externos, assim como precisam seguir uma escala de trabalho,
férias e afastamentos diversos. A amostra reflete ainda o receio em relação à
garantia do sigilo, uma vez que abordar a percepção do significado dado ao
trabalho poderia levar a uma preocupação que causasse algum tipo de viés nas
respostas.
A amostra foi composta por 18 participantes, correspondendo a
64% da população.
Os aspectos a seguir apresentados fazem parte do perfil sócio-
demográfico dos policiais civis participantes, caracterizando, então, a amostra:
• Idade: a idade mínima entre os participantes foi de 27 anos e a máxima de 48
anos. A média de idade foi 37,8, enquanto o desvio padrão situou-se em 6,04.
Apenas um dos participantes não informou esse dado.
• Faixa etária: analisando-se a distribuição das faixas etárias na delegacia, foi
possível se verificar a maior incidência de policiais entre 41 e 45 anos de
idade, representando 33,3% dos participantes. Tabela 01 – Distribuição dos participantes por faixa etária (N=18)
Faixa etária Freqüência Percentual Até 30 anos 3 16,7 31 a 35 anos 3 16,7 36 a 40 anos 4 22,2 41 a 45 6 33,3 Acima de 46 anos 1 5,6 Omissos 1 5,6 Total 18 100
59
• Sexo: houve predomínio do sexo masculino, com 14 participantes (77,8%).
Apenas uma pessoa não indicou seu sexo (5,6%).
• Estado Civil: conforme se verifica na tabela 02, predominou o número de
participantes casados/união estável.
Tabela 02 – Distribuição por estado civil (N=18)
• Número de filhos: entre os participantes, 6 não têm filhos (33,3%); dentre os
que têm, 6 (33,3%) possuem um filho apenas – sendo este número de filhos o
mais freqüente; 4 participantes possuem 2 filhos (22,2%); uma pessoa tem 3
filhos (5,6%) e apenas um participante, tem 4 filhos (5,6%).
• Orientação religiosa: a predominância da religião dentre os participantes da
amostra foi à católica, 15 policiais (83,3%) eram desta religião. Apenas uma
pessoa (5,6%) relatou ser espírita, enquanto 2 afirmaram não ter orientação
religiosa, como pode ser verificado na tabela 03.
Tabela 03 – Distribuição por religião (N=18)
• Freqüência a atividades religiosas: como se pode constatar a partir da
Para verificar se os participantes apresentavam diferenças ou
semelhanças nos fatores do significado do trabalho na dependência do sexo, da
residência e locomoção própria foi aplicado o teste t que levou à constatação de
que os mesmos diferiram no tocante a terem moradia própria. Os que têm
residência própria apresentaram médias mais elevadas nos fatores valorativos
‘auto-expressão e realização pessoal’ - define que o trabalho deve oportunizar
expressão da criatividade, do sentimento de produtividade, das habilidades
interpessoais, da capacidade de tomar decisões e do prazer pela realização das
tarefas e ‘sobrevivência pessoal e familiar’ - define que o trabalho deve garantir
as condições econômicas de sobrevivência e de sustento pessoal, a assistência
80
à família, a existência humana, a estabilidade no emprego decorrente do
desempenho, o salário e o progresso social.
O mesmo ocorrendo com o fator dos atributos descritivos
‘condições de trabalho’ - descreve o trabalho exigindo para o desempenho
adequado equipamentos específicos, conforto material e higiênico, assistência e
melhores salários para o trabalhador. Para as demais variáveis, foi empregada a
ANOVA, quando se constatou que houve diferenças estatisticamente
significativas.
81
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa foi realizada com o objetivo principal de investigar a
incidência da síndrome de burnout e suas relações com estratégias de coping e
significado do trabalho entre policiais civis em uma delegacia de Natal-RN.
À medida que os resultados da pesquisa foram discutidos,
verificou-se que as questões de pesquisa foram se tornando mais claras,
possibilitando concluir que as mesmas foram respondidas. A partir destas
questões e da análise dos resultados obtidos por meio dos instrumentos,
chegou-se a algumas conclusões que serão discutidas a seguir.
Deste modo, o primeiro objetivo deste trabalho – Identificar se os
participantes apresentam a incidência de burnout e o nível – foi confirmado,
demonstrando que os princípios teóricos têm um correspondente empírico. Os
resultados encontrados indicaram que, em termos gerais, os policiais de uma
delegacia de Natal-RN apresentam nível moderado da síndrome de burnout,
uma vez que, observou-se que na exaustão emocional e na despersonalização
nesta classificação se concentraram 50% e 38% da amostra, respectivamente, e
na diminuição da realização, 55,6%.
Tal incidência, provavelmente, esteja relacionada com as
características do próprio ambiente laboral, já que se trata de uma delegacia
especializada em homicídios. O policial civil lida diretamente com situações de
violência, o que exige grande responsabilidade em sua atuação profissional
voltada para a segurança social levando-o a um desgaste emocional.
A respeito do segundo objetivo específico – Identificar se os
participantes apresentam diferenças ou semelhanças quanto à incidência de
burnout na dependência de variáveis sócio-demográficas e funcionais, como
sexo, idade, estado civil, escolaridade, moradia e meio de locomoção próprios,
tempo de vinculação à polícia civil, tempo no atual cargo/função, local trabalho e
manutenção de outros vínculos profissionais – foram aplicados test t e ANOVA e
não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre as médias.
Assim, os participantes não apresentaram diferenças quanto às dimensões da
burnout na dependência das variáveis.
82
Com relação ao terceiro objetivo – Identificar as estratégias de
coping adotadas – os participantes empregam o controle e o manejo com igual
itens idade e o escape é a estratégia menos utilizada (t = -12,47, para p = 0,000).
Os policiais divergiram mais na avaliação do emprego do escape e apresentaram
uma avaliação mais homogênea sobre o uso do controle.
O controle foi a estratégia mais utilizada pelos policiais, o que leva
a prevenção do desenvolvimento da burnout. Por isso, para que a síndrome não
seja desencadeada no policial civil, é preciso que ele atue diretamente sobre o
estressor, desenvolvendo estratégias que possibilitem definir e analisar a
situação, buscando alternativas para solução do problema, atuando diretamente
sobre o meio laboral e sobre si mesmo.
O manejo, segunda estratégia mais utilizada pelos policiais, é a
mais eficaz, pois a partir dele o policial pode perceber quando deve parar,
estabelecer descansos e alternar tarefas diferentes. Visando, assim, desenvolver
habilidades para saber estabelecer prioridades, investir mais tempo nas
atividades priorizadas e reduzir a percepção de situações laborais de urgência,
melhorando o rendimento e diminuindo a fadiga física e mental.
No caso do escape, o policial apresenta uma tendência a evitar os
problemas que podem surgir no ambiente de trabalho, já que não encontra
soluções para os mesmos e isto acaba interferindo no desenvolvimento da sua
atuação profissional, incrementando a exaustão emocional. Assim, a
implementação de programas que levem os policiais a recuperar o controle
quando lidam com os estressores ocupacionais podem ser de utilidade para a
prevenção da burnout.
Quanto ao quarto objetivo - Identificar se os participantes
apresentam diferenças ou semelhanças quanto às estratégias de coping adotas
na dependência de variáveis sócio-demográficas e funcionais, como sexo, idade,
estado civil, escolaridade, moradia e meio de locomoção próprios, tempo de
vinculação à polícia civil, tempo no atual cargo/função, local de trabalho e
manutenção de outros vínculos profissionais – verificou-se, através da aplicação
do teste t, que os homens empregam mais intensamente o controle do que a que
as mulheres (t = 3,54, para p = 0,003) e que os participantes que não possuem
residência própria empregam mais o manejo do que os que a têm (t = -2,964,
para p=0,009).
83
Com aplicação da ANOVA verificou-se a inexistência de diferenças
das médias nas estratégias na dependência das variáveis testadas. Assim,
concluiu-se que os participantes não diferem quanto ao uso das estratégias de
coping na dependência das mesmas.
Para averiguar o quinto objetivo - Reconhecer o significado do
trabalho entre os policiais civis – foi realizada a aplicação do teste t, e se
constatou que, no tocante à centralidade relativa, os participantes atribuem maior
importância à família e ao trabalho indistintamente do que ao lazer, à religião e à
comunidade.
Verificou-se também que o atributo valorativo mais enfatizado pelos
participantes foi ‘sobrevivência pessoal e familiar’ - o trabalho deve garantir as
condições econômicas de sobrevivência e de sustento pessoal, a assistência à
família, a existência humana, a estabilidade no emprego decorrente do
desempenho, o salário e o progresso social (t = -4,190, para p = 0,001). Da
mesma forma, o fator ‘desgaste e desumanização’ - define que o trabalho deve
implicar em desgaste, pressa, atarefamento, perceber-se como máquina ou
animal (desumanizado), esforço físico, dedicação e perceber-se discriminado –
foi que se apresentou menor desejabilidade pelos participantes (t = 4,207, para
p=0,001). Inclusive, foi o fator diante do qual os participantes apresentaram uma
maior heterogeneidade na sua avaliação.
Constatou-se ainda que o atributo descritivo mais enfatizado pelos
participantes foi o ‘condições de trabalho’ - descreve o trabalho exigindo para o
desempenho adequado equipamentos específicos, conforto material e higiênico,
assistência e melhores salários para o trabalhador (t = 3,210, para p = 0,006). Já
o fator ‘responsabilidade’ – foi o menos enfatizado e descreve o trabalho como
implicando na necessidade de cumprir com as tarefas previstas, na ocupação e
no direito de que a organização cumpra com seus deveres, fazendo o indivíduo
sentir-se bem.
Para identificar o sexto objetivo - Se os participantes apresentam
diferenças ou semelhanças quanto ao significado atribuído ao trabalho, na
dependência de variáveis sócio-demográficas e funcionais, como sexo, idade,
estado civil, escolaridade, moradia e meio de locomoção próprios, tempo de
vinculação à polícia civil, tempo no atual cargo/função, local trabalho e
manutenção de outros vínculos profissionais - foi aplicado o teste t que levou à
84
constatação de que os mesmos diferiram no tocante a terem moradia própria. Os
que têm residência própria apresentaram médias mais elevadas nos fatores
valorativos ‘auto-expressão e realização pessoal’ - define que o trabalho deve
oportunizar expressão da criatividade, do sentimento de produtividade, das
habilidades interpessoais, da capacidade de tomar decisões e do prazer pela
realização das tarefas e ‘sobrevivência pessoal e familiar’ - define que o trabalho
deve garantir as condições econômicas de sobrevivência e de sustento pessoal,
a assistência à família, a existência humana, a estabilidade no emprego
decorrente do desempenho, o salário e o progresso social.
O mesmo ocorrendo com o fator dos atributos descritivos
‘condições de trabalho’ - descreve o trabalho exigindo para o desempenho
adequado equipamentos específicos, conforto material e higiênico, assistência e
melhores salários para o trabalhador. Para as demais variáveis, foi empregada a
ANOVA, quando se constatou que houve diferenças estatisticamente
significativas.
O sétimo e último objetivo é identificar se há possibilidade de
oferecer recomendações à Secretaria de Defesa Social e ao Delegado Geral que
subsidiem a tomada de decisão pela implementação de intervenções
organizacionais que possam repercutir positivamente na melhoria da qualidade
de vida dos policiais e na melhoria dos serviços prestados ao cidadão e,
sobretudo, aos profissionais sobre como lidar com burnout, especialmente, de
maneira profilática (na perspectiva de promoção da saúde)
Foi constatado com esta pesquisa que a maioria da amostra
apresenta uma intensidade moderada nas dimensões da síndrome, remetendo à
necessidade de que medidas sejam adotadas pelos policiais e intervenções no
ambiente de trabalho sejam promovidas pela Secretaria de Defesa Social,
visando o bem-estar psicológico da categoria.
Segundo Maslach e Leiter (1997 apud TAMAYO; TRÓCCOLI,
2002) as intervenções para resolver a burnout e/ou preveni-la deve-se ocorrer a
partir da focalização de soluções tanto no trabalhador quanto no local de
trabalho, tendo como finalidade desenvolver um processo que permita recuperar
o equilíbrio entre as expectativas do individuo e as exigências do seu trabalho,
visto que a burnout está mais relacionada a características do ambiente de
trabalho do que às características do trabalhador.
85
Faz-se importante que a Secretaria de Defesa Social leve em conta
a realidade laboral e individual dos policiais. Foi averiguado neste trabalho, por
exemplo, que a maioria dos policiais constituintes da amostra localiza-se na faixa
de 40 a 45 anos, estando relacionado à alta possibilidade de desenvolver a
síndrome, como já foi confirmado em estudos de Schmidt (1991), Cherniss
(1980), Benevides-Pereira (2002), Farber (1984) e Mendes (2002).
Outra conclusão interessante informa que os policiais do sexo
masculino, por apresentarem uma maior tendência a substituir o vínculo afetivo
pelo racional, perdem o sentimento de estar lidando com outro ser humano,
desenvolvendo atitudes negativas. Provavelmente isto decorre das atitudes
masculinas serem mais instrumentais e haver menor demonstração de reações
emocionais no ambiente de trabalho. Para Mendes (2002), no gênero masculino,
quando existe estresse elevado, o fator desencadeante refere-se à falta de
reconhecimento ou compensação.
Durante nossas passagens na delegacia, foi abordada a relevância
que esta pesquisa teria tanto para fins científicos, como para a organização.
Salientamos estes dados nas nossas considerações, uma vez que acreditamos
que os mesmos possam interferir nos resultados ou fornecer explicações para
adoecimentos.
Acreditamos que as informações obtidas nesta pesquisa possam
subsidiar ações administrativas destinadas a minimizar as manifestações da
síndrome de burnout, ou redução dos casos identificados, uma vez que os
resultados aqui apresentados, caso sejam aprofundados com estudos
complementares, poderão orientar diversas ações internas na organização
relacionadas à referida síndrome; bem como poderão ainda subsidiar ações
relacionadas ao fortalecimento do comprometimento e ao uso das estratégias de
coping que são medidas necessárias para que os policiais adaptem-se às
circunstâncias estressantes do seu trabalho.
Quanto ao índice de burnout encontrado entre os pesquisados,
resgatam-se as observações de Maslach (1997) que alerta para o fato de que os
trabalhadores estão a cada dia concedendo a maior parte de seus tempos às
organizações em que trabalham e que a sobrecarga de trabalho talvez seja o
indicativo mais óbvio da divergência entre a pessoa e o trabalho, numa
incongruência que esgota o indivíduo psíquica e fisicamente. Fica evidente que
86
os policiais se sentem impelidos fazer muito, em pouco tempo, com recursos
escassos. Parece ser este o momento das organizações se atentarem para este
fato, que requer mais atenção por parte da sociedade e dos próprios
pesquisadores da área, podendo fornecer maiores subsídios para os
trabalhadores.
Considerando as conclusões acima, eliciamos algumas medidas
que podem ajudar na prevenção da síndrome de burnout:
- Inicialmente pensamos na questão satisfação pessoal em relação
ao trabalho, a função exercida, como um ponto de partida para tudo isso
começar, pois se há insatisfação, há desgaste por não fazer o que se gosta.
Aliado às longas jornadas, ao excesso de tarefas e atividades que envolvem alto
grau de estresse, pode ocorrer um grande desgaste na saúde física e mental do
trabalhador. Pensar e entender o que leva ao excesso de desgaste físico e
emocional é o ponto de partida para se falar em prevenção e, evitar, assim, que
se chegue à burnout.
-Desenvolver grupos de discussão entre os trabalhadores,
proporcionando a estes um ambiente de reflexões, experiências, e formas de
lidar com o estresse ao qual eles são acometidos em seu ambiente de trabalho e
fora deste.
- Ajudar os policiais a relaxarem e aliviarem os sintomas de tensão
e, concomitantemente, recomendar a estes que dediquem alguns minutos de sua
jornada ocupacional à prática de relaxamento.
- No caso dos que já apresentam a incidência de burnout, é
importante que as organizações, a partir de estudos como este, observem essa
incidência e ressalte ao trabalhador a importância de consultar profissionais
qualificados e especialistas no diagnóstico e tratamento do burnout, caso o
policial suspeite estar com esta síndrome.
- A qualidade de vida no trabalho é uma outra condição que
compromete a saúde do trabalhador, uma vez que, as condições de trabalho que
incluem aspectos de bem-estar, garantia da saúde e segurança física, mental e
social, e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso de energia
pessoal, interferem no modo como o trabalhador cria vínculos na organização
também. Logo é importante ressaltar que não depende só da organização ou só
87
do trabalhador, é um trabalho múltiplo, ou seja, conjunto das duas partes,
indivíduo e organização.
- Também seria de grande valia o empreendimento de estudos
sobre burnout e sua aplicação a outras categorias ocupacionais, como uma
forma de ampliar a divulgação da sua importância para a sociedade, de um
modo geral, o que seria o ponto de partida para a criação de políticas públicas a
favor do bem-estar no trabalho por parte dos órgãos governamentais.
Por fim, como sugere Maslach e Leitter (1999) em seu estudo, uma
das principais estratégias para prevenir a síndrome, é enfatizar a promoção dos
valores humanos no ambiente de trabalho. Logo, se queremos nos prevenir da
burnout antes de pensar no trabalho como lamento ou dor, devemos pensar
neste como um ambiente de prazer e inspiração, onde sentimos uma satisfação
pessoal, pois a solução está em ações integradas, que vão do comprometimento
de cada um em consonância com o comprometimento da organização com o seu
colaborador.
88
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APÊNDICE
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APÊNDICE A – Protocolo contendo instrumentos utilizados