UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE Escola de Ciências Médicas e da Saúde RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL São Bernardo do Campo 2016
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
Escola de Ciências Médicas e da Saúde
RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES
IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
São Bernardo do Campo
2016
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RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES
IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
Orientador: Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim.
São Bernardo do Campo, 2016
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A dissertação de mestrado sob o título “Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais”, elaborada por Ricardo Silva dos Santos Durães foi apresentada e aprovada em 16 de novembro de 2016, perante a banca composta por Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim (Presidente/UMESP), Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno (Titular/UMESP) e Profa. Dra. Priscila Dib Gonçalves (Titular/Ipq-HCFMUSP).
________________________________________
Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim
Orientador e Presidente da Banca Examinadora
________________________________________
Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
Programa: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde
Área de Concentração: Psicologia da Saúde
Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento
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Epígrafe
“Em última análise, precisamos amar para não adoecer”.
Freud
“Os psicólogos interessam-se,
sobretudo, por saber em que ocasiões há, ou não, tomada de consciência, mas
negligenciam demasiadamente a outra questão, que lhe é complementar e consiste
em estabelecer ‘como’ ela se processa”.
Jean Piaget
“O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa
que se tornou consciente de si mesma, por meio de perguntas que lhe foram feitas,
está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento”.
Skinner
“Se nossos pensamentos forem limpos e claros, estaremos melhor preparados para
alcançar nossos objetivos.”
Aaron Beck
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RESUMO
Durães, R. S. S. (2016). Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo – São Paulo.
Os pensamentos automáticos, as emoções, os comportamentos e as respostas fisiológicas têm relações entre si e estão diretamente ligados às atribuição das causas, crenças, valores, atitudes e expectativas na relação dos casais e estão associados à satisfação conjugal e sofrimento psíquico. O objetivo desse estudo foi identificar distorções cognitivas em casais e intervir a partir da terapia cognitivo-comportamental e aumentar os níveis de satisfação conjugal. A amostra foi composta por 16 casais heteroafetivos, brasileiros, maiores de 18 anos, alfabetizados e com no mínimo um ano de união. Assim, a idade média da amostra foi de 30,4 (DP=4,13) anos e a maioria (37,5%) relatou ter ensino médio completo. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Escala de Satisfação Conjugal (ESC); Escala de Ajustamento Diádico (DAS); Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI); Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC); Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ); Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD); Inventário Back de Depressão – (BDI) e Inventário Beck de Ansiedade (BAI) aplicados antes e depois da intervenção cognitivo comportamental, além de um Questionário Sociodemográfico. Quanto ao procedimento, os casais passaram por 12 sessões de terapia de 50 minutos com base cognitivo-comportamental. Somente a segunda sessão foi individual. No entanto, a primeira e as demais sessões foram conjuntas. Os resultados mostraram que as distorções cognitivas mais frenquentes foram a Leitura de pensamento 34,4% (n=11) e de hipergeneralização 31,3% (n=10). Foi possível observar que a intervenção cognitivo comportamental se mostou eficaz, corroborando melhora nas satisfação conjugal da maioria dos casais. As correlações de amostras emparelhadas apresentaram significância estatística (p=0,00) na melhora dos níveis de satisfação conjugal, depressão, ansiedade, habilidades sociais conjugais e pensamentos automáticos comparado com o antes e depois da intervenção.
Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental; distorções cognitivas; relações conjugais. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
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ABSTRACT
Durães, R. S. S. (2016). Identification of cognitive distortions in marital relationship and cognitive-behavioral interventions. Master’s dissertation, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil.
Automatic thoughts, emotions, behaviors and physiological responses have
relationships with each other and are directly linked to the attribution of the causes,
beliefs, values, attitudes and expectations in the relationship of couples and are
associated with marital satisfaction and psychological distress. The aim of this
study was to identify cognitive distortions couples and intervene from cognitive-
behavioral therapy and increase levels of marital satisfaction. The sample
consisted of 16 heteroafetivos couples, Brazilian, 18 years, literate and at least one
year of marriage. Thus, the average age of the sample was 30.4 (SD=4,13) years
and the majority (37.5%) reported having completed high school. The following
instruments were used: Marital Satisfaction Scale (ESC); Dyadic Adjustment Scale
(DAS); Relationship Belief Inventory (RBI); Marital Social Skills Inventory (IHSC);
Outra forma de auxiliar o/a cliente na observação de distorções cognitivas é
disponibilizar uma lista com as distorções e seus respectivos exemplos, a fim de
que este/a identifique-as no dia a dia, tornando-os/as conscientes destes
pensamentos e/ou atitudes, facilitando assim, a mudança e restruturação cognitiva
(Beck, 2011).
Posteriormente a identificação de cognições distorcidas, busca-se
explicações alternativas racionais para o ocorrido, bem com, reavaliação dos
estilos de pensamentos. Nesta etapa, o questionamento socrático é importante,
pois as questões vão além do objetivo da obtenção de dados e detalhes de um fato
(Abreu & Guilhardi, 2004; Wright et al., 2006).
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Assim, as questões, quando bem elaboradas, encorajam o indivíduo a
analisar, sintetizar, avaliar diferentes fontes de informação sobre um determinado
evento ocorrido, além de desenvolver habilidades para solução de problemas
relacionados ao evento (Miyazaki, 2004). Por outro lado, é importante que tenha
um equilíbrio entre questionamentos e outras formas de intervenção e estratégias
educativas, ou seja, manter-se concentrado em uma área de questionamento de
alto potencial pode ser mais eficaz (Wright et al., 2010; Dattilio, 2009).
Quadro 1 – Descrição das distorções* cognitivas e seus respectivos significados e exemplos.
Distorção Cognitiva
Significado Exemplo
Leitura de pensamento
Saber o que outra pessoa está pensando e sentindo sem se comunicar diretamente com ela.
Ao notar que o marido/esposa está particularmente quieto e concluir: “Ele/Ela está infeliz com o nosso casamento e deve estar pensando em me abandonar”.
Hipergeneralização Interpretar um evento isolado como representação de situações semelhantes em outros contextos, relacionados ou não relacionados.
Um cônjuge que é criticado pelo outro por não jogar o lixo fora, conclui: “Ele/Ela sempre me critica”, "nunca me elogia".
Abstração seletiva Tirar informações de contexto e destacar certos detalhes, ignorando outras informações como um todo.
Um cônjuge, ao não responder o cumprimento do outro pela manhã, conclui: “Ele/Ela está me ignorando”.
Personalização Atribuir eventos externos a si mesmo, quando não existem evidências suficientes para tirar uma conclusão.
Um cônjuge ao perceber que o outro não está comendo o jantar como havia previsto, conclui: “Ele/Ela detesta minha comida”.
Rotulação Representar a si mesma ou outra pessoa em termos de características estáveis e globais, com base em ações passadas.
Após o cônjuge cometer vários erros no orçamento familiar e no equilíbrio das finanças, conclui: “Ele/Ela é negligente”.
Maximização/ minimização
Julgar um caso ou circunstância como tendo maior ou menor importância do que é adequado.
Caso o cônjuge esqueça a data de casamento, conclui: “Ele/Ela está deixando de me amar”.
Inferência arbitrária Pular para conclusões na ausência de comprovadas evidências concretas.
Um cônjuge, ao notar que o outro chegou em casa do trabalho com meia hora de atraso, conclui: “Ele/Ela deve estar fazendo algo escondido de mim”.
Pensamento dicotômico
Classificar experiências em categorias extremas, mutuamente exclusivas, tais como êxito completo ou fracasso total.
Um cônjuge pode chegar à seguinte conclusão após uma discussão: “Se ele/ela não me ama, então me odeia”.
Nota: *Somente as distorções usadas nesta pesquisa.
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Com o passar do tempo e a prática repetitiva, tanto por parte do cliente
quanto do terapeuta, as habilidades de avaliação e respostas alternativas dos
pensamentos são melhoradas (Beck, 2011; Leahy, 2003).
3.11. Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças centrais
Os pensamentos automáticos surgem no dia a dia descrevendo imagens e
pensamentos à medida em que as pessoas estão em consonência com as suas
experiências. Geralmente, os PA’s não são conscientes às pessoas como são
percebidas as reações emocionais que as precedem. Por outro lado, as crenças
centrais são a base da construção da tríade cognitiva, ou seja, a visão de si
mesmo, do mundo e do futuro (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010; Beck, 2011;
Wright, Basco, & Thase, 2006).
Identificar as crenças centrais do cliente é fundamental para o decorrer da
terapia, pois, geralmente, está associado a problemas emocionais. No entanto, é
necessário uma correta interpretação (McMullin, 2000). Estas são ideias mais
profundas e rígidas sobre si próprio, geralmente, formadas desde a infância. Já as
crenças intermediárias são suposições feitas pela pessoa sobre determinado
evento, tendo base em atitudes e regras não relacionadas diretamente às
situações (Abreu & Guilhardi, 2004).
3.12. Regulação emocional e reestruturação cognitiva
A mudança ou reestruturação cognitiva é colocada como um dos fatores mais
importantes para a melhora emocional. O primeiro passo no processo de
reestruturação cognitiva é auxiliar o indivíduo a identificar o sentimento relacionado
a um sofrimento significativo dentro de um contexto específico (Charchat-Fichman,
Fernandes, & Landeira-Fernandez, 2012).
O pensamento a ser identificado e modificado pode estar ligado diretamente à
emoção desagradável intensa experimentada numa situação específica (Peçanha,
2005). O indivíduo é questionado por meio de técnicas de “flechas descendentes” e
busca respostas mais racionais e explicações alternativas para seus pensamentos
distorcidos específicos, bem como refletir sobre as vantagens e desvantagens de
uma determinada crença (Beck, 2011; Leahy, 2003; Wright et al., 2010).
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Segundo Leahy, Tirch e Napolitano (2005), os processos cognitivos podem
levar o indivíduo a uma experiência emocional exacerbaba e essa ser um grande
fator de vulnerabilidade à depressão e a ansiedade. Isto envolve pensamentos
automáticos e atitudes disfuncionais. Assim, as distorções cognitivas podem ser
parte de um trantornno depressivo ou de ansiedade ou, ainda, vulnerabilidades
latentes dependentes do humor.
Quadro 2 – Registro de Pensamentos Disfuncionais
Registro de Pensamentos Disfuncionais Orientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos, bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.
Situação Emoção Pensamento Automático
Resposta alternativa
Resultado
DESCREVER: Evento real que
conduziu a emoção desagradável ou recordação que
conduziu à emoção desagradável.
ESPECIFICAR: Sentimentos ou
emoções (triste/ ansioso, raivoso etc.) que sentiu naqula situação;
Classificar grau de intensidade e
convicção emoção - 1 - 100%
ESCREVER: Pensamento
Automático que precedeu a/as emoção/ões; Classificar o quanto você
acredita neste pensamento
automático - 1 - 100%
ESCREVER: 1 - Utilize as
perguntas abaixo a fim de encontrar a
resposta alternativa ao pensamento; 2 - Possível Distorção Cognitiva;
3 - Classificar crença em
resposta racional – 1 - 100%
REAVALIE: 1 - Reavalie a
crença em Pensamento/s automático /s
1-100%; 2. Especificar e
reavaliar Emoção/ões ou
comportamento/s subsequentes - 1 -
100%.
Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro? Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso? Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a um amigo que tivesse o mesmo pensamento?
Ao fazer uma reinterpretação dos eventos potencialmente estressantes e
mudança dos pensamentos distorcidos, o indivíduo pode, também, mudar o
impacto emocional relacionado a este. Embora estas técnicas cognitivas tenham
sido questionadas, pesquisas mostram a eficácia destas no tratamento da
depressão e da ansiedade (Beck et al., 1979; Wright et al., 2010; Dobson & Dezois,
Estruturar as sessões de terapia cognitivo-comportamental facilita na
compreensão do evento, nas queixas, além de possibilitar a percepção de
possíveis meios da resolução de problemas e mudanças de comportamentos
(Beck, 2011). Além disso, as torna mais eficientes e educativas, levando o
indivíduo a utilizar as técnicas, teorias e habilidades aprendidas em situações e
problemas futuros. No entanto, o objetivo não é tornar o processo mecânico, e sim,
claro (Finger, 2012; Peçanha, 2009).
Quadro 5 – Passos importantes de uma sessão cognitivo-comportamental
Passos Descrição
Avaliação do humor A fim de saber e comparar a evolução do humor entre cada sessão pode-se avaliar o cliente por meio de uma escala. Por exemplo, de 0 a 100, sendo 0 o pior humor que já se teve e 100, o melhor humor, que nota você daria para o seu humor, hoje e na semana?
Breve atualização Permite saber se as sessões estão gerando uma resposta terapêutica. É possível fazer esta avaliação perguntando diretamente à pessoa ou através de escalas e inventários.
Realização de uma ponte com a sessão anterior
Nas primeiras sessões é recomendável que o cliente seja levado a compreender o que está acontecendo com ele e como fazer para melhorar. Nas sessões intermediárias as responsabilidades e condução devem ser divididas entre terapeuta e cliente, o qual é estimulado a contribuir de forma mais ativa. Assim, a fase final deve ser marcada por técnicas e direcionamentos à prevenção de recaídas.
Estabelecimento de agenda Tem o objetivo de estabelecer o que será tratada na sessão, além de dar oportunidade do cliente falar o que realmente tem relação com o problema e com o cumprimento de suas metas terapêuticas. É preciso ter o cuidado de não colocar muitos tópicos para a discussão. Estes devem ser específicos, mensuráveis e focados na resolução.
Discussão dos tópicos da agenda e utilização de ferramentas terapêuticas
Os tópicos precisam desenvolver melhoras nos sentimentos, pensamentos ou comportamento do cliente. Se necessário, um tópico pode ser abordado até que a intervenção demonstre resultados (por exemplo, modificação do pensamento, alívio do sentimento).
Revisão da tarefa de casa É importante estar atento quanto a resistência em realizá-las. Isto pode ser evitado tornando-as descomplicadas e claras.
Estabelecimento de nova
tarefa de casa O/A terapeuta sempre deve anotar qual foi a tarefa solicitada (não muitas
para uma semana) e, antes do início dos encontros, reservar tempo para revisar e falar da tarefa anterior.
Solicitar feedback Este é o momento em que o/a cliente fala sobre a presente sessão, de forma sintetizada e tira as possíveis dúvidas ou mal entendidos.
Nota: Baseada na proposta de Finger, 2012.
Na sessão de avaliação desenvolve-se uma conceitualização de caso inicial
em colaboração com o cliente. No entanto, o/a terapeuta deve observar se está
apto para atender o cliente, caso contrário, deve fazer encaminhamentos. Então, é
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necessário colher informações sobre a história familiar, status social, história
religiosa, valores, estratégias de enfretamento e adaptação, como interage com
familiares, amigos e no trabalho, como gasta o tempo livre. Entretanto, estes dados
não se limita somente a esta sessão, mas no decorrer do tratamento deve-se ficar
atento às novas questões que podem surgir (Beck, 2011; Baucom, Epstein, Kirby,
& LaTaillade, 2010).
Embora a TCC tenha uma estrutura pré-estabelecida, muitos clientes se
sentem comfortáveis quando o/a terapeuta pergunta-os como ele gostaria que
fosse a sessão. Ademais, também é importante saber as expectativas do cliente
sobre o tratamento e deixar claro as questões sobre o setting (Kuyken, Padesky, &
Dudley, 2010; Beck, 2011).
Na primeira sessão após a avaliação o estabelecimento de um bom rapport é
de fundamental importância, assim como a confiança e a esperança. Além disso,
deve-se socializar o/a cliente sobre os processos do tratamento e do modelo
cognitivo-comportamental (Beck, 2011). Assim, esta sessão, bem como as demais
no modelo cognitivo-comportamental tem um início, meio e fim pré-estabelecido,
pois isto, também faz parte do processo de psicoeducação (Beck, 2011; Wright et
al., 2010).
3.20. Tarefas de casa
A tarefa de casa que também pode ser chamado de “exercícios entre
sessões”, “tarefas terapêuticas”, “atividades para a semana” é uma ferramenta
fundamental na terapia cognitivo-comportamental, pois o/a cliente desenvolve
habilidades para lidar com problemas em situações reais. Pesquisas mostram que
quem as executa, geralmente, apresenta maiores resultados de melhoras do que
aqueles/as que não as realiza (Beck, 2011; Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010).
No estabelecimento de nova tarefa de casa, o/a terapeuta sempre deve
anotar qual foi a tarefa solicitada e, antes do início das sessões, revisar e falar da
tarefa anterior. Entretanto, é importante não solicitar muitas tarefas para uma única
semana para não tornar um fardo. As possíveis resistências em realizar as tarefas
de casa pode ser evitadas tornando-as descomplicadas e claras. Por outro lado,
quando não se faz a revisão das tarefas, pode também gerar desinteresse ou
Razão da união Gravidez 37,5 (6) 37,5 (6) 37,5 (12)
Amor 25,0 (4) 18,8 (3) 21,9 (7)
Outros* 37,5 (6) 43,8 (7) 40,6 (13)
Pais divorciados
75,0 (12) 68,8 (11) 71,9 (23)
Recasamento 18,8 (3) 18,8 (3) 18,8 (6)
Nota: EMC=ensino médio completo; EFI=ensino fundamental incompleto; EFC=ensino fundamental completo; ESI=ensino superior incompleto; EMI=ensino médio incompleto; ESC=ensino superior completo. Os dados sobre os serviços religiosos diz respeito a frequência de pelo menos uma vez por semana. DP=desvio padrão. *solidão, sexo, questões religiosas, não sabe explicar.
As principais queixas apresentadas (Tabela 2) mostram que a comunicação
disfuncional que, conforme relatos, inclui verbalização agressiva ou estupida,
silêncio, ironia, desrespeito foi a mais notificada. Entre os homens foi 62,5% e
entre as mulheres, 43,8% e no total, 53,1%. A segunda queixa foi a traição com
18,8%) mais prevalente no relato das mulheres. A falta de iniciativa que, segundo
relatos, envolve responsabilidades domésticas, cuidado com os filhos e resolução
de problemas foi a terceira queixa mais encontrada no total (9,4%), sendo 12,5%,
entre as mulheres e 6,3%, n=1, entre os homens.
Também houve relatos de mau humor e falta de afeto. Ambos 12,5%, sendo
um homem e uma mulher em cada variável (6,3%). Queixas de relações sexuais
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foram duas (12,5%), na qual, somente apresentada entre os homens que relataram
indisposição por parte das parceiras. Da mesma forma, a desconfiança como
principal queixa somente foram apresentadas por mulheres (12,5%) que relataram
viver em tensão a todo tempo por ter um parceiro imprevisível e que não é digno
de confiança.
Tabela 2 – Frequência das principais queixas entre os 32 participantes.
Principais queixas
Tipos Homem (n=16) Mulher (n=16) Total (n=32)
% (n) % (n) % (n)
Comunicação* 62,5 (10) 43,8 (7) 53,1 (17)
Traição 6,3 (1) 18,8 (3) 12,5 (4)
Falta de iniciativa 6,3 (1) 12,5 (2) 9,4 (3)
Mau humor 6,3 (1) 6,3 (1) 6,3 (2)
Falta de afeto 6,3 (1) 6,3 (1) 6,3 (2)
Relações sexuais 12,5 (2) 0 6,3 (2)
Desconfiança 0 12,5 (2) 6,3 (2)
Nota: As queixas de comunicação envolvem estupidez, desrespeito, silêncio, ironia e agressividade verbal.
Quanto as distorções (Tabela 3) a Leitura de pensamento com 34,4%, e a
Hipergeneralização com 31,3%, foram as mais frequentes com p<0,05.
Tabela 3 – Frequências das distorções cognitivas nos 32 participantes.
Distorções cognitivas
Tipos Homem (n=16) Mulher (n=16) Total (n=32) p
% (n) % (n) % (n)
Leitura de pensamento 12,5 (2) 56,3 (9) 34,4 (11) 0,05*
Na tabela 4 constam as tabulações cruzadas (crosstabs/tables) com as
variáveis nominais Gênero, Pais divorciados, Escolaridade, Renda familiar,
Práticas religiosas semanais, Razão do casamento, Recasamento e Queixa
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principal por Distorções cognitivas pelo Teste qui-quadrado a fim de verificar a
existência de dependência entre essas variáveis. Contudo, dentre as sete
distorções encontradas, foram selecionadas Leitura de pensamento e
Hipergeneralização para fazer as tabulações, pois as demais tiveram resultado
muito baixo (1 ou 2), além de que a amostra é relativamente pequena, o que
poderia ser incoerente para esta análise. Assim, as estatísticas de cada tabela
foram baseadas em todos os casos com dados válidos no/s intervalo/s
especificado/s para todas as variáveis de cada tabela. Dessa foma foi observada
significância somente entre as variáveis Gênero e Distorções cognitivas (p=0,00).
As demais tiveram resultados estatísticos negativos.
Tabela 4 – Resultados das tabelas cruzadas para verificação de dependência
entre variáveis sociodemográficas e distorções cognitivas.
Teste de tabelas cruzadas
Variáveis DC
p
Escolaridade HG 0.88a
LP
Razão da união HG 0.85a
LP
Principal queixa HG 0.53a
LP
Gênero HG 0.01*b
LP
Pais divorciados HG 1.00b
LP
Renda familiar HG 0.31b
LP
Práticas religiosas HG 0.66b
LP
Recasamento HG 0.59b
LP
Média (DP)
Número de filhos HG 1,60 (0,97) 0,66**
LP 1,55 (1,37)
Idade HG 30,20 (1,75) 0,14***
LP 27,73 (4,92)
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Tempo de casamento HG 7,90 (3,18) 0,75***
LP 7,36 (4,39)
Nota: DC=distorções cognitivas; aTeste Qui-quadrado baseado em 10000 tabelas de amostra com o valor inicial 126474071, variáveis com mais de duas categorias e resultados fornecidos por Sig. Monte Carlo (2 lados); bTeste Qui-quadrado para a tabulação cruzada 2x2, resultados exatos são fornecidos em vez dos resultados de Monte Carlo. *p<0,01; ** Teste de Mann-Whitney; ***Teste Qui-quadrado.
Para as variáveis ordinais idade, número de filhos e tempo de casamento foram
feitos testes não-paramétricos. Assim, após o Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma
amostra para verificar a normalidade da distribuição utilizou-se o Teste Mann-
Whitney (Tabela 6) para a variável ordinal número de filhos (Z-0,44; p=0,71),
obtendo então, resultado negativo. Para as variáveis idade e tempo de casamento
foram feitos testes de amostras independentes e os resultados do teste-t o que
também não foram significativos, ou seja, não houve diferença entre idade (p=0,14)
e nem tempo de casamento (p=0,75) e os grupos de distorções cognitivas de Leitura
de pensamento e Hipergeneralização.
A fim de verificar se há diferenças entre as variáveis Satisfação Conjugal,
Crenças Disfuncionais, Pensamentos Automáticos e Atitudes Disfunicionais e as
distorções cognitivas de Leitura de pensamento e Hipergeneralização covariado por
gênero. Nesta análise foi utilizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma amostra
para identificar a normalidade da distribuição do teste e correção de Significância de
Lilliefors. Em seguida, a partir da análise univariada, baseada em todos os casos
com dados válidos para todas as variáveis no modelo e nas médias marginais
estimadas.
Os resultados das análises de pares ajustados para diversas comparações
expressos na tabela 5 mostrou que não existe diferença significante entre nenhuma
escala e os grupos de distorções (HG/LP), covariados por gênero.
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Tabela 5 – Resultados da análise univariada das VD’s, antes da intervenção, entre as
distorções, covariada por gênero.
Comparações de pares univariada ANOVA
VD Antes Distorções Média** Erro Padrão p *
ESC HG 52,85 3,30 0,28
LP 47,22 3,11
BDI HG 11,36 2,14 0,17
LP 16,03 2,02
BAI HG 2,33 0,18 0,10
LP 2,79 0,17
DAS HG 45,61 5,56 0,29
LP 36,35 5,24
IHSC HG 115,23 6,02 0,41
LP 107,52 5,68
RBI HG 87,63 4,76 0,62
LP 91,33 4,49
ATQ HG 111,48 8,24 0,97
LP 110,93 7,77
EAD HG 123,44 3,84 0,25
LP 116,42 3,62
Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. HG=hipergeneralização; LP=leitura de pensamento. **As covariáveis que aparecem no modelo são avaliadas nos seguintes valores: Gênero = 1,5238. *Baseado em médias marginais estimadas, ajustado para diversas comparações: Bonferroni.
Utilizou-se ainda o teste-t pareado para verificar estatisticamente a existência
de diferença de tempo para as variáveis Satisfação Conjugal, Depressão,
Disfuncionais, Pensamentos Automáticos e Atitudes Disfunicionais comparando
antes e depois da intervenção, com base nos casos sem dados ausentes ou fora
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do intervalo para qualquer variável da análise (Tabela 6). As correlações de
amostras emparelhadas resultaram em significância estatística, com excessão
das variáveis Atitudes Disfunicionais, Ansiedade e Crença sobre o relacionamento.
Tabela 6 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e depois da
intervenção para todas as escalas.
Teste t de amostras pareadas
Variáveis
Antes Depois
p Média (DP) Média (DP)
ESC 49,9 (8,9) 44,6 (11,5) 0,00*
BDI 13,8 (6,6) 10,3 (6,7) 0,00*
DAS 40,8 (16,0) 33,9 (17,8) 0,00*
IHSC 111,2 (16,2) 107,6 (19,9) 0,00*
ATQ 111,2 (21,5) 100,4 (23,5) 0,00*
EAD 119,8 (11,3) 123,0 (14,8) 0,65
RBI 89,6 (12,5) 84,1 (20,4) 0,15**
BAI 14,8 (8,5) 10,6 (9,1) 0,08**
Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI=Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. *p<0,01; **Teste NPar de Classificações Assinadas por Wilcoxon.
A tabela 7 expressa os resultados da correlação entre o tempo antes e depois
da intervenção e apresenta a eficácia da intervenção por gênero. Assim, foi feito
um teste t pareado com as os resultados das escalas ESC, DAS, RBI, ATQ, BDI,
BAI, IHSC e EAD. Entre os homens, não houve significância estatística para BAI e
EAD e, entre as mulheres, somente a variável EAD. Além disso, as mulheres
apresentaram maiores índices de redução dos sintomas que afetavam
negativamente a relação conjugal.
68
Tabela 7 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes
e depois da intervenção.
Teste t Pareado
Homem
Mulher
Média (DP) P Média (DP) P
ESC
Antes 47,4 (8,8) 0,00*
48,9 (9,6) 0,02**
Depois 43,3 (9,2)
44,9 (11,7)
DAS
Antes 34,2 (12,5) 0,00*
42,2 (15,5) 0,00*
Depois 31,1 (14,2)
36,0 (19)
RBI
Antes 90,6 (9,7) 0,00*
87,8 (13,8) 0,03**
Depois 87,1 (18,1)
80,7 (17,6)
ATQ
Antes 112,9 (15,9) 0,00*
106 (23,3) 0,01*
Depois 102,4 (19,7)
97,7 (20,6)
BDI
Antes 11,5 (4,4) 0,01*
16,4 (6,4) 0,04**
Depois 9,0 (4,2)
11,9 (7,1)
BAI
Antes 13,7 (6,3) 0,25
14,8 (8,1) 0,00*
Depois 9,5 (9,1)
8,9 (6,1)
IHSC
Antes 112,3 (13,3) 0,00*
111,6 (17) 0,00*
Depois 106,7 (14,7)
112,3 (20,7)
EAD
Antes 122,1 (13,8) 0,15
118,5 (9,8) 0,47
Depois 121,2 (14,8) 124,3 (12)
Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. *p<0,01; **p<0,05.
Foi feito um Teste não-paramétrico de Classificações Assinadas por Wilcoxon
para as variáveis BAI e RBI uma vez que estas não apresentaram normalidade na
distribuição do Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma amostra (tabela 8). No
69
entanto, estas duas variáveis não apresentaram diferenças significativas de tempo
(antes e depois da intervenção).
Tabela 8 – Resultados de teste não-paramétrico de BAI e RBI,
antes e depois da intervenção.
Teste de Classificações Assinadas por Wilcoxon
Variáveis Z P
BAI-Depois - BAI-Antes -1.74 0,08
RBI-Depois - RBI-Antes -1.43 0,15
Nota: BAI=Inventário Beck de Ansiedade; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento. Z=baseado nos postos positivos.
A fim de identificar correlações entre as variáveis por gênero foram realizadas
correlações de pearson com o tempo antes da intervenção e, separadamente o
tempo depois da intervenção.
Os resultados para as variáveis antes apresentados (Tabela 9) mostram
correlação de ESC com DAS e ATQ; BDI com IHSC e RBI; DAS com IHSC, ATQ e
RBI; IHSC com ATQ e RBI. Já as variáveis Atitudes Disfuncionais e Ansiedade não
apresentaram correlação por gênero.
Tabela 9 – Resultados das correlações de Pearson das variáveis por gênero – antes e depois da
intervenção terapêutica.
Correlações de Pearson
Por gênero Variáveis de controle – antes
ESC BDI BAI DAS IHSC QPA RBI EAD
ESC p
0,27 0,62 0,00* 0,08 0,00* 0,46 0,74
BDI p
0,81 0,11 0,03** 0,25 0,00* 0,56
BAI p
0,82 0,80 0,71 0,98 0,54
DAS p
0,01* 0,01* 0,02** 0,86
IHSC p
0,02** 0,02** 0,68
QPA p
0,69 0,83
RBI p
0,57
EAD p
70
Variáveis de controle – depois
ESC BDI BAI DAS IHSC QPA RBI EAD
ESC p
0,01* 0,00* 0,00* 0,11 0,09 0,03** 0,30
BDI p
0,04** 0,00* 0,09 0,08 0,00* 0,43
BAI p
0,00* 0,46 0,01* 0,07 0,12
DAS p
0,17 0,20 0,01* 0,17
IHSC p
0,33 0,03** 0,95
QPA p
0,23 0,95
RBI p
0,81
EAD p
Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional; *p <0,01; **p <0,05.
Por outro lado, os resultados para as variáveis depois da intervenção
apresentaram (parte inferior da tabela 9) correlação de ESC com BDI, BAI, DAS e
RBI; o BDI com BAI, DAS e RBI; BAI com DAS e ATQ; DAS com RBI; IHSC com
RBI. Entretanto, a variável EAD não apresentou correlação por gênero com
nenhuma das demais.
71
9. DISCUSSÃO
Esta pesquisa foi motivada a partir da percepção dos grandes e constantes
conflitos entre casais e a dificuldade destes resolverem seus problemas que, às
vezes se mantinham por falta de habilidades sociais ou por padrões de
pensamentos rígidos e irraizados, expectativas irrealistas sobre relacionamento
conjugal e atribuições disfuncionais. Além do que, estes desajustes e insatisfações
conjugais são fatores de risco para transtornos mentais, principalmente a
depressão (Mosmann & Falcke, 2011).
Neste cenário este estudo teve como objetivo principal identificar as
distorções cognitivas que interferem na dinâmica e satisfação do casal, bem como
utilizar técnicas cognitivo-comportamentai para modificá-las por crenças mais
realistas a fim de melhorar a percepção da relação e a satisfação conjugal.
Destaca-se que os estudos de TCC com casais em sua maioria trabalham com
crenças irracionais, pensamentos automáticos e ajustamento diádico (Kavitha,
entre elas e como estas relações podem interferir na relação conjugal.
81
O protocolo cognitivo-comportamental desenvolvido neste projeto com casais
resultou em melhoras signitifcativas no que tange às variáveis satisfação conjugal,
depressão, habilidades sociais conjugais, ajustamento do casal e pensamentos
automáticos.
10.1. Limitações
Não foi utilizada escala para mensurar o grau de conflitos entre os casais
antes do início da terapia, no entanto, foi verificado o grau de insatisfação conjugal
na primeira sessão.
A ausência de um grupo controle a fim de verificar e comparar níveis de
melhoras das variáveis pesquisadas em casais que, por exemplo, não passaram
pelas 12 sessões de terapia, mas foram orientados através de palestras
reperesenta outro aspecto de limitação deste estudo.
10.2. Orientações para futuras pesquisas
Para futuras pesquisas, é importante detalhar a caracterização dos conflitos
da amostra e avaliar e mensurar os níveis de cada conflito, antes e depois da
intervenção. Além disso, pode-se verificar a relação dos conflitos com o uso de
álcool e/ou drogas, personalidade e problemas psiqiátricos.
Como sugestão, indicamos também um follow-up estruturado de seis (6) e
doze (12) meses, com uma amostra mais robusta, avaliando todas as variáveis
utilizadas nesta pesquisa a fim de verificar quais as áreas mais vulneráveis à
recaída e quais as habilidades mais eficazes a longo prazo.
82
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92
ANEXOS17
17 Os questionários, escalas e inventários não foram publicados, pois são instrumentos de avaliação de uso restrito de psicólogos/os.
93
1 Termo de autorização da instituição
94
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Eu, _______________________________________________ consinto de minha livre e espontânea vontade, participar da pesquisa “Identificação de disfunções cognitivas e intervenção a partir de técnicas cognitivo-comportamentais com casais”, sob a responsabilidade dos pesquisadores Ricardo Silva dos Santos Durães aluno do Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde e do Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim seu orientador da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Fui informado que o objetivo do estudo é identificar as disfunções cognitivas que interferem na dinâmica de casais. Bem como estou ciente que os riscos estão reduzidos ao mínimo por se tratar apenas de aplicação de questionários de autopreenchimento com duração de no máximo 40 minutos, além de 12 encontros durante 07 meses. No entanto, durante a aplicação do questionário e das sessões, poderá ocorrer cansaço físico,
mental e/ou reação emocional. Caso isso ocorra, o participante poderá interromper a qualquer
momento e desistir, independentemente do motivo, sem sofrer dano algum e se necessário
contará com o apoio em termos de atendimento e /ou orientação por parte dos pesquisadores.
Sei que se for recomendado, necessário ou de meu interesse, poderei contar com o atendimento
psicológico na Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo pelos pesquisadores
responsáveis.
Enquanto participante declaro estar ciente de que poderei interromper / desistir de minha
participação a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo. Bem como ficou devidamente
esclarecido que não precisarei pagar ou gastar nenhuma quantia monetária em nenhum
momento da pesquisa, pois, todos os custos com os materiais para a execução da pesquisa
ficarão a cargo dos pesquisadores.
Como se trata de uma pesquisa que respeita a integridade do participante, não acarretando em
riscos previsíveis para sua saúde, ou seja, os riscos envolvidos são mínimos. No caso de alguma
ocorrência que traga dano decorrente da participação na pesquisa, estou ciente de que terei
direito a uma indenização, conforme estabelecido na Resolução 466/12.
Estou ciente de que tenho assegurado que minha privacidade será totalmente preservada e as
informações permanecerão em sigilo, não sendo divulgado em nenhum momento o meu nome
e/ou outros dados que possam me identificar.
Eu terei acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais
dúvidas, em qualquer momento. O pesquisador principal é o Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim,
que pode ser encontrado nos seguintes endereços: Rua Ovídio Pires De Campos No. 785 – CEP:
05403-903 - NUFOR– Ambulatório do Programa de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica , 1º
ANDAR Telefone (s) 26621-7929 (Andréa Secretária) e no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Saúde - Universidade Metodista de São Paulo – Campus Planalto, na Av. Dom Jaime
de Barros Câmara, 3º andar, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09895-400, Telefone: 4366-5351,
como também com o pesquisador executante Ricardo Silva dos Santos Durães no Programa de
Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - Universidade Metodista de São Paulo – Campus
Planalto, na Av. Dom Jaime de Barros Câmara, 3º andar, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09895-
400, Telefone: 4366-5351.
95
Se eu tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entrarei em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UMESP) – Rua do Sacramento, 231 – Ed. Capa sala 401-
Estado Civil: ( ) Casado/a ( ) União estável ( ) Separado/a ou Divorciado/a Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não - Quantos? __________ Vive com eles? ( ) Sim ( ) Não Biológico? ( ) Sim ( ) Não Adotivo? ( ) Sim ( ) Não Do outro casamento? ( ) Sim ( ) Não ( )
Professa alguma religião? Sim ( ) Não ( )
Se afirmativo, qual _________________. É praticante? Sim ( ) Não ( )
Histórico do casamento
Quanto tempo tem o casamento? ______________________________
Quem vive na sua casa atual?
18 Baseado na tese: Peçanha, R. F. (2009). Técnicas cognitivas e comportamentais na terapia de
casal: uma intervenção baseada em evidências. 332 f. Dissertações (Doutorado em Psicologia) - Curso de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.http://raphaelfischer.com.br/Tese-Modificada.pdf>. Acesso em: 20/08/14.
97
Escolaridade:
( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino superior completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Pós-graduação completa ( ) Ensino médio completo ( ) Pós-graduação incompleta
B. Quais foram os principais eventos da época em que vocês se conheceram até quando decidiram se casar? _________________________________________________________
C. Como vocês se relacionavam durante esse período de tempo – brigas, afeição, comunicação, diversão juntos etc.? _________________________________________________________
C. Quais foram os principais eventos, tanto positivos quanto negativos, que aconteceram desde que vocês se casaram? _________________________________________________________
A. Quando cada um de vocês percebeu primeiro que seu relacionamento estava passando por dificuldades significativas? _________________________________________________________
99
B. Como vocês decidiram buscar aconselhamento neste momento?
2. Quais foram as suas contribuições que você percebeu para as dificuldades no seu relacionamento anterior? _________________________________________________________
19 Baseado no livro: Dattillio, F. M. (2011). Manual de terapia cognitivo-comportamental para casais e
famílias. Porto Alegre, RS: Artmed, p. 30-33.
101
3 Registro de Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional
Thoughts)20
Registro de Pensamentos Disfuncionais
Orientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos, bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.
Situação Emoção Pensamento Automático
Resposta alternativa
Resultado
DESCREVER: Evento real que
conduziu a emoção desagradável ou recordação que
conduziu à emoção desagradável.
ESPECIFICAR: Sentimentos ou
emoções (triste / ansioso, raivoso etc.) que sentiu naqula situação;
Classificar grau de intensidade e
convicção emoção - 1 - 100%
ESCREVER: Pensamento
Automático que precedeu a/as emoção/ões;
Classificar o quanto você acredita neste
pensamento automático - 1 -
100%
ESCREVER: 1 - Utilize as
perguntas abaixo a fim de encontrar a
resposta alternativa ao pensamento;
2 - Possível Distorção Cognitiva;
3 - Classificar crença em
resposta racional – 1 - 100%
REAVALIE: 1 - Reavalie a
crença em Pensamento/s automático /s
1-100%; 2. Especificar e
reavaliar Emoção/ões ou
comportamento/s subsequentes - 1 -
100%.
Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro? Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso? Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a um amigo que tivesse o mesmo pessamento?
Nota:
20 Baseado no livro: Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. & Emery, G. (1997). Terapia Cognitiva da
Depressão. Porto Alegre: Artes Médicas.
102
13. Princípios Para Quem Fala e Para Que Ouve30
Para quem fala
Ser breve: Tentar ser o mais conciso possível naquilo que se tem a dizer.
Ser específico: Evitar comentários vagos e genéricos.
Não insultar, xingar ou acusar: Limita-se a sugerir uma atitude corretiva sem
acusar ou culpar o outro.
Não rotular: Evitar rótulos como “egoísta”, “irresponsável” que costumam ser
generalizações e que encobrem o problema em questão.
Não ser absoluto: Não usar expressões como “nunca” e “sempre”. Estes são
termos inexatos e só pedem por refutação.
Afirmar de forma positiva. Evitar críticas: A parceira pode falar ao companheiro
”Quero sua ajuda para jogar o lixo fora”, e não “você nunca me ajuda a retirar o lixo”.
Não tentar ler as intenções do outro: As inferências costumam estar errada a
maior parte das vezes, o que só agrava a situação.
Para quem ouve
Descubra os pontos de acordo ou de entendimento mútuo: A ideia é que você
não pareça um oponente.
Desconsiderar as afirmações negativas do outro: Tente se concentrar na causa
do rancor e ignorar as expressões de culpa e de crítica.
Faça perguntas a si mesmo: Às vezes a queixa do companheiro pode parecer
clara a ele, mas não a você. Pergunte-se “O que ela(ele) está tentando me dizer?”.
Verifique o seu entendimento das queixas do outro: Por exemplo, “Você está
tentando me dizer que ...” ou “Acho que você está me dizendo que ...”.
30 Baseado no livro: Beck, A. T. (1995). Para além do amor. Tradução de Paulo Fróes. Rio de Janeiro: Record.
103
Esclareça os seus motivos: Caso você ache que está sendo interpretado
incorretamente por seu parceiro(a), diga os fatores que levaram você a se comportar
de determinada maneira.
Não receie dizer que sente muito: Amar requer a manifestação do arrependimento
quando se magoa o outro de forma inadvertida ou deliberada. É importante
comunicar este sentimento.
Regras De Etiqueta Para O Diálogo
Essas são cinco diretrizes que podem ajudar a tornar as conversas mais alegres e
também mais eficazes.
Sintonizar no canal do parceiro
Para se ter uma conversa frutífera é necessário que marido e mulher estejam
sintonizados um no outro, que estabeleçam contato um com o outro. Fale
diretamente ao seu parceiro o que você deseja em uma conversa com ele. Por
exemplo, um conselho prático ou um apoio emocional. O outro cônjuge por sua vez
precisa ser sensível a esses sinais.
Dar sinais de que está ouvindo
É importante que o ouvinte demonstre que está escutando atentamente o que fala.
As pessoas às vezes se esquecem que a conversa é uma troca mútua de
informações e de ideias.
Exemplos de vocalizações que indicam ao parceiro que ele está sendo ouvido são:
“hum-hum, hã-hã”, “estou entendendo; estou ouvindo”. Também podem ser
utilizadas expressões faciais e corporais para informar a outra pessoa que ela está
sendo ouvida atentamente. Por exemplo, balançar a cabeça positivamente.
Não interromper
As interrupções podem parecer muito naturais para quem interrompe, mas podem
evocar uma série de pensamentos negativos em quem é interrompido. Por exemplo,
“Ela não me escuta”, “Ele só quer ouvir a si mesmo” etc.
104
Perguntar com habilidade
As perguntas podem dar início a uma conversa e mantê-la em andamento – ou
interrompê-la prematuramente. Uma boa pergunta pode às vezes ter um efeito
positivo para seu parceiro falar. Por exemplo, pedir ao seu cônjuge a opinião sobre
alguma coisa.
Por outro lado, algumas pessoas interrompem o fluxo de um diálogo por seu estilo
de conversar. Respondem as perguntas feitas de uma forma monossilábica. Por
exemplo, quando a esposa pergunta “Como foi seu dia?”, o marido responde
“Legal”. Ela volta a perguntar “Aconteceu alguma coisa diferente?”, ele responde
”Nada”, assim por diante. Por fim, as perguntas que começam com “por que” devem
ser evitadas, pois costumam bloquear o diálogo por parecerem acusatórias.
Usar de tato e de diplomacia
Todas as pessoas têm áreas sensíveis em suas vidas, incluindo o seu cônjuge.
Fique atento e use de critério antes de abordar determinados assuntos durante uma
conversa amistosa. Por exemplo, algumas pessoas costumam falar do aparente
excesso de peso da outra quando está conversando sobre um assunto totalmente
diferente.
105
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106
Lista de Atribuições Disfuncionais31
1. Não acredito que as coisas que eu digo e faço pioram as coisas entre nós dois. 2. Mudando como eu ajo não mudaria nosso casamento. 3. Mesmo se minha personalidade mudasse, nós ainda não nos daríamos melhor de qualquer forma. 4. Qualquer tipo de dificuldade que nós tenhamos, não é por causa do tipo de pessoa que eu sou. 5. Se meu parceiro fizesse as coisas de forma diferente, poderíamos nos dar melhor. 6. O modo como meu parceiro me trata determina quão bem nos damos. 7. Quaisquer dos problemas que nós temos são causados pelas coisas que meu (minha) parceiro (a) diz e faz. 8. Mesmo se a personalidade do meu (minha) parceiro (a) mudasse, ainda não nos daríamos melhor de qualquer modo. 9. A personalidade do (a) meu (minha) parceiro (a) teria que mudar para que nos déssemos melhor. 10. Nós nos lidaríamos melhor, se não fosse pelo tipo de pessoa que ele (ela) é. 11. Meu (minha) parceiro (a) faz intencionalmente coisas para me irritar. 12. Parece que o (a) meu (minha) parceiro (a) deliberadamente me provoca. 13. Tenho certeza que meu (minha) parceiro (a) às vezes faz coisas apenas para me aborrecer. 14. Penso que meu (minha) parceiro (a) me perturba de propósito. 15. Quando não estamos nos dando bem, me pergunto se meu (minha) parceiro (a) me ama. 16. Quando as coisas não estão bem entre nós, sinto que meu (minha) parceiro (a) não me ama. 17. Quando as coisas ficam difíceis entre nós, isso mostra que meu (minha) parceiro (a) não me ama. 18. Quando meu (minha) parceiro (a) não é gentil comigo, sinto que ele (ela) não me.
31 Retirado de Pretzer, J. L., Epstein, N.; Fleming, B. The marital attitude survey: a measure of dysfunctional attributions and expectancies. Unpublished manuscript, 1985.
107
Lista de Expectativas Irrealistas32
1. Espero que meu (minha) parceiro (a) perceba todos os meus sentimentos.
2. Espero que meu (minha) parceiro (a) seja capaz de saber o que estou pensando.
3. É importante para mim que meu (minha) parceiro (a) antecipe minhas necessidades ao
perceber mudanças em meus humores.
4. Não espero que meu (minha) parceiro (a) seja capa de mudar.
5. Não espero que o nosso relacionamento melhore nem um pouco. (11)
6. Mesmo que eu mude meu comportamento, (minha) parceiro (a) não vai mudar o dele
(a).
7. Se meu (minha) parceiro (a) mudar o comportamento dele (a), eu provavelmente
mudarei o meu.
8. Mesmo que nós mudemos nossos comportamentos, é improvável que nosso
relacionamento melhore.
32 Retirado de Baucom, D. H.; Epstein, N. Cognitive-behavioral marital therapy. New York: Brunner/Mazel, 1990.
108
Distorções Cognitivas Comuns33
Inferência arbitrária: Pular para conclusões na ausência de comprovadas
evidências concretas. Por exemplo, um homem cuja esposa chega em casa do
trabalho com meia hora de atraso conclui: “Ela deve estar fazendo algo escondido
de mim”.
Leitura de pensamento: Trata-se de um tipo de inferência arbitrária em que uma
pessoa acredita que sabe o que outra pessoa está pensando e sentindo sem se
comunicar diretamente com ela. Por exemplo, uma esposa que nota que o marido
está particularmente quieto e conclui: “Ele está infeliz com o nosso casamento e
deve estar pensando em me abandonar”.
Abstração seletiva: Informações são tiradas de contexto e certos detalhes são
destacados, enquanto outras informações são ignoradas. Por exemplo, um marido
cuja esposa não responde a seu cumprimento pela manhã conclui: “Ela está me
ignorando”.
Hipergeneralização: Um acidente isolado é visto como representação de situações
semelhantes em outros contextos, relacionados ou não relacionados. Por exemplo,
uma esposa que criticada pelo marido por não jogar o lixo fora conclui: “Ele sempre
me critica”.
Maximização e minimização: Um caso ou circunstância é julgado como tendo
maior ou menor importância do que é adequado. Por exemplo, quando a esposa
lembra da data de aniversário de casamento, o marido conclui: “Ela ainda gosta de
mim depois de tanto anos casados”. Caso o cônjuge esqueça, o marido conclui: “Ela
está deixando de gostar de mim”.
Personalização: Eventos externos são atribuídos a si mesmo, quando não existem
evidências suficientes para tirar uma conclusão. Por exemplo, uma
esposa que percebe que o marido não está comendo o jantar como ela havia
previsto e conclui: “Ele detesta minha comida”.
Pensamento dicotômico: As experiências de uma pessoa são classificadas em
categorias extremas mutuamente exclusivas, tais como êxito completo ou fracasso
total. Por exemplo, um marido pode chegar à seguinte conclusão após uma
discussão: “Se ela não me amam, ela me odeia”.
Rotulação: A tendência da pessoa a representar a si mesma ou outra pessoa em
termos de características estáveis e globais, com base em ações passadas. Por
exemplo, depois que o marido comete vários erros no orçamento familiar e no
equilíbrio das finanças, a esposa conclui: “Ele é negligente”.
33 Adaptado do seguinte artigo: DATTILIO, F. M. Casais e família. In: KNAPP, P. (org). Terapia cognitivo-
comportamental na prática clínica psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004, cap.25, p. 377-401.
109
Regras Para Resolução de Problemas34
1. O primeiro passo consiste em proceder a um brainstorming (tempestade de
idéias) ao elaborar uma lista de soluções para o problema.
2. Qualquer solução é aceitável nesse momento. Vocês não devem censurar ou
avaliar suas próprias soluções ou do seu parceiro/a.
3. Esse procedimento deve continuar até não ser encontrada mais nenhuma
solução.
4. Cada uma dessas soluções deve ser anotada.
5. Depois cada solução deve ser avaliada segundo os quatro critérios:
É absurda?
a. Esta solução ajudaria a resolver o problema
b. Quais são os prós desta solução? Quais os pensamentos automáticos
relacionados à essa conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?
c. Quais são os contras desta solução? Quais os pensamentos automáticos
relacionados à essa conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?
6. O consenso final deve incluir quem fará o quê, por quê, quando, onde, quando e
como em termos específicos.
7. Colocar o plano em ação (utilizar um plano de ação).
8. Verificar o que deu certo e o que deu errado.
9. Caso necessário, tomar outra solução para o mesmo problema.
34 Retirado do livro: SCHMALING, K. B.; FRUZZETTI, A. E.; JACOBSON, N. S. Problemas conjugais. In: HAWTON, K. et al. Terapia cognitivo-comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático. Tradução de Alvamar Lamparelli. São Paulo: M. Fontes, 1997, cap. 10, p. 481-525.
110
Modelo dos resultados de um caso
Caso 1
Allinson & Allan (nome fictício).
O casal 1 estava em crise aguda e decididos a divorciar-se, principalmente
por parte de Allan, o esposo, que na primeira sessão disse ao terapeuta:“Eu estava
decidido a ir embora. Já estava arrumando as minhas coisas. Meu coração está
totalmente fechado para ela (Allinson)”. Ambos disseram um ao outro: “Não sinto
mais nada por você”. Allan disse que nunca foi feliz no relacionamento conjugal.
Desde que foi morar com Allinson (em cima da casa dos pais dela) eles
começaram a brigar constantemente. Os dois foram aconselhados a procurar
ajuda.
Allan diz que não recebe carinho da esposa, mesmo quando ele é carinhoso:
“Ela me ignora, me sinto desprezado”. Também diz que ela não o procura para
terem relações sexuais e, quando ele cobra ela responde “Você só pensa nisso”.
Assim, eles não têm contato físico a muito tempo. Ele afirma que tentou conversar
com a esposa sobre os problemas no relacionamento por diversas vezes, porém
sem sucesso. “Eu falava com ela durante horas, porém não havia resposta. Ela
não falava nada”, disse Allan.
Allinson, por sua vez, afirma que o esposo fez ela sofrer por muitos anos,
devido aos vícios. Ela sempre o aconselhava, porém ele não dava ouvidos. “Há
mais ou menos dois anos ele mudou muito, para melhor. Foi para a Igreja, deixou
os vícios e começou a tratar melhor tanto eu quanto aos meus filhos”. Foi
perguntado a Allinson porque ela ignora o esposo, conforme ele afirma. Ela
respondeu: “Acho que a mudança foi muito rápida e eu ainda não consegui
assimilar. Pensava que era falsidade e que ele era a mesma pessoa que sempre
foi”. Assim, Allinson afirma que, devido a esses pensamentos, ela não conseguia
falar com o esposo e não tinha desejos sexuais.
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Quadro 7 - Conceitualização do caso de Allinson
CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS
l. Identificação do/a cliente - nº 01
Nome: Allinson B. C. (fictício) Idade: 30
Profissão: Auxiliar de serviçõs gerais Religião: Evangélica*
Estado Civil: União estável (12 anos) Escolaridade: E.M.C.
Número de dependentes: 2
Outras informações relevantes: *Não praticante
ll. Lista de problemas conjugais
1. Brigas constantes
2. Falta de afeto/carinho no relacionamento
3. Problemas na relação sexual
4. Comunicação disfuncional
5.
lll. Conceitualização cognitiva
Dados relevantes da história de vida
Pais sem habilidade de conversação e rígidos
Pais vivem em constantes brigas
Pai viciado em álcool e tabaco
Tríade cognitiva
Visão de si Visão de mundo Visão de futuro
Incapaz, culpada Sofrimento Medo que aconteça o
pior
Crenças centrais
“Sou incapaz"
“Não consigo mudar”
Crenças intermediárias
"Se o meu relacionamento está ruim, então a culpa é minha"
me dá carinho"Desanimado - 90% "Ele não me ama" - 80%
Ela tem uma
personalidade igual a
dos pais dela. Isto não
quer dizer que ela não
me ama - 60%.
Generalização
Crença anterior - 40%
Aliviado - 50%
Registro de Pensamentos DisfuncionaisOrientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente
nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos,
bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.
Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro?
Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso?
Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o
efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a
um amigo que tivesse o mesmo pessamento? Nota: Registro descrito entre a 10ª sessão e 11ª sessão.
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Quadro 10 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allinson
Registro de Pensamentos DisfuncionaisOrientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente
nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos,
bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.
Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro?
Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso?
Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o
efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a
um amigo que tivesse o mesmo pessamento?
Nota: Registro descrito entre a 10ª sessão e 11ª sessão.
Síntese dos resultados do caso 1
O andamento da sessões foram difíceis devido aos diversos problemas que o
casal já enfrentava a anos. Allan dizia que mudou o seu comportamento diante da
esposa, porém ela não reconhecia isso, o que o deixava cada vez mais furioso. No
decorrer das sessões, Allinson disse que a sua “ficha não havia caído”, ou seja,
Allan teria realmente mudado, porém ela não conseguia acreditar. Devido a estes
desencontros, Allinson não queria ter relações sexuais com o esposo. Ela dizia que
houve um “esfriamento”.
A sessão mais difícil foi a 5ª porque veio à tona algo que Allinson já
desconfiava, a traição. Eles pensaram em desistir da terapia, mais resolveram
tentar mais uma vez. Allan disse que suportou por muito tempo o distanciamento
da esposa, permanecendo fiel. No início ele não queria admitir a traição, mas, com
o tempo, foi inevitável. A situação ficou cada vez mais complicada entre eles, a
ponto de saírem aos tapas, insultos e palavrões.
Esta situação foi, aos poucos, sendo contornada. Ambos conseguiram
conversar respeitosamente e continuarem com a terapia. Após o término da terapia
118
eles decidiram se separar, percebendo que seria a melhor decisão, no momento.
Tudo foi resolvido de forma pacífica e compreensível.
Outras variáveis influenciaram esta decisão, como os pais da Allinson, que
moravam com o casal e conviviam em constantes conflitos e problemas financeiros
do casal.
Allan teve uma melhora na sua percepção sobre Allinson e na satisfação
conjugal (61-57), contudo, a sua ansiedade se elevou (16 A - 32 D) após a perda
do emprego e a descoberta da traição por parte da esposa.
Allan melhorou a sua habilidade social conjugal (70 A – 45 D), porém, Allinson
piorou demasiadamente neste quesito (47-88), bem como na satisfação conjugal
(52 A – 62 D), na crença sobre o relacionamento (91 A – 101 D) e nos sintomas
depressivos (17 A – 24 D), após a descoberta da infidelidade. Ambos somente
tiveram melhoras nos níveis das atitudes disfuncionais35, Allan (118 A – 129 D) e
Allinson (108 A – 144 D).
Ao final da terapia, ambos decidiram se separar em comum acordo, pois
entenderam que seria a melhor decisão a tomarem.
35 Quanto maior a pontuação nesta escala, menores são as atitudes disfuncionais.