UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ROBERTA CAROLINA FERREIRA A A P P O O I I O O S S O O C C I I A A L L N N O O T T R R A A B B A A L L H H O O E E A A B B S S E E N N T T E E Í Í S S M M O O - - D D O O E E N N Ç Ç A A E E M M T T R R A A B B A A L L H H A A D D O O R R E E S S D D E E E E N N F F E E R R M M A A G G E E M M Rio de Janeiro 2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROobjdig.ufrj.br/51/dissert/EEAN_M_RobertaCarolinaFerreira.pdf · Orientadora: Profª. Drª. Rosane Harter Griep Co- Orientadora: Profª Drª Angela
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ROBERTA CAROLINA FERREIRA
AAPPOOIIOO SSOOCCIIAALL NNOO TTRRAABBAALLHHOO EE AABBSSEENNTTEEÍÍSSMMOO--DDOOEENNÇÇAA EEMM
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Rio de Janeiro: 22 de Outubro de 2010 Aprovada por:
__________________________________________________________________ Rosane Harter Griep- Doutora em Ciências- FIOCRUZ
(Presidente)
___________________________________________________________________ Márcia Guimarães de Mello Alves- Doutora em Saúde Pública- UFF
(1º Examinadora)
___________________________________________________________________ Regina Célia Gollner Zeitoune- Doutora em Enfermagem- UFRJ
(2º Examinadora)
___________________________________________________________________ Helena Maria Scherlowski Leal David- Doutora em Saúde Pública- UERJ
(Suplente)
___________________________________________________________________ Maria Helena do Nascimento Souza- Doutora em Enfermagem- UFRJ
(Suplente)
Rio de Janeiro
2010
Aos meus pais, Rita e Roberto.
À minha avó, mais que maravilhosa, Magnólia.
Aos meus irmãos Rafael e Raíssa.
Ao meu esposo, Rafael.
Amo vocês!!!
AGRADECIMENTOS
Para realização deste estudo, foi importante a participação de muitas pessoas. Coloco aqui meus sinceros agradecimentos a todos. E, em especial:
À Deus, por ter me concedido força, saúde e sabedoria para concretizar mais esta etapa em
minha vida profissional. Aos meus pais, Rita e Roberto, pelos ensinamentos, carinho e apoio ao longo de todos os anos
de minha vida, e que fizeram o possível e o impossível para tornar realidade todos meus sonhos.
Aos meus irmãos, Rafael e Raíssa, que apoiaram e incentivaram nessa trajetória.
A todos os meus familiares pelo incentivo e carinho.
Ao grande amor da minha vida, Rafael Edgard, pelo companherismo, amor, carinho e cumplicidade ao longo destes anos. Foi quem me deu apoio social em cada momento deste trabalho.
À minha orientadora preferida e única, Rosane Harter Griep, que me apresentou o ―apoio
social‖ e me confiou parte de seu trabalho. Pelos ensinamentos, carinho, incentivo e paciência na construção deste estudo. A cada dia te admiro mais e mais. Obrigada por tudo!
À minha co-orientadora Angela Maria Mendes Abreu, pela colaboração com o estudo.
À Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ pela minha formação profissional (graduação e pós graduação stricto sensu).
Aos professores e funcionários da Escola de Enfermagem Anna Nery, em especial aos funcionários da pós-graduação Jorge Anselmo e Sônia Xavier pela disponibilidade e atenção
que demonstraram neste processo. Aos colegas do Curso de Mestrado em Enfermagem/EEAN/UFRJ e amigos, com os quais
pude compartilhar alegrias, conhecimentos e angústias, que contribuíram para o meu crescimento. Em especial, agradeço a Bárbara, Helena e Nilmar.
Aos professores doutores que fizeram parte das diversas bancas examinadoras durante este processo, Regina Célia Gollner Zeitoune, Márcia Guimarães de Meloo Alves, Helena Maria
Scherlowski Leal David, Maria Helena do Nascimento Souza e Lúcia Rotenberg, que aceitaram o convite contribuindo de modo tão significativo para o estudo.
A todos aqueles que participaram direta ou indiretamente para que este trabalho se
tornasse realidade.
Muito obrigada a cada um de vocês!
“Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar”
(O anjo mais velho, O Teatro Mágico)
RESUMO
FERREIRA, Roberta Carolina, Apoio social no trabalho e absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem. Rio de Janeiro, 2010. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)
– Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
A percepção do apoio social no trabalho, proveniente dos colegas e da chefia, é uma dimensão
de qualidade favorável existente no conteúdo das relações sociais, atuando como mediador entre o estresse no trabalho e a saúde dos trabalhadores. Portanto, baixos níveis de apoio
social podem estar associados a problemas de saúde física e mental, com conseqüentes elevadas taxas de absenteísmo-doença no trabalho. Este reflete o estado de saúde dos trabalhadores de enfermagem e têm conseqüências importantes para os indivíduos,
organizações e a sociedade como um todo. Esta dissertação tem o objetivo de avaliar a associação entre apoio social no trabalho e o absenteísmo-doença em trabalhadores de
enfermagem. Utilizou-se parte do banco de dados de um estudo seccional realizado em três hospitais públicos do Rio de Janeiro, intitulado ―Gênero, trabalho e saúde em profissionais de enfermagem: morbidade e sua associação com o trabalho noturno, as longas jornadas e o
trabalho doméstico‖. Nesse estudo, foram entrevistados no ambiente de trabalho, 1509 trabalhadores de enfermagem atuantes na assistência hospitalar durante período de junho de
2005 a fevereiro de 2006, através de questionário multidimensional. Na presente dissertação foram utilizadas variáveis sócio-demográficas, ocupacionais, comportamentos e condições de saúde, absenteísmo-doença e apoio social no trabalho. Para verificar as associações, adotou-se
o teste qui-quadrado, Odds Ratio e seus respectivos intervalos de confiança (IC95%). As co-variáveis foram testadas, e aquelas associadas (p<0,20) tanto com a exposição quanto com o
desfecho foram incluídas nos modelos multivariados, levando-se em conta que poderiam ser possíveis confundidores. O programa SPSS, versão 13 foi utilizado para análise dos dados. Dos trabalhadores avaliados 86,6% eram mulheres, 52,6% estavam na faixa etária de 35 anos
ou mais, 44,2% eram casados, 59,7% com filhos menores de 18 anos e 54,6% referiu ensino médio de escolaridade. Na época do estudo, 32% tinham renda per capita entre R$ 350,00 a
R$ 699,00. Mais da metade dos entrevistados era constituída por auxiliares de enfermagem, com vínculo temporário com a instituição, com 10 anos ou mais de tempo de trabalho na profissão, em trabalho diurno e com uma carga horária semanal de 31 a 60 horas. Após
ajustes por fatores de confundimento, a chance do absenteísmo curto (≤9 dias) foi 1,60 vezes maior no nível médio e 2,04 no nível baixo de apoio social no trabalho, quando comparados
ao nível de alto apoio social no trabalho. Já a chance de absenteísmo longo (≥10 dias) foi 1,71 e 2,37 vezes maior nos níveis médio e baixo de apoio social no trabalho, quando comparado ao nível alto. Essa consistência de resultados corrobora com a hipótese sobre a contribuição
do apoio social no trabalho para a redução do absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem. Investir no ambiente psicossocial do trabalho pode ter um impacto positivo na
saúde e nas condições de trabalho dos trabalhadores de enfermagem.
PALAVRAS-CHAVE: SAÚDE DO TRABALHADOR, ENFERMAGEM, ABSENTEÍSMO, APOIO SOCIAL
ABSTRACT
FERREIRA, Roberta Carolina. Social support at work and absenteeism due to illness in nursing. Rio de Janeiro, 2010. Dissertation (Masters in Nursing) - School of Nursing Anna Nery, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
The perception of social support at work from colleagues and superiors, is a dimension of quality content in favor of existing social relations, serving as a mediator between job stress and health of workers. Therefore, low levels of social support may be associated with
problems of physical and mental health, with consequent high rates of absenteeism and illness at work. This reflects the health status of nursing and have important consequences for
individuals, organizations and society as a whole. This dissertation aims to evaluate the association between social support at work and absenteeism and illness in nursing. We used part of the database from a cross-sectional study conducted in three public hospitals in Rio de
Janeiro, entitled "Gender, Work and Health nursing personnel: morbidity and its association with night shift work, long journeys and domestic work" . In this study, were interviewed in
the workplace, 1509 nursing staff working at the hospital during the period from June 2005 to February 2006 using a multidimensional questionnaire. In this thesis we used socio-demographic, occupational, behavior and health status, absenteeism, illness and social support
at work. To assess associations, we adopted the chi-square, Odds Ratio and its confidence intervals (95%). The covariates were tested and those associated (p <0.20) with both the
exposure and the outcome were included in multivariate models, taking into account that could be potential confounders. SPSS, version 13 was used for data analysis. Among the workers evaluated 86.6% were women, 52.6% were aged 35 or older, 44.2% were married,
59.7% with children under 18 years and 54.6% reported high school schooling. At the time of the study, 32% had an income per capita between $ 350.00 to $ 699.00. More than half of
respondents consisted of nursing assistants with temporary bond with the institution, with 10 years or more time on the job, working day and with a weekly schedule from 31 to 60 hours. After adjustment for confounders, the odds of absenteeism short (≤ 9 days) was 1.60 times
higher in average level and 2.04 at the low level of social support at work, compared to the level of high social support at work. Since the chance of absenteeism long (≥ 10 days) was
1.71 and 2.37 times higher in medium and low levels of social support at work, compared to high level. This consistency of results corroborates the hypothesis about the contribution of social support at work to reduce absenteeism due to illness in nursing. Investing in the
psychosocial work environment can have a positive impact on health and working conditions of nursing staff.
KEY-WORDS: HEALTH WORKERS, NURSES, ABSENTEEISM, SOCIAL SUPPORT
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Características dos estudos incluídos na revisão de bibliográfica............................. 27
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo Demanda-Controle de Karasek......................................................................... 33
Figura 2 Modelo Tridimensional do ambiente psicossocial no trabalho...................................... 35
Figura 3 Diagrama da população de estudo.................................................................................. 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Descrição dos trabalhadores de enfermagem que participaram do estudo, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)...............................................................
60
Tabela 2 Associação entre variáveis socioeconômicas e apoio social no trabalho entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)............
62
Tabela 3 Associação entre variáveis ocupacionais e apoio social no trabalho entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509).....................
63
Tabela 4 Frequência de trabalhadores que referiram concordo nos indicadores do
apoio social no trabalho entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)....................................................................................................
64
Tabela 5 Associação entre variáveis de comportamentos relacionados à saúde e apoio social no trabalho entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro,
Tabela 6 Associação entre variáveis de condições de saúde e apoio social no
trabalho entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)...................................................................................................................
66
Tabela 7 Associação entre as variáveis sócio-demográficas e o absenteísmo entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509).....................
67
Tabela 8 Associação entre as variáveis ocupacionais e o absenteísmo entre os
trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509).........................
68
Tabela 9 Associação entre as variáveis de comportamentos relacionados à saúde
e o absenteísmo entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)....................................................................................................................
69
Tabela 10 Associação entre as variáveis de condições de saúde e o absenteísmo entre os trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)............
70
Tabela 11 Associação bruta e ajustada entre apoio social no trabalho e
absenteísmo-doença entre trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)..........................................................................................................
71
Tabela 12 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem por quadrante envolvendo o controle e o apoio social no trabalho, segundo características sócio-
demográficas e ocupacionais, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)..........................
72
Tabela 13 Associação bruta e ajustada entre os quadrantes de contro le e apoio
social no trabalho e absenteísmo-doença entre trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509).................................................................................
73
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AST Apoio Social no Trabalho
BDENF Base de Dados de Enfermagem
BVS Biblioteca Virtual de Saúde
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
DORT Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho
EEAN Escola de Enfermagem Anna Nery
EUA Estados Unidos da América
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
ICT Índice de Capacidade para Trabalho
JCQ Job Content Questionnaire
LER Lesões por Esforços Repetitivos
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da saúde
IC Intervalo de Confiaça
IMC Índice de Massa Corpórea
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
MD-C Modelo Demanda-Controle
MEDLINE Literatura Internacional em Ciências da Saúde
NR Norma Regulamentadora
NUPENST Núcleo de Pesquisa Enfermagem e Saúde do Trabalhador
3.1.5. Treinamento dos aplicadores/entrevistadores...........................................................52
3.1.6. Pré-testes, Estudo-Piloto, Estudo de Confiabilidade...............................................53
3.1.7. Coleta de Dados.......................................................................................................53
3.1.8. Criação do Banco de dados......................................................................................54
3.1.9. Aspectos Éticos do Estudo.......................................................................................54
3.2. Etapas realizadas nesta dissertação de mestrado................................................................55
3.2.1. Tratamento das variáveis do estudo.........................................................................55
3.2.2. Análise de dados......................................................................................................59
CAPÍTULO IV – RESULTADOS_______________________________________________
4.1. Caracterização sócio-demográfica e ocupacional dos trabalhadores de enfermagem........60
4.2. Descrição do apoio social no trabalho percebido pelos trabalhadores de enfermagem
(objetivo específico 1)...............................................................................................................62 4.3. Caracterização do absenteísmo dos trabalhadores de enfermagem (objetivo específico
4.4. Associação entre apoio social no trabalho e o absenteísmo dos trabalhadores de enfermagem (objetivo específico 3)..........................................................................................71
4.5. Associação entre combinações do apoio social no trabalho e controle no trabalho (objetivo específico 4)..............................................................................................................................72
5.1. Considerações sobre a descrição dos trabalhadores de enfermagem.................................74
5.2. Considerações sobre os achados do apoio social no trabalho (objetivo específico 1).......76
5.3. Considerações acerca do absenteísmo em trabalhadores de enfermagem (objetivo
específico 2)..............................................................................................................................84 5.4. Considerações acerca da associação entre o apoio social no trabalho e o absenteísmo dos
trabalhadores de enfermagem (objetivo específico 3)..............................................................94
5.5. Considerações acerca da associação entre combinações do apoio social no trabalho e controle no trabalho (objetivo específico 4).............................................................................96
5.6. Limitações do estudo.........................................................................................................100
Observa-se na tabela 12 que os grupos ocupacionais de maior risco (baixo
controle/baixo AST) constituem-se de mais jovens, técnicos e auxiliares de enfermagem e
aqueles de maior absenteísmo. As variáveis sexo, tipo de vínculo e número de emprego não
estavam associadas aos quadrantes de controle e AST (p>0,05).
73
Tabela 13- Associação bruta e ajustada entre os quadrantes de controle e apoio social no trabalho e absenteísmo-
doença entre trabalhadores de enfermagem, Rio de Janeiro, RJ, 2010 (n=1509)
Absenteísmo
-doença
Controle e
apoio social
no trabalho
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3
OR bruta
(IC 95%)
OR ajustada*
(IC 95%)
OR ajustada**
(IC 95%)
≤ 9 dias Baixo controle e baixo AST
1,91(1,24-2,93)
1,93(1,24-3,03)
1,62(1,02-2,55)
Baixo controle e alto AST
1,15(0,71-1,87)
1,30(0,79-2,15)
1,21(0,73-2,00)
Alto controle e
baixo AST
1,72(1,05-2,83)
1,65(0,99-2,75)
1,47(0,88-2,48) Alto controle e
alto AST
1,00
1,00
1,00
≥ 10 dias Baixo controle
e baixo AST
2,06(1,27-3,34)
2,55(1,54-4,23)
1,90(1,12-3,22) Baixo controle
e alto AST
1,30(0,75-2,23)
1,34(0,76-2,35)
1,15(0,64-2,06) Alto controle e
baixo AST 1,95(1,13-3,37)
2,34(1,32-4,17)
1,94(1,07-3,51)
Alto controle e alto AST
1,00
1,00
1,00
*ajustada por sexo, idade, nível de escolaridade, categoria profissional, número de empregos e horas semanais trabalhadas.
**adicionalmente ajustada por DORT, autopercepção da saúde, distúrbio psíquico menor e insônia
Na tabela 13, observa-se no Modelo 2 e 3 chances mais elevadas de absenteísmo curto
(≤9 dias) e longo (≥10 dias) no quadrante que combina baixo controle/baixo AST no trabalho
(maior risco) quando comparado ao quadrante de alto controle/alto AST. No entanto, no caso
do absenteísmo longo, no modelo 3, observou-se chances semelhantes de absenteísmo-doença
entre os quadrantes baixo controle/baixo AST e alto controle/baixo AST e a categoria de
referência (alto controle/alto AST).
74
CAPÍTULO V
DISCUSSÃO
Nesse capítulo discutiremos os resultados encontrados e descritos no capítulo
anterior. Para melhor compreensão, compusemos sua estrutura em função da
apresentação dos resultados, sendo dividida da seguinte forma: considerações sobre a
descrição dos trabalhadores de enfermagem; considerações sobre os achados do apoio
social no trabalho; considerações acerca do absenteísmo por doença em trabalhadores de
enfermagem; considerações acerca da associação entre o apoio social no trabalho e o
absenteísmo em trabalhadores de enfermagem; considerações sobre a saúde do trabalhador de
enfermagem e promoção da saúde e as limitações do estudo.
5.1. Considerações sobre a descrição dos trabalhadores de enfermagem
Foi possível delinear o perfil da população estudada, de trabalhadores de enfermagem
hospitalares que participaram do presente estudo. Um dos aspectos mais relevantes deste
perfil, diz respeito à predominância do gênero feminino como característica marcante da
profissão enfermagem, o qual já foi identificado e demonstrado por outros trabalhos
científicos (AQUINO et al., 1993; SILVA; MARZIALE, 2000; ARAÚJO et al., 2003;
BARBOZA; SOLER, 2003; FARIA et al., 2005; MAGNAGO, 2008; DAVEY et al., 2009).
Além disso, verificou-se alta freqüência de trabalhadores casados e com filhos.
Portanto, os estudos nesse grupo populacional devem levar em conta aspectos
relacionados ao gênero e sua influência na saúde, tais como a interação entre as elevadas
cargas de trabalho associadas ao trabalho doméstico, predominante na população feminina.
Segundo Rotenberg et al. (2001) quando se analisa condições de trabalho como fonte de
impacto à saúde, as mulheres mostram-se responsáveis pelas atribuições domésticas – papel
75
que tem se alterado pouco apesar da crescente participação feminina na força de trabalho.
Quando realizados sob condições adversas, ambos os trabalhos (doméstico e profissional)
afetam a saúde física e mental das mulheres, enquanto apenas o trabalho profissional tende a
afetar a saúde nos trabalhadores do sexo masculino (HALL et al., 1990; ROTENBERG et al.,
2001).
Em relação as características ocupacionais identificou-se a predominância de baixos
salários, elevadas horas semanais de trabalho, o relato de mais de um emprego e o grande
número de trabalhadores com vínculo não permanente de emprego. Estudos corroboram,
mostrando que as duplas e triplas jornadas de trabalho, a insuficiência de pessoal e material, o
excesso de tarefas, os grandes esforços físicos e o trabalho doméstico, podem provocar
conseqüências sobre à saúde dos trabalhadores de enfermagem (como o cansaço, o estresse,
distúrbios psíquicos, abstenções ao trabalho, lesões músculo-esqueléticas, insônia, dentre
outros) e sobre o comprometimento da assistência aos pacientes(AQUINO et al., 1993;
BORGES; FISCHER, 2003; ARAÚJO et al., 2003; PORTELA et al., 2005; MAGNAGO,
2008).
De forma semelhante a outros estudos (ARAÚJO, 1999; VARELA; FEREIRA, 2004;
SILVA, 2007; MAGNAGO, 2008), trabalhadores de nível médio de escolaridade e a
categoria de técnico de enfermagem, apresentaram elevada frequência em nossos achados.
Na enfermagem, esse fato se deve, principalmente, à hierarquização e à redistribuição das
tarefas entre os diferentes níveis de qualificação, que desencadeia maior número de
contratações para profissionais de enfermagem de nível médio e, conseqüentemente, menor
custo institucional (PIRES, 1996).
76
5.2. Considerações sobre os achados do apoio social no trabalho (objetivo específico 1)
De maneira geral, observou-se níveis menores de apoio social no trabalho entre as
mulheres, os mais jovens, os de maior escolaridade, aqueles classificados com maior renda
familiar per capita, categoria profissional de enfermeiros e técnicos de enfermagem, os que
referiram uma ou mais DORTS, auto-percepção da saúde regular ou ruim e presença de
distúrbio psíquico menor.
Em relação à associação entre gênero e apoio social, nossos resultados mostraram que
os homens referiram níveis maiores de AST, embora com significância limítrofe (p=0,072).
Vermeulen e Mustard (2000) que utilizam dados da Pesquisa Nacional da Saúde da População
Canadenses e a escala de AST na versão resumida da “job stress scale” de Theörell (1988),
observaram que trabalhadores do sexo masculino tiveram maiores chances de perceberem
apoio social mais elevado, embora a diferença entre os sexos não tenha sido substancial.
Segundo estes autores, as mulheres são mais prováveis de perceberem menores níveis de
apoio social no trabalho do que os homens, e uma possível explicação para este fato, é a
segregação das mulheres em profissões de alta tensão ou as diferenças entre os gêneros na
percepção das condições de trabalho e do estresse nesse ambiente. Na medida em que pode
haver diferenças fundamentais com relação aos atributos psicológicos e psicossociais entre
homens e mulheres, os mecanismos de adaptação, ou respostas afetivas no ambiente de
trabalho podem determinar a percepção do estresse e do AST. Outros estudos não
encontraram associação entre essas características (BELLON-SAAMEÑO et al., 1996;
BROADHEAD et al., 1988).
Nosso estudo mostrou que os trabalhadores mais jovens possuem menores níveis de
AST. Achados semelhantes foram encontrados na coorte de Andre´-Petersson et al. (2007),
realizada na Suécia, a qual utilizou a escala de apoio soc ial do instrumento original de
Karasek, em que aqueles que possuíam idade inferior a 45 anos apresentaram menor
77
percepção de apoio social no trabalho. Escriba-Agüir e Tenías-Burillo (2004) em estudo com
profissionais hospitalares de Valência na Espanha, onde utilizaram para mensuração do AST
o instrumento original JCQ de Karasek and Theörell (1990), mostraram que os trabalhadores
com idade inferior a 45 anos apresentaram menor apoio social percebido, que os com idade
superior a este valor. Evans e Steptoe (2001) apresentaram resultados semelhantes em estudo
com enfermeiros e auxiliares de enfermagem, onde os homens e mulheres, mais jovens,
apresentaram menores níveis de apoio social no trabalho percebido, o qual foi mensurado com
instrumento resumido de Theörell.
Estes autores não entram no mérito da discussão referente a questão da idade associar-
se ao AST. Uma possível explicação para esta relação, é que os trabalhadores mais velhos,
atuam na assistência de enfermagem desde a juventude e muitas vezes no mesmo local de
trabalho, ou por longos períodos em determinada instituição de saúde. Este fato leva a crer
que estes profissionais possuem laços sociais com colegas e até mesmo com a chefia, que
foram construídos ao longo dos anos de atividade laboral, mostrando ter maiores chances de
percepção de uma rede social mais sólida que os mais jovens. Segundo Meleiro (2005) as
relações mantidas no dia a dia de trabalho são consideradas integrações sociais importantes na
vida de um indivíduo, pois é durante o seu trabalho que ele tem oportunidade de relacionar-se
com pessoas que podem auxiliá- lo em seu crescimento e desenvolvimento profissional, onde
ele discute as tendências do trabalho que realiza e ainda pode encontrar respaldo nas pessoas
quando atravessa um momento difícil.
As menores percepções de apoio social no trabalho foram identificadas entre os
trabalhadores com maior escolaridade e categoria profissional de enfermagem. Andre´-
Peterson et al.(2007) em coorte sobre dieta e câncer na Suécia, observando a distribuição das
características da linha de base da população de estudo, encontraram maior chance de níveis
de apoio social no trabalho menores em homens e mulheres com melhor educação e empregos
78
de maior ocupação, quando comparados aos que relataram maiores níveis de apoio. Vale
ressaltar que estes autores utilizaram o instrumento original JCQ de Karasek e Theörell
(1990) para mensuração do AST. Segundo Rosvall et al. (2000) esperava-se o relacionamento
contrário devido a associação freqüentemente observada entre baixo status de escolaridade e o
fator de risco elevado padrão, que no caso são os níveis menores de AST. Andre´-Peterson et
al.(2007) justificam seus resultados, dizendo que embora os itens utilizados para a medida de
apoio social no trabalho tenha mostrado uma confiabilidade aceitável, a validade pode ser
sempre questionada quando são utilizados os auto-relatos. Eles trazem. por exemplo, que não
havia nenhum item no questionário referente ao AST em que trabalhadores se reuniam fora do
trabalho e nenhuma medida quantitativa do tempo disponível para a interação social. A
relação entre a escolaridade e o AST ainda precisa ser explorada em busca de resultados e
respostas com maior consistência em relação a diferentes categorias profissionais.
O trabalho de enfermagem é desempenhado por uma equipe de trabalhadores com
qualificações e formações diversas (enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de
enfermagem). O objetivo do trabalho é assistir ao indivíduo sadio ou doente e sua família
através de atividades que promovam, mantenham ou recuperem a saúde. Este trabalho é
organizado de forma hierarquizada e seus profissionais estabelecem relações com a estrutura
institucional, com outros trabalhadores e com os usuários dos serviços, buscando atender as
necessidades da clientela assistida (MARZIALE, et al., 1998; PIRES, et al., 1994; SILVA,
2008).
A hierarquização da categoria e dos papéis dos profissionais de enfermagem, segundo
Giovanini (2002) reflete a diferença de classes existente na sociedade. Há uma hipótese de
que diferenças de categorias profissionais podem se traduzir em desigualdades na qualidade
de vida e saúde dos trabalhadores (SILVA, 2008). Na enfermagem, as categorias profissionais
podem definir condições de trabalho diferentes, com relação às cargas físicas, psíquicas e em
79
outros aspectos relacionados a organização do trabalho. Além das condições objetivas do
trabalho, as percepções sobre essas condições também podem diferir entre os trabalhadores e
influenciar os desfechos na saúde (BOURBONNAIS et al., 1999; SILVA, 2008).
No ambiente hospitalar as condições do trabalho do enfermeiro diferem das outras
categorias de enfermagem. O papel do profissional enfermeiro tem sido apontado como
altamente estressante. As responsabilidades assumidas, apesar da autonomia proporcionada,
contribuem para uma situação na qual confluem vários pontos de tensão. De acordo com
Gray-Toft e Anderson (1981) as enfermeiras costumam relatar maior estresse profissional
do que as auxiliares e atendentes de enfermagem.
As enfermeiras são responsáveis pela administração e ges tão do pessoal de
enfermagem, possuem maior autonomia no trabalho e, encontram-se acima das auxiliares na
hierarquia institucional. Ao mesmo tempo, tal posição também lhes confere pesadas
responsabilidades, nas quais respondem pela qualidade e produtividade do trabalho. Ao
assumirem o controle sobre o trabalho de outras profissionais, responsabilizam-se também
pelo gerenciamento e equacionamento dos conflitos e insatisfações, assumindo papel de
controladoras e responsáveis pela manutenção do poder disciplinar. Também se deparam,
por outro lado, com os conflitos advindos de duas lógicas de funcionamento distintas: a
lógica da cura e a lógica do cuidado. A enfermagem, regida pela lógica do cuidado,
mantém-se subordinada à lógica da cura, exercida pelos médicos. Nesse embate, é a
enfermeira quem mais diretamente assume os confrontos contra o poder médico,
confirmando o elo de ligação entre o corpo médico e a equipe de enfermagem.
Responsável pelo segundo e subordinada ao primeiro, soma tensões, conflitos e atritos de
ambos (MAGNAGO et al., 2003).
Pressupõe-se que ao assumirem cargos mais elevados hierarquicamente, os
enfermeiros passam a ter laços sociais menos intensos em relação a outros profissionais da
80
categoria (Andre´-Peterson et al.,2007). Por outro lado, os auxiliares e técnicos de
enfermagem, com formação de nível médio de ensino, são a força majoritária na execução do
cuidado de enfermagem, são os profissionais em maior número na categoria e a classe mais
unida socialmente, a qual possui maiores laços sociais entre os pares. Não encontramos
nenhum relato na literatura referente a relação da categoria profissional de enfermagem e o
apoio social no trabalho.
Segundo Karasek e Theörell (1990) o apoio social de colegas e supervisores, remete,
através das interações sociais úteis e disponíveis no trabalho, à hipótese de reduzir o efeito da
tensão do trabalho na saúde. O apoio social é considerado um fator muito importante que
influencia o bem-estar da enfermagem. A maior parte dos estudos faz uma distinção entre o
apoio recebido do supervisor e apoio recebido dos colegas de trabalho. O apoio do supervisor
parece ser mais importante para os enfermeiros do que o apoio dos colegas (GELSEMA et al.,
2006). O apoio do supervisor é definido como a medida em que os gestores são acessíveis,
confiáveis e solidários, conhecem os problemas enfrentados pela equipe, e se comunicam bem
com os demais trabalhadores (HART et al., 1996). O apoio dos colegas é definido como o
nível de aceitação e apoio que os profissionais recebem uns dos outros, incluindo o nível de
envolvimento, de partilha de recursos, boa comunicação e ajuda quando necessário (HART et
al., 1996).
Abu Al-Rub e Voyiadjis (2004) em um estudo realizado com enfermeiras hospitalares,
observaram que a percepção de suporte social dos colegas de trabalho e da chefia aumentou o
nível de desempenho no trabalho relatado e diminuiu o nível de estresse no trabalho relatado
por estes trabalhadores.
Realizamos a avaliação dos seis itens da escala de AST segundo categoria profissional
de enfermagem, apresentada nos resultados deste estudo, a fim de observar o comportamento
do apoio do supervisor e dos colegas, já que cada item aborda um apoio diferente, se
81
analisarmos sob esta perspectiva. Observamos que a categoria dos auxiliares de enfermagem
apresentaram percentuais mais elevados de apoio tanto dos colegas quanto da chefia, quando
comparados às demais categorias. Estes resultados reafirmaram que os auxiliares de
enfermagem possuem níveis mais elevados de AST (agora subdividido em apoio do
supervisor e apoio dos colegas) que os enfermeiros, mostrando que as categorias profissionais
mais elevadas possuem menores níveis de AST entre os trabalhadores de enfermagem. Não
encontramos na literatura estudos que corroborassem os nossos resultados.
Em nossos resultados, foram identificadas também percepções mais baixas de apoio
social entre os indivíduos com maior renda familiar per capita. Manetti (2009), em estudo
transversal com enfermeiros atuantes em um hospital universitário no qual utilizou escala de
apoio social no trabalho do JCQ de Karasek, mostrou que a renda familiar apresentou
associação positiva significativa (p=0,05), embora fraca, com o apoio do supervisor,
assinalando que quanto maior o apoio referido, maior a renda.
Com relação às variáveis de comportamentos relacionados à saúde somente o
consumo de bebida alcoólica apresentou associação com AST, mostrando que os
trabalhadores com médio e alto consumo de bebida alcoólica apresentaram níveis menores de
AST. Existem evidências de que há relação entre os resultados do tratamento do uso abusivo
do álcool e o apoio social, e isso ainda tem sido pouco informado na literatura nacional
(OLIVA, 2007). O apoio social tem sido ressaltado como possível fator de proteção contra o
desenvolvimento de problemas de uso de substâncias psicoativas, particularmente para
indivíduos dependentes de álcool (AVERNA, 2001). Reforçando esses dados, Michael et al.
(2000) enfatizam que o apoio social pode influenciar de maneira positiva e, assim, aumentar a
possibilidade de diminuir os comportamentos de risco e o uso de substâncias psicoativas
como o álcool e outras drogas.
82
Alguns estudos corroboram com nossos achados, como o de Hernmingsson e
Lundberg (1998), que utilizaram a escala resumida de AST, em que os autores indicaram que
trabalhadores com baixo controle de trabalho, particularmente em combinação com baixa
demanda de trabalho, e baixo apoio social no trabalho, aumentam o risco relativo do
alcoolismo. Allen et al.(2001), em estudo com homens e mulheres de quatro centros urbanos
que utilizou o AST do instrumento original de Karasek, reportou que o apoio social tem
associação positiva com aumento da atividade física, a redução do tabagismo e consumo de
álcool. Chen et al. (2008) ao realizarem uma pesquisa com trabalhadores de uma empresa
petrolífera estatal chinesa, utilizando para mensuração de AST o instrumento resumido de
Theorell, observaram que a freqüência do consumo de álcool tem uma relação positiva com a
falta de apoio social instrumental pelos colegas de trabalho e amigos. O estudo de Gu et al.
(2000) na China indicou que o aumento de cigarros e de consumo de álcool tem aumento
significativo com a redução do apoio social por parte dos colegas de trabalho.
Os trabalhadores que referiram uma e duas e mais de duas DORT, apresentaram
menores níveis de apoio social no trabalho, em nossos achados. Ahlberg-Hultén et al. (1995),
em estudo sobre a relação entre o ambiente psicossocial do trabalho e as dores músculo-
esqueléticas com enfermeiros e auxiliares de enfermagem, mostraram que o baixo apoio
social no trabalho teve associação significativamente estatística com a presença de sintomas
músculo-esqueléticos da região lombar, do pescoço e dos ombros. Estes autores utilizaram
para mensuração do AST a escala resumida de Theörell, e acrescentam que quanto menor o
escore de apoio social no trabalho, mais graves são os sintomas das DORT. Elfering et al.
(2002) contribuíram com estes resultados na apresentação de seu estudo de coorte de 5 anos,
relatando que o desenvolvimento de dores lombares durante o trabalho estão associadas com
pouco apoio por parte da supervisão no ambiente de trabalho. Estes utilizaram a mesma escala
de AST usada em nosso estudo.
83
Observamos que os trabalhadores de enfermagem que referiram ter auto percepção da
saúde ruim ou regular, apresentaram níveis mais baixos de apoio social no trabalho. Lindholm
et al. (2003) corroboram com nossos achados, onde realizaram um estudo com enfermeiras
suecas, o qual utilizou a mesma escala de apoio social no trabalho deste estudo, verificaram
que os trabalhadores com baixos níveis de apoio social no trabalho apresentaram maior
chance de autopercepção de saúde de baixa, ajustado pelas variáveis idade, sexo e nível de
escolaridade.
A saúde auto referida ou autopercepção da saúde, tem sido muito estudada ao longo da
última década. Este parâmetro tem vantagens para investigação epidemiológica, por ser um
auto relato dos indivíduos, ser facilmente coletado e por englobar vários aspectos da saúde,
como sugerido pela Organização Mundial da Saúde, que inclui aspecto físico, mental e social.
Vários estudos têm encontrado associações fortes entre a saúde autoreferida e morbidade e
mortalidade (KAPLAN, 1988; MOLLER et al., 1996). Estudos prospectivos que utilizam a
escala de AST do instrumento original de Karasek, mostram que altas demandas físicas, a
baixa autoridade de decisão social e o baixo apoio social no ambiente de trabalho são
preditivos de pobre autopercepção de saúde (NIEDHAMMER; CHEA, 2003; CHENG et al.,
2005)
Cheng et al. (2005) em estudo de coorte realizado com enfermeiros dos Estados
Unidos, no qual utilizaram a escala de AST de Karasek do JCQ, mostraram que menores
níveis de apoio social no trabalho referido estão associados a autopercepção da saúde ruim.
Niedhammer e Chea (2003) ao realizar uma coorte com trabalhadores de indústrias de
eletricidade da França com mensuração do AST pelo JCQ de Karasek, observaram que as
altas demandas psicológicas e físicas, o baixo controle sobre o trabalho e o baixo AST
percebido foram significativamente associados a autopercepção da saúde ruim em ambos os
sexos. Em contrapartida, Pikhart et al. (2001) não relataram qualquer associação significante
84
entre as dimensões do modelo de Karasek e a autopercepção da saúde. O estudo prospectivo
por Cheng et al. (2000) mostraram que as demandas, o controle, e o AST foram associados
com um declínio do status de saúde entre uma população de mulheres.
Sobre os aspectos psicológicos, Langford et al. (1997) afirmam, em uma meta-análise,
que o apoio social é favorável a saúde, dentre vários fatores, por promover bem estar
psicológico e diminuir a ansiedade e a depressão. A associação entre a presença de distúrbio
psíquico menor e o baixo apoio social no trabalho, foi observado em nosso estudo. Evans e
Steptoe (2001) mostraram em resultados de seu estudo que o baixo apoio social esteve
associado com maiores níveis de ansiedade, depressão, e a tensão no trabalho. Sinokki et al.
(2000) observaram resultados semelhantes na base populacional da Finlândia em estudo sobre
a Saúde da população, onde o baixo apoio social no trabalho (avaliado pelo JCQ de Karasek),
esteve associado ao auto relato dos últimos 12 meses de distúrbios psíquicos menores (Odds
ratio 2,02, IC95%: 1,48-2,82 para o apoio de supervisão, 1,65, IC95%: 1,05-2,59 apoio de
colegas). Zimet et al. (1988) contribuem mostrando que os altos níveis de percepção do apoio
social estão associados com baixos níveis de depressão e ansiedade.
5.3. Considerações acerca do absenteísmo em trabalhadores de enfermagem (objetivo
específico 2)
Os nossos resultados mostraram que entre o sexo feminino as freqüências de
absenteísmo curto e longo foram mais elevadas. Isto pode ser justificado pelo fato de além de
desenvolver as atividades profissionais no ambiente laboral, possuir sobrecarga das
responsabilidades domésticas, nas quais, muitas vezes, a mulher assume função de provedora
e coordenadora das questões familiares, por ser a figura central deste meio (SANTOS;
SOLER, 2003; FARIA et al., 2005). Outra explicação, segundo PRIMO (2008) estaria na
85
dupla jornada de trabalho, pois a mulher não compartilha em iguais condições com os homens
das tarefas da casa.
A precarização do trabalho levou também à busca de mais de um emprego ou extensão
de jornada na própria instituição. Sabe-se também que a mulher tende a buscar mais os
serviços de saúde que os homens, podendo levar a novos afastamentos (ISOSAKI, 2003).
Reis et al. (2003) em seu estudo com profissionais de enfermagem de um hospital
universitário, que analisou afastamentos destes profissionais no período de um ano, refere m
que as mulheres procuram 1,47 vezes mais o SAST - Serviço de Atenção à Saúde dos
Trabalhadores - do que os homens e, ainda, a chance de uma mulher ter afastamento é de
1,59 vezes maior do que a chance de um homem.
No presente estudo, a idade apresentou associação significativa com o absenteísmo por
doença curto e longo, sendo que os mais jovens tem maior absenteísmo curto e os mais
velhos, o absenteísmo longo. Vahtera et al. (2001), utilizaram dados do estudo de coorte de 5
anos de duração com trabalhadores municipais da Finlândia, e observaram que idades mais
avançadas aumentavam o risco do absenteísmo geral. Primo (2008), em seu estudo com
trabalhadores de um hospital público universitário, cujo objetivo foi avaliar os indicadores do
absenteísmo por doença no período de um ano, observou uma relação positiva entre a faixa
etária e o número de ausências no trabalho. Demonstrou ainda que, os menores índices de
absenteísmo por faixa etária estão entre 18 e 29 anos [(3,12% (IC95% 2,36% – 3,89%)],
elevando-se para 4,86% (IC95% 3,87%-5,85%) na terceira década de vida, 6,41% (IC95%
5,31%-7,50%) na quarta e 7,24% (IC95% 5,27%-9,20%) para os trabalhadores com 50
anos ou mais.
Lim et al. (2002), em estudo com trabalhadores da faculdade de medicina do sul da
Tailândia, com duração de três anos, relataram as maiores taxas de absenteísmo por doença
curto em grupos etários mais jovens. Brenner et al. (2000), realizou pesquisa com
86
trabalhadores da construção civil, onde também verificaram um aumento da taxa de
absenteísmo e do número de dias afastados com o aumento da idade. Com o aumento da idade
ocorre um aumento da freqüência de doenças crônicas gerando um maior absenteísmo de
longo período (MENDES; DIAS, 1999).
O baixo nível de escolaridade e a categoria profissional de técnico de enfermagem se
mostraram associadas ao absenteísmo curto e longo. Bittencourt (1993) afirma que o maior
percentual de afastamento do trabalho por doença incide sobre os profissionais que
completaram apenas o nível fundamental e que o menor percentual incidiu sobre os que
completaram o nível superior de escolarização.
Corroborando com nossos resultados, Primo (2008) aponta a freqüência entre os
auxiliares de enfermagem (62,4%) e técnicos de enfermagem (65,2%) como maior que
nos enfermeiros (45,7%) (p<0,0001). Este mesmo autor diz que as taxas de absenteísmo
são diferentes de acordo com o nível de escolaridade do cargo, sendo que as maiores taxas
estão concentradas no nível elementar (8,45%±1,02) seguida do nível médio
(5,60%±0,41) e superior (3,45%±0,38). Neste sentido, em relação à Enfermagem, Silva
(1999) observou que dos 173 trabalhadores que adoeceram 131 (74,8%) eram auxiliares de
enfermagem e 42 (62,5%) enfermeiros, confirmando maior absenteísmo entre os
profissionais de menor escolaridade. Guimarães (2005), ao realizar estudo com servidores
civis de um hospital geral de Brasília, com o intuito de analisar o absenteísmo-doença no
período de um ano, corrobora observando um menor número de afastamento entre as funções
com grau de escolaridade maior. No nível fundamental e médio foi observado um
afastamento de 141 (94,6%) servidores e um afastamento de 8 (5,4%) servidores com
nível superior de escolaridade, uma distribuição estatisticamente significante (p=0,0001).
Entre divorciados/separados/viúvos e casados identificou-se frequências mais elevadas
de absenteísmo curto e longo. Belém e Gadzinski (1998) relatam que o estado civil é fator de
87
grande influência nos níveis de absenteísmo, principalmente quando o trabalhador possui
filhos. Fischer (1986) descreveu que um grande absenteísmo é observado entre os casados
quando associados a um grande número de dependentes. Primo (2008) aponta que os maiores
índices de absenteísmo estão entre os separados e viúvos (12,37% – IC95% 7,83%-16,92%)
comparado com outros estados civis: casado (5,19% - IC95% 4,32%-6,05%) e solteiro
(4,69% - IC95% 3,98%-5,40%). Kivimaki et al. (2003) traz dados complementares
relacionados à viuvez associada ao aumento do absenteísmo em sua coorte prospectiva com
trabalhadores públicos de Londres. Ao abordar o absenteísmo relacionado ao adoecimento e
estado civil em trabalhadores de enfermagem, estudo de Alves (1996) afirma que os
trabalhadores casados apresentam maior índice de afastamentos por terem mais
responsabilidades domésticas. Corroborando os achados deste estudo, Silva (1999) mostrou
que 52,3% dos profissionais de enfermagem de um hospital universitário do estado de São
Paulo envolvidos em faltas são casados.
No que se refere à raça/cor, identificou-se associação com absenteísmo curto e
longo, sendo este último associado aos que se autoreferiram negros e aqueles que se referiram
brancos. Estudos epidemiológicos sobre as morbidades relacionadas à raça/cor são
importantes para aprofundamento do conhecimento científico sobre como as desigualdades
étnicas influenciam na saúde populacional, incluindo a saúde do trabalhador (SILVA,
2007). No entanto, esta variável pode estar refletindo as condições sócio-demográficas
subjacentes da população de estudo.
Entre os servidores públicos, identificou-se proporções mais elevadas de absenteísmo
longo. Este comportamento, confirmado em outros trabalhos (LIM et al., 2002; PRIMO,
2008), pode ser explicado pela maior segurança na manutenção do emprego, acoplado à
facilidade/direito de se obter licenças médicas a cada ano, maior insatisfação com o trabalho e
menor pressão competitiva (WUNSCH et al., 1998). Primo (2008) observa que os
88
trabalhadores estatutários apresentaram maiores taxas (6,36% x 2,47%) de absenteísmo em
relação aos contratados. A diferença entre as médias [3,89 (IC95% 2,90 – 4,88)] é
significativa (p< 0,0001). Além disso, deve-se considerar que os servidores eram mais velhos,
condição já demonstrada como associada ao absenteísmo longo. Nossos resultados também
mostraram associação entre o vínculo temporário e o absenteísmo curto, porém não foram
encontrados estudos que corroborassem com esses achados na literatura. No entanto, eram
trabalhadores mais jovens, portanto com frequências mais elevadas de absenteísmo curto.
Pode-se perceber a relação existente entre o número de empregos e o número de horas
semanais trabalhadas, ao ponto que os trabalhadores que disseram ter dois ou mais empregos
na enfermagem, acarretam como conseqüência longas horas de jornadas de trabalho
assistencial. No Brasil os trabalhadores de enfermagem compreendem uma categoria
profissional peculiar quando se trata de carga horária, uma vez que o duplo vínculo
empregatício é comum e a opção por um segundo emprego é estimulada em decorrência dos
baixos salários e facilitada pela flexibilidade nos horários laborais (ROTENBERG et al.,
2008).
Schimidt e Dantas (2006) complementam Rotenberg, ao dizerem que a profissão de
enfermagem por ser mal remunerada no país, faz com que a maioria dos trabalhadores seja
obrigada a optar por mais de um emprego, o que acarreta a permanência do trabalhador no
ambiente de serviço de saúde a maior parte do tempo de suas vidas produtivas, aumentando a
exposição aos riscos ocupacionais, contribuindo para o elevado absenteísmo destes
profissionais.
Em nossos resultados, mostramos que os trabalhadores que possuem dois ou mais
empregos na enfermagem apresentam associação tanto com absenteísmo curto quanto longo.
De modo similar, entre profissionais de enfermagem atuantes em um hospital universitário no
Rio Grande do Sul, Magnago (2008) observou que 26,3% possuíam outro vínculo
89
empregatício. Em contrapartida, nos Estados Unidos, apenas 10,2% das enfermeiras, atuantes
em instituições hospitalares, referiram ter outro emprego (ZAPKA et al., 2009).
Com relação à carga horária semanal, esta tem sido apontada como variável preditora
de diversos desfechos relacionados ao trabalho de enfermagem, dentre os quais o
absenteísmo-doença (MANETTI, 2009). Na Holanda, um estudo realizado por Schreuder et
al. (2009) com enfermeiras de unidades clínicas, mostrou que a frequência do absenteísmo
por doença aumentava significativamente com o aumento do número de horas trabalhadas.
Kroenke et al. (2007), em estudo com enfermeiras hospitalares, destacaram que as
altas cargas de horas trabalhadas poderiam levar a longos períodos de exposição a condições
de trabalho estressantes, o qual poderia ainda levar ao absenteísmo das enfermeiras. Nossos
resultados se mostraram semelhantes, onde a variável horas semanais mostrou-se associada ao
absenteísmo-doença, mostrando que os trabalhadores de enfermagem que disseram trabalhar
61 h ou mais/semana apresentaram maior absenteísmo curto e os que trabalhavam de 9 a 30
h/semana, maior absenteísmo longo. Não encontramos na literatura, referências com relação
às horas trabalhadas pelos profissionais de enfermagem e à divisão entre absenteísmo curto e
longo, o que é visto e parece possível é que o aumento do número de horas trabalhadas
contribui com o absenteísmo por doença.
Metzner e Fischer (2001) destacam que a jornada de trabalho prolongada pode
provocar aumento considerável da carga de trabalho. Na atual conjuntura política sobre a
jornada de trabalho da categoria de enfermagem, com luta sindical pela fixação da carga
horária semanal de 30 horas, percebe-se a relevância deste movimento pela melhoria das
condições de trabalho com consequente qualidade de vida e saúde física e mental dos
trabalhadores de enfermagem. Para isso, é importante que o trabalhador desfrute essa
conquista de forma que a redução na carga horária não se transforme em acúmulos de outros
empregos.
90
Ao relacionar o absenteísmo e o turno de trabalho, encontrou-se associação entre
trabalhadores ex-noturnos e maior absenteísmo curto e trabalhadores noturnos e maior
absenteísmo longo. Os trabalhadores noturnos se afastam mais, porque o trabalho noturno
provoca alterações fisiológicas decorrentes da ausência de sincronismo entre seu rítmo
circadiano e o prolongamento do período de vigília (COSTA et al., 2009).
Mendes (1999) assegura que, devido ao limite entre vigília e repouso enfrentado
pelos trabalhadores durante uma noite de trabalho, pode haver comprometimento da
capacidade de concentração e, além disso, esses funcionários sofrem a privação do convívio
com a família em razão da incompatibilidade de horário. Assim, o conjunto desses
fatores pode desencadear problemas de ordem emocional e psíquica.
O estudo do impacto do trabalho noturno na saúde tem recebido destaque na literatura
(ROTENBERG et al., 2001). Muitos trabalhadores noturnos não dormem durante o dia
a mesma quantidade de horas que dormiriam à noite, principalmente as mulheres. Elas
têm mais dificuldade para dormir durante o dia, uma vez que, em geral, são as que cuidam dos
afazeres diurnos da casa. Outros agravantes, como os sons da casa e da rua e a
claridade da iluminação natural do dia impedem que ocorram todas as fases do sono,
fundamentais para a reposição das energias. Não passar por todas as suas fases
provoca alterações no ritmo biológico, sonolência no trabalho, perda de memória,
diminuição do processo cognitivo e dos reflexos. O trabalhador fica mais exposto a acidentes
ocupacionais, ao estresse e a fatores emocionais (POLLONE, 2004; MAGNAGO, 2008).
Menezes (1996) estudando enfermeiras e auxiliares de enfermagem de um hospital
público de Salvador mostrou, entre trabalhadoras noturnas, elevada prevalência de
problemas de saúde tais como: alteração da qualidade do sono, distúrbios digestivos e
sintomas de fadiga. Marziale e Rozestraten (1995) observaram que traba lhadoras de
91
enfermagem noturnas de um hospital universitário de Ribeirão Preto, apresentavam mais
sintomas subjetivos relacionados ao embotamento emocional e distúrbios do sono.
Ao avaliar as variáveis de comportamento relacionado a saúde de nosso trabalho,
observamos que os trabalhadores de enfermagem com baixo peso ou peso normal
apresentaram maior absenteísmo curto e os trabalhadores obesos, maior absenteísmo longo.
Resultados semelhantes foram observados na coorte prospectiva de trabalhadores da Holanda
por Jans et al. (2007), onde a freqüência de absenteísmo longo foi significativamente maior
nos trabalhadores com excesso de peso do que os trabalhadores com peso normal. Em média,
os trabalhadores obesos estavam ausentes 14 dias mais por ano do que os de peso normal.
Ala-Mursula et al. (2002) em estudo com trabalhadores municipais da Finlândia
realizado de 1996 a 1998, corroboram com nossos achados, mostrando que o aumento do
absenteísmo está associado ao hábito de fumar, ao sedentarismo e a obesidade. Cawley et al.
(2007) ao examinar os dados de um estudo médico no período de 2000 a 2004 com
trabalhadores de Nova York, mostrou que os custos substanciais do absenteísmo estão
associados com a obesidade e obesidade mórbida.
A quantificação dos custos anuais atribuíveis à obesidade, incluindo o aumento de
despesas médicas e absenteísmo por doença, tem sido bastante utilizada por diversas
instituições de trabalho e também demonstrada em pesquisas na área médica
(FINKELSTEIN, et al., 2005).
Em diversos países a obesidade é considerada um problema oneroso para os
empregadores de diversas instituições de trabalho. Uma das consequências relacionadas à
obesidade é o aumento do absenteísmo. Um levantamento nacional realizado nos Estados
Unidos com trabalhadores adultos (N = 2722) explorou se não ter uma boa saúde física e
mental poderia explicar (ou seja, mediar) a relação entre a obesidade e o absenteísmo. Os
dados revelaram que 19,3% dos trabalhadores adultos (23,6 milhões de trabalhadores) eram
92
obesos e ser obeso foi positivamente relacionado ao aumento do absenteísmo (MICHAEL;
FRONE, 2008).
A presença de uma e duas e mais de duas DORT apresentaram associação estatística
com o absenteísmo doença curto e longo. No estudo de Guimarães (2005) as doenças do
sistema osteomuscular representaram 33,1 % dos afastamentos por mais de 3 dias e 13,1%
dos afastamentos por 3 dias ou menos.
O perfil epidemiológico dos trabalhadores brasileiros tem revelado modificações ao
longo dos anos, com a predominância das lesões por esforços repetitivos – LER/DORT
relacionadas às ausências do trabalho. Em servidores públicos britânicos, as doenças
cardiovasculares, desordens musculoesqueléticas e transtornos mentais estão entre as
principais razões de absenteísmo (WUNSCH et al., 1998) . Na Suécia, causas semelhantes
também foram encontradas por Kivimaki et al., 2001. As afecções músculoesqueléticas
resultantes de acidentes ou de enfermidades, ocupam os primeiros lugares nas estatísticas de
morbidade em todos os países (FISCHER, 1986). Algumas atividades executadas por
trabalhadores de enfermagem provocam demasiado desgaste físico. O transporte e a
movimentação de equipamento e de pacientes, longa permanência de pé durante a assistência,
associados à adoção de má postura corporal e à inadequação do espaço físico e mobiliário são
apontados como fatores de risco ergonômico responsáveis por danos à saúde, com
conseqüente elevadas taxas de absenteísmo curto e longo (SILVA, 1999; SANTOS; SOLER,
2003).
Diversos estudos têm relatado uma chance aumentada de absenteísmo doença entre
indivíduos com uma autopercepção da saúde regular ou ruim. Kivimäki et al. (2001) mostram
que uma autopercepção da saúde ruim está relacionada às ausências curtas e longas, sendo
nesta última uma relação mais forte estatisticamente. Em estudo longitudinal com
trabalhadores industriais alemãs de Hanebuth et al. (2006) a auto-avaliação da saúde mostrou
93
uma forte associação com todas as medidas de ausência no trabalho. Segundo o autor,
certamente, esta variável não pode substituir um exame médico, mas pode ser suficiente para
uma primeira análise de todos os trabalhadores em um ambiente ocupacional. Outros estudos
contribuem com os resultados encontrados nesta pesquisa (KIVIMAKI et al., 2003). Em
nossos resultados, a autopercepção da saúde ruim ou regular se mostrou associada ao
absenteísmo curto e longo, corroborando com demais estudos.
A presença de distúrbio psíquico menor mostrou-se associado ao absenteísmo curto e
longo. Kivimaki et al. (2003) mostra que o distúrbio ou morbidade psíquica menor apresenta
relação com as ausências por doença. Outros estudos também mostram esta relação, e m que
os casos de distúrbios psíquicos menores foram associados ao absenteísmo por períodos
curtos e longos (SILVA, 2004; PRIMO, 2008).
A presença de insônia se mostrou associada ao absenteísmo curto e longo entre os
trabalhadores do estudo. Godet-Cayré et al. (2006) obtiveram como resultados de coorte
retrospectiva de dois anos, realizado com trabalhadores da região da França, que os
trabalhadores que sofriam de insônia tiveram um número significativamente maior de taxa de
absenteísmo no trabalho do que aqueles que dormiam bem. Estas ausências representam um
alto custo para a sociedade francesa, sendo que 88% destes gastos são assumidos pelas
entidades patronais. Davey et al. (2009), em estudo com enfermeiras hospitalares, corroboram
com estes achados, indicando que a insônia está associada significativamente em termos de
problemas de saúde e de cuidados de saúde, ao absenteísmo no trabalho, a redução da
produtividade e ao risco de acidentes ocupacionais. Kleinman et al. (2009), em um estudo de
caso-controle, mostraram que a insônia estava associada com aumento de custos, maior
absenteísmo e aumento do número de comorbidades nos trabalhadores estudados. Este estudo
estimou o custo anual da insônia na força de trabalho dos Estados Unidos, em cerca de US $
15.0-17.7 bilhões.
94
5.4. Considerações acerca da associação entre o apoio social no trabalho e o absenteísmo dos
trabalhadores de enfermagem (objetivo específico 3)
A hipótese formulada nesta pesquisa, de que no ambiente de trabalho, a percepção de
níveis mais baixos de apoio social estaria associada às maiores chances de absenteísmo-
doença em trabalhadores de enfermagem, pode ser confirmada em nossos resultados. Esses
mostraram que trabalhadores com menos apoio social no trabalho apresentam maiores
chances de se ausentarem no trabalho por motivos de doenças, do que aqueles com maior
apoio. Esta associação foi observada tanto para o absenteísmo curto quanto longo, sendo mais
intensa neste último.
Numerosos estudos, entre os quais as metanálises, relataram uma associação inversa
entre o apoio social e absenteísmo (MOWDAY et al., 1982; BURTON et al., 2002; DARR et
al., 2008; ROELEN et al., 2009). O estudo longitudinal realizado com trabalhadores
industriais no sul da Alemanha por Hanebuth et al. (2006) mostrou que a falta de apoio social
por parte dos supervisores ou colegas de trabalho estava significativamente associada com os
períodos curtos e longos de ausência no trabalho e com o índice de absenteísmo. Na coorte
prospectiva com trabalhadores de escritório de seguros realizada por Roelen et al. (2009) o
apoio social por parte dos colegas de trabalho esteve associada com absenteísmo por doença.
A meta-análise de Darr e Johns (2008) apresentou resultados semelhantes, nos quais o apoio
percebido pelos trabalhadores estava associado à frequência e ao tempo perdido das ausências
por doença. Estes estudos corroboram com os achados de nossa pesquisa.
Segundo Johns (2001) um dos indicadores mais comuns e utilizados da saúde
organizacional é o absenteísmo. Este pode ser vinculado a fatores individuais, organizacionais
e sociais (STETZER et al.,2000). Dois fatores organizacionais que podem contribuir para o
absenteísmo são as percepções individuais dos estressores no local de trabalho (ou seja, as
demandas de trabalho) e a capacidade de lidar com os estressores no local de trabalho,
95
incluindo o nível de apoio social no trabalho (SCHECK et al., 1997). Estes autores relatam a
notória importância do AST como agente minimizador do estresse no ambiente de trabalho e
do adoecimento dos trabalhadores, o que contribui consequentemente para redução da
freqüência das ausências por motivo de doença no ambiente laboral.
Os resultados obtidos no presente estudo e aqueles relatados por outros pesquisadores
(NORTH et al., 1993;. RAEL et al., 1995;. UNDEN, 1996; KIVIMÄKI et al., 2001;.
KIVIMÄKI et al., 2003;. PIIRAINEN et al., 2004) apoiam a idéia de Rael et al. (1995) em
que as ausências por doença são de natureza complexa, não dependendo apenas dos
problemas de saúde, mas também de fatores psicossociais, como o AST. A relação positiva
que encontramos em nossos resultados entre o AST e o absenteísmo-doença sugere que o
apoio no ambiente de trabalho pode aumentar a auto-estima e o senso/grau de controle,
fazendo com que os trabalhadores tenham uma melhor forma de lidar com a doença (RAEL et
al., 1995). O AST pode também funcionar como um mecanismo facilitador levando os
trabalhadores a se afastar do trabalho quando estão doentes por saberem que seus
companheiros de trabalho irão entendê- los e substituí- los quando necessário.
Em um estudo realizado com enfermeiros canadenses, as ausências por doença de
curta duração esteve associada com a tensão no trabalho em termos de alta demanda, baixo
controle e baixo apoio social no trabalho (BOURBONNAIS; MONDOR, 2001). O estudo de
Schreuder et al. (2009) realizado com enfermeiras hospitalares de uma província holandesa,
mostrou que menores níveis de apoio social no ambiente de trabalho estavam associados às
ausências de longa duração (p=0,03). Iverson et al. (1998) ao realizarem um estudo com
profissionais de saúde de um hospital público da Austrália, observaram que a frequência do
absenteísmo era aumentada pelo elevado nível de estresse no ambiente de trabalho, e
diminuída com a elevada realização pessoal, com o apoio dos colegas de trabalho, com a
autonomia de decisão e apoio da supervisão. Outro estudo corrobora com estes achados,
96
mostrando que, em trabalhadores de enfermagem rurais que atuam em um Distrito de Serviço
de Saúde nas Colinas do Sul da Austrália, o AST percebido estava associado ao absenteísmo
entre estes profissionais (MACHIN et al., 2001).
No que se refere aos aspectos psicossociais do trabalho, alguns componentes do
trabalho da enfermagem interferem na saúde desses trabalhadores, dentre os quais
destacamos, a atenção constante; a supervisão estrita, que determina graus de controle,
autonomia e criatividade dos trabalhadores; o ritmo acelerado e a fragmentação das tarefas;
conflitos interpessoais; falta de participação nas decisões; demandas emocionais relacionadas
ao cuidado com o paciente e confronto com a dor e a morte; a falta de segurança no trabalho;
a falta de reconhecimento e recompensas dos trabalhadores; e a falta de apoio social pelos
colegas e pela supervisão, dentre outras situações (SILVA et al., 1998; CALLAGHAN et al.,
2000; GOMES et al., 2006). Todos estes achados relacionados ao trabalho da enfermagem,
segundo a literatura, estão relacionados ao risco de afastamentos dos profissionais por
problemas de saúde (RUAHALA et al., 2007).
Esses achados sinalizam ainda que, no trabalho da enfermagem, não apenas as
freqüentes exposições físicas e mecânicas, mas também aspectos organizacionais,
psicológicos e sociais podem se constituir em fatores de risco para as ausências o trabalho por
motivos de doenças.
5.5. Considerações acerca da associação entre combinações do apoio social no trabalho e
controle no trabalho (objetivo específico 4)
Analisamos as combinações do AST + controle no trabalho e algumas variáveis do
estudo, a fim de observar o comportamento dessas combinações que foram idealizadas por
Karasek e Theörell (1990). Observamos poucos estudos na literatura estrangeira que
observaram a combinação e o efeito da interação entre estes dois componentes. Alguns
97
pesquisadores (JOHNSON; HALL, 1988; LANDSBERGIS et al., 1992) relataram os efeitos
sinérgicos entre controle sobre o trabalho e apoio social no trabalho sobre as doenças
cardiovasculares e a insatisfação no emprego quando em baixas demandas no trabalho, mas
estes efeitos não foram observados quando a demanda foi elevada.
Em estudo transversal com trabalhadores da Suécia realizado por CHOI et al. (2010)
que tratava do efeito da interação entre o controle sobre o trabalho e o AST sobre os
transtornos mentais comuns, o qual utilizou o JCQ de Karasek para mensurar AST, foi
observado um significante excesso de risco para o sofrimento psíquico quando os
trabalhadores tiveram tanto baixo controle sobre o trabalho quanto baixo apoio social no
trabalho, fato verificado em homens e mulheres. No entanto, o efeito sinérgico era afetado
pelas altas demandas do trabalho diferentemente por sexo. Nas mulheres, o efeito sinérgico
foi mantido, mas atenuado em certa medida quando o nível de demanda de trabalho era
elevado. Nos homens, um efeito antagonista entre controle e AST foi observado quando o
nível de demanda foi alto.
BOERJAN et al. (2010) realizaram um estudo para investigar as interações entre os
níveis de apoio social de supervisores e colegas e a autonomia relacionada ao trabalho e seus
efeitos sobre problemas de saúde relacionados ao estresse em residentes holandeses na
formação de cirurgia geral, onde utilizaram o JCQ para avaliação de AST. Como resultados
foram identificados que a baixa autonomia no trabalho (baixo controle) relacionada aos
menores níveis de apoio social dos supervisoress foram preditores das queixas de saúde
relacionadas com o estresse.
Como apresentado no referencial teórico, Karasek e Theörell (1990) propuseram
quatro experiências no ambiente psicossocial do trabalho geradas pela simultaneidade
entre maiores e menores graus de AST e de controle sobre o trabalho, quais sejam:
“participatory leader” (alto controle e alto apoio social no trabalho), “cowboy hero” (alto
98
controle e baixo apoio social no trabalho), “isolated prisioner‖ (baixo controle e baixo
apoio social no trabalho) e “obedient comrade” (baixo controle e alto apoio social no
trabalho).
No presente estudo, ao serem avaliados os quadrantes citados acima segundo
categoria profissional, verificamos que no seguimento “participatory leader”, de alto
controle e alto apoio social no trabalho, os enfermeiros (16,6%) se apresentaram em
proporção maior em relação aos técnicos (9,6%) e auxiliares de enfermagem (14,1%). Já o
quadrante “obedient comrade” , de baixo controle e alto apoio social no trabalho, os
auxiliares de enfermagem (29,2%) apresentaram-se em maior proporção, seguidos pelos
técnicos (19,9%) e enfermeiros (12,2%). Estes dados corroboram com os estudos de Karasek
e Theorell (1990) ao mostrar na distribuição das ocupações de apoio social e controle no
trabalho, que as enfermeiras se encontram no seguimento de alto AST e alto controle sobre
trabalho, e os auxiliares de enfermagem no alto AST e baixo controle.
A avaliação do controle no trabalho da enfermagem nos remete à reflexão
sobre o processo de formação dos profissionais dessa área ao longo da histó ria. Foram na
escolas nightingaleanas que se iniciou o processo de hierarquização, divisão e subordinação
dentro da própria profissão, subdividindo em duas classes: as ladies e as nurses. As primeiras
eram provenientes das camadas mais elevadas da sociedade e desempenhavam funções
consideradas mais intelectuais como administração, supervisão, direção e controle dos
serviços de enfermagem. As segundas procediam dos níveis sociais mais baixos e
desempenhavam o trabalho manual de enfermagem/ o cuidado direto ao paciente sob a
supervisão e coordenação das ladies, raramente interferindo nos processos de tomada de
decisão (GIOVANINI, 2002).
A formação profissional por si só determina maior ou menor grau de controle
ao profissional, à medida que configura a divisão de atribuições e tarefas entre os
99
trabalhadores de enfermagem. Pode-se dizer que o processo de divisão do trabalho da
enfermagem reproduziu as formas hegemônicas de estruturação mais gerais da vida no
trabalho, fortemente voltadas para dividir, fragmentar, parcelar, hierarquizar e subordinar,
tanto as tarefas e atividades, quanto as relações entre os indivíduos (ARAÚJO, 1999). Silva
et al. (1998) e Geselma et al. (2006) relatam que devido a divisão hierarquizada do traba lho
da enfermagem, os enfermeiros expressam maior grau de controle sobre o próprio trabalho.
Com relação à associação entre os quadrantes (AST e controle) e o absenteísmo-
doença por período curto e longo, os resultados foram semelhantes aos observados na
associação do AST e o absenteísmo. As análises ajustadas, mostram chances mais elevadas de
absenteísmo curto (≤9 dias) e longo (≥10 dias) no quadrante que combina baixo
controle/baixo AST no trabalho (maior risco) quando comparado ao quadrante de alto
controle/alto AST. No entanto, no caso do absenteísmo longo, no modelo 3 de regressão,
observou-se chances semelhantes de absenteísmo-doença entre os quadrantes baixo
controle/baixo AST e alto controle/baixo AST e a categoria de referência (alto controle/alto
AST).
Estudos demonstraram que situações com alto controle sobre o trabalho, baixas
demandas psicológicas e alto AST foram fatores que influenciaram a redução da freqüência
do absenteísmo por doença (NORTH et al., 1993; MACHIN et al., 2001; BOURBONNAIS;
MONDOR, 2001; MOREAU et al., 2004; SCHREUDER et al., 2009).
Estes resultados sugerem que outros tipos de análises com estes elementos se fazem
necessários para explorar os mecanismos que ocorrem na saúde quando há baixo apoio social
no trabalho e baixo controle no trabalho, as quais são situações desfavoráveis no trabalho da
enfermagem.
100
5.6. Limitações do estudo
Estudos seccionais como este estão suscetíveis à causalidade reversa, já que não se
pode concluir a respeito das relações causais entre a exposição e o desfecho por serem
avaliados em um mesmo momento no estudo. Portanto, não podemos afirmar, a partir de
nossa avaliação, que os baixos níveis de apoio social no trabalho ―causaram‖ mais
frequentemente o absenteísmo por doença nos trabalhadores de enfermagem estudados.
Estudos longitudinais são necessários para verificar as relações causais entre apoio social no
ambiente laboral e as ausências por doença nos trabalhadores estudados.
Além disso, o absenteísmo por doença foi obtido através de informação auto-referida,
portanto, viés de memória ou de informação poderiam refletir em super ou subestimação da
informação. No entanto, estudos já demonstraram que o absenteísmo por doença auto-referido
se mostrou fortemente correlacionado com medidas baseadas em registros, considerada
portanto, uma medida válida para obter dados sobre absenteísmo por doença (LINTONA et
al., 1995; FERRIE et al., 2005; VOSS et al.,2007). A maior vantagem dessa forma de
obtenção dos dados se refere ao fato de que captura o absenteísmo curto que, em geral, se
constituem na grande maioria das faltas ao trabalho e que não são notificados para a
Seguridade Social. Outro aspecto que limita nossos resultados se refere ao fato de que não
mensuramos o tempo de duração de cada episódio de faltas por doença.
Outra limitação é a possível ocorrência de uma superestimação do apoio social no
trabalho, uma vez que os dados foram coletados no ambiente laboral, e os trabalhadores
poderiam de alguma forma, relatar níveis mais elevados de AST, devido a aproximação com
colegas e chefes de trabalho.
A informação referente ao absenteísmo-doença foi coletada a partir da pergunta
―Quantos DIAS INTEIROS você esteve fora do trabalho devido a problema de saúde,
101
consulta médica ou para fazer exame durante os últimos 12 meses?‖ retirada do instrumento
ICT (Índice de Capacidade para o Trabalho) de Tuomi (2005). Embora este autor tenha
reconhecido as ausências por problemas de saúde, consulta médica ou realização de exames
como faltas ao trabalho por doença, pode ter ocorrido um viés de informação/classificação em
nosso estudo, pelo fato de que as ausências para realização de consultas médicas ou exames,
podem ser consequências de prevenção ou investigação das condições de saúde dos
trabalhadores, e não pela existência de um quadro de doença propriamente dito.
102
CAPÍTULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objeto de estudo desta dissertação de mestrado foi o apoio social no trabalho e a
relação com o absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem. Para tal observação,
utilizou-se o modelo proposto por Karasek, que destaca, o apoio social no trabalho como
mediador entre as demandas e o controle no ambiente psicossocial do trabalho. A partir dos
resultados obtidos nesta dissertação, são apresentadas a seguir, as conclusões e
recomendações deste estudo.
• Com relação ao perfil da população de estudo
Os trabalhadores de enfermagem dos três hospitais públicos do Rio de Janeiro
estudados, são em sua grande maioria, mulheres, adultos jovens, casados, com filhos menores
de 18 anos, com escolaridade até o ensino médio, mestiços, renda familiar per capita de 1 a 2
salários mínimos. Predominam os auxiliares de enfermagem, os trabalhadores com vínculo
permanente com a instituição, os que trabalham há dez anos ou mais na profissão, trabalham
no diurno, com uma carga horária semanal de 31 a 60 horas e a maioria possui apenas um
emprego.
• Com relação ao apoio social no trabalho
No que diz respeito às características sócio demográficas, foi percebido escores mais
baixos de apoio social no trabalho entre os trabalhadores do sexo feminino, os mais jovens,
de maior escolaridade e maior renda familiar per capita.
Em relação às características laborais, encontravam-se na categoria de mais baixo
apoio social no trabalho percebido, os profissionais enfermeiros seguidos pelos técnicos de
enfermagem. Ao analisar a freqüência de cada item da escala de AST e as categorias
profissionais de enfermagem, confirmou-se que os enfermeiros e técnicos de enfermagem
103
sentem-se menos apoiados, pelos chefes e pelos colegas, que os auxiliares de enfermagem no
ambiente laboral.
Das características de comportamentos relacionados à saúde, foram classificados com
escores mais baixos de apoio social os trabalhadores de enfermagem com médio e alto
consumo de bebida alcoólica.
Com referência as condições de saúde, apresentaram níveis mais baixos de AST, os
trabalhadores de enfermagem que referiram mais de uma DORT, autopercepção da saúde
ruim ou regular e presença de distúrbio psíquico menor.
• Com relação ao absenteísmo por doença em trabalhadores de enfermagem
A freqüência do absenteísmo nos trabalhadores de enfermagem no período do estudo,
foi nenhum dia de ausência (61,8%), seguido por ausência menor ou igual a 9 dias (20,3) e
por último, a ausência maior ou igual a 10 dias (16,6%) nos últimos 12 meses.
Em relação às características sócio-demográficas, apresentaram maior absenteísmo
curto às mulheres, os mais jovens, com nível fundamental completo de escolaridade, os
separados, viúvos e divorciados e os que se autoreferiram brancos; e, apresentaram maior
absenteísmo longo as mulheres, os mais velhos, com nível fundamental completo de
escolaridade, os separados, viúvos e divorciados e os que se autoreferiram negros.
Com relação às características ocupacionais, foi observado absenteísmo curto entre os
técnicos de enfermagem, os contratados, com dois ou mais empregos, os trabalhadores
noturnos e os que trabalham 61 horas ou mais; e observado absenteísmo longo, entre os
técnicos de enfermagem, os com vínculo empregatício permanente, com dois ou mais
empregos na enfermagem, os que foram trabalhadores noturnos e os que trabalham de 9 a 30
horas semanais.
104
Das variáveis de comportamentos relacionados à saúde, os trabalhadores com baixo
peso ou normal referiram maior absenteísmo curto e os obesos referiram maior absenteísmo
longo.
Entre as condições de saúde, os trabalhadores com mais de duas DORTs, com
autopercepção da saúde ruim ou regular, com distúrbio psíquico menor e com queixa de
insônia, apresentaram maior absenteísmo curto. Os mesmos resultados foram observados com
relação ao absenteísmo longo.
O absenteísmo é um processo no qual as causas não podem ser atribuídas apenas à
decisão individual do trabalhador. A insatisfação no trabalho, a falta de motivação, a falta de
apoio social no trabalho, dentre outros, podem ocasionar atrasos, licenças de saúde ou altas
deliberadas que podem estar vinculadas à organização do trabalho (sobrecargas), à existência
ou não de supervisão e ás estratégias adotadas pela instituição.
Para que um serviço de saúde realize intervenções no absenteísmo, é necessário em
um primeiro momento conhecê- lo em sua dimensão quantitativa, ou seja, mensurá-lo. Em um
segundo momento, é importante identificar as causas deste evento, as quais revelarão nuances
que envolvem questões variadas qualitativas, entre elas: as relações interpessoais e sociais, a
interação do grupo de trabalho, as condições de trabalho oferecidas e os processos de trabalho
desenvolvidos na instituição na qual se encontram os trabalhadores de enfermagem.
• Com relação a hipótese do estudo
A hipótese de que, no ambiente de trabalho, o apoio social percebido estaria
inversamente associado ao absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem, pode ser
confirmada em nossos resultados. Foram observadas maiores chances de absenteísmo curto e
longo nos níveis de médio e baixo apoio social no trabalho quando comparado ao alto, ou
seja, quanto mais baixos os níveis de AST percebidos no ambiente de trabalho, maiores as
chances de absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem.
105
Diante disso, os resultados expõem a necessidade da percepção do apoio social no
trabalho por parte dos colegas e da chefia para redução do adoecimento e absenteísmo entre
trabalhadores de enfermagem. Para isso, é fundamental expor a eles o significado e as
implicações dessa dimensão psicossocial sobre o cotidiano laboral.
Os dados obtidos no estudo revelaram aspectos importantes sobre o AST e sua relação
com absenteísmo-doença entre os trabalhadores de enfermagem durante o processo de
trabalho, oferecendo subsídios para que sejam implementados programas de orientação e
promoção à saúde. Acredita-se que este estudo contribuirá para um momento de
reflexão entre profissionais de enfermagem e chefias do hospital, à medida que os
resultados forem apresentados no local de estudo como compromisso assumido no Termo de
Consentimento e divulgados em periódicos científicos.
Espera-se que mais estudos epidemiológicos sejam realizados na área da saúde
do trabalhador e, em especial, relacionados ao apoio social no trabalho e o absenteísmo
contribuindo, assim, para a melhoria das condições de qualidade de vida e saúde dos
trabalhadores de enfermagem. Da mesma forma, é necessário destacar que, após ter-se
um pouco mais de conhecimento sobre essa metodologia, foi percebido que diversos
aspectos merecem uma investigação mais detalhada e a avaliação de outras variáveis
poderiam enriquecer os dados encontrados.
Apresentadas estas reflexões, ressalta-se a importância de buscar realizar algumas
ações relacionadas aos trabalhadores de enfermagem e área da Saúde do Trabalhador, para
que se possa ocorrer transformação nas condições laborais e comportamentais e consequente
redução do absenteísmo por doença.
• No âmbito da instituição hospitalar:
- oferecer aos trabalhadores atendimento multiprofissional e multidisciplinar no
Serviço de Segurança e Saúde do Trabalhador;
106
- melhor compreensão do processo de adoecimento físico e psicológico dos
trabalhadores de enfermagem;
- promover ações de educação em saúde para prevenir e intervir no estresse no
ambiente laboral, permitindo o reconhecimento precoce e atuação o mais breve possíve l;
- promover e desenvolver ações de conscientização, educação e prevenção de
doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, junto com os trabalhadores, adotando uma
postura pró-ativa diante dos riscos ocupacionais;
- estabelecer programas de orientação dos trabalhadores que focalizem as
condições ambientais e ergonômicas de trabalho na instituição e a prevenção dos
riscos inerentes a essas diversas categorias profissionais;
- realizar acompanhamento de saúde periódico;
- implementar medidas preventivas que auxiliem evitar o surgimento de agravos à
saúde e desenvolver ações efetivas de promoção à saúde dos trabalhadores;
- criar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional do
trabalhador, como forma de aumentar seu compromisso com o trabalho e com a
organização;
- favorecer uma gestão participativa, oportunizando os trabalhadores de enfermagem
na atuação de forma integrada na resolução dos problemas relacionados à organização e ao
processo de trabalho da enfermagem;
- realizar intervenções que estimulem vínculos sociais poderiam ser
implementadas no ambiente de trabalho em grupos de apoio com os próprios colegas
de trabalho, através de lembretes em cartazes e nas reuniões periódicas de equipe;
- criar grupos de apoio para trabalhadores com problemas de ordem física e/ou
psíquica com o objetivo de elevar a auto-estima, para que eles se sintam valorizados e
107
não sozinhos ou isolados, para que possam coletivizar suas experiências, dividir ansiedades e
dúvidas;
- estimular a atenção mais específica e cuidadosa por parte da supervisão de
enfermagem que poderia ser oferecida aos trabalhadores que expressem maior solidão;
- adoção de espaços de convivência que estimulem o encontro e a troca de
experiências entre os trabalhadores nos horários das refeições que deveria ser
reivindicado no ambiente de trabalho;
- facilitar a transferência de setor do trabalhador que esteja insatisfeito com o
seu ambiente de trabalho, procurando reduzir os níveis de insatisfação e de absenteísmo;
- melhorar o sistema de registro dos problemas de saúde e das licenças
médicas, facilitando análises mais amplas do problema absenteísmo-doença em seus diversos
aspectos;
- acompanhar e monitorar a assiduidade dos trabalhadores;
- promover ambiente saudável, com atividades como ginástica laboral, música
ambiente, cursos de aperfeiçoamento e atualizações, dentre outros.
• No âmbito dos trabalhadores de enfermagem:
- pensar criticamente sobre o seu trabalho, de forma a agir e lutar por uma
organização do trabalho que favoreça as relações sociais, a subjetividade e a saúde como
trabalhador de enfermagem;
- lutar por condições de trabalho adequadas e por um processo de trabalho hospitalar
que permita práticas comunicativas entre a gerência e os trabalhadores, o desenvolvimento de
um trabalho contínuo valorizando competências, capacitação e uma rede social de ajuda ao
trabalhadores;
108
- manter boas relações interpessoais com os colegas de trabalho e outros profissionais
da saúde, a fim de favorecer a integração multiprofissional contribuindo para resultados
satisfatórios no crescimento pessoal e na qualidade da assistência prestada em equipe;
- manter relacionamento interpessoal da equipe com o enfermeiro gerente é
bastante relevante, sendo que o mesmo deve adotar uma postura acessível, flexível,
democrática, compreensiva, dando espaço a equipe para dar sugestões, assim como traba lhar
em prol do bem estar da sua equipe e da manutenção da unidade com condições
adequadas para a o atendimento ao cliente;
- manter uma comunicação constante com a Direção de Enfermagem e Direção Geral
do Hospital, para que haja compartilhamento dos problemas encontrados nas unidades, e de
forma a permitir que a direção desenvolva mecanismos de integração com a equipe, buscando
ouvi- los, mantendo-se acessível e estabelecendo estratégias de valorização da equipe;
- repensar juntamente com a direção, as políticas de Recursos Humanos e de
saúde, direcionando-as para os riscos relacionados à organização do trabalho,
observando-se também particularidades tais como gênero, estado civil, idade, tempo de
empresa, e funções que mais apresentaram adoecimentos;
- discutir com os colegas e com a supervisão de enfermagem, os fatores que levam os
trabalhadores a se ausentarem e as conseqüências dessas ausências para os que ficam na
instituição, como a sobrecarga da equipe de enfermagem e o cuidado deficitário aos pacientes;
- construir e participar das atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças e
riscos presentes no ambiente laboral, com objetivo de promover e manter a saúde dos
trabalhadores de enfermagem.
• No âmbito das Escolas de Enfermagem:
- promover envolvimento do acadêmico com as questões da Saúde do Trabalhador, a
fim de que ele desenvolva ações voltadas à própria saúde e para a de seus pares;
109
- formar profissionais tecnicamente preparados para atuação na prática da profissão e
com compromisso com as questões ideológicas da Saúde do Trabalhador;
- oferecer uma disciplina de Saúde do Trabalhador de Enfermagem ou Enfermagem do
Trabalho, que aborde conteúdos referentes à saúde dos trabalhadores de diversas profissões,
dentre as quais a da saúde.
• No âmbito dos pesquisadores:
- desenvolver pesquisas que mensurem a associação entre o apoio social no trabalho
percebido e a ocorrência de absenteísmo por doença entre trabalhadores de enfermagem com
a utilização de outras variáveis que não foram investigadas neste estudo, a fim de sistematizar
o conhecimento e o conceito acerca da relação apresentada e disponibilizar aos
participantes da pesquisa, informações atualizadas que possam contribuir para a melhoria
das condições de saúde e do processo de trabalho. Além disso, estudos que avaliem
intervenções de gerenciamento do estresse e que promovam relações interpessoais positivas
no ambiente de trabalho são importantes. Estes permitiriam avaliar de forma mais acertiva
quais estratégias teriam maior impacto na melhoria das condições de trabalho e saúde dos
trabalhadores de enfermagem.
110
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136
ANEXO 1
PERGUNTAS REFERENTES AOS SEUS DADOS PESSOAIS
Qual a sua data de nascimento? __ __/__ __/__ __
1.1 - Qual é o seu grau de escolaridade?
1 � Ensino Fundamental incompleto 5 � Ensino Superior incompleto
2 � Ensino Fundamental completo 6 � Ensino Superior completo 3 � Ensino Médio incompleto/Curso 7 � Pós-graduação incompleto
_______________anos. � Há menos de um ano. ___ dias; ___ meses
Além deste emprego, você trabalha na assistência de enfermagem em outro local?
1 �Sim, em 1 local. Local1:____________________________
2 �Sim, em 2 locais. Local2:____________________________
Local 3:____________________________
3 � Não.
Qual o seu horário de trabalho neste hospital? (Se trabalhar em mais de um horário, informe o predominante). (ATENÇÃO: SE NECESSÁRIO QUESTIONAR SOBRE AS
COMPLEMENTAÇÕES OU FOLGAS) 1 � Plantão diurno 12/60
2 � Plantão noturno 12/60 3 � Plantão diurno 12/60 (40 h – com complementações)
4 � Plantão noturno 12/60 (40 h – com complementações) 5 � Plantão de 24 horas com ____ dias de folga
6 � Plantão diurno 12/36 7 � Plantão noturno 12/36 8 � Plantão diurno 12/36 (40 h – com folgas)
9 � Plantão noturno 12/36 (40 h – com folgas) 10 � 2ª, 4ª e 6ª / 3ª e 5ª
11 � Diarista: de ____ às ____ horas 12 � Manhista: de ____ às ____ horas
13 � Tardista: de ____ às _____ horas 14 � Outro. Qual?_______________________________________________
138
ANEXO 3
PERGUNTAS REFERENTES AOS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS À
SAÚDE
Você é ou já foi fumante de cigarros, ou seja, já fumou ao longo da vida, pelo menos 100
cigarros?
1 � sim
2 � Não
Você fuma cigarros atualmente?
1 � sim
2 � Não Nas últimas duas semanas, quantos dias, ao todo, você consumiu algum tipo de bebida
alcoólica?
1 � Todos os dias
2 � 10 a 13 dias 3 � 6 a 9 dias
4 � 2 a 5 dias 5 � 1 único dia
Nas últimas duas semanas, nos dias em que você bebeu, em geral quantas doses você
bebeu em cada um desses dias?
1 � 1 dose 2 � 2 a 4 doses
3 � 5 a 7 doses 4 � 8 a 10 doses
5 � Mais de 10 doses Em média, quantas horas você pratica atividade física para melhorar sua saúde,
condição física ou com objetivo estético ou de lazer em uma semana habitual de
trabalho?
1 � Não pratica 2 � Menos de 1 hora
3 � 1 a 3 horas 4 � 4 a 6 horas
5 � Mais que 6 horas Qual o seu peso? ____ ____ ____. ____ _____ _____ Kg 777 � Não sabe/não lembra
Qual sua altura? ____ ____ ____cm 777 � Não sabe/não lembra
139
ANEXO 4
PERGUNTAS REFERENTES ÀS CONDIÇÕES/HÁBITOS DE SAÚDE
De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade, como você considera seu
próprio estado de saúde?
1 � Muito bom 2 � Bom
3 � Regular 4 � Ruim
Nas últimas quatro semanas, com que freqüência você?
Nunca Raramente Às vezes Quase
sempre
Sempre
a)Teve dificuldade em pegar no sono 1□ 2□ 3□ 4□ 5□
b) Acordou durante o sono e teve
dificuldade para dormir de novo?
1□ 2□ 3□ 4□ 5□
c) Acordou antes da hora desejada e
não conseguiu adormecer de novo?
1□ 2□ 3□ 4□ 5□
Na sua opinião quais das lesões por acidentes ou doenças citadas abaixo você possui
ATUALMENTE. Marque também aquelas que foram confirmadas pelo médico. Caso
não tenha nenhuma doença, deixe em branco a questão e todos os seus sub-itens?
Minha
opinião
Diagnóstico
médico
01.lesão nas costas 1□ 2□
02.lesão nos braços/mãos 1□ 2□
03.lesão nas pernas/pés 1□ 2□
04.lesão em outras partes do corpo. Onde?__________Que tipo de lesão?___ 1□ 2□
05.doença da parte superior das costas ou região do pescoço, com dores
frequentes
1□ 2□
06.doença na parte inferior das costas com dores frequentes 1□ 2□
07.dor nas costas que se irradia para perna(ciática) 1□ 2□
08.doença músculo-esquelética afetando os membros(braços e pernas) com
Agora nós gostaríamos de saber mais alguns aspectos da sua saúde física e emocional?
Sim Não
a)Tem dores de cabeça freqüentes? 1□ 2□
b) Tem falta de apetite? 1□ 2□
c) Dorme mal? 1□ 2□
d) Assusta-se com facilidade? 1□ 2□
e) Tem t remores nas mãos? 1□ 2□
f) Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)? 1□ 2□
g) Tem má digestão? 1□ 2□
h) Tem sensações desagradáveis no estômago? 1□ 2□
i)Tem dificu ldade de pensar com clareza? 1□ 2□
j) Tem se sentido triste ultimmente? 1□ 2□
l) Tem chorado mais do que do costume? 1□ 2□
m) Encontra dificuldades em realizar com satisfação suas atividades diárias? 1□ 2□
n) Tem d ificuldades em tomar decisões? 1□ 2□
o) Tem d ificuldades no serviço(seu trabalho é penoso, lhe causa sofrimento)? 1□ 2□
p) É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? 1□ 2□
q) Tem perd ido o interesse pelas coisas? 1□ 2□
r) Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo? 1□ 2□
s) Tem tido a idéia de acabar com a vida? 1□ 2□
t) Sente-se cansado o tempo todo? 1□ 2□
u) Você se cansa com facilidade?
141
ANEXO 5
PERGUNTAS REFERENTES ÀS AUSÊNCIAS DO TRABALHO
Quantos DIAS INTEIROS você esteve fora do trabalho devido a problema de saúde,
consulta médica ou para fazer exame durante os últimos 12 meses?
1� nenhum
2 � até 9 dias 3 � de 10 a 24 dias 4 � de 25 a 99 dias
5 � de 100 a 365 dias
142
ANEXO 6
PERGUNTAS REFERENTES AO APOIO SOCIAL NO TRABALHO
Responda até que ponto você concorda ou discorda das seguintes afirmativas sobre seu
ambiente de trabalho
Concordo
Totalmente
Concordo
mais do que
discordo
Discordo
mais do que
concordo
Discordo
Totalmente
a)Existe um ambiente calmo e agradável
onde trabalho
4□ 3□ 2□ 1□
b) No trabalho, nos relacionamos bem
uns com os outros
4□ 3□ 2□ 1□
c) Eu posso contar com o apoio dos
meus colegas de trabalho
4□ 3□ 2□ 1□
d) Se eu não estiver em um bom dia,
meus colegas me compreendem
4□ 3□ 2□ 1□
e) No trabalho eu me relac iono bem com
meus chefes
4□ 3□ 2□ 1□
f) Eu gosto de trabalhar com meus
chefes
4□ 3□ 2□ 1□
143
ANEXO 7
144
145
ANEXO 8
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Convidamos você, profissional de enfermagem do Hospital _____________________ , a participar de uma pesquisa sobre o trabalho em hospitais e suas repercussões à saúde dos
trabalhadores. O objetivo desta pesquisa é estudar os impactos de seu trabalho à saúde e vida familiar, levando em conta o trabalho no hospital e também as tarefas realizadas em casa.
O estudo se inicia com um encontro com um dos membros da equipe de pesquisa no próprio hospital. Nesta ocasião, você será convidado(a) a fornecer dados gerais sobre a sua saúde, o sono, o trabalho profissional e as atividades domésticas. Você conhecerá os
resultados da pesquisa através de folhetos com um resumo dos resultados e de palestras nas quais discutiremos em conjunto as questões mais importantes. Nossa meta é que a pesquisa
possa contribuir para a discussão sobre as condições de trabalho hospitalar e suas repercussões à saúde dos profissionais, visando gerar ações de melhoria do trabalho nos hospitais.
Você tem total liberdade para se recusar a participar da pesquisa ou interromper a sua participação a qualquer momento, sem punição alguma e sem prejuízo a sua atividade
profissional. Sua participação no estudo não envolve nenhum gasto, desconforto ou alteração na sua rotina. Além disso, a pesquisa é anônima, de forma a garantir a sua privacidade, de forma que seu nome não estará associado a nenhum tipo de informação ou resultado da
pesquisa. Também esteja ciente de que os resultados da pesquisa podem vir a ser apresentados em congressos ou publicados futuramente, mas que o sigilo e a confidencialidade serão
sempre mantidos. Segue abaixo o nome, endereço e telefone da coordenadora da pesquisa, que está à
disposição para sanar qualquer tipo de dúvida e fornecer mais informações sobre o estudo,
caso seja de seu interesse.
Concordo em participar da pesquisa acima descrita. _____________________________ Assinatura do participante Rio de Janeiro, ______de ______________de _______ ________________________________ Assinatura da coordenadora da pesquisa Coordenadora: Lúcia Rotenberg Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, Departamento de Biologia, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz Av. Brasil, 4365, Pav. Lauro Travassos, sala 11; Telefones: 2598-4378 e 2598 4379 ramais 130 ou 131 e.mail: [email protected]
Nome do participante: ______________________________Setor: _____________