Top Banner
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE MÚSICA DIEGO LIMA DOS SANTOS AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO São Cristóvão 2015
73

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

Nov 10, 2018

Download

Documents

nguyenliem
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO

POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

São Cristóvão

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO

POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

Monografia apresentada como requisito para a

obtenção do grau de Licenciado em Música do

Departamento de Música da Universidade Federal

de Sergipe.

Orientador: Prof. Msc. Alessandro Pereira da

Silva

São Cristóvão

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

Autorizo a utilização do trabalho em sua forma parcial ou integral, desde

que seja citada a autoria do mesmo.

SANTOS, Diego Lima. As possibilidades de aprendizagem do violão clássico por meio

das novas tecnologias da informação. (Monografia).- Universidade Federal de Sergipe –

Departamento de Música. 73 f. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2015.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO POR

MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau de Licenciado

em Música do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe.

Aprovada em 25 de Fevereiro de 2015

Banca Examinadora

Alessandro Pereira da Silva – Orientador_______________________________ Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

Christian Alessandro Lisboa________________________________________ Doutor em Música pela Universidade Federal da Bahia

Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

Fabiano Carlos Zanin______________________________________________ Mestre em Música pela Universidade de São Paulo

Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

À

Vânia Oliveira Lima e Maria José Oliveira Lima, por todo cuidado.

Hermes Rodrigues Lima, in memoriam.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me conceder o dom da vida e me cercar de pessoas maravilhosas,

as quais me ajudaram em diversas áreas da vida até o presente momento.

O trabalho de conclusão de curso é um texto, o qual muitas vezes é tratado como produzido

por uma só pessoa. No meu caso, assim como no de outros amigos que conheço, o real

processo de construção e pesquisa do texto só pôde ser feito com a ajuda de muitas pessoas.

Há poucas coisas na vida que temos a certeza de dizer: “Fui eu quem fiz, sem a ajuda de

ninguém”, na verdade creio que nenhuma.

Agradeço a minha mãe Vânia Oliveira Lima pelo apoio incondicional e por acreditar nos

meus sonhos mesmo quando eu quis jogar tudo pro alto. Agradeço todo dia por ter sido criado

e educado por uma pessoa que só posso definir em uma palavra: Amor. As minhas outras

mães: Maria José Oliveira Lima (vovó), Maria Conceição Oliveira Lima (tia), Rosimeire

Oliveira Lima (tia), Normélia Freitas (vovó) e Nelma Freitas (tia), que em momentos difíceis

sempre me acolheram e cuidaram tal como minha mãe faria. Aos meus tios Williams Oliveira

Lima, Hermes Rodrigues Oliveira Lima e Wellington Oliveira Lima. As minhas primas

Bárbara Lima e Simone Lima por cuidarem de mim como se fosse um irmão. Aos meus

amores pequenos Maria Aparecida, Maria Paula e João Paulo por me darem tanta alegria.

Amo vocês!

Aos meus amigos Filipe Freitas, Lucas Pinheiro, Deidison Rocha, Nayara Drielle, Alexandre

Azevedo, Leandro Guerra, Gilvan Barreto, Isleide Marlayne, Victor Vieira, Adriano Moreira

Vilela, Coracy Schueler, Valter Schueler, Gabriel Schueler, Rafael Schueler, e a senhorita,

que parece que conheço há décadas Laíge Barbosa, bem como sua família. Muito obrigado

pelo apoio e carinho de vocês.

Aos queridos alunos do Instituto Federal de Sergipe, Colégio Barão de Mauá, Colégio Dom

Távora, bem como os particulares.

Aos meus irmãos na fé por sempre torcerem pelo meu sucesso e intercederem em meu favor.

Meu agradecimento às professoras Mônica, Maria Francisca e Maria José, que incentivaram

não só eu como minha turma a enfrentar o processo seletivo para o ingresso na Universidade.

Salvo engano foi a primeira turma em quase uma década da história daquela escola pública

que conseguiu ingressar na Universidade.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

Tratando dos meus mentores na música agradeço primeiramente ao senhor Davis Wilkerson

por me apresentar a alegria de tocar um instrumento musical aos 16 anos. Desde lá não largo

o violão. Quem diria que após 6 anos tocar esse instrumento, assim como lecionar seria minha

principal fonte de renda. Ao professor Bob Zé e toda a equipe da Escola de Artes Valdice

Teles. Ao Professor Luís Alberto, que me ensinou boa parte da técnica do violão clássico. Ao

professor Rodrygo Besteti por dar continuidade a esse trabalho. A professora Maria Goreth

por toda paciência em suas aulas. Aos professores Gilberto de Moura, Gilmário Celso, Victor

Hugo, Isaac Soares e José Oliveira pelas discussões filosóficas acerca da Estruturação,

Percepção e História da Música, além das boas Práticas de Conjunto. A toda a equipe de

professores e funcionários do Conservatório de Música de Sergipe.

Aos grandes mestres que tive na Universidade Federal de Sergipe: Mackely Ribeiro Borges

por todo carinho, cuidado e dedicação em suas aulas, além da oportunidade de ser coordenado

pela mesma no Pibid; Eduardo Conde Garcia e Priscila Gambary pelas orientações na vida

acadêmica, bem como a coordenação em projetos de pesquisa; Christian Alessandro Lisboa e

Maria Eugênia pela oportunidade de ser orientado por eles no projeto de extensão “Direito na

Música” e na monitoria de Novas Tecnologias e a Educação Musical; Daniel Guimarães Nery

pela confiança e oportunidade de me orientar na monitoria de Estruturação Musical, além das

aulas de “um monte de coisa”; Maria Nely por me incentivar a nunca parar de produzir

conhecimento, por todo apoio a minha carreira acadêmica e pela amizade; Rejane Harder por

compartilhar sua vasta experiência na área de Educação Musical, além das várias conquistas

voltadas para os alunos do Departamento de Música; Antônio Chagas pela atenção e

indicação de material de pesquisa para o presente de trabalho; Yuri Barreto, Marcus Ferrer,

Fabiano Zanin e Alessandro Pereira pelo acompanhamento de meus estudos do violão nesses

quatro anos; Alessandro Pereira (novamente) pela paciência e confiança em me orientar no

trabalho de conclusão de curso e pela orientação em projetos como o Primeiro Festival de

Violões de Sergipe e o Programa de Rádio Violão Camaleão; Hermógenes Araújo, Fernando

Lacerda, James Berstisch, Mario José, Everaldo, Marcos Balieiro, Ana Maria Bueno Freitas,

Maicon Barbosa, Gerinelson Oliveira, Lídia Arnauld e Maria Veleida por diretamente ou

indiretamente contribuírem para o meu crescimento nesses quatro anos.

Aos funcionários do Departamento de Música: Carlos (Feroz), Vinícius, Lívia e Thais pelos

serviços prestados, paciência e amizade durante essa jornada.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

Aos violonistas André Campos, Alvaro Henrique, Gilson Antunes e todos os participantes do

Fórum Violão.Org, pois foram de suma importância para a elaboração e conclusão desse

trabalho.

Aos meus amigos e colegas de curso Alberto Barreto, Ricardo Vieira, João Luís, Carlos

Augusto, Carlos Antônio, Vanessa Macedo, Elberty Carlos, Igor Gnomo, Yuri Lucena, Ada

Lacerda, Pierre Levi, Ivson Alves, Mislene Vieira, Marques Alcântara entre outros. Muito

obrigado por muitas vezes passarem os mesmos sufocos juntos no Campus. Isso foi de suma

importância para a sobrevivência na academia.

Enfim, minha gratidão a todos!

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

A lógica pode levar de um ponto A a um ponto B. A imaginação pode levar a qualquer

lugar.

Albert Einstein

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

RESUMO

As tecnologias têm influenciado diversas áreas da vida humana. A educação foi uma das áreas

que foram profundamente influenciadas No presente trabalho buscamos apresentar algumas

possibilidades do uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como

ferramenta no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. A partir da análise de três

tipos de conteúdo disponíveis na Web (Vídeo, Texto e Áudio) e de algumas demonstrações de

como utilizá-los em sala de aula buscaremos exemplificar as possibilidades de aprendizagem

do violão clássico a partir dessas tecnologias. Para complementar essa afirmativa serão

utilizados no texto trechos de entrevistas com violonistas que se utilizam do meio virtual para

a difusão de conhecimento acerca do instrumento em questão, além de dados de um survey

aplicado em alunos de violão.

Palavras-Chave: Violão, Novas Tecnologias, Aprendizagem.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Aba Contato do Acervo Digital do Violão Brasileiro. ............................................... 31

Figura 2 Aba Biblioteca do Acervo Digital do Violão Brasileiro ............................................ 32

Figura 3 Aba Partituras do Acervo Digital do Violão Brasileiro. ............................................ 34

Figura 4 Aula sobre Ligados - Gilson Antunes. ....................................................................... 50

Figura 5 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52.................................................... 51

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 18

3 – CONTEÚDO EM FORMATO ESCRITO ............................................... 27

4 – CONTEÚDO EM FORMATO DE ÁUDIO ............................................. 35

4.1 – O MUNDO DO VIOLÃO .......................................................................... 36

5 – CONTEÚDO EM FORMATO DE VÍDEO ............................................. 46

5.1 – O YOUTUBE ............................................................................................. 47

5.2 – O VIOLÃO.ORG ....................................................................................... 52

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 59

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64

ANEXOS ............................................................................................................ 69

ANEXO A – Entrevista com o Violonista Alvaro Henrique ......................... 70

ANEXO B – Entrevista com o Violonista Gilson Antunes ............................ 72

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

13

1 - INTRODUÇÃO

As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) veem influenciando quase

todas as áreas da vida humana. Desde o seu advento, que data mais ou menos da década de

1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais

influenciadas é a área de Educação. Nas últimas duas décadas o que mais se tem evidenciado

é o crescimento da oferta e procura do ensino via meio virtual. Na área da Educação Musical

as Novas Tecnologias e o seu uso no processo pedagógico tem sido alvo de muitas pesquisas

e reflexões. Essa reações se dão por muitos questionamentos acerca da sua efetiva

implementação em sala de aula pelos Educadores Musicais.

Pensando nessa realidade buscamos no decorrer desse trabalho apresentar o uso das

TICs no processo de ensino-aprendizagem do violão. O grande motivo aqui é contribuir para

o crescimento na pesquisa dessa modalidade de aprender violão e tentar chegar à

compreensão de como todo esse processo se dá, qual a melhor forma de utilização dessas

tecnologias, entre outras questões que surgem com a ampliação da pesquisa.

O tema em questão foi escolhido, pois após o acesso a dados de pesquisadores como

Antunes (2012)1, Monteiro (2013)2 e Scotti (2011)3 ficou evidenciado o quanto alunos de

violão acessam conteúdos disponíveis na Web e se utilizam dos mesmos para adquirir

conhecimentos sobre o violão clássico. Porém há algumas questões a serem respondidas no

decorrer dessa pesquisa: Como se utilizar desses conteúdos no processo de ensino-

aprendizagem do violão clássico? É possível realmente aprender com o acesso aos mesmos?

Como fica a relação entre professor e aluno com a utilização do material disponível no meio

virtual no seu aprendizado? Essas questões serão alvo de reflexões e indicação de soluções no

presente trabalho.

1 ANTUNES, Gilson U. G. O violão nos programas de pós-graduação e na sala de aula: amostragem e

possibilidades. Tese de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Música - Departamento de Música da

Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. USP: São Paulo. 2012. 2 MONTEIRO, Célio J. Percursos da música: múltiplos contextos de educação. 2ª Ed. Cuiabá: EdUFMT, 2013.

In: Cássia Virgínia Coelho de Souza (Org.). Aprendizagem musical pelo youtube. 2ª ed. Cuiabá: EdUFMT,

2013, p. 181-191. 3 SCOTTI, Anderson Aparecido. Violão.org: saberes e processos de apreensão/transmissão da música no espaço

virtual. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-graduação em Artes.

Disponível em: <http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/2028>. Acesso em: 10 de ago. 2013.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

14

O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar as possibilidades de utilização dos

conteúdos disponíveis na rede mundial de computadores para que se possa aprender e ensinar

violão clássico. Foram selecionados três tipos de conteúdo disponíveis na Web para serem

alvo de análise e reflexão. São eles: conteúdo em formato de texto (Teses, Dissertações,

Artigos, etc.), conteúdo em formato de áudio (Programas de Rádio sobre o Violão Clássico) e

conteúdo em formato de vídeo (Vídeo aulas e performances de violonistas). Há também a

intenção do mesmo trabalho ser um guia de alguns espaços disponíveis na Web onde se possa

encontrar material respaldado por profissionais para o estudo do violão clássico.

Após a aplicação de um survey4 elaborado por nós5 em alunos usuários de um Fórum

sobre violão clássico, o Violão.Org, constatou-se a importância do acesso a esses tipos de

conteúdo na formação dos mesmos.

O survey contou com cinco perguntas. Não foram definidos critérios como faixa etária e

gênero para que os participantes pudessem respondê-lo. Foi definido apenas que eles fossem

estudantes de violão clássico em qualquer nível. Os resultados mostraram que grande parte

dos 115 alunos consomem os três tipos de conteúdo que serão analisados nos capítulos

seguintes.

Cerca de 83% afirmaram que os três tipos de conteúdo contribuem na aprendizagem do

violão clássico. Quanto a indicação do acesso a todos os três tipos de conteúdo pelo professor

de violão cerca de 44% afirmaram que há sim a indicação por parte do docente que orienta

seus estudos no instrumento. A grande parte afirmou que o seu professor auxilia numa melhor

seleção dos conteúdos acessados por eles, cerca de 73%.

A partir desses dados percebemos a importância de analisar esses conteúdos e

demonstrar algumas possibilidades da aplicação deles no processo de ensino-aprendizagem do

violão clássico.

Discussões recentes remontam vários dos questionamentos apresentados, porém com

um foco mais específico: o do uso das TICs aplicadas na educação. Alguns autores como

4 O survey é um método de pesquisa amplamente utilizado em pesquisas de opinião pública, de mercado e,

atualmente, em pesquisas sociais que, objetivamente, visam descrever, explicar explorar características ou

variáveis de uma população por meio de uma amostra estatisticamente extraída desse universo. 5 O referido formulário pode ser acessado pelo seguinte endereço

eletrônico:<https://docs.google.com/forms/d/10YuySxwQifZCkSvfeyXF_K9QoGNtU1sJYXdful5XEpY/viewfo

rm>.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

15

Assman (2000)6, Lévy (2000)7 e Santaella (2003)8 têm se dedicado ao exame de como essas

tecnologias afetaram e continuam afetando a relação dos dois principais personagens da

educação: o docente e o discente. Esses autores discutem também o surgimento e influência

das TICs na vida do ser humano. Demonstram diferentes visões sobre essas tecnologias e

trazem reflexões de como seria um uso equilibrado das mesmas na vida do ser humano.

Autores como Gohn (2007)9 e Krüger (2006)10 trazem reflexões importantes acerca dos

educadores musicais e sua formação para atender a um novo quadro de Educação Musical e

principalmente compreender as TICs para que o seu uso se faça de modo eficaz no processo

educacional.

Na área de pesquisa das TIC e o ensino-aprendizagem do violão clássico autores como

Santos e Pereira (2013)11, Moura (2009)12 e Scotti (2011)13 apontam algumas iniciativas que

servem como afirmação de que é sim possível a utilização das TICs no processo educacional

do violão clássico. Iniciativas que vão da disponibilização de conteúdo como vídeo aulas em

sites até a análise crítica de interpretações de obras musicais no meio virtual.

Adotamos como procedimento metodológico a pesquisa em sites, Fóruns e blogs que

têm o violão clássico como principal assunto. Houve também a pesquisa em Teses,

Dissertações e Livros que abordassem a temática das TICs, Educação Musical e Ensino do

Violão. Além de entrevistas com alguns profissionais que se utilizam do meio virtual com

propostas pedagógicas envolvendo o violão clássico como os violonistas Alvaro Henrique e

Gilson Antunes.

6 ASSMAN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Revista Ciência da Informação, v.

29, n.2, p 7-15, Brasília, maio/ago., 2000. 7 LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2ed. São Paulo: Ed. 34, 2000. 8 SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista FAMECOS.

Porto Alegre, nº 22, p. 23 – 32, dez. 2003. 9 GOHN, Daniel. A Apreciação Musical na Era das Tecnologias Digitais. In: CONGRESSO DA ANPPOM

2007, 27 a 31/08/2007. São Paulo. Anais do XVII Congresso da ANPPOM. São Paulo: Universidade Estadual

Paulista, 2007, p. 1-12. 10 KRÜGER, Susana Ester. Educação musical apoiada pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação

(TIC): pesquisas, práticas e formação de docentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 14, 75-89, mar. 2006. 11 SANTOS, Diego L., PEREIRA, Alessandro. O virtual como ferramenta na educação musical: O Fórum

Violão.Org. Anais do V Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música – SISPEM - Núcleo de Música da

Universidade Federal de Sergipe – NMU/UFS São Cristóvão – 03 a 06 de setembro de 2013. Aracaju. 2013. 12 MOURA, Risaelma A. de J. Ensino coletivo de violão: possibilidades para a aprendizagem colaborativa e

cooperativa em EAD. Revista Novas Tecnologias na Educação. V. 7 Nº 2, outubro. CINTED-UFGRS: Porto

Alegre. 2009. 13 SCOTTI, Anderson Aparecido. Violão.org: saberes e processos de apreensão/transmissão da música no espaço

virtual. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-graduação em Artes.

Disponível em: <http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/2028>. Acesso em: 10 de ago. 2013.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

16

A presente pesquisa não visa à análise da Educação a Distância (EAD). Para fins de

delimitação e definição do tema foi decidido pela não análise dessa modalidade de ensino.

Iremos demonstrar como o material disponível na Web pode contribuir no processo de ensino

presencial ou convencional. (ALVES, 2011)

A EAD começou a existir nas instituições no século XIX. Os adeptos dessa modalidade

de ensino vêm crescendo no Brasil e no mundo. Aqui os alunos são auxiliados por tutores que

monitoram e tiram suas dúvidas em horários pré-definidos. A grande vantagem dessa

modalidade de ensino é a praticidade do não deslocamento dos seus alunos até a instituição de

ensino. Também há a praticidade de um agendamento dos horários de estudo e avaliações. É

importante mencionar: é uma modalidade de ensino onde o aluno se auto instrui. Essa

autoinstrução é acompanhada por uma equipe de professores denominada de tutores. Logo a

EAD não seria uma modalidade com um menor grau de qualidade no ensino ou em que há um

menor grau de cobrança do discente. (ALVES, 2011)

O presente texto foi estruturado em seis capítulos: Primeiro - Introdução; Segundo –

Fundamentação Teórica; Terceiro – Conteúdo em Formato Escrito; Quarto – Conteúdo em

Formato de Áudio; Quinto – Conteúdo em Formato de Vídeo e Sexto – Considerações Finais.

Na Fundamentação Teórica serão expostos os principais autores que servem de base

para a pesquisa do presente trabalho. Aqui apareceram pelo menos quatro tipos de autores: os

que discutem sobre as TICs, os que tratam sobre a Educação, os que tratam sobre Educação

Musical e os que tratam do ensino-aprendizagem do violão. Esses três últimos tipos sempre

envolvendo a problemática das TICs.

No capítulo Conteúdo em Formato Escrito serão apresentados alguns autores que tratam

sobre a utilização de arquivos de texto no ciberespaço e suas implicações para a educação,

bem como um autor que trate sobre esse mesmo tipo de material voltado ao violão clássico.

Ainda no mesmo capítulo será exposto um site que traz em si um espaço dedicado ao

armazenamento e acesso de material em formato escrito para o violão clássico e o relato de

como o mesmo pode ser utilizado no processo de educação no referido instrumento.

No quarto capítulo, Conteúdo em Formato de Áudio, será abordado um breve histórico

dos programas de rádio sobre o violão clássico no Brasil bem como a sua evolução para a

mudança de veículo de propagação, nesse caso a internet. Logo em seguida serão expostos

dois espaços da Web e exemplos de material em áudio para a análise. Após a exposição dos

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

17

exemplos haverá a demonstração de como os mesmos podem ser utilizados para que o usuário

possa aprender ou ensinar violão clássico.

O penúltimo capítulo, Conteúdo em Formato de Vídeo, abordará o potencial pedagógico

do vídeo. Como nos capítulos anteriores foram escolhidos dois espaços no meio virtual que

possuem o material em formato de vídeo destinado ao violão clássico. Após a exposição dos

exemplos de vídeos haverá a análise de como os mesmos podem ser utilizados no processo

educacional do violonista.

Nas Considerações Finais haverá uma reflexão sobre tudo o que foi apresentado nos

capítulos anteriores corroborando para a afirmativa de que há diversas possibilidades ensino e

aprendizagem do instrumento musical em questão utilizando as TICs como ferramenta.

Para uma maior comodidade do leitor e também pela natureza transitória dos conteúdos

analisados na presente pesquisa (arquivos em formato de texto, áudio e vídeo) os mesmos

serão armazenados numa mídia de DVD que acompanhará o trabalho.

Passemos agora a o capítulo que apresentará os principais autores consultados para a

elaboração da presente pesquisa.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

18

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo tratará sobre a revisão bibliográfica dos principais autores, que

servirão como base para o presente trabalho. Em geral os trabalhos abordados no presente

capítulo compreendem as áreas de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),

Educação, Educação Musical e Ensino-aprendizagem do Violão Clássico com a utilização das

TICs. A apresentação dos trabalhos seguirá a ordem de um campo de estudo mais amplo, no

caso o das TICs, a um campo de estudo mais específico: o Ensino-aprendizagem do Violão

Clássico.

A rede mundial de computadores vem desde a seu advento e propagação para o mundo,

que ocorreu por volta da década de 1970, exercendo um fascínio nos seus usuários e sendo

objeto de estudo de vários teóricos sobre o assunto. Entre esses teóricos há um destaque para

o filósofo francês Pierre Lévy, o qual é uma referência mundial no estudo e análise da Web.

O referido filósofo criou um conceito denominado ciberespaço. Esse espaço é de grande

importância nos dias atuais, pois: “[...] vem consistindo num dos principais espaços de

informação, comunicação, cooperação e interação, como também de um novo espaço de

nomadismo e do saber.” (ANDRADE, 2013, p. 166)

É importante termos uma visão ampla desse termo, pois o mesmo é, às vezes,

minimizado. Vejamos uma melhor visão desse conceito: “[...] o termo ciberespaço não

especifica apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas, ainda, e

principalmente, o universo de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que

navegam e alimentam esse universo […]” (ANDRADE, 2013, p. 167)

Podemos observar que o ciberespaço acopla não somente os periféricos utilizados para o

seu acesso, tampouco a estrutura abstrata que é a Web. Esse reúne todos que dele se utilizam.

Pessoas de todas as partes do mundo se conectando, muitas vezes por interesses comuns,

relações de consumo, entre outros motivos. Isso tudo está contido no ciberespaço, que por sua

vez acaba criando o que Pierre Lévy denomina cibercultura. As pessoas reunidas em espaços

da Web se relacionam e constroem essa nova cultura:

A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço social,

que não seria fundado nem sobre links territoriais, nem sobre relações

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

19

institucionais, nem sobre as relações de poder, mas sobre a reunião em torno

de centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do

saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de

colaboração. O apetite para as comunidades virtuais encontra um ideal de

relação humana desterritorializada, transversal, livre. As comunidades

virtuais são os motores, os atores, a vida diversa e surpreendente do

universal por contato. (LÉVY, 2000, p. 130)

Podemos observar que Lévy traz essa “nova cultura” como uma extensão da vida social,

ou da vida que não é virtual. Os internautas se comportam como vizinhos que convivem na

mesma comunidade, como aponta Lemos:

O ciberespaço é hoje um espaço (relacional) de comunhão, colocando em

contato, através do uso de técnicas de computação eletrônica, pessoas de

todo o mundo. Elas estão utilizando todo o potencial da telemática para se

reunir por interesses comuns, bater papo, para trocar arquivos, fotos, música,

correspondência. (LEMOS, 2008, p. 138)

Aqui nesse espaço virtual um importante processo ocorre: a construção de um

conhecimento coletivo. Os usuários se ajudam no processo de difusão e construção do

conhecimento. “O ciberespaço seria um local onde qualquer indivíduo pode participar, visitar,

cooperar, associar, colaborar, falar e ser ouvido, aprender.” (MONTEIRO, 2013, p. 185). A

partir desse sistema de produção de conhecimento o aprender e o ensinar deixa de ser um

processo solitário. “A construção do conhecimento já não é mais produto unilateral de seres

humanos isolados, mas de uma vasta cooperação cognitiva distribuída, da qual participam

aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais.” (ASSMAN, 2000, p. 11)

As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são meios altamente

contributivos para criar condições de modificar as formas das pessoas se

relacionarem, construírem e transmitirem conhecimentos. Por meio dessas

tecnologias, é possível a construção do conhecimento coletivo com sujeitos

localizados em espaços e tempos distintos, mas que integram o mesmo

ambiente virtual ou a mesma comunidade virtual de aprendizagem. As

formas de buscar informações e de divulgá-las a um maior número de

pessoas, também foram alteradas com a disponibilização dessas tecnologias.

(FERREIRA e BIANCHETTI, 2004, p. 254)

Com a disponibilização do acesso à Web para a população, várias áreas da vida humana

foram afetadas. Essa “revolução tecnológica” tomou vários campos da vida humana. Não há

como imaginar algum desses campos que não foram afetados pelas TICs. Quando um local

tem acesso à tecnologia, religião, indústria, ciência, educação, mais cedo ou mais tarde, são

impregnadas por essa revolução, tal como afirma Domingues (1997).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

20

A partir desse ponto tudo que identificarmos como elemento do ciberespaço e sua

consequente cibercultura será apresentado com essa denominação: “Tecnologias da

Informação e Comunicação (TICs)”, para um maior esclarecimento do leitor.

A educação foi uma das áreas que sofreu maior influência como o uso das TICs. Sofreu

influência principalmente na forma como seus agentes transmitem, constroem e se relacionam

com o conhecimento.

Há um novo quadro no processo de ensino sendo formado pela utilização das TICs.

Atualmente é praticamente uma contradição manter-se aquém do uso desses meios no

processo de ensino-aprendizagem: “a educação no mundo de hoje tende a ser tecnológica, o

que, por sua vez, vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias” (BOZZETTO,

2003, p. 9).

Se no passado a crença era a de que os professores eram os únicos detentores do

conhecimento e que o aluno tinha nele a única fonte a ser acessada as TICs vêm consolidando

um novo paradigma nessa relação. “Trata-se de um tipo de experiência de superação de

escassez.” (ASSMAN, 2000, p. 13)

O pensamento do professor como uma “central do conhecimento” é logo derrubado

quando fica constatado que o conhecimento está praticamente todo difundido no ciberespaço

e que pode ser acessado pelo aluno a qualquer momento. A depender da qualidade do

conteúdo acessado, esse pode ser mais esclarecedor do que a aula do professor, que ainda

pensa ser a única fonte de conhecimento (MORAN, 2000).

A análise do processo ensino-aprendizagem nos dias atuais nos leva a constatar que o

quadro da relação professor-aluno está sendo modificado: “está surgindo uma nova relação

entre professor e aluno, não mais pautada na hierarquia em que o professor tem a centralidade

do saber, como predominantemente ocorria no processo ensino-aprendizagem tradicional”

(FERREIRA e BIANCHETTI, 2004, p. 254).

A escola, aqui utilizada para denominar todo e qualquer espaço de ensino formal,

precisa se manter sincronizada com o seu tempo. Essa realidade ainda não foi alcançada, pois

os espaços de ensino ainda mantêm vínculos com um pensamento, que por vezes é arcaico.

Quando não estão totalmente fechados às TICs esses espaços utilizam ou as percebem de

forma equivocada:

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

21

A crescente utilização da Internet como instrumento de aprendizagem vem

abalando as crenças tradicionais de aquisição de conhecimento, que

consideram o aluno como um receptor passivo de ensinamentos transmitidos

por um “mestre que detém o saber”. Numa época de transformações tão

rápidas e profundas, a escola parece se manter alheia a essas transformações,

sendo alvo de críticas e insatisfações no mundo inteiro. Posições saudosistas

de defesa do ensino tradicional se opõem a posições “abertas”, assim

chamadas por introduzirem em seus espaços todas as inovações

tecnológicas, mas que mantêm a mesma estrutura convencional e têm esses

instrumentos apenas como “recursos” a mais. (LIMA, 2006, p. 11)

Contudo, não podemos entender que o uso das TICs no processo de ensino irá resolver

antigos problemas, que não foram sanados no ensino formal, totalmente presencial:

Se temos dificuldades no ensino presencial, não as resolveremos com o

virtual. Se olhando-nos, estando juntos temos problemas sérios não

resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, não será "espalhando-nos" e

"conectando-nos" que vamos solucioná-los automaticamente. (MORAN,

2000, p. 142)

Os “ruídos” que ocorriam na comunicação entre docente e discente não serão sanados

com a utilização das TICs no processo de ensino-aprendizagem (MORAN, 2000). A proposta

aqui não é a exclusão de nenhum dos personagens envolvidos nesse processo, mas sim a

utilização, a soma deles às TICs. Essa soma tem que proporcionar um melhor resultado do

que o alcançado outrora sem a adição delas, senão a utilização desse novo elemento no

processo não se faria necessário.

Santaella (2003) aborda em seu trabalho as diversas visões acerca das TICs e sua

utilização. A autora apresenta o histórico dos processos de comunicações, que vão desse o

mais básico como a linguagem corporal nos primórdios da humanidade, ao mais complexo

que é o processo da reprodução e grafia daquilo que é pronunciado. Há uma atenção para um

detalhe interessante: que mesmo com as informações sendo, hoje, digitalizadas basicamente

todos esses processos são convergidos às TICs.

Após a análise de vários autores há a identificação dos que apoiam, dos que reprovam e

dos que são imparciais com relação à utilização das TICs. Segundo Santaella, há o grupo dos

“Realistas Ingênuos”, que apontam que essa tecnologia está sendo utilizada de forma não

pensada ou não mediatizada. Logo haveria nessa visão a utilização das TICs sem uma devida

compreensão dos seus usuários. Como segundo grupo temos os “idealistas das redes”, que são

extremos entusiastas do virtual e que segundo a autora defendem que esse mundo é um passo

“evolutivo” para o ser humano, que é um “o melhor dos mundos”. O terceiro e último grupo é

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

22

o dos “Céticos”. Esses insistem que qualquer tentativa de análise do processo que comporta as

TICs é impreciso e inútil. Apontam para um nascimento impreciso das mesmas e que por essa

razão buscar uma análise que as defina como boas ou más é praticamente impossível. Portanto

para a autora os céticos assumem uma postura que se resume em “(...) deixar acontecer para

ver como é que fica.” (SANTAELLA, 2003, p. 29)

Devido ao grande número de informações disponíveis em rede, o aluno, que por muitas

vezes não é seletivo no conteúdo que escolhe absorver, acaba tendo um conhecimento

superficial sobre o assunto.

[...] o conhecimento disponível no ciberespaço por muitas vezes trata de

conhecimentos horizontais, ou seja, que não são aprofundados teoricamente,

mas pequenas mostras superficiais de temas ou discussões, ao contrário do

conhecimento tido como vertical é aprofundado teorizado com as

características das pesquisas científicas. (MONTEIRO, 2013, p. 181)

O auxílio do professor será de grande importância nesse momento. A presença de um

professor significa um fator chave para uma melhor seleção do conteúdo a ser absorvido. Com

a presença desse profissional o aluno buscará o conteúdo e o professor agirá como um “filtro”

para que o quesito qualidade esteja presente no que há de ser absorvido dos meios digitais.

Essa seria uma boa postura do profissional e a dinâmica ideal nesse processo de ensino-

aprendizagem alterado com consumo das TICs pelo aluno, tal como afirmam Santos e Pereira

(2013).

Como o presente trabalho trata da educação formal do violão clássico, há que se fazer a

distinção de três termos: Educação Formal, Educação não formal e Educação informal. A

primeira tem como melhor exemplo a escola, que possui uma meta a ser atingida e é toda

estruturada com um currículo ou ementa disponibilizando um certificado ou diploma após a

meta e o currículo serem atingidos. A segunda ocorreria também em espaços educativos

possuindo uma meta, porém não há a emissão de diploma. A terceira teria como melhor

exemplo a educação proporcionada por alguns espaços encontrados na Web, pois esses não

possuem uma meta a ser atingida, tampouco uma ementa a ser seguida, como afirma Libâneo:

A educação informal correspondia a ações e influências exercidas pelo meio,

pelo ambiente sociocultural, e que se desenvolve por meio das relações dos

indivíduos e grupos com seu ambiente humano, social, ecológico físico e

cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências, práticas, mas que

não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e

organizadas. A educação não formal seria a realizada em instituições

educativas fora dos marcos institucionais, mas com certo grau de

sistematização e estruturação. A educação formal compreenderia instâncias

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

23

de formação, escolares ou não onde há objetivos educativos explícitos e uma

ação intencional institucionalizada, estruturada, sistematizada. (LIBÂNEO,

2005, p. 31).

Um dos objetivos desse trabalho é a análise de como os conteúdos disponibilizados na

internet: vídeos, arquivos de áudio e texto, que seria um espaço de ensino informal,

contribuem para o ensino formal do violão clássico.

Tanto o ensino informal como o não-formal contribuem e muito para uma melhor

aprendizagem no ensino institucionalizado ou formal. Esse fenômeno é recorrente no ensino-

aprendizagem de música. Muito dos conhecimentos adquiridos por músicos não são passados

a eles por meio de uma educação formal. Sendo o aluno de música um ser social é fácil

compreender que a aquisição de conhecimento nos espaços que frequenta fora da instituição

de ensino formal se dão de forma frequente.

Recebemos mensagens através de meios eletrônicos como a televisão e o

rádio, estudamos música em conservatórios, aprendemos com membros de

nossas famílias, e participamos de atividades musicais nas comunidades em

que vivemos. Muitas dessas situações são caracterizadas como sistemas não-

formais de aprendizagem, pois ocorrem fora de instituições com currículos

estruturados; ou como sistemas informais, acontecendo na vivência cotidiana

em clubes, igrejas, ou outros espaços de socialização. (GOHN, 2008, p. 114)

Na área da Educação Musical as pesquisas sobre a utilização das TICs são crescentes.

Gohn (2007) afirma que os educadores devem estar a par delas, pois o público com que eles

trabalham são grandes consumidores desse tipo de tecnologia. Pesquisando sobre a escuta na

era das TICs o autor afirma que os educadores musicais têm que ter a palavra “acesso” como

máxima nos dias atuais. Exemplifica de forma bem clara como as TICs podem auxiliar na

aprendizagem musical. Demonstra que a apreciação pode se dar de maneira diferente do que

outrora, visto que o discente na atualidade tem uma gama de opções de conteúdo em formato

de áudio e um acesso muito maior que há décadas atrás.

Além desse autor, Raimundo (2011) demonstra como as TICs vêm sendo empregadas

na produção musical atual. Afirma também que ações devem ser tomadas para que o educador

musical tenha uma formação continuada. O educador para Raimundo precisa dominar os

recursos tecnológicos disponíveis. Precisa sempre se atualizar nesse campo, pois a tecnologia

empregada atualmente é atualizada num espaço de tempo muito curto. Em questão de meses o

recurso tecnológico observado como a tecnologia “de ponta” é substituído por outro melhor e

assim sucessivamente.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

24

Krüger (2006) aborda o impacto das TICs na formação dos educadores musicais. Nesse

trabalho a autora demonstra o número de pesquisas envolvendo a utilização dessas novas

tecnologias na Educação Musical. Há a conclusão que o percentual de envolvimento entre a

Educação Musical e as TICs é muito pequeno quando comparado com outras áreas de

conhecimento no Brasil. Aponta também o despreparo que os cursos de formação de

professores de música no Brasil têm para incluir as TICs na sua estrutura curricular. Quando

esses possuem as TICs como elemento de sua estrutura curricular as abordam de forma

superficial na visão da autora. Mesmo quase uma década depois dessa análise, trabalhos como

os de Andrade (2013), Raimundo (2011), Santos e Pereira (2013), entre outros demonstram

que o quadro sofreu poucas modificações. A autora indica as principais iniciativas que o

professor deve tomar diante desse novo quadro:

A educação musical tem sido desafiada a passar por uma série de

transformações. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC

– desafiam-nos a transformar nossos conceitos educacionais, nossas

perspectivas didáticas, nos constrangem a rever e complementar nossa

formação, nos levam a refletir sobre as novas possibilidades e exigências

quanto às interações com nossos alunos e colegas. (KRÜGER, 2006, p. 75)

Bellochio e Leme (2007) afirmam que o professor de música tem que no primeiro

momento aprender como manusear essas tecnologias, porém apontam para um

aprofundamento crítico-reflexivo desse mesmo profissional quanto as TICs. Há na pesquisa

desses autores a defesa de que essas são potencializadoras da aprendizagem musical, mas

apontam também para uma formação diferenciada do Educador Musical:

É imprescindível, para esses professores de música, compreender as

possibilidades de utilização de tais recursos em sala de aula, bem como

(re)aprender os seus princípios básicos para elencar ferramentas potenciais

para ensinar música, além de serem capazes de solucionar problemas

decorrentes do uso das mesmas em suas práticas educativas diárias, certos de

seus objetivos educacionais. Isso exige uma formação diferenciada desses

professores. (BELLOCHIO e LEME, 2007, p. 89)

Após revisão de alguns autores, que tratam sobre a relação entre Educadores Musicais e

TICs, foi constatado que há uma opinião que grande parte defende: A compreensão

verdadeira das TICs tem que estar acompanhada com a utilização das mesmas. (cf. KRÜGER

(2006), LEME e BELLOCHIO (2007) e LOURO (2009)). Essa compreensão dará suporte

para uma efetiva aplicação das TICs na Educação Musical. Em suma todos concordam que:

“[...] não podemos ensinar nem pensar de forma criativa sobre o ensino daquilo que nós não

compreendemos.” (Swanwick, 2003, p. 14).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

25

Compreensão é uma palavra chave no processo de efetiva aplicação das TICs na

Educação Musical. Quando observamos os trabalhos sobre o ensino-aprendizagem do violão

clássico com a utilização das TICs essa palavra é um dos fatores que estão ausentes em

muitos professores. Não ausente precisamente na compreensão do que são essas novas

tecnologias, mas de como interagir ou utilizá-las de uma melhor forma no processo de ensino

dos alunos.

Santos e Pereira (2013) afirmam que é possível a utilização de conteúdos disponíveis na

Web no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. Demonstram que espaços como

fóruns destinados ao instrumento trazem informações e conteúdo de qualidade para o aluno ou

mesmo o violonista profissional que deseja aprender no meio virtual. Vídeos, textos, e áudio

disponíveis no ciberespaço têm seu devido potencial educacional. Os autores alertam que o

simples acesso e absorção do conteúdo não garantem uma aprendizagem qualitativa,

principalmente para os alunos iniciantes no referido instrumento. Chamam atenção que para

que o processo ocorra de forma satisfatória é necessária a presença do professor presencial.

Esse agirá como um gerenciador desses conteúdos e após essa ação o aluno poderá estar

seguro de que os conteúdos foram devidamente filtrados por uma pessoa experiente.

Moura (2009) afirma que as TICs facilitaram o processo de ensino e mais fortemente o

de aprendizagem do violão. A autora analisa essas tecnologias como facilitadoras do acesso

do público que outrora teria dificuldade no acesso ao ensino do instrumento em questão. Com

as TICs fronteiras como tempo e espaço foram rompidas. Um aluno pode ao se conectar

receber uma aula com o mesmo potencial educativo de seu formato presencial. Demonstra

também que pela sua experiência em aulas via plataforma digital na Universidade Federal do

Rio Grande do Sul os alunos demonstram uma maior autonomia na organização de seus

estudos bem como uma maior disciplina no cumprimento dos objetivos estipulados na ementa

do curso.

Scotti (2011) aborda a análise da transmissão ou apreensão da música no espaço virtual.

Em sua pesquisa o autor analisa o processo de construção coletiva do saber no fórum sobre

violão clássico, o Violão.Org. Demonstra que a interatividade proporcionada pelo acesso de

violonistas, sejam eles alunos ou profissionais e até mesmo admiradores do instrumento,

acarreta numa apreensão de conteúdos com potencial educativo muito bom tais como vídeos,

arquivos em formato de texto e em formato de áudio. Há em tal análise a observação de

comportamentos de usuários do fórum e de como o conhecimento é produzido a partir da

relação entre eles. Seja na análise da postagem de um vídeo por um usuário, resposta a

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

26

perguntas feitas no espaço analisado, etc. Há a produção de um conhecimento no meio virtual

proporcional, qualitativamente falando, ao produzido em cursos de instituições de nível

superior no referido instrumento. Seja na análise da postagem de um vídeo por um usuário,

resposta a perguntas feitas no espaço analisado, essa produção de conhecimento ocorre. A

partir da fala do violonista Fábio Zanon podemos observar uma das formas de produção de

conhecimento encontradas no referido Fórum:

[...] num nível elementar ao menos, ele às vezes cumpre um objetivo

educacional mais específico [O fórum]. Por exemplo, pode haver uma

discussão muito proveitosa sobre a digitação da seção central do prelúdio n.2

de Villa-Lobos. Puxa, antigamente eu ia ter de telefonar para várias pessoas,

ouvi-las sem ter a réplica de outras, sem cruzamento de informações, etc. No

fórum tudo isso acontece, alguém vai dar a receita e outro alguém vai dar 4

variantes para aquela receita, e outro alguém vai dizer que aquilo é tudo

furado, e outro alguém vai dizer que o John Williams toca assim ou assado,

etc. (ZANON apud SCOTTI, 2010, p. 17)

Analisando os autores apesentados no presente capítulo há algumas importantes

constatações. A primeira refere-se à realidade das TICs e a influência em praticamente todas

as áreas da vida humana. A segunda é que uma das áreas que sofrem maior influência é a

Educação, que ainda enfrenta um processo de adaptação a essa influência. A terceira é que os

personagens envolvidos no processo ensino-aprendizagem, professores e alunos, têm que

também compreender melhor como lidar com essas tecnologias.

Vimos também que a área da Educação Musical está ainda incorporando as TICs. Que a

falta de uma formação que aborde essas tecnologias de uma forma que faça o professor de

música um profissional que compreenda a sua utilização é um fator importante para essa

incorporação.

Há também a compreensão de que no processo de ensino-aprendizagem do violão

clássico as iniciativas de implementação das TICs, apesar de poucas, existem. Que elas se dão

muitas vezes no âmbito da educação informal e que os professores presenciais precisam

assumir uma postura de análise e incorporação dessas tecnologias em suas aulas, pois seus

alunos convivem e são consumidores dessas tecnologias.

Após a revisão desses autores passemos agora a análise dos espaços e conteúdos

selecionados no presente trabalho. Enfatizando sua contribuição para o processo ensino-

aprendizagem do violão clássico.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

27

3 – CONTEÚDO EM FORMATO ESCRITO

A partir de agora passaremos a apresentar e analisar o potencial de aprendizagem dos

conteúdos disponíveis em páginas da Web. Nesse capítulo serão apresentadas possibilidades e

facilidades de acesso promovidas pelas TICs para a consulta de conteúdo em formato escrito

referente ao violão na rede: Teses, Dissertações, Artigos, Partituras, etc. Para uma melhor

localização desse tipo de conteúdo foi escolhida uma página específica na Internet. A página a

ser analisada junto com o seu conteúdo será o Acervo Digital do Violão Brasileiro14.

Arquivos de texto sempre foram de grande valia para a pesquisa em várias áreas do

conhecimento. Com o avanço da tecnologia muito do que se tinha como material impresso

pôde ser disponibilizado em meios virtuais. Apesar de termos hoje o hipertexto, o qual insere

o internauta numa experiência que uni texto, imagem e áudio, a escrita continua desde os seus

primórdios firme como principal meio de transmissão do conhecimento humano.

(SANTAELLA, 2003).

Antes do desenvolvimento das TICs o pesquisador tinha que percorrer pessoalmente as

bibliotecas. Com a disponibilização de material bibliográfico na Web esse processo, muitas

vezes árduo, foi facilitado. Há um enorme acervo disponível à distância de um simples acesso

à internet para a pesquisa em diversas áreas de conhecimento. Uma dessas áreas é a de

música.

Os conteúdos disponíveis na internet, diferente de há 20 anos atrás, que

ainda praticamente não existiam, ajudam como material bibliográfico de

pesquisa. Essa facilidade se reflete também no tempo dispendido para o

acesso ao material, pois antigamente demorava-se muito no traslado até as

bibliotecas espalhadas pelas cidades.15

Nas últimas duas décadas houve um aumento no número de publicações sobre música

no Brasil. Junto com o crescimento de publicações sobre música houve também a

disponibilização dessa produção bibliográfica no meio eletrônico. Revistas Científicas,

Simpósios, entre outros foram os grandes responsáveis por esse aumento.

14 Acessado em Outubro de 2014 <http://www.violaobrasileiro.com.br/>. 15 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 04/02/2015 com o violonista Gilson Antunes

disponibilizada no Anexo B.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

28

Podemos observar iniciativas como a da Associação Brasileira de Educação Musical,

que desde a década de 1990 publica artigos em formato de revistas. Essas revistas tinham

inicialmente o formato analógico, porém atualmente se encontram disponíveis para o

download no site16 da associação, facilitando assim o acesso de mais pessoas aos conteúdos

debatidos nos congressos. Outros congressos de Música como o SIMPOM e ANPPOM

promovem debates e produzem Anais nos quais artigos são publicados no meio virtual. Esses

artigos versam sobre os mais diferentes assuntos relativos a música, como Educação Musical,

Performance, Musicologia, Psicologia da Música, entre outros. A Ictus, Urucungo, Per Musi

e Opus são revistas científicas em formato eletrônico, que desde a sua fundação são

destinadas a disponibilização de artigos via Web, que por sua vez não foram resultados de

congressos.

Atualmente Universidades estão disponibilizando material escrito de seus alunos nos

chamados repositórios virtuais. Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações de Mestrado,

Teses de Doutorado são exemplos de material escrito disponível nos sites dessas instituições.

Em se tratando de publicações desse tipo sobre violão temos os Anais do Simpósio

Acadêmico de Violão da Escola de Belas Artes do Paraná – EMBAP17. O referido evento

reúne no seu repositório virtual uma produção acadêmica sobre violão que abarca pesquisas

sobre performance, história, didática, composição, entre outros assuntos ligados ao

instrumento.

Vejamos o olhar do violonista Gilson Antunes, que é professor da Universidade Federal

da Paraíba, quando questionado sobre os efeitos da disponibilização e acesso dos conteúdos

no meio virtual por alunos de violão e sua aplicação no processo de ensino-aprendizagem do

instrumento:

(...) Hoje em dia, acessar bibliotecas na Dinamarca em busca de partituras de

domínio público é bem fácil, assim como websites oficiais do governo

brasileiro, que oferecem livros clássicos da literatura de forma gratuita,

incluindo os livros pedidos nos vestibulares. Em termos de violão, há

websites conhecidos que também oferecem artigos e até livros sobre o

instrumento, tanto gratuitos quanto pagos. Por fim, e talvez o principal para

o músico brasileiro, são as várias teses e dissertações de mestrado e

doutorado disponíveis nas bibliotecas virtuais das universidades e nos portais

16 Endereço: <http://www.abemeducacaomusical.com.br/>. 17 O conteúdo referente a esses Anais pode ser acessado em:

<http://www.embap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=29>.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

29

do Governo. É mais uma opção dentre tantas similares, e creio que os

músicos deveriam aproveitar melhor esse tipo de facilidade.18

Como exemplo dessa diversidade e facilidade proporcionada pelas TICs, faremos uma

breve exposição da tese de Doutorado do Violonista Gilson Antunes, na qual o pesquisador

analisa diversos os trabalhos de pós-graduação sobre violão no Brasil entre os anos de 1991 e

2007. Há no trabalho um mapeamento desse tipo de produção bibliográfica pelas cinco

regiões do país.

O pesquisador afirma em sua tese que a disponibilização de arquivo de texto sobre o

violão no meio digital é muito importante. Antunes aponta que:

(...) esses trabalhos de pós-graduação com temática violonística possuem

vertentes que abarcam um conjunto de ferramentas auxiliares no

desenvolvimento de pesquisadores, intérpretes e interessados em geral,

sendo tais vertentes baseadas em aspectos históricos-biográficos, analíticos e

didáticos. (ANTUNES, 2012, p. 18)

Aqui há um fato importante. Após a análise do objeto de sua pesquisa o autor chega à

conclusão de que boa parte desses trabalhos serve como ferramenta para quem estuda,

pesquisa, interpreta e consequentemente ensina violão clássico.

A tese em questão teve como principal ferramenta de pesquisa a Internet, sem a qual

seria muito difícil percorrer todas as Universidades e bibliotecas que serviram como fonte de

análise. Há a divisão de três tipos de trabalhos analisados no decorrer do texto: Trabalhos

Analíticos, Trabalhos Históricos e Trabalhos Didáticos. O primeiro grupo trata da análise de

obras de compositores ligados ao violão. O segundo grupo de trabalhos trata da história do

violão e o último aborda os aspectos didáticos do instrumento musical.

O autor dá indicações de algumas produções bibliográficas analisadas durante a

pesquisa que podem auxiliar alunos, pesquisadores e professores em determinados assuntos

sobre o violão, que muitas vezes não são conhecidos pelo público interessado por não serem

publicados em formato de livro:

(...) Para informações a respeito da história do violão no Brasil e seu

desenvolvimento ao longo dos anos - informações estas que podem ser

utilizadas em sala de aula - (...) Para comparações de diferentes escolas

violoníticas, existe a dissertação de Marcelo Fernandes Pereira. (...) Sobre

18 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 04/02/2015 com o violonista Gilson Antunes

disponibilizada no Anexo B.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

30

questões de técnica violonística, há os trabalhos de Homero Pires, Fernando

Silveira (...) Para o interessado em conhecer mais sobre o violão e a música

flamenca, duas dissertações foram escritas: a de Paulo Rogério e a de

Fabiano Zanin. (ANTUNES, 2012, p. 181).

A visão da importância de ter arquivos em formato escrito disponibilizados no meio

virtual como fonte de pesquisa é apoiada pelo violonista Alvaro Henrique. Vejamos sua

resposta quando questionado sobre a importância da disponibilização desse tipo de conteúdo

no meio virtual no processo de ensino-aprendizagem do violonista:

Compartilhando informação muitas vezes indisponível ao estudante comum,

em especial os que não frequentam bibliotecas nem assinam revistas

brasileiras ou estrangeiras dedicadas ao violão e à música clássica. Servem

como porta de entrada para mais conhecimento e informação, mas muitas

vezes podem criar uma grande cortina de fumaça em função do excesso de

informação descontextualizada, fragmentada, e/ou inverídica.19

Há duas grandes informações na fala acima: a primeira é que o material serve como

porta de entrada para o conhecimento, muitas vezes inacessível aos estudantes. A segunda

trata do excesso e da não qualidade de algumas informações disponíveis na Web. Para que

haja uma melhor seleção desse conteúdo faz-se necessária a presença de um profissional que

tenha conhecimento suficiente para realizar esse filtro: o professor presencial de violão, tal

como afirmam Santos e Pereira (2013).

Ainda tratando da influência das TICs no processo de difusão de conhecimento

Antunes (2012) revela um fato preocupante: grande parte da produção bibliográfica dos

programas de pós-graduação ainda não estava disponível em bancos de dados virtuais como

repositórios de Universidades no ano de 2012.

O autor afirma também que devido ao desconhecimento e não publicação em formato

de livro dessas teses e dissertações há uma falsa impressão de que há pouca produção

bibliográfica relativa ao violão no Brasil. Relata também a tendência no aumento de projetos

de pesquisa sobre o violão defendidos no país. Além de apontar um aprimoramento das

páginas eletrônicas das universidades brasileiras assim como a criação de um banco de dados

mais abrangente para a divulgação dessas pesquisas e o aprimoramento do conhecimento

acerca do violão.

19 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique

disponibilizada no Anexo A.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

31

Passemos agora a análise do site escolhido para exemplificar as possibilidades e

facilidades de acesso promovidas pelas TICs para a consulta de conteúdo em formato escrito

na Web.

O Acervo Digital do Violão Brasileiro

O Acervo Digital do Violão Brasileiro foi lançado no mês de Agosto de 2014. O espaço

é uma iniciativa de alguns violonistas brasileiros e pesquisadores do violão. Qualquer

internauta pode acessar e baixar os conteúdos disponíveis nele. Uma característica importante

é a construção coletiva do acervo encontrado nesse Website, como podemos observar na aba

Contatos dentro do site na imagem abaixo:

A partir da contribuição de pessoas, as quais, às vezes, nem são instrumentistas ou

pesquisadores, o espaço digital pode ser preenchido com conteúdo de potencial altamente

didático. Isso coloca o Acervo Digital na classificação de comunidade virtual de

aprendizagem, tal como afirma Gohn (2008).

Figura 1 Aba Contato do Acervo Digital do Violão Brasileiro.

Fonte: <http://www.violaobrasileiro.com.br/pages/view/3>.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

32

Apesar de ocorrer a contribuição de pessoas que não são tão aprofundadas nos estudos

do violão clássico, todo tipo de informação disponível no Acervo é avaliada por

pesquisadores20 e violonistas21 que administram o mesmo. Logo, há um respaldo de toda a

informação disponível nessa comunidade.

Observemos mais especificamente alguns espaços dentro do Acervo Digital do Violão

Brasileiro, onde estão inseridos conteúdos referentes ao violão clássico em formato de texto.

Primeiramente temos a aba denominada “Biblioteca”.

Aqui o usuário que acessa o site pode conseguir referências bibliográficas importantes

sobre o violão. Nessas referências estão incluídos livros, Teses de Doutorado, Dissertações de

Mestrado e Métodos sobre o instrumento:

Conheça as referências bibliográficas mais representantes sobre o violão

brasileiro. A biblioteca oferece dicas de livros, capas e fichas técnicas, além

das dissertações e teses acadêmicas sobre o violão para download gratuito.

Em parceria com a Fundação Biblioteca Nacional, disponibilizamos um

valioso acervo das primeiras revistas dedicadas ao instrumento, surgidas a

partir da década de 1920, além de métodos de grande valor histórico.22

Esse é o texto inicial do espaço. Podemos observar o acesso ao mesmo na próxima

imagem:

20 Como: Alexandre Dias e Elcylene Leocádio. Informação disponível em:

<http://www.violaobrasileiro.com.br/texts>. Acesso em 20/01/2015. 21 Como: Alessandro Soares e Gilson Antunes. Informação disponível em:

<http://www.violaobrasileiro.com.br/texts>. Acesso em 20/01/2015. 22 Texto disponível em: <http://www.violaobrasileiro.com.br/texts>. Acesso em 20/01/2015.

Figura 2 Aba Biblioteca do Acervo Digital do Violão Brasileiro.

Fonte:<http://www.violaobrasileiro.com.br/texts/index/3>.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

33

A próxima aba a ser analisada é denominada “Partituras”. Aqui são disponibilizados

gratuitamente partituras, arranjos e transcrições de obras para violão. Observemos a descrição

do espaço:

A maioria das partituras deste acervo tem arranjos inéditos, transcrições e

revisões feitas especialmente para este portal. Os títulos abrangem diversas

formações, como violão solo, duo de violões, quarteto, violão de 7 cordas e

melodia e cifra. Consulte, leia os comentários e faça download gratuito dos

arquivos. Também confira os álbuns digitais em PDF que serão publicados

periodicamente neste espaço. Colaborações voluntárias de arranjos,

transcrições e peças autorais serão aceitas, desde que estejam de acordo com

o conceito do portal e sejam aprovadas pela equipe de coordenação.23

Apesar do espaço aceitar contribuições gratuitas há a preocupação de seus

administradores em manter um padrão de qualidade do material disponível no Acervo, que é,

muitas vezes revisado por uma equipe de violonistas24.

Dentro da aba Partituras encontramos algumas obras. Entre elas arranjos de músicas

que, às vezes, nem possuíam registro escrito (na partitura). Obras raras como: Terna Saudade

do compositor Anacleto de Medeiros e arranjos para quartetos de violões como o da obra

“Pairando” do compositor Ernesto Nazareth. Reiteramos que a maioria dessas partituras são

contribuições dos usuários desse mesmo espaço digital. Aqui denotasse a tão enfatizada

construção coletiva do conhecimento no meio digital. Os arquivos podem ser baixados e

impressos para que o usuário possa executar as obras.

A próxima imagem ilustra mais precisamente o processo de acesso e download desses

arquivos:

23 Texto disponível em: <http://www.violaobrasileiro.com.br/scores/index/3>. Acesso em 20/01/2015. 24 Entre eles estão: Jow Ferreira, Carlos Chaves, Caio Cesár, Paulo Aragão. Informação disponível em: < http://www.violaobrasileiro.com.br/pages/view/2/1>. Acesso em 20/01/2015.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

34

Ter acesso a bibliografias, partituras e a informações, que muitas vezes não estão

disponíveis em bibliotecas especializadas em música é de grande valia para o estudante de

violão clássico. Saber que todo esse conteúdo está disponível gratuitamente a qualquer

momento e em qualquer lugar por meio do acesso à Internet é importante para o aluno que

está em processo de pesquisa sobre determinada música ou compositor. O Acervo Digital do

Violão Brasileiro faz-se assim um espaço que contempla um grande depósito de conteúdo em

formato escrito de grande potencial de aprendizagem. Logo, contribuindo para estudantes,

professores e pesquisadores de violão clássico.

Como foi demonstrado nesse capítulo há uma facilidade grande na difusão de material

escrito para violão proporcionada pelo desenvolvimento das TICs. Essa facilidade de acesso

não beneficia somente a pesquisa na área do violão em si. Há uma contribuição para as

questões de ensino, performance ao violão clássico, entre outros assuntos, como foi

demonstrado por Antunes (2012). Todo esse acesso deve ser administrado pelo professor

presencial para que a experiência de um melhor aproveitamento desse conteúdo seja efetiva

no processo de aprendizagem do estudante de violão.

Passemos ao próximo capítulo, onde serão expostos os conteúdos em formato de áudio

relativos ao violão clássico disponíveis Web.

Figura 3 Aba Partituras do Acervo Digital do Violão Brasileiro.

Fonte: < http://www.violaobrasileiro.com.br/biblio/index/3>.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

35

4 – CONTEÚDO EM FORMATO DE ÁUDIO

Em muitos espaços da Web são encontrados conteúdos em formato de áudio, além dos

conteúdos em formato de texto como os expostos no capítulo anterior. No caso específico do

violão clássico, os arquivos que serão analisados nesse capítulo se referem a programas de

Rádio produzidos por violonistas. Alguns desses programas, já extintos, permanecem

disponíveis em espaços na Web para que os interessados em seu conteúdo possam acessá-los a

qualquer momento utilizando-se da internet.

O rádio foi afetado, assim como outros meios de comunicação, pelas TICs. A partir da

década de 1990 emissoras brasileiras começaram um movimento da transmissão de seus

programas via Web. (ABDALLA, 2005)

Essa nova modalidade de transmissão se adequa ao público atual. Uma vez que o

mesmo consome tecnologia. A transmissão no modelo antigo não tem o mesmo poder atrativo

para as pessoas na contemporaneidade. Já que “(...) a web tem também seus poderes de

sedução. O rádio on-line juntou o útil ao agradável, tornou-se um objeto “inteligente” que

atiça quase todos os nossos sentidos.” (ABDALLA, 2005, p. 29).

Alguns programas de Rádio, pioneiros na temática do violão clássico no Brasil, foram

há muito extintos. Esse problema ocorreu, pois na época a disponibilização via Web ainda não

fazia parte da realidade dos seus idealizadores, tampouco dos ouvintes. Esse problema da

transitoriedade do conteúdo que é transmitido via rádio foi solucionado com o

compartilhamento desses arquivos no meio virtual. Esse fenômeno do compartilhamento de

arquivos de áudio e sua alocação no meio virtual é apontado por Gohn (2008):

Assim, surgia uma fluidez semelhante àquela que o rádio proporciona, mas

com diferenciais importantes, pois enquanto no rádio a escuta é única e

efêmera, nas redes digitais uma obra pode ser escutada repetidamente e

infinitas cópias podem ser produzidas, sempre mantendo a mesma qualidade

do original. (GOHN, 2008, p. 114)

Atentando para a afirmativa de Gohn, podemos perceber o quanto a internet e suas

ferramentas ajudaram pessoas de diferentes localidades, mas com um mesmo interesse,

tivessem acesso ao conteúdo produzido por programas de Rádio que unem a transmissão via

rádio com a disponibilização desses programas no meio virtual.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

36

Violonistas como: Jodacil Damasceno e Edelton Gloeden foram alguns dos primeiros

mentores de programas que abordaram a temática do violão por meio de programas de Rádio

no Brasil. Esse fato é destacado pelo violonista Fábio Zanon em uma discussão promovida no

fórum Violão.org, a qual tratava sobre programas de Rádio que hoje, devido à popularização

da internet, podem ser baixados pelos internautas:

Não podemos esquecer que Jodacil e Ronoel tiveram programas de rádio por

muitos anos. O Everton teve um em 1991, o do Edelton está no ar há uns 10

anos. [...]. Rádio FM não pega em toda parte, e mesmo com internet ainda é

um pouco chato de acompanhar.25

Passemos agora a análise de dois programas escolhidos pela sua relevância e por serem

transmitidos via rádio e disponibilizados em espaços na Web. Esses foram idealizados por

pessoas que tem um trabalho intenso de pesquisa na área do violão clássico.

O primeiro será O Mundo do Violão26, que foi idealizado pelo professor e violonista

Thales Guimarães. O segundo será o blog Violão com Fábio Zanon, espaço esse que leva o

nome de seu idealizador, que é um violonista e professor renomado não só no nacionalmente,

como mundialmente.

4.1 – O MUNDO DO VIOLÃO

O primeiro espaço a ser analisado encontra-se hoje desativado. Uma das dificuldades

ocorridas nessa pesquisa é a transitoriedade dos conteúdos e espaços que foram consultados,

por isso muitos dos conteúdos mencionados aqui foram anexados numa mídia de DVD para

consulta do leitor, caso ocorra uma possível remoção do conteúdo no meio virtual

futuramente.

25 O post se encontra em: <http://www.violao.org/topic/1247-programa-o-mundo-do-violao/page-2>. Acesso em

21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta

denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “O

mundo do Violão – 02” para maior comodidade do leitor. 26 O endereço do referido espaço: <http://www.mundoviolao.hpg.com.br/>. Na época do presente trabalho o

mesmo já se encontrava desativado.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

37

Após vários dias de pesquisa foi encontrado um link com acesso ao conteúdo do

programa de rádio O Mundo do Violão. O caminho para o acesso a esse conteúdo foi feito via

buscador Google27, que revelou a página de compartilhamento de arquivos com os programas

de Rádio do Mundo do Violão. Além dessa página surgiram alguns vídeos no YouTube28 com

os programas de Rádio do Mundo do Violão. E foi encontrado o endereço do antigo site29

numa das discussões do fórum Violão.Org30.

O site denominado O Mundo do Violão surgiu a partir de uma iniciativa do professor e

violonista Thales Guimarães. Nesse espaço o usuário teria acesso ao conteúdo que foi

transmitido via programa de rádio. Conteúdo esse que está em formato Mp3, que é compatível

com quase todo aparelho multimídia existente nos dias atuais (Mp3 player, Smartphones,

etc.).

Antes de partir para a análise de um dos programas do Mundo do Violão, observemos a

relevância do mesmo e o respeito alcançado pelo idealizador e apresentador, Thales

Guimarães, nos usuários do fórum Violão.Org a partir de um tópico aberto em Janeiro de

2010:

[...] Pode ter certeza, que trabalhos assim como o seu, são de muita

relevância e importância além de abrir ainda mais o leque contribuindo

assim com o prestígio e a nobreza do nosso violão brasileiro e mundial.

É isso aí amigo. Meus parabéns pelo seu belo trabalho. Mais uma vez fico-

lhe muito grato por tudo. Abraços fraternos e muita música sempre em

nossos corações. Até. Nonato Luiz31. (grifo nosso)

No mesmo tópico outros usuários do blog comentam sobre O Mundo do Violão, a

mensagem abaixo é do violonista Carlos Eduardo:

[...] Thales Guimarães nos seus programas tem se mostrado um verdadeiro

amante e conhecedor do Violão em toda a sua esfera, histórica, e

experimentalmente, discorrendo e destilando contos maravilhosos,

numa linguagem que atinge tanto os acadêmicos, quanto os leigos,

fazendo do nosso Instrumento um Verdadeiro e patente canal de Artes

27 Pesquisa realizada em 14/10/2014 com as palavras-chave: O mundo do violão torrent. 28 Programa O mundo do Violão – Entrevista com Gilson Antunes. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=ZVaGFUcIJmw>. 29 Endereço do site já desativado: <http://www.mundoviolao.hpg.com.br/>. 30 Discussão disponível em: <http://www.violao.org/topic/1247-programa-o-mundo-do-violao/>. Acessado em

21/12/2014. 31 Postagem disponível em: <http://www.violao.org/topic/8252-homenagem-prof-thales-guimaraes-amigo/>.

Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do

arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

38

sonoras [...]. Em síntese, quero registrar que mesmo tocando Violão já a 13

(treze) anos, minha paixão pelo instrumento foi multiplicada por mil, e tirada

ainda a raiz quadrada, quando descobri os programas do Thales e o do Fábio

Zanon.32 (grifo nosso)

Logo em seguida um depoimento importante do usuário Ricardo Henrique:

(...) moro em São Carlos SP (240km de são Paulo capital) e temos aqui

apenas um professor de violão erudito cujo qual mora numa cidade vizinha à

São Carlos...não existe faculdade de violão por aqui e nem um

conservatório voltado ao violão erudito...O violão erudito ainda está em

desenvolvimento mas tenho boas esperanças pois existem muitas pessoas

trabalhando forte para o crescimento do nosso instrumento, um exemplo é o

Thales Guimarães, aqui em minha cidade já estamos estudando através

de seus programas, os programas do Zanon também são muito ricos. A

idéia de programas de rádio é muito interessante pois além do

conhecimento que é passado através deste, ele também nos prende à

escuta musical, algo que percebo que as vezes se perde neste mundo de

"correrias" que vivemos hoje...33 (grifo nosso)

Podemos perceber, a partir da análise dos depoimentos dos usuários do Fórum

Violão.Org que os programas de rádio do Mundo do Violão contribuem sobremaneira para o

aprendizado e difusão do violão clássico. Esse programa atinge tanto o público especializado

no assunto (violonistas, professores, etc.) quanto o público leigo como apontou o usuário

Carlos Eduardo em seu depoimento.

Um relato importante para essa pesquisa é a aprendizagem proporcionada aos

estudantes de violão de uma cidade que não dispõe de conservatório ou curso de nível

superior no referido instrumento, como foi explicitado num dos comentários do post do

Violão.Org.

Não apoiamos aqui a ideia de uma substituição do professor presencial, mas o caso nos

leva a uma reflexão de como as TICs podem auxiliar em casos como esse, evidenciando o

caráter democrático da internet, quando se trata de difusão e acesso ao conhecimento (SILVA,

2009).

32 Postagem disponível em: <http://www.violao.org/topic/8252-homenagem-prof-thales-guimaraes-amigo/>.

Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do

arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor. 33 Postagem disponível em: <http://www.violao.org/topic/8252-homenagem-prof-thales-guimaraes-amigo/>.

Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do

arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

39

Apesar de não haver uma intenção direta de ensino, a pessoa que pesquisa sobre o

assunto, obtém informações educativas seguras, a partir da escuta dos programas de rádio do

Mundo do Violão, tais quais as que são disponibilizadas em cursos formais de violão clássico.

Observemos, agora a transcrição de trechos de um dos programas de Rádio do Mundo

do Violão, o qual tratou do violonista João Pernambuco:

O choro, mais conhecido como chorinho, nasceu por volta de 1870, no Rio

de Janeiro, quando os músicos da época passaram a música da Europa do seu

próprio jeito. No início era considerado apenas com uma maneira

abrasileirada de tocar a valsa, a polca, a mazurca e o maxixe. Joaquim

Calado, autor do primeiro choro, “A flor amorosa”, fez a primeira formação

com a flauta, dois violões e o cavaquinho. Depois veio a formação onde

eram utilizados o violão, a flauta, o cavaquinho, bandolim e clarineta, que

deram a música um aspecto sentimental, melancólico e choroso.34

Uma das principais características dos programas de Rádio do Mundo do Violão,

consiste no fato de o apresentador Thales Guimarães iniciar a apresentação situando no tempo

e espaço o ouvinte. Como pode ser observado na transcrição do programa acima.

Logo após o apresentador faz um relato biográfico do violonista abordado no programa,

como pode ser observado no trecho abaixo:

[...] João Pernambuco nasceu em Jatobá no sertão de Pernambuco em 2 de

Novembro de 1883 e faleceu em 16 de outubro de 1947, na cidade do Rio de

Janeiro, seu pai era Português e sua mãe Índia. Aos 12 anos ele aprendeu a

tocar viola com violeiros e cantadores do sertão como Bem-te–vi, o cego

Sinfrônio, Manuel Cabeceiras entre outros. Ele morou no Recife, onde

trabalhou como ferreiro e logo depois operário. Por volta do 20 ano de idade

ele vai para o Rio de Janeiro e se instala na casa de uma irmã.35

Também há um relato sobre a trajetória artística do violonista abordado em cada

programa:

[...] Pernambuco organizou um grupo chamado grupo Caxangá, onde ele e

outros integrantes usavam roupas típicas do Nordeste e usavam roupas

nordestinas. Desse grupo faziam parte o próprio Pernambuco, Pixinguinha,

34 Disponível em: <http://www.4shared.com/get/WtZAebwi/O_Mundo_do_Violo_29_Joo_Pernam.html>.

Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse

trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”,

com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor. 35 Disponível em: <http://www.4shared.com/get/WtZAebwi/O_Mundo_do_Violo_29_Joo_Pernam.html>.

Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse

trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”,

com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

40

Donga, Quincas Laranjeiras entre outros. Esse grupo existiu no período de

1914 a 1919. [...] Em seguida ele organizou a Trupe Sertaneja, se

apresentando em diversos lugares do Brasil. Pixinguinha formou o grupo

“Os oito batutas”. Pernambuco veio a fazer parte dele somente na segunda

formação [...] A obra de João Pernambuco é de grande qualidade musical.

Seu ritmos são contagiantes e sua harmonia é erudita e popular. [...]

Pernambuco tem em torno de 50 obras muitas de suas músicas foram

perdidas ou roubadas e algumas atribuídas a outras pessoas.36

Essas são as principais características dos programas do Mundo do Violão. O

apresentador do programa situa o leitor no tempo e espaço do violonista que irá apresentar.

Fala sobre sua biografia e entre um texto e outro apresenta interpretações das principais obras

do mesmo. Algumas das gravações apresentadas são as do próprio compositor da obra. Dessa

maneira, o programa auxilia tanto no lado histórico do instrumento e do compositor quanto na

ampliação da experiência estética dos ouvintes.

Ainda tratando da contribuição do Mundo do Violão, o violonista Fábio Zanon afirma

que o mesmo tem uma produção de caráter cronológico e que os programas são ordenados de

forma criar uma grande enciclopédia sobre o violão. Afirma ainda que por causa dessas

características há professores que estão utilizando os programas como material didático.

Finaliza seu pensamento relatando que sem internet e seus usuários, que contribuem com

material para a elaboração desses programas seria impossível a criação de programas de rádio

sobre o violão com o caráter do Mundo do Violão.37

Podemos perceber no comentário do violonista Fábio Zanon outro aspecto importante.

Ele mostra que a internet foi de suma importância para a produção dos seus programas de

rádio. Aqui fica evidenciado que a Web é um canal de grande potencial educativo, além de ser

um espaço onde o conhecimento é produzido de forma coletiva tal como afirma Ferreira e

Bianchetti (2004).

Após vários comentários, não só do Fábio Zanon como de outros violonistas, o próprio

Thales Guimarães se manifesta:

36 Disponível em: <http://www.4shared.com/get/WtZAebwi/O_Mundo_do_Violo_29_Joo_Pernam.html>.

Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse

trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”,

com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor. 37 O post se encontra em: <http://www.violao.org/topic/8252-homenagem-prof-thales-guimaraes-amigo/>.

Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada

“Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “O mundo do

Violão – 02”.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

41

Olá amigos do Fórum. Estou muito contente com as palavras de cada um e

agradeço ao Mário André pela divulgação. A intenção do programa é

justamente esta, a de divulgar ainda mais o nosso querido instrumento para o

máximo possível de pessoas. Tento fazer um programa simples com dados

biográficos do compositor como local onde nasceu, o período em que viveu,

seu estilo, o que compôs, o que ele fez de importante para o instrumento e

etc. (...) A internet nem preciso falar, sem ela ficaria quase impossível.

Gostaria de contar com a ajuda de todos aqui sinalizando os erros, onde

posso melhorar sugestões e outras coisas mais. Ficarei muito grato em

compartilhar esse trabalho com todos. Inspirei-me nos programas do Zanon

de quem sou fã. (...) Um grande abraço a todos. Thales.38

A partir da resposta do professor Thales Guimarães, fica evidente como esse espaço é

contributivo para a construção coletiva de conhecimento. Além disso, como a Web pode ser

um aglutinadora de violonistas, sejam eles iniciantes ou profissionais, que trocam

informações e a partir daí aprendem e ensinam através do meio virtual.

4.2 – O VIOLÃO COM FÁBIO ZANON

Outro espaço a ser apresentado é o blog Violão com Fábio Zanon39. Nesse blog, que

leva o nome do famoso violonista brasileiro, que possui fama internacional e atua nos ramos

do ensino e pesquisa, além de ter uma carreira de longa data como concertista, são

encontrados links para o download de arquivos em formato de áudio.

Foram produzidas três séries de programas para rádio: A Arte do Violão, O Violão

Espanhol e O Violão Brasileiro. Todas as três estão disponíveis em arquivos que estão

hospedados no blog.

Durante três anos a partir de 2006, a Rádio Cultura FM transmitiu

semanalmente o programa Violão com Fábio Zanon. Após 13 episódios

iniciais dedicados à série O Violão Espanhol no Século XX, Fábio Zanon

concentra-se na história do violão no Brasil. Esta série de 148 programas

38 Postagem disponível em: <http://www.violao.org/topic/8252-homenagem-prof-thales-guimaraes-amigo/>.

Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do

arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor. 39 Endereço: <http://vcfz.blogspot.com.br/>. Acesso em 21/05/2014.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

42

cobre o rico universo da tradição violonística brasileira. Seus grandes

personagens são protagonistas nestes programas ilustrados com gravações

raras e entrevistas exclusivas. [...] Este blog arquiva os roteiros dos

programas e indica links para download dos arquivos de áudio, disponíveis

para download nos formatos MP3-128K (arquivos de 50M, de alta

fidelidade) ou WMA-64K (arquivos de 20MB, gravados da transmissão

online). A opção gratuita dos serviços está sujeita a várias limitações, siga

com atenção as instruções nas páginas de download.40

Esse é o texto da página inicial do blog Violão com Fábio Zanon. Podemos observar

algumas características dos conteúdos que poderão ser acessados nesse espaço virtual. Trata-

se de uma forma geral de arquivos de programas de rádio. Programas estes desenvolvidos

pelo violonista em questão e que foram transmitidos pela Rádio Cultura entre os anos de 2003

e 2008.

A principal forma de acesso ao conteúdo é por meio de download. Os arquivos dos

programas que duram uma média de 60 minutos cada podem ser baixados nos formatos MP3

e WMA, ambos compatíveis com quase todos os dispositivos multimídias disponíveis a

qualquer pessoa atualmente (telefones celular, microsystems, MP3-players etc.). Após o

download a pessoa que acessou o blog pode ouvir os programas a qualquer momento, pois os

arquivos ficarão gravados no seu dispositivo.

Analisando os conteúdos dos programas de rádio disponibilizados pelo blog, podemos

elencar uma série de informações didáticas para o estudante de violão. Uma primeira

característica é o cunho histórico dos programas de rádio disponibilizados por meio desse

espaço.

Uma das séries, A Arte do Violão, começa com um programa intitulado “O legado de

Tárrega”. Programa esse que traz num espaço de cerca de 60 minutos informações, que estão

muitas vezes disponíveis somente em livros, que se encontram em outras línguas, visto que a

única obra referente à história do violão em português está fora de catálogo41.

Observemos um trecho do programa em questão:

Em meados do séc. XVI havia uma profusão de instrumentos de cordas

dedilhadas em toda a Europa, que vinham em todas as formas, afinações e

quantidade de cordas imagináveis, mas que podem, grosso modo, ser

divididos em três famílias principais: a dos alaúdes, em forma de pêra, cujo

nome se origina no al ́ud persa [exemplo], a das vihuelas, em forma de oito,

40 Texto disponível em: <http://vcfz.blogspot.com.br/>. Acesso em 21/05/2014. 41 A obra em questão é o livro “História do Violão” do autor Norton Dudeque.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

43

um nome originário da palavra latina fidicula, de onde também se derivam as

palavras portuguesas viola e violão [exemplo] e a das guitarras, também em

forma de oito, um nome derivado das palavras persas char (4) e tar (corda).

Estas grandes famílias atingiram um apogeu de popularidade no

Renascimento e Barroco e produziram um repertório imenso, mas a família

das guitarras, originariamente a menos aristocrática, passou por grandes

transformações e atingiu seu apogeu no final do séc. XVIII enquanto as

outras duas gradualmente declinaram até tornarem-se obsoletas. Ao redor de

1780, simultaneamente na Itália e Alemanha, as mutações organológicas

haviam transformado o instrumento de 4 cordas duplas em um instrumento

solista de seis cordas simples, um formato suficientemente estável para se

espalhar por toda a Europa. Ao redor de 1800, a popularidade deste formato

produziu um levante de grandes virtuoses e compositores que constituem a

primeira Época de Ouro do violão. (ZANON, 2004, p. 5).42

É notável a gama de informações sobre o instrumento em questão, e também o cunho

delas. Boa parte do trecho do programa citado acima está carregado de informações históricas

sobre o violão. Como foi mencionado anteriormente, esse tipo de informação hoje só pode ser

conseguida a partir da leitura de obras em outras línguas como o inglês, espanhol ou alemão.

Assim, além do grande valor informativo para o estudante de violão, esse material, que é

acessado através do blog, serve como um facilitador para o estudante brasileiro que possua

dificuldades na leitura de obras em outras línguas, ou mesmo que não possua acesso a elas.

No mesmo programa o violonista narra as transformações ergonômicas do instrumento

com o passar dos séculos. Também demonstra como se deu o declínio do seu uso e como foi

formada a visão sociológica atual do violão:

Várias foram as causas, artísticas e sociológicas, para esse declínio. O

instrumento não possuía volume para enfrentar o inchaço das salas de

concerto e as demandas da música de câmara. Berlioz, apesar de amar o

instrumento, diz em seu tratado de orquestração que é necessário que o

compositor seja capaz de tocá-lo para escrever música de maiores

conseqüências; em decorrência, os maiores compositores do período não

escreveram para o violão. O instrumento progressivamente se confinou às

manifestações musicais domésticas, folclóricas e como acompanhamento

para a dança, e caiu nas mãos da classe trabalhadora, dos ciganos e

mandriões de todas as colorações. Ainda hoje o preconceito de classe se

verifica nos círculos dominantes da música clássica, onde o violão muitas

vezes não é aceito sem reservas. (ZANON, 2004, p. 5).

Além do cunho histórico dos programas apresentados pelo violonista Fábio Zanon, há

também a questão da análise estética e interpretativa promovida pelo violonista em alguns dos

42 O programa em questão segue anexado numa mídia de DVD na pasta denominada “Conteúdo em Formato de

Áudio” na subpasta “Violão com Fábio Zanon”, com o nome “01 - O Legado de Tárrega”, para maior

comodidade e apreciação do leitor.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

44

programas. Observemos a transcrição de um trecho do programa denominado “Andrés

Segovia: gravações 1957-1977”, em que essas questões são abordadas:

O intérprete freqüentemente enfrenta o dilema da escolha entre a

manutenção da unidade musical, o que se faz essencialmente pela constância

do pulso, e o desejo de sublinhar pequenas belezas localizadas, o que se faz

essencialmente com a qualidade do som – que pode ser mais penetrante,

mais vibrante, mais velado, mais pontiagudo de acordo com o caráter que se

quer imprimir. O problema é que um tipo de som tão particular toma tempo

para desabrochar – o que afeta a continuidade do pulso musical. Nesta

gravação da Tonadilla de Granados Segovia demonstra de maneira magistral

como é possível obter o equilíbrio. Ele não só valoriza uma infinidade de

detalhes que numa execução literal passariam desapercebidos, mas o faz

sempre evitando posicionar o vibrato, o glissando e as sonoridades metálicas

(exemplificar com violão) nos lugares mais óbvios; assim ele se exime da

obrigação de repeti-los e cair em redundância, ganhando liberdade para

retornar rapidamente ao andamento correto depois de roubar uma fração do

tempo em favor da sonoridade.43 (ZANON, 2004, p. 19).

Essa é uma característica peculiar, que surgiu após a análise dos programas

disponibilizados no blog Violão com Fábio Zanon. Aspectos interpretativos são de suma

importância para a vida do estudante de violão clássico, logo um programa em que essa

temática é abordada vem a ser uma grande ferramenta na construção interpretativa de um

violonista. Além da observação dos aspectos interpretativos, há uma indicação de como

apreciar a interpretação de uma obra ao violão.

Com a disponibilização desse material de forma gratuita e de fácil acesso, há grande

contribuição tanto para os que estudam o violão quanto a todo o público que visite o blog.

Vejamos a opinião do próprio Fábio Zanon em entrevista concedida ao violonista Alvaro

Henrique no ano de 2006:

Outro trabalho recente que está repercutindo bastante são os programas na

Rádio Cultura FM de São Paulo. Ano passado foi A Arte do Violão, esse ano

inicia o Violão - com Fábio Zanon. Como surgiram esses projetos?

[...] Cada vez que ia à RTC (Rádio e TV Cultura) dar uma entrevista, alguém

perguntava se eu queria fazer um programa. Finalmente vim com um projeto

que não dava muito trabalho, que foi A Arte do Violão. A rádio topou, acho

que a receptividade foi boa. [...] As pessoas sempre me perguntavam: gosto

de música e de violão, mas não conheço o repertório, não sei quem é bom,

etc. Então a idéia foi fazer um apanhado do que eu acho que vale a pena

43 O programa em questão segue anexado numa mídia de DVD na pasta denominada “Conteúdo em Formato de

Áudio” na subpasta “Violão com Fábio Zanon”, com o nome “05 - Andrés Segovia Gravações 1957-1977”, para

maior comodidade e apreciação do leitor.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

45

ouvir no violão clássico. Todo mundo que incluí me impressiona de alguma

forma.

E entre o público não-violonista, como você avalia o resultado da Arte do

Violão?

[...] Bom, cada vez que vou a algum concerto, muita gente vem falar que

ouviu e gostou do programa. É uma constante: zb “ não imaginava que o

violão pudesse fazer tudo isso’, etc.”. Sei que ninguém escuta rádio com

muita atenção, mas espero sinceramente que tenha ajudado a colocar o

violão como um instrumento que tem uma solidez de formação, de

repertório, enfim, que é um instrumento que tem um espaço como solista por

mérito artístico, não como uma curiosidade.44

A partir desse retorno do ouvinte podemos perceber o caráter educativo dos programas

que hoje se encontram disponibilizados no blog Violão com Fábio Zanon. O foco da análise é

o uso dos conteúdos disponíveis no blog em questão para os violonistas em geral, porém esse

mesmo conteúdo atinge não só violonistas como também os apreciadores do violão.

Observando todos os depoimentos exibidos no presente capítulo bem como a análise

dos programas de rádio, podemos perceber o quanto os conteúdos em formato de áudio

contribuem para a aprendizagem de quem os acessa via internet. Nos poucos exemplos

mencionados aqui ficou patente a carga de informações didáticas sobre o violão clássico.

Informações essas que muitas vezes não estão disponíveis nem sistematizadas em livros em

língua portuguesa.

Em alguns casos o meio virtual supriu a falta de professor ou material didático em

lugares que esses ainda não existiam. Como foi mencionado pelo próprio Fábio Zanon, esse

tipo de conteúdo tem sido utilizado como material didático. Logo há uma contribuição direta

para o ensino formal do violão clássico. Nesse caso um meio informal de aprendizagem que é

o virtual contribuiu para o ensino formal do instrumento. (GOHN, 2008).

Passemos ao próximo capítulo, onde haverá a exposição de arquivos em formato de

vídeo relativos ao violão.

44 Entrevista disponível em: < http://www.polemicos.com.br/entrevistas/fabio_zanon.php>. Acesso em

25/07/2014.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

46

5 – CONTEÚDO EM FORMATO DE VÍDEO

Nesse capítulo serão expostos e comentados alguns exemplos de conteúdos em formato

de vídeo, que auxiliam no aprendizado do violão clássico. Para que o leitor seja melhor

situado serão apresentados somente dois espaços: o site YouTube45 e o Fórum Violão.Org46.

As razões que levaram a apresentação de somente dois espaços partiu da seguinte ideia:

o YouTube serve como um repositório de vídeos de diversos espaços da Internet. Os vídeos

que são encontrados tratam de assuntos diversos. Não há um direcionamento imediato a área

do violão clássico. Já o Fórum serve como um grande filtro para quem deseja encontrar

vídeos destinados a violonistas, pois há a discussão e indicação de vídeos por profissionais,

que possuem vasta experiência na área do violão clássico. Além da discussão e reflexão sobre

os vídeos presentes no Fórum. As características dos dois espaços serão esmiuçadas no

decorrer desse capítulo.

A potencialidade da aprendizagem por meio do vídeo foi abordada por vários autores.

Como foi discutido no capítulo 2 desse trabalho, as TICs modificaram muitas áreas da vida

humana, entre elas, a educação foi uma das que sofreram alterações significativas.

Essas modificações ocorrem, entre outras razões, porque o público atendido pelos

educadores cresceu convivendo e tendo as TICs como um vocabulário, o qual é utilizado de

forma fluente pelos discentes (SERRES, 2013).

Entre as TICs o vídeo ou videoclipe recebe destaque na sua utilização por milhões de

usuários no mundo. Na área da educação este tem sido utilizado como uma ferramenta que

ajuda no processo de assimilação do conteúdo trabalhado em sala de aula. A utilização do

vídeo na área da educação e o seu potencial educacional tem sido atestado pois:

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita.

Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não

separadas. Daí a sua força. Somos atingidos por todos os sentidos e de todas

as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras

45 Endereço do site: <www.youtube.com>. 46 Endereço do blog: <www.violao.org>.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

47

realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços. (MORAN, 1995, p.

27)

Podemos observar, a partir da fala de Moran, que o vídeo possibilita que linguagens

distintas possam ser trabalhadas em conjunto. Assim o vídeo carrega um potencial

pedagógico, que muitas vezes não é alcançado numa aula expositiva.

As TICs e seus elementos, como o vídeo, têm grande poder pedagógico, uma vez que se

utilizam da imagem e proporcionam uma apresentação dinâmica do conteúdo transmitido

(SERAFIM e SOUSA, 2011). Essa característica do vídeo acompanha a dinâmica do público

discente na atualidade. Acessar vídeos é uma prática recorrente na vida de grande parte do

público que frequenta espaços de ensino formal. Essa prática anda em consonância com a

geração que nasceu há pelo menos duas décadas atrás (SERRES, 2013).

Não está sendo defendido que a utilização das TICs pelo professor de violão eliminará

problemas antigos. Os famosos “ruídos” na relação professor-aluno continuarão a existir

(MORAN, 2000). O vídeo aqui será analisado como um elemento que ajuda nessa relação.

Elemento esse que ajuda principalmente numa melhor assimilação do conteúdo trabalhado

pelo professor.

Com o auxílio do vídeo aquele conhecimento ou detalhe, que não pôde ser assimilado

na aula presencial será, muitas vezes, melhor absorvido pelo aluno. Novas possibilidades

técnicas e interpretativas podem surgir com a observação de interpretações diversas

disponíveis em vídeos na Web. A seguir haverá a apresentação dos dois espaços citados e a

análise de alguns exemplos de conteúdo em formato de vídeo contidos neles.

5.1 – O YOUTUBE

O YouTube é uma grande ferramenta quando o propósito é o acesso a conteúdo

audiovisual no ciberespaço. Ele surgiu da necessidade de compartilhamento de vídeos por

meio da Web. Foi fundado sem maiores pretensões, pois:

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

48

(...) teve início em uma garagem de San Francisco (Califórnia, EUA), em

fevereiro de 2005. Quando Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim

perceberam o inconveniente de compartilhar arquivos de vídeo pela Internet

iniciaram a criação de um programa de computador para dividir vídeos com

os amigos, o que se transformou no YouTube (...) (MONTEIRO, 2013, p.

182).

A partir desse breve histórico podemos perceber o alcance e importância do site no

mundo. O acesso aos vídeos ocorre por diversos tipos de interesse dos internautas. Não há

uma categoria de vídeo especial no site. São postados vídeos sobre diversos assuntos. Moda,

negócios, estilo de vida, esses e outros assuntos são tratados nos vídeos.

O YouTube remonta duas característica marcantes das relações de produção de

conhecimento no ciberespaço: a participação coletiva e o acesso ao maior número de pessoas

com diferentes status sociais. Aqui não se tem o conhecimento detido na mão de poucos.

Todos os usuários podem postar vídeos assim como pessoas especializadas em alguns assuntos

compartilham vídeos nesse espaço. Há uma democratização midiática no tocante ao acesso e

postagem de conteúdos. (SERRES, 2013).

Com o advento da Internet, pessoas simples podem tornar-se sujeitos de

maior importância no ciberespaço utilizando o YT para diversos fins (...)

Ainda podem ser vídeos com performance de habilidades especiais, entre

elas as de música, entre outros diversos temas existentes. (MONTEIRO,

2013, p. 182).

Na área de Educação há uma gama de vídeos encontrados nesse site. Existem canais

específicos sobre essa área no site. Um deles é o YouTube Educação, que reúne diversos

vídeos sobre disciplinas como História, Geografia, etc. Todas essas praticamente destinadas

aos alunos que estão em fase de preparação para exames como o ENEM47.

Ao consultarmos as palavras “Educação Musical” no campo de busca do Youtube

encontramos aproximadamente 20.400 resultados48. Entre os vídeos que podem ser acessados

na lista que surge estão palestras, masterclasses, vídeo aulas, entre outras modalidades de

vídeo.

O usuário que faz uma busca com a palavra violão se deparará com uma enorme

quantidade e tipos de vídeo. Apresentações de violonistas de renome, vídeos raros de

47 Exame Nacional do Ensino Médio. 48 Pesquisa feita em 20/01/2015. Disponível em:<www.youtube.com/results?search_query=educação+musical>.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

49

masterclasses com violonistas como o espanhol Andrés Segovia, vídeos de concursos de

violão, festivais, são alguns dos resultados disponíveis após essa busca.

Numa busca mais refinada sobre aulas de violão ou aula de violão erudito foram

encontrados alguns números e características interessantes numa pesquisa feita por Monteiro

(2013):

Em visita ao YT, buscamos no quadro pesquisar texto “aula de violão”.

Apareceram aproximadamente 51604 vídeos com os mais diferentes “níveis

de dificuldade”, e trabalhados nos mais diferentes gêneros musicais. (...)

Quando o título da busca foi modificado para “Aula de Violão Erudito”

apareceram aproximadamente 3.500 vídeos. Seguindo o mesmo caminho do

anterior, apurando a pesquisa, verificamos vídeos com mais de 5.456.546

visitas e mais de 14.755 avaliações.49 (MONTEIRO, 2013, p. 186)

No tocante ao ensino de instrumento com o YouTube sendo o principal canal, temos o

exemplo de um professor de música recebeu destaque no ano de 2014 na revista Pequenas

Empresas & Grandes Negócios. A matéria demonstra que há como se obter lucro por meio do

ensino de instrumentos musicais via meio virtual bem como há uma aceitação dessa

modalidade de aula. Observemos um trecho da reportagem sobre o professor de música Heitor

Castro disponível na revista:

Há alguns anos, havia duas maneiras de se aprender a tocar um instrumento:

a primeira era procurar uma escola de música. A outra era ir a uma banca de

jornal e comprar uma das dezenas de revistas disponíveis no mercado. Nos

primeiros anos da internet, era possível encontrar cifras em sites

especializados. Só que é difícil aprender a tocar sem um professor, tanto no

analógico quanto no digital. Com o surgimento do YouTube, a vida dos

autodidatas ficou mais fácil: começaram a aparecer aulas gravadas na rede.50

Segundo a matéria, o professor Heitor Castro conseguiu uma receita de mais de 1

milhão de reais só no ano de 2014. Há uma demonstração e até aulas grátis no canal do

professor no YouTube. Esses vídeos servem como chamariz para a venda de DVDs com séries

de aulas completas com duração de 4 horas cada. Um importante ponto na matéria da revista é

a ênfase de que o professor presencial não é dispensável mesmo com todos os recursos

digitais disponíveis atualmente.

49 O autor não informa o dia da pesquisa. Ao realizarmos a mesma busca no dia 20/01/2015 encontramos cerca

de 704.000 resultados quando inserimos as palavras “Aula de violão” e cerca de 53.200 resultados quando

inserimos os verbetes “aula de violão clássico” no YouTube. 50 Matéria disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Noticias/noticia/2014/07/professor-de-musica-fatura-

milhao-vendendo-aulas-em-dvd.html>. Acessado em 19/01/2015.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

50

O YouTube não funciona da mesma forma que o Violão.Org, pois aqui diversos vídeos

sobre áreas diferentes são encontrados. Apesar de ter a opção de busca e refinamento da

pesquisa, como aponta Monteiro, não funciona como um filtro para um conteúdo, pois não é

respaldado por profissionais especializados no violão clássico como ocorre no Violão.Org.

Fórum que será apresentado logo mais à frente. Observemos agora alguns exemplos de vídeo

disponíveis no YouTube.

Os dois exemplos de vídeos analisados a seguir possuem um caráter interessante: eles

aparecem com a intenção de aula no meio virtual. Atualmente esse recurso tem sido

amplamente utilizado para promover aulas já que o vídeo “(...) além de dar conta da

referência auditiva, coloca a imagem em enfoque, assim como numa aula presencial, bem

como mostra o caráter técnico e performático da música.” (BORNE, 2011, p. 35).

O primeiro exemplo é um vídeo com a participação do violonista Gilson Antunes1.

Nesse vídeo percebemos a proposta de uma aula por meio de um vídeo encontrado na Web.

Podemos observar aqui uma das diversas intenções dos usuários desse meio, nesse caso a

intenção de ensinar já que o YouTube é “(...) procurado por diferentes pessoas e com

diferentes aptidões, inclusive, para estudar, aprender e ensinar”. (MONTEIRO, 2013, p. 185).

Podemos observar a visualização que o internauta tem do vídeo que será analisado na

próxima foto.

Figura 4 Aula sobre Ligados - Gilson Antunes.

Fonte: <www.youtube.com/watch?v=YKUg3RLbTy8>.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

51

Podemos perceber no decorrer do vídeo51, que tem duração de seis minutos, a qualidade

na produção audiovisual, preparação teórica da aula e aptidão técnica do violonista para o

ensino da técnica abordada na aula.

O violonista apresenta o conteúdo que será trabalhado na aula. Logo após explica a

funcionalidade da técnica e apresenta um exemplo de obra musical onde a mesma é utilizada.

Um ponto interessante desse vídeo é a parte final, onde o violonista indica que é aconselhável

que o internauta procure um bom professor para auxiliar no processo de execução e estudo da

técnica que foi tratada na aula em vídeo.

O segundo exemplo é o vídeo postado pelo violonista Alvaro Henrique52, que já

lecionou na Universidade Federal de Uberlândia e possui vasta experiência como concertista.

Observemos a visualização do vídeo pelo usuário do YouTube na próxima figura:

Nesse vídeo com duração de 4 minutos e 13 segundos o violonista responde a pergunta

de um internauta que ao observar a interpretação da obra pediu uma dica ao mesmo. No

decorrer da aula são demonstradas algumas formas de digitações dos dedos da mão direita

51 Gilson Antunes - Aula sobre Ligados. Vídeo. Disponível em: <http://youtu.be/KwAZtAIeHbE>. Acesso em:

28 out. 2013. O vídeo está anexado a uma mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta “Conteúdo

em formato de vídeo” com o nome “Gilson Antunes - Aula sobre Ligados” para a apreciação do leitor. 52 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kvx-

0JLCbgc>. Acesso em 01/01/2015. O vídeo está anexado a uma mídia de DVD que acompanha o presente

trabalho na pasta “Conteúdo em formato de vídeo” com o nome “Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso

52” para a apreciação do leitor.

Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=kvx-0JLCbgc>. Figura 5 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52.

Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=kvx-0JLCbgc>.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

52

pelo violonista. Há a indicação de que todas as três sejam testadas com paciência para que se

chegue a uma decisão que se adeque ao estudante.

Atentemos a opinião do violonista sobre o potencial educacional dos vídeos encontrados

na Web na aprendizagem do violão clássico:

Acho que do conteúdo Web o que mais vejo uso no aprendizado são os

vídeos. A performance musical é uma área em que ainda impera o ensino por

via oral. É por isso que estudantes viajam quilômetros ou cruzam oceanos

para fazer masterclasses, festivais, cursos de curta duração: ter acesso a toda

gama de informação referente a tocar um instrumento que só pode ser

adquirida por via oral. Embora os vídeos não permitam o feedback e não

constituam uma aula, são os mais eficazes até o momento na transmissão

dessa informação musical ainda transmitida oralmente. Há diversos vídeos

que constituem, na prática, em frequentar uma masterclass como ouvinte –

com a diferença que um vídeo pode ser visto várias vezes.53

Podemos perceber na opinião do violonista a importância de se ter o acesso a esse tipo

de conteúdo. O ensino referente à performance musical, mesmo com o passar dos anos ainda

se faz em grande parte por via oral. Apesar de ter conteúdo escrito como métodos, a

demonstração e a transmissão oral ainda é a forma mais eficaz de ensino-aprendizagem na

performance musical, tal como afirma Harder (2008).

5.2 – O VIOLÃO.ORG

O fórum Violão.Org foi fundado no final da década de 1990. Esse espaço surgiu a partir

da necessidade que alguns violonistas sentiram de partilhar conhecimento sobre o referido

instrumento. A aspiração pelo fórum ocorreu quando um grupo de violonistas brasileiros, que

frequentavam festivais de músicas, observaram que por causa de questões como localização

geográfica as informações absorvidas durante eventos como os festivais de música não

podiam ser disseminadas entre outros estudantes de violão clássico (SCOTTI, 2011).

53 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique

disponibilizada no Anexo A.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

53

O fórum em si é a representação apontada por Lévy sobre o que é uma comunidade

virtual e de como ela é construída:

Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de

conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de

troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das

filiações institucionais. (LÉVY, 2000, p. 127)

No início o fórum não tinha esse nome. Chamava-se Fórum do Violão. O título

Violão.Org surgiu após a administração do espaço passar para as mãos do violonista Fábio

Zanon. O mesmo não administra o fórum sozinho, outros violonistas estão incumbidos de

moderar as discussões nesse espaço virtual. A cessão da propriedade do fórum ocorreu porque

o criador do espaço seguiu outra vertente profissional e por consequência não tinha mais tanto

tempo disponível para administrá-lo. (SCOTTI, 2011)

Em pouco mais de uma década de existência o Violão.Org alcançou influência

internacional:

O fórum foi visitado por pessoas de diversas nacionalidades espalhadas

pelos cinco continentes, num total de 159 países. Além do Brasil e Portugal,

estiveram presentes visitantes dos EUA, Espanha, Alemanha, Itália, Canadá,

Reino Unido, França, Japão, Argentina, Bélgica, Irlanda, Finlândia, Chile,

Suíça, México, Colômbia, Austrália, Rússia, República Checa, El Salvador,

Nova Zelândia, Turquia, Sérvia, Nigéria, Polônia, Coréia do Sul, Equador,

Macau, Panamá, África do Sul, Taiwan, Porto Rico, Índia, Haiti, Senegal e

outros. (SCOTTI, 2011 p. 50)

A partir desses dados podemos observar como um espaço virtual, que começou com

uma ideia de um pequeno grupo de violonistas brasileiros, pode ter crescido tanto ao ponto de

agora ser acessado por um número considerável de usuários espalhados pelo mundo.

É importante citar que o fórum se compõe de pelo menos quatro tipos de pessoas:

violonistas profissionais, violonistas estudantes, luthiers54 e amantes do violão ou da música

(SANTOS e PEREIRA, 2013).

O Violão.Org tem sido um grande canal de conhecimento, o qual comporta diversas

discussões. Essas discussões têm como ponto de partida o violão clássico, porém há alguns

assuntos transversais que são discutidos nos posts. A partir de alguns comentários, assuntos

relativos a História da Música ou do Violão, construção do instrumento, sugestão de

54 Artesão especializado na construção, concerto ou manutenção de instrumentos musicais.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

54

apreciação musical surgem de um post, gerando assim um grande canal de conhecimento

construído coletivamente na Web (SANTOS e PEREIRA, 2013).

Esse fórum será analisado como um grande filtro no ciberespaço para quem necessita

de referências de vídeos que contribuam para o estudo do violão clássico. Será demonstrada

uma pequena parte de todo o conteúdo presente no Fórum e algumas possibilidades de

aprendizagem. Passemos agora a apresentação de um espaço dentro do Violão.Org

denominado “Composições e Gravações dos Usuários do Fórum”.

Uma grande característica do referido espaço é de como a partir da postagem de um

vídeo diversos assuntos são tratados. Quando um usuário posta uma interpretação ou

composição, outros usuários emitem sua opinião, sugerem outro tipo de abordagem da obra

musical e até conteúdos literários sobre teoria musical.

A dinâmica desse espaço se daria da seguinte forma: O usuário cria um tópico e posta

um vídeo. Outros usuários emitem opiniões sobre a interpretação. O usuário que criou o

tópico faz a réplica das opiniões e no meio desse processo surgem assuntos transversais ao

violão.

Observemos primeiramente os comentários de dois usuários do Fórum num tópico

denominado “O que esperar deste espaço”55. O primeiro comentário é do violonista Lúcio

Csórdas:

O virtuoso de hoje também foi um iniciante no passado. O fórum vai contra

qualquer atitude elitista, segregacional. Podemos trocar idéias com um

iniciante, ajudando-o em seus primeiros passos, ao mesmo tempo que, sem

quaisquer barreiras, absorvemos tantos conhecimentos sobre tantos assuntos

que aqui são colocados. (...) O fórum é de ajuda mútua e é louvável o

despreendimento de tantos profissionais que não se incomodam em

responder e orientar aqueles que buscam respostas às suas necessidades.

Um passar de olhos aos diversos tópicos e suas respostas já é por si só

um curso intensivo, com acesso a um conteúdo que de outra forma não

seria possível. Valeu, um abraço! (grifo nosso)56

55 O referido tópico pode ser acessado em: <http://www.violao.org/topic/623-o-que-esperar-deste-espaco/>.

Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”. 56 O referido tópico pode ser acessado em: <http://www.violao.org/topic/623-o-que-esperar-deste-espaco/>.

Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

55

Aqui podemos perceber uma das características que foram citadas anteriormente sobre o

caráter do Fórum: a presença de violonistas profissionais emitindo opiniões e participando da

criação coletiva do conhecimento. Outro aspecto importante detectado no comentário acima é

a qualidade das informações que podem ser absorvidas pelo simples fato do acesso e leitura

das opiniões dos usuários do fórum.

Noutro comentário o violonista Samuel Huh expressa outra finalidade do espaço:

Outra função deste espaço é debater assuntos relacionados a composição

e teoria. O objetivo é promover o aprofundamento do conhecimento

musical, a capacidade de análise e apreciação, e incentivar novas

composições, arranjos e transcrições. Esperamos que um melhor músico seja

um melhor violonista! (grifo nosso)57

Percebemos no comentário acima que a partir da postagem do vídeo e a depender dos

comentários, assuntos transversais podem surgir no debate tais como a composição e a teoria

musical. Há nesse relato também a demonstração de um possível desenvolvimento do

conhecimento musical proporcionado aos usuários que acessam o fórum. Observemos a

seguir um exemplo de vídeo postado nesse espaço.

O vídeo a ser analisado foi postado pelo violonista Victor Santana no espaço

denominado “Composições e Gravações dos Usuários do Fórum”58. A obra interpretada é a

“Grand Ouverture” do compositor Mauro Giuliani59.

A partir da análise dos comentários sobre o vídeo no Violão.Org é possível entender

bem como ocorre o processo de produção coletiva do conhecimento no Fórum. Logo após a

postagem do vídeo o violonista Juan Carlos Lorenzo comenta:

“Muito bom, Victor! Parabéns. Só sentí em alguns momentos falta de

fluenza com as semicolcheias. E eu tentaria uma maior amplitude

dinâmica no curto prazo, com mais direção das frases.” (grifo nosso)

57 O referido tópico pode ser acessado em: <http://www.violao.org/topic/623-o-que-esperar-deste-espaco/>.

Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho

na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”. 58 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em

10/01/2015. 59 O vídeo pode ser acessado em: <www.youtube.com/watch?v=RQ_aggMz8LM>. Acesso em 10/01/2015. O

mesmo encontra-se anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada

“Conteúdo em Formato de Vídeo” com o nome “Grand Ouverture op 61 - M. Giuliani, Victor Santana”.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

56

Já observamos no comentário acima que há uma indicação de interpretação diferente da

obra postada no fórum. Logo em seguida o violonista Guilherme Mattos expõe sua percepção

sobre a interpretação:

Olha Víctor, me desculpe! Mas, a maioria das pessoas estudam Bach e o

barroco quando vão tocar música desse período. Mas o mesmo não acontece

com a música de Sor e Giuliani. Simplesmente abrisse a partitura e mandam

ver. Mecanicamente, está ótimo. Mas musicalmente está muito a desejar.

Pois parece que há um metrônomo ao seu lado. Leia a obra de Guilherme

de Camargo sobre Sor. Veja o que o próprio Sor fala de sua concepção de

som e música. Tudo que ele fala é um excelente ponto de partida para o

entendimento da música pré-romântica. Escute Rossini. Não dá pra tocar

Giuliani dessa forma quadrada, sem o "suingue" operístico. É esse tipo

de interpretação que faz as obras de Sor e Giuliani parecerem blocos

sequencias de escalas e arpejos. Desculpe pelas palavras. Tenho muita

admiração por você!!!!!!! Mas infelizmente, para mim, são escassas as

interpretações musicais e menos mecânicas desses compositores. Das poucas

interpretações de referência, destaco essa:

(https://www.youtube.com/watch?v=ShWV4nMcaMA).

Grande abraço! (grifo nosso)

Fica evidente a indicação de obras literárias sobre o violão clássico no comentário logo

acima. Há também a indicação de apreciação musical para um melhor entendimento da obra,

bem como a mostra de outra interpretação ao final do comentário.

Logo em seguida o autor do post agradece as observações feitas pelos dois violonistas e

faz a réplica do comentário feito pelo violonista Guilherme Mattos:

Olá, Guilherme. Temos concepções musicais diferentes, mas agradeço por

sua contribuição. Abraço!60

Em seguida o Guilherme Mattos comenta novamente:

Só para começar, reflita: vc já leu o que Sor fala em seu método sobre

imitação de outros instrumentos e colorido? Será que você realmente já

formou uma concepção musical madura?61

O debate sobre questões interpretativas é finalizado com outro comentário do Victor:

60 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em

10/01/2015. 61 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em

10/01/2015.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

57

Oi, Guilherme. De forma alguma me considero formado musicalmente. (...)

Eu li sim o método do Sor (...) e recomendo a leitura a todos, e muito

obrigado novamente pela indicação. Achei muito interessante a concepção

dele em relação à imitação de outros instrumentos principalmente no que diz

respeito à forma composicional e estrutura de frase, por exemplo. É um

ótimo ponto de partida para os estudos da música de Sor. Sendo assim, fico

na dúvida se Giuliani, Coste, Aguado, Carulli, e outros da época menos

conhecidos pensando e escrevem música exatamente da mesma forma.

Confesso minha ignorância à esse respeito e agradeceria muito outras

contribuições nesse sentido (...)62 (girfo nosso).

Aqui parece que os usuários do fórum estão numa espécie de luta para afirmar sua

verdade sobre a interpretação da obra. Lembremos que a comunidade virtual é como uma

extensão da vida humana. Assim como podemos defender veementemente nossa opinião na

vida real, o mesmo ocorre nas comunidades virtuais como o Violão.Org, (LÉVY, 2000).

Após esse exemplo surge um pequeno questionamento: Como utilizar o post de um

Fórum na aprendizagem do violão?

A partir da observação dos comentários e nos diversos posts do Violão.Org o usuário

poderá assimilar as informações disseminadas (cf. LÉVY (2000) e SCOTTI (2011)). É uma

característica das discussões travadas no Violão.Org: a discussão e sugestão de literatura

sobre os assuntos discutidos, de apreciação musical, de outra interpretação, etc.

Com o acesso a essas discussões o internauta pode confiar no teor educacional delas, já

que a presença de violonistas como “Fábio Zanon (...) além de dar credibilidade, impunha um

padrão de qualidade nas discussões relacionadas ao violão.” (SCOTTI, 2011, p. 42).

Após o acesso ao conteúdo existente no fórum é importante que haja o acompanhamento de

um profissional, no caso o professor presencial. Esse atentará para o que deve e não deve ser

levado em consideração, todas as variantes de determinada interpretação, as características

técnicas do aluno para que determinada interpretação indicada nos posts seja implementada, etc.

A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do

professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de

forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o

aluno a interpretar esses dados, e relacioná-los, a contextualizá-los.

(MORAN, 2000, p. 138)

62 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em

10/01/2015.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

58

O Fórum funciona como um filtro para vídeos acessados por violonistas, pois como foi

observado é primeiramente um espaço dedicado ao violão clássico e tem a participação de

violonistas de renome em suas discussões assegurando assim a qualidade das mesmas. É um

filtro, pois há no ciberespaço a experiência da abundância de informações, porém nem todas

elas possuem a qualidade das existentes no Violão.Org quando o assunto é violão clássico.

Há na Web outros espaços que tratam sobre o violão clássico. O Violão.Org foi

elencado aqui pela sua grande representatividade ao longo de mais de uma década de

existência.

A partir dos exemplos mostrados no presente capítulo podemos perceber de que forma o

vídeo pode ser usado como uma ferramenta no processo de ensino-aprendizagem do violão

clássico. Sendo esse tipo de conteúdo sempre gerenciado por um professor presencial para um

melhor aproveitamento no processo de aprendizagem.

Passemos ao capítulo final do presente trabalho, onde haverá uma breve reflexão e

considerações finais acerca das TICs como ferramenta no processo ensino-aprendizagem do

violão clássico.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

59

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As TICs influenciaram muitas áreas da vida humana, além de trazer muitos benefícios

aos seus usuários. Pensar que hoje é possível acessar material em formato escrito como uma

Tese de Doutorado sobre determinado assunto a qualquer hora e em qualquer lugar. Poder

visualizar uma performance de um grande músico e revê-la diversas vezes sem precisar se

deslocar quilômetros para isso. Ouvir conteúdo carregado de informações altamente didáticas

e poder armazená-las. Tudo isso a partir de um computador ou outro aparelho multimídia com

acesso à Internet. Esses são pequenos exemplos de algo que seria impossível há algumas

décadas e hoje é proporcionado pelo avanço das Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação.

Vimos que é praticamente impossível que o docente fique alheio as mudanças

produzidas pela influência que essas tecnologias têm exercido no campo da Educação. Um

dos principais motivos para que o mesmo se utilize desse novo elemento em suas aulas é que

os discentes são grandes consumidores das TICs. Os cursos que preparam professores de

música já têm inserido o trabalho com novas tecnologias nos seus currículos. (KRÜGER,

2007).

A propagação de material escrito como Teses e Dissertações sobre o violão no meio

virtual proporcionado pelas Novas Tecnologias são de grande valia. Pois servem como

material de auxílio para que professores possam ter material didático com o fim de

fundamentar suas aulas, como livros sobre História do Violão em português. Servem também

como material de estudo para alunos de violão. Além de serem a principal fonte de pesquisa

para estudiosos do referido instrumento. Muitas dessas obras não estão disponíveis em

bibliotecas em formato analógico e incrivelmente nem estão em posse de seus proprietários. A

expansão de repositórios virtuais em sites de Universidades facilitará e muito pesquisa e

difusão de conhecimento acerca do violão clássico, tal como afirma Antunes (2012).

A difusão de material em formato de áudio também é de grande ajuda para o público

que ensina, pesquisa e estuda o violão clássico. As TICs proporcionaram um maior acesso a

esse tipo de conteúdo nas últimas três décadas, quando rádios mudaram sua forma de

transmitir sua programação. Agora aquele programa que foi transmitido dias atrás pode ser

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

60

encontrado nos sites das respectivas emissoras podendo ser baixados e ouvidos diversas

vezes. Há espaços63 que disponibilizam CDs completos em Mp3. Apesar de muitos deles

violarem questões como direitos autorais são uma fonte de propagação da cultura do violão

clássico. Vejamos o comentário do violonista Alvaro Henrique sobre a utilização do conteúdo

em formato de áudio disponível na Web. Segundo o mesmo esse tipo de conteúdo pode ser

aplicado no processo de ensino do violonista:

Oferecendo referência sonora aos estudantes, tanto de aspectos

interpretativos, como de repertório, instrumentos e instrumentistas. Por

vezes, os programas podem incluir algum conteúdo didático também.64

O acesso ao conteúdo em formato de vídeo é uma das principais formas de apreensão no

meio virtual para violonistas, como foi demonstrado no decorrer do trabalho. Questões

técnicas e interpretativas podem ser observadas com o auxílio do vídeo. O internauta possui o

recurso de poder realizar o download desse conteúdo e examinar mais atentamente cada

movimento de um intérprete, digitação que o mesmo utiliza, timbre escolhido para

determinado trecho da obra, entre outras questões. Em sites como o YouTube além de ter

vídeos com performances ao violão podemos encontrar palestras e masterclasses envolvendo

o violão como temática. O acesso a essas palestras possibilita a ampliação das linhas de

pensamento não só de alunos como também de professores de violão clássico.

Redes sociais como Fóruns sobre o violão clássico possibilitam a troca de informações e

material sobre o instrumento. Essa prática ocorre, como pôde ser observado, após discussões

que são proporcionadas em espaços como o Violão.Org. Além de Fóruns também há sites de

violonistas e páginas na Web dedicadas ao violão que divulgam eventos acadêmicos ou não

sobre o instrumento em questão.

As TICs não só contribuem para o processo de ensino-aprendizagem do violão como

concorrem para um maior acesso aos interessados em aprender o referido instrumento

musical, com afirma Moura (2009):

...com o pronunciado avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação

(TIC) estudar violão se tornou uma realidade possível para muito mais

pessoas. Este fato permite pensar que não há fronteiras de tempo e espaço

para quem pretende aprender a tocar o instrumento utilizando as ferramentas

63 Um exemplo é o blog Violão Erudito: <http://violaoerudito.blogspot.com.br/>. 64 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique

disponibilizada no Anexo A.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

61

tecnológicas disponíveis, para tanto basta que os usuários tenham acesso aos

recursos da internet. (MOURA, 2009, p. 2)

A pesquisadora aponta as Novas Tecnologias como uma ponte que possibilitou a quebra

de algumas barreiras aos que se interessavam a aprender violão e não podiam por questões

que fugiam ao seu controle. A expansão do acesso à internet traz consigo inúmeras

possibilidades para que aquele que outrora tinha questões como localização geográfica e

indisponibilidade de tempo como um empecilho a aprendizagem do violão.

Apesar do grande número de alunos que consomem os conteúdos disponíveis no

ciberespaço, alguns docentes ainda não se utilizam da prática de acesso desses conteúdos feita

pelo aluno no processo de ensino do instrumento. Ouçamos a opinião do violonista Alvaro

Henrique quando questionado sobre como o professor deve utilizar o conteúdo acessado pelo

seu aluno na Web:

Como material de referência para o aluno entrar em contato fora da aula,

como suporte às aulas (reforça bastante mostrar outro violonista tocando,

demonstrando, explicando o mesmo conceito que o professor quer ensinar),

mas também como o necessário filtro que diferencia formação de

INformação. A internet aceita de tudo, é acrítica, e qualquer vídeo com gatos

tem um número de visualizações incrivelmente superior a masterclasses

geniais com os melhores músicos de nosso tempo. Há engodo, há mentira, há

venda e propaganda de produtos, e há diferenças estéticas, técnicas ou de

escolas violonísticas com grande dificuldade de conviver em harmonia. O

professor precisa inspirar no aluno que ele é seu grande aliado, e ser um

mentor/ tutor competente mesmo se o modelo do aluno for diferente do seu

próprio modelo.65

Fica evidente na fala do violonista o apoio na utilização dos conteúdos no processo de

ensino do violão. Porém há ressalvas, pois nem tudo que está disponível na rede mundial de

computadores possui a qualidade necessária para que possa ser utilizado em sala. Aqui nesse

processo o professor deve gerenciar esse conteúdo, não negá-lo. O professor como foi

explicitado deverá ser um grande aliado e tutor.

É necessário um despertar dos docentes para essa realidade que vem ganhando um

espaço cada vez maior nas diversas instituições de ensino. No caso da área especifica tratada

nesse trabalho, o docente terá que rever alguns detalhes na sua formação e relação com seus

discentes.

65 Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique

disponibilizada no Anexo A.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

62

A educação musical tem sido desafiada a passar por uma série de

transformações. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC

– desafiam-nos a transformar nossos conceitos educacionais, nossas

perspectivas didáticas, nos constrangem a rever e complementar nossa

formação, nos levam a refletir sobre as novas possibilidades e exigências

quanto às interações com nossos alunos e colegas. (KRÜGER, 2006, p. 75)

O professor não é aquele que detêm o conhecimento, nem o aluno aquele que é um

“receptáculo vazio”. Essa relação também sofre modificações com o uso das TICs,

pincipalmente por parte dos discentes, pois os mesmos possuem em seu “vocabulário” o uso

dessas tecnologias desde tenra idade. O professor deve ter em mente que a sua competência

mudou de foco. Antes o mesmo era visto como a única fonte de conhecimento e o aluno como

aquele que só possuía essa fonte. Hoje, como afirma Setton (2010), o docente deve ser um

animador desses novos processos de aprendizagem.

O uso das TICs não poderá se dar de forma indiscriminada. Não foram aqui examinadas

como uma proposta que comporta a substituição do docente. Os discentes não podem ficar à

mercê das TICs sem uma coordenação ou gerenciamento do seu uso. Para isso vários cursos

formadores de professores de música ou de instrumento devem repensar a inserção e o modo

como seus formandos lidam com essas tecnologias. O professor deve antes de tudo pensar

sobre a sua prática. Entender sobre as Novas Tecnologias e aplica-las da melhor forma para

que haja uma soma na sua prática docente.

Não se trata aqui de usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de

acompanhar o consciente e deliberadamente uma mudança de civilização

que questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a

cultura dos sistemas educacionais tradicionais e sobretudo os papéis de

professor e de aluno. (LÉVY, 2000, p. 172)

O desafio do educador atual é o de se adequar a esse novo modo de absorção de

conhecimento pelo qual os seus discentes estão acostumados a aprender. Aquele docente que

se mantêm fechado a essas possibilidades no processo de ensino estará lutando contra uma

realidade patente, que foi prevista já nas décadas de 1980 e 1990. (SANTOS e PEREIRA,

2013).

O uso seja dos vídeos, textos ou arquivos de áudio referentes ao violão clássico são

ferramentas altamente educativas. Essas precisam desse novo educador, que deverá agir como

um filtro dos conteúdos que seus alunos consultam na Web, para que seja verificada sua

potencialidade educacional bem como sua qualidade. Somente assim o uso das TICs como

ferramenta no processo ensino-aprendizagem do violão clássico se fará mais efetivamente.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

63

Procuramos com o seguinte trabalho demonstrar, algumas das diversas possibilidades de

utilização das TICs como fermenta no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico.

Esperamos também que novas pesquisas sejam provocadas com a publicação e conhecimento

do presente texto.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

64

REFERÊNCIAS

ABDALLA, Clarisse. As possibilidades do rádio na era da comunicação digital. Revista

Contemporânea. Rio de Janeiro, v. 3, n. 5, 2005.

ALMEIDA, P. C. de. Educação Musical na Escola Pública: um estudo sobre a situação do

ensino da música em escolas da rede municipal de Salvador. Dissertação (Mestrado em

Música) – Programa de Pós-Graduação em Música. Escola de Música. Universidade Federal

da Bahia, Salvador, 2007.

ALVES, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista

Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo, v. 10, p. 83 – 92, 2011.

ANDRADE, Patrícia de Souza. Percursos da música: múltiplos contextos de educação. 2ª Ed.

Cuiabá: EdUFMT, 2013. In: Cássia Virgínia Coelho de Souza (Org.). Comunidades virtuais

musicais: as tribos de ciberouvintes. 2ª ed. Cuiabá: EdUFMT, 2013, p. 165-179.

ANTUNES, Gilson U. G. O violão nos programas de pós-graduação e na sala de aula:

amostragem e possibilidades. Tese de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Música -

Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

USP: São Paulo. 2012.

______. Aula sobre Arpejos. Vídeo. Disponível em: <http://youtu.be/KwAZtAIeHbE>.

Acesso em: 28 out. 2013.

______. Aula sobre Ligados. Disponível em: < http://youtu.be/YKUg3RLbTy8>. Acesso

em: 21 jun. 2014.

ASSMAN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Revista Ciência

da Informação, v. 29, n.2, p 7-15, Brasília, maio/ago., 2000.

BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro; LEME, Gerson Rios. Professores de escolas de música: um

estudo sobre a utilização de tecnologias. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 17, 87-96, set.

2007.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

65

BORNE, Leonardo. Trabalho Docente na Educação Musical a Distância: educação superior

brasileira. Porto Alegre, 2011. 177f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de

Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande

do Sul. Porto Alegre, 2011.

BOZZETTO, Adriana. Músicas do celular. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 12, 2003, Florianópolis. Anais…

Florianópolis: Abem, 2003. p. 8-14.

______. Música na palma da mão: ligações entre celular, música e juventude. In: SOUZA,

Jusamara (Org.). Aprender e ensinar música no cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina,

2009, p. 59-74.

CONCEIÇÃO, Simone C. O. Websites de redes sociais e implicações para a interações e

aprendizagens informais. Novas Tecnologias na Educação - CINTED-UFRGS, Porto

Alegre v. 9, No 1, julho, 2011.

DOMINGUES, Diana. Introdução. A Humanização das Tecnologias pela Arte. In:

DOMINGUES, Diana (Org.). A Arte no Século XXI: a humanização das tecnologias. São

Paulo: UNESP, 1997.

FRANCISCO, Deise Juliana. Autoria coletiva em ambientes virtuais. In: Educação e

ciberespaço: estudos, propostas e desafios. Glaucio José Couri Machado (Org.). Aracaju:

Virtus, 2010.

FERREIRA, Simone de Lucena; BIANCHETTI, Lucídio. As tecnologias da informação e da

comunicação e as possibilidades de interatividade para a educação. Revista da FAEEBA,

Salvador: UNEB, v. 13, n. 22, p. 253-263, 2004.

GOHN, Daniel. A Apreciação Musical na Era das Tecnologias Digitais. In: CONGRESSO

DA ANPPOM 2007, 27 a 31/08/2007. São Paulo. Anais do XVII Congresso da ANPPOM.

São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2007, p. 1-12.

______. Um breve Olhar Sobre a Música Nas Comunidades Virtuais. Revista da ABEM,

Porto Alegre, v. 19. 113-119, mar, 2008.

GUSHIKEN, Yuji. Usos Midiáticos na constituição de circuitos culturais e comunicacionais

populares urbanos. Brasília. E-compós vol. 11 nº 1. 2008.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

66

GROSSO, Patrícia Kfouri; SANTIAGO, Glauber; GONÇALVES, Arlete. Uma breve visão

sobre fóruns on-line aplicados na Educação Musical a Distância. São Carlos, 2009.

HARDER, Rejane. Algumas considerações a respeito do ensino de instrumento: Trajetória e

realidade. Opus, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 127-142, jun. 2008.

HENRIQUE, Alvaro. Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52. Vídeo. Disponível

em: <https://www.youtube.com/watch?v=kvx-0JLCbgc>. Acesso em: 28 out. 2013.

KRÜGER, Susana Ester. Educação musical apoiada pelas novas Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC): pesquisas, práticas e formação de docentes. Revista da ABEM, Porto

Alegre, V. 14, 75-89, mar. 2006.

LEME, Gerson Rios; BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro. Professores de escolas de música: um

estudo sobre a utilização de tecnologias. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 17, 87-96, set.

2007.

LEMOS, André. MARCOS, Palácios. Janelas do ciberespaço: comunicação na cultura

contemporânea. Porto alegre: Sulina, 2007.

LEMOS, André. Cibercultura: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. 4ª

Ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2ed. São Paulo: Ed. 34,

2000.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo, Cortez, 2005.

LIMA, Nádia Laguárdia de. Educação e Ciberespaço: o conhecimento na era virtual.

Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 1, n. 2, São João del-Rei, dez. 2006.

LOPES, João T. Tristes escolas: Práticas culturais e estudantis no espaço escolar urbano.

Porto: Afrontamento, 1996.

LOURO, Ana Lúcia. Narrativas de docentes universitários-professores de instrumento sobre

mídia: da relação “um para um” ao “grande link”. In: SOUZA, Jusamara (Org.). Aprender e

ensinar música no cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 259-283.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

67

MACHADO, Glaucio José Couri (Org.). Educação e ciberespaço: estudos, propostas e

desafios. Aracaju: Virtus, 2010.

MONTEIRO, Célio J. Percursos da música: múltiplos contextos de educação. 2ª Ed. Cuiabá:

EdUFMT, 2013. In: Cássia Virgínia Coelho de Souza (Org.). Aprendizagem musical pelo

youtube. 2ª ed. Cuiabá: EdUFMT, 2013, p. 181-191.

MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Comunicação e educação. São Paulo, v.1, n.2, p.

27-35, Jan./abr. 1995.

______. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na Educação: teoria

e prática. Revista do Programa de Pós-graduação em Informática na Educação, Porto

Alegre: UFRGS, v. 3, n. 1, p. 137-144, set. 2000.

MOURA, Risaelma A. de J. Ensino coletivo de violão: possibilidades para a aprendizagem

colaborativa e cooperativa em EAD. Revista Novas Tecnologias na Educação. V. 7 Nº 2,

outubro. CINTED-UFGRS: Porto Alegre. 2009.

PAIS, José Machado. Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1993.

RAIMUNDO, António. As Novas Tecnologias no Processo Ensino / Aprendizagem da

Educação Musical – Breve Reflexão. PROFFORMA, Nº 02 – Março 2011.

SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano.

Revista FAMECOS. Porto Alegre, nº 22, p. 23 – 32, dez. 2003.

SANTOS, Diego L., PEREIRA, Alessandro. O virtual como ferramenta na educação musical:

O Fórum Violão.Org. Anais do V Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música –

SISPEM - Núcleo de Música da Universidade Federal de Sergipe – NMU/UFS São Cristóvão

– 03 a 06 de setembro de 2013. Aracaju. 2013.

SCOTTI, Anderson Aparecido. Violão.org: saberes e processos de apreensão/transmissão

da música no espaço virtual. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia,

Programa de Pós-graduação em Artes. Disponível em:

<http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/2028>. Acesso em: 10 de ago. 2013.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

68

SERAFIM, Maria Lúcia; SOUSA, Robson Pequeno de. Multimídia na educação: o vídeo

digital integrado ao contexto escolar. In: Tecnologias digitais na educação. Robson

Pequeno, Filomena da M. C. da S. C. Moita, Ana Beatriz Gomes Carvalho (Org.), Campina

Grande: 2011.

SERRES, Michel. Polegarzinha. Tradução de Jorge Bastos. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil,

2013.

SETTON, Maria da Graça. Mídia e Educação. São Paulo: Contexto, 2010.

SILVA, Ângela Carrancho da. Aprendizagem em Ambientes Virtuais. Porte Alegre. RS:

Meditação. 2009.

SILVA, Helena Lopes da. Música, juventude e mídia: o que os jovens pensam e fazem com as

músicas que consomem. In: SOUZA, Jusamara (Org.). Aprender e ensinar música no

cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 39-58.

SOUZA, Jusamara. Aprender a ensinar música no cotidiano: pesquisas e reflexões. 2ª Ed.

Porto Alegre: Sulina, 2009. In: SOUZA, Jusamara (Org.). Aprender e ensinar música no

cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 7-12.

SOUZA, Robson Pequeno de; MOITA, Filomena da M. C. da S. C.; CARVALHO, Ana

Beatriz Gomes. (Orgs.). Tecnologias digitais na educação. Campina Grande: EDUEPB,

2011.

SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.

VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação, 2012.

ZANON, Fábio. A Arte do Violão. Roteiro do programa de rádio “A Arte do Violão”

transmitido pela Rádio Cultura FM. São Paulo: 2004. Disponível em:

<http://aadv.co.nf/artedoviolao.pdf>. Acesso em: 20 de ago. 2014.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

69

ANEXOS

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

70

ANEXO A – Entrevista com o Violonista Alvaro Henrique

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

Entrevistado: Alvaro Henrique Siqueira Campos Santos

Data: 23/01/2015

1 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Material Escrito) ajudam no

ensino/aprendizagem do violão clássico?

Compartilhando informação muitas vezes indisponível ao estudante comum, em especial os

que não frequentam bibliotecas nem assinam revistas brasileiras ou estrangeiras dedicadas ao

violão e à música clássica. Servem como porta de entrada para mais conhecimento e

informação, mas muitas vezes podem criar uma grande cortina de fumaça em função do

excesso de informação descontextualizada, fragmentada, e/ou inverídica.

2 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Programas de Rádio) ajudam no

ensino/aprendizagem do violão clássico?

Oferecendo referência sonora aos estudantes, tanto de aspectos interpretativos, como de

repertório, instrumentos e instrumentistas. Por vezes, os programas podem incluir algum

conteúdo didático também.

3 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Vídeo) ajudam no ensino/aprendizagem do

violão clássico?

Acho que do conteúdo Web o que mais vejo uso no aprendizado são os vídeos. A

performance musical é uma área em que ainda impera o ensino por via oral. É por isso que

estudantes viajam quilômetros ou cruzam oceanos para fazer masterclasses, festivais, cursos

de curta duração: ter acesso a toda gama de informação referente a tocar um instrumento que

só pode ser adquirida por via oral. Embora os vídeos não permitam o feedback e não

constituam uma aula, são os mais eficazes até o momento na transmissão dessa informação

musical ainda transmitida oralmente. Há diversos vídeos que constituem, na prática, em

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

71

frequentar uma masterclass como ouvinte – com a diferença que um vídeo pode ser visto

várias vezes.

4 – Como o professor de violão deve lidar com esses conteúdos dispostos na Web?

Como material de referência para o aluno entrar em contato fora da aula, como suporte às

aulas (reforça bastante mostrar outro violonista tocando, demonstrando, explicando o mesmo

conceito que o professor quer ensinar), mas também como o necessário filtro que diferencia

formação de INformação. A internet aceita de tudo, é acrítica, e qualquer vídeo com gatos tem

um número de visualizações incrivelmente superior a masterclasses geniais com os melhores

músicos de nosso tempo. Há engodo, há mentira, há venda e propaganda de produtos, e há

diferenças estéticas, técnicas ou de escolas violonísticas com grande dificuldade de conviver

em harmonia. O professor precisa inspirar no aluno que ele é seu grande aliado, e ser um

mentor/ tutor competente mesmo se o modelo do aluno for diferente do seu próprio modelo.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

72

ANEXO B – Entrevista com o Violonista Gilson Antunes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

Entrevistado: Gilson Uehara Gimenes Antunes

Data: 04/02/2015

1 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Material Escrito) ajudam no

ensino/aprendizagem do violão clássico?

Os conteúdos disponíveis na internet, diferente de há 20 anos atrás, que ainda praticamente

não existiam, ajudam como material bibliográfico de pesquisa. Essa facilidade se reflete

também no tempo dispendido para o acesso ao material, pois antigamente demorava-se muito

no traslado até as bibliotecas espalhadas pelas cidades. Outro reflexo é em relação à

quantidade e variedade, tanto do material em si quanto das fontes a serem pesquisadas. Hoje

em dia, acessar bibliotecas na Dinamarca em busca de partituras de domínio público é bem

fácil, assim como websites oficiais do governo brasileiro, que oferecem livros clássicos da

literatura de forma gratuita, incluindo os livros pedidos nos vestibulares. Em termos de violão,

há websites conhecidos que também oferecem artigos e até livros sobre o instrumento, tanto

gratuitos quanto pagos. Por fim, e talvez o principal para o músico brasileiro, são as várias

teses e dissertações de mestrado e doutorado disponíveis nas bibliotecas virtuais das

universidades e nos portais do Governo. É mais uma opção dentre tantas similares, e creio que

os músicos deveriam aproveitar melhor esse tipo de facilidade.

2 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Programas de Rádio) ajudam no

ensino/aprendizagem do violão clássico?

Da mesma maneira descrita acima, antigamente, com a falta da internet, não era possível ter

acesso ao que acontecia em outras localidades, a não ser que fossem irradiadas em rádios

públicas de longo alcance. Com a internet é possível acessar conteúdos das rádios que ficam

armazenados, como o programa Violões e Foco, da Rádio MEC FM do Rio de Janeiro. Outra

maneira é acessar websites particulares de amadores que armazenam os programas, como o

vcfz.blogspot.com, que possui os programas de Fábio Zanon para a Rádio Cultura FM de São

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE … · 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas

73

Paulo. É possível, também se criar programas virtuais, tipo Podcast, como o realizado há

alguns anos por Thales Guimarães na Bahia.

3 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Vídeo) ajudam no ensino/aprendizagem do

violão clássico?

Os vídeos, de alguma forma, refletem o que acontece nos recitais. Ou seja, se a pessoa não

pode comparecer ao concerto de algum artista, ele de certa forma supre essa necessidade com

websites de compartilhamento de vídeo, mas não de forma plena. Isso devido à qualidade de

som (um computador ainda não possui, se é que possuirá, a qualidade de som original) e ao

“clima” referente ao concerto. Por exemplo, uma pessoa que assiste a um show de rock num

festival chuvoso, com lama, pouca visibilidade do palco e com sonoridade deficiente vai ter

uma visão diferenciada de quem assiste o mesmo show pela internet ou por DVD

posteriormente. A imagem será diferente, o som será diferente e, principalmente, a

“experiência” será outra. Isso é o que faz algumas pessoas declararem que assistiram a um

show histórico, mas quando assistem o mesmo conteúdo em DVD se dizem decepcionadas. A

relação espaço/tempo é outra. Há uma outra questão também: eu sinto que o YouTube, por

exemplo, é um dos motivos do esvaziamento gradual do público nos recitais, pelo menos

nessa fase inicial de internet. Temos que esperar pra nos certificar se esse esvaziamento é

mesmo um reflexo do YouTube ou se é apenas uma coincidência. O certo é que muitas

pessoas não comparecem mais a recitais por saberem que poderão assistir ao mesmo

posteriormente em websites de compartilhamento de vídeos.

4 – Como o professor de violão deve lidar com esses conteúdos dispostos na Web?

O professor deve lidar de forma plena, mas consciente. Um conteúdo da Web deve ser visto

como um subsídio fantástico para o aprimoramento e enriquecimento artístico-cultural do

músico, mas ele não deve substituir a experiência viva. Um aluno não deve deixar de assistir a

um recital por causa do YouTube. Um aluno não deve deixar de pesquisar numa biblioteca

(especialmente se ela não possui conteúdo virtual) por causa do Google. E uma pessoa

também não pode deixar de comprar um CD por causa da facilidade em adquiri-lo de forma

ilegal na Web. Toda facilidade implica em alguma perda. O ser humano sempre valoriza mais

o que paga caro para conseguir. A facilidade do acesso, em termos psicológicos, acaba sendo

prejudicial se não se percebe esse tipo de comportamento.