UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS MARCUS VINICIUS DE AMORIM EXPRESSÃO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE EMPRESAS DO MESMO SETOR CONSIDERANDO OSCILAÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS NO VALOR DE SUAS AÇÕES Cuiabá – MT 2019
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DEPARTAMENTO … · 2019. 7. 15. · fazem a intermediação financeira entre os agentes superavitários e deficitários (BACEN, 2018). O órgão
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MARCUS VINICIUS DE AMORIM
EXPRESSÃO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE
EMPRESAS DO MESMO SETOR CONSIDERANDO OSCILAÇÕES
POSITIVAS E NEGATIVAS NO VALOR DE SUAS AÇÕES
Cuiabá – MT
2019
MARCUS VINICIUS DE AMORIM
EXPRESSÃO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE
EMPRESAS DO MESMO SETOR CONSIDERANDO OSCILAÇÕES
POSITIVAS E NEGATIVAS NO VALOR DE SUAS AÇÕES
Orientador: Profª. Drª. Giseli Alves Silvente
Cuiabá – Março/2019
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Ciências Contábeis, da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, da Universidade Federal de Mato Grosso, para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
MARCUS VINICIUS DE AMORIM
EXPRESSÃO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE
EMPRESAS DO MESMO SETOR CONSIDERANDO OSCILAÇÕES
POSITIVAS E NEGATIVAS NO VALOR DE SUAS AÇÕES
Monografia defendida e aprovada em 28/03/2019 pela banca examinadora
constituída pelos professores:
________________________________________
Profª. Drª. Giseli Alves Silvente
Presidente
________________________________________
Prof. MSc.Ederaldo José Pereira de Lima
Membro
________________________________________
Profª. MSc. Lyss Paula de Oliveira
Membro
DEDICATÓRIA
Primeiramente, dedico este
projeto ao meu bondoso Deus, por
proporcionar o melhor dos subterfúgios
existentes no mundo, meus pais, Juarez
e Divina, e minha irmã Milena.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por colocar em meu caminho os pais
maravilhosos que tenho, Sr. Juarez e Srª. Divina, à minha brilhante irmã Milena,
orgulho da minha vida. Agradeço por estarem presentes em grande parte da minha
vida, pelos conselhos, carinho e amor, que me fizeram chegar a esta fase da vida com
muita alegria e saúde.
Aos meus familiares, em especial aos meus avós maternos, Conceição e
Eduardo, aos meus avós falecidos paternos, Orizia e Olavo. Aos meus tios de sangue
e também aos de consideração, Cyborg, José Ferreira, Adriana e Siegfried. Em
memória à Marlene.
Aos meus melhores amigos paulistanos, André, Carlos, Hélio, Heleno, Igor,
Marcelo, Marlon, Roberto e Vickybert, pelas aventuras, parceria, e momentos de
alegria e união que passamos quando juntos, pessoas aos quais tenho um grande
respeito e total confiança. Aos amigos praianos José Pereira, Antônio, José Souza,
Maria da Guia e Rodrigo Pereira.
À minha ilustre amiga Patricia Tomborelli, pelo carinho ao longo do curso. Aos
Através da oferta pública de ações, as companhias de capital aberto lançam
e movimentam as suas ações com o objetivo de captar recursos novos para
investimento e reestruturação de passivos, aumentando o seu capital, ou pulverizam
as suas ações, num processo em que o capital da empresa permanece o mesmo,
aumentando somente a base de sócios (B3, 2018).
Conforme a natureza dos direitos ou vantagens conferidas aos seus titulares,
as ações podem ser ordinárias, preferenciais, ou de fruição. As ações ordinárias
proporcionam ao seu detentor o direito de voto nas assembleias de acionistas
enquanto que, as preferenciais, possibilitam o recebimento de dividendos em valor
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superior ao das ordinárias, bem como a prioridade no recebimento de reembolso do
capital (BRASIL, 1976; B3, 2018).
O comportamento das ações no mercado racional reflete as decisões tomadas
pela empresa que alteram o seu valor, podendo, por exemplo, estimular a valorização
através da criação de expectativa futura, ou ainda ocasionar desvalorização por
projeções de retração do mercado. A dinâmica dos preços é facilmente notada pelos
acionistas quando ocorre alteração nos negócios (NETO, 2012, p. 21).
Visando atrair e melhorar a avaliação das companhias pelo usuário externo,
a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão – criou segmentos especiais de listagem de companhias
que prezam por rígidas regras de governança corporativa, dentre eles a Bovespa
Mais, Bovespa Mais Nível 2, Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1, além do Tradicional,
cada um com a sua particularidade e requisitos (B3, 2018).
2.3 Análise das Demonstrações Financeiras
A análise das demonstrações contábeis constitui um dos estudos mais
importantes da administração financeira, atraindo o interesse tanto para os
administradores internos da empresa quanto para os usuários externos, pois fornece,
através de indicadores, o desempenho econômico-financeiro relacionado à período
passado da companhia, para assim diagnosticar sua posição atual, e em
consequência, produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências
futuras (NETO, 2012, p.110). Nesta abordagem, a análise avalia os reflexos gerados
pelas tomadas de decisões sobre a liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade de
uma entidade (NETO, 2012, p.111).
Internamente, este tipo de análise trata da avaliação do desempenho geral da
companhia, fornecendo resultados retrospectivos e prospectivos das diversas
decisões financeiras tomadas. Externamente, as análises das demonstrações
financeiras também têm por objetivo fornecer dados sobre o desempenho da
empresa, os quais variam segundo sua posição, de credor ou de investidor,
entretanto, a dificuldade na avaliação dessas informações torna-se maior em
decorrência das limitações de informações contidas nos relatórios publicados (NETO,
2012, p. 110).
O estudo dos indicadores necessita seguir algumas orientações para que o
resultado gerado apresente melhor qualidade, a saber que: a) um indicador não deve
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ser abordado isoladamente, pois desta maneira dificilmente contribuirá com
informações relevantes para o analista; b) a comparação deve ser temporal,
permitindo acompanhar a evolução dos valores; c) a comparação deve ser setorial,
desenvolvida por meio de confronto dos resultados de uma empresa em análise com
os demonstrados pelos seus principais concorrentes (NETO, 2012, p.111).
O enfoque segundo o qual a análise das demonstrações financeiras é
desenvolvida pode variar conforme o interesse do analista:
Por exemplo, o administrador da empresa, ao medir periodicamente seus resultados, procura avaliar, na realidade, o impacto determinado pelas decisões financeiras sobre o desempenho global. Em princípio, está interessado igualmente em todos os seus aspectos econômico-financeiros, sem atribuir relevância maior ou menor a qualquer deles. Para os acionistas atuais da empresa (ou interessados em investir em suas ações), o objetivo da análise centra-se com maior nível de preferência sobre seus lucros líquidos e desempenho de suas ações no mercado e dividendos. Evidentemente, demonstram interesse também no risco financeiro (visualizado pelo dimensionamento de alavancagem financeira), como formas de melhor avaliar a taxa de retorno exigida, e na liquidez que fornece a capacidade financeira da empresa em distribuir dividendos. Ressalte-se que os credores atuais (ou futuros) da empresa costumam dar atenção especial a sua capacidade de liquidar, conforme previstos os compromissos financeiros assumidos (ou que venham a assumir) e não dispensam secundariamente a preocupação quanto a seus resultados econômicos como
forma de indicarem capacidade de continuidade (NETO, 2012, p.111).
Outro destaque a ser levado em consideração é a maneira particular como
são analisados os indicadores pelos usuários da informação que, a depender do
conhecimento técnico e experiência profissional, pode resultar em interpretações
diferenciadas sobre o mesmo objeto, corroborando com a ideia de que que não há
uma maneira única de se realizar a avaliação das demonstrações financeiras de uma
empresa (DINIZ, 2015, p.28). A quantidade de índices utilizados na análise depende
da profundidade que se deseja alcançar no estudo, todavia, o aumento excessivo do
número de indicadores interpretados dificulta a compreensão do estudo, reduzindo a
qualidade da informação (MATARAZZO, 2010, p.82).
Visando estabelecer uma melhor metodologia de avaliação dos diversos
aspectos do desempenho da empresa, os índices econômico-financeiros podem ser
apresentados através de grupos homogêneos subdivididos em: i. Indicadores de
Liquidez; ii. Indicadores de Atividade; iii. Indicadores de Endividamento e Estrutura; iv.
Indicadores de Rentabilidade; v. Indicadores de Análise de Ações (NETO, 2012,
p.111).
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2.3.1 Análise Financeira
2.3.1.1 Indicadores de Liquidez
Os indicadores de liquidez auferem a capacidade de uma empresa cumprir
com as obrigações passivas assumidas, a partir da comparação entre os direitos
realizáveis e as exigibilidades (SILVA, 2013, p.284). Entretanto, por se utilizarem de
valores estáticos para a realização dos cálculos, não refletem com precisão a
magnitude e época em que ocorreram as diversas entradas e saídas circulantes
(NETO, 2012, p.112).
Dentre os principais índices de liquidez, destacam-se o de Liquidez Corrente
(LC), Liquidez Seca (LS), Liquidez Imediata (LI) e Liquidez Geral (LG), descritos e
demonstrados simplificadamente no quadro 1.
Quadro 1 – Indicadores de Liquidez
Indicador Descrição Fórmula Interpretação
Liquidez
Corrente
Representa o quanto a empresa deve
a curto prazo aplicando em haveres e
direitos circulantes.
𝐿𝐶 =𝐴𝐶
𝑃𝐶
Se > 1
favorável
Se = 1
indiferente
Se < 1
desfavorável
Liquidez
Seca
Representa o percentual das dívidas
de curto prazo que pode ser resgatado
mediante o uso de ativos circulantes
de maior liquidez.
𝐿𝑆 =𝐴𝐶 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞 − 𝐷𝐴
𝑃𝐶
Liquidez
Imediata
Reflete a porcentagem das dívidas de
curto prazo que pode ser saldada
imediatamente pela entidade, por suas
disponibilidades de caixa.
𝐿𝐼 =𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝑃𝐶
Liquidez
Geral
Reflete a saúde financeira a longo
prazo da empresa. 𝐿𝐺 =
(𝐴𝐶 + 𝑅𝐿𝑃)
(𝑃𝐶 + 𝐸𝐿𝑃)
Fonte: NETO, 2012; adaptado pelo autor, 2019. Legendas: LC – Liquidez Corrente; LS – Liquidez Seca; LI – Liquidez Imediata; LG – Liquidez Geral; AC – Ativo Circulante; PC – Passivo Circulante; Estoq. – Estoque; DA – Despesas Antecipadas; RLP – Realizável a Longo Prazo; ELP – Exigível a Longo Prazo.
O indicador de LC demonstram a relação existente entre o AC e o PC, ou seja,
o quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis no curto prazo,
comparando com suas dívidas a serem pagas até o final do exercício subsequente.
Em números, a empresa que apresenta o índice com o valor superior à 1 demonstra
capital de giro líquido positivo, entretanto, para que interpretação tenha sua validade,
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a comparação deve utilizar como base empresas do mesmo porte, atividade e
disposição geográfica (SILVA, 2013, p.287).
No caso do indicador de LS, faz-se necessário excluir do cálculo os estoques,
por apresentarem liquidez imediata e facilitada, e também as despesas antecipadas,
pois não representam valores a receber, mas sim, serviços, utilidades e benefícios a
receber. Desta forma, este índice representa o percentual das dívidas de curto prazo
que pode ser resgatado mediante o uso de ativos circulantes de maior liquidez (NETO,
2012, p.113).
A LI, um dos índices de menor importância na análise das demonstrações
financeiras, reflete a porcentagem das dívidas de curto prazo que pode ser saldada
imediatamente pela entidade, por suas disponibilidades de caixa (NETO, 2012, p.113).
Por sua vez, a LG versa sobre a saúde financeira a longo prazo da empresa.
Como o recomendado anteriormente, este índice necessita ser associada aos
resultados encontrados por outros indicadores, pois o seu valor pode ser prejudicado
em caso de grandes diferenças nos prazos dos ativos e passivos (NETO, 2012,
p.113).
2.3.1.2 Indicadores de Atividade
Os indicadores de atividade tratam sobre a liquidez dos estoques, dos valores
devidos a fornecedores, além dos valores a receber de clientes, relacionados às suas
respectivas rotações ou giros. O cálculo apresenta por base as diversas durações de
um ciclo operacional, desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias até o
recebimento das vendas realizadas (NETO, 2012).
Dentre os principais índices de atividade, destacam-se o de Prazo Médio de
Estocagem (PME), Prazo Médio de Cobrança (PMC) e Prazo Médio de Pagamento a
Fornecedores (PMPF), descritos e demonstrados simplificadamente no quadro 2.
O PME indica o tempo médio, expresso em dias, que os produtos ficam
armazenados na empresa antes de serem vendidos, podendo os estoques ser
interpretados conforme a ótica de: i. capacidade de conversão em dinheiro; ii.
comprometimento de recursos. Em princípio, quanto menor o seu valor, melhor,
entretanto, faz-se necessária a análise conjunta com o PMC e PMPF, além de
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considerar fatores que possam interferir e causar distorção no resultado das
atividades (SILVA, 2013, p.254).
Quadro 2 – Indicadores de Atividade
Indicador Descrição Fórmula Interpretação
PME
Indica o tempo médio necessário para
a total renovação dos estoques da
empresa.
𝑃𝑀𝐸 =𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞. 𝑀
𝐶𝑃𝑉× 360
<
PMC
Demonstra o prazo médio para o
recebimento de duplicatas
relacionadas às vendas a prazo
𝑃𝑀𝐶 =𝐷𝑢𝑝. 𝑎 𝑟𝑒𝑐. 𝑀
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠× 360
PMPF
Traduz o tempo médio que a empresa
leva para cumprir com as suas
obrigações relacionadas aos
fornecedores.
𝑃𝑀𝑃𝐹 =𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐. 𝑀
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠× 360 >
Fonte: NETO, 2012; adaptado pelo autor, 2019. Legendas: PME – Prazo Médio de Estocagem; PMC – Prazo Médio de Cobrança; PMPF – Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores; Estoq.M – Estoque médio; CPV – Custo dos Produtos Vendidos; Dup. a rec.M – Valor médio a receber proveniente de vendas a prazo; Vendas – Vendas anuais a prazo; Fornec.M – Contas a pagar a fornecedores; Compras – Compras anuais a prazo; (<) quanto menor, melhor; (>) quanto maior, melhor.
O PME indica o tempo médio, expresso em dias, que os produtos ficam
armazenados na empresa antes de serem vendidos, podendo os estoques ser
interpretados conforme a ótica de: i. capacidade de conversão em dinheiro; ii.
comprometimento de recursos. Em princípio, quanto menor o seu valor, melhor,
entretanto, faz-se necessária a análise conjunta com o PMC e PMPF, além de
considerar fatores que possam interferir e causar distorção no resultado das
atividades (SILVA, 2013, p.254).
O PMC demonstra o prazo médio para o recebimento de duplicatas
relacionadas às vendas a prazo. Quanto menor o valor encontrado para este índice,
melhor para empresa, pois poderá manter recursos disponíveis para outras aplicações
mais rentáveis por prazos maiores, elevando o giro de seus ativos e,
consequentemente, auferindo maior nível de rentabilidade (NETO, 2012, p.115).
Já o PMPF traduz o tempo médio que a empresa leva para cumprir com as
suas obrigações relacionadas aos fornecedores. Em tese, quanto maior o valor obtido
neste índice, melhor para empresa, que poderá financiar suas necessidades de capital
de giro com recursos menos onerosos desde que os encargos atribuídos às compras
não excedam a taxa inflacionária vigente (NETO, 2012, p.115).
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2.3.1.3 Indicadores de Endividamento e Estrutura
Os indicadores de estrutura de capital tratam sobre a relação entre a estrutura
e a rentabilidade de uma empresa, avaliando a composição do passivo por meio da
participação das fontes de financiamento, da composição de obrigações e também a
participação dos recursos próprios (BAZZI, 2016, p.52). Já o indicador de
endividamento visa avaliar e revelar qual o grau de endividamento, demonstrando a
política de obtenção de recursos adotada pela entidade, ou seja, como se dá o
financiamento do ativo, seja com recursos próprios, seja com capital de terceiros
(BAZZI, 2016, p. 56). Em suma, os indicadores de endividamento e estrutura fornecem
elementos para avaliação do grau de comprometimento financeiro, a capacidade de
cumprimento dos compromissos financeiros assumidos a longo prazo, além de aferir
a composição das fontes passivas de recursos da empresa (NETO, 2012, p.116).
Dentre os principais índices de estrutura e endividamento, destacam-se a
Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL), Participação do Capital de Terceiros (PCT),
Composição do Endividamento (CE) e Endividamento Geral (EG), descritos e
demonstrados simplificadamente no quadro 3.
Quadro 3 – Indicadores de Endividamento e Estrutura
Indicador Descrição Fórmula Interpretação
IPL
Indica a parcela do patrimônio que
está aplicada em seu ativo não
circulante.
𝐼𝑃𝐿 =𝐴𝑁𝐶
𝑃𝐿× 100
<
PCT
Visa relacionar o capital próprio com o
capital de terceiros, demonstrando o
risco e grau de dependência.
𝑃𝐶𝑇 =𝐶𝑇𝑡
𝑃𝐿× 100
CE
Indica quanto do endividamento total
da empresa deverá ser pago em curto
prazo.
𝐶𝐸 =𝑃𝐶
𝐶𝑇𝑡× 100
EG Mede a proporção entre os ativos
totais que é financiada pelos credores. 𝐸𝐺 =
(𝐴𝑇 − 𝑃𝐿)
𝐴𝑇× 100
Fonte: BAZZI, 2016; adaptado pelo autor, 2019. Legendas: IPL – Imobilização do Patrimônio Líquido; PCT – Participação do Capital de Terceiros; CE – Composição do Endividamento; EG – Endividamento Geral; ANC – Ativo Não Circulante; PL – Patrimônio Líquido; CTt – Capital de Terceiros; PC – Passivo Circulante; AT – Ativo Total; (<) quanto menor, melhor.
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A IPL tem como objetivo indicar a parcela do patrimônio que está aplicada em
seu ativo não circulante ou, em outras palavras, quanto do ativo não circulante é
financiado pelo patrimônio líquido. Desta forma, o índice demonstra o grau de
dependência dos recursos de terceiros para a manutenção da empresa, ou seja,
quanto menor a dependência perante ao capital de terceiros, melhor será para
companhia (BAZZI, 2016, p.55). A utilização dos ativos permanentes e o seu retorno
financeiro decorrem ao longo do tempo, sendo assim, o melhor cenário para empresa
é aquele em que o financiamento deste ativo se faz através de recursos próprios
(MATARAZZO, 2010, apud DINIZ, 2015, p.114).
Denominada como índice de Grau de Endividamento para alguns autores, a
PCT é um indicador de risco da empresa, ou de dependência do capital de terceiros,
que visa relacionar as duas principais fontes de recursos de uma entidade, o capital
próprio com o capital de terceiros. Este índice pode ser interpretado no sentido de que
quanto maior a participação do capital de terceiros, pior será para companhia pois
apresentará menor liberdade nas decisões financeiras (MATARAZZO, 2010, p.88).
O índice de CE indica quanto do endividamento total da empresa deverá ser
pago em curto prazo. Neste caso, quanto menor o envolvimento de dívidas
relacionadas ao curto prazo, melhor será para empresa que disporá de maior
tranquilidade para organizar a quitação de dívidas em longo prazo, diminuindo assim
o risco na atividade (BAZZI, 2016, p.58). O processo de expansão empresarial sugere
o financiamento dos investimentos através do endividamento de longo prazo,
possibilitando a amortização da dívida à medida que em ela ganhe capacidade
operacional (DINIZ, 2015, p.113).
O EG mede a proporção entre os ativos totais que é financiada pelos credores,
indicando a solvência da empresa em todos os prazos ou a cobertura de dívida com
todos os credores. Como interpretação sugerida, quanto menor for a participação de
credores financiando os ativos totais da empresa, melhor será a situação analisada,
pois caracterizará menor dependência na participação do capital de terceiros (BAZZI,
2016, p.61).
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2.3.2 Análise Econômica
2.3.2.1 Indicadores de Rentabilidade
Os indicadores de rentabilidade visam avaliar os resultados auferidos pela
entidade em relação a determinados parâmetros – ativo, investimento, patrimônio
líquido e receita com vendas – que melhor revelem suas dimensões, demonstrando o
rendimento dos investimentos realizados e o grau de eficácia econômica da empresa,
tomando como base, em geral, o lucro operacional e o lucro líquido (NETO, 2012,
p.118; BAZZI, 2016, p.64). De acordo com NETO (2012, p.118), os analistas, em sua
maioria, não dão a devida atenção a estes indicadores, que por sua vez, costumam
exercer influência significativa sobres as tomadas de decisões envolvendo o mercado
de crédito e acionário.
Dentre os principais índices de rentabilidade, destacam-se a Retorno sobre o
Investimento (ROI), Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e Giro dos Ativos (GA),
descritos e demonstrados simplificadamente no quadro 4.
Quadro 4 – Indicadores de Rentabilidade
Indicador Descrição Fórmula Interpretação
ROI
Indica a relação entre os resultados da
empresa e o volume de recursos nela
investidos pelos sócios e terceiros.
𝑅𝑂𝐼 =𝐿𝐿
𝐴𝑇 𝑀é𝑑𝑖𝑜× 100
> ROE
Indica quanto a empresa gera de lucro
líquido em função do seu capital
próprio.
𝑅𝑂𝐸 =𝐿𝐿
𝑃𝐿 𝑀é𝑑𝑖𝑜× 100
GA
Indica quantas vezes o ativo foi
renovado em relação às vendas
líquidas do período.
𝐺𝐴 =𝑅𝐿
𝐴𝑇× 100
Fonte: BAZZI, 2016; adaptado pelo autor, 2019. Legendas: ROI – Retorno sobre o Investimento; ROE – Retorno sobre o Patrimônio Líquido; GA – Giro dos Ativos; LL – Lucro Líquido; AT – Ativo Total; PL – Patrimônio Líquido; RL – Receita Líquida; (>) quanto maior, melhor.
Considerado por muitos autores como o mais importante indicador de análise
das demonstrações financeiras, o ROI avalia o retorno produzido pelo total dos
recursos aplicados por acionistas e credores nos negócios, ou seja, a relação entre
os resultados da empresa e o volume de recursos nela investidos pelos sócios e
terceiros (NETO, 2012, p.119; BAZZI, 2016, p.66). O valor pelo indicador encontrado
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é traduzido da seguinte maneira, quanto maior o índice obtido, melhor será a situação
econômica da empresa, pois o investimento realizado estará influenciando
positivamente na obtenção de lucro líquido (BAZZI, 2016, p.66).
Por sua vez, o ROE demonstrar aos acionistas ou proprietários, a quantidade
de prêmio obtida em relação a seus investimentos realizados no empreendimento. Da
mesma forma que ocorre com o ROI, quanto maior o índice encontrado, melhor será
a avaliação para a empresa, pois o capital próprio investido estará impactando
positivamente na geração de lucro líquido, que será o prêmio do investidor pelo risco
de seu negócio (SILVA, 2013, p.246).
Já o GA, informa a velocidade de renovação do ativo em relação às vendas
líquidas no período. Quanto maior o valor encontrado para este indicador, melhor para
a empresa, que demonstrará eficiência na capacidade de geração de vendas em
relação à base investida no ativo total (BAZZI, 2016, p.67).
2.3.2.2 Indicadores de Avaliação de Ações
Os indicadores de avaliação de ações, através da análise de desempenho da
empresa sobre suas ações, fornecem apoio e estrutura às decisões de investimentos
dos analistas de mercado e acionistas, tendo como objetivo demonstrar quais são os
elementos quantitativos e a sua relação com os diversos objetos relacionados às
ações negociadas no mercado de capitais (NETO, 2012, p.120; BAZZI, 2016, p.94).
Para BAZZI (2016, p.94), deve-se tomar cuidado ao utilizar os índices de
avaliação de ações, haja visto a complexidade estrutural do SFN e as inúmeras
variáveis de fatores que interferem na ordem conjuntural, psicológica ou monetária
dos investidores.
Dentre os principais índices de avaliação de ações, destacam-se o Valor
Patrimonial da Ação (VPA); Lucro por Ação (LPA), Rentabilidade de Ação (RDA), e
Dividendos por Ação (DpA), descritos e demonstrados simplificadamente no quadro
5.
O VPA é considerado um indicador de avaliação de ações com ênfase no
patrimônio, indicando qual a representatividade de uma ação perante o PL da
empresa (BAZZI, 2016, p.96), devendo ser analisado em conjunto com os demais
índices deste segmento.
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O LPA, índice de apresentação obrigatória na DRE de empresas de capital
aberto, demonstra o lucro auferido por cada ação emitida pela companhia em
determinado período (NETO, 2012, p.120; BAZZI, 2016, p.94).
A RDA representa o valor do retorno anual de ação que o investidor terá para
cada R$ 100,00 aplicados em relação ao preço de mercado (BAZZI, 2016, p.98). Este
índice é o resultado inverso do Índice Preço por Lucro (P/L), tratado como um dos
quocientes mais tradicionais do processo de análise de ações e com ampla utilização
pelos investidores. Por apresentar natureza estática, o seu resultado deve ser
validado para o uso na data de sua apuração, devendo observância também a política
de distribuição de dividendos particular de cada empresa (NETO, 2012, p.120).
Quadro 5 – Indicadores de Avaliação de Ações
Indicador Descrição Fórmula Interpretação
VPA
Demonstra qual a representatividade
de uma ação perante o patrimônio
líquido da empresa.
𝑉𝑃𝐴 =𝑃𝐿
𝑁º 𝑎çõ𝑒𝑠
>
LPA
Ilustra quanto do lucro obtido pela
empresa corresponde a cada uma das
ações emitidas.
𝐿𝑃𝐴 =𝐿𝐿
𝑁º 𝑎çõ𝑒𝑠
RDA
Representa quanto o investidor terá de
retorno anual para cada R$ 100,00
investidos para aquisição das ações
em relação ao preço de mercado.
𝑅𝐷𝐴 =𝐿𝑃𝐴
𝐶𝑝𝐴× 100
DpA
Indica quanto do lucro da empresa foi
distribuído em relação a cada ação por
ela emitida.
𝐷𝑝𝐴 =𝐷𝑃
𝑁º 𝑎çõ𝑒𝑠× 100
Fonte: BAZZI, 2016; adaptado pelo autor, 2019. Legendas: VPA – Valor Patrimonial da Ação; LPA – Lucro por Ação; RDA – Rentabilidade de Ação; DpA – Dividendos por Ação; PL – Patrimônio Líquido; LL – Lucro Líquido; CpA – Cotação por Ação; DP – Dividendos Pagos; (>) quanto maior, melhor.
Por fim, o DpA indica o quanto do lucro da empresa foi distribuído em relação
a cada ação emitida por ela, sendo dever da companhia a sua apresentação em
demonstração contábil (BAZZI, 2016, p.99).
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2.3.3 Análise Fundamentalista
Nas sociedades anônimas de capital aberto, a maximização de suas riquezas
é examinada por meio do valor de mercado das ações, que por sua vez, é determinado
com o auxílio de diversas técnicas de análise, entre elas a análise fundamentalista.
A análise fundamentalista, uma das técnicas mais utilizadas no mercado de
capitais, tem como objetivo identificar oportunidades de investimento para as
empresas através de comparações entre o valor próprio de uma ação e o seu valor
de mercado, ou ainda, por meio de análise estruturada do BP e da DRE, avaliando a
performance da empresa ao longo do tempo a fim de identificar os resultados da
organização e desenvolver análises futuras nas mais diversas decisões financeiras
que nela possam ser tomadas. O escopo da análise fundamentalista é o mesmo
utilizado para análise das demonstrações contábeis tradicional, usufruindo de alguns
índices econômico-financeiros, porém com mais ênfase quantitativa, qualitativa e
temporal, visando revelar um prognóstico do futuro da empresa, não deixando de lado
os resultados passados (BAZZI, 2016, p.93).
Os métodos utilizados na análise fundamentalista – Top Down e Bottom Up -
são, na maioria dos casos, utilizados de forma complementar. No método Top Down
a análise tem como ponto de partida a avaliação do cenário macroeconômico e,
posteriormente, a escolha da melhor empresa dentro deste contexto. Neste método,
de fora para dentro, as perspectivas para o desempenho das companhias podem ser
afetadas distintamente, tornando esta análise dinâmica e complexa. Já no método
Bottom Up a escolha pela melhor empresa é fundamentada em análises sobre os
demonstrativos financeiros, projeções ao longo do tempo, comparações entre
concorrentes, incluindo a avaliação de indicadores subjetivos como a qualidade da
gestão e governança, a força da marca, o alinhamento dos executivos e riscos
empresariais fora do balanço (CVM, 2017, p.136-137).
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3. METODOLOGIA
O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisa qualitativa por meio
de abordagem documental que, segundo GODOY (1995), caracteriza-se por buscar o
fenômeno a partir do contexto em que ocorre e do qual faz parte, utilizando referências
bibliográficas com fundamentos teóricos e específicos, legislações vigentes, livros,
periódicos acadêmicos e científicos e, sites relacionados ao mercado de ações e
análise fundamentalista. Para o autor, o método qualitativo não se apresenta como
uma proposta rigidamente estruturada, permitindo ao investigador propor trabalhos
que explorem novos enfoques. Não obstante, SOUZA & KERBAUY (2017) relatam a
frequente dualidade encontrada no momento de definir a pesquisa em qualitativa e
quantitativa, sugerindo denominar a metodologia como mista ou quali-quantitativa
quando a abordagem isolada for insuficiente para compreender a realidade
investigada.
3.1 Seleção das empresas
A fim de conferir maior qualidade às informações geradas, o estudo dos
indicadores necessita seguir orientações a saber que: a) um indicador não deve ser
abordado isoladamente, pois desta maneira dificilmente contribuirá com informações
relevantes para o analista; b) a comparação deve ser temporal, permitindo
acompanhar a evolução dos valores; c) a comparação deve ser setorial, desenvolvida
por meio de confronto dos resultados de uma empresa em análise com os
demonstrados pelos seus principais concorrentes (NETO, 2012, p.111).
Assim sendo, a escolha das companhias de capital aberto se deu por seleção
não-probabilística condicionada, observando os seguintes critérios:
a) ambas ocuparem o mesmo segmento de atuação (quadro 6);
b) uma apresentar aumento e a outra diminuição na precificação de suas
ações ordinárias, verificando o intervalo de duas semanas posteriores à
publicação das demonstrações financeiras no site da B3, referentes ao
exercício de 2016 e 2017 (quadro 7).
Diante dos critérios supracitados e com base nos quadros 6 e 7, apêndices I
e II, foram selecionadas duas empresas demonstradas a seguir:
27
Quadro 6 – Determinação das empresas quanto ao segmento de atuação
Empresa Setor Subsetor Segmento Classificação
SLC Agrícola S.A. Consumo não cíclico
Agropecuária Agricultura Novo Mercado Terra Santa Agro S.A.
Fonte: elaborado pelo autor, 2019.
Quadro 7 – Determinação das empresas quanto à precificação das ações
Empresa SLC Agrícola S.A. Terra Santa Agro S.A.
Nome de Pregão SLC AGRICOLA TERRA SANTA
Composição do Capital 100% Ações Ordinárias 100% Ações Ordinárias
Código de Negociação SLCE3 TESA3
Publicação das Demonstrações Financeiras
Exercício 2017 2016 2017 2016
Data da publicação 07/03/2018 27/03/2017 27/03/2018 09/03/2017
A obtenção dos indicadores econômico-financeiros se dará pela aplicação de
fórmulas, que se utilizarão de valores fornecidos pelas demonstrações financeiras
reestruturadas e adequadas, conforme os Apêndices III e IV.
3.3 Determinação e análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros
Os indicadores econômico-financeiros utilizados foram extraídos das obras de
NETO (2012) e BAZZI (2016), aplicando-se as respectivas fórmulas para a
determinação dos índices e posterior comparação dos resultados.
28
4. RESULTADO E ANÁLISE
A verificação da expressão dos índices leva em consideração a interpretação
relatada pela literatura para os diversos índices econômico-financeiros (NETO,2012;
BAZZI, 2016).
Tabela 1 – Expressão dos indicadores econômico-financeiros
EMPRESA
Oscilação Positiva
Oscilação Negativa
(A) (B)
ANÁLISE FINANCEIRA 2017 2016 2017 2016 INT.
INDICADORES DE LIQUIDEZ
Liquidez Corrente LC 1,35 1,26 0,90 0,95 >1
Liquidez Geral LG 0,69 0,72 0,12 0,09 >1
Liquidez Imediata LI 0,45 0,58 0,02 0,01 >1
Liquidez Seca LS 0,94 0,90 0,68 0,90 >1
INDICADORES DE ATIVIDADE
Prazo Médio de Estocagem PME 245,05 275,06 227,85 196,76 <
Prazo Médio de Cobrança PMC 43,57 44,85 12,01 14,15 <
Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores PMF 95,53 118,96 79,61 87,58 >
INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA
Imobilização do Patrimônio Líquido IPL 112,99 119,08 170,71 170,10 <
Participação de Capital de Terceiros PCT 96,23 107,76 124,58 115,42 <
Composição do Endividamento CE 64,13 65,09 47,81 41,33 <
Endividamento Geral EG 49,04 51,87 55,47 53,58 <
ANÁLISE ECONÔMICA
INDICADORES DE RENTABILIDADE
Retorno sobre o Investimento ROI 6,88 0,29 0,34 -6,79 >
Retorno sobre o Patrimônio Líquido ROE 13,90 0,62 0,75 -15,31 >
Giro dos Ativos GA 42,00 30,48 35,90 39,07 >
INDICADORES DE AVALIAÇÃO DE AÇÕES
Valor Patrimonial da Ação (*) VPA 28,26 27,51 55,14 54,38 >
Lucro por Ação LPA 3,87 0,16 0,41 -8,50 >
Rentabilidade de Ação (*) RDA 11,07 0,96 3,05 -63,19 >
Dividendos por Ação (*) DpA 0,88 0,07 (**) PREJ. >
Fonte: elaborado pelo autor, 2019. Legenda: (A) – SLC Agrícola S.A.; (B) – Terra Santa Agro S.A.; PREJ. – Prejuízo Acumulado no Exercício; (*) – PL, LL e DP multiplicados por 1.000 (mil), para aplicação no cálculo e determinação do índice; (**) – Lucro utilizado para dedução do Prejuízo Acumulado; █ – Indicadores que se expressaram conforme a hipótese (i) – padrão interpretativo sugerido pela literatura – em ambas empresas; INT. – Interpretação; (>) – Quanto maior, melhor; (<) – Quanto menor, melhor; (>1) – se maior que um, favorável.
29
Os valores encontrados para os índices em análise, demonstraram a
possibilidade de sustentação da hipótese (i), sendo observada a expressão e
compatibilidade de alguns indicadores - LC, PME, IPL, PCT, CE, EG e GA –
apresentados na tab. 1., onde a empresa com valorização das ações demonstrou
melhoria no valor interpretativo destes, enquanto que a empresa com oscilação
negativa, indicou piora no valor interpretativo dos mesmos.
Os indicadores de LC e GA podem retratar uma melhora no cenário
empresarial quando há uma elevação nos seus valores. Diante desta informação,
enumera-se os seguintes acontecimentos expostos no exercício de 2016 e 2017: i. a
LC aumentou de 1,26 para 1,35 na empresa com oscilação positiva, em contrapartida,
caiu de 0,95 para 0,90 na companhia com oscilação negativa, obedecendo a lógica
determinada na hipótese (i) do estudo; ii. o GA aumentou de 30,48 para 42,00 na
empresa A, apresentando redução de 39,07 para 35,90 na empresa B.
Já os indicadores de PME, além dos indicadores de endividamento e estrutura
- IPL, PCT, CE e EG – demonstram, segundo o valor interpretativo sugerido pela
literatura, uma evolução no panorama da companhia quando há uma redução nos
seus valores. Diante desta informação, enumera-se os seguintes acontecimentos
expostos no exercício de 2016 e 2017: i. a empresa A apresentou uma redução de
275,06 para 245,05 no PME, de 119,08 para 112,99 na IPL, de 107,76 para 96,23 na
PCT, de 65,09 para 64,13 na CE, e de 51,87 para 49,04 no EG; ii. a empresa B
apresentou um aumento de 196,76 para 227,85 para o PME, de 170,10 para 170,71
na IPL, de 115,42 para 124,58 na PCT, de 41,33 para 47,81 na CE, e de 53,58 para
55,47 no EG.
TAVARES & SILVA (2012), através da utilização de índices econômico-
financeiros, investigaram a possibilidade de segregação de grupos de investimentos
utilizando a análise financeira fundamentalista e determinaram que, apesar de uma
pequena parcela de indicadores apresentar significância estatística, a hipótese (i)
pode ser confirmada, contribuindo assim para a seleção das melhores e piores
alternativas de investimentos no mercado de ações.
Na mesma linha, MALTA & DE CAMARGOS (2016) analisaram o papel de
indicadores econômico-financeiros na predição do retorno acionário, demonstrando
que 8 variáveis – PCT, ROE, ROI, Retorno sobre o Ativo, Margem Bruta, LPA, Liquidez
de Mercado e Market-to-book ratio – apresentaram a capacidade de fornecer
informações úteis para o planejamento de estratégias de investimentos.
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Dos índices supracitados por MALTA & DE CAMARGOS (2016), tanto o PCT
quanto o Retorno sobre o Ativo (GA) ratificaram a hipótese (i) construída no presente
estudo, reforçando a possibilidade de expressão de alguns indicadores no impacto da
análise financeira fundamentalista realizada pelos investidores.
A expressão dos índices PCT e LC é reforçada por MATARAZZO (2010, p.
84) que enfatiza o uso destes e do ROE por praticamente todos os analistas. SILVA
(2013, p. 289) considera a LC como um dos indicadores mais famosos e utilizados,
por algumas pessoas, como medidor da saúde financeira das empresas.
31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados encontrados no presente estudo, concluímos que os
índices LC, PME, IPL, PCT, CE, EG e GA, apresentaram o comportamento esperado
pela hipótese (i), ou seja, a empresa com valorização das ações demonstrou melhoria
no valor interpretativo destes, ao passo que, a empresa com oscilação negativa,
indicou piora no valor interpretativo dos mesmos, sugerindo a possibilidade de adoção
dos indicadores supracitados pelos investidores. Além disso, a PCT e GA, quanto à
capacidade de fornecer informações úteis para o planejamento de estratégia de
investimentos, reforçam os resultados encontrados em outra pesquisa.
Ademais, destaca-se o grupo de indicadores de endividamento e estrutura –
IPL, PCT, CE e EG – por se enquadrarem, em sua totalidade, de acordo com o valor
interpretativo defendido na hipótese (i).
Por fim, a qualidade dos achados neste estudo, poderá ser incrementada
através de novas pesquisas abrangendo outras áreas, setores, indicadores e tipos de
ações.
32
REFERÊNCIAS
B3. Brasil, Bolsa, Balcão. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/>. Acesso em: 28 mar. 2018. BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/home>. Acesso em: 28 mar. 2018. BAZZI, S. Análise das demonstrações contábeis. 1ª ed., São Paulo: Pearson, 2016. unid. 3: Análise do desempenho da empresa, p. 51-72, unid. 4: Análise de capital e de mercado, p. 73-102. BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 07 fev. 2019. BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 15 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 28 mar. 2018. CVM. Análise de investimentos: histórico, principais ferramentas e mudanças conceituais para o futuro. 1ª ed., Rio de Janeiro: CVM, 2017, cap.4: Análise fundamentalista de investimentos, p. 134-172. Disponível em: <http://www.investidor.gov.br/publicacao/LivrosCVM.html>. Acesso em: 12 dez. 2018. DINIZ, N. Análise das demonstrações financeiras. 1ª ed., Rio de Janeiro: SESES, 2015. cap. 3: Análise tradicional das demonstrações contábeis, p. 69-106, cap. 4: Análise econômico financeira das demonstrações contábeis, p. 107-134. FREITAS, F. Descubra quais são os fatores que influenciam os preços de ações. FlashTrader. 2017. Disponível em: <https://blog.flashtrader.com.br/descubra-quais-sao-os-fatores-que-influenciam-os-precos-de-acoes/>. Acesso em: 28 mar. 2018. GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: Tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995. KERR, R. B. Mercado Financeiro e de Capitais. 1ª ed., São Paulo: Pearson Prentice, 2011. cap. 6: Mercado de capitais e cambial, p. 87-110, cap. 9: Mercado de renda variável, p. 155-180.
33
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34
Apêndices
35
Apêndice 1
3
6
APÊNDICE 1 – Cotação das ações da SLC Agrícola S.A. após a publicação das Demonstrações Financeiras
Fonte: TRADINGVIEW, 2018; adaptado pelo autor, 2019.
37
Apêndice 2
38
APÊNDICE 2 – Cotação das ações da Terra Santa Agro S.A. após a publicação das Demonstrações Financeiras
Fonte: TRADINGVIEW, 2018; adaptado pelo autor, 2019.
39
Apêndice 3
40
APÊNDICE 3 – Reestruturação das Demonstrações Financeiras da SLC Agrícola S.A.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO 2017 2016 2015 PASSIVO 2017 2016 2015
AC 2.241.985 2.324.447 2.171.379 PC 1.662.232 1.838.376 1.747.970