Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO Tatiane Flavia de Oliveira LONDRINA – PARANÁ 2011
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Universidade Estadual de Londrina · perturbações no sistema de equilíbrio é importante para o entendimento das estratégias utilizadas pelo sistema de controle postural para
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Universidade Estadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E
ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Tatiane Flavia de Oliveira
LONDRINA – PARANÁ
2011
TATIANE FLAVIA DE OL
ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E
ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
TATIANE FLAVIA DE OL IVEIRA
ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E
ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física apresentado ao Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, 2011
IVEIRA
ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DINÂMICO EM ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN E
ADOLESCENTES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física
Centro de Educação Física e Esporte da Universidade
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, a minha família,
amigos e professores, que me apoiaram e
auxiliaram na realização deste estudo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço...
A Deus, pela minha vida e por ter me dado força para que eu enfrentasse
todas as dificuldades durante o período de graduação.
Ao meu marido, Cristiano, por ter me auxiliado na realização deste
trabalho e pela paciência e compreensão que teve comigo em todos os momentos.
A minha família, pelas palavras de conforto nas horas difíceis e pelo apoio
nas minhas decisões.
Ao meu orientador Victor Okazaki, pela contribuição intelectual e pelos
ensinamentos que levarei por toda a minha vida.
A todos os integrantes do GEPEDAM, por contribuírem na minha
formação e por terem sido uma família pra mim, em especial a Josiane Medina
Papst, por ser quem me despertou o interesse pela área de comportamento motor e
por ter me convidado para participar das reuniões do grupo.
Ao Aurélio e a Kelyn, por terem me auxiliado na coleta dos dados e por
todos os momentos felizes que me proporcionaram.
A professora Inara Marques, por ter aceitado em participar da minha
banca de qualificação e por todas as contribuições na minha formação.
As professoras Márcia Greguol e Juliana Bayeux Dascal, por participarem
da minha banca e pelas contribuições neste trabalho.
A instituição APSDOWN, por permitir a realização deste estudo e,
principalmente, a Renata por ter me acolhido de maneira tal calorosa.
A escola Basílio de Lucca, por permitir a realização deste estudo e pelo
auxílio na seleção dos adolescentes.
Ao Programa de Educação Tutoria (PET), pela contribuição na minha
formação e pela bolsa fornecida.
Muito abrigada a todos
EPÍGRAFE
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser.
Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito,
e não em ter condições de êxito. Condições de palácio
tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se
não o fizerem ali?”
Fernando Pessoa
OLIVEIRA, Tatiane Flavia. Análise do equilíbrio dinâmico em adolescentes com síndrome de Down e adolescentes com desenvolvimento típico. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.
RESUMO O presente estudo analisou o equilíbrio dinâmico de adolescentes com síndrome de Down e adolescentes com desenvolvimento típico. Para tal, a amostra foi composta por 36 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, de ambos os gêneros, sendo 14 com síndrome de Down (SD) e 22 com desenvolvimento típico (DT). Os adolescentes tinham que se manter em equilíbrio sobre uma plataforma instável, por 15 segundos, nas condições: médio-lateral com visão e sem visão e ântero-posterior com visão e sem visão. Os dados da plataforma foram enviados para o software Dynamic Balance Task, o qual forneceu as variáveis: tempo de equilíbrio absoluto (TEA), o tempo médio de equilíbrio (TME), o maior tempo em equilíbrio (MaTE), o menor tempo em equilíbrio (MeTE) e o número de toques total no solo (TOQ). As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS (v. 19), adotando um nível de significância de P<0,05. Assim, foi demonstrado, por meio do teste de Wicoxon, o efeito do fator visão para todas as variáveis do estudo em ambos os grupos, SD e DT, ocorrendo um pior desempenho nas condições em que a visão foi ocluída. Entretanto, a manipulação na direção da perturbação, médio-lateral e ântero-posterior, demonstrou efeito apenas para a variável TEA no grupo SD, na qual houve maior TEA na condição médio-lateral em relação à condição ântero-posterior, e para a variável TOQ no DT, na qual houve um maior TOQ na condição médio-lateral em relação a ântero-posterior. O grupo DT apresentou um maior TEA, TME, MaTE e MeTE e um menor TOQ quando comparados ao grupo SD, nas condições experimentais analisadas, com exceção da condição MLSV para a variável MeTE, na qual ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Sendo assim, os adolescentes com SD apresentaram uma maior instabilidade no equilíbrio dinâmico em relação ao grupo DT, tanto nas condições “com visão” quanto nas “sem visão”. Esta maior instabilidade foi explicada pelas características particulares encontradas na síndrome de Down, tais como: hipotonia muscular, frouxidão ligamentar e a dificuldade na integração percepção-ação. Palavras-chave: Controle postural; equilíbrio dinâmico; síndrome de Down.
OLIVEIRA, Tatiane Flavia. Analisys of the dynamic balance in adolescents with Down sydrome and typically developed adolescents . Monograph. Bachelor degree in Physical Education. Physical Education and Sports Center. State University of Londrina, 2011.
ABSTRACT This study examined the dynamic equilibrium of adolescents with Down Syndrome and typically developed adolescents. For this purpose, the sample consisted of 36 adolescents aged between 12 and 17 years, of both genders, 14 with Down syndrome (DS) and 22 typically developed (TD). The teenagers had to keep in balance on an unstable platform for 15 seconds under the conditions: medio-lateral with vision and without vision and anterior-posterior with vision and without vision. The platform data were sent to the software Dynamic Balance Task, which provided the following variables: absolute time of equilibrium (TEA), the average time of equilibrium (TME), the longest time in equilibrium (MaTE), the shortest time in equilibrium (MeTE) and the total number of rings in the ground (TOQ). Statistical analysis was performed using SPSS (v. 19), adopting a significance level of P<0.05. So it was demonstrated through the Wilcoxon test, the effect of the vision factor in all variables in the study in both groups, SD and TD, occuring a poorer performance under the conditions where the vision was occluded. However, the manipulation in the disturbance direction , medio-lateral and anterior-posterior showed effect only for the variable TEA in the group SD , in which TEA was greater in the medio-lateral condition compared to the anterior-posterior condition, and for the TOQ variable in TD, in which there was a greater TOQ in medio-lateral condition in relation to anterior-posterior. The DT group had a higher TEA, TME, MaTE, MeTE and a lower TOQ when compared to the SD group, in the experimental conditions analyzed, except in the medio-lateral without vision condition for the MeTE variable, in which both groups had similar performances. Thus, adolescents with Down syndrome had a greater instability in dynamic equilibrium with respect to the DT group in both conditions, with and without vision. This greater instability was explained by particular characteristics found in Down syndrome, such as muscular hypotonia, ligament laxity and the difficulty of integrating perception and action.
Key words: Postural control; dynamic balance; Down syndrome.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 — Plataforma de Equilíbrio Dinâmico ................................................................. 26
Figura 2 — Pés Paralelos (médio lateral) .......................................................................... 27
Figura 3 — Semi-tandem (ântero-posterior) ..................................................................... 27
Figura 4 — Condição médio-lateral .................................................................................... 28
Figura 5 — Condição ântero-posterior ............................................................................... 29
Figura 6 — Tempo de Equilíbrio Absoluto (TEA) dos grupos SD e DT ........................ 32
Figura 7 — Tempo Médio de Equilíbrio (TME) dos grupos SD e DT ............................ 33
Figura 8 — Número de Toques no solo (TOQ) dos grupos SD e DT ........................... 35
Figura 9 — Maior Tempo de Equilíbrio (MaTE) dos grupos SD e DT ........................... 36
Figura 10 — Menor Tempo de Equilíbrio (MeTE) dos grupos SD e DT ....................... 38
2.4. SÍNDROME DE DOWN ....................................................................... 19
2.4.1. Características Físicas, Cognitivas e Motoras das Pessoas com Síndrome de Down ........................................................................................... 20
2.4.2. Controle Postural em Pessoas com Síndrome de Down ..................... 22
principalmente em situações dinâmicas (BUCHANAN; HORAK, 1999; POZZO;
LEVIK; BERTROZ, 1995) ou com aplicação de alguma forma de perturbação
(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985).
Outra possível explicação seria referente à maior percepção de
segurança na realização da tarefa de equilíbrio dinâmico nas condições em que a
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visão era presente, em comparação às condições sem a informação visual.
Realmente, durante as coletas de dados os adolescentes com SD demonstraram
bastante insegurança para subir na plataforma sem o apoio de um avaliador, mesmo
na condição com visão, sendo necessária mais de uma tentativa de familiarização
para alguns adolescentes com SD. Assim, quando foi realizada a tarefa nas
condições com a oclusão da visão esta insegurança aumentava, pois muitos pediam
para que os avaliadores ficassem com os braços estendidos próximos aos seus
corpos e enquanto não se sentiam seguros não iniciavam a tarefa. O grupo DT,
embora tenham demonstrado mais insegurança na condição sem visão, não
apresentaram resistência para realizar a tarefa de equilíbrio dinâmico nas condições
em que a visão foi ocluída.
O pior desempenho no SD em relação ao DT pode ser devido à maior
dependência, por parte das pessoas com SD, das informações visuais do que das
demais informações sensoriais durante uma situação de equilíbrio dinâmico
(SHUMWAY-COOK E WOOLLACOTT, 1985). Também, pode ser decorrente da
maior rigidez articular e aumento na oscilação corporal na ausência de visão em
pessoas com SD, (Webber et al., 2004). O melhor desempenho do grupo DT em
comparação ao SD também corrobora com os resultados verificados por Gomes e
Barela (2007).
A análise realizada do equilíbrio dinâmico de adolescentes com SD
apresentou um pior desempenho em comparação aos adolescentes com
desenvolvimento típico (DT). O melhor equilíbrio do grupo DT foi verificado pelo
maior TEA, TME, MaTE e MeTE, bem como pelo menor número de toques das
bordas da plataforma no solo (TOQ) nas condições experimentais analisadas,
quando comparados ao grupo SD, com exceção da condição MLSV na variável
MeTE, na qual ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes.
A variável TEA expressa a eficácia do equilíbrio corporal dos participantes
nas diferentes condições de equilíbrio realizadas. Sendo assim, o DT apresentou
melhor equilíbrio corporal que o SD, uma vez que o DT apresentou maiores TEA em
todas as condições experimentais. Tais resultados podem ser confirmados pela
variável MaTE, que reflete a eficiência e melhor desempenho do DT em comparação
ao SD. Ou seja, o DT apresentou melhor capacidade de equilibrar-se nas diferentes
condições, adaptando-se às diferentes necessidades das tarefas. Portanto, os
maiores escores de TEA e MaTE do grupo DT demonstra que os adolescentes
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típicos apresentaram um melhor desempenho na manutenção do equilíbrio sobre a
plataforma do que o SD. O equilíbrio mais debilitado em pessoas com SD em
comparação com pessoas com desenvolvimento típico tem sido demonstrado por
vários estudos, a maioria deles realizados em situações estáticas (VUILLERME;
MARIN; DEBÛ, 2001; WEBBER et al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009). Contudo,
as pessoas com SD podem apresentar um menor equilíbrio corporal, também, em
condições dinâmicas (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985; RIGOLDI et al.,
2011), como demonstrado pelo presente estudo.
Os déficits na manutenção do equilíbrio apresentados por pessoas com
SD pode ser explicado pelas características que podem estar presentes nestes
indivíduos, tais como a hipotonia muscular, frouxidão ligamentar, co-contração
agonista-antagonista e dificuldade no relacionamento percepção-ação (SPANÒ et
al., 1999; WADE; EMMERICK; KERNOZEK, 2000; ULRICH et al., 2004; WEBBER et
al., 2004, MENEGHETTI et al., 2009; GALLI et al., 2004). Desta forma, os menores
TEA e MaTE no grupo SD podem ser decorrentes da presença de algumas destas
características nos adolescentes com SD participantes deste estudo. Estas
características podem ter influenciado, também nos menores valores do SD na
variável MeTE.
O MeTE representa o quanto as perturbações influenciam no
desempenho, bem como a capacidade para realizar os ajustes necessários para
manter a estabilidade postural quando o sistema é perturbado. Desta forma, os
adolescentes do grupo SD apresentaram menor capacidade de realizar correções
posturais do que o DT nas condições MLV, APV e APSV. Mas, na condição MLSV,
ambos os grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Assim, esta
semelhança no desempenho de ambos os grupos pode ser explicado pelo fato de
que na condição ML os adolescentes de ambos os grupos podem ter utilizado mais
a estratégia de quadril para restabelecer o equilíbrio. Sendo assim, a estratégia de
quadril permitiria um maior ajuste postural diante das perturbações na base de
suporte, fato que poderia ser explicado pelo maior número de toques, demonstrados
no grupo DT na condição ML, o que poderia levar a um menor MeTE na variável
MLSV, de forma que o equilíbrio nesta condição se tornasse semelhantes entre os
grupos.
Nas demais condições, os MeTE menores no grupo SD podem ser
consequências de muitos fatores, como um atraso nas respostas às perturbações e
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uma menor capacidade em se adaptar (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985),
bem como uma dificuldade no acoplamento percepção-ação (WADE; EMMERICK;
KERNOZEK, 2000; VUILLERME; MARIN; DEBÛ, 2001; WEBBER et al., 2004).
Shumway-Cook e Woollacott (1985) analisaram as respostas posturais automáticas
de crianças com SD de 4 a 6 anos durante perturbações em suas bases de suporte
geradas por uma plataforma móvel (translocação). Foram observados padrões
normais de respostas posturais, mas com uma grande latência para o início da
resposta, o que resultou em um aumento na oscilação e, algumas vezes, em perda
no equilíbrio. Também, foi observada entre essas crianças com SD uma dificuldade
de adaptação às mudanças do ambiente e dificuldade de utilização das reações
antecipatórias.
Estes resultados encontrados pelas autoras podem auxiliar na
compreensão do menor MeTE do grupo SD, ou seja, como a base da plataforma de
equilíbrio é instável, causa uma constante perturbação no controle postural, com
isso, é necessária uma rápida correção postural para restabelecer o equilíbrio e
evitar a queda. Deste modo, como o MeTE foi menor no grupo SD sugere-se que
estes apresentaram uma capacidade menor de reagir rápido frente às perturbações
na base, a fim de restabelecer o equilíbrio, em comparação ao DT. Esta menor
capacidade de restabelecer o equilíbrio pode ser utilizado para explicar a maior TOQ
no SD em relação ao DT.
O TOQ representa o total de vezes que o sistema postural perde a
instabilidade. Sendo assim, o grupo SD apresentou maior instabilidade no equilíbrio
do que o DT, pois apresentou um maior número de toques das bordas da plataforma
no solo. Tal fato, foi verificado pelas variáveis TEA, MaTE e MeTE, apresentadas
anteriormente. Assim, como o grupo SD apresentou um pior TEA, MaTE e MeTE,
apresentou como consequência o maior TOQ. Portanto, os adolescentes com SD
apresentaram uma menor eficiência no desempenho da tarefa de equilíbrio sobre a
plataforma devido a uma maior instabilidade, o que pode ser confirmado pela
variável TME.
A variável TME representa a eficiência na manutenção do equilíbrio.
Sendo assim, confirmando os resultados das outras variáveis do estudo, o DT
apresentou maior eficiência na manutenção do equilíbrio sobre a plataforma, pois
apresentou um maior TME quando comparados ao grupo SD, em todas as
condições experimentais. Sendo assim, foi verificado neste estudo um melhor
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desempenho nas tarefas de equilíbrio dinâmico sobre a plataforma de equilíbrio no
grupo DT em comparação ao SD.
Este estudo apresenta como principal limitação o número de participantes
na amostra e as características particulares de cada participante do grupo SD. Neste
contexto, sugere-se que novos estudos sejam realizados envolvendo a análise do
equilíbrio dinâmico de pessoas com SD e com um número amostral maior, e melhor
classificação em função das alterações proporcionadas pela síndrome, a fim de
compreender quais as estratégias posturais utilizadas para a manutenção da
estabilidade e orientação postural.
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6. CONCLUSÃO
O grupo DT apresentou melhor equilíbrio dinâmico que o grupo SD,
verificado pelo maior TEA, TME, MaTE, MeTE, assim como um menor número de
toques das bordas da plataforma de equilíbrio no solo (TOQ) quando comparado ao
grupo SD, com exceção da condição MLSV na variável MeTE, na qual ambos os
grupos apresentaram desempenhos semelhantes. Portanto, a hipótese levantada no
início do estudo de que os adolescentes com SD apresentariam maior déficits no
equilíbrio quando comparados aos adolescentes com desenvolvimento típico foi
confirmada.
O pior desempenho verificado nas tarefas realizadas pelos adolescentes
com SD foi explicado pelas características particulares encontradas na síndrome de
Down, tais como: hipotonia muscular, frouxidão ligamentar e a dificuldade na
integração percepção-ação. Tais características podem levar a uma menor
capacidade de reagir rápido frente às perturbações no controle postural. Por
conseguinte, o grupo SD apresentou menor eficiência na manutenção da
estabilidade que o DT.
Nas condições em que a visão foi ocluída ambos os grupos, SD e DT,
apresentaram piores desempenhos quando comparados as condições com visão.
Contudo, o grupo SD apresentou uma maior instabilidade no equilíbrio nas
condições sem visão em relação às com visão. Assim, foi confirmada a hipótese de
que ambos os grupos apresentariam maior instabilidade no equilíbrio com a oclusão
da visão. Portanto, a importância do sistema visual na manutenção do equilíbrio
dinâmico foi verificada para ambos os grupos. O melhor desempenho do grupo DT
nas condições sem visão em relação ao grupo SD sugere que os adolescentes com
SD apresentam maior dependência do sistema visual no controle do equilíbrio
dinâmico durante perturbações em suas bases de suporte.
O presente estudo tem potencial para auxiliar nas intervenções realizadas
por profissionais da área da saúde quanto à melhoria do equilíbrio. Desta forma,
sugere-se que mais atividades envolvendo o equilíbrio dinâmico sejam realizadas
com ambos os grupo, principalmente com os adolescentes com SD, para que estes
alcancem melhores desempenhos em tarefas envolvendo equilíbrio dinâmico, tais
como a caminhada, brincadeiras, jogos, etc., e que apresentem uma maior
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independência em atividades da vida diária, de forma a diminuir a incidência de
quedas diante de perturbações no controle postural.
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7. REFERÊNCIAS
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8. APÊNDICE
8.1. APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - CENTRO DE EDUCA ÇÃO FÍSICA E ESPOSTE
TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO Pesquisadores responsáveis: TATIANE FLAVIA DE OLIVEIRA
Prof. Dr. VICTOR HUGO ALVES OKAZAKI Este é um convite especial para seu filho (a) participar voluntariamente do estudo “Análise do Equilíbrio Dinâmico em pessoas com Síndrome de Down”. Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes e dar seu consentimento para participar ou não do estudo. Qualquer dúvida sobre o estudo ou sobre este documento pergunte diretamente a pesquisadora Tatiane Flavia de Oliveira (Fone: (43) 9927-0242) ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UEL (Fone (43)3371-2490). OBJETIVO E BENEFÍCIOS DO ESTUDO Analisar o equilíbrio dinâmico em pessoas com Síndrome de Down por meio de uma plataforma de equilíbrio. Este estudo pode ajudar profissionais de Educação Física e Fisioterapeutas a otimizar o processo de intervenção devido ao entendimento de como ocorre o equilíbrio dinâmico em crianças com Síndrome de Down. PROCEDIMENTOS Seu filho (a) irá participar de, aproximadamente, 15 minutos de avaliação composta por uma análise de equilíbrio dinâmico (realizado em uma plataforma de equilíbrio) e por testes motores (ficar sobre um único pé, chutar uma bola, subir um degrau e saltar). DESPESAS/ RESSARCIMENTO DE DESPESAS DO VOLUNTÁRIO Todos os participantes envolvidos nesta pesquisa são isentos de custos. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA A participação neste estudo é voluntária, assim há possibilidade plena e total para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo. GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante que seu nome não será divulgado sob hipótese alguma. ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS Qualquer pergunta pode ser realizada durante e após o estudo. Diante do exposto acima eu, ___________________________________________, declaro que fui esclarecido sobre os objetivos, procedimentos e benefícios do presente estudo. Autorizo a participação livre e espontânea de meu filho(a)________________________________________ para o estudo em questão. Londrina, ______ de ______________ de 2011. ________________________________ __________________________________ Responsável RG __________________ Pesquisador RG ____________________