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Universidade Estadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
EFEITO DA PRÁTICA SOBRE A PREFERÊNCIA LATERAL E TRANSFERÊNCIA INTERLATERAL EM
TAREFA DE EQUILÍBRIO DINÂMICO
Kelyn Rosinholi Mathias
LONDRINA – PARANÁ
2011
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KELYN ROSINHOLI MATHIAS
EFEITO DA PRÁTICA SOBRE A PREFERÊNCIA
LATERAL E TRANSFERÊNCIA INTERLATERAL EM
TAREFA DE EQUILÍBRIO DINÂMICO
Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina. Professor: Victor Hugo Alves Okazaki
Londrina 2011
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DEDICATÓRIA
A Deus, que é a razão do meu viver, ao meu orientador, meus pais, meus irmãos,
meu namorado, minha avó, meus amigos e os professores que ajudaram para a
realização deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me deu forças para vencer mais está
etapa da vida e me iluminou nas horas mais difíceis, sendo paciente e piedoso
comigo. Mesmo nas horas em que meu corpo não aguentava mais, em que eu ficava
lutando contra o sono, Ele estava presente me dando forças nessa caminhada.
Agradeço ao meu orientador Victor Hugo Alves Okazaki, que teve muita
paciência para me ensinar e me ajudou seguir no caminho certo me incentivando
sempre. Muito obrigada!!!
Agradeço à minha família, meus pais Edvaldo e Ilda, que são à base desta
casa, e por me incentivar a sempre lutar na vida....sem eles não conseguiria chegar
até aqui, meus irmãos Marcielly e João Victor pela paciência e por aturar toda minha
bagunça de livros, cadernos e papéis por falta de tempo para arrumar, minha avó
Maria que fazia almoço pra mim enquanto eu estudava, muito obrigada por estarem
sempre comigo... Amo vocês!!
Agradeço meu namorado Hugo pelo incentivo, carinho, amor, dedicação e
compreensão que deu neste período da minha vida, nas horas em que precisava
estudar e não podia ficar com você... obrigada por estar sempre comigo quando
preciso... Amo você!!
Agradeço aos meus amigos: Érica, Hiviny, Daniele, Élida, Larissa que mesmo
distantes quando precisar sei que posso contar com elas, Tatiane que me aguentou
todos os anos da faculdade, Bruno e a Cristiane que foram como irmãos pra mim e
me deram força quando mais precisei, e outros que não foram mencionados aqui,
muito obrigada.
Agradeço a todos meus familiares, que sempre me apoiaram em tudo que
precisei.
Agradeço a todos do laboratório GEPEDAM que me acolheram, ensinaram e
ajudaram para conclusão deste trabalho.
Agradeço a todos os professores da graduação que auxiliaram para minha
formação no curso com muita dedicação e sabedoria, meus agradecimentos.
Agradeço a todos que ajudaram para a elaboração e finalização deste trabalho.
Agradeço ao CNPq que forneceu bolsa no período de realização deste
trabalho e ao PET de Educação Física pela colaboração e participação neste
estudo.
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EPÍGRAFE
“Entregue teu caminho ao Senhor, confia Nele, e Ele tudo fará”.
Salmos 37: 5.
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MATHIAS, Kelyn Rosinholi. Efeito da Prática Sobre a Preferência Lateral e
Transferência Interlateral em Tarefa de Equilíbrio Dinâmico. Trabalho de
Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de
Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.
RESUMO
A prática unilateral pode transferir a aprendizagem do lado que praticou uma
determinada tarefa para o lado contralateral. Esta prática unilateral também tem
demonstrado influenciar a formação da preferência lateral. Todavia, ainda não é
conhecido em que sentido ocorre melhor transferência de aprendizagem, ou seja, do
lado preferido para o não preferido, ou vice-versa. Com isso, este estudo analisou o
efeito da prática sobre a preferência lateral e transferência interlateral em tarefa de
equilíbrio dinâmico. Participaram do estudo 30 universitários da UEL, com idade
entre 18 – 33 anos, os quais responderam o inventário IPLAG-C (OKAZAKI; MARIM;
LAFASSE, 2010) para caracterização da amostra. Foram divididos aleatoriamente
em dois grupos, a saber: Grupo com prática com o pé direito (GD) e grupo com
prática com o pé esquerdo (GE). O equilíbrio dinâmico foi analisado por uma
Plataforma de Equilíbrio Dinâmico de Okazaki (2010), o software Dynamic Balance
Task (v.1.0; Okazaki, 2010) forneceu o tempo de equilíbrio sobre a plataforma e o
número de erros (desequilíbrios). Os participantes realizaram o pré-teste, o pós-teste
e a retenção (3 tentativas de 10s) nas posições com o pé direito, pé esquerdo e pés
paralelos (condições aleatorizadas entre os participantes). A prática foi realizada em
10 blocos de 6 tentativas de 10s com apenas um pé. Os resultados mostraram que a
preferência lateral foi modificada de destro moderado para indiferente para o GE e
conservou a preferência lateral do GD. Além disso, foi observada a transferência
interlateral de aprendizagem entre os grupos (GD e GE) de forma simétrica. A
transferência de aprendizado foi explicada pelos mecanismos compensatórios que
previnem um desenvolvimento motor unilateral durante a prática das habilidades
motoras.
Palavras-chave: Lateralidade; Preferência lateral; Transferência interlateral de
aprendizagem; equilíbrio dinâmico.
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MATHIAS, Kelyn Rosinholi. Effect of the practice on the lateral preference and
interlateral transfer in dynamic balance task. Work of Completition Course.
Course of baccalaureate in Physical Education. Center of Physical Education and
Sport. Universidade Estadual de Londrina, 2011.
ABSTRACT
The unilateral practice can transfer the learning from the side which had been
practiced a certain task to the contralateral side. This unilateral practice has also
shown to influence the formation of lateral preference. However, it is not known in
which way the transfer of learning is better, if it happens from preferred side to non-
preferred, or vice versa. Therefore, this study analyzed the effect of practice on the
lateral preference and interlateral transference on dynamic balance task. 30
university students from UEL, aged between 18 and 33 years, participated in the
study. They responded the Inventory IPLAG-C (OKAZAKI; MARIM; LAFASSE, 2010)
to characterize the sample. They were divided randomly into two groups, namely:
Group with practice with right foot (GD) and group with practice with left foot (GE).
The dynamic balance was examinated by a Dynamic Equilibrium Platform from
Okazaki (2010), the Dynamic Balance Task software (v.1.0; Okazaki, 2010) provided
the balance time on the platform and the number of errors (imbalances). The
participants realized the pretest, the posttest and retention (3 attempts of 10
seconds) on the right foot, left foot and parallel feet (randomized conditions among
participants) positions. The practice was held in 10 blocks of 6 attempts of 10
seconds with only one foot. The results showed that the lateral preference was
modified form right hand moderate to indifferent in the GE group, and in GD group
the lateral preference was conserved. Furthermore, it was observed interlateral
transfer of learning between groups (GD and GE) in a symmetrical manner. Transfer
of learning was explained by the compensatory mechanisms that prevent the
unilateral motor development during motor skill practice.
Key words: laterality, lateral preference, interlateral transfer of learning, dynamic
balance.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
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Plataforma de Equilíbrio Dinâmico de Okazaki (2010)...............
Plataforma de Equilíbrio Dinâmico de Okazaki (2010)...............
Participante na Plataforma com os dois pés..............................
Participante na Plataforma com o pé direito...............................
Participante na Plataforma com o pé esquerdo.........................
Gráfico da preferência lateral.....................................................
Gráfico do tempo absoluto em equilíbrio....................................
Gráfico do tempo absoluto em equilíbrio....................................
Gráfico do tempo absoluto em equilíbrio....................................
Gráfico do número total de toques no solo.................................
Gráfico do número total de toques no solo.................................
Gráfico do número total de toques no solo.................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10
1.1 Apresentação ............................................................................................... 10
1.2 Problema ...................................................................................................... 13
1.3 Justificativa ................................................................................................... 13
1.4 Objetivos ...................................................................................................... 13
1.4.1 Objetivo geral ............................................................................................... 13
1.4.2 Objetivos específicos .................................................................................... 13
1.5 Hipóteses ..................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 15
2.1 Lateralidade ................................................................................................. 15
2.2 Preferência Lateral x desempenho .............................................................. 16
2.3 Transferência de Aprendizagem .................................................................. 17
2.4 Controle postural .......................................................................................... 20
2.5 Equilíbrio Postural ........................................................................................ 22
3 MÉTODOS ................................................................................................... 25
3.1 Caracterização do Estudo ............................................................................ 25
3.2 Amostra ........................................................................................................ 25
3.3 Local ............................................................................................................. 25
3.4 Instrumentos/equipamentos e tarefa ............................................................ 26
3.5 Procedimento experimental .......................................................................... 27
3.6 Variáveis de estudo ...................................................................................... 29
3.7 Análise estatística ........................................................................................ 30
4 RESULTADOS ............................................................................................. 31
5 DISCUSSÃO ................................................................................................ 37
5.1 Preferência lateral ........................................................................................ 37
5.2 Transferência interlateral de aprendizagem ................................................. 38
6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 42 7 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 43
ANEXO 01 ................................................................................................................. 49 ANEXO 02 ................................................................................................................. 50
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1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
A lateralidade está relacionada ao uso do lado direito ou esquerdo do corpo
(TEIXEIRA, 2006, 2001). O uso com maior freqüência de um dos lados do corpo
pode ser entendido como a preferência lateral (TEIXEIRA, 2006, 2007; TEIXEIRA;
PAROLI, 2000). A preferência lateral também tende a ser relacionada à melhor
proficiência de um dos lados do corpo que, geralmente, é o lado preferido. Esta
assimetria pode ser observável na maioria da população, pois, aproximadamente
90% dela utiliza o lado direito do corpo (TEIXEIRA, 2006, 2007). Tem sido sugerido
que esta preferência por um dos lados do corpo poderia estar relacionada a fatores
genéticos e ambientais.
Os fatores genéticos mostram que a lateralidade já estaria definida ao
nascer, exceto em casos de patologias neurais (LEVY 1976). Contrapondo a estes
fatores genéticos, um estudo com 1800 famílias havaianas, pais, filhos e seus
ancestrais, apresentaram participação genética de 10-20%, enquanto para os
fatores ambientais responderam por 80-90% da preferência manual (ASHTON,
1982). O fato da preferência lateral estar relacionada aos fatores ambientais pode
ser explicada pelo fato do ambiente oferecer mais restrições orientadas ao lado
direito (RODRIGUES; VASCONCELOS; BARREIROS, 2010), pois a maioria dos
objetos é desenvolvida para pessoas destras, o que proporciona experiências
motoras unilaterais.
A prática unilateral tende fortalecer a preferência lateral e melhorar o
desempenho com o membro que realizou a prática (MACHADO; TEIXEIRA, 2008).
Por exemplo, Teixeira e Okazaki (2007) mostraram que destros modificaram a
preferência lateral (de fortemente destro para indiferente) após prática com a mão
não-preferida em tarefa de sequenciamento de toques de dedos. Estes autores
também demonstraram uma melhora no desempenho com a mão não preferida, a
qual proporcionou um desempenho simétrico entre os lados. Araújo e colaboradores
(2008) também demonstraram que a prática com a mão não preferida foi capaz de
aproximar o nível de desempenho entre os lados na tarefa de destreza manual, em
que o participante tinha que preencher 25 orifícios com pinos no menor tempo
possível. Tais resultados sugeriram que o desempenho e a preferência seriam
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fatores independentes. Ademais, a prática unilateral parece possuir papel
fundamental na formação da preferência lateral.
A prática unilateral também possui a capacidade de transferir o
conhecimento aprendido para o outro lado do corpo que não realizou a prática
(MAGILL, 2000; TEIXEIRA, 2001). Esta capacidade é chamada de transferência
bilateral ou interlateral de aprendizagem (MAGILL, 2000, TEIXEIRA, 2001). Pois, ao
se adquirir um desempenho em uma tarefa motora específica com um membro do
corpo, o desempenho do membro contralateral homólogo também pode melhorar.
Desta forma, ao mesmo tempo em que os seres humanos são caracterizados por
uma assimetria lateral de preferência bem definida, existem alguns mecanismos que
previnem um desenvolvimento motor unilateral, conforme as habilidades motoras
são praticadas (TEIXEIRA; GASPARETTO, 2002). Estes mecanismos de
transferência interlateral podem ser explicados de três formas, a saber: transferência
de elementos cognitivos, compartilhamento de redes neurais e pelo
compartilhamento do programa motor generalizado (MAGILL, 2000).
Durante a prática unilateral, pode haver uma transferência dos elementos
cognitivos que fazem parte da tarefa aprendida. Esses elementos cognitivos são
relacionados às metas („como fazer‟) e aos objetivos („o que fazer‟) da tarefa
(THORNDIKE, 1914 apud TEIXEIRA, 2001). O compartilhamento de redes neurais
também ocorre entre os hemisférios cerebrais, por meio do corpo caloso, além de
outras conexões em níveis inferiores do sistema nervoso central (TAYLOR;
HEILMAN, 1980 apud TEIXEIRA, 2001). Esta ativação contra-lateral (diagonal e
ipsilateral) também ocorre em menor intensidade do que a ativação verificada no
lado que realiza a prática. Todavia, esta ativação contra-lateral também auxiliaria na
transferência de aprendizagem (TEIXEIRA, 2006). A prática também permitiria o
desenvolvimento do programa motor generalizado, que seria utilizado igualmente
pelos dois hemisférios corporais (SCHMIDT, 1975 apud MAGILL, 2000). Por
conseguinte, apenas os esquemas motores teriam que se adequar às
especificidades do hemisfério corporal que não realizou a prática específica durante
a tarefa. Estas três explicações têm auxiliado no entendimento destes mecanismos
compensatórios de desempenho entre os hemisférios corporais.
Mesmo com estes mecanismos compensatórios, ainda não é sabido em que
sentido há maior transferência interlateral, do lado preferido para não preferido, ou
vice-versa. Wang e Sainburg (2004) mostraram que a prática com o membro
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preferido, na tarefa de sair de um círculo em direção ao alvo em uma linha reta o
mais rápido possível, apresentou melhora na transferência para o lado não preferido.
Todavia, a prática com o lado não preferido não apresentou transferência de
aprendizado para o lado preferido (WANG; SAINBURG, 2004). Por outro lado,
Kumar e Mandal (2005) apresentaram melhor transferência interlateral do lado não
preferido para o preferido, em tarefa de contornar uma figura de estrela com seis
pontas por meio de um aparelho que utiliza a imagem invertida com um espelho.
Pinho e colaboradores (2007) realizaram dois experimentos, o primeiro consistiu em
uma tarefa de digitar uma sequência de teclas pré-determinadas em que houve uma
melhora na transferência da mão não-preferida para a mão preferida. O segundo
experimento consistiu em uma tarefa de soltar uma chave pressionada e transportar
duas bolas de tênis em uma sequência pré-determinada entre quatro recipientes em
que houve melhora na transferência da mão preferida para a não preferida. Esta
falta de congruência entre os estudos acima citados reforçam a necessidade de se
investigar em que sentido ocorre maior magnitude de transferência interlateral.
Como a preferência tende a atribuir maior experiência motora para um dos
lados do corpo, magnitudes diferenciadas de transferência interlateral ocorreriam
com a prática unilateral. Assim, uma habilidade desempenhada inicialmente com o
membro não preferido teria maior transferência interlateral, pois, o lado preferido
possui maior experiência motora, sendo necessária apenas transferência de alguns
elementos cognitivo-motores para auxiliar no aprendizado. Enquanto, a prática com
o membro preferido apresentaria menor transferência interlateral, pois o lado não
preferido tem menos experiência para aproveitar os elementos com a prática
realizada com o membro contralateral.
Em função do acima discutido, o presente estudo analisará o efeito da
prática sobre a preferência lateral e transferência interlateral em tarefa de equilíbrio
dinâmico unipodal. A tarefa de equilíbrio dinâmico foi escolhida, pois poucos estudos
analisaram o efeito da prática unipodal sobre a preferência lateral. O presente
estudo tem potencial para auxiliar o profissional de Educação Física a decidir com
qual membro o aprendiz terá maior benefício realizando sua prática primeiro.
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1.2 Problema
Ainda há discordância na literatura para afirmar em qual sentido (preferido
para não preferido, ou o contrário) ocorre maior magnitude de transferência
interlateral de aprendizagem. Ademais, a maioria dos estudos tem realizado análises
do efeito da prática sobre tarefas manuais. Assim, poucos estudos têm analisado o
efeito da prática sobre preferência lateral podal em tarefa de equilíbrio dinâmico.
1.3 Justificativa
O presente estudo tem o potencial para auxiliar profissionais de Educação
Física, Esporte e Reabilitação, a decidir com qual membro o aprendiz terá maior
benefício realizando sua prática primeiro. Uma vez que, serão fornecidos indícios
para demonstrar em que sentido ocorre maior magnitude de transferência
interlateral, ou seja, do lado preferido para o não preferido, ou vice-versa. Além da
análise relacionada à transferência interlateral, o presente estudo também poderá
demonstrar o benefício que a prática unipodal possuirá sobre a melhora no equilíbrio
dinâmico. Como a maioria dos estudos de equilíbrio tem focado em análises de
postura quieta (ortostática), o presente estudo pode contribuir no entendimento dos
benefícios que a prática em situações dinâmicas possui sobre o equilíbrio postural.
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo geral
O presente estudo analisou o efeito da prática sobre a preferência lateral e a
transferência interlateral em tarefa de equilíbrio dinâmico.
1.4.2 Objetivos específicos
a) Analisar o efeito da prática unipodal sobre a preferência lateral específica
para a tarefa de equilíbrio.
b) Identificar qual sentido proporcionará maior magnitude de transferência
interlateral de aprendizagem. Ou seja, verificar se a prática com o membro não
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preferido proporciona melhor transferência de aprendizado para o membro preferido
ou vice-versa.
1.5 Hipóteses
H1: Haverá maior magnitude de transferência interlateral do lado não preferido
para o lado preferido.
H2: A prática com o membro não preferido mudará a preferência lateral para a
tarefa de equilíbrio.
H3: A prática com o membro preferido irá manter a preferência lateral para a
tarefa de equilíbrio.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Lateralidade
A lateralidade vem do latim e quer dizer “lado” (GONÇALVES, 2009;
PACHER, 2006;). A lateralidade pode estar relacionada ao uso do lado direito ou
esquerdo do corpo (TEIXEIRA, 2001, 2006). Assim, pode ser entendido como
preferência lateral, quando uma pessoa usa um dos lados do corpo com maior
frequência (TEIXEIRA, 2006, 2007; TEIXEIRA; PAROLI, 2000). Existem várias
dimensões que podem identificar a lateralidade humana, a saber: manualidade,
podalidade, ocularidade, auricularidade e de tronco, que correspondem,
respectivamente, ao uso de uma das mãos, um dos pés, um dos olhos, um dos
ouvidos e um dos lados do tronco (TEIXEIRA, 2007, 2006, 2001; MARIM; OKAZAKI,
2010).
Muitas vezes esta lateralidade é definida apenas pela dimensão da
manualidade, pois é feita levando em consideração somente a escrita, visto que,
alguns indivíduos usam sempre a mesma mão para tarefas específicas. No entanto,
o uso de uma das mãos para uma tarefa específica, como escrever, e o uso da outra
mão para várias outras tarefas motoras de natureza distintas é denominado como
ambidestria, o que leva a entender que a magnitude e direção da preferência lateral
em uma determinada dimensão não é constante entre tarefas motoras diferentes
que se pode realizar (TEIXEIRA, 2006). Assim, como para a manualidade existe
diferença na preferência lateral para diferentes tarefas, em todas as dimensões pode
haver uma preferência lateral podendo ser ipsilateral ou cruzada.
A preferência lateral pode ser definida para o lado direito em uma
determinada dimensão e para o lado esquerdo em outra dimensão, ocorrendo uma
preferência cruzada. Assim, um indivíduo que nasce com potencial a ser sinistro
passa a usar a mão direita pela pressão da sociedade, porém para as outras
dimensões usa o lado esquerdo do corpo (PACHER, 2006, SILVA; LIMA, 2008). Nos
hemisférios cerebrais cerca de 75% a 90% dos motoneurônios terminam em
músculos do lado contrário do corpo (controle contralateral), enquanto os 10%-25%
restante inervam músculos do mesmo lado (controle ipsilateral). Algo semelhante
acontece com os sinais aferentes, os neurônios originários de receptores sensoriais
cruzam para o lado contrário no seu trajeto para o córtex cerebral e para o controle
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ipsilateral, o cerebelo assume este papel, um dos mais importantes no controle da
coordenação, locomoção e ações automatizadas (TEIXEIRA, 2006). Assim, tem-se
uma interação entre o controle ipsilateral e contralateral em todos os movimentos
globais imagináveis. Para explicar como o sistema sensoriomotor controla os dois
lados do corpo Teixeira (2001, 2006) sugere que um dos modelos mais apropriado
para esta interação seria a interação cooperativa, pois neste modelo ambos os
hemisférios são capazes de desempenhar a mesma função, apesar de um deles ser
levemente superior.
2.2 Preferência Lateral x desempenho
As assimetrias laterais presentes no comportamento humano estão
relacionadas tanto com a preferência lateral quanto com o desempenho apresentado
por segmentos corporais de ambos os lados (TEIXEIRA; PAROLI, 2000). Mesmo
que um indivíduo tenha uma preferência lateral marcante para uma das dimensões
em uma determinada tarefa, isto não quer dizer que o desempenho dele seja melhor
com seu membro preferido (VASCONCELOS, 2006). No entanto, a preferência
lateral tende a ser relacionada à melhor proficiência de um dos lados do corpo que,
geralmente, é o lado preferido (TEIXEIRA, 2006, 2007). Esta assimetria pode ser
observável na maioria da população, pois aproximadamente 90% dela utilizam o
lado direito do corpo (TEIXEIRA, 2006, 2007). A preferência começa a se acentuar
por volta dos três anos de idade (GONÇALVES, 2009) e se fortalece ainda mais ao
longo da vida (TEIXEIRA, 2001). Esta assimetria pode ser explicada por meio de
fatores genéticos e ambientais.
Os fatores genéticos podem demonstrar que a lateralidade de um indivíduo
estaria definida ao nascer, exceto em casos de patologias neurais (LEVY 1976).
Contestando estes fatores genéticos, no estudo de Ashton (1982) realizado com
1800 famílias havaianas, ele analisou a preferência lateral manual de pais, filhos e
seus ancestrais, em que apresentaram uma participação genética de 10-20%;
enquanto, para os fatores ambientais responderam por 80-90%. Os resultados deste
estudo, pode ser considerado pelo fato da preferência lateral estar relacionada à
pressão social (PACHER, 2006) e pelo ambiente oferecer maior restrições
orientadas para o lado direito (RODRIGUES; VASCONCELOS; BARREIROS, 2010;
SILVA, 2007), pois a maioria dos objetos é desenvolvida para pessoas destras, o
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que proporciona mais experiências motoras unilaterais. Esta restrição ambiental
possui um papel importante no estabelecimento de preferências laterais e das
assimetrias de desempenho, de forma que, com o avanço da idade, os indivíduos
aumentam a magnitude de assimetria (MACHADO; TEIXEIRA, 2008; SILVA; LIMA,
2008).
No estudo realizado por Teixeira, Silva e Carvalho (2003) com tarefas de
chute e condução de bola, não foi verificada diminuição nas assimetrias de
desempenho após a prática unilateral com a perna preferida. No entanto, a prática
na tarefa de condução de bola, com a perna não-preferida, foi capaz de reduzir ou
até mesmo eliminar as assimetrias de desempenho entre os lados preferido e não
preferido. A prática unilateral com o membro não-preferido, em tarefa de
sequenciamento de toques de dedos, também foi capaz de modificar a preferência
lateral, o que caracteriza a lateralidade como um componente dinâmico do
comportamento motor humano (TEIXEIRA; OKAZAKI, 2007; FAQUIN; OKAZAKI,
2009; TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2007).
A preferência lateral pode ser analisada pela frequência do uso de um dos
lados do corpo. Este método é mais comum em crianças. O participante tem que
desempenhar uma tarefa motora mais de uma vez para conferir a consistência na
escolha de um lado para realizar a tarefa. Além desse método, a preferência lateral
também pode ser analisada por meio de inventários, mais comumente utilizado em
adultos, pois possui melhor conhecimento sobre sua lateralidade (TEIXEIRA, 2006).
O inventário mais utilizado é Inventário de Dominância Lateral de Edimburgo
(OLDIFIELD, 1971). No entanto, esse inventário somente indica a preferência
manual. Por conseguinte, outros inventários para diagnosticar a preferência lateral
têm sido propostos. Por exemplo, Okazaki e colaboradores (2011) propuseram o
Inventário de Preferência Lateral Global (IPLAG), que pode ser aplicado como auto-
avaliação, contemplando tarefas representativas do cotidiano, além de contemplar
diferentes dimensões da lateralidade, tais como: manuais, podais, de tronco,
auditivas e visuais.
2.3 Transferência de Aprendizagem
A aprendizagem motora pode ser definida como as mudanças associadas à
prática ou experiências vivenciadas por um indivíduo em que irá alterar a capacidade
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para realizar uma habilidade motora (MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, 2010).
Uma das características mais importantes na aprendizagem é a sua capacidade de
transferência. Esta transferência de aprendizagem caracteriza-se pela influência da
experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo contexto ou na
aprendizagem de uma nova habilidade (MAGILL, 2000). Na maioria das vezes se
utiliza apenas um lado do corpo para realizar uma habilidade motora, o que passa a
ser chamado de prática unilateral.
A prática unilateral parece possuir um papel importante para a preferência
lateral e está relacionada com a capacidade de transferir o movimento aprendido
para o lado do corpo que não realizou a prática (MAGILL, 2000; TEIXEIRA, 2001).
Esta capacidade pode ser chamada de transferência interlateral ou bilateral de
aprendizagem, em que está relacionado à aprendizagem da mesma tarefa com
membros diferentes (MAGILL, 2000; TEIXEIRA, 2001). Isto ocorre de forma que o
ganho de desempenho de um dos lados conduz à melhoria de desempenho com o
lado contrário, que foi mantido em repouso durante experiências práticas em uma
determinada tarefa (TEIXEIRA, 2001).
A transferência interlateral de aprendizagem pode ocorrer de forma positiva,
negativa e neutra (MAGILL, 2000). A transferência positiva ocorre quando uma
experiência com uma habilidade pode ajudar ou facilitar o desempenho em uma
habilidade nova ou em um novo contexto. A transferência negativa ocorre quando a
experiência com uma habilidade impede ou dificulta o desempenho de uma
habilidade nova ou em um novo contexto. Transferência neutra ocorre quando a
experiência com uma habilidade não interfere no desempenho de uma nova
habilidade ou em um novo contexto.
Em um estudo realizado por Teixeira e Gasparetto (2002) mostraram
que ao mesmo tempo em que os seres humanos são caracterizados por uma
assimetria lateral de preferência bem definida, existem alguns mecanismos que
previnem um desenvolvimento motor unilateral conforme as habilidades motoras,
pois, essas habilidades são praticadas apenas com o lado preferido. Estes
autores demonstraram que, quando se adquire desempenho em uma tarefa
motora com um dos lados do corpo, o lado contralateral homólogo também
melhora. Os mecanismos que explicam a transferência interlateral são os
elementos cognitivos, o compartilhamento de redes neurais e o compartilhamento
do programa motor generalizado.
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Os elementos cognitivos dizem respeito às informações mais importantes,
relacionadas com o que se pretende atingir, que influenciam no desempenho de
uma habilidade motora. Assim, quando um membro realiza a prática, as informações
cognitivas importantes relacionadas às metas “como fazer” e aos objetivos “o que
fazer” são disponibilizadas para o membro contralateral para determinada tarefa
(THORNDIKE, 1914 apud MAGILL, 2000). No estudo de Teixeira (1993) que
contribui para esta explicação, realizaram uma tarefa de impulsionar um implemento
de baixo peso com o dedo indicador, através de uma superfície plana, procurando
fazer com que este estacionasse sobre um alvo desenhado sobre a superfície de
deslocamento. O experimento foi dividido em dois grupos: um grupo praticava com a
mão preferida e era avaliado com a mão não preferida e o outro grupo era feito o
tratamento inverso. Não foi verificado efeito de transferência interlateral de
aprendizagem, o que pode ser explicado pelo fato da tarefa ser simples e não
envolver aspectos cognitivos. No entanto, se não há aspectos cognitivos a serem
aprendidos na tarefa, seria esperado uma aprendizagem apenas do membro que
realizou a prática.
As explicações baseadas no compartilhamento de redes neurais são
fundamentadas na transmissão de informações que ocorrem entre os hemisférios
cerebrais por meio do corpo caloso, além de outras conexões em níveis inferiores do
sistema nervoso central. O corpo caloso conecta-se entre os dois hemisférios, ele
promove a integração de funcionamento neural entre os dois lados. Através desta
conexão, é possível que o produto processado em um dos hemisférios cerebrais
seja transmitido para o hemisfério contalateral (TAYLOR; HEILMAN, 1980 apud
TEIXEIRA, 2001). Desta forma, ainda que uma tarefa assimétrica fosse praticada por
apenas um determinado lado do corpo, poderia haver estimulação das áreas
motoras contra-laterais responsáveis pelo movimento. Assim, o outro lado também
poderia se beneficiar da prática do membro contra-lateral, ainda que não realize a
prática motora efetivamente.
Outra forma de explicar a transferência interlateral pode ser realizada por
meio do fato de que o programa motor utilizado em uma habilidade é compartilhado
pelos dois lados do corpo (SCHMIDT, 1975 apud MAGILL, 2000). Assim, apenas os
esquemas motores teriam que se adequar às especificidades do hemisfério corporal
que não realizou a prática específica durante a tarefa. Esta abordagem tenta explicar
a capacidade de uma pessoa em escrever seu nome segurando a caneta com a
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20
mão preferida ou com outro membro e obter o mesmo padrão de movimento para os
dois membros (MAGILL, 2000). Estas três explicações têm auxiliado no
entendimento destes mecanismos compensatórios de desempenho entre os
hemisférios corporais.
Mesmo com estes mecanismos compensatórios, ainda não é conhecido em
qual sentido ocorre maior transferência interlateral, do lado preferido para o não
preferido ou do lado não preferido para o lado preferido. Por exemplo, no estudo de
Wang e Sainburg (2004), estes autores demonstraram que a prática com o membro
preferido, apresentou melhor transferência do lado preferido para o lado não
preferido em uma tarefa de sair de um círculo em direção ao alvo em uma linha reta
o mais rápido possível. Pinho e colaboradores (2007) também demonstraram que,
na tarefa de soltar uma chave pressionada e transportar duas bolas de tênis em
sequência pré-determinada entre quatro recipientes, houve melhor transferência no
sentido preferido para não preferido. No entanto, Kumar e Mandal (2004), em tarefa
de contornar uma figura de estrela em um aparelho de desenho-espelho,
apresentaram melhor transferência no sentido não-preferido para preferido. Pinho e
colaboradores (2007) também demonstraram que a prática em tarefa de digitação de
uma sequência de teclas pré-determinadas apresentou melhor transferência do lado
não preferido para o preferido. Por conseguinte, ainda não é possível concluir em
que direção ocorre melhor transferência de aprendizado. Assim, mais estudos são
necessários para investigar qual o melhor sentido de transferência de aprendizado.
2.4 Controle postural
Para manter a postura ereta é necessário o envolvimento de coordenação e
controle dos segmentos corporais com os outros segmentos do corpo e com o
ambiente (HORAK; MACPHERSON, 1996; BARELA, 2000). Deste modo, a postura
é o alinhamento biomecânico do corpo e a orientação do corpo em relação ao
ambiente (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOT, 2003).
A capacidade de controlar a posição do corpo no espaço surge da interação
entre os sistemas musculoesqueléticos e neurais, denominados sistemas de controle
postural (HORAK; MACPHERSON,1996; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOT, 2003).
Sendo assim, o controle postural envolve o controle da posição do corpo no espaço
com dois objetivos principais: equilíbrio postural e orientação postural, o qual varia
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de acordo com a tarefa e o ambiente (HORAK; MACPHERSON,1996; SHUMWAY-
COOK; WOOLLACOT, 2003; HORAK, 2006).
Horak e Macpherson (1996) definem o equilíbrio postural como o estado
em que todas as forças atuando no corpo estejam equilibradas, de modo que o
corpo fique na orientação e posição final desejada (equilíbrio estático) ou possa se
mover de forma controlada (equilíbrio dinâmico). De acordo com Horak (2006) a
orientação postural envolve o controle ativo do alinhamento corporal em relação a
gravidade, base de apoio, ambiente visual e referências internas, utilizando
referências sensórias para cada uma dessas relações: sistema vestibular, sistema
somatossensitivo e sistema visual. Deste modo, estas informações sensoriais são
necessárias para a regulação do equilíbrio do corpo (DUARTE, 2000; BARELA,
2000). Portanto, o sucesso do controle postural depende da flexibilidade e
adaptação da organização sensorial e das estratégias de manutenção do equilíbrio
(CARVALHO; ALMEIDA, 2008).
O sistema sensorial visual nos informa sobre forma, tamanho, cor, posição e
movimento de tudo que está em nossa volta (TEIXEIRA, 2006; MOCHIZUKI;
AMADIO, 2006). Sendo assim, a visão permite antecipar movimento de objetos,
como a trajetória e a velocidade de uma bola que se aproxima e auxiliar na detecção
de aspectos espaciais e temporais de movimentos realizados no ambiente, como
saltar uma cerca (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). No entanto, no controle postural a
informação visual é utilizada para estimar a oscilação corporal e produzir atividade
antecipatória, com objetivo de diminuir a oscilação corporal (BARELA; POLASTRI;
GODÓI, 2000).
O sistema somatossensorial é diferente dos outros sistemas sensoriais
porque seus receptores estão pelo corpo todo e não concentrados em locais
especializados do corpo humano. Além disso, responde a diferentes tipos de
estímulos, como: toque, temperatura, posição do corpo e dor, denominados
receptores cutâneos. Além dos receptores cutâneos temos os receptores
proprioceptivos que respondem sobre onde o corpo está no espaço, à direção e
intensidade do movimento, o qual os fusos musculares informam sobre intensidade
de alongamento e taxa de alongamento do músculo e os órgãos tendinosos de Golgi
informam sobre o nível de força gerado pelo músculo em um tendão (MOCHIZUKI;
AMADIO, 2006; SCHMIDT; WRISBERG, 2010).
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Estas informações somatossensoriais informam ao sistema nervoso não
somente a qualidade da base de suporte (BS), como o comprimento e a largura se
ela é escorregadia, mas também sobre a força que o corpo exerce contra esta BS
(HORAK; MACPHERSON, 1996).
O aparelho vestibular está localizado no ouvido interno, constituídos por
canais semicirculares que detecta movimentos da cabeça (aceleração e
desaceleração angular ou rotatória) e órgãos otolíticos sensível à sua orientação em
relação à gravidade e também respondendo à aceleração linear da cabeça e sua
inclinação. Deste modo, as informações fornecidas pelo sistema vestibular é uma
fonte importante para a postura e o equilíbrio (SCHMIDT; WRISBERG, 2010;
TEIXEIRA, 2006; SHUMWAY-COOK; WOOLLLACOTT, 2003).
2.5 Equilíbrio Postural
A capacidade de manter o equilíbrio postural é um pré-requisito para a
execução de muitas atividades da vida diária, o que se torna fundamental no
relacionamento espacial do homem com o ambiente (SOUSA et al. 2010). A postura
e o equilíbrio apresentam capacidades tanto de recuperar a instabilidade como a
habilidade de antecipar e mover-se para não gerar a instabilidade (SHUMWAY-
COOK; WOOLLACOT, 2003)
Um objeto é considerado estável quando o centro de massa (COM) é
mantido sobre sua base de suporte (BS). Com isso, o COM é definido como o ponto
do centro total da massa corpórea, determinado pela média do peso do COM de
cada segmento do corpo, e a BS é a área do objeto que está em contato com a
superfície de base. Portanto, o equilíbrio é a capacidade de manter o COM projetado
dentro dos limites da BS, denominados limites de estabilidade (SHUMWAY-COOK;
WOOLLACOT, 2003).
O equilíbrio por sua vez, é uma complexa interação entre o sistema sensorial
e o mecanismo motor (BARELA, 2000; DUARTE, 2000; SOUSA et al. 2010;
FREITAS; BARELA, 2006), o qual pode prevenir o risco de quedas. Quando ocorre
uma alteração visual, somatossensorial ou vestibular surgem alterações que
caracterizam o desequilíbrio (SOUSA et al. 2010; FREITAS; BARELA, 2006). As
alterações especialmente nos sistemas visual, somatossensorial, vestibular e
músculo-esquelético, podem alterar a capacidade da manutenção do controle
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postural, predispondo a quedas, o qual é o principal problema advindo da diminuição
do controle postural (ALFIERE; MORAES, 2008; MANN et al. 2007).
A informação sensorial e o mecanismo motor são utilizados pelo sistema de
controle postural, formando um ciclo de percepção-ação. Este ciclo ocorre utilizando
uma estratégia de feedforward, com isso a informação sensorial é utilizada para
estimar a oscilação corporal, e então, é utilizada para produzir ajustes posturais
antecipatórios com o objetivo de minimizar a oscilação corporal. Deste modo, a
informação sensorial e o mecanismo motor estão entrelaçados com o objetivo de
atingir ou manter o equilíbrio e a orientação postural (BARELA, 2000).
O equilíbrio é alcançado quando gera momentos de força sobre as
articulações do corpo para neutralizar o efeito da gravidade ou qualquer outra
perturbação em um processo contínuo e dinâmico durante a permanência em
determinada postura (Duarte, 2000). Portanto, um corpo está em equilíbrio quando a
somatória de todas as forças (F) e momentos de força (M) agindo sobre ele é igual a
zero. Sendo classificadas em força externa e interna. As forças externas que atuam
sobre o corpo humano são: a força de gravidade e a força de reação do solo
atuando sobre os pés. As forças internas são: perturbações fisiológicas como o
batimento cardíaco e a respiração ou geradas pelos músculos responsáveis pela
manutenção da postura e realização de movimentos do próprio corpo (FREITAS;
DUARTE, 2006). O equilíbrio postural é alcançado por meio do acoplamento
funcional de grupos de músculos (sinergia) que agem em conjunto, como unidade, o
que simplifica as demandas de controle sobre o sistema nervoso central (SNC). As
sinergias musculares apresentam estratégias para estabilidade ântero-posterior e
médio-lateral, tais como: estratégia do tornozelo, quadril e do passo para o controle
da postura (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOT, 2003).
A estratégia do tornozelo e sua sinergia estão entre os primeiros padrões
para o controle da inclinação da postura ereta. Esta estratégia restaura a posição de
equilíbrio do COM, por meio de um movimento corpóreo centralizado, principalmente
nas suas articulações. Assim, a estratégia do tornozelo parece ser mais utilizada
quando as situações em que a perturbação do equilíbrio é menor e a BS é firme
(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOT, 2003), atuando no controle do pêndulo invertido
(WINTER, PATLA, A. E; FRANK, 1990). Esta estratégia controla o movimento do
COM em relação aos movimentos realizados nas articulações do quadril, sendo
estes movimentos amplos e rápidos, com rotação antifase dos tornozelos. A
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atividade muscular sinérgica está associada à estratégia do quadril, a qual começa
no abdome, e em seguida, pela ativação do quadríceps (SHUMWAY-COOK;
WOOLLACOT, 2003). Quando as estratégias do tornozelo e do quadril são
insuficientes para recuperar o equilíbrio, é usada a estratégia do passo para que
alinhe novamente a BS sob o COM. Assim, as informações dos padrões de ativação
de músculos e dos movimentos corpóreos podem fornecer dados das estratégias do
controle motor para retornar ao equilíbrio (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOT, 2003).
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3 MÉTODOS
3.1 Caracterização do Estudo
Este estudo foi uma pesquisa de campo com caráter experimental
transversal.
3.2 Amostra
A amostra foi composta por 30 estudantes da Universidade Estadual de
Londrina, de ambos os sexos, com idade entre 18 – 33 anos. Eles foram divididos
aleatoriamente em dois grupos com 15 participantes cada, balanceando o fator sexo.
Um grupo realizou prática somente com o pé direito (GD) e o outro grupo realizou a
prática somente com o pé esquerdo (GE). Foram analisados apenas participantes
destros, segundo o IPLAG-C (Inventário de Preferência Lateral Global; OKAZAKI;
MARIM; LAFASSE, 2010) que analisa membros inferiores. Não participaram do
estudo os indivíduos que apresentaram impossibilidade de realizar as tarefas
propostas ou fadiga muscular.
Os participantes foram esclarecidos sobre a proposta do estudo e
procedimento experimental, aos quais, assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido para a participação no experimento. Este estudo foi submetido à
aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina,
de acordo com as normas da Resolução 196/96 do conselho Nacional de Saúde
sobre pesquisas envolvendo seres humanos.
3.3 Local
O estudo foi realizado no laboratório do Grupo de Estudos e Pesquisa em
Desenvolvimento e Aprendizagem Motora – GEPEDAM, no CEFE, na Universidade
Estadual de Londrina, Londrina – Paraná.
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3.4 Instrumentos/equipamentos e tarefa
Para analisar a preferência lateral foi utilizado o IPLAG – C de Okazaki,
Marim e Lafasse (2010) que analisa a preferência lateral de membros inferiores em
tarefas do cotidiano nas formas teórico e prática, sendo aleatorizado para cada
participante. Para o IPLAG-C teórico os participantes responderam uma vez ao
software IPLAG-C de Okazaki (2010), conforme as respostas eles eram classificados
como: (1) fortemente canhoto, (2) canhoto moderado, (3) indiferente, (4) destro
moderado e (5) fortemente destro. Para o IPLAG-C prático, os participantes tinham
que realizar 4 tentativas para cada tarefa proposta, juntamente com a tarefa
específica em que o participante realizou no estudo. A partir destas tentativas
realizadas, foi classificada a preferência lateral em função da utilização dos lados da
seguinte forma: se as 4 tentativas fossem realizadas com o lado direito eram
classificados como fortemente destro, se somente 3 tentativas fossem realizadas
com o lado direito e uma com o lado esquerdo eram classificados como destro
moderado, se realizassem a prática sendo 2 tentativas para o lado direito e 2
tentativas para o lado esquerdo seriam indiferente e se realizassem 3 tentativas com
o lado esquerdo e uma 1 tentativa com o lado direito eram classificados como
canhoto moderado e 4 tentativas com o lado esquerdo seriam fortemente canhoto.
Antes de todas as fases de teste do estudo (pré-teste, pós-teste e retenção) foi
questionada aos participantes sua preferência lateral específica para realizar a tarefa
de equilíbrio podal (tarefa praticada). Os participantes responderam, com as
mesmas possibilidades de respostas apresentadas pelo IPLAG, a saber: sempre
direita (5 pontos), maioria direita (4 pontos), indiferente/neutra (3 pontos), maioria
esquerda (2 pontos) e sempre esquerda (1 ponto).
Para analisar o equilíbrio dinâmico foi utilizada uma Plataforma de Equilíbrio
Dinâmico de Okazaki (2010), a qual, consiste em uma prancha de madeira com 40
cm de comprimento por 40 cm de largura com altura de 1,5 cm, sustentada por uma
base semi-circular colocada abaixo e centralmente na prancha de madeira, contendo
4,4 cm de altura, com 2,4 cm de largura e 2,2 cm de raio. Nas suas laterais são
acoplados sensores eletrônicos para mensurar as variáveis relativas ao equilíbrio
dinâmico, por meio da ligação realizada com o adaptador analógico-digital (Análog-
Digital for laboratory task (v.1.5) de Okazaki (2009) com um software de Okazaki,
Dynamic Balance Task (v.1.0) 2010 que coletou dados do tempo de equilíbrio sobre
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a plataforma e o número de erros, este software foi utilizado através de um
computador portátil.
Figura 1. Plataforma de Equilíbrio Dinâmico de Okazaki (2010)
Figura 2. Plataforma de Equilíbrio Dinâmico de Okazaki (2010)
3.5 Procedimento experimental
Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
para a participação do estudo. Após, os indivíduos foram submetidos ao inventário
de preferência lateral que foi proposto. Feita a análise da preferência lateral os
indivíduos foram divididos aleatoriamente em dois grupos: GD e GE.
Os participantes se colocaram em frente à Plataforma de Equilíbrio Dinâmico
para iniciar cada teste, todos os participantes subiram na plataforma quando a borda
posterior da plataforma estava tocando o solo. Para a posição com os pés paralelos,
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28
todos subiram primeiro com o pé direito e após o esquerdo para padronização dos
testes. Em todas as posições os participantes colocaram os braços cruzados nos
ombros, estavam descalços, olhando em um ponto fixo com 2 metros de distância da
plataforma e na direção ântero-posterior da plataforma. O início do teste começou
quando o participante estava na plataforma e um comando de voz foi fornecido,
sendo que foi contabilizado a partir do momento em que o sensor saiu do solo, e
terminou quando o tempo estipulado acabou.
O estudo contou com 4 fases: pré-teste, aquisição, pós-teste, retenção após
48 horas e retenção após uma semana. Os dois grupos passaram pela
familiarização de 1 tentativa com 10 segundos de duração nas três posições de
teste, a saber: somente pé direito, somente pé esquerdo e pés paralelos
aproximadamente na largura dos ombros, sendo aleatorizados. A fase de pré-teste
contou com 3 tentativas de 10 segundos cada. A fase de aquisição contou com a
prática de 10 blocos com 6 tentativas e 10 segundos com apenas um dos pés, com
um intervalo de 3 minutos entre os blocos (o GD realizou a prática com o pé direito e
o GE realizou a prática com o pé esquerdo). Após 10 minutos da fase de aquisição,
os participantes realizaram o pós-teste de 3 tentativas com 10 segundos cada e por
fim, realizaram a retenção com 3 tentativas de 10 segundos cada após 48 horas e
após uma semana. Nas fases, pré-teste, pós-teste e retenção foi realizada as 3
posições que realizaram na familiarização: pé direito, pé esquerdo e pés paralelos
aproximadamente na largura dos ombros, sendo estes aleatorizados para cada
participante.
Figura 3. Participante realizando a tarefa de equilíbrio na Plataforma de Equilíbrio
Dinâmico com os dois pés.
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Figura 4. Participante realizando a tarefa de equilíbrio na Plataforma de Equilíbrio
Dinâmico com o pé direito.
Figura 5. Participante realizando a tarefa de equilíbrio na Plataforma de Equilíbrio
Dinâmico com o pé esquerdo.
3.6 Variáveis de estudo
As fases de teste (pré-teste, pós-teste e retenção), as condições de testes
(pé direito, pé esquerdo e pés paralelos) e os grupos (prática com o pé direito e
prática com o pé esquerdo) foram às variáveis independentes do estudo. Como
variáveis dependentes o estudo apresentou: o tempo absoluto em equilíbrio, número
total de toques no solo e a preferência lateral. Abaixo, segue a descrição da
definição de cada variável dependente:
(a) Tempo absoluto em equilíbrio (TAE) – Tempo total (em segundos) em situação
de equilíbrio (sem que os sensores das bordas laterais da plataforma toque o solo);
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30
(b) Número total de toques no solo (NT) – número total de toques das bordas,
anterior e posterior;
(c) Preferência lateral – será classificada em: (1) fortemente canhoto, (2) canhoto
moderado, (3) indiferente, (4) destro moderado e (5) fortemente destro.
3.7 Análise estatística
A análise estatística foi realizada no programa Statistics 8.0. A estatística
descritiva analisou os dados por meio de média e de desvio padrão. O teste de
ANOVA com três fatores foi utilizado para as variáveis dependentes paramétricas, 4
(Fases de testes: pré-teste, pó-teste, retenção após 48 horas e retenção após uma
semana) x 3 (Condições de testes: pé direito, pé esquerdo e pés paralelos) x 2
(Grupos: prática com o pé direito e prática com o pé esquerdo). As comparações
posteriores foram realizadas pelo teste de Bonferroni. O teste de Friedman foi
utilizado para a variável dependente de preferência lateral na tarefa de equilíbrio. As
comparações posteriores foram realizadas pelo teste de Wilcoxon. O nível de
significância adotado foi de P < 0,05.
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31
4 RESULTADOS
Os resultados mostraram que o GD, que praticou com o pé direito, não mudou
a preferência lateral (X2f(n=15,gl=3)= 1,41; P=0,702). Por outro lado, o GE, que praticou
com o pé esquerdo, apresentou efeito principal do fator fase (X2f(n=15,gl=3)=24,13;
P<0,001), em que a preferência lateral deste grupo mudou de “destro moderado”,
nas fases de pré-teste e pós-teste, para “indiferente”(ambidestria) nas fases de
retenção após 48 horas (P<0,05) e retenção após uma semana (P<0,05).
Figura 6. Preferência lateral (mediana e amplitude) dos grupos analisados (pé que
praticou) em função das fases de teste.
Legenda: diferença significativa (P<0,05), para o mesmo grupo, quando comparada à preferência com
a fase de teste apré-teste,
bpós-teste,
cretenção após 48 hr e
dretenção após uma semana.
A variável TAE não demonstrou efeito principal para o fator grupo
(F1,28=1,36; P=0,254) e fator pé (F2,56=1,33; P=0,272). O fator fase demonstrou
efeito principal (F3,84=24,63; P<0,001) para a variável TAE, em que houve aumento
no tempo de equilíbrio no pós-teste, retenção após 48 horas e retenção após uma
semana, em comparação com o pré-teste (P<0,05) e na retenção após uma
semana, em comparação ao pós-teste (P<0,05). Por conseguinte, foi demonstrada a
aprendizagem dos grupos.
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A interação entre o fator pé, fase e grupo apresentou diferença (F6,168=3,09;
P<0,006). Em que, o GD analisado com o pé direito apresentou menor tempo de
equilíbrio no pré-teste, em comparação ao pós-teste, retenção após 48 horas e
retenção após uma semana (P<0,05). No GE quando analisado o pé esquerdo
houve aumento no tempo de equilíbrio na fase de pós-teste, retenção após 48 horas
e retenção após uma semana, em comparação com o pré-teste (P<0,05), assim,
este achado proporciona inferências de melhora no desempenho e da
aprendizagem. Esses resultados demonstram indicativos do aperfeiçoamento do
desempenho e da aprendizagem para ambos os grupos (figura 7).
Figura 7. Tempo Absoluto de Equilíbrio (média e desvio padrão) dos grupos
analisados para o pé que realizou a prática em função das fases de teste.
Legenda: diferença (P<0,05) quando comparada à fase de apré-teste,
bpós-teste,
cretenção após 48
hr e dretenção.
No GD analisado com o pé que não praticou (esquerdo) o tempo de
equilíbrio foi menor no pré-teste, em comparação à retenção após 48 horas e à
retenção após uma semana (P<0,05) e no pós-teste, em comparação a retenção
após uma semana (P<0,05). A análise do GE, no pé que não realizou a prática
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33
(direito), na fase de pré-teste, apresentou menor tempo de equilíbrio, em
comparação às fases de retenção após 48 horas e retenção após uma semana
(P<0,05). Estes resultados em conjunto sugerem que ambos os grupos
apresentaram a transferência interlateral de aprendizagem (figura 8).
Quando analisado o GD, com base utilizando ambos os pés, o tempo de
equilíbrio também foi menor no pré-teste, em comparação à retenção após uma
semana (P<0,05). Também foi encontrado maior tempo de equilíbrio nas fases de
retenção após 48 horas e retenção após uma semana, em comparação a fase de
pré-teste (P<0,05) e na fase de retenção após 48 horas, em comparação ao pós-
teste (P<0,05) para o GE quando analisado na condição de base com ambos os pés.
Estes resultados apontam para a transferência intertarefas para ambos os grupos
(figura 9).
Figura 8. Tempo Absoluto de Equilíbrio (média e desvio padrão) dos grupos
analisados do lado de transferência (pé que não realizou a prática) em função das
fases de teste.
Legenda: diferença (P<0,05) quando comparada à fase de apré-teste,
bpós-teste,
cretenção após 48
hr e dretenção.
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34
Figura 9. Tempo Absoluto de Equilíbrio (média e desvio padrão) dos grupos
analisados do lado de transferência (os dois pés que não realizaram a prática) em
função das fases de teste.
Legenda: diferença (P<0,05) quando comparada à fase de apré-teste,
bpós-teste,
cretenção após 48
hr e dretenção.
A análise da variável NT não demonstrou significância para o fator grupo
(F1,28=0,01; P=0,900), fator pé (F2,56=1,54; P=0,222) e interação entre o fator pé, fase
e grupo (F,6,168=2,11; P=0,054). Para o fator fase foi verificado efeito principal
(F3,84=4,53; P<0,005), no qual, foi encontrado menor número de toques nas fases de
retenção após 48 horas e retenção após uma semana, em comparação ao pré-teste
(P<0,05), isto é, indicando a aprendizagem independente do grupo e do pé utilizada
como base de apoio. As figuras 10, 11 e 12 apresentam respectivamente os valores
de NT (média e desvios padrão) para a base com o pé de prática, o pé de
transferência (que não realizou a prática) e ambos os pés (transferência
intertarefas).
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Figura 10. Número total de toques da borda da plataforma no solo (média e desvio
padrão) dos grupos analisados com pé de prática em função das fases de teste.
Figura 11. Número total de toques da borda da plataforma no solo (média e desvio
padrão) dos grupos analisados do lado de transferência (pé que não realizou a
prática) em função das fases de teste.
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Figura 12. Número total de toques no solo (média e desvio padrão) dos grupos
analisados do lado de transferência (os dois pés que não realizaram a prática) em
função das fases de teste.
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5 DISCUSSÃO
O presente estudo analisou a preferência lateral e a transferência interlateral
em tarefa de equilíbrio dinâmico. Para facilitar a organização da discussão da
presente sessão, os resultados foram analisados separadamente para a análise da
preferência lateral e para a transferência interlateral de aprendizagem.
5.1 Preferência lateral
O presente estudo analisou o efeito da prática sobre a preferência lateral e
transferência interlateral em tarefa de equilíbrio dinâmico. Para tanto, a preferência
lateral foi analisada por meio do Inventário de Preferência Lateral Global (IPLAG-C),
que analisa a preferência lateral de tarefas motoras do cotidiano para membros
inferiores.
A prática com o pé não preferido modificou a preferência lateral dos
participantes de destro moderado para indiferente. Tais resultados corroboram com
estudos que também demonstraram mudança na preferência lateral, em função da
prática específica com um determinado lado. Por exemplo, Teixeira e Teixeira (2007)
demonstraram que os participantes alteraram a preferência lateral de fortemente
destro para canhoto moderado na tarefa de sequenciamento de toques de dedos.
Teixeira e Okazaki (2007) demonstraram alteração da preferência lateral de
fortemente destro para indiferente, também em uma tarefa de sequenciamento de
toques de dedos. Em outro estudo envolvendo a tarefa de toques de dedos
conduzida por Faquin e Okazaki (2009) também foi demonstrado a mudança da
preferência de fortemente destro para indiferente devido à prática unilateral. Candido
e Okazaki (2009) demonstraram que a preferência lateral pode ser alterada após a
prática de uma tarefa de rastreamento da mão preferida (direita) para indiferente
(ambidestria). Outros estudos como o de Silva e Freitas (2009) com crianças destras
de 3 e 4 anos, também demonstraram mudança na preferência lateral da mão direita
para a mão esquerda em tarefa de alcançar e agarrar.
Estes estudos demonstraram que a lateralidade é um componente dinâmico
do comportamento motor (TEIXEIRA; OKAZAKI, 2007; TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2007).
Assim, a formação da preferência lateral pode estar associada a fatores como: a
prática (as repetições específicas da tarefa), segurança/confiança (adquirida com a
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38
prática), eficiência no desempenho (não apenas na eficácia) e experiência geral
(experiência adquirida ao longo do tempo com um determinado lado) (FAQUIN;
OKAZAKI, 2009).
No presente estudo, para os participantes que praticaram com o pé preferido
a preferência lateral não foi alterada. Corroborando com os resultados de Teixeira
(2007), em uma tarefa de chute de potência do futebol com participantes destros, no
qual, os participantes demonstraram consistência pela perna direita em tarefas de
mobilização. Os autores concluíram que a preferência podal pode estar relacionada
ao tipo de tarefa e ao efeito acumulativo da prática ao longo dos anos.
As hipóteses levantadas foram que, a prática específica com o pé não
preferido mudaria a preferência lateral e que a prática específica com o pé preferido
não mudaria a preferência lateral do pé preferido. Portanto, com base nos resultados
obtidos, estas hipóteses foram confirmadas. Uma vez que, os participantes que
praticaram com o membro preferido, conservaram sua preferência em todas as fases
de teste, e os participantes que praticaram com o membro não preferido mudaram
sua preferência de destro moderado para indiferente.
5.2 Transferência interlateral de aprendizagem
A prática realizada no presente estudo proporcionou a aprendizagem após a
fase de aquisição para ambos os grupos, ou seja, os grupos aprenderam
independentemente da prática específica com o lado preferido ou não preferido.
Além disso, em ambos os grupos houve um aumento no desempenho do lado
contra-lateral homólogo (membro que permaneceu em repouso durante a aquisição)
no teste de transferência interlateral. Desta forma, os resultados demonstraram que
ambos os grupos apresentaram transferência interlateral de aprendizagem. Tais
resultados foram explicados por meio da teoria de transferência dos elementos
cognitivos (THORNDIKE, 1914), citado por (MAGILL, 2000) pelo compartilhamento
de redes neurais (TAYLOR; HEILMAN, 1980) citado por (TEIXEIRA, 2001) e pela
utilização comum aos lados de representações do movimento por meio dos
programas motores generalizados (SCHMIDT, 1975) citado por (MAGILL, 2000).
A prática unilateral pode ter levado a uma transferência dos elementos
cognitivos que fizeram parte da tarefa aprendida de equilíbrio dinâmico, permitindo
que os elementos cognitivos fossem relacionados às metas („como fazer‟) e aos
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39
objetivos („o que fazer‟) da tarefa. Deste modo, a prática com um determinado lado
possibilitou ao aprendiz ter experiência procedimental que garantiu vantagem ao
desempenhar a tarefa com o lado contra-lateral ou com a nova tarefa (base com
ambos os pés). O compartilhamento de redes neurais foi outro fator que pode ser
utilizado para explicar tais resultados, nos quais seria possível realizar a
transferência de informações entre os hemisférios cerebrais, por meio do corpo
caloso e por conexões em níveis inferiores do sistema nervoso central (TAYLOR;
HEILMAN, 1980) citado por (TEIXEIRA, 2001). De fato, a possibilidade em
aproveitar a informação transposta de um dos lados do corpo para o outro tem sido
verificada por meio da ativação contra-lateral em situações de aprendizagem
(TEIXEIRA, 2006). Por exemplo, Davis (1942) constatou a existência de atividade
eletromiográfica nos quatro membros corporais quando um deles desempenhavam
um movimento, no qual, a maior parte da atividade eletromiográfica ocorreu para o
membro contra-lateral homólogo, seguida por uma redução de ativação para o
membro ipsilateral e uma ativação mais reduzida ocorreu para o membro diagonal.
A transferência de aprendizado também pode ser explicada pela utilização do
mesmo programa motor generalizado para realizar a ação. Considerando que a
prática fortalece a representação de um determinado programa motor generalizado
(GONÇALVES et al., 2007), quando é necessário realizar a tarefa com o membro
contra-lateral, esse membro, por sua vez, também utilizaria a mesma representação
fortalecida, necessitando apenas ajustar os parâmetros de controle no movimento
como visto no trabalho de Schmidt (1975) Por conseguinte, estas três explicações
podem auxiliar no entendimento destes mecanismos compensatórios de
desempenho entre os hemisférios corporais que permitiram a transferência
interlateral de aprendizagem para ambos os grupos.
Contrapondo os resultados do presente estudo, alguns pesquisadores não
têm verificado a transferência interlateral de aprendizagem. Karni e colaboradores
(1995) analisaram as modificações corticais durante a prática de toques sequenciais
rápidos repetidos de dedos, por meio de ressonância magnética e de modificações
comportamentais no desempenho da tarefa. Estes autores demonstraram apenas
que o ganho de desempenho foi específico à mão de prática, ou seja, sem a
manifestação da transferência de aprendizado. Teixeira (1993) também não
encontrou efeito da transferência interlateral em tarefa de impulsionar um pequeno
disco com o dedo indicador em direção a um alvo espacial horizontal. Este autor
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40
propõe que a transferência de aprendizagem ocorreria, principalmente, em situações
nas quais há maior demanda cognitivas ou perceptivas nos elementos a serem
aprendidos na tarefa (TEIXEIRA, 1993). Faquin e colaboradores (2011) também não
verificaram a transferência interlateral em tarefa de arremesso de dardo de salão em
direção a um alvo. Estes autores sugeriram que, para que a transferência interlateral
ocorresse, seria necessário haver grande melhora no desempenho e no aprendizado
do lado que realizou a prática, pois apenas uma pequena parte dos elementos
aprendidos seriam transferidos para o membro contra-lateral (FAQUIN et al., 2011).
Apesar desta ausência no efeito da transferência interlateral nos estudos acima
citados, a tarefa do presente estudo parece possuir também uma importante
característica perceptivo-motora (ou percepção-ação) que demanda do aprendiz
acoplar suas respostas à percepção de equilíbrio-desequilíbrio proporcionado pela
perturbação imposta pela plataforma instável. Deste modo, atendendo à
característica acima citada por Teixeira (1993). Também, a prática fornecida no
presente estudo pareceu ter sido suficiente para garantir a melhora no desempenho
e no aprendizado sugerida por Faquin e colaboradores (2011). Assim, permitindo
que quantidade expressiva de transferência interlateral e intertarefa ocorresse.
A transferência de aprendizado, no presente estudo, ocorreu de forma
simétrica. Isto é, a magnitude de transferência foi igual para ambos os sentidos (do
lado preferido para o não preferido e do lado não preferido para o preferido).
Portanto, a hipótese de que a transferência interlateral de aprendizagem teria maior
magnitude na transferência do lado não preferido para o lado preferido foi refutada.
Os resultados do presente estudo, também divergem dos estudos encontrados na
literatura que analisaram a magnitude do sentido da transferência lateral.
Wang e Sainburg (2004) mostraram que apenas a prática com o membro
preferido, na tarefa de sair de um círculo em direção ao alvo em uma linha reta o
mais rápido possível, apresentou melhora na transferência para o lado não preferido.
Por outro lado, Kumar e Mandal (2005) apresentaram melhor transferência
interlateral do lado não preferido para o preferido, em tarefa de contornar uma figura
de estrela com seis pontas por meio de um aparelho que utiliza a imagem invertida
com um espelho. Pinho e colaboradores (2007) demonstraram transferência de
aprendizado do lado não preferido para o preferido em tarefa de digitar uma
sequência de teclas pré-determinadas; e, transferência de aprendizado do lado
preferido para o não preferido em uma tarefa de soltar uma chave pressionada e
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41
transportar duas bolas de tênis em uma sequência pré-determinada entre quatro
recipientes. Os resultados do presente estudo, e dos estudos acima citados, foram
explicados pelo fato da transferência de aprendizado, ou de sua magnitude, ser
influenciada pela restrição da tarefa praticada (STODDARD; VAID, 1996).
Stoddard e Vaid (1996) analisaram a transferência de aprendizado, por meio
de uma tarefa de rastreamento de uma trilha com uma das mãos. Estes autores
utilizaram diferentes tarefas com pequenas modificações entre elas, tais como: a
utilização de um percurso idêntico ao da prática, um percurso com formato
espelhado e um percurso invertido no eixo vertical (de cabeça para baixo). Foram
verificados melhores índices de transferência interlateral de aprendizagem no
sentido da mão preferida para a não preferida quando o percurso foi idêntico ou
invertido no eixo vertical. Ao passo que, a transferência interlateral de aprendizagem
na direção oposta foi expressivamente maior na direção contraria. Isto é, da mão
não preferida para a preferida, quando foi empregada um percurso espacialmente
invertido. Portanto, esses estudos reforçam a noção de que a transferência
interlateral de aprendizagem não é uma característica universal entre as diferentes
tarefas motoras (TEIXEIRA, 2001).
Estes estudos demonstraram que ocorre maior magnitude de transferência
interlateral de aprendizagem do lado preferido para o não preferido ou vice-versa. Os
resultados do presente estudo mostraram que esta transferência interlateral é
indiferente em ralação à magnitude de direção da transferência, o que pode levar
profissionais de Educação Física, Esporte e Reabilitação a iniciar a prática com o
lado preferido ou com o lado não preferido, pois, qualquer lado que inicie esta
prática irá transferir o conhecimento aprendido para o lado que não realizou a
prática.
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6 CONCLUSÃO
A prática com o membro não preferido foi capaz de mudar a preferência
lateral de destro moderado para indiferente (ambidestria) e a prática com o membro
preferido manteve a preferência lateral (destria). Deste modo, a mudança da
preferência lateral, em função da prática específica pode ser utilizada para evitar
lesão por esforço repetitivo no esporte, em tarefas do cotidiano e no trabalho. Além
disso, a preferência lateral indiferente também pode ser uma vantagem no esporte,
pois um atleta ambidestro tem um maior repertório motor no jogo, tanto para defesa
quanto para o ataque.
A transferência interlateral de aprendizagem foi verificada para ambos os
sentidos, ou seja, do lado preferido para o não preferido e do lado não preferido para
o lado preferido. Portanto, a transferência de aprendizagem foi explicada pelos
mecanismos compensatórios que previnem um desenvolvimento motor unilateral,
conforme as habilidades motoras são praticadas. A transferência interlateral
simétrica verificada no presente estudo foi explicada pelas restrição específica da
tarefa utilizada.
Foram sugeridos mais estudos que investiguem o efeito de diferentes
restrições da tarefa sobre a magnitude da transferência interlateral entre o lado
preferido e não preferido.
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ANEXO 01
Questionário de preferência podal específico 1 – Qual a sua preferência podal para realizar a tarefa de equilíbrio dinâmico?
1) Sempre esquerdo
2) Maioria das vezes esquerda
3) Indiferente
4) Maioria das vezes direito
5) Sempre direito
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ANEXO 02
TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO Responsáveis: Kelyn Rosinholi Mathias
Prof. Dr. Victor Hugo Alves Okazaki
Este é um convite especial para você participar voluntariamente do estudo: “O EFEITO DA PRÁTICA SOBRE PREFEÊNCIA LATERAL E TRANSFERENCIA INTERLATERAL NO EQUILÍBRIO DINÂMICO”. Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes de dar seu consentimento para participar do estudo. Qualquer dúvida pode ser esclarecida diretamente com a pesquisadora Kelyn Rosinholi Mathias ou entre em contato através do telefone 88099105. OBJETIVO E BENEFÍCIOS DO ESTUDO
Este estudo analisará o efeito da prática sobre a preferência lateral podal e transferência interlateral sobre uma plataforma de equilíbrio dinâmico. Podendo auxiliar o Profissional de Educação Física, Esporte e Reabilitação, a decidir com qual membro o aprendiz terá maior benefício realizando sua prática primeiro. O benefício que a prática unipodal possuirá sobre a melhora do equilíbrio dinâmico.
PROCEDIMENTOS
O participante terá que realizar um pré-teste de 3 tentativas de 10 segundos em uma plataforma de equilíbrio dinâmico nas diferentes posições: apenas pé direito, apenas pé esquerdo e pés paralelos aproximadamente na largura dos ombros, logo após fará a prática com apenas um dos pés, constando de 10 blocos de 6 tentativas com 10 segundos, posteriormente fará um pós-teste com as mesmas posições, tentativas e tempo do início e após 48 horas e uma semana repetirá estas posições com 3 tentativas e 10 segundos. DESPESAS/ RESSARCIMENTO DE DESPESAS DO VOLUNTÁRIO
Todos os sujeitos envolvidos nesta pesquisa são isentos de custo. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA
A sua participação neste estudo é voluntária e você terá plena e total liberdade para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo para você. GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE
As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante que seu nome não será divulgado sob hipótese alguma. Diante do exposto acima eu, ___________________________________________, declaro que fui esclarecido sobre os objetivos, procedimentos e benefícios do presente estudo. Participo de livre e espontânea vontade do estudo em questão. Foi-me assegurado o direito de abandonar o estudo a qualquer momento, se eu assim o desejar. Declaro também não possuir nenhum grau de dependência profissional ou educacional com os pesquisadores envolvidos nesse projeto (ou seja, os pesquisadores desse projeto não podem me prejudicar de modo algum no trabalho ou nos estudos), não me sentindo pressionado de nenhum modo a participar dessa pesquisa. Londrina, ______ de ______________ de _________. ________________________________
___________________________________
Responsável RG __________________ Pesquisador RG ____________________