Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Centro Superior de Educação Tecnologia – CESET Análise e Perspectivas Ambientais Referentes às Aplicações da Biomassa como Fonte de Energia Alternativa. Luciana Fernandes Torso, Thais de Salve Minutti. Limeira / SP 2006
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Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Centro ... · estudo sobre a matriz energética brasileira e os benefícios da adoção de fontes de energia limpas e renováveis, visando
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Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Centro Superior de Educação Tecnologia – CESET
Análise e Perspectivas Ambientais Referentes às Aplicações da Biomassa como Fonte de Energia Alternativa.
Luciana Fernandes Torso,
Thais de Salve Minutti.
Limeira / SP
2006
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Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Centro Superior de Educação Tecnologia – CESET
Análise e Perspectivas Ambientais Referentes às Aplicações da Biomassa como Fonte de Energia Alternativa.
Luciana Fernandes Torso
Thais de Salve Minutti
Orientador:
Rafael Ulysses Miranda
TGI apresentado ao Centro Superior
de Educação Tecnológica – CESET
como requisito de conclusão do
Curso de Tecnologia em
Saneamento – Modalidade Controle
Ambiental.
Limeira / SP
2006
ii
Folha de Aprovação
Trabalho de Graduação Integrado das alunas, Luciana Fernandes Torso e
Thais de Salve Minutti, apresentado ao Centro Superior de Educação Tecnológica –
CESET, da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP em 08 de dezembro de
2006 e aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores:
3. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................................3
3.1. Cenário Mundial: Escassez do petróleo...............................................................................3
Figura – 01: Reservas mundiais de petróleo, em bilhões de barris. Fonte: Adaptado de (ANP, (2005) citado por RATHMANN, et al., (2005))........3 Figura – 02: Histórico e perspectivas referente à matriz energética mundial. .....................................................................................................5
3.2. Cenário Energético Brasileiro .............................................................................................6
TABELA – 01: Matriz energética brasileira no ano de 1999................6 Figura – 03: Consumo energético no Brasil com 0,16 bilhões de habitantes em 1998. Fonte: Adaptado de (GOLDEMBERG, 2006). .........7 Figura – 04: Consumo energético nos países industrializados da OCDE, totalizando 1 bilhão de habitantes em 1998. Fonte: Adaptado de (GOLDEMBERG, 2006)..................................................8 Figura – 05: Característica da matriz energética brasileira em 2004. .......9
3.2.1. Fontes de Energia, Não Renováveis .........................................................................9 3.2.1.1. Carvão Mineral...............................................................................................9
TABELA – 02: Reservas mundiais dos combustíveis fósseis e vida útil estimada................................................................................................10
Figura – 06: Comparativo entre a geração de energia nuclear no Brasil e no mundo. Fonte: (IAEA, (2001) citado por INDÚSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL (INB), (2006))..........................................13
3.2.2. Fontes de Energia, Renováveis...............................................................................15 3.2.2.1. Energia Eólica ..............................................................................................15 3.2.2.2. Energia Solar ...............................................................................................16 3.2.2.3. Hidrelétrica ....................................................................................................17 3.2.2.4. Biomassa, como fonte de Energia............................................................17
Segundo o ministro da agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, o Brasil possui potencial para liderar mundialmente a produção de biocombustíveis devido à possibilidade de utilizar novas terras para o cultivo da matéria prima necessária ao processo sem ampliar as áreas desmatadas e sem reduzir as áreas destinadas à produção de alimentos, mantendo os impactos ambientais provenientes desta atividade socialmente aceitos. Além disso, através do processo de irrigação, pode-se realizar o cultivo de sequeiro em muitas áreas do país, fornecendo condições para o desenvolvimento destas regiões (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, (2006)). .......18
3.2.2.4.1. Carvão Vegetal.....................................................................................20 TABELA - 03: Consumo de Carvão Vegetal em percentual..............21
Figura - 07: Produção mundial de álcool combustível....................24 3.2.2.4.4. Óleos Vegetais .....................................................................................26 3.2.2.4.5. Biodiesel ................................................................................................28
Figura – 08: Percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel – Lei 11.097/2005.Fonte: (CRESTANA, 2005). ....................30 Figura – 09: Distribuição dos produtores de Biodiesel no Brasil nas fases de operação, regularização, construção e planejamento...................................................................................................................32
4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................33
Figura – 10: Esquema ilustrativo da Matriz de Relação. Fonte: Adaptação da metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha (FMEA), e do aplicativo Sistema Organizacional de Gestão Integrada (SOGI). ..................................................................................35
TABELA – 05: Caracterização das Opções Energéticas Brasileiras44 TABELA – 06: Análise e quantificação dos diferentes fatores associados a cada opção energética. ....................................................45
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO. .................................................................................................46
Figura – 11: Comparativo entre a matriz energética dos países industrializados da OCDE e a matriz energética brasileira. Fonte: Adaptado de (GOLDEMBERG, 2006)................................................46 A apesar dos inúmeros benefícios gerados ao meio ambiente através do uso de biocombustíveis o fator decisivo para a realização de investimentos e incentivos governamentais na área é a dependência econômica de outros países e a escassez dos combustíveis fósseis. ............................................................................47
Comparativo da Utilização das Fontes Energéticas no Brasil nos Anos 1998 e 2004
Figura 12: Matriz energética Brasileira nos anos de 1998 e 2004...................................................................................................................48 Fonte: Adaptado de (GOLDEMBERG, 2006) e CRESTANA, (2005). .....................................................................................................48 Figura – 13: Regionalização dos recursos energéticos no Brasil. 51 Localização de seis usinas de biodiesel em fase de construção ou projeto e três usinas em operação......................................................51
A cada 1Kgf de gasolina consumido pelo motor é emitido no ambiente cerca
de 3,1 Kgf de gás carbônico, e a cada 1Kgf de álcool consumido é lançado no
ambiente 1,91 Kgf de gás carbônico. Considerando a diferença de o poder calorífico,
tem-se que os motores a álcool consomem 1,3 vezes mais combustível que o
equivalente a gasolina (Ripoli, 2004).
Resumidamente, pode-se dizer que o motor a álcool emite na atmosfera
cerca de 20% menos gás carbônico que os motores a gasolina:
• Emissão de CO2 (queimada gasolina): 3,1 Kgf = 3,1 Kgf de CO2.
• Emissão de CO2 (queima do álcool): 1,91 Kgf x 1,3 = 2,48 Kgf de CO2.
3.2.2.4.1. Carvão Vegetal
No Brasil, o emprego dos recursos naturais renováveis como a energia
hidráulica, a lenha, o bagaço de cana e outras fontes primárias contribuem com
38,40% do total energético nacional, destes, 8,40% refere-se à energia gerada pela
lenha (TRUGILHO, 1995).
O carvão vegetal está intimamente ligado à siderurgia, setor que consome
82% da produção. O setor siderúrgico, no ano de 2001 foi responsável pelo plantio
de 1,2 milhões de hectares de madeira para utilizar posteriormente como fonte de
energia. Nos últimos anos, o setor assiste a uma redução significativa na sua área
plantada, gerando preocupações quanto ao futuro abastecimento das unidades
industriais. Somente em Minas Gerais, estado de maior produção e consumo, a área
anual de plantio atinge 30 mil hectares, quando se deveria plantar 150 mil hectares.
Além da indústria siderúrgica, o carvão vegetal também participa como substituto do
óleo combustível nas caldeiras e nos fornos de combustão da indústria de cimento e
de materiais primários (REVISTA DA MEDEIRA, 2001).
O uso indiscriminado da lenha, quando queimada com baixa eficiência para
a produção de carvão, contribui para a devastação de florestas nacionais. Segundo
a Associação Brasileira de Florestas Renováveis, a produção de carvão vegetal em
1999 foi 26,9 milhões de metros de carvão, sendo que 70% desta produção foi
obtida através de madeira proveniente de reflorestamento. Com a obrigatoriedade
da auto-suficiência, as empresas estão desenvolvendo novas tecnologias de
= 1,25
21
produção de madeira com maior eficiência através da avaliação da sua qualidade e
da transformação em carvão vegetal. (ABRACAVE, 2006).
A tabela 03 apresenta a evolução do consumo de carvão vegetal de origem
nativa e reflorestada, no Brasil entre os anos de 1995 e 1999, através dos dados
pode-se notar a redução da exploração do carvão vegetal de origem nativa e o
crescimento do processo de reflorestamento.
TABELA - 03: Consumo de Carvão Vegetal em percentual.
Evolução do Consumo de Carvão Vegetal no Brasil.
Ano
Carvão Vegetal -
Origem Nativa (%)
Carvão Vegetal - Origem
Reflorestamento (%)
1995 48,00 52,00
1996 30,00 70,00
1997 24,58 75,42
1998 32,58 67,42
1999 30,00 70,00
Fonte: (ABRACAVE, (2006)).
Há três tipos principais de fornos que utilizam a lenha como fonte de energia.
Tradicionalmente, a carbonização de lenha é praticada em fornos de alvenaria com
ciclos de aquecimento e resfriamento, processo que pode durar vários dias. Os
fornos retangulares, equipados com sistemas de condensadores, vaporizadores e
recuperadores de alcatrão são os mais avançados em uso atualmente no país. Os
fornos cilíndricos com pequena capacidade de produção, sem mecanização e sem
sistemas de recuperação de alcatrão continuam sendo os mais usados nas
carvoarias. A temperatura máxima média de carbonização é de 500oC (SEBRAE,
2006).
No processo de queima, apenas 33% do carvão vegetal, é aproveitado
diretamente, os 67% restantes constituem-se de materiais voláteis que se perdem na
fumaça. Através da lavagem e descondensação da fumaça, é obtido o alcatrão
vegetal que, quando destilado, dá origem a diferentes compostos, entre eles o piche,
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considerado um resíduo poluente que está sendo empregado na fabricação de
tintas, vernizes, resinas e outros produtos, antes obtidos através de derivados do
petróleo (ABRACAVE, 2006).
A utilização do carvão vegetal apresenta inúmeras vantagens em relação ao
carvão mineral por ser uma fonte renovável, menos poluente, com baixo teor de
cinzas, praticamente isenta de enxofre e fósforo, mais reativo, apresentar processo
de produção e transporte não centralizados e tecnologias de fabricação já
consolidada. Além disso, gera enorme quantidade de geração de impostos e
proporciona expressivo número de empregos (REVISTA DA MADEIRA, 2001).
3.2.2.4.2. Biogás
Segundo a UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, (2006) o
biogás é uma fonte energética renovável, eficiente e econômica, gerando um
subproduto com características fertilizante. Na produção do biogás dificuldades são
encontradas no controle do pH e da temperatura durante o estágio final de
degradação dos resíduos orgânicos.
O biogás se forma pela decomposição dos resíduos durante anos, tendo
como um dos seus principais componentes o gás metano (CH4). O metano é um
perigoso gás causador do efeito estufa e tem um elevado potencial de alterar o
sistema climático do planeta. O potencial do biogás como fonte alternativa de
energia, mostra-se interessante no aspecto econômico-ambiental, através da venda
de créditos de carbono que futuramente viabilizará ainda mais o projeto.
Uma forma interessante para a exploração do biogás, é o aproveitamento
energético dos resíduos agropecuários e efluentes domésticos, através de
processos de digestão anaeróbica obtendo-se biogás e biofertilizantes, reduzindo o
consumo de matéria orgânica poluente. Infelizmente a utilização deste gás
ambientalmente correto no Brasil é limitada, devido à falta de equipamentos de linha
comerciais especialmente construídos para o uso do biogás. Atualmente a grande
maioria de equipamentos utilizados na digestão de resíduos e produção do biogás
são adaptações de outros equipamentos voltados para o mercado de Gás Liquefeito
de Petróleo (GLP) (SILVA et al., 2005).
Umas das principais vantagens do biogás na matriz energética brasileira é
necessidade de substituir o gás proveniente do petróleo (GLP), em razão da crise do
23
gás natural importado da Bolívia, o Brasil passou a depender da política boliviana,
para o fornecimento de gás natural para as indústrias, termelétricas, transporte
veicular e no consumo residencial e comercial, conforme notícia do jornal Folha de
São Paulo (03/05/2006).
As desvantagens do uso do biogás são os custos muito elevados para o
armazenamento deste, em virtude da necessidade da construção de gasômetros e a
necessidade de mais estudos para o desenvolvimento de projetos relacionados com
a viabilidade econômica na produção do biogás (LUCAS, 1987).
3.2.2.4.3. Álcool
A partir da necessidade estratégica de reduzir a dependência do país no que
se refere à importação de petróleo, o governo brasileiro passou a investir na
utilização de etanol como combustível em veículos leves. Após a primeira crise do
petróleo, foi criado o PROALCOOL, projeto muito atraente aos usineiros produtores
de cana-de-açúcar em que a Petrobrás, devido a sua estrutura, responsabilizou-se
pela distribuição do álcool (SANTOS, 2006).
O PROALCOOL foi implementado com pesados investimentos estatais e
privados fortemente subsidiados pelo Governo Federal e obteve um enorme sucesso
nas décadas de 70 e 80, sendo impulsionado pela segunda crise do petróleo em
1979. O aumento da produção nacional; o incentivo governamental visando à
racionalização do uso e a substituição do petróleo pela energia elétrica nas
indústrias e o emprego do álcool em substituição à gasolina; fizeram com que
diminuíssem as despesas com a importação de petróleo ao longo da década de 80
(SILVA SANTOS, 1998).
Segundo DIAS, (2006) em 1989, com a queda do preço do barril de petróleo,
houve uma redução de investimentos e incentivos nas áreas de conservação e
pesquisa energética, além da readequação da política de preços da eletricidade e do
álcool, fazendo com que indústrias e o setor automotivo optassem pelo uso de
petróleo e seus derivados, novamente.
O cenário energético passa por outra mudança em 1991 com a Guerra do
Golfo, trazendo novamente a questão da dependência do petróleo devido à
instabilidade política da região que detêm a maior reserva de petróleo do mundo.
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O Brasil é o país que mais avançou em tecnologia para a produção de
combustível através do etanol liderando a produção mundial. O álcool é atualmente
utilizado em mistura com a gasolina em países como Índia, Estados Unidos, União
Européia, Argentina, Colômbia, Japão e no Brasil que o utiliza em mistura ou uso
exclusivo. A produção mundial de álcool utilizado aproxima-se dos 40 bilhões de
litros, destes, aproximadamente 25 bilhões de litros são utilizados para fins
energéticos. O Brasil é responsável por 15 bilhões de litros, quase 40% da produção
mundial (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, 2006).
A figura 07 apresenta a participação mundial na produção de do álcool
combustível.
Figura - 07: Produção mundial de álcool combustível
Fonte: (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, 2006).
O álcool proveniente da cana-de-açúcar foi o principal biocombustível na
política brasileira de incentivo a energias alternativas ao petróleo, antes do programa
de biodiesel. Sua principal vantagem é geração de menor poluição em comparação
aos combustíveis derivados do petróleo. A cana é um produto completo porque
produz açúcar, álcool e bagaço, cujo vapor gera energia elétrica. Contudo, possui
25
desvantagens, como a grande devastação da mata atlântica para a produção desta
cultura, principalmente no nordeste brasileiro, acarretando graves problemas
climáticos e de degradação do solo.
As culturas mais utilizadas para a fabricação de álcool são: a cana-de-
açúcar no Brasil, o milho nos EUA e na Europa além da beterraba e de parte do
milho, também se obtém álcool do cultivo da uva. O que difere a escolha das
diferentes culturas são os custos (DIAS, 2006).
Segundo dados da UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO
PAULO, citado por WALTER, (2000) a cana-de-açúcar move 307 centrais
energéticas existentes no Brasil, das quais 128 estão no estado de São Paulo. São
usinas e destilarias que processam a biomassa proveniente da cana e produzem
açúcar como alimento, energia elétrica da queima do bagaço nas caldeiras, álcool
hidratado para movimentar veículos e álcool anidro para melhorar o desempenho
energético e ambiental da gasolina. O bagaço tem sido o principal resíduo
aproveitado da biomassa do canavial, principalmente porque está disponível
espontaneamente ao lado da caldeira na indústria.
A palha da cana tem se mostrado uma fonte considerável de energia. A
partir da década de 50, com a introdução de máquinas carregadoras e com o
objetivo de aumentar a capacidade de corte manual, foi introduzia a queima de pré-
colheita em todas as regiões canavieiras do mundo. Atualmente esta técnica, está
sendo substituída através da imposição de legislação específica com o intuito de
evitar ou permitir, sob determinadas condições o uso de fogo, visando à redução dos
impactos ambientais. No Brasil, o decreto n. 2.661 de 8/06/98, regulamenta o
parágrafo único do artigo 27, da Lei 4.771 de 15/09/1965 estabelecendo precauções
relativas ao emprego do fogo como método despalhador e facilitador do corte da
cultura canavieira, preconizando a sua eliminação gradual. (RIPOLI, 2004).
A queima da palha da cana-de-açúcar, rica fonte de energia, causa perdas
na ordem de 30% da matéria bruta, que se aplicada na produção de biogás ou
queimada em caldeiras, poderia gerar energia de biomassa. A palha é definida como
todo o material retirado antes do processo de esmagamento que extrai o caldo da
cana (utilizado para produzir o açúcar e o álcool). O Brasil gera hoje mais de 40
milhões de toneladas de palha durante o ano, que alem de gerar energia também
tem outras funções: a proteção e fertilização do solo. Através do plantio indireto, a
26
palhada é deixada no campo, para evitar o desgaste e a erosão do solo e
posteriormente servirá para adubação (GONTIJO, 1985).
O bagaço de cana-de-açúcar no Brasil é a biomassa mais promissora para a
geração de energia. Usinas e destilarias interligadas aos principais sistemas
elétricos podem atender os centros de consumo dos estados das regiões Sul e
Sudeste. Na produção do álcool, o etanol representa cerca de 43,2% da matéria-
prima, o gabaço e a vinhaça representam 49,5% e 7,3% respectivamente.
(FREITAS, 2001).
Através de estudos referentes ao aproveitamento de bagaço e do palhiço
(material remanescente sobre a superfície do talhão após a colheita, constituído de
folhas verdes, palhas, raízes, partículas de terra, etc.) de cana-de-açúcar em
programas energéticos comunitários conclui-se que o estado de São Paulo tem
capacidade para geração de 2.000MW, sendo que esta co-geração ocorre
principalmente no período da seca podendo suprir o déficit na produção de energia
elétrica neste período. No estado de São Paulo, em 2004, por volta de oito usinas
co-geravam energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar (PINTO, 1992).
Segundo RIPOLI, (2004) o balanço para quantificar a magnitude do impacto
da emissão gás carbônico (CO2) ao longo do processo de desenvolvimento da cana-
de-açúcar até o momento após a queima, deve considerar a fixação do CO2 durante
o crescimento vegetativo e a sua liberação através do processo de queima, levando
em consideração a emissão de CO2 no processo de respiração da cultura, durante o
período noturno e a concentração da carga poluidora (a concentração da emissão
de CO2 no processo de queima é maior que a concentração absorvida ao longo do
ciclo vegetativo da cultura - aproximadamente 12 ou 18 meses).
A viabilidade econômica do álcool não é uma realidade, ainda hoje o preço
para a fabricação do álcool é mais caro que a sua venda e só é realizado devido a
subsídios dados pelo governo.
3.2.2.4.4. Óleos Vegetais
Após a crise do petróleo iniciada no final de 1973, todos os países
importadores de petróleo foram afetados, principalmente aqueles em
desenvolvimento como o Brasil. Essa crise causou uma necessidade em se obter
27
fontes alternativas de energia. Uma das alternativas colocadas em questão foi à
utilização de óleo vegetal ao invés de óleo diesel, pois estes óleos poluem menos e
tem poder calorífico bastante elevado.
A produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel, a partir de óleos
vegetais brutos, tem sido alvo de diversos estudos nas últimas décadas. No Brasil, a
instituição do Programa Nacional de Óleos Vegetais (OVEG) permitiu a realização
de testes com óleos vegetais de composição química e grau de insaturação
variados, verificando suas características físico-químicas (COSTA NETO, 2000).
No âmbito da substituição do óleo diesel, os óleos vegetais “in natura”
apresentam-se como uma alternativa natural com potencial de produção que permite
a geração de energia a custos comparáveis com a geração por combustíveis fósseis.
O Brasil dispõe de uma enorme diversidade de plantas oleaginosas, tanto
nativas como exóticas bem adaptadas, e de condições climáticas favoráveis para se
tornar um grande produtor de combustíveis à base de óleos vegetais, além de uma
localização geográfica privilegiada e a vocação agrícola. Segundo DA SILVA (2006),
em cada parte do território nacional contém espécies de plantas ricas em óleo,
adaptadas às suas condições de solo e de clima e todas elas podem fornecer
energia.
Segundo CRESTANA, (2006) o Norte brasileiro, destaca-se pelo cultivo de
Dendê; o Nordeste, pela mamona e palma; o Centro-Oeste, pela soja, mamona e
algodão; o Sudeste pela soja, algodão e girassol e a região Sul pela soja, algodão,
girassol e canola.
Das vantagens ambientais no uso energético de óleos vegetais em motores,
destacam-se a ausência de emissão de SO2 (responsável pela chuva ácida), a
recuperação de áreas degradadas pelo reflorestamento com espécies oleaginosas,
a contenção da erosão e o balanço de carbono seqüestrado. Para se utilizar óleo
vegetal em um motor comum do ciclo diesel sem necessidade de transformações no
motor, é preciso submeter este óleo degomado a uma reação química denominada
de transesterificação ou alcoólise de triglicérides com o principal objetivo de baixar a
viscosidade do óleo a valores próximos ao do diesel convencional, ele é filtrado, e
então processado com materiais alcalinos para remover gorduras ácidas, sendo
depois misturado com álcool e um catalisador. As reações formam então ésteres e
glicerol, que é separado. O éster assim obtido chama-se “biodiesel” (REVISTA
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA, 2003).
28
Segundo os relatórios do Programa Nacional de Óleos Vegetais, foram
realizados testes, com determinados tipos de óleos vegetais transesterificados,
puros ou misturados ao diesel proveniente do petróleo na proporção de 30%,
comprovaram resultados satisfatórios quando utilizados por caminhões, ônibus e
tratores. A quilometragem percorrida durante os testes foi aproximadamente um
milhão de quilômetros apresentando pequenos problemas de acúmulo de material
nos bicos injetores e um leve decréscimo da viscosidade do óleo lubrificante
(COSTA NETO, 2000).
São dezenas de alternativas para a produção do óleo vegetal utilizado na
fabricação de biocombustíveis, os mais conhecidos e produzidos são o óleo de
mamona, dendê, soja, girassol, pinhão manso, babaçu, amendoim, pequi, etc. Cada
cultura desenvolve-se melhor dependendo das condições de solo, clima, altitude,
modo de cultivo.
Segundo RIBEIRO (2004), de todas as plantas utilizadas para a fabricação
de biodiesel a mamona tem um destaque especial no Brasil, devido a aspectos
sociais, pois é uma planta existente em regiões secas e áridas, encontradas no
nordeste brasileiro, contribuindo com uma fonte de renda para o sertanejo, em
épocas de estiagem. É importante ressaltar a produção concomitante de torta de
mamona, insumo aplicável como adubo orgânico ou para fabricação de ração para
animais.
Geralmente há um aproveitamento quase que total dos insumos gerados na
fabricação de biocombustíveis, independente da cultura escolhida, os fins para essa
biomassa são adubos orgânicos, ração para animas, utilização como carvão vegetal,
etc.
3.2.2.4.5. Biodiesel
O biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes naturais e
renováveis, sendo uma alternativa aos combustíveis provenientes do petróleo. É
produzido a partir de óleos vegetais (girassol, amendoim, mamona, sementes de
algodão, etc.) com praticamente as mesmas propriedades do diesel fóssil, podendo
ser utilizado em qualquer veículo com motor a diesel, pois não exige adaptação das
máquinas e motores, com uma emissão de poluente potencialmente menor (PERES,
2005).
29
Segundo COSTA NETO, (2006) o biodiesel é produzido através de uma
reação, denominada transesterificação de triglicerídeos (óleos ou gorduras animais
ou vegetais) com álcoois de cadeia curta (metanol ou etanol), tendo a glicerina como
um co-produto. Esse processo chamado de transesterificação é a separação do óleo
da glicerina, diminuindo assim a viscosidade e a densidade do produto.
Segundo COSTA NETO, (2000) para que essa reação aconteça, é
necessário o uso de um catalisador, o mais usado ultimamente é o hidróxido de
potássio ou de sódio (soda cáustica), no entanto há alternativas de catalisadores,
para que haja uma aceleração no processo. Para produção do biodiesel alguns
subprodutos são gerados, entre outros estão:
• A torta oleaginosa:
Produzida através da prensagem de sementes oleaginosas, a torta
(dependendo do tipo de semente) é muito rica em nitrogênio, potássio, fósforo e
matéria orgânica. Devido a grande quantidade de nutriente esta torta tem diversos
tipos de aproveitamento, sendo utilizada para a fertilização do solo, fabricação de
ração animal, desde que feita à desintoxicação e ainda para a produção de carvão
vegetal (casca de semente), muito usado na fabricação de papel.
• O farelo:
O principal mercado para o farelo é o de rações animais. O farelo de soja
responde por 70% do suprimento protéico na fabricação das rações que alimentam a
indústria de frangos, de suínos e de bovinos confinados. A utilização em grande
escala dos subprodutos torna viável economicamente o processo de produção do
biodiesel, fazendo com que ele seja competitivo no mercado de combustíveis.
• A glicerina:
A produção do biodiesel tem como seu principal subproduto a glicerina que é
um importante insumo para indústrias químicas, cosméticas, têxteis, farmacêuticas e
de alimentos, porém gerada em grandes quantidades, podem levar as bruscas
reduções de preço, eliminando parte da produção de glicerina de outras fontes. A
glicerina resultante do processo apresenta coloração escura e a presença de
algumas impurezas, portanto vê-se a necessidade de purificação do produto para
comercialização. Uma alternativa para o aproveitamento desse resíduo é a produção
de biogás, para geração de energia. Graças ao seu alto teor de carbono facilmente
degradável, a glicerina possui propriedades favoráveis à digestão anaeróbica em
biodigestores, quando associada aos resíduos orgânicos com alto teor de nitrogênio.
30
Segundo o MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, (2006) o
biodiesel apresenta muitas vantagens ambientais em relação ao diesel proveniente
do petróleo, por ser um combustível renovável produzido através de óleos vegetais e
utilizando tecnologias limpas para sua fabricação, não polui, possibilita o
aproveitamento de seus rejeitos e gera empregos e renda para o homem do campo.
Outro fator positivo relacionado ao meio ambiente é a estimativa de redução
de poluentes e de gases que provocam o efeito estufa à medida que as
concentrações do biodiesel no diesel comum aumentarem de acordo com a lei
11.097/2005. A figura 10 apresenta um explicativo da lei 11.097/2005, apresentando
os percentuais mínimos de mistura de biodiesel no diesel e o monitoramento da
inserção do novo combustível no mercado. Entre os anos de 2005 e 2007 está
autorizada a mistura de 2% de biodiesel no diesel comum, entre os anos de 2008 e
2012 este percentual torna-se obrigatório e a partir de 2013 o percentual obrigatório
de adição passa a ser 5%. Em 2013 o consumo de biocombustíveis pelo mercado
será de 2,4 bilhões de litros / ano (CRESTANA, 2005).
Figura – 08: Percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel –
Lei 11.097/2005.Fonte: (CRESTANA, 2005).
31
Segundo CRESTANA, (2005) o Brasil possui grande potencial para a criação
de um Programa Nacional de Produção de Biodiesel sustentável devido a fatores
como a possibilidade do cultivo de diferentes matérias-primas em diversas regiões
do país, o crescente número de indústrias de óleos vegetais, o grande potencial de
expansão agrícola, os técnicos especializados no desenvolvimento de tecnologia na
área e a experiência com biocombustíveis no programa pró-álcool.
Segundo RODRIGUES, (2006) o Programa Nacional de Produção e Uso do
Biocombustível determina que as empresas deste ramo possuam as seguintes
autorizações / registros:
• Autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) conforme Resolução
nº 41, de 2004,
• Registro Especial na Secretaria da Receita Federal, conforme Lei nº
11.116, de 2005 e Instrução Normativa SRF nº 516, de 22/02/2005,
• Selo Combustível Social (Instrução Normativa do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) nº 01, de 05/07/2005),
• Adquirir percentuais mínimos de matéria-prima do agricultor familiar: 50%
no Nordeste; 30% no Sul e Sudeste; 10% no Norte e Centro-Oeste,
• Celebrar contratos com agricultores familiares (prazo, preço, condições de
entrega da matéria-prima) e prestar assistência técnica.
• Aprovar projeto no Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) (IN MDA
nº 02, de 30/09/2005).
A figura 09 apresenta a distribuição das usinas de biodiesel em operação e
previstas no Brasil no ano de 2006. Em operação e em fase de regularização há um
total de 10 usinas de biodiesel, 24 usinas estão em fase de construção ou projeto.
32
Figura – 09: Distribuição dos produtores de Biodiesel no Brasil nas fases de
operação, regularização, construção e planejamento.
Fonte: (RODRIGUES, 2006).
33
4. MATERIAL E MÉTODOS
Com base no levantamento bibliográfico realizado e no conhecimento
adquirido ao longo do curso de Tecnologia em Saneamento Ambiental, modalidade
Controle Ambiental, informações referentes às fontes energéticas brasileiras foram
reunidas na tabela 05, a fim de organizá-las. Ela relaciona o recurso energético com
a sua forma de obtenção, vantagens e desvantagens quando comparada com outras
fontes.
A partir das informações contidas na tabela 05 foi realizada uma análise de
tendência através da percepção das autoras deste trabalho de graduação, gerando
a Matriz de Relação (tabela 06), inspirada nas metodologias de Análise do Tipo e
Efeito de Falha (FMEA), utilizada para avaliar os riscos da causa de falha por meio
de índices e do aplicativo Sistema Organizacional de Gestão Integrada (SOGI)
utilizado para caracterizar aspectos e impactos ambientais, da empresa Verde Gaia.
A Matriz de Relação tem a finalidade de auxiliar a detecção da tendência do setor
energético, possibilitando a análise dos diferentes fatores associados a cada opção
energética.
Primeiramente, foram levantados os Impactos Negativos (risco ocupacional,
poluição do solo, hídrica, atmosférica, sonora e visual, risco a fauna, intervenção na
flora e geração de resíduos significativos). Estes impactos foram pontuados através
do produto entre a severidade e a freqüência de ocorrência de cada um deles. As
notas atribuídas seguem as determinações:
1 - para severidade ou freqüência nula ou baixa,
3 - para severidade ou freqüência média
5 - para severidade ou freqüência alta,
Nesta escala a menor pontuação representa menor potencialidade de
ocorrência de um impacto ambiental.
Os Impactos Positivos, também foram considerados, são eles: geração de
emprego e desenvolvimento econômico da região, valoração econômica,
atendimento a pequenas comunidades as quais não possuem acesso a rede de
transmissão de energia, disponibilidade de reservas brasileiras e eficiência na
produção.
34
Estes fatores foram pontuados considerando a freqüência de ocorrência,
sendo que:
5 - representa baixa freqüência,
15 - representa freqüência média,
25 - representa freqüência alta.
Nesta escala a menor pontuação representa menor freqüência de ocorrência
do impacto positivo.
Na Matriz de Relação, a primeira coluna à esquerda apresenta as fontes
energéticas estudadas: combustíveis fósseis, energia nuclear, eólica, solar,
hidrelétrica e a biomassa. As linhas em vermelho trazem os impactos ambientais
negativos. Relacionando-se a coluna (fontes energéticas) com a linha que contém os
diferentes impactos ambientais negativos, encontra-se uma célula que possui a
pontuação atribuída à severidade e freqüência de ocorrência do impacto. O produto
entre a severidade e a freqüência é apresentado em negrito.
Ao relacionar a coluna (fontes energéticas) com as linhas em verde, têm-se
as células pontuadas com a freqüência de ocorrência dos impactos positivos, que
pode ser baixa, média ou alta.
A diferença entre a média da pontuação obtida no item Impactos Negativos
e a média da pontuação obtida no item Impactos Positivos caracteriza a fonte
energética. As maiores pontuações representam as alternativas energéticas que
trazem maiores vantagens ao Brasil.
Todas as avaliações consideram os aspectos gerados durante as fases de
instalação, operação e desativação das fontes energéticas.
O programa Microsoft Excel, também foi utilizado como ferramenta deste
trabalho para a elaboração de gráficos demonstrativos.
35
A figura 10 ilustra a metodologia utilizada para relacionar as opções
energéticas e seus impactos positivos e negativos, apresentando a pontuação
atribuída a cada fator em estudo.
Figura – 10: Esquema ilustrativo da Matriz de Relação. Fonte: Adaptação da
metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha (FMEA), e do aplicativo Sistema
Organizacional de Gestão Integrada (SOGI).
36
5. RESULTADOS A tabela 05 apresenta os resultados obtidos através do embasamento
teórico e formação acadêmica das autoras, buscando reunir informações sobre as
diferentes fontes energéticas.
A tabela 06 consiste em uma ferramenta auxiliar na detecção da tendência
em relação às opções energéticas. Os aspectos positivos e foram pontuados a
critério da percepção das autoras.
37
Caracterização das Opções Energéticas Brasileiras Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
P
E
T
R
Ó
L
E
O
• Extração de reservas marítimas e continentais. • Transformações químicas de fósseis animais e vegetais.
• Desenvolvimento econômico da localidade devido ao crescimento industrial e geração de empregos indiretos e geração de empregos diretos, geralmente mão de obra não especializada, para população local. • Alto valor econômico, pois atualmente representa a fonte energética mais viável. • Domínio da tecnologia para exploração e refino. • Facilidade de transporte e distribuição (investimentos já realizados). • Alto rendimento energético.
• Emissão de material particulado no processo de queima, que caso não controlado através de ciclones e precipitadores associados a filtros, afetam a saúde dos trabalhadores e a biodiversidade local.
• Risco de explosão. • Possibilidades de derramamento. • Potencialidade de contaminação do solo e
hídrica nos pontos de distribuição. • Emissão de poluentes como o dióxido de
carbono, o metano e o óxido nitroso, através do processo de queima.
• Contribuição no aquecimento global, derretimento das geleiras e aumento do nível do mar.
• Necessidade intervenção na flora e na fauna devido construção de plataformas e dutos transportadores.
• Impossibilidade de distribuição em pequenas comunidades. • O Brasil detêm apenas 0,8 % das reservas mundiais (ANEEL, 2006). • Instabilidade política da região de maior
reserva, Golfo Pérsico e conseqüente instabilidade dos preços.
• Recurso não renovável. Estima-se a escassez das reservas mundiais em 2046 e conseqüente aumento nos preços.
38
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
G
Á
S
N
A
T
U
R
A
L
• Ocorre associado ou não ao petróleo. • A pressão natural impulsiona o gás para a superfície. • Coletado através de tubulações.
• Geração de emprego, geralmente não especializados para a população local. • Utilização nas formas gasosa e líquida,
• Risco de explosão. • Possibilidade de vazamento das tubulações, contaminando o solo e a água. • Grande consumo de água no sistema de refrigeração das usinas termelétricas. • Influencia no efeito smog nos grandes centros, através da emissão de dióxido de nitrogênio. • Influência no efeito estufa e na redução da camada de ozônio devido à emissão de óxido nitroso. • Necessidade de intervenção na flora e fauna para a construção dos gasodutos. • Acesso restrito as localidades que possuem pontos e redes de distribuição. • Recurso não renovável. • Restrição de oferta, dependência energética da Bolívia. • Jazidas concentradas geograficamente. • Baixo rendimento quando comparado ao petróleo. • Altos investimentos na construção e manutenção de gasodutos e metaneiros para distribuição.
39
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
N
U
C
L
E
A
R
• Produção de energia térmica por fissão de átomos de urânio, acionando um gerador.
• Fornecimento de orientações de segurança e equipamentos de proteção coletiva e individual aos trabalhadores. • Evita a emissão de consideráveis quantidades de dióxido de carbono e outros poluentes. • Alta densidade energética. • O Brasil possui uma das mais significantes provinciais uraníferas, podendo suprir, estimadamente, a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto por 100 anos. • O processo de beneficiamento agrega valor ao urâneo.
• Risco a saúde do operador devido a possibilidade ser irradiado ou, muito raramente, contaminado. • Remota, mas não desprezível possibilidade de contaminação do solo, do ar e da água por radionuclídeos, atingindo espécies vegetais e animais. • Causa aquecimento das águas do corpo receptor da descarga de efluentes devido ao sistema de refrigeração. • Necessidade de alteração das características originais do local para adequar a implantação do empreendimento. • Interferência no relevo, flora e fauna na extração do urâneo. • Não há tratamento para o lixo nuclear. • Não há significativa geração de empregos (necessidade de mão de obra especializada) e desenvolvimento econômico da região. • Dificuldade em abastecer pequenas comunidades, pois a instalação e manutenção das usinas exigem altos investimentos. • Baixa aceitação da sociedade. • Necessidade de grandes investimentos.
40
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens H I
D
R
O
E
N
E
R
G I
A
• A energia liberada pela queda de grande quantidade de água represada move uma turbina que aciona um gerador elétrico.
• Trabalhadores recebem orientações de segurança e equipamentos de proteção individual e coletivo. • Processo de geração de energia não poluente. • Não influencia no efeito estufa. • Oferta de emprego na fase de instalação. • Geração de empregos indiretos para a população local devido à visitação turística. • Possibilidade de uso dos recursos hídricos não apenas como fonte de águas, mas também de energia. • 27% da matriz energética brasileira suprida por esta fonte (CRESTANA, 2005). • Alta eficiência na geração de eletricidade.
• Risco ao trabalhador na construção e operação das hidrelétricas. • Geração de gás metano em áreas cujo alagamento ocorreu sem a retirada da vegetação nativa. • Potencial para poluição sonora devido ao funcionamento das turbinas. • Inundação de grandes áreas, afetando as espécies vegetais e animais. • Deslocamento de populações. • Necessidade de redes de transmissão para a distribuição de energia, dificultando o atendimento à pequenas comunidades. • Alto investimento na construção • Tempo de construção longo.
41
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
C
A
R
V
Ã
O
M I
N
E
R
A
L
• Resulta das transformações químicas de grandes florestas soterradas.
• Extraído em minas subterrâneas ou a céu aberto em bacias sedimentares.
• Domínio da tecnologia de aproveitamento. • Facilidade de transporte e distribuição. • Abundante. • Economicamente acessível. • Amplamente distribuído.
• Emissão de material particulado causando danos à saúde da população e dos trabalhadores. • Muitas vezes as condições de trabalho são precárias. • Extração perigosa. • A drenagem das minas permite o lançamento de sulfatos e ferro na região e os rejeitos dispostos incorretamente permitem a percolação de substâncias tóxicas até o lençol freático. • Formação da chuva ácida devido à liberação de poluentes como monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio e enxofre, contaminando o solo, a água e o ar. • Necessidade de desenvolvimento de tecnologia que reduza a emissão dos gases de efeito estufa a níveis consideráveis, no processo de queima. • Poluição sonora gerada pelas explosões. • O processo de mineração afeta os recursos hídricos, o solo e o relevo, interferindo no ecossistema local. • Fonte não renovável. • Potencialidade de uso em pequenas comunidades.
42
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
E
Ó
L I
C
A
• A energia cinética dos ventos é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico.
• Não há necessidade de construção de grandes reservatórios. • Não polui o ar. • Não influi no efeito estufa. • Não ocupa áreas de produção agrícola. • Possibilita o desenvolvimento econômico em regiões afastadas. • Agrega valor a um recurso não utilizado anteriormente. • Atende comunidades distantes das redes de distribuição. • Atração turística às instalações, gerando emprego e renda. • O maior potencial de produção de energia através de turbinas eólicas do Brasil, está localizado no Nordeste, principalmente nos estados do Ceará e Pernambuco. • Recurso renovável.
• Risco de acidentes aos funcionários no processo de instalação das turbinas. • Remota possibilidade de poluição do solo e recursos hídricos devido à lubrificação das turbinas. • Exige investimentos para transmissão da energia gerada. • Produz poluição sonora: ruído gerado pelos rotores. • Produz poluição visual: instalação de torres de conversão de energia. • Influência na rota das aves devem ser consideradas no EIA/RIMA. • A vegetação sofre alterações para possibilitar a instalação das turbinas. • Necessidade de áreas extensas para a geração de grande quantidade de energia. • Dependência da velocidade e regime dos ventos. • No Brasil há carência de dados sobre superfície. • Possibilidade de interferência eletromagnética, devido ao material de constituição das pás.
43
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
S
O
L
A
R
• Lâminas ou painéis recobertos com material semicondutor capturam a luminosidade recebida do Sol para gerar corrente elétrica.
• Não poluente, não influi no efeito estufa. • Renovável. • Aproveitamento da radiação solar dos países tropicais. • Possibilita o desenvolvimento econômico em regiões afastadas. • Viabiliza a aplicação junto às fontes consumidoras e pequenas comunidades, eliminando a necessidade de transporte através de grandes distâncias. • Utilizada em projetos de arquitetura e construção, aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes, • Agrega valor a um recurso não utilizado anteriormente. • Potencial de uso em todo território brasileiro devido à incidência solar em grande parte do ano. A região sul possui menor potencialidade devido a sua maior distância do Equador.
• Risco de acidentes, devido à instalação dos painéis em locais de altitude. • Remota, mas não desconsiderável possibilidade de poluição do solo e hídrica. • Para a geração de grande quantidade de energia é necessária a utilização de áreas extensas. • Interferência na biodiversidade local, no caso de grandes centrais de geração de energia. • Consideráveis investimentos iniciais. • Baixa eficiência na conversão de energia e a necessidade de grandes áreas para captação de energia. • Necessidade de desenvolvimento de tecnologia que viabilize economicamente sua obtenção e sua estocagem
44
Fonte Obtenção Vantagens Desvantagens
B I
O
M
A
S
S
A
• Fontes orgânicas, através da fotossíntese, capturam a energia solar, transformando-a em energia química que pode ser convertida em calor, eletricidade e combustível. • A matéria orgânica é decomposta em caldeiras ou em biodigestores. • Combustível direto (lenha, casca de babaçu, bagaço de cana, gás natural, etc.), Combustíveis indiretos: Óleos vegetais (mamona, dendê, soja, girassol, pinhão manso, babaçu, amendoim, pequi, etc.) • Álcool etílico (madeira, cana-de-açúcar, sorgo sacarino, mandioca, etc.)
• Fonte renovável e limpa. • Causa menor corrosão em equipamentos. • O desenvolvimento de tecnologias agrega valor a agricultura brasileira (valoração). • Sua ação sobre o efeito estufa pode ser equilibrada: o gás carbônico liberado durante a queima é parcialmente absorvido no ciclo de produção. • Fonte descentralizadora de renda, • Reduz a dependência de importações de combustíveis. • O Brasil possui grande extensão territorial para cultivo de biomassa. • O Brasil possui uma localização geográfica e conduções climáticas privilegiada. • Em cada região do país há plantas oleaginosas adaptadas as condições de solo e clima, podendo gerar energia • Propicia o desenvolvimento econômico de todas as regiões do país. • Seqüestro de carbono. • Possibilita a recuperação de áreas devido ao plantio e evita erosão. • Inclusão social, e desenvolvimento da agricultura familiar através da lei 11.097/2005. • Ampliação do uso dos biocombustíveis através da lei 11.097/2005.
• Risco ao trabalhador devido o uso de agrotóxicos. • Desgaste do solo pelas queimadas e uso de agrotóxicos. • Contaminação hídrica pelo uso de agrotóxicos. • Impacto visual gerado no processo de queimada e na supressão da vegetação nativa. • Exige investimentos iniciais para o seu aproveitamento. • Estágio tecnológico em desenvolvimento. • Necessidade de desenvolvimento de programas parta otimizar a produção, o transporte e o consumo de energia. • Ampliação de áreas desmatadas, principalmente no nordeste brasileiro, afetando o clima da região. • Redução das áreas destinadas a plantação de culturas alimentícias. • Impactos gerados pelo uso do solo. • Necessidade de desenvolvimento de pesquisas voltadas a técnicas de irrigação para os cultivos de sequeiro. • Necessidade de subsídios governamentais para sua viabilidade econômica.
TABELA – 05: Caracterização das Opções Energéticas Brasileiras
45
TABELA – 06: Análise e quantificação dos diferentes fatores associados a cada opção energética.
Matriz de Relação
Classes
Impacto Negativo (severidade x freqüência)
Impacto Positivo (freqüência)
Fatores
Fontes Ris
co o
cupa
cion
al
Pol
uiçã
o do
sol
o
Pol
uiçã
o H
ídric
a
Pol
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mos
féric
a
Pol
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a
Pol
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o V
isua
l
Ris
co a
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Inte
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ção
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ora
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ação
de
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duos
si
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cativ
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ego,
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men
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ão
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Dis
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ade
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rese
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bra
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iras
Efic
iênc
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oduç
ão e
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étic
a
Pontuação Total :
Impacto Positivo
– Impacto Negativo
Combustí-veis
fósseis
3 x 3 9
5 x 3 15
5 x 3 15
5 x 5 25
3 x 1 3
5 x 3 15
5 x 5 25
5 x 3 15
15
15
15
15
25
19,00 – 17,00
2,00
Nuclear
5 x 3 15
5 x 1 5
5 x 3 15
5 x 1 5
1 x 1 1
1 x 1 1
5 x 3 25
5 x 5 25
5
15
5
15
25
13,00 – 11,50 1,50
Eólica
1 x 1 1
1 x 1 1
1 x 1 1
1 x 1 1
3 x 5 15
3 x 3 9
5 x 3 15
3 x 1 3
5
25
15
15
5
13,00 – 5,75
7,25 Solar
1 x 1 1
1 x 1 1
1 x 1 1
1 x 1 1
1 x 1 1
3 x 1 3
5 x 3 15
3 x 1 3
5
25
25
25
5
17,00 – 3,25 13,75
Hidrelétrica
3 x 3 9
3 x 1 3
3 x 1 3
3 x 3 9
3 x 3 9
5 x 5 25
5 x 5 25
3 x 1 3
15
15
5
15
25
15,00 – 10,75 4,25
Biomassa
3 x 3 9
3x3 9
3 x 3 9
3 x 3 9
1 x 1 1
3 x 3 9
5 x 5 25
3 x 3 9
25
25
25
25
15
23,00 – 10,00
13,00
46
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO.
A análise e discussão deste trabalho de pesquisa consistem em um exame
crítico das informações levantadas através da revisão bibliográfica e dos resultados
obtidos na matriz de relação elaborada a partir da percepção das autoras.
Através da figura 11, percebe-se que o consumo energético nos países
industrializados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) tem como principal fonte de energia o petróleo, representando 42% na
matriz energética.
No Brasil, devido à disponibilidade de recursos hídricos, as hidrelétricas são
responsáveis pela principal fonte de energia, sendo o petróleo a segunda fonte de
energia mais utilizada. Entre as fontes de combustíveis fósseis o óleo diesel
representa a maior contribuição, seguido pela gasolina, óleo combustível e carvão
mineral. As hidrelétricas contribuem mais significativamente entre os recursos
renováveis, seguida da lenha, carvão vegetal e álcool, conforme informações do
Ministério das Minas e Energia, (2006) apresentadas na tabela 01.
Comparativo da Utilização das Fontes Energéticas no Brasil e OCDE em 1998
CANZIAN, Fernando. Crise do gás terá impacto sobre preço de energia no Brasil.
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