UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ THIAGO PETRI CORRÊA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS TOMADORES DO MICROCRÉDITO NA REGIÃO DE BIGUAÇU Biguaçu 2008
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
THIAGO PETRI CORRÊA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS TOMADORES DO
MICROCRÉDITO NA REGIÃO DE BIGUAÇU
Biguaçu
2008
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
THIAGO PETRI CORRÊA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS TOMADORES DO
MICROCRÉDITO NA REGIÃO DE BIGUAÇU
Biguaçu
2008
THIAGO PETRI CORRÊA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS TOMADORES DO
MICROCRÉDITO NA REGIÃO DE BIGUAÇU
Trabalho de estágio apresentado como requisito da disciplina Estágio II, do Curso de Administração, Centro de Ciências Sociais Aplicada – gestão – UNIVALI – Biguaçu.
Professora: Claudia Catarina Pereira
Biguaçu
2008
AGRADECIMENTOS
Profundos agradecimentos aos meus pais, pelo apoio incondicional, aos meus colegas de trabalho que de alguma forma colaboraram para o desenvolvimento desta pesquisa, ao Banco do Empreendedor que disponibilizou acesso ao banco de dados da instituição e principalmente à minha orientadora Claudia, pela atenção, pelas boas idéias e pelo carinho dispensado durante todo o longo período da elaboração deste estudo de caso.
RESUMO
Cada vez mais os bancos comerciais estão demonstrando interesse e disponibilizando crédito a classe menos favorecida da sociedade já que eles representam um grande potencial de consumo ainda não explorado. Mas para a concessão de crédito os bancos e financeiras fazem grandes exigências de comprovações de renda e documental não compatível com a realidade desta classe. Este trabalho conceitua, analisa e compara os conceitos e os aspectos inerentes ao processo de concessão do microcrédito. A fundamentação teórica tem por objetivo confirmar os primeiros surgimentos do microcrédito na sociedade juntamente com a conceituação do funcionamento desta modalidade de crédito que é utilizada como instrumento de inclusão social. O objetivo deste trabalho é caracterizar o perfil dos tomadores de microcrédito da cidade de Biguaçu. A pesquisa foi realizada junto ao banco de dados do Banco do Empreendedor buscando uma amostra que se adequassem aos critérios da pesquisa, podendo assim analisar o perfil sócio econômico dos tomadores. Baseado nos resultados da pesquisa conclui-se que os tomadores de microcrédito da cidade de Biguaçu se adéquam as exigências do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), e que os empreendimentos em sua maioria são atividades de sobrevivência para o tomador e sua família. Conclui-se que o Banco do Empreendedor está disponibilizando crédito aos menos favorecidos e atuando dentro da missão do microcrédito que é potencializar e dar acesso a crédito aos pequenos empreendedores e microempresários.
PALAVRAS-CHAVE: microcrédito, inclusão social, sistema financeiro nacional
ABSTRACT
More and more commercial banks are demonstrating interest and disponibilizando credit to class less favored of the society since they represent a great potential of consumption still not explored. But for the concession of credit the banks and financiers do great demands of proofs of income and documentary not compatibly with the reality of this class. This work conceptualizes, analyses and compares the concepts and the aspects inherent in the process of concession of the microcredit. The theoretical fundamentação has since objective confirms the first appearances of the microcredit in the society together with the conceituação of the functioning of this kind of credit that is used like instrument of social inclusion. The objective of this work is to characterize the profile of the invaders of microcredit of the city of Biguaçu. The inquiry was carried out near the database of the Bank of the Entrepreneur looking for a sample that was adapted to the criteria of the inquiry, being able to analyse so the profile economical partner of the invaders. Based on the results of the inquiry it is ended that the invaders of microcredit of the city of Biguaçu if adéquam the demands of the National Program of Productive Orientated Microcredit (NPPOM), and that the undertakings in his majority are activities of survival for the invader and his family. It ends that the Bank of the Entrepreneur is disponibilizando credit to least favored and acting inside the mission of the microcredit that is potencializar and to give I access on credit to the small entrepreneurs and small businessmen. KEY WORDS: microcredit, social inclusion, financial national system
LISTA DE ILUSTRAÇOES
Gráfico 1 - Tipo do tomador ..............................................................................24
Gráfico 2 - Faixa de idade dos tomadores.......................................................25
Gráfico 3 - Distribuição de freqüêcia do tmpo de residencia dos
tomadores de crédito .........................................................................................26
Gráfico 4 - Tipo de moradia dos tomadores de microcrédito........................27
Gráfico 5 - Nível de escolaridade......................................................................28
Gráfico 6 - Nível de renda gerada pela atividade ............................................28
Gráfico 7 - Tempo de experiência no ramo da atividade ...............................29
Gráfico 8 - Tempo de independência na atividade .........................................30
Gráfico 9 - Finalidade do crédito ......................................................................31
Gráfico 10 - Objetivo do crédito quando capital fixo e misto .......................32
Gráfico 11 - Número de funcionários por atividade .......................................32
Gráfico 12 - Número de funcionários sem carteira assinada ........................33
Gráfico 13 - Número de funcionários com carteira assinada........................34
Gráfico 14 - Possui conta em banco (Pessoa Jurídica) .................................35
Gráfico 15 - Instituição Financeira a qual possui conta (Pessoa Juridica) .35
Gráfico 16 - Possui conta em banco (Pessoa Física) .....................................36
Gráfico 17 - Instituição Financeira a qual possui conta (Pessoa Física) .....36
Gráfico 18 - Quanto ao local de desenvolvimento da atividade....................37
Gráfico 19 - Valor do aluguel pago ...................................................................38
Gráfico 20 - Ponto do desenvolvimento da atividade.....................................38
Gráfico 21 - Tipo de atividade ...........................................................................39
Gráfico 22 - Estruturação da atividade ............................................................40
Gráfico 23 - Empresa familiar............................................................................40
Gráfico 24 – Faturamento bruto médio ............................................................41
Gráfico 25 – Média de crescimento no faturamento dos tomadores............42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................4
1.1 OBJETIVOS......................................................................................................5
1.1.1 Objetivo geral...............................................................................................5
1.1.2 Objetivos específicos..................................................................................5
1.2 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................7
2.1 MICROCRÉDITO .............................................................................................7
2.2 O MICROCRÉDITO NO BRASIL ...................................................................10
2.3 MICROCRÉDITO PRODUTIVO ORIENTADO ..............................................11
2.4 TRABALHO SOCIAL ......................................................................................16
2.5 ALTERNATIVAS INSTITUCIONAIS DE MICROCRÉDITO ...........................20
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .....................................................................22
4 ANALISE DOS DADOS ....................................................................................24
4.1 CARACTERIZAÇÃO – SOCIAL .....................................................................24
4.1.1 Tipo do tomador de microcrédito ............................................................24
4.1.2 Idade do tomador de microcrédito ..........................................................25
4.1.3 Quanto ao tempo de residência...............................................................26
4.1.4 Tipo de moradia dos tomadores de microcrédito .................................27
4.1.5 Nível de escolaridade................................................................................27
4.1.6 Nível de renda gerada pela atividade ......................................................28
4.1.7 Tempo de experiencia no ramo da atividade .........................................29
4.1.8 Tempo de independencia na atividade ...................................................30
4.2 CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA...............................................................30
4.2.1 Finalidade do crédito ................................................................................31
4.2.2 Objetivo do crédito quando capital fixo e capital misto .......................31
4.2.3 Número de funcionários por atividade ...................................................32
4.2.4 Quanto ao número de de funcionários com/sem carteira assinada....33
4.2.5 Se possui conta em banco comercial .....................................................34
4.2.6 O local de funcionamento da atividade ..................................................37
4.2.6.1 Quando local alugado, valor do aluguel...................................................37
4.2.7 Ponto de desenvolvimento da atividade.................................................38
4.2.8 Tipo de atividade .......................................................................................39
4.2.9 Estruturação da atividade ........................................................................39
4.2.10 Empresa familiar......................................................................................40
4.2.11 Faturamento Bruto (média) ....................................................................41
4.2.12 Aumento percentual de faturamento na tomada de novo crédito .....41
5 CONCLUSÃO....................................................................................................44
REFERÊNCIAS....................................................................................................47
1 INTRODUÇÃO
Boa parte da população brasileira sobrevive por meio da economia
informal, propiciada por atividades econômicas, como pequenos comércios,
prestadores de serviços ou pequenas indústrias. Nos últimos anos este número
vem crescendo devido às continuas transformações econômicas e sociais que
o país vem enfrentando. Apesar de o governo manter esforços para reverter
este cenário.
Neste contesto, para atender essa demanda do mercado, surgiu o
microcrédito, o qual busca disponibilizar linhas de créditos com uma política de
juros mais justa para seus clientes.
Entretanto, esta importante modalidade de crédito não é muito
conhecida pela maior parte da população apta a tomar esta modalidade crédito,
realizando assim empréstimos em outras modalidades. As outras modalidades
em muitas vezes possuem taxas até cinco vezes maiores que as propiciadas
pelo microcrédito.
Assim, surgem por todo país várias organizações aptas a disponibilizar o
microcrédito, as quais possuem como objetivo divulgar e disponibilizar o
microcrédito de forma a qual essa população tenha acesso e conhecimento
deste instrumento de inclusão social.
No que concerne a cidade de Biguaçu, o microcrédito é aplicado pela
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Banco do
Empreendedor, que foi criado juntamente com outras 19 OSCIP´s no estado de
Santa Catarina, pelo programa de microcrédito Crédito de Confiança o qual foi
desenvolvido pelo Governo do Estado e tendo como principal fomentador o
BADESC (Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina).
Partindo dessa realidade, a presente pesquisa busca caracterizar o perfil
dos tomadores de microcrédito da cidade de Biguaçu.
Deste modo, a fim de melhor direcionar os estudos e atividades,
referentes ao presente estudo, definiram-se os objetivos, que serão
apresentados na seqüência.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Caracterizar o perfil dos tomadores de Microcrédito da cidade de
Biguaçu.
1.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar o Microcrédito com base na literatura existente sobre o
assunto;
Investigar o perfil social dos tomadores de microcrédito da cidade de
Biguaçu;
Investigar o perfil econômico os tomadores de microcrédito da cidade de
Biguaçu;
Confeccionar quadro resumo do perfil sócio-econômico dos tomadores
de microcrédito.
1.2 JUSTIFICATIVA
Nos dias de hoje, com as grandes dificuldades para os micro e
pequenos empreendedores tomarem crédito no sistema financeiro nacional fica
cada vez mais difícil o investimento no desenvolvimento de suas atividades.
Sem o acesso ao crédito os pequenos empreendedores buscam
recursos com agiotas, parentes ou amigos e pagam taxas abusivas de juros.
Por outro lado, existe o microcrédito que possui taxas de juros menores e que
os muitos desses empreendedores desconhecem.
No que se refere à cidade de Biguaçu existe a OSCIP (Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público) que é o Banco do Empreendedor. Ela
disponibiliza o microcrédito para os pequenos empreendedores da região. A
instituição atua na região da cidade há sete anos, e possui uma boa carteira de
clientes.
O microcrédito possui como objetivo a disponibilização de recursos para
as classes menos favorecidas. De acordo com BARONE et al(2002, p. 15) o
impacto positivo do microcrédito nas circunstâncias de pobreza ao
fortalecimento do empreendimento e aumento da renda familiar.
A relevância da pesquisa em questão ocorre primeiro por abordar um
tema de extrema importância para o desenvolvimento da região de Biguaçu.
Segundo por buscar avaliar o desenvolvimento econômico e os benefícios
gerados aos tomadores, permitindo assim o acompanhamento do desempenho
da atividade do microcrédito na região.
Quanto ao ineditismo da pesquisa se da por se tratar de um tema ainda
não trabalhado por outros autores na região de Biguaçu.
A viabilidade da pesquisa se dá pelo fato do acadêmico ter acesso as
informações, trabalhar na área e possuir tempo disponível para a confecção da
pesquisa em questão.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pouco se sabe a respeito da origem do microcrédito. Quase não existem
obras literárias relatando este fato, tão pouco na língua portuguesa. Desta
forma, esta pesquisa busca documentar algumas experiências de crédito
produtivo que ocorreram pelo mundo.
Na maior parte do mundo nos países em desenvolvimento, em particular
na Índia Sudeste Asiático, e nos países de língua espanhola da América Latina,
as microfinanças são vistas como importante ferramenta de inclusão social, um
importante instrumento de combate à pobreza e geração de renda. As
microfinanças ganharam tamanha importância que no ano de 2005 foi
escolhido pelas Nações Unidas como o Ano Internacional do Microcrédito.
No Brasil há várias pessoas interessadas em fazer do microcrédito um
instrumento de inclusão social, e esta idéia vêm ganhando força com o passar
dos anos nas políticas públicas já que o país possui grande desigualdade
social e precariedade de empregos dificultando o enquadramento da mão-de-
obra no mercado de trabalho.
Contudo, uma boa parcela da população não tem conhecimento do
verdadeiro significado da palavra microcrédito, e o confundem com conceito de
microfinanças. Isso se deve ao desconhecimento ou por motivo de ser um dos
serviços disponibilizados por uma organização de microfinanças ser o crédito.
Outra grande divergência ocorre quando se fala em microcrédito produtivo e as
pessoas o confundem com os créditos populares os que têm como objetivo
aumentar o consumo e não financiar uma atividade produtiva.
2.1 MICROCRÉDITO
Muitas pessoas confundem o conceito do microcrédito com o das
microfinanças. Por tanto cabe esclarecer que o microcrédito é um dos produtos
disponibilizados no âmbito da microfinanças que busca atender os pequenos
empreendedores. De acordo com Alves e Soares (2006, p.28) “a atividade de
microcrédito é definida como aquela que, no contexto das microfinanças,
dedica-se a prestar serviços exclusivamente a pessoas físicas e jurídicas
empreendedoras de pequeno porte, diferenciando... a metodologia utilizada”.
Microcrédito é a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores informais e microempresas, com dificuldades de acesso ao sistema financeiro tradicional, principalmente por não terem como oferecer garantias reais. É um crédito destinado à produção (capital de giro e investimento) e é concedido com o uso de metodologia específica (BARONE et al., 2002, p.11).
A primeira manifestação de crédito popular que se tem notícia ocorreu
no sul da Alemanha no ano de 1846, denominado de “Associação do Pão”,
criada pelo pastor Raiffeinsen.
...Tentando sanar as conseqüências de um rigoroso inverno, que deixou os fazendeiros locais endividados e reféns de agiotas, Rainffeinsen cedeu-lhes farinha para que, com a fabricação e comercialização de pão caseiro, pudessem obter algum capital. Foi criada então a “Associação do Pão”, que rendeu recursos suficientes para a constituição de um estoque de sementes de batata, adquiridas a preços módicos, sob a negociação do próprio Rainffeinsen. As sementes foram cedidas a titulo de crédito aos fazendeiros que pagaram seus empréstimos após a colheita, obtendo uma sensível melhoria na qualidade da produção de batatas. Com o passar dos anos, a associação evoluiu para a criação de uma cooperativa de crédito para a população empobrecida, em que os mais ricos davam garantias aos empréstimos dos mais pobres (TANNIRI, 2000, p. 39).
Entretanto, só após muito tempo em 1976 o microcrédito ficou
internacionalmente conhecido através do programa desenvolvido pelo
economista Muhammad Yunus em Bangladesh, capital Indiana. Yunus
observou a pobre aldeia de Jobra nos arredores da Universidade de
Chittagong, onde lecionava. Em relação à grave situação de pobreza das
pessoas que ali habitavam, Yunus destaca:
Essas pessoas não eram pobres por estupidez ou preguiça. Elas trabalhavam o dia inteiro, realizando tarefas físicas muito complexas. Eram pobres porque as estruturas financeiras de nosso país não tinha a disposição de ajudá-las a melhorar sua sorte. Era um problema estrutural, e não um problema individual (Yunus, 2006, p. 24).
As pessoas desta aldeia não tinham acesso a crédito nos bancos
comerciais para financiar suas pequenas atividades produtivas, fazendo com
que elas recorressem a agiotas. Os juros cobrados pelos agiotas variavam de
10% por semana a 10% ao dia. Após ter o conhecimento das dificuldades em
que se encontrava a aldeia, o Professor Yunus iniciou com recursos próprios a
concessão de empréstimos a uma pequena parcela daquela população pobre,
onde emprestou o total de 27 dólares para um grupo de 42 pessoas (YUNOS,
2006, p. 19).
A ação tomou tamanho desenvolvimento que deu origem ao Grameen
Bank. Trata-se de uma Instituição Não Governamental com uma pequena
participação do governo (10%), e que no ano de 1983 foi registrada como
banco independente, atuando atualmente com todas as funções de uma
instituição financeira. No ano de 1997 ultrapassou a marca de 2,4 bilhões de
dólares em microcréditos realizados, para cerca de 2,3 milhões de pequenos
empreendedores os quais vão ampliando as oportunidades de seu crescimento
econômico. (TANNURI, 2000, p. 44)
De acordo com Yunus (2006, p. 154), o microcrédito gerou fortes
mudanças na qualidade de vida de seus tomadores, tais como o crescimento
da renda familiar beneficiada pelo empréstimo.
Este modelo foi adotado em diversos países do mundo, inclusive no
Brasil. Há outras experiências internacionais de microcrédito que são
consideradas modelo para este setor. Na América Latina há várias
experiências com o microcrédito, mas uma das mais importantes é a
experiência boliviana. O BancoSol surgiu com o objetivo estritamente social
mas, com o passar do tempo, ganhou caráter empresarial, se tornando um
banco privado, comercial onde se dedica exclusivamente ao atendimento à
microempresas e ao setor informal. (BARONE et.al., 2000, p. 14)
De acordo com Tannuri (2000, p. 45) existem outras experiências com o
microcrédito na América Latina. A seguir estão listadas as outras experiências
de sucesso com crédito popular nesta região.
Cooprogreso - Equador - criado no ano de 1969
Bancosol - Bolívia - criado em 1986
Corposol - Colômbia - criado no ano 1988
Fosis - Chile - criado em 1991
Fogapi – Peru – criado em 1979
Desta forma o microcrédito vem sendo utilizado como ferramenta de
inclusão social em vários países do mundo onde há grande desigualdade
social. No Brasil esta realidade não poderia ser diferente, desta forma a
próxima seção relata um pouco sobre a realidade do microcrédito no Brasil.
2.2 O MICROCRÉDITO NO BRASIL
Embora o microcrédito tenha ficado conhecido mundialmente com o
modelo de Bangladesh, foi no ano de 1973 é que surgem as primeiras
alternativas brasileiras de microcrédito como a União Nordestina a Pequenas
Organizações (UNO), sediada em Recife.
O Brasil foi um dos primeiros países no mundo a experimentar o microcrédito para o setor informal urbano. Em 1973, nos municípios de Recife e salvador, por iniciativa e com assistência técnica da Organização Não Governamental ACCION INTERNATIONAL, na época AITEC, e com a participação de entidades empresariais e bancos locais, foi criada a União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações, conhecida como programa UNO (BARONE et al.,2002, p. 15).
De acordo com Barone et.al. (2002, p.15), o programa UNO era
especializado em microcrédito e na capacitação para os trabalhadores de baixa
renda do setor informal. Simultaneamente a concessão de crédito, a UNO
capacitava seus clientes em temas básicos de gerenciamento.
Para a realidade brasileira também existiram tentativas de
democratização do crédito, de acordo com Barone et.al.(2002, p.15), houveram
tentativas como o Centro Ana Terra no estado do Rio grande Sul, o Banco da
Mulher no estado da Bahia, a Portosol que surgiu por iniciativa da prefeitura de
Porto Alegre, o Vivacred na cidade do Rio de Janeiro com instalações inclusiva
na favela da Rocinha, o CrédiAmigo com atuação na região nordeste e norte de
Minas gerais e Espírito Santo. Porém houve outras tentativas de divulgar o
microcrédito como o Programa de Crédito Produtivo popular, fundado no ano
de 1996 pela comunidade Solidária e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) que tinha como objetivo divulgar o microcrédito e
criar uma ampla rede de atendimento aos pequenos empreendedores.
Para a realidade brasileira, o microcrédito não possui nenhuma lei que
regulamente sua atividade, porém, segundo Soares e Sobrinho (2007, p.118), o
ano de 1999 marcou o inicio das grandes mudanças do setor com a Lei 9.790,
de 23 de março de 1999 que abriu para a ONG de microcrédito a possibilidade
de atuar como OSCIP´s (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público)
onde permitiu o aumento de sua capacidade operação mediante ao acesso a
recursos públicos, através da utilização do termo de parceria. Depois foi
expedida a medida provisória 1.894-24, de 23 de novembro de 1999, que tem o
objetivo social de conceder financiamento a microempresas e pessoas físicas
com a viabilização de empreendimentos de natureza profissional, comercial ou
industrial de pequeno porte, equiparando-se às instituições financeiras para os
efeitos da legislação em vigor.
Assim após o ano de 1999 surgiu em vários estados brasileiros a
tentativa de democratização do crédito. No estado de Santa Catarina foi criado
o programa Crédito de Confiança, o qual veio para atender as necessidades do
pequeno empreendedor catarinense. Este programa foi criado pelo Governo do
Estado juntamente com o Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa
Catarina (BADESC) e outras organizações do estado, adotando a mesma
metodologia de trabalho do modelo de Yunus.
Esta metodologia própria de trabalho para a avaliação de crédito é
bastante diferenciada da do sistema financeiro tradicional. Basicamente no
sistema tradicional o crédito é fornecido baseado em garantias, solidez,
patrimônio e tradição financeira do tomador, já no microcrédito, são baseados
basicamente na análise sócio-econômica do empreendedor realizada pelo
agente de crédito, onde a avaliação é subjetiva, e baseada nas potencialidades
do cliente.
A seguir busca-se esclarecer a metodologia utilizada pelo microcrédito e
fundamentar o PNMPO (Programa Nacional do Microcrédito Produtivo e
Orientado).
2.3 MICROCREDITO PRODUTIVO ORIENTADO
A atividade do microcrédito orientado no Brasil ganhou maior
importância com a iniciativa do governo federal da criação da lei n° 11.110 de
25 de abril de 2005 veio a instituir o Programa Nacional de Microcrédito
Produtivo Orientado (PNMPO), diferenciado assim o microcrédito para
pequenos empreendedores, do microcrédito de bens e consumo. (SOARES e
SOBRINHO, 2007, p.152)
O PNMPO surgiu com importância de qualificar e distinguir o
microcrédito concedido no Brasil, de forma que não apenas qualificasse o
público alvo, mas também o processo de avaliação de crédito. O PNMPO não
apenas realiza o crédito para os pequenos empreendedores, entretanto este
programa busca orientar e conceder o crédito de modo que potencialize a
atividade e não gere dificuldades ou complicações financeiras para o tomador.
(SOARES e SOBRINHO, 2007, p.152)
O Microcrédito Produtivo Orientado é definido como o crédito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas físicas e jurídicas empreendedoras de atividades produtivas de pequeno porte, que utiliza metodologia no relacionamento direto com os empreendedores no local onde é executada a atividade econômica, devendo ser considerado, ainda, que:
O atendimento ao tomador final dos recursos deve ser feito
por pessoa treinadas para efetuar o levantamento sócio
econômico e prestar orientação educativa sobre o
planejamento do negócio, para definição das necessidades
de crédito e de gestão voltadas para o desenvolvimento do
empreendimento;
O contato com o tomador final dos recursos deve ser
mantido durante o período do contrato, para
acompanhamento e orientação, visando ao seu melhor
aproveitamento e aplicação, bem como ao crescimento e à
sustentabilidade da atividade econômica; e
O valor e as condições do crédito devem ser definidos após
a avaliação da atividade da capacidade de endividamento
do tomador final dos recursos, em estréia interlocução com
este e em consonância com o previsto nesta lei. (ALVES e
SOARES, 2006, p.29)
A metodologia especifica do microcrédito consiste primeiramente na
concessão assistida do crédito. Diferentemente do Sistema Financeiro
Tradicional onde o cliente é que vai até o banco, nas organizações de
microcrédito, os agentes de crédito vão até o local onde o candidato ao crédito
exerce sua atividade produtiva, para avaliar as necessidades e as condições de
seu negócio e as possibilidades de pagamento. (BARONE, et al., 2002, p. 11)
Uma grande dificuldade apresentada para esse público é a
apresentação de garantias, o microcrédito se diferencia e muito do crédito
tradicional neste ponto. As garantias são muito importantes para o sistema de
microcrédito, pois nas possíveis inadimplências são elas que podem cobrir as
perdas. O microcrédito adota os sistemas mais simples de garantias para as
condições sócio-econômicas apresentadas por seus clientes, cuja ausência de
bens para oferecer como garantia real é compensada com o capital social da
comunidade, (como as relações de confianças). Assim as garantias podem ser
oferecidas, individualmente como o tomador indica um avalista/fiador;
coletivamente por meio do aval solidário também conhecido como grupo
solidário. (BARONE, et al.,2002, p. 12)
O aval solidário consiste na reunião de três a cinco pessoas com pequenos negócios e necessidade de crédito, e que, ao mesmo tempo sejam amigas, vizinhas e que confiem umas nas outras para formar o Grupo Solidário com o objetivo de assumirem a responsabilidade do crédito de todos através do aval solidário (DANTAS, 2005, p. 5).
De certa forma as dificuldades apresentadas pelos tomadores do
microcrédito faz com que este segmento adote uma metodologia específica
para facilitar o acesso ao crédito.
O caráter informal de grande parte dos pequenos negócios, o valor
reduzido das operações de microcrédito, a ausência de garantias reais nas
operações e a formação sócio-cultural dos pequenos empreendedores
requerem procedimentos específicos no processo de concessão de crédito.
(BARONE et al., 2002, p. 21)
De certa forma, o microcrédito é um programa que deve adotar uma
metodologia de funcionamento que tenha condições de estabelecer laços de
confiança entre os participantes (credor e tomador), rompendo barreiras como
à falta de informação e o alto risco operacional. (BARONE et al.,2002, p. 21)
O tomador do microcrédito nem sempre vislumbra o crédito como um
investimento no seu negócio, na verdade o tomador possui receio de se
endividar. Assim, é de extrema importância que o crédito destinado ao pequeno
empreendedor seja assistido pelo agente de crédito. O Agente de Crédito é o
elo entre a instituição de microcrédito e o tomador do empréstimo, sendo
responsável pelo estabelecimento de uma relação de confiança entre ambas as
partes. (BARONE et al., 2002, p. 21)
O microcrédito é de certa forma, conhecido não apenas por seus juros
baixos, mas também por ser um crédito orientado, onde o Agente de Crédito
começa com uma entrevista com o pretendente ao crédito no local do
empreendimento, que muitas vezes é em sua própria residência. Neste diálogo
com o cliente, o Agente de Crédito faz a análise da situação financeira e dos
aspectos gerenciais do negócio, dimensionando a viabilidade do crédito a ser
concedido. Muitas vezes, este é primeiro plano de negócio realizado pelo
pequeno empreendedor, a utilização de índices financeiros, planos de
investimentos, fluxos de caixa e outros instrumentos fazem parte do processo
de avaliação. De certa forma, para empréstimos de valores muito baixos, essa
análise quantitativa é simplificada, com a confiabilidade do empreendedor, o
plano de investimento do recurso e o fluxo de caixa onde na maioria das vezes
apresentado em cadernetas de anotações, (BARRONE, et al., 2002, p. 21)
A metodologia de concessão de crédito e avaliação dos riscos no
microcrédito se caracteriza, principalmente, pelo acompanhamento dos créditos
concedidos, o que é um aspecto de fundamental importância no microcrédito,
já que educa os tomadores para o emprego adequado dos recursos. Esse
acompanhamento dos créditos concedidos é realizado pelo agente de crédito,
que é o profissional que desempenha o papel de analisar o empreendimento
antes, durante e depois de contraído o empréstimo. (BARONE, et al., 2006, p.
21)
A estrutura do setor de microfinanças no Brasil é formada por dois
grandes blocos de instituições, cuja atuação é complementar. O primeiro “bloco
é composto pelas instituições chamadas de “primeira linha” ou ”primeiro piso”,
que atuam diretamente com o cliente final. O segundo bloco é formado pelas
instituições de “segunda linha” ou “segundo piso” que oferecem capacitação e
apoio técnico e provêm recursos financeiros para as instituições de “primeira
linha”. (BARRONE, etal., 2002, p. 23) e (ALVES e SOARES, 2006, p. 68)
O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social),
através do Programa de Crédito Produtivo Popular, assim como o SEBRAE
(Serviço de apoio às Micro e Pequenas Empresas) são exemplos de
instituições de “segunda linha”. Já as instituições de “primeira linha” podem ser
agrupadas, segundo Alves e Soares (2004, p. 68) e Barone et al.( 2002, p. 24),
em três categorias: instituições da sociedade civil, instituições da iniciativa
privada e instituições do setor público.
A concessão do crédito pode tornar viáveis projetos produtivos que
venham garantir as camadas de baixa renda uma qualidade de vida compatível
com os padrões de cidadania. De certa forma, o microcrédito surge como uma
ferramenta estratégica para a inclusão social, salienta Paim (2002, p. 149)
Precisamos construir e criar instituições para ajudar os empreendedores, porque são eles que fazem as coisas acontecerem (...) Minha idéia e meu conceito é que todo ser humano é um empreendedor em potencial (...) como todos podem ser empreendedores, precisão então de instituições financeiras diferentes das tradicionais. Dessa forma, creio que o crédito deve ser aceito com um dos itens dos direitos humanos, porque tudo o que precisa ser feito necessita de dinheiro. (YUMUS, 2001, p. 20)
Segundo afirmam Barone et al. (2002, p. 11), “o impacto social do
microcrédito, embora de difícil mensuração, é reconhecidamente positivo,
resultando em melhores condições habitacionais, de saúde alimentar para as
famílias usuárias”.
As organizações de microcrédito devem reduzir o máximo de custo
possível para o empreendedor, pois para ele esse custo pesa mais do que o
custo financeiro. O pequeno empreendedor paga juros exorbitantes a agiotas e
fornecedores. Desta forma, ao pagar os juros do mercado, o pequeno
empreendedor possui um significativo beneficiário financeiro. Para as
organizações é essencial a cobrança de juros que lhe permita num prazo de
dois anos atingir a auto-sustentação. Este retorno é o que vai garantir a
continuidade e ampliação do programa de microcrédito. Os juros cobrados
pelas organizações devem cobrir os gastos operacionais, o custo financeiro e a
reserva para perda. (DANTAS, 2005, p. 4)
O microcrédito tem como objetivo a geração de trabalho e renda para as
famílias usuárias, introduzindo um papel estratégico a economia nacional. A
forma alternativa de ocupação, o aumento da produtividade dos pequenos
empreendimentos, que e uma ferramenta importante ao combate a pobreza, na
medida em que o acesso ao crédito vem de maneira positiva contribuindo para
a melhoria na qualidade de vida dos tomadores (DANTAS, 2005, p.5).
As operações de microcrédito são consideradas adequadas ao ciclo de
negócio, devido, principalmente, às seguintes características: empréstimos
baseados em valores pequenos, sendo que o empréstimo médio das
instituições brasileiras está em torno de R$ 1.000,00; prazos de pagamento
curtos, geralmente semanais, quinzenais ou, no máximo, mensais;
possibilidade de renovação de empréstimos; empréstimos com valores
crescentes, caracterizando-se como um sistema rotativo e cumulativo.
(BARONE, et al. 2006, p. 21)
(...)é importante enfatizar a possibilidade de auto-sustentabilidade dos programas de microcrédito enquanto mecanismo de combate à pobreza e a exclusão social. As microfinanças rompem com as tradicionais ações assistencialistas que precisam de recursos a fundo perdidos para combater a pobreza, muitas vezes sem impactos duradouros ou de longo prazo sobre o público-alvo. Na realidade, o microcrédito apenas democratiza as oportunidades na sociedade, mas ao impor a necessidade de sucesso dos empreendimentos produtivos dos beneficiários, acaba por se constituir em solução ativa e auto-sustentável de combate a pobreza (COSTANZI, 2001).
As organizações de microcrédito atuam no mercado financeiro com
empréstimos para pequenos empreendedores e principalmente para aquela
população que não possuem acesso ao crédito no sistema financeiro nacional,
devido a esta iniciativa o programa de Microcrédito pode ser considerado como
uma iniciativa de inclusão social. Visando esta idéia a próxima seção busca
fundamentar os conceitos do trabalho social.
2.4 TRABALHO SOCIAL
Como já foi relatado anteriormente o microcrédito é uma importante
ferramenta de inclusão social para a população de baixa renda, observando
esta realidade do microcrédito esta seção busca esclarecer o conceito do
trabalho social, já que o microcrédito é utilizado como alternativa de inclusão
social em vários países do mundo.
Com o objetivo social de conceder financiamentos a pessoas físicas e
microempresas, o microcrédito busca a viabilidade do empreendimento, seja
um profissional autônomo prestador de serviços, um pequeno comércio ou uma
pequena indústria. O microcrédito tem a finalidade de proporcionar o
desenvolvimento dos menos favorecidos na sociedade. (ALVES E SOBRINHO,
2006, p.69)
O microcrédito é uma ação econômica com forte impacto social, pois
permite o acesso ao crédito para atividades produtivas, o que fortalece o
empreendimento e aumenta a renda das famílias. (BARRONE, et al., 2002, p.
22)
De fato, o microcrédito vem apoiando modelos alternativos de geração de ocupação e renda para o segmento mais pobre da população, firmando-se como elemento importante de estratégias destinadas a enfrentar a pobreza e a exclusão social (BARRONE, et al., 2002, p. 22).
No Brasil, país que possui grandes dimensões continentais, é
fundamental a existência de mecanismos que facilitem a distribuição de
recursos para as mais diversas regiões, dando preferência aquelas que a
realidade socioeconômica torna inviável a existência de entidades financeiras,
enfatizam Soares e Sobrinho (2007, p. 125)
(...)há uma grande demanda por crédito neste setor e o principal aspecto a ser contemplado é o acesso oportuno e ágil e não o preço do dinheiro. Atendida essa condição, o segredo do êxito do está no uso da tecnologia do Microcrédito Orientado, que reúne uma série de condições que, em seu conjunto resulta num produto adequado às condições econômicas, gerenciais e culturais dessa clientela. (DANTAS, 2005, p. 3)
Com o objetivo do desenvolvimento econômico local, o microcrédito
deve potencializar e financiar as construções produtivas voltadas à produção
de bens – salários, atendendo a demanda local (TOSCANO, 2002, p. 1).
Toscano (2002, p.2), afirma que o “microcrédito é visto tão somente
como extensão do Sistema Financeiro Nacional.” O Microcrédito como política
de desenvolvimento, sempre deverá suprir a necessidade dos trabalhadores
informais e atentos às questões sociais do programa.
Cada vez mais, o microcrédito é visto como uma forma alternativa de
crédito para a população de baixa renda, tornando-se uma importante
ferramenta de inclusão social.
A sustentabilidade de um programa social está associada às necessidades de conservar os recursos ambientais ou principalmente por visão econômica, a qual busca retornos financeiros de um determinado projeto sendo que este possa continuar funcionando após o término do recuso. Tratando de sustentabilidade como um ponto de equilíbrio três dimensões:
Econômico-financeira, a que está relacionada às outras duas dimensões, de forma de sustentabilidade econômica, tendo como objetivo remanejar o desgaste, a expansão dos contribuídos;
Ambiental, que implica o desenvolvimento humano com o
crescimento populacional e consumo dos recursos naturais os quais não devem serem alterados o potencial de renovação;
Sustentabilidade Social, que compreende nos valores
certos, como no sistema jurídico e legal, que tem como objetivo satisfazer as necessidades da população. (Garay, 2006, p.20)
Para resolver o problema da desigualdade social no Brasil é preciso
muito mais do que a redução das taxas de juros, para que este problema seja
resolvido é preciso uma reforma microeconômica dando acesso aos pequenos
investidores ao sistema financeiro. (CANUTO, 2001, p. 1)
o país apresenta uma série de condições favoráveis ao seu
desenvolvimento [da indústria de microfinanças], como uma
grande quantidade de clientes potenciais – 70% da população
brasileira está excluída do sistema financeiro, um setor
bancário que não tem demonstrado interesse em atender às
classes mais pobres e instituições com a crescente experiência
em microfinanciamento (COSTA, 2002, p.1).
Para Costa (2006, p. 1), ”o cliente bancário potencial seria a População
Economicamente Ativa (PEA) urbana, isto é, apenas com pessoas que
exercem alguma atividade considerada produtiva nas cidades, onde os bancos
têm suas agências.”
No ano de 2001, 56,4% das pessoas com idade ativa para trabalhar,
estão trabalhando ou em busca de emprego, então a população
economicamente ativa era estimada em 63,4 milhões de pessoas. O acesso
bancário está atingindo todo o seu público em potencial, o restante da
população exerce alguma atividade considerada produtiva e obtenha renda.
Este é o público alvo do programa de microcrédito, que não pode ser a
população não bancarizada, e sim os mais pobres entre os pobres (COSTA,
2002, p. 1).
No ano de 2006 o Prêmio Nobel da Paz entregue a Muhammad Yunus,
(o criador e divulgador do microcrédito no mundo), e o Grameen Bank não
apenas consolida o microcrédito como importante instrumento na luta contra
pobreza, mas também se soma ao conjunto de ações voltadas para a
divulgação e para o fortalecimento dessa atividade, dentre as quais se destaca
o “Ano Internacional do Microcrédito”, considerada aquele que efetivamente
leva em conta as necessidades dos pobres. Prova disso é que, em seu
veredicto, o Comitê Norueguês do Nobel afirma que a paz duradoura não pode
ser obtida sem abrir um caminho para que uma ampla parte da população saia
da pobreza. (SOARES e SOBRINHO 2007, p. 18)
O prêmio demonstra ao mesmo tempo o de que dificilmente haverá paz
sem que a sociedade internacional reveja e mude a estrutura econômica, de
modo a diminuir a desigualdade social. (SOARES e SOBRINHO, 2007, p. 19)
O acesso da população de mais baixa renda ao microcrédito ainda é
reduzido. Alega-se que essa população, a maioria dos casos, não possui
condições educacionais, culturais e econômicas mínimas para a utilização do
crédito. Nesse sentido, coloca-se a importância da integração com as demais
políticas sociais para que os resultados sejam positivos. O fato é que ainda não
se conseguiu alcançar os mais pobres da pirâmide social, subutilizando o
potencial do microcrédito de combater a pobreza.
O microcrédito possui um significativo impacto nas situações de
pobreza. Ao permitir acesso continuado ao crédito para os pequenos negócios,
ele fortalece o empreendimento e contribui para o aumento da renda familiar, o
que reflete no nível de qualidade de vida das pessoas, amenizando as
condições econômicas da classe menos favorecida. (YUNUS, 2006, p. 281)
A Organização das Nações Unidas (ONU) designou o ano de 2005 como
sendo o ano internacional do microcrédito, na tentativa de reunir apoios para
tornar os serviços financeiros mais acessíveis aos pobres e às pessoas de
baixa renda. O Ano Internacional do microcrédito teve como objetivo promover
as parcerias entre governos, doadores, organizações internacionais,
organizações não governamentais, setor privado, universidades e clientes de
microfinanciamento. O resultado esperado pelos organizadores era o aumento
do acesso ao crédito, poupança, remessas e outros serviços financeiros para
as famílias pobres de modo a conduzi-las a um ambiente de mais segurança e
prosperidade. Embora o microcrédito já possua um impacto positivo no
rendimento familiar e na qualidade de vida de milhões de pobres, outros
milhões continuam a não ter acesso aos serviços financeiros, e que poderiam
elevar o seu nível de vida e protegê-los da instabilidade econômica. (ALVES e
SOARES, 2006, p. 18)
Para uma organização de microcrédito atuar no mercado nacional ela
deve-se atuar na qualificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público) quando não possuir fins lucrativos ou como uma SCM
(Sociedade de Crédito ao Microempreendedor) que são as organizações
privadas, perante esta situação o capítulo a seguir busca destacar e esclarecer
as formas de atuação institucional de microcrédito no Brasil.
2.5 ALTERNATIVAS INSTITUCIONAIS DE MICROCRÉDITO
A estrutura de atuação institucionais no setor da microfinanças no Brasil
é subdivido em dois grandes blocos de instituições. Os blocos são conhecidos
como o bloco de primeira linha e bloco de segunda linha.
O bloco de primeira linha é composto pelas as instituições de contato
direto com o consumidor final fornecendo o microcrédito, estas podem ser
qualificadas como as Instituições da Sociedade Civil, as Instituições do Poder
Público e as Instituições da Iniciativa Privada. (BARONE et al., 2002, p. 23)
As Organizações da Sociedade Civil possuem a forma das organizações
não governamental, a qual sua atuação de modo geral pode ser distinta entre
as que atuam com a concessão de créditos (minimalistas) e as que juntam ao
crédito à habilitação dos tomadores do microcrédito (desenvolvimentista). A
semelhança em comum entre estas instituições é que são constituídas na
forma de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, de forma que
o resultado operacional da instituição seja completamente reaplicado na
instituição, da forma que não haja distribuição dos lucros, porém com a
capitalização dos lucros aos tomadores do crédito, o que se torna essencial
para a sustentabilidade econômica da organização. (BARONE etal., 2002, p.
24)
Contudo as Organizações da Sociedade Civil não se adéquam ao
Sistema Financeiro Nacional (SFN), porem as pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos são qualificados como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Publico (OSCIP), onde foram regulamentada pela lei federal
9.790 de 23 de março de 1999, tornando as OSCIP´s aptas a atuar no mercado
financeiro. Porem somente após a medida provisória 2.172-32/01, que
regulamenta as atividades de microcrédito no Brasil, pois até então as
Organizações da sociedade Civil estavam restritas a atuar no mercado
financeiro com taxa de juros superior a 12% ao ano, devido ao decreto federal
nº 22.626, de sete de abril de 1933, este decreto ficou conhecido
informalmente como lei da Usura. A lei da usura buscava defender o cidadão
brasileiro da agiotagem. (BARONE et al., 2002, p. 24)
Atuam ainda como instituições de primeira linha, as instituições de poder
público, as quais possuem importante papel de desenvolvimento do programa
de microcrédito. A atuação desta parte por iniciativas do governo federal,
estadual ou até mesmo municipal através da implantação de programas de
microcréditos. As instituições da iniciativa privada atuam no microcrédito como
Sociedade Crédito ao Microempreendedor (SCM) através da lei federal 10.194
de 14 de fevereiro de 2001 que lhes permitem a participação do setor lucrativo
em organizações de microcrédito. (BARONE et al., 2002, p.24)
Porém para fomentar, capacitar, e apoiarem as instituições de primeira
linha, existe o outro bloco conhecido como instituições da segunda linha. Neste
seguimento possui entidades governamentais como BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento) que através do Programa Credito Produtivo Popular
(PCPP) e o Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI), e o Serviço
Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) através do
Programa SEBRAE de microcrédito são exemplos de entidades deste
segmento.
3 METODOLOGIA
Segundo SEVERINO (1996, p.130), a metodologia é a fase onde se
deve explicar o tipo de pesquisa a ser desenvolvido. Apresenta-se a seguir o
local do estudo, o período, o instrumento de coleta de dados e a análise dos
dados para responder às questões de pesquisa realizada.
Para a realização da pesquisa foram levantados dados através de
pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica compreende a leitura, análise e
interpretação de livros, periódicos, artigos e documentos eletrônicos. Todo o
documento recolhido deve ser avaliado e submetido a uma triagem, para
possibilitar a criação de um plano de leitura. (BARROS e LEHFELD, 1986, p.
28).
Esta leitura foi realizada atentamente de forma sistemática onde se
realiza um acompanhamento através de anotações e fichamentos, pois
poderão convir na criação da fundamentação teórica da pesquisa. Isto porque a
pesquisa bibliográfica tem como objetivo conhecer as diferentes formas de
pensamentos sobre determinado assunto de diversos autores. Esta dá auxilio
aos vários tipos de pesquisa, já que auxilia no entendimento do conteúdo e
possibilita a direcionar os objetivos, direcionar e justificar o tema abordado.
(GIL, 1999, p. 48)
De acordo com Gil (1999, p. 50), é importante que diretrizes para o
sucesso da pesquisa bibliográfica, no que se refere à leitura, análise e
interpretação dos textos.
Logo depois foi realizada uma pesquisa aos dados de clientes do banco
do empreendedor, onde se tratou de uma pesquisa quantitativa. A pesquisa
quantitativa, conforme o próprio termo indica, significa quantificar opiniões,
dados, nas formas de coleta de informações, assim como também com o
emprego de recursos e técnicas estatísticas. Este método é muito utilizado no
desenvolvimento das pesquisas descritivas e também é empregado no
desenvolvimento das pesquisas de âmbito social, econômico, de comunicação,
entre outras. Representa, em linhas gerais, uma forma de garantir a precisão
dos resultados, evitando com isso distorções de análise e interpretações.
(OLIVEIRA, 1999, 115)
O estudo realizado possui como amostra os tomadores de microcrédito
da cidade de Biguaçu, no qual participaram do sistema de avaliação de crédito
do Banco do Empreendedor no período de janeiro de 2006 a dezembro de
2007. Foram buscadas informações junto ao cadastro de clientes do Banco do
Empreendedor da cidade de Biguaçu, os quais tomaram dois ou mais créditos
no período de 01 de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2007. A população
total é de 75 clientes, dos quais foram considerados apenas 58 clientes os
quais caracterizaram a amostra intensional.
A pesquisa que foi desenvolvida neste projeto, é do tipo documental, a
qual é realizada em material apresentados pelo Banco do Empreendedor, e
dados estatísticos disponíveis em sites de pesquisa.
Os critérios levantados quanto aos tomadores do crédito estão os que
realizaram mais de uma operação e estejam com contratos quitados. Estes
dados foram coletados nos sócio-economicos utilizados para a avaliação do
crédito, nestes documentos existem dados referentes à natureza do tomador e
informações quanto a sua evolução econômica. Esta ação caracterizou a coleta
de dados adotada como documental, já que estes partem de arquivos
existentes no banco de dados do Banco do Empreendedor.
Os dados foram organizados, dividindo-os em partes, relacionando
essas partes procurando identificar tendências e padrões relevantes. Após a
organização dos dados foram reavaliadas as informações buscando
correlacionar ou diferenciar os dados coletados. Estes dados foram
reexaminados e modificados suas categorias para formar conceitos mais
abrangentes ou para facilitar a composição e apresentação dos dados. (GIL,
1999, p. 188)
4 ANALISE DOS DADOS
Para a pesquisa realizada em questão foram buscadas informações
junto ao cadastro de clientes do Banco do Empreendedor da cidade de
Biguaçu, os quais tomaram dois ou mais créditos no período de 01 de julho de
2007 a 31 de dezembro de 2007. A população total é de 75 clientes, dos quais
foram considerados apenas 58 clientes que se adequaram ao perfil da amostra.
4.1 CARACTERIZAÇÃO – SOCIAL
Para caracterizar o perfil dos tomadores de microcrédito da cidade de
Biguaçu os mesmos foram investigados de acordo com as seguintes variáveis:
quanto ao tipo de tomador se pessoa física ou pessoa jurídica, idade, tempo de
residência, tipo de moradia, nível de escolaridade, número de dependentes,
renda, experiência e tempo de atividade.
4.1.1Tipo do tomador de Microcrédito
É importante identificar o tipo de tomador de microcrédito, se é um
trabalhador informal autônomo (pessoa física) ou se é uma empresa
constituída (pessoa jurídica). Desta forma temos um referencial quanto aos
tipos dos tomadores do microcrédito da cidade de Biguaçu. Como pode-se
observar no gráfico 1.
69%
31%
Pessoa Física
Pessoa Jurídica
Gráfico 1: Tipo do Tomador
Fonte: dados primários 2008
Dos clientes pesquisados que tomaram mais de um crédito com o Banco
do Empreendedor, 69% são pessoas físicas e 31% são Pessoas Jurídicas.
4.1.2 Idade do Tomador de Microcrédito
Neste item buscou-se verificar a faixa de idade dos tomadores de
microcrédito com o objetivo de conhecer os mesmo se encontram nas faixas
etárias mais jovens que estão ingressando no mercado de trabalho ou pessoas
que buscam autonomia profissional. Como pode-se observar no gráfico 2.
4%18%
36%
42% 18 – 25 anos
26 – 35 anos
36 – 45 anos
acima de 46 anos
Gráfico 2: faixa de idade dos tomadores
Fonte: dados primários 2008
A constituição brasileira da à licença as empresas concederem crédito
somente para maiores de 18 anos. Dessa forma, em análise à distribuição de
freqüência da idade dos tomadores de microcrédito a faixa de idade inicial é
representada por tomadores entre 18 – 25 anos que totalizaram 4 % da
amostra. A segunda faixa ficou entre 26 – 35 anos, o qual totalizou 18%. A
terceira faixa ficou entre 36 – 45 anos, totalizando 36%. E por último os
tomadores ficara qualificados como acima de 46 anos, e totalizaram 42%. Por
tanto, observa-se que a maior dos tomadores de crédito são indivíduos com
idade superior a 36 anos. Dessa forma, pede-se inferir que a maioria dos
tomadores de crédito são indivíduos que buscam autonomia profissional.
4.1.3 Quanto ao tempo de Residência
Em relação ao tempo de residência, buscou-se investigar ao tempo de
residência que cada tomador possui no município. Esta variável é um forte
diferencial para o risco com perda com os créditos realizados pela instituição
na cidade. Pois, por meio desta variável é possível é identificar se o candidato
ao crédito possui histórico na cidade. Dessa forma, não se tratando de pessoas
oportunistas. O gráfico 3 representa em faixa o tempo médio de moradia dos
tomadores.
11%
20%
13%29%
27%
0 anos e 1 mês – 5 anos
5 anos e 1mes – 10 anos
10 anos e 1 mês – 15 anos
de 15 anos e 1 mês – 25anos
acima de 25 anos
Gráfico 3: Distribuição de freqüência do tempo de residência dos
tomadores de crédito
Fonte: dados primários 2008
Entre os tomadores pesquisados 11% encontram-se na faixa de até 5
anos, 20% na faixa de 5 a 10 anos, 13%na faixa de 10 a 15 anos, 29% de 15 a
20 anos e 27% acima de 25 anos. Portanto percebe-se que a maioria dos
tomadores de microcrédito na região de Biguaçu possui tempo de residência
superior a 15 anos na região em analise. Este resultado vem ao encontro da
variável idade dos tomadores de crédito, revelando um perfil de tomadores de
crédito na região em analise de indivíduos de idade média e que sempre
moraram na cidade de Biguaçu.
4.1.4 Tipo de Moradia dos tomadores de microcrédito
Neste item buscou-se apurar as condições de moradias dos tomadores,
as quais se classificam em própria, alugada, cedida e residentes com os pais.
Dessa forma, procura-se identificar a estabilidade financeira dos tomadores se
possuem raízes na localidade em questão. No gráfico 4 são revelados os
resultados apurados na pesquisa dos tipos de moradias.
Gráfico 4: Tipo de Moradia dos tomadores de microcrédito
Fonte: dados primários 2008
Em analise ao gráfico 4 se pode observar que 88% dos tomadores
possuem casa própria, 5% residem em imóvel alugado, 5% residem em local
cedido e 2% reside com os pais. Portanto com base na pesquisa em questão
pode-se concluir que a maioria dos clientes demonstram terem construído
raízes na região dando maior segurança ao crédito em questão.
4.1.5 Nível de Escolaridade
Neste item buscou-se investigar o nível de escolaridade com o objetivo
de apurar o grau de instrução dos tomadores de microcrédito da cidade de
Biguaçu. No gráfico nº 5 pode-se observar tal situação.
22%
22%
9%
42%
0% 5%1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
nível superior incompleto
nível superior completo
Figura 5: Nível de Escolaridade
Fonte: dados primários 2008
Na pesquisa realizada pode-se observar que apenas 5% dos tomadores
possuem nível superior, e que 42% têm ensino médio completo, contatando
que os tomadores possuem boa formação escolar dentro das condições de
alfabetização de nosso país. Portanto pode-se constatar que a maioria dos
tomadores de microcrédito do Banco do Empreendedor possuem ensino médio
completo, demonstrando um baixo índice de analfabetismo entre os tomadores
da cidade de Biguaçu.
4.1.6 Nível de renda gerada pela atividade
Em relação a renda gerada aos tomadores de microcréditos através das
atividades financiadas, este item buscou-se apurar verificar o valor das rendas
dos tomadores, buscando desta forma ter conhecimento das condições de
vida dos tomadores. O gráfico 6 demonstra os resultados apurados pela
pesquisa.
27%
28%9%
19%
17%
R$ 500,01 – R$ 900,00
R$ 900,01 – R$ 1.000,00
R$ 1.000,01 – R$ 1.500,00
R$ 1.500,01 – R$ 2.000,00
acima de R$ 2.000,00
Gráfico 6: Nível de renda gerada pela atividade
Fonte: dados primários 2008
Como podemos observar no gráfico 6, 27% dos tomadores possuem
renda entre R$ 500,00 – R$ 900,00; 28% dos tomadores possuem renda entre
R$ 900,01 – R$ 1.000,00; 9% dos tomadores possuem renda entre R$
1.000,01 – R$1.500,00; 19% dos tomadores possuem renda entre R$ 1.500,01
– R$ 2.000,00 e apenas 17% dos tomadores possuem renda acima de R$
2.000,00. Observa-se que a maioria dos tomadores investigados possuem
renda igual ou inferior a R$ 1.000,00, que caracteriza a classe C da população.
Desta forma pode-se observar que o microcrédito está sendo concedida a
população alvo segundo a pesquisa bibliográfica realizada, que são as pessoas
de baixa renda.
4.1.7 Tempo de experiência no ramo da atividade
Quando buscamos neste item investigar o tempo de experiência do
tomador em sua atividade buscamos saber quanto ao conhecimento do cliente
possui de conhecimento e experiência na atividade em questão, onde
observamos as experiências profissionais anteriores a seu empreendimento
juntamente com o tempo de sua autonomia profissional. No gráfico 7 observa-
se a pesquisa em questão.
2%21%
21%
19%
37% 6 meses – 2 anos
2 anos e 1 mês – 5 anos
5 anos e 1 mês – 10 anos
10 anos e 1 mês – 15 anos
acima de 15 anos
Gráfico 7: tempo de experiência no ramo da atividade
Fonte: dados primários 2008
Conforme o gráfico 7 observa-se que 2% dos tomadores pesquisados
possuem experiência em sua atividade de 6 meses – 2 anos; 21% dos
tomadores pesquisados possuem experiência em suas atividade de 2 anos e 1
mês – 10 anos; 19% dos tomadores pesquisados possuem experiência de 10
anos e um mês – 15 anos e 37% dos tomadores pesquisados possuem
experiência acima de 15 anos. Com base nos dados do gráfico 7 conclui-se
que os clientes que foram pesquisados possuem boa experiência profissional,
dando um maior conhecimento sobre a atividade desenvolvida e enquadrando
o cliente pesquisado dentro dos requisitos exigidos pelo Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO).
4.1.8 Tempo de independência na atividade
Como tratamos no item anterior investigar o tempo de experiência
profissional dos clientes pesquisados, neste buscamos saber quanto tempo o
cliente possui de autonomia profissional na atividade financiada. No gráfico 8
observar-se a seguinte situação.
16%
10%
36%
38% 6 meses – 3 anos
3 anos e 1 mês – 5 anos
5 anos e 1 mês – 10 anos
acima de 10 anos
Gráfico 8 - Tempo de independência na atividade
Fonte: dados primários 2008
Como pode-se observar no gráfico 8, 16% dos tomadores pesquisados
possuem seu próprio negocio entre 6 meses – 3 anos; 10% têm independência
na atividade entre 3 anos e 1 mês – 5 anos; 36% possui seu próprio negócio
entre 5 anos e 1 mês – 10 anos e 38% dos tomadores pesquisados possuem
seu próprio negócio a mais de 10 anos. Observa-se no gráfico 8 que em sua
maioria os clientes possuem sua própria atividade há mais de 3 anos,
demonstrando ter uma estabilidade financeira dando uma maior segurança a
aplicação do crédito liberado pelo Banco do Empreendedor.
4.2 CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA
Para analisar os fatores que influenciaram a concessão o microcrédito
aos tomadores foi analisado quanto a Finalidade do Crédito, e as condições do
empreendimento.
4.2.1Finalidade do crédito
Quanto aos fatores que influenciaram a concessão do crédito, esta
pesquisa se buscou saber primeiramente quanto a necessidade e finalidade
que levaram o tomador a tomar microcrédito com o instituição. Sendo desta
forma o gráfico 9 está representando as finalidades dos créditos liberados.
57%22%
20%1%
capital de giro
capital fixo
capital misto (giro + fixo)
refinanciamento
Gráfico 9: Finalidade do Crédito
Fonte: dados primários 2008
Observa-se no gráfico 9 foram liberado quatro diferentes linhas de
crédito para os tomadores as quais 57% dos créditos liberados foram
destinados a capital de giro, 22% destinado a capital fixo, 20% destinado a
capital misto e 1% é referente a refinanciamento de créditos com problemas de
pagamento. Contudo pode-se afirmar que a linha de capital de giro foi a qual se
obteve maior procura pelos investigados. Tal fato pode-se ter ocorrido devido a
redução das vendas, crescimento da inadimplência, aumento das despesas
financeiras, aumento de custos fixos ou a combinação destes quatro fatores.
4.2.2 Objetivo do crédito quando Capital Fixo e Misto
Sendo que as linhas de capital de fixo e capital misto são destinadas a
investimentos como compra de máquinas e equipamentos, reforma do local,
construção e melhorias das instalações da atividade, este item busca investigar
as finalidades dos créditos liberados para esta linha de microcrédito liberada
para tomadores. O gráfico 10 está representando os itens aqui associados.
Gráfico 10: Objetivo do crédito quando Capital Fixo e Misto
Fonte: Dados primários 2008
No gráfico 10 observa-se que 18% dos créditos representam ampliação
do espaço físico mais capital de giro; 30% representam reforma do local mais
capital de giro; 26% representam compra de maquinas e equipamentos; 11%
representam compra de maquina equipamentos mais capital de giro; 4%
representam reforma de equipamentos; 5% representam reforma do local e 6%
representam a compra de veículo.
Ao observar o gráfico 10 conclui-se que os tomadores buscam agregar
valores e melhores condições ao desenvolvimento de sua atividade.
4.2.3 Número de funcionários por atividade
Como de interesse da pesquisa é saber os benefícios e o estudo
econômico gerado pelos tomadores do microcrédito, este item procura apurar
quantos empregos os empreendedores geram diretamente em sua atividade.
No gráfico 11 observa-se os dados apurados da pesquisa.
65%
16%
10%5%
2%
2%
não possui
1 funcionário
2 funcionários
3 a 5 funcionários
6 a 10 funcionários
mais de 10 funcionários
Gráfico 11: Número de funcionários por atividade
Fonte: dados primários 2008
Observa-se no gráfico 11 que 65% dos tomadores não possuem
funcionários; 16% possuem 1 empregado; 10% 2 funcionários; 5% possuem
entre 3 e 5 funcionários; 2% possui entre 6 – 10 funcionários e outros 2%
possui mais de 10 funcionários.
4.2.3.1 Quanto ao número de funcionários com/sem carteira assinada
Como trata-se de uma realidade apresentada no Brasil a qual é alto o
número de empregados sem carteira assinada, aquele que não possui vinculo
trabalhista com o patrão onde não há recolhimento de impostos e benefícios,
busca-se saber o número de funcionários que cada atividade possui com e sem
carteira assinada.
60%20%
20%
1 funcionário
2 funcionários
3 a 5 funcionários
Gráfico 12: Número de funcionários sem carteira assinada
Fonte: dados primários 2008
Como pode-se observar no gráfico 12 dos tomadores pesquisados que
possuem funcionários sem carteira assinada em sua atividade, 60% possuem 1
funcionário; 20% possuem 2 funcionários e 20% possuem de 3 a 5
funcionários.
40%
30%
20%
10%
1 funcionário
2 funcionários
6 a 10 funcionários
mais de 10 funcionários
Gráfico 13: Funcionários com carteira assinadas
Fonte: dados primários 2008
Observar-se no gráfico que das atividades que possuem funcionários
com carteira assinada, 40% possuem 1 funcionário com carteira assinada; 30%
possuem 2 funcionários com carteira assinada; 20% possuem de 6 – 10
funcionários com carteira assinada e 10% possuem mais de 10 funcionários
com carteira assinada.
Partindo de um dos pressupostos do qual o programa de microcrédito
baseia-se, nota-se que o número de empregos gerados por atividades formais
ou informais têm a possibilidade de um forte crescimento da possibilidade da
geração de novos empregos.
4.2.4 Se possui conta em Banco comercial
De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada o microcrédito busca
conceder crédito a pequenos empreendedores informais e microempresas que
não possuem acesso ao sistema financeiro nacional. Este item buscou
investigar qual o percentual de tomadores que possuem conta em banco
comercial, sendo subdividida em tomadores quanto a pessoa física e quanto a
pessoa jurídica.
Desta forma o gráfico 14 representa os dados pesquisados quanto às
empresas formalizadas que possuem ou não conta em banco comercial.
28%
72%
sim
não
Gráfico 14: pessoa jurídica com conta em banco
Fonte: dados primários 2008
Pode-se observar que entre os tomadores de pessoa jurídica 28%
possuem conta em algum banco comercial e 72% não possui conta em banco.
Como relatado no perfil dos tomadores, possui-se também tomadores
de microcrédito como pessoa física, neste item busco-se investigar quais
destes possuem ou não conta em banco comercial.
Gráfico 15: pessoa Física com conta em banco
Fonte: dados primários 2008
Podemos observar no gráfico 15 que 72% dos tomadores informais
possuem conta em algum banco comercial e que 28% não possuem conta em
banco.
De acordo com os gráficos 14 e 15 observa-se que entre as empresas
formalizadas 72% estão exclusos do sistema financeiro, e entre os
empreendedores informais 72% possuem conta em banco. Pode-se observar
que os tomadores de microcrédito utilizam de sua conta corrente tanto para o
desenvolvimento de sua atividade ou para seus gastos pessoais, não tendo
uma separação de sua conta corrente como pessoa física ou jurídica.
4.2.5 O local de funcionamento da atividade
Para que se tenha um maior conhecimento a respeito das condições de
negócios dos clientes que tomaram credito com a instituição, este item
investigou a respeito sobre o local de desenvolvimento da atividade, ou seja, o
negócio funciona em local próprio, alugado ou cedido.
O gráfico 16 apresenta os dados apurados pela pesquisa.
72%
28%
Sim
Não
66%
31%
3%
próprio
alugado
cedido
Gráfico 16: Quanto ao local de desenvolvimento da atividade
Fonte: dados primários 2008
Observa-se no gráfico 16 que 66% dos clientes pesquisados
desenvolvem sua atividade em local próprio, 31% em local alugado e 3% em
local cedido. Contudo pode-se salientar que o fato do cliente possuir local
próprio para o desenvolvimento da atividade faz com que ele tenha um menor
custo fixo, demonstrando comprometimento com seu empreendimento
buscando melhores condições para o desenvolvimento de sua atividade.
4.2.6.1 Quando local alugado, Valor do aluguel
Como temos o conhecimento do percentual de clientes que possuem
local alugado para o desenvolvimento de sua atividade, este item da pesquisa
buscou investigar o valor mensal referente a aluguel pago pelos clientes. Já
que o valor do aluguel interfere diretamente nos custos fixos da atividade.
A seguir no gráfico 17 estão representados os dados apurados pela
pesquisa.
28%
66%
6%
de R$ 200,01 até R$ 350,00
de R$ 350,01 até R$ 500,00
de 500,01 até R$ 750,00
Gráfico 17: Valor do aluguel pago
Fonte: dados primários 2008
De acordo com gráfico 17 pode-se observar que 28% dos tomadores
pagam alugueis entre R$ 200,00 – R$ 350,00; 66% pagam alugueis entre R$
350,01 – R$ 500,00 e 6% pagam alugueis entre R$ 500,01 – R$ 750,00.
4.2.6 Ponto de desenvolvimento da atividade
Para melhor avaliar as condições de negócio dos tomadores de
microcrédito buscou-se saber quanto ao ponto de desenvolvimento da
atividade, se funciona em ponto fixo, atendimento a domicilio, ambulante,
feirante ou outros. No gráfico 18 apresentam-se os itens pesquisados.
91%
5% 4%0%
0%
Fixo
atendimento a domicílio
ambulante
feirante
outros
Gráfico 18: Ponto de desenvolvimento da Atividade
Fonte: dados primários 2008
Pode-se observar que 91% dos tomadores possuem ponto fixo para o
desenvolvimento de suas atividades; 5% atuam realizando atendimento a
domicilio; 4% atuam como ambulantes. Os feirantes e outros tipos não foram
citados na pesquisa.
4.2.7 Estruturação da atividade
No desenvolvimento da pesquisa, buscou-se saber quanto ao nível de
estruturação apresentada pelas empresas formais e informais que tomarão
crédito com a instituição, quanto se classifica como sobrevivência, acumulada
simples ou acumulada ampliada. No gráfico 19 estão representados os dados
apurados na pesquisa.
54%41%
5%
sobrevivência
acumulada simples
acumulada ampliada
Gráfico 19: estruturação da atividade
Fonte: dados primários 2008
Observa-se no gráfico 19 que 54% dos tomadores pesquisados
possuem atividade do tipo de sobrevivência; 41% possuem atividade tipo
acumulada simples e 5% possuem atividade tipo acumulada ampliada.
Contudo ao analisar o gráfico 19, que em sua maioria trata-se de
atividades de sobrevivência as quais os ganhos da atividade são basicamente
consumidos para o sustento da família do tomador. Desta forma pode-se
concluir que o Banco do Empreendedor está utilizando o microcrédito como
ferramenta de inclusão social, pois financiando os pequenos negócios de seus
clientes possibilita a eles o desenvolvimento de seu empreendimento e de
melhores condições familiares.
4.2.8 Faturamento bruto (média)
Neste item buscou-se investigar a média de faturamento bruto dos
tomadores de microcrédito, tendo um maior conhecimento a respeito dos
valores comercializados ou serviços prestados pelos tomadores. Desta forma
temos um maior conhecimento sobre o poder de comercialização e capacidade
financeira para o comprometimento com o crédito.
14%
17%
48%
7%7% 7%
de R$ 1.000,01 a R$ 2.500,00
de R$ 2.500,01 a R$ 5.000,00
de R$ 5.000,01 a R$ 10.000,00
de R$ 10.000,01 a R$ 15.000,00
de R$ 15.000,01 a R$ 25.000,00
acima de R$ 25.000,00
Gráfico 20: faturamento bruto médio
Fonte: dados primários 2008
Podemos observar que 14% dos tomadores possuem faturamento bruto
médio de R$ 1.000,00 – R$ 2.500,00; 17% possuem faturamento bruto médio
entre R$ 2.500,01 – R$ 5.00,00; 48% possuem faturamento entre R$ 5.000,01
– R$ 10.000,00; 7% possuem faturamento médio bruto entre R$ 10.000,00 –
R$ 15.000,00; 7% possuem faturamento entre R$ 15.000,00 – R$ 25.000,00 e
7% com faturamento acima de R$ 25.000,00.
Observa-se que 48% dos tomadores do Banco do Empreendedor
possuem faturamento entre R$ 5.000,01 – R$ 10.000,00, onde nos leva a
concluir que em sua maioria são atividades de sobrevivência e que a instituição
está atendendo o foco do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo
Orientado (PNMPO).
4.2.9 Aumento percentual de faturamento na tomada de um novo crédito
Como no item anterior conhecemos a média de faturamento dos
clientes, neste foi levantada informações a respeito do aumento do faturamento
dos cliente que possuíram perfil para a pesquisa os quais tomaram dois ou
mais créditos com o Banco do Empreendedor. No gráfico 21 pode-se visualizar
os resultados apresentados.
17%
10%
37%
17%
3%5%
9% 2% não teve aumento
Aumento em 10%
Aumento em 20%
Aumento em 30%
Aumento em 40%
Aumento em 50%
Aumento em 100%
Aumento acima de 120%
Gráfico 21: média de crescimento no faturamento dos tomadores
Fonte: dados primários 2008
Podemos observar que 17% dos tomadores não obtiveram nenhum
aumento no faturamento; 10% obtiveram 10% de aumento em seu faturamento;
37% obtiveram 20% de aumento em seu faturamento; 17% obtiveram 30% de
aumento em seu faturamento; 3% obtiveram 40% de aumento em seu
faturamento; 5% obtiveram 50% de aumento em seu faturamento; 9%
obtiveram 100% de aumento em seu faturamento e 2% obtiveram aumento
superior a 120%.
Observa-se que apenas 17% dos clientes investigados não obtiveram
aumento significativo em seu faturamento em relação ao primeiro empréstimo,
os demais que obtiveram aumento em seu faturamento nos leva a concluir que
o microcrédito potencializou seu negócio gerando o crescimento da atividade e
dando melhores condições de sobrevivência aos tomadores e seus familiares.
4.3 RESUMO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DOS TOMADORES DE
MICROCREDITO DA CIDADE DE BIGUAÇU
A importância da construção do quadro resumo sobre este assunto se
dá ao interesse de conhecer e caracterizar o perfil dos tomadores de
microcrédito da cidade de Biguaçu. Contudo buscou-se investigar informações
sócio-econômicas, que dizem respeito sobre as condições familiares, nível de
alfabetização, tempo de autonomia e comprometimento com a atividade,
acesso ao sistema financeiro, condições de negócio, finalidade do crédito e
capacidade financeira para com o pagamento do empréstimo.
Caracterização Social
Perfil do tomador 69% pessoas físicas
Tipo de moradia 88% própria
Nível de escolaridade 42% 2º grau completo
Nível de renda 28% R$ 900,01 – R$ 1.000,00
Tempo de independência 38% acima de 10 anos
Caracterização Econômica
Finalidade do crédito 57% Capital de giro
Numero de funcionários por atividade 65% não possui funcionários
Possui conta em banco (pessoa
jurídica)
72% não possuem conta
Possui conta em banco (pessoa física) 72% possui conta em banco
Local de funcionamento 66% próprio
Estruturação da atividade 54% sobrevivência
Faturamento bruto 48% R$ 5.000,01 – R$ 10.000,00
Aumento do faturamento 37% obtiveram aumento 20%
5 CONCLUSÃO
O presente estudo de caso buscou apresentar o e esclarecer o conceito
do microcrédito através da obras literárias existentes a respeito do mesmo. Por
sua vez foram apresentadas dificuldades para a construção da fundamentação
teórica devido ao baixo número de bibliografias encontradas referente ao tema
em questão.
No entanto o objetivo geral da pesquisa buscou caracterizar o perfil dos
tomadores de Microcrédito da cidade de Biguaçu. Procurando conhecer o perfil
sócio-econômico dos tomadores que tomaram crédito junto ao Banco do
Empreendedor.
Ao estudar as bases literárias é de que o microcrédito possui uma
grande contribuição ao desenvolvimento econômico da sociedade,
disponibilizando crédito para aqueles que não possuem acesso ao sistema
financeiro tradicional, como trabalhadores autônomos, pessoas as quais
dependem de seus pequenos negócios para sobrevier. Desta forma observa-se
que boa parte dos tomadores da cidade de Biguaçu adéqua-se aos requisitos
do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), os quais
em sua maioria possuem atividades de sobrevivência o qual a renda gerada é
basicamente destinada aos gastos familiares do tomador. Partindo da idéia
de que o microcrédito atua concedendo empréstimo aos pequenos
empreendedores e microempresas que possuem dificuldades de captar
recursos financeiros junto aos bancos comerciais, buscou-se conhecer o perfil
sócio-econômico dos tomadores de microcrédito do Banco do Empreendedor.
Ao procurar selecionar os tomadores do Banco do Empreendedor para a
pesquisa depara-se com a maior dificuldade, a seleção da amostra a ser
pesquisada.
Contudo depois de superada esta etapa procurou-se conhecer o perfil
dos tomadores de microcrédito da cidade de Biguaçu, pode-se observar que
entre a amostra pesquisada de que 69% dos tomadores são empreendedores
informais, que segundo a pesquisa literária são os mais necessitados, já que
não possuem acesso ao sistema financeiro tradicional. A representatividade da
faixa etária da idade dos tomadores é de 78% para pessoas com idade igual ou
superior aos 36 anos; 56% residem no município há mais de 15 anos; 88%
possuem residência própria e 55% dos tomadores possuem renda igual ou
inferior a R$ 1.000,00.
Em sua maioria os tomadores não possuem alto nível de escolaridade,
mas em compensação, 77% possuem experiência profissional acima de 5 anos
e 74% possuem independência igual ou superior a 5 anos, contudo podemos
concluir a respeito do perfil dos tomadores pesquisados da cidade de Biguaçu
que estão dentro das características encontradas na pesquisa literária e que
são pessoas qualificadas com boa formação profissional e que o Banco do
Empreendedor está potencializando e dando suporte ao pequeno
empreendedor.
Dentro das condições de negócios que influenciaram a concessão do
microcrédito conclui-se que os clientes pesquisados apresentaram visão
empreendedora, buscando recursos para investimento em melhorias nas
condições de seus negócios e compra de matéria-prima e mercadorias para o
desenvolvimento da atividade.
Contudo conclui-se que em sua maioria são empreendimentos em que o
único trabalhador é o próprio tomador do crédito, isso se deve ao grande
número de tomadores informais, no entanto apenas 65% dos tomadores que
não possuem funcionários. Este percentual é inferior ao que se diz respeito do
tipo de cliente, ou seja, mesmo empreendimentos informais estão gerando
empregos na cidade, dando potencialidade ao desenvolvimento da economia
local.
Quanto às condições de negócio apresentadas pelos pesquisados
podemos salientar que em sua maioria apresentam boas condições de
negócio, com local de funcionamento próprio. Porem apresar de possuírem
características de atividades de sobrevivência os tomadores apresentam boa
capacidade financeira e comprometimento com o crédito demonstrado através
da pesquisa com base no faturamento médio mensal dos tomadores.
Observa-se na pesquisa que 37% tomadores possuíram um aumento no
faturamento bruto de 20%, caracterizando o desenvolvimento econômico da
atividade financiada.
No entanto sugere-se um estudo mais detalhado a respeito do
desenvolvimento econômico dos tomadores do Banco do Empreendedor, os
quais tenham um maior histórico de operações, com acompanhamento da
evolução dos pequenos negócios e buscando visualizar de uma melhor forma
os possíveis benefícios gerados aos clientes podendo trabalhar o impacto
social gerado pelo microcrédito concedido pelo Banco do Empreendedor.
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