UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO “A VEZ DO MESTRE” OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E 70 ANOS JANAINA VIEIRA DA SILVA RIO DE JANEIRO 2003
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES
COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E
70 ANOS
JANAINA VIEIRA DA SILVA
RIO DE JANEIRO
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES
COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E
70 ANOS
JANAINA VIEIRA DA SILVA
Monografia apresentada a Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Psicomotricidade. Orientador: Professor Nilson Guedes de Freitas.
RIO DE JANEIRO
2003
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos
meus familiares, por toda
paciência e compreensão que tem
tido comigo durante este
processo de aprendizagem e
aperfeiçoamento.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus,
por estar concluindo este curso tão
desejado por mim. Agradeço aos
professores pela atenção.
“Antes que sejam adquiridos
cinco ingredientes essenciais, o
sucesso não será sucesso.”
Howard Whitman
RESUMO
A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central,
lentamente progressiva, raramente acontecendo antes dos 50 anos, comprometendo
ambos os sexos igualmente. A causa da doença ainda não é totalmente conhecida,
porém há um consenso internacional de que a enfermidade depende de vários fatores
que atuam num mesmo indivíduo. O envelhecimento, fatores genéticos e ambientais,
como a exposição a substâncias tóxicas (defensivos agrícolas, resíduos industriais,
substâncias químicas etc.), podem estar relacionados à doença e atuarem associados
em um indivíduo susceptível. Atualmente, foram detectados alguns genes
relacionados à doença, em casos marcadamente familiares. Entretanto, a maioria dos
casos observados não têm essa característica, aparecendo de maneira isolada. A
doença de Parkinson, entre outros, é caracterizada por: tremor; bradicinesia - lentidão
e pobreza de movimentos; rigidez - enrijecimento dos músculos sobretudo nas
articulações e alterações posturais que se manifestam por instabilidade na postura
ereta com quedas freqüentes, mudanças posturais, como a inclinação do tronco para
frente, etc. São comuns as perdas proprioceptivas, exercendo significativo impacto
sobre as habilidades motoras, é em cima desses sinais que a psicomotricidade atua. O
desenvolvimento do esquema corporal é a representação que cada pessoa tem de seu
corpo, permitindo-lhe situar-se na realidade que o cerca. Esta representação forma-se
a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos, exteroceptivos e
interoceptivos, que estão geralmente estão deficitários nos pacientes acometidos pela
doença de Parkinson. A reeducação psicomotora é a ação desenvolvida em
indivíduos que sofrem perturbações ou distúrbios psicomotores, intervindo assim no
- Técnicas lesionais: a talamotomia é uma técnica indicada para o tremor, podendo
reduzi-lo em até 80% , especialmente se este for predominante em um dimídio
corporal, também reduz parcialmente a rigidez; a palidotomia esterotática do
globo pálido interno é o procedimento cirúrgico de escolha no tratamento de
discinesias induzidas por levodopa, promovendo uma notável melhora dos
sintomas.
- Estimulação Cerebral Profunda (ECP): nesta técnica o eletrodo implantado no
núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno, ao atenuar as discinesias permite
o aumento da dose de levodopa e melhora os sintomas parkinsonianos.
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO
3.1 - A Função Motora
A função motora compreende o tônus muscular e o movimento propriamente
dito como também o estado de tensão/distensão das vísceras (BUENO, 1998).
3.2 - Tônus Muscular
Todo movimento humano, sob todas as suas formas, inclusive no relaxamento
elabora-se sobre o fundo tônico. O tônus muscular é uma tensão dos músculos pela
qual as posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e
que se opõe às modificações passivas destas posições.
Em condições normais o músculo esquelético está em repouso aparente, pois
ele é sede de uma constante contração tônica. Esta contração é controlada por centros
nervosos localizados no cerebelo e nódulos estriados.
Verifica-se o estado do tônus muscular através da resistência de um músculo
à mobilização passiva de um segmento do corpo.
3.3 - A Estrutura do Esquema Corporal
A construção do esquema corporal, a organização das sensações relativas ao
próprio corpo em relação com o mundo exterior tem um papel fundamental no
desenvolvimento da criança, pois é o ponto de partida para ela agir (ALVES, 2003).
O tônus muscular e mobilidade são dois aspectos complementares e
indissociáveis do esquema corporal. A educação psicomotora irá conduzir a criança a
estruturar o seu esquema corporal através de atividades de:
- Controle do tônus muscular
- Deslocamentos globais do corpo
- Equilíbrio do corpo
A compreensão do que seja esquema corporal é de fundamental
importância para o trabalho na área de psicomotricidade.
O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto
ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição
estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas
relações com o espaço e os objetos que o circundam.
A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu
corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas
possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive. Vivenciar estímulos
sensoriais, para descriminar as partes do próprio corpo e exercer um controle sobre
elas, implica:
- a percepção do corpo;
- o equilíbrio;
- a lateralidade;
- a independência dos membros em relação ao tronco e entre si;
- o controle muscular;
- o controle de respiração.
VAYER (1984), citado por ALVES (2003) afirma:
“Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais”. (p. 48)
Vemos, portanto, que o corpo não é somente algo biológico e orgânico, mas
que também expressa emoções e está repleto de significados que são adquiridos
através da relação do indivíduo com o meio. Esses valores, aos quais VAYER
(1984), citado por ALVES (2003) se refere, influenciarão na formação do esquema
corporal e principalmente na imagem corporal. A imagem é uma impressão que se
tem de si mesmo, subjetivamente, e o esquema corporal.
A noção de esquema corporal é como noção de âmbito fisiológico. Ela
representa a experiência que cada um tem de seu corpo, quando em movimento ou
em posição estática, em relação com o meio. É consciente, um simples movimento
depende de seu esquema corporal.
O desenvolvimento do esquema corporal é a representação que cada pessoa
tem de seu corpo, permitindo-lhe situar-se na realidade que o cerca. Esta
representação forma-se a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos,
exteroceptivos e interceptivos (ALVES, 2003).
3.4 - Fatores e Subfatores Psicomotores
De acordo com NEGRINE (1987), compreendem os elementos que
concorrem para a produção ou não de resultados motores. São eles:
• Estruturação Espaço-Temporal
Resulta da integração de uma estrutura temporal e de outra espacial e que
estão relacionadas às percepções auditivas, visuais e proprioceptivas.
A estruturação espaço-temporal surge durante os movimentos e quando da
relação com os objetos e pessoas distribuídos (as) pelo espaço, onde ocorrem as
experiências com a lateralidade.
O corpo é provido de um sofisticado sistema neurofisiológico que permite
interpretar as informações do espaço em que está ‘’mergulhado’’ o indivíduo. Este
localiza-se a si próprio para depois se localizar no espaço e localizar os objetos e
pessoas.
• Praxia Global
A praxia global tem como função principal a organização da atividade
consciente e a sua regulação, programação e verificação. Compreende tarefas
motoras seguidas e simultâneas que se desenrolam num determinado período de
tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares (LE BOUCH,
1983).
A praxia evoca quatro condições básicas: um projeto, vários engramas,
ligações projeto-engramas e instrumentos neuromusculares de expressão e comandos
em função do projeto.
Observa-se uma intenção por trás do movimento que será mantida ou
modificada por uma programação (que faz uma consulta à linguagem interior), uma
análise dos efeitos (receptores das ações) e uma auto-regulação (estabelecida por um
controle da atenção voluntária).
• Organização
Compreende a habilidade em calcular as distâncias e promover os ajustes
necessários dos planos motores para percorrer um determinado espaço, baseando-se
nas capacidades de análise espacial, processamento e julgamento das distâncias e das
direções, planificação motora e verbalização simbólica da experiência.
A tarefa requer a fusão de dados direcionais e espaciais ao mesmo tempo
que intervém uma programação do comprimento dos passos. A estrutura espacial é
guiada pela área de integração visual que contribui no fornecimento de informações
para os centros motores a fim de ajustamento das passadas (LE BOUCH, 1983).
• Representação Topográfica
Retrata a noção espacial e a capacidade de interiorização de uma trajetória
espacial apresentada num levantamento topográfico (planta do campo) e das
coordenações espaciais que são os vários pontos e linhas distribuídos (as).
• Coordenação Óculo-Manual
Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros
superiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.
Envolve a percepção de distâncias, alturas e características dos alvos ou objetos tais
como forma, altura, comprimento, largura, textura, etc.; e a consciência cinestésica
do segmento corporal que irá executar o movimento (CHAZAUD, 1976).
Durante o ato motor entram em ação a capacidade de reprogramação de
seqüências motoras em face de uma análise de todos os efeitos decorrentes desde o
ato motor até a seleção dos engramas (experiência motora memorizada).
• Coordenação Óculo-Pedal
Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros
inferiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.
Observação: Acompanha o mesmo raciocínio da coordenação óculo-manual.
• Dissociação
FONSECA (1983) relata que entende-se por dissociação a capacidade de
individualizar os segmentos corporais que tomam parte na execução de um gesto
intencional. A dissociação reveste-se de uma formulação melódico-quinestésica que
põe em causa aspectos do auto comando motor e aspectos de adaptação a situações
que exijam continuidade rítmica de execução. Dissociar é sinônimo de diferenciar, e
no campo da psicomotricidade está em relação com o grau de dificuldade do controle
mental do gesto.
Nesta observação, interessa verificar a possibilidade de independência dos
vários segmentos corporais, quando estruturados em função de um fim. A
independência segmentar que nos é mais significativa é a que se estabelece entre o
trem superior (diferenciação dos braços em relação ao tronco) e o trem inferior
(diferenciação das pernas em relação ao tronco).
O tronco está organizado pelo seu sistema cruzado, em forma de torção com
os membros. Situa-se na continuidade dos movimentos dos membros, unindo as
mãos e os pés. Sendo assim procura-se perceber a dissociação segmentar como uma
estrutura resultante da coordenação.
Numa primeira análise verifica a independência dos dois membros
superiores entre si. Posteriormente analisa-se a diferenciação dos dois membros
inferiores entre si, tomando em consideração, tanto num caso como no outro, a
execução de movimentos de percussão (membros superiores) e de batimento
(membros inferiores), em função de um ritmo de metrônomo. Nesta observação
temos, como preocupação essencial, verificar a libertação da globalização do gesto,
que normalmente se encontra presa em crianças.
Em 3° e 4° caso, procura-se inter-relacionar a execução de movimentos
unilaterais. Solicita-se ao paciente, para realizar um batimento de pé e de mão do
mesmo lado, em seguida do lado contrário.
Em seguida as observações que se seguem visam a dissociação da mão
direita e esquerda, do pé direito e esquerdo. Exemplo: do primeiro sinal bater com a
mão esquerda, depois com a mão direita, ao segundo; em seguida um batimento do
pé esquerdo, e por último no quarto sinal um batimento do pé direito. A prova deve
ser continuada e permitir a observação de aspectos relativos ao controle e
coordenação do gesto.
Deve-se tomar nota da qualidade do gesto (crispado, sacado, armonioso,
etc.) da disponibilidade e da elegância psicomotora. Pode-se observar as variações de
execução, as blocagens, as hesitações, as inibições, e através delas tomar consciência
das relações automática e voluntária.
Há ainda na dissociação, outra prova que visa relacionar aspectos da
agilidade, da coordenação e da dissociação.
Trata-se de solicitar ao paciente a realização de uma prova mais dinâmica,
que pode dar origem a reação de desorganização e descoordenação, visto exigir uma
maior perfeição motora:
1° - Afastar e juntar as pernas (agilidade)
2° - O mesmo movimento, com batimento de palmas no momento da junção
das pernas (coordenação)
3° - O mesmo movimento com batimento de palmas no momento do
afastamento das pernas (dissociação)
4° - Os mesmos saltos, com batimento de palmas no primeiro e segundo
tempos.
No que se refere ao caráter de dissociação, há os movimentos coordenados
dissociados, em que ambas as mãos executam movimentos distintos. Por exemplo:
enquanto se corta uma folha de papel com uma tesoura segura pela mão dominante, a
folha de papel é segura pela outra mão. este exemplo refere-se ao tipo simples de
dissociação. Mas pode-se executar movimentos mais complexos de dissociação, isto
é, enquanto uma das mãos realiza uma tarefa, a outra realiza outra diferente, por
exemplo: bater com uma mão na mesa e com a outra alisá-la.
Dentro deste grupo de movimentos há outros movimentos distintos que são
os movimentos gestuais que acompanham geralmente as conversações e ajudam a
expressão facial e corporal; são gestos naturais necessários para a harmonia da
conduta motora e se caracterizam por sua amplitude variável. São os movimentos em
que participam tanto o braço, como antebraço e a mão.
Nestes movimentos gestuais há dois tipos de dissociação: a manual e a dos
membros superiores e inferiores.
1.Dissociação manual - trata-se sobretudo da apreciação da dissociação
manual:
⇒ Bater sobre a mesa com as duas mãos, depois só com a esquerda;
⇒ De novo as duas mãos, depois só a direita;
⇒ Bater as duas mãos juntas em pronação, depois uma em pronação e outra
em supinação.
⇒ Estuda-se a seguir a "pianotage": os dedos batem rapidamente sobre a
mesa: mãos juntas e separadas.
⇒ Aprecia-se a oposição do polegar a cada um dos dedos (nos dois
sentidos); os movimentos de afastamento dos dedos, de dobramento.
2. Dissociação dos membros superiores e inferiores -
A) É procurada entre os cinco a oito anos, fazendo bater o pé e bater as
mãos; depois, pedindo-se uma batida de mãos e duas de pé. A prova é inicialmente
ajudada pela ordem verbal, depois deve-se desenrolar sem apoio.
B) Além dos oito anos, faz-se o sujeito saltar no lugar ajuntando e afastando
os pés; retoma-se a prova fazendo as mãos baterem no primeiro tempo, no segundo,
nos dois, etc.
• Ritmo e Ritmica
- Ritmo e alegria do movimento
A palavra grega rhytmós significa movimentos ondulares. Indica uma
alternância regular de força, velocidade e duração que pode ser motora, visual ou
auditiva (BUENO, 1998).
O ritmo do movimento é uma alternância entre a contração e o relaxamento
e pode ser forte ou fraco, rápido ou lento, acelerando ou diminuindo a velocidade,
súbito ou hesitante de durações diferentes.
O ritmo do movimento é algo vivo; constitui uma expressão natural do
estado de ânimo e da natureza de cada indivíduo.
O ritmo dos movimentos não deve ser confundido com batimentos, não
deve ser contado, mas deve ser experimentado e percebido. Esta percepção do ritmo
do movimento, juntamente com a circulação acelerada causada por ele, evoca a
alegria do movimento que é o principal objetivo da ginástica.
- Movimento rítmico
Mesmo quando bebê a criança experimenta movimentos rítmicos - ela
mama em um certo ritmo. Mais tarde ela engatinha, anda e corre ritmicamente, assim
como, como escreve seus movimentos são rítmicos. Todos estes movimentos variam
mais ou menos de indivíduo para indivíduo, sob a influência de fatores como:
percepção e reação, comprimento comparativo dos membros, temperamento e estado
de ânimo momentâneo.
A inteligência assim como as condições e características mentais e físicas,
determinam o ritmo de movimento da criança o qual pode mudar por influência
psicológica.
- A cooperação de diferentes sentidos:
O ritmo pode ser percebido através de vários sentidos:
Audição: O ritmo auditivo é observado na música, na fala, nas ondas
batendo na praia etc.
Sentido cinestésico: O ritmo cinestésico é encontrado em movimentos, tais
como, respirar, andar, correr e dançar.
Tato: O ritmo pode ser sentido através do tato, o qual é utilizado para
ensinar o surdo, por exemplo, no qual o ritmo da música de piano é conduzido
através do chão até a criança (o sentido cinestésico também é envolvido aqui).
Visão: Visualmente o ritmo é experimentado através dos movimentos das
pessoas e dos animais, das árvores curvando-se ao vento, das ondas encurvando-se
na superfície do mar. O ritmo também pode ser observado no arranjo e na relação das
cores, linhas e formas de paisagens, na pintura, na escultura e na arquitetura.
Senso de tempo: O comprimento das notas e a duração dos intervalos podem
ser observados.
- Rítmica
A palavra rítmica ou harmonia significa a ciência do ritmo, e também pode
abranger o estudo do ritmo do movimento.
Entretanto, a palavra rítmica, tal como utilizada na linguagem ordinária,
significa as muitas maneiras diferentes de produzir ritmos e movimentos rítmicos,
tais como: copiar simples padrões rítmicos, o que realmente significa copiar formas
métricas (metro: medida de verso ou de música) de elementos acentuados ou não
pela percussão sobre instrumentos, ou batendo palmas com os pés.
Como treinamento para audição e concentração, esta espécie de rítmica
pode ser uma excelente preparação para o aprendizado dos rítmos da linguagem,
assim como para realização de outras espécies de movimentos com música.
O psicomotricista, por exemplo, pode produzir padrões rítmicos simples que
as crianças tentam acompanhar enquanto se movimentam ao redor da sala, ou o
professor pode tocar um disco e deixar as crianças acompanharem a música enquanto
se movem mais ou menos à vontade.
- Influência dos fatores extrínsecos nos comportamentos rítmicos
Desde o nascimento, o organismo, com seus rítmicos espontâneos, é
confrontado a uma realidade temporalmente estruturada, seja por razões puramente
físicas como alternância dos dias e das noites, seja pela influência das normas sócio-
culturais. Colocado frente a uma realidade temporalmente estruturada, o organismo
deve poder adaptar-se e encontrar seu próprio equilíbrio. Chama-se este processo de
sintonização (NEGRINE, 1987).
1-A sintonização. Esta sintonização participa primeiro no campo do
comportamento global, na organização dos grandes rítmicos vitais: alimentação,
sono, a fim de permitir que o ritmo circadiano se instalar progressivamente. A este
respeito, a atitude familiar é muito importante.
2-A influência do meio nos ritmos espontâneos. Pode-se emitir a hipótese de
que a inter-relação entre o organismo materno e o organismo da criança tem um
papel fundamental na instalação de automatismos cadenciados mais primitivos, tais
como ritmias, balanceamento cadenciados de cabeça ou de tronco. Esta ritmias são a
tradução de uma oscilação tônica, ou pulsação, fazendo alternar tensão-relaxação sob
a dependência da atividade espontânea da formação reticular.
A relação entre o balanceio e a estimulação do aparelho labiríntico cria um
mecanismo de auto-alimentação que reveste um caráter fundamentalmente hedônico
e primitivo que se observa em deficientes mentais e nas crianças que se desligam do
meio. Este corte com o meio manifesta-se em certas psicoses ou em certos casos de
autismo.
- Ritmo e Afetividade
A forma como é vivida a relação com a outra pessoa joga um papel muito
importante no movimento ou, ao contrário, pode bloquear a espontaneidade do
movimento, do que depende seu caráter harmoniosamente rítmico (PICQ E VAYER,
1988).
Mais tarde, no transcurso do período de investigação e aquisição das praxias
fundamentais, a importância da atitude educativa do meio é essencial para manter e
aprimorar uma boa ordem temporal do movimento e da espontaneidade. O meio deve
favorecer as experiências práxicas em um clima bom de segurança e de bem-estar.
Em outros termos, o meio que priveligia a dimensão intelectual em detrimento da
experiência vivida do corpo terá uma influência importante, a favor da atividade
cortical no processo córtex-subcórtex.
• Sincinesias
O estudo do movimento voluntário revela que, quando nos expressamos
corporalmente através de uma ou outra ação, nem sempre os movimentos executados
obedecem a um controle cortical, acionado pelo sistema piramidal.
Movimentos e/ou expressões involuntárias, muitas vezes, estão presentes
em determinados ações, sem que o executante perceba estes movimentos parasitas
desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em que realiza determinados
atos voluntários (FONSECA, 1983).
- Conceitos e Classificações
As SINCINESIAS são consideradas como um dos elementos da debilidade
motora, juntamente com as paratonias e as inabilidades, e que podem ser encontradas
em indivíduos psiquicamente normais e até intelectualmente superiores.
Da mesma forma, certos indivíduos com debilidade neurológica podem
apresentar desenvolvimento notável da força e da agilidade motora, constituindo um
exemplo inverso de que o cérebro motor, por vezes, é poupado, enquanto o cérebro
psíquico é detido em sua evolução.
Há de destacar-se que, nem sempre, as sincinesias representam debilidade
motora, até porque a imaturidade do feixe piramidal determina comportamento
motores involuntários que as caracterizam.
Entende-se, principalmente que as sincinesias podem ser definidas como
movimentos e/ou expressões involuntárias manifestadas pela criança no momento em
que realiza determinado movimento voluntário.
Para contribuir com o estudo das sincinesias Airton Negrine propõe a
seguinte classificação:
1-Sincinesias Faciais: ⇒ de expressão
⇒ de movimento
2 - Sincinesias Segmentares: ⇒ Hipertônica
⇒ Similar
SINCINESIAS FACIAIS: São movimentos ou expressões faciais
involuntárias manifestadas pelo indivíduo quando ele realiza algum movimento ou
expressão voluntária com qualquer parte do corpo (geralmente as mãos).
As sincinesias faciais podem ser manifestadas de duas formas distintas:
- Sincinesias Faciais de Expressões:
São aquelas manifestadas com expressões faciais (caretas), caracterizadas
como: abrir a boca, elevar as sobrancelhas, etc., enquanto algum segmento corporal
realiza algum movimento voluntário.
- Sincinesias Faciais de Movimento:
São manifestações dinâmicas realizadas com parte ou partes da face,
caracterizado como: morder a língua, elevar e baixar sucessivamente as
sobrancelhas, etc., enquanto o indivíduo realiza movimentos voluntários com
determinado segmento corporal.
SINCINESIAS SEGMENTARES: São caracterizadas como a falta de
controle segmentar nos braços, mãos e dedos, isto é, manifestam-se em atitudes
involuntárias no segmento contrário àquele que realiza o movimento voluntário.
Nesse caso também classifica-se em dois tipos distintos:
Sincinesia Segmentar Hipertônica
Refere-se ao estado de tensão da musculatura que se desencadeia no
segmento contrário àquele que realiza o movimento voluntário.
Nesse caso a Sincinesia ocorrida se dá de forma estática, isto é, sem
movimento no segmento contrário, muito próximo ao estado paratônico, que se
refere a uma dificuldade de relaxamento segmentar.
Sincinesia Segmentar Similar
Refere-se a movimentos desencadeados de forma involuntária do segmento
contrário àquele que realiza um determinado movimento voluntário.
Nesse caso, a Sincinesia aparente é evidenciada de uma forma dinâmica,
onde a característica principal é o movimento.
No momento em que se propõe uma classificação das sincinesias, deve-se
destacar que podem se r encontrados outros tipos de sincinesias e que vão depender
da posição em que se encontra a pessoa em que está sendo observada.
Por exemplo: se colocarmos um indivíduo sentado em uma cadeira e lhe
solicitarmos que abra e feche a mão sucessivamente, poderemos observar sincinesias
faciais e segmentares na mão contrária, ou ainda, sincinesias segmentares nos
membros inferiores.
Quando avaliamos, portanto, as sincinesias em um indivíduo, colocando-a
em posição em pé, estamos conseqüentemente, neutralizando as possíveis sincinesias
dos segmentos inferiores . O mesmo caso poderá acontecer se colocarmos uma
criança sentada no solo, apoiando suas mãos no chão, e lhe solicitarmos que, com um
pé faça extensão e flexão ou a circundação para fora e para dentro.
Neste caso, as sincinesias manifestadas poderão ser faciais ou segmentares
no pé contrário, porque as possíveis sincinesias dos segmentos superiores estarão
neutralizadas pelo apoio das mãos no solo.
CAPÍTULO IV
REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
Segundo MEUR e STAES (1989), é a ação desenvolvida em indivíduos que
sofrem pertubações ou distúrbios psicomotores, por exemplo indivíduo acometido
pelo acidente acidente vascular cerebral.
A reeducação psicomotora tem como objetivo retomar as vivências anteriores
com falhas ou as fases da educação ultrapasadas inadequadamente. Em termos
gerais, reeducar significa educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente em
etapas anteriores. Deve começar em tempo hábil em função da instalação das
condutas psicomotoras, diagnosticando as dificuldades a fim de traçar o programa de
reeducação.
A atribuição da reeducação está contida em várias áreas profissionais:
pedagogia, fisioterapia, terapia educacional, fonoaudiologia, dentre outros. Mas o
mais importante para uma boa reeducação é a tranqüilidade e o intercâmbio afetivo e
presente do reeducador com o indivíduo, condição básica para uma boa reeducação.
O artigo 7 da proposição da lei francesa de 15/02/74 cita que a reeducação
deve ser “neurológica em sua técnica, psicológica e psíquica em sua meta, destinada
pela intermediação do corpo atuar sobre as funções mentais e psicológicas
perturbadas tanto na criança como no adolescente ou no adulto”.
A reeducação embasa sua eficácia no fato de que se remonta às origens, aos
mecanismo de base que estão na origem da vida mental, controle gestual e do
pensamento, controle das reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção,
justa preensão do tempo e do espaço.
4.1 - Sessão Psicomotora
As sessões de reeducação realizam-se em função do indivíduo ou
do grupo por um profissional habilitado, em local apropriado (sala e
materiais) por meio de atividades (psicomotoras) que desenvolvam o
indivíduo no seu todo, global e harmonicamente (MEUR e STAES,
1989).
Em relação ao local de trabalho, esse pode ser interno ou externo e de
preferência exclusivo para atividades psicomotoras. Se é espaço interno deve ser uma
sala ampla a fim de que as pessoas possam correr, saltar, ficar tranqüilas e para uma
não interferir na atividade da outra se assim desejar. Deve ser ventilado, com janelas
mais altas que a altura das pessoas; se possível, um piso revestido com emborrachado
para poderem trabalhar com meias ou descalços e sem problemas com materiais
úmidos (água, tinta, etc.). Deve ter espelho, quadro negro e armários com os
materiais ali colocados. Lapierre sugere uma disposição conforme o objetivo, mas
entendemos que o mais importante é sabermos o que o indivíduo necessita e o que
cada material propicia, aliando a necessidade à possibilidade de exploração de seus
conteúdos por meio dos materiais.
Em relação à freqüência e duração da sessão, depende do trabalho
desenvolvido, mas não deve ser inferior a uma vez semanal de 45 minutos, podendo
chegar a sessões diárias, conforme a necessidade. Contudo, uma vez semanal é pouco
se não for associada a outras terapias, de forma interdisciplinar. O número de sessões
dependerá da natureza da dificuldade, da idade, do seu desenvolvimento e das
experiências vividas, ou seja de seu processo próprio.
Em relação à organização da sessão, é importante que esse momento seja de
prazer e de liberdade para a pessoa. Não podemos nunca deixar de lado o prazer do
movimento, da ação e da sensação prazerosa resgatada aí. A dosagem das propostas
deve levar a um resultado positivo com variabilidade de consignas, materiais e da
própria proposta, sendo a escolha do material feita pelo próprio terapeuta e às vezes
pelo indivíduo. As colocações espontâneas deverão ser ouvidas no momento, mesmo
que algumas vezes interrompam a ação motora. O humor faz parte das atividades,
deixando um ambiente descontraído e alegre.
Acreditamos que nenhuma técnica, por mais apropriada que seja, resolverá
um problema, mesmo o puramente intelectual, se a qualidade do relacionamento
entre reeducador e pessoa não estiver firmado na afetividade, e ainda mais, se não
passar pela via corporal.
CAPÍTULO V
ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES
DE VIDA DIÁRIA
Segundo JANKOVIC e TOLOSA (2002), é fundamental que se estimule o
movimento nos pacientes com doença de Parkinson, orientando a família para que
essas pessoas não tenham períodos prolongados de inatividade.
Os exercícios de aquecimento de manhã cedo são úteis na redução da
rigidez aumentada que os pacientes podem experimentar ao levantar-se. Meios
ambientais auxiliares (ou adaptações) deverão ser usados conforme a necessidade
para ajudar os pacientes a suplantar problemas específicos.
Adaptações no vestuário, ou utensílios adaptados para a alimentação podem
melhorar o funcionamento.
5.1 - Postura
A postura incorreta pode influenciar o desempenho em muitas
atividades. Quando a cabeça fica posicionada na frente do corpo
associada ao enrolamento dos ombros para frente torna-se mais difícil o
movimento de elevação dos braços para cima - movimento necessário
para pegar objetos na parte superior dos armários, por exemplo. Neste
caso, bastaria um melhor alinhamento postural para readquirir esta
função.
5.2 - A Casa e Atividades do Lar
A casa deve ser organizada para se prevenir fatores de risco como: chão
liso ou encerado, tapetes soltos, fios soltos pela casa e tudo o que puder
causar acidentes.
A mobília deve ser arrumada de forma que haja maior espaço para a
movimentação. Embora as escadas não costumem representar grande
perigo para pessoas com doença de Parkinson, é prudente colocar
corrimões dentro e fora de casa.
Existem vários tipos de apetrechos auxiliares, entre eles: maçanetas
especiais para portas, telefones de tecla ou com acessórios para viva-voz.
Deve-se dispor de tempo necessário para as atividades - o que inclui um
tempo de descanso.
Caso haja dúvidas ou dificuldades específicas, um fisioterapeuta ou
terapeuta ocupacional poderá realizar uma avaliação cuidadosa das suas
atividades em casa e na vida social e indicar algumas soluções.
Vestir-se ou desvestir-se pode ser muito cansativo e se o paciente não se
sentir seguro para fazê-lo em pé, é melhor sentar-se na cama ou em cadeira com
apoio para os braços. È importante que se tenha uma barra de apoio fixa para
movimentar-se melhor quando tiver que ficar em pé.
A temperatura do ambiente deve estar agradável e as roupas que irão
necessitar devem ser previamente preparadas. A melhor hora para vestir-
se é enquanto o medicamento estiver fazendo um bom efeito.
Existem algumas facilidades que podem ser acrescentadas em alguns tipos
de roupas. Para as mulheres, vestidos abertos na frente ou saias com elásticos na
cintura e para os homens, agasalhos do tipo abrigos para esporte e gravatas presas
com elásticos são mais fáceis de usar. Roupas com botões grandes podem ser mais
convenientes; mas se isto ainda for um problema, colocar velcro, principalmente nos
pijamas, é uma boa dica uma vez que é comum haver mais dificuldades durante a
noite.
Sapatos presos com velcro ou sapatos que não precisem ser amarrados
são mais recomendados. Apoiar os pés em um banquinho pode facilitar a
colocação de calças e meias. Além disso, existem no mercado
dispositivos que ajudam a colocação de meias e calçadeiras de cabo
longo.
No banheiro a segurança deve ter prioridade!
Ë aconselhável que se coloque tapetes antiderrapantes nas banheiras ou no
chuveiro. Algumas banheiras mais modernas têm revestimento antiderrapante. Para
levantar, é mais seguro a colocação de uma barra fixa na parede mais próxima. Se
necessário, pode ser colocado um banco no interior da banheira.
O banho de chuveiro é a melhor opção, inclusive com a possibilidade de se
usar o chuveirinho. Para aumentar a segurança, se pode tomar banho sentado em uma
cadeira, tendo o cuidado de apoiá-la em piso antiderrapante. A colocação de uma
barra no interior do boxe pode facilitar o seu banho.
Algumas pessoas apresentam dificuldade para sentar e levantar do vaso
sanitário. Se for o seu caso, é possível a colocação de uma barra na parede mais
próxima ou a instalação de um acessório, já disponível no nosso mercado, que
aumenta a altura do vaso e já vem com barras de apoio anexas.
Para os homens, o uso de barbeadores elétricos pode ser mais seguro.
Atividades como barbear-se, pentear os cabelos e escovar os dentes ficam mais fáceis
se os indivíduos sentar-se em uma cadeira próxima à pia e ao espelho.
Escovas de banho de cabo mais longo ou com fixadores para a mão caem
menos ao chão e facilitam o banho. É preferível usar sabonetes líquidos
ou uma luva de pano com um lugar para fixar o sabonete. O xampu,
escovas e sabonetes devem ficar em lugares de fácil acesso.
Pode ser que você tenha que reorganizar a sua cozinha!
O chão deve estar livre de objetos soltos para que você possa se
movimentar livremente, sem risco de tropeçar.
Algumas atividades como descascar legumes, lavar pratos e passar roupas
podem ser feitas na posição sentada.
O local de trabalho deve estar preparado para que o indivíduo não precise
movimentar-se o tempo todo.
Utilizar utensílios inquebráveis e trabalhe em cima de uma superfície
antiderrapante ou em cima de um pano úmido.
O tremor pode aumentar nas atividades à mesa e causar alguns
inconvenientes como derrubar a comida do prato e dificuldade em levar
o copo ou xícara à boca.
Isto pode ser resolvido com xícaras que possa se fixar às mãos. Se
houver dificuldade em levá-la à boca, usar canudos flexíveis. Para a
comida não cair do prato é melhor que suas bordas sejam mais altas.
Considere também o uso de toalhas antiderrapantes.
Pode-se adquirir talheres com cabos adaptados ou engrossá-los com uma
cobertura de espuma.
5.3 - Marcha
Caminhar diariamente e aumentar gradualmente a distância percorrida é
um excelente exercício.
Prestar atenção enquanto caminha deve ser uma regra a ser sempre
lembrada. Caso contrário é muito provável que aconteçam duas alterações da
marcha, conhecidas como festinação e congelamento (freezing) .
Pode-se começar a caminhar normalmente, mas após alguns passos pode
ser que estes tornem-se pequenos e o corpo tenderá a cair para frente. Sem perceber,
começa a caminhar mais rapidamente. Esta é a festinação.
Entretanto, se você sentir os seus pés presos no chão, sem conseguir
reiniciar a marcha, você está tendo o congelamento.
Se, durante a marcha, o indivíduo sentir que começa a ter alguma destas
alterações é melhor parar e concentrar-se nestas instruções:
- coloque os calcanhares firmemente no chão;
- corrija a postura, fique o mais ereto possível, e com os pés bem separados;
- pensar firmemente em colocar o calcanhar de um dos pés à frente. Depois, apoiar a
ponta deste pé. Levante o outro pé e repitir o mesmo processo. Procurar falar em voz
alta: calcanhar, calcanhar ou passo grande, passo grande.
Se o indivíduo estiver junto com acompanhante, ele poderá ajudar a seguir
estas etapas, falando em voz alta, como um comando. É melhor que esteja a seu lado
para não prejudicar o equilíbrio.
CONCLUSÃO
A Doença de Parkinson é uma doença que afeta o sistema nervoso central,
mais especificamente, os neurônios que liberam uma substância denominada
dopamina. A falta dessa substância acarreta os sintomas mais freqüentes vistos nesta
doença, quais sejam: tremor, principalmente nas mãos, quando estas estão paradas,
sem realizar nenhum movimento (tremor de repouso); lentidão dos movimentos (não
há paralisia) e desequilíbrio no andar.
Até o momento, ainda não houve a descoberta da causa da doença de
Parkinson. Apesar de não ser hereditária (não passar de pai para filho), não é
incomum encontrarmos em uma mesma família, mais de uma pessoa acometida por
esta doença. Não há cura, mas tratamento para melhorar os sintomas, principalmente
a lentidão dos movimentos e o tremor. Além da medicação oral, deve-se incentivar a
fisioterapia.
O foco da terapia física deve estar nos efeitos compostos da doença e nas
deficiências deles resultantes. A hidrocinesioterapia principalmente nos estágios
inicias da doença, pode reverter, retardar ou prevenir a perda de tecido muscular, seu
alongamento e sua flexibilidade e, dessa forma, reduzir os danos ao sistema músculo
esquelético e conseqüentes distúrbios dos ajustes posturais, perda de equilíbrio,
bradicinesia e condicionamento cardiopulmonar.
Os exercícios regulares, executados antes que ocorram as alterações
fixas do sistema músculo esquelético, proporcionam aumento da
capacidade física sobre a doença e geram um impacto positivo nas
dificuldades sociais e emocionais do paciente.
Por ser uma atividade agradável, com características lúdicas individual ou
em grupo, proporciona integração emocional e social.
A psicomotricidade constitui o estudo relativo às questões motoras e psico-
afetivas do ser humano. A mesma seria o ponto de encontro entre a expressão motora
(o que a pessoa faz) e a característica pessoal-emocional de cada ser humano (o que a
pessoa sente).
O corpo é o seu ponto de referência e o seu interesse objetivo de estudo.
As alterações corporais constituem-se, assim, no motivo das suas
pesquisas e no da sua intervenção.
A psicomotricidade é, dessa forma, um tipo de psicoterapia de índole
corporal.
Com isso, conclui-se neste estudo que através da reeducação psicomotora a
pessoa com a doença de Parkinson irá retomar as vivências anteriores com falhas,
através de atividades psicomotoras.
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ANEXOS
ANEXO 1
GLOSSÁRIO
Abdução –‘‘Movimento de um membro inteiro ou de um de seus segmentos
no sentido de distancia da linha mediana do corpo.’’ (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Adução – ‘‘Movimento de um membro ou um segmento de membro cujo resultado é
aproximá-lo do plano mediano do corpo.’’ (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Agonista – “Diz-se de um músculo cuja ação produz o movimento desejado.”
(O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Alongamento - “Técnica terapêutica com finalidade de aumentar o movimento através
de “estiramentos” em estruturas moles limitadas por patologias.” (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Analgesia - “Completa perda da sensibilidade à dor”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Atrofia - “Diminuição do volume de um órgão ou de um tecido, provocada por nutrição
deficiente ou por involução, devida a diversas causas: traumatismo, inatividade
funcional, alimentação insuficiente”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Bradicinesia – “Movimentos anormalmente lentos”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Contraturas - “Contração muscular persistente, acompanhada de rigidez”. (O’Sullivan
e Schmitz, 1993)
Dissinergia - “Queda na capacidade de associar os músculos em conjunto, visando um
movimento complexo; decomposição do movimento.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Disfasia – “Um distúrbio da linguagem que pode, ou não, incluir dificuldades na
compreensão, mais usualmente a compreensão permanece intacta”. (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Dopamina – “Um neurotransmissor inibitório secretado por neurônios que estão
localizados na substância negra e terminam na região estriada dos gânglios da base.”
(O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Edema – ‘Infiltração seroso de diversos tecidos e em particular do tecido conjuntivo do
revestimento cutâneo ou mucoso.’’ (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Espasticidade - “Aumento do tônus ou da tensão de um músculo com aumento inicial
da resistência ao estiramento passivo, seguido de relaxamento brusco, associa-se ao
exagero dos reflexos profundos e à perda parcial ou completa de regulação voluntária.”
(O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Esquema Corporal - “Um modelo postural do próprio corpo incluindo as relações
entre as partes do corpo e as relações entre o corpo e o ambiente”. (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Face “de máscara” – “Ausência de expressão facial e de “piscadelas”. (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Gânglio da base – “Massas de substância cinzenta localizadas por debaixo do córtex
cerebral e imediatamente laterais ao tálamo dorsal; incluem o núcleo caudado e putâmen
(corpo estriado), globo pálido, substância negra e subtálamo.” (O’Sullivan e Schmitz,
1993)
Hipotonia – “Diminuição da excitabilidade nervosa ou da tonicidade muscular.”
(O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Paralisia – “Privação ou diminuição da sensibilidade ou do movimento de uma ou
várias partes do corpo”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Parestesia - “Sensação incomum sem causa aparente, de amortecimento, prurido ou
formigamento.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Parkinsonismo – “Uma doença degenerativa com envolvimento primário dos gânglios
da base; caracterizada por tremores, rigidez, bradicinesia e danos à postura, equilíbrio e
marcha. O seu início é tipicamente na 5ª ou 6ª década da vida.” (O’Sullivan e Schmitz,
1993)
Rigidez – “Aumento do tônus muscular; resulta em maior resistência ao movimento
passivo. A resistência é sentida de modo constante e uniforme (rigidez de cano de
chumbo), ou como “arrancos” convulsos (rigidez de roda denteada.” (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Sialorréia – “Aumento na salivação”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)
Tônus muscular – “É o estado de leve tensão das fibras musculares, quando não estão
em uso que lhes permite responder mais rapidamente ao um estímulo” (O’Sullivan e
Schmitz, 1993)
Tremor – “Um movimento oscilatório involuntário resultante de contrações alternadas
de grupos musculares opostos.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)