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N i n a U y t t e n h o v e uma vez escrito
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Uma vez escrito

Mar 26, 2016

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Livro de poesias de Nina Uyttenhove diagramado por mim.
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Remorso

Sonhos aladosvoam acima dos meus olhos fechados

rasos d’águade enfado,de mágoa,e de cansaço

E eu abraçoteu olharCulpadopor ainda amare por já ter amado

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Sina

Ela comprapassagempro inferno!De ladonão vejoa sinanum beijo.De ladoo pecadotranspiradesejo

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Ensaio Sobre a Cegueira

Eu estrago tudo eEstranho o mundocom grito mudoe olhos cegos

Eu piso em pregoseu tropeço em restosdo que vi e quis

Carcaças de amorese Riscos de giz

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Pra mamãe

Olha que coisaMariamais cheia de graça

E quando ela passaa saudadefica.

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Aristóteles

Como se crença absolutaDiz que vivo vem de morto“Sua prepotência me insulta!”Diz o defunto, com olhar torto.

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Remorso II

Me dói a mente e coraçãopensar que a gente foi em vãoMas sentimentos vêm e vãoe a gente já foi

um dia.

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Platão

Separou dois mundos sozinhosMas juntos em distância crônicaSeria o amor dos vizinhosMais uma “paixão Platônica”?

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Desabafo

Quer saber?Não quero saber!Se manda daqui, anda!

Faz o que eu peçoPois já me cansei de arcarCom problemas que não (co)meço

Quer saber?Não queira saberO que eu tô pra dizer- Maldito prazer

Que é tentaresquecer.

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La merde

A verdadesão duas bobas(bocas nuas,sorriso mudo)estragandoTudo.

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Nike Shox

do passo edos péssó sobrao passado

sapatoimportadoé o meu “novo eu”.

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Inutilidade

Pra quêQuererQue o céuSepare,Que o medoDomine,Que o horizonteTermine?

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Pão e Circo

Pobre,me aqueçomeço à quiloo preçoda nobreza:

não é berço nem nomeé belezaem olhos mortosde fome

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Barca

Eu quero é descerdas nuvens negrasda Paixãoe nadar nessa poçade lágrimas de moçapra ver se eu flutuoou afundo

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Delírio Sazonal

“Abre essa janela!Primavera quer entrar!”de repente fico quieto:foi a primeira vez em anosem que eu ouço um insetorecitando Los Hermanos

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Amém

Me afundono vaziodos teus braços,Me aninhoem seus traçostão sozinhostão escassostão só seusQue eu agradeço a Deusentre aves e Marias:

Agradeço às maniasaos olhares singularesàs costas expostasàs costas cobertasà boca que flertaCom respostasbem certas

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Enquanto Houver Sol

Amareloque iluminaCada esquina- Cada vidaparalela

E eu me perguntodividida,Amar eleou amarela?

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Estômago

Rejeitoessa dorno meu peitoPra ver se para de fazerefeito(E quem sabe não faz amor?)

Mas a minha moral sem jeitonão se cansade pensarno saborAmargoque me mastigadentro da suaBarriga

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Incógnita

Mas que feticheque eu tenhopelo futuroe seu desenhoborrado- quase não o vejo.

Mas sei que meu desejovem bem da escuridãode quererachar um X na questãosem nem mesmo tero termoconstante!

Vou te contar...!O que eu preciso, mesmo,é de umacalculadora científica.

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(re)conhecer

Não ria do meu prantoNão presto nesse canto.

Não ria,não chorenão olhee, por favor, não cante!

Sou eu,distante.

Não preste atenção,Não aja com espantoou desdém;Sou eu,sou seu!sou

Quem?

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Saco cheio

Não me chateia quejá sou tachada de maldosa

Quantas doses de prosavou ter que tomaraté que acabeessa sobriedadee só sobre

a verdade?

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Outono

Caiu a folhatorta e tontamorta de fome

Perdeu a contaperdeu o nome

Subiu o diae a folha some

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Eu não sei porque que a gente tá aqui, eu não respondo pergunta nenhuma, não adivinho o futuro e não leio mão de ninguém. Eu não sei todas as regras de acentuação e não sou formada em nenhuma faculdade européia, e eu não vejo necessidade nenhuma em qualquer diploma estrangeiro ou certificado de conhecimento pra soltar palavras no papel e deixá-las correr e fluir em paz.

Nina Uyttenhove

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Maria Guimarães - http://www.flickr.com/photos/hellochild/

Lali Masriera - http://www.flickr.com/photos/visualpanic/

Josef F. Stuefer - http://www.flickr.com/photos/josefstuefer/

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