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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
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Sinop-MT
2015/1
UM ESTUDO DA FOLHA DE Morinda citrifolia L. (NONI): DA
ANATOMIA ÀS ATIVIDADES BIOLÓGICAS
BIANCA DOS ANJOS PILONI
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
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Sinop-MT
2015/1
UM ESTUDO DA FOLHA DE Morinda citrifolia L. (NONI): DA
ANATOMIA ÀS ATIVIDADES BIOLÓGICAS
BIANCA DOS ANJOS PILONI
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de
Farmácia da Universidade Federal de Mato Grosso
– UFMT, Campus de Sinop para obtenção do título
de Farmacêutico, sob a orientação da Professora
Dra. Claudia dos Reis e coorientação da Professora
Dra. Pacífica Pinheiro Cavalcanti.
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Sinop, Junho de 2015.
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Dedico este trabalho à minha família, que se fez
presente em todos os momentos, apesar da
distância, que com muito carinho me apoiou
durante minha jornada acadêmica e não mediu
esforços para que eu alcançasse o meu sonho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a oportunidade, saúde e
perseverança para realizar este trabalho. E por ter colocado pessoas, verdadeiros anjos, em
meu caminho para torna-lo possível.
À minha família pelo incentivo, paciência, amor e carinho. Por participar ativamente
na execução de minha pesquisa. Obrigada por ser o melhor exemplo do que é ser família.
À minha orientadora, professora Dra. Claudia dos Reis, pela confiança depositada em
mim e pelos ensinamentos transmitidos. Obrigada pelas oportunidades de trabalho, não apenas
neste projeto, mas durante toda minha graduação e pela amizade construída durante esses
anos. Você é um grande exemplo que levarei por toda minha vida.
À professora Dra. Pacífica Pinheiro Cavalcanti pela experiência proporcionada e pelo
conhecimento transmitido, colaborando para o enriquecimento de minha formação.
À professora Dra. Carla Regina Andrighetti, por disponibilizar seu tempo, seus
conhecimentos, seu laboratório, pela confiança, sendo sua contribuição de suma importância
para que esta pesquisa fosse concluída.
Às professoras Dras. Marina Mariko Sugui e Valéria Dornelles Gindri Sinhorin pela
disponibilidade de materiais para execução do projeto.
Aos colegas e amigos, Isabela Daynara Teixeira Diodato, Rafael Morales e Valfran
Lima, por serem os anjos colocados por Deus em meu caminho, me auxiliando durante meu
projeto.
Ao Emilio Schafer Dilly, pela paciência, carinho, compreensão e ajuda durante todo o
trabalho.
Aos amigos, colegas de graduação e todos aqueles que se fizeram presentes em minha
jornada.
A vocês, meu muito obrigada!
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"O Farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe
unguentos úteis à saúde, e seu trabalho não
terminará, até que a paz divina se estenda sobre a
face da terra." (Eclesiástico 38, 7-8)
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RESUMO
PILONI, B. A. Um estudo da folha de Morinda citrifolia L. (Noni): da anatomia às
atividades biológicas. 2015. 70 p. Trabalho de Curso de Farmácia – Universidade Federal de
Mato Grosso, Campus de Sinop.
Palavras-chaves: noni, compostos secundários, ensaios comportamentais.
INTRODUÇÃO: Morinda citrifolia L. (noni) é um arbusto de pequeno a médio porte com
folhas grandes, permanentes e elípticas. A espécie é nativa do sudeste da Ásia e se adaptou
muito bem ao clima brasileiro. Aproximadamente 160 compostos foram identificados nas
diversas partes da noni, sendo que a maioria deles pertence ao grupo dos compostos fenólicos,
ácidos orgânicos e alcaloides. Por esse motivo, a planta apresenta uma ampla gama de
atividades biológicas e valor nutricional, oferecendo benefícios à saúde, com atividades
antioxidante, antiinflamatória, analgésica, imunomoduladora, antibacteriana, antitumoral, entre
outros. Mesmo assim, os estudos com essa planta ainda são muito recentes, sendo poucos os
relatos sobre sua folha. OBJETIVOS: realizar uma caracterização anatômica e química das
folhas de noni, além de avaliar a eficácia do extrato da folha no tratamento da depressão,
ansiedade, compulsão e memória, e toxicidade em camundongos Swiss. MATERIAIS E
MÉTODOS: Foram coletadas folhas adultas de 30 indivíduos, no Município de Sinop-MT. Para
o estudo anatômico, realizou-se cortes transversais e paradérmicos da lâmina foliar,
posteriormente corados com Safranina e analisados em microscópio óptico. Testes
histoquímicos foram realizados com reagentes específicos para verificar as substâncias
presentes. O extrato hidroalcoólico foi obtido por maceração e foi realizada a triagem
fitoquímica. Para testes toxicológicos agudo e subcrônico, foram realizados testes hipocráticos
e avaliação sérica de ALT e AST em camundongos Swiss, após tratamento, via oral, com
extrato. Para avaliação das atividades antidepressiva, ansiolítica, anticompulsiva e memória,
foram realizados ensaios comportamentais com camundongos Swiss. Após administração do
extrato, os animais foram submetidos aos testes de atividade de locomoção espontânea, labirinto
em cruz elevado, nado forçado, esquiva inibitória do tipo “step down” e teste de esconder
esferas. Os dados foram analisados por Kruskal-Walis seguido por post-hoc de Dunn para teste
de esquiva inibitória do tipo “step-down” e análise de variância de uma via (ANOVA) seguido
por post-hoc de Student Newman-Keuls para demais testes comportamentais e toxicológico.
RESULTADOS: A folha é hipostomática, com estômatos paracíticos; epiderme unisseriada em
ambas as faces, com cutícula espessa na face adaxial e tricomas tectores uniseriados com
aproximadamente 6 células. Apresenta mesofilo dorsiventral e cristais de oxalato de cálcio em
forma de ráfides e drusas. Na região da nervura central, observa-se colênquima e parênquima
fundamental em ambas as faces e feixe vascular colateral. Tanto o mesofilo quanto a região do
feixe vascular apresentam células secretoras. Os testes histoquímicos e a triagem fitoquímica
demonstraram presença de compostos fenólicos, lignina, alcalóides, saponinas e heterosídeos
cardioativos. Os testes toxicológicos apresentaram valores alterados de ALT e AST séricos. Os
ensaios comportamentais apresentaram valores estatisticamente significativos para testes de
nado forçado, esquiva inibitória do tipo “step-down” e teste de esconder esferas.
CONCLUSÕES: O estudo anatômico apresenta caracteres estruturais que contribuem na
identificação da planta medicinal. Os testes histoquímicos e triagem fitoquímica possibilitaram
a confirmação da presença de compostos secundários na folha de noni. Os estudos
demonstraram possível hepatotoxicidade e sugestiva atividade antidepressiva, anticompulsiva
e estimulante da memória do extrato de noni.
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ABSTRACT
PILONI, B. A. A study the of Morinda citrifolia L. (Noni) leaf: from anatomy to biological
activities. 2015. 70 p. Course Work of Pharmacy - Federal University of Mato Grosso, Sinop
Campus.
Keywords: noni, secondary compounds, behavioral tests
INTRODUCTION: Morinda citrifolia L. (noni) is a small to medium sized shrub with large
leaves, permanent and elliptical. The species is native of the Southeast Asia and has been
adapted very well to the Brazilian climate. Approximately 160 compounds have been identified
in various parts of the noni, and most of them belong to the group of phenolic compounds,
organic acids and alkaloids. For this reason, the plant produces a wide range of biological
activity and nutritional value, offering health benefits, with antioxidant, anti-inflammatory,
analgesic, immunomodulatory, antibacterial, antitumor activities, among others. Still, studies
with this plant are very recent, with a few reports of its leaf. OBJECTIVE: perform an
anatomical and chemical characterization of noni leaves, in addition to evaluating the
effectiveness of the leaf extract for treating depression, anxiety, compulsion and memory, and
toxicity in Swiss mices. MATERIALS AND METHODS: Adult leaves of 30 individuals were
collected in the city of Sinop-MT. For anatomical study, there was cross-sections and
paradermal of the leaf blade, then stained with Safranin and analyzed in light microscope.
Histochemical tests were carried out with specific reagents to verify the substances. The
hidroalcoholic extract was obtained by maceration and realized his phytochemical screening.
For acute and subchronic toxicological tests, Hippocratic tests were avaliated of ALT and AST
assessment in Swiss mice, after treatment with extract. For evaluate antidepressant activity,
anxiolytic, an anticompulsive and memory, behavioral tests were performed with Swiss mice.
After administration of the extract, the animals were subjected to the test spontaneous
locomotor activity, elevated plus maze, forced swimming, inhibitory avoidance of the "step
down" and testing to hide balls. Data were analyzed by Kruskal-Wallis followed by Dunn's
post-hoc test for inhibitory avoidance of the "step-down" and analysis of variance (ANOVA)
followed by post hoc Student-Newman-Keuls test for other behavioral and toxicological.
RESULTS AND DISCUSSION: The leaf is hipostomatic with paracytic stomata; uniseriate
epidermis on both sides, with dense cuticle on the adaxial surface and glandular trichomes with
uniseriate about six cells. Mesophyll presents dorsiventral and calcium oxalate crystals in the
form of raphides and Druze. In the region of the midrib, it is observed collenchyma and
fundamental parenchyma on both sides and collateral vascular bundle. As the mesophyll as the
region of the vascular bundle presents secretory cells. The histochemical tests and
phytochemical screening showed the presence of phenolic compounds, lignin, alkaloids,
saponins and cardioactive glycosides. Toxicological tests showed abnormal values of serum
ALT and AST. Behavioral tests showed statistically significant values for forced swimming
test, inhibitory avoidance of the "step-down" test and to hide balls. CONCLUSION: The
anatomical study has structural features that contribute to the identification of the medicinal
plant. The histochemical tests and phytochemical screening made it possible to confirm the
presence of secondary compounds in the noni leaf. Studies have shown possible hepatotoxicity
and possibility antidepressant activity, anticompulsive and stimulating the memory from the
noni extract.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Imagens de Morinda citrifolia; A) Árvore e suas ramificações; B) Inflorescência; C)
Frutos em diferentes estágios de maturação; D) Disposição de folhas, inflorescência e fruto. 20
Figura 2. Delineamento do estudo ........................................................................................... 30
Figura 3. Aparato utilizado para o teste de Atividade Locomotora Espontânea ..................... 38
Figura 4. Aparato utilizado para o teste LCE .......................................................................... 39
Figura 5. Aparato utilizado no teste de Nado Forçado ............................................................ 40
Figura 6. Aparato utilizado para teste de esconder esferas ..................................................... 41
Figura 7. Aparato utilizado para o teste de Esquiva Inibitória do tipo “step down” ............... 42
Figura 8. Seções transversal e paradérmica da folha de Morinda citrifolia. A) estômatos
presentes na face abaxial da folha. B) estômatos paracíticos. .................................................. 43
Figura 9. Seção transversal da folha de Morinda citrifolia. Epiderme unisseriada, cutícula
espessa na face adaxial, mesofilo dorsiventral e ráfides .......................................................... 44
Figura 10. Seções transversais da folha de Morinda citrifolia. A) Tricomas tectores
uniseriados. B) Bordo preenchido por colênquima .................................................................. 44
Figura 11. Seções transversais da folha de Morinda citrifolia. Cristais de Oxalato de cálcio. A)
Ráfide. B) Drusas ..................................................................................................................... 45
Figura 12. Seção transversal da folha de Morinda citrifolia. Região da nervura central
mostrando: feixe vascular colateral, células secretoras, colênquima e parênquima fundamental
.................................................................................................................................................. 45
Figura 13. Teste de floroglucina para determinação de lignina .............................................. 46
Figura 14. Teste de cloreto férrico para determinação de compostos fenólicos totais ............ 47
Figura 15. Teste de Dragendorff para determinação de alcaloides ......................................... 47
Figura 16. Teste de Sudan para determinação de lipídios ....................................................... 48
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na atividade locomotora espontânea
em camundongos, no teste de campo aberto ............................................................................ 51
Gráfico 2. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da porcentagem de
entradas em braço aberto, no teste de labirinto em cruz elevado ............................................. 52
Gráfico 3. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da frequência de
entradas em braço fechado, no teste de labirinto em cruz elevado........................................... 52
Gráfico 4. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da porcentagem de
tempo em braço aberto, no teste de labirinto em cruz elevado ................................................. 53
Gráfico 5. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação do tempo de
imobilidade de camundongos avaliados no teste de esquiva nado forçado por 3 min ............. 54
Gráfico 6. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação do número de esferas
escondidas pelos camundongos, no teste de avaliação da compulsão ...................................... 55
Gráfico 7. Efeito do tratamento crônico do extrato da folha de Morinda citrifolia na MCD (1,5
horas) e MLD (24 horas) de camundongos avaliados no teste de esquiva “step-dow” por 3 min
.................................................................................................................................................. 56
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização histoquímica das folhas de Morinda citrifolia ................................ 46
Tabela 2. Triagem fitoquímica do extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia .................... 48
Tabela 3. Toxicidade Aguda: Valores médios da dosagem sérica (± desvio padrão) de ALT e
AST (UI/L) em camundongos tratados com extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia...... 50
Tabela 4. Toxicidade Subcrônica: Valores médios da dosagem sérica (± desvio padrão) de ALT
e AST (UI/L) em camundongos tratados com extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia ... 50
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LISTA DE ABREVIATURAS
A.C. – Antes de Cristo
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AINES – Antiinflamatório Não Esteroidal
ALT – Alanina Amino Transferase
ANOVA – Análise de Variância
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AST – Aspartato Amino Transferase
CNMT – Centro Norte Mato-Grossense
COX-1 – Ciclo-Oxigenase-1
COX-2 – Ciclo-Oxigenase-2
DNA – Ácido Desoxirribonucleico
DP – Desvio Padrão
EBA – Entrada em Braço Aberto
EBF – Entrada em Braço Fechado
EPM – Erro Padrão Médio
LCE – Labirinto em Cruz Elevado
LDL – Lipoproteínas de Baixa Densidade
LPO – Peroxidação Lipídica
MCD – Memória de Curta Duração
MLD – Memória de Longa Duração
MT – Mato Grosso
OMS – Organização Mundial da Saúde
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SAR – Radicais Ânions Superóxido
SD – Sedentário
SNC – Sistema Nervoso Central
TNJ – Tahitian Noni® Juice
TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo
TBA – Tempo em Braço Aberto
TBF – Tempo em Braço Fechado
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
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SUMÁRIO
RESUMO 8
ABSTRACT 9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 10
LISTA DE GRÁFICOS 11
LISTA DE TABELAS 12
LISTA DE ABREVIATURAS 13
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 18
2.1. Plantas medicinais ............................................................................................................. 18
2.2. Noni (Morinda citrifolia L.) .............................................................................................. 19
2.2.1. Classificação botânica .................................................................................................... 19
2.2.2. Aspectos botânicos ......................................................................................................... 20
2.2.3. Constituição química ...................................................................................................... 21
2.2.4. Atividade biológica......................................................................................................... 21
2.2.5. Farmacocinética .............................................................................................................. 24
2.2.6. Toxicidade ...................................................................................................................... 25
2.3. Psicopatologias .................................................................................................................. 25
2.3.1.Depressão ........................................................................................................................ 26
2.3.2. Ansiedade ....................................................................................................................... 27
2.3.2.1. Transtorno Obsessivo-Compulsivo ............................................................................. 27
2.3.3. Memória ......................................................................................................................... 28
3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 29
3.1. Objetivo geral .................................................................................................................... 29
3.2. Objetivos específicos ......................................................................................................... 29
4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 30
4.1. Delineamento do Estudo.................................................................................................... 30
4.2. Coleta e Identificação ........................................................................................................ 30
4.3. Análise Anatômica ............................................................................................................ 31
4.4. Análise Histoquímica ........................................................................................................ 31
4.4.1. Lignina ............................................................................................................................ 31
4.4.2. Compostos Fenólicos ...................................................................................................... 31
4.4.3. Alcalóides ....................................................................................................................... 31
4.4.4. Lipídios ........................................................................................................................... 32
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4.5. Obtenção do extrato ........................................................................................................... 32
4.6. Triagem fitoquímica do extrato ......................................................................................... 32
4.6.1 Alcalóides ........................................................................................................................ 32
4.6.2 Taninos ............................................................................................................................ 33
4.6.3 Heterosídeos Cardioativos ............................................................................................... 33
4.6.5 Flavonóides ...................................................................................................................... 34
4.6.6 Antraquinonas .................................................................................................................. 34
4.6.7 Saponinas ......................................................................................................................... 34
4.7. Animais Experimentais...................................................................................................... 35
4.8. Estudo Toxicológico .......................................................................................................... 35
4.8.1 Toxicidade Aguda - Teste Hipocrático ............................................................................ 35
4.8.2 Toxicidade Subcrônica .................................................................................................... 35
4.9. Estudo Comportamental .................................................................................................... 36
4.9.1. Teste de Atividade Locomotora Espontânea .................................................................. 37
4.9.2. Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE) ................................................................... 38
4.9.3. Teste de Nado Forçado ................................................................................................... 39
4.9.4. Teste de Esconder Esferas (“marble-burying test”) ....................................................... 40
4.9.5. Teste de Esquiva Inibitória do tipo “step-down” ............................................................ 41
4.10. Análise Estatística ........................................................................................................... 42
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 43
5.1. Análise Anatômica ............................................................................................................ 43
5.2. Análise Histoquímica ........................................................................................................ 45
5.3. Triagem Fitoquímica do Extrato Hidroalcoólico............................................................... 48
5.4. Estudo Toxicológico.......................................................................................................... 49
5.5. Estudo Comportamental.................................................................................................... 51
5.5.1. Teste de Atividade Locomotora Espontânea.................................................................. 51
5.5.2. Teste de Labirinto em Cruz Elevado (LCE)................................................................... 51
5.5.3. Teste de Nado Forçado.................................................................................................... 53
5.5.4. Teste de Esconder Esferas (“marble-burying test")........................................................ 54
5.5.5. Teste de Esquiva Inibitória do tipo “step-down”............................................................ 55
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 57
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 58
ANEXO A................................................................................................................................ 70
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo de muitas gerações, o homem percebeu que as plantas poderiam provocar
reações benéficas no organismo, capazes de resultar na recuperação da saúde. Entretanto,
percebeu, também, que poderiam ser nocivas, sendo capazes de matar e de produzir alucinações
(LORENZI et al., 2002).
O uso de plantas medicinais a fim de promover a recuperação da saúde já vem sendo
relatado desde 4.000 A.C., quando o efeito da planta era descoberto por experimentação, na
base de tentativa e erro (HARAGUCHI et al., 2010).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte da população dos países
em desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária. Cerca de 80%
dos indivíduos desses países utiliza práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e
85% usa plantas ou preparações destas para alívio de alguma doença ou sintoma desagradável
(BRASIL, 2006).
O problema é que a utilização das plantas é, muitas vezes, supervalorizada no uso
tradicional com base nos seus efeitos medicinais. Entretanto, a validação científica dos
fitoterápicos é obrigatória para a utilização correta das plantas medicinais ou de seus compostos
ativos, sendo que, para que isso ocorra, esses produtos devem ter a eficácia avaliada e
confirmada, além de cumprir todos os critérios de segurança e eficácia dos produtos sintéticos
(BRITO et al., 2009).
Nesse sentido, muito tem se falado e estudado sobre a espécie Morinda citrifolia L.,
conhecida popularmente como noni. Estudos já realizados conferem à noni atividade
antioxidante, antiinflamatória, analgésica, imunomoduladora, antibacteriana, antitumoral, entre
outros (WANG et al., 2002).
Entre os compostos presentes nesta espécie, relatam-se: glicosídeos, polissacarídeos,
compostos iridóides, alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, antraquinonas, entre outros
(WANG et al., 2000; LIU et al., 2001; FURUSAWA et al., 2003; SU et al., 2005).
Porém, mesmo com o elevado uso deste vegetal pela população, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA, 2008), com o intuito de proteger e promover a saúde dos
usuários, determinou que os produtos contendo noni não devem ser comercializados no Brasil
como alimento até que os requisitos legais, que exigem a comprovação de sua segurança de
uso, sejam atendidos.
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17
Entretanto, a população continua fazendo uso indiscriminado da noni, considerando-a
uma planta milagrosa e acreditando que seja eficaz para o tratamento de aproximadamente 120
enfermidades, não levando em consideração sua possível toxicidade (RODRIGUEZ, 2004).
Os estudos relacionados à noni ainda são muito recentes, sendo que a maior parte deles
faz referência ao fruto. Ainda há poucos estudos relatados sobre sua folha.
Assim, o intuito dessa pesquisa é fornecer mais informações botânicas sobre a espécie
e contribuir para futuros estudos sobre seu potencial medicinal.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Plantas medicinais
Através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 26 de 13/05/2014, ficou definido
que planta medicinal é qualquer espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos
terapêuticos (ANVISA, 2014). Segundo Simões (2007), as plantas medicinais possuem
substâncias usadas como ponto de partida para a síntese de produtos químicos e farmacêuticos.
Essas substâncias, denominadas metabólitos secundários, são responsáveis pelo efeito
terapêutico que a planta medicinal apresenta.
Estima-se que, aproximadamente, 40% dos medicamentos atualmente disponíveis
foram desenvolvidos, direta ou indiretamente, a partir de fontes naturais assim subdivididos:
25% de plantas, 12% de microorganismos e 3% de animais (CALIXTO et al., 2001).
Avalia-se que, no Brasil, 25% dos 8 bilhões de dólares do faturamento da indústria
farmacêutica no ano de 1996, foram originados de medicamentos derivados de plantas,
ocorrendo um crescimento de 10% ao ano as vendas neste setor (GUERRA et al., 2001).
No final da década de 1970, a OMS, criou o Programa de Medicina Tradicional que
recomenda aos estados-membros o desenvolvimento de políticas públicas. Esse programa tem
a finalidade de facilitar a integração da medicina tradicional e da medicina complementar
alternativa nos sistemas nacionais de atenção à saúde, além de promover o uso racional dessa
integração (BRASIL, 2006).
No intuito de estabelecer as diretrizes para a atuação do governo na área de plantas
medicinais e fitoterápicos, foi publicado o decreto número 5813, de 22 de junho de 2006, que
aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, a fim de implementar ações
capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população brasileira (BRASIL, 2006).
Vale ressaltar que, por mais que algumas plantas sejam tradicionalmente utilizadas,
muitas não possuem sua ação cientificamente comprovada, principalmente para uso por
gestantes e lactentes. Recomenda-se, assim, que antes da utilização de qualquer planta
medicinal ou fitoterápico, o usuário obtenha o diagnóstico correto da doença a ser tratada e a
prescrição por um profissional de saúde especialista na área e habilitado para tal
(HARAGUCHI et al., 2010).
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2.2. Noni (Morinda citrifolia L.)
Morinda citrifolia, conhecida como noni, é nativa do sudeste da Ásia e tem sido utilizada
pelos habitantes das ilhas do Pacífico, Ásia, Austrália e América do Sul por centenas de anos
(ANDRADA et al., 2007). Essa planta também é chamada Mulberry indiano, Ba Ji Tian, Nono
ou Nonu, Cheese Fruit e Nhau em várias culturas em todo o mundo (WANG et al., 2002).
Na Polinésia, é uma das plantas mais populares e tradicionais, sendo utilizada por mais
de 2.000 anos pela população. Entre os colonizadores polinésios, é uma das mais valorizadas,
sendo utilizada como medicamento e corante (WANG et al., 2002). Além disso, possui uma
ampla gama de atividade biológica e valor nutricional, apresentando benefícios de saúde para
cancro, infecções, artrite, diabetes, asma, hipertensão e dor (NELSON, 2006).
Os cultivos comerciais de noni podem ser encontrados no Taiti, Havaí e outros países
da Polinésia, onde se fabricam a maioria dos sucos comercializados no mundo (SILVA et al.,
2012).
Praticamente todas as partes da planta são aproveitadas e, a cada uma delas, são
atribuídas propriedades medicinais diferentes. A casca, cuja propriedade é adstringência, é
utilizada popularmente no tratamento da malária; as folhas são usadas como analgésico e para
inflamações externas; as flores são empregadas no tratamento de inflamações oculares; o
extrato das raízes no tratamento da hipertensão e as sementes, como laxante (RODRIGUEZ e
PINEDO, 2004).
Por não possuir histórico de uso no Brasil, a comercialização de qualquer produto
contendo noni, só é permitida após a comprovação de sua segurança e seu registro na ANVISA,
conforme determinado na Resolução nº. 16/1999 e RDC nº. 278/2005, respectivamente
(ANVISA, 2008).
2.2.1. Classificação botânica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Gentianales
Família: Rubiaceae
Gênero: Morinda
Espécie: M. citrifolia
Nome científico: Morinda citrifolia L.
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O nome botânico para o gênero foi derivado de duas palavras latinas, Morus, que
significa amora e indicus, que significa indiana. A denominação do gênero faz referência à
semelhança do fruto de noni ao da amoreira (Morus alba L.) e a denominação da espécie, indica
a semelhança de suas folhas com algumas espécies de citros (NELSON et al., 2006).
2.2.2. Aspectos botânicos
Morinda citrifolia é um arbusto de pequeno a médio porte e folhas grandes permanentes
e elípticas (SMITH, 1988). As inflorescências axilares apresentam-se em capítulos solitários e,
algumas vezes, em número de 2 ou 3 por axila. As flores tubulares, sésseis e unidas basalmente
apresentam corola branca ou esverdeada. Os frutos ovais dispostos ao longo dos ramos possuem
uma superfície grumosa e variam de cor verde para amarelo ou branco opalescente, quando
maduros. A polpa de cor creme, carnosa e suculenta, apresenta sabor e odor não muito
agradáveis, lembrando o sabor de queijo maturado. As sementes, mais de 100 em um fruto
grande, são triangulares e alongadas, marrons e medem entre 3 e 10 mm de comprimento
(VEIGA et al., 2005).
Frequentemente, essa espécie cresce em regiões costeiras ao nível do mar e em áreas
florestais com cerca de 400 metros acima do nível do mar (WANG et al., 2002). Desenvolve-
se bem em solos vulcânicos ricos em minerais, mas, também, em solos arenosos ou muito
úmidos (McCLATHEY, 2002).
Figura 1. Imagens de Morinda citrifolia; A) Árvore e suas ramificações; B) Inflorescência; C) Frutos em diferentes
estágios de maturação; D) Disposição de folhas, inflorescência e fruto (acervo próprio)
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2.2.3. Constituição química
Aproximadamente 200 compostos foram identificados nas diversas partes da noni,
sendo que a maioria deles pertence ao grupo dos compostos fenólicos, ácidos orgânicos e
alcalóides. Os componentes principais identificados foram: escopoletina, ácido octoanóico,
potássio, vitamina C, terpenóides, alcalóides, antraquinonas (como nordamnacantal,
morindone, rubiadina e éter rubiadina-1-metilo, glicosídeo de antraquinona), β-sitosterol,
caroteno, vitamina A, quinolina, lucidin, digoxina, glicósidos de flavona, ácido linoleico,
alizarina, aminoácidos, glucose, acubin, L-asperulosideo, ácido capróico, ácido caprílico, ácido
ursólico, rutina e uma proxeronine putativa (KRISHNAIAH et al., 2012; SINGH, 2012).
Segundo Chan-Blanco (2006 apud MARQUES, 2009), as proteínas representam 11,3%
da matéria seca do suco. Os principais aminoácidos presentes são o ácido aspártico, o ácido
glutâmico e a isoleucina. Apresenta, também, elevada porcentagem de minerais: 8,4% da
matéria seca, sendo os principais o potássio, enxofre, cálcio e fósforo. As principais vitaminas
encontradas no fruto são ácido ascórbico (158mg/100g matéria seca) e provitamina A.
2.2.4. Atividade biológica
De acordo com a medicina tradicional e popular, a noni vem sendo utilizada para o
tratamento de alergia, artrite, asma, câncer, depressão, diabetes, hipertensão, distúrbios
menstruais e musculares, obesidade, úlceras gástricas, dores de cabeça, inibição sexual, insônia,
estresse, problemas respiratórios, AIDS, esclerose múltipla e dependência de drogas
(LAVAUT, 2003).
A ação analgésica da noni foi comprovada por testes realizados por irritação peritoneal
por ácido acético e ensaio por placa quente. Os estudos utilizando extrato da raiz da planta
mostraram atividades sedativas semelhantes a da morfina, sendo sua maior ação periférica do
que central, esse efeito pode ter-se dado pelo resultado da sinergia entre os componentes
presentes na planta (RODRIGUEZ et al., 2012).
Segundo Wang (2002), a atividade antibacteriana da planta está associada à presença de
compostos fenólicos como acubin, L-asperulosideo, alizarina e algumas antraquinonas. Estes
compostos são eficazes contra cepas de bactérias infecciosas, tais como a Pseudomonas
aeruginosa, Proteus morgaii, Staphylococcus aureus, Bacillis subtilis, Escherichia coli,
Salmonella e Shigella, além do tratamento de infecções da pele, resfriados, febres, e outros
problemas de saúde causados por bactérias.
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Em estudo realizado por Costa (2011), com extrato aquoso de polpa, semente e casca da
noni, determinou-se relativa atividade antifúngica para os fitopatógenos: Aspergillus terreus,
Aspergillus japonicus e Penicillium citrinum, com melhor atividade inibitória para o fungo
Aspergillus japonicus.
Em estudo com Fusarium spp, a noni não apresentou inibição do crescimento in vitro
dos fungos de nenhuma espécie isolada. Já duas espécies de Aspergillus, a A. terreus e A.
uniseriado, foram sensíveis a extratos aquosos e hidroalcoólicos de noni (OLIVEIRA et al.,
2011; ALVES et al., 2011).
Em pesquisa realizada a fim de detectar a atividade do extrato de noni sobre Ascaridia
galli, o extrato, tanto aquoso quanto etanólico, com concentração a 10% in vivo, demonstrou
baixa eficiência. Não descartando a possibilidade de extratos com concentrações mais elevadas
apresentarem atividade anti-helmíntica efetiva. No teste in vitro, os extratos demonstraram ser
pouco efetivos sobre a taxa de mortalidade (BRITO et al., 2009).
Já nos testes de Murdiati et al. (2000 apud BRITO et al., 2009) foi pesquisada a atividade
anti-helmíntica da noni em caprinos e ovinos, sobre Haemonchus contortus e afirmaram que,
no teste in vitro, o extrato clorofórmico de noni foi eficiente na morte de parasitos adultos e no
desenvolvimento dos ovos.
Em outro teste, realizado por Kesehatan (2003 apud BRITO et al., 2009), foi obtido
100% de mortalidade sobre Ascaris suum, em teste in vitro com extrato de noni com
concentração de 60%. O extrato etanólico de folhas da noni causa paralisia induzida e morte do
verme nematóide parasita humano, Ascaris lumbricoides, dentro de um dia (RAJ, 1975).
Li e seus colaboradores (2002) realizaram um estudo a fim de investigar uma possível
atividade inibitória da enzima cicloxigenase de 24 espécies de plantas australianas e chinesas,
eles demonstraram a atividade inibitória do extrato do fruto de noni sobre a COX-1. A
seletividade da inibição da COX-2 versus COX-1 do suco TAHITIAN NONI®
Juice (TNJ) in
vitro foi investigada por Su e seus colaboradores (2001) que puderam comparar suas atividades
com alguns tradicionais antiinflamatórios não esteroidais (AINES), como aspirina,
indometacina e um inibidor seletivo da COX-2, o celecoxibe. Os resultados mostraram que a
seletividade para a inibição da COX-2 do TNJ é comparável com aquela do celecoxibe.
Analisando a atividade antioxidante de extratos polares e não polares de raiz, folha e
fruto de noni, Zin e colaboradores (2002) chegaram ao resultado de que os extratos não polares
das três partes da planta demonstraram possuir alta atividade antioxidante quando comparados
com os antioxidantes clássicos como o α-tocoferol e di-tercbutilmetil-fenol (BHT).
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Cerca de 19 compostos da noni foram isolados por Su e seus colaboradores (2005), todos
foram avaliados quanto a sua atividade antioxidante. Oito compostos mostraram possuir potente
atividade antioxidante: narcissosideo, borreriagenina, citidineo, deacetilasperulosideo,
dehidromethoxigaertnerosideo, epi-dihidrocornina, metil α-Dfructofuranosideo e metil β-D-
fructofuranosideo.
Wang e colaboradores (2001a) avaliaram o potencial antioxidante do TNJ (in vitro), e a
atividade antioxidante do suco foi semelhante aos efeitos da vitamina C, pó de semente de uva
e extrato da casca de pinheiro. Sendo que a atividade para combater radicais ânions superóxido
(SAR) do TNJ mostrou ser maior do que a atividade presente na vitamina C, no pó de semente
e também no extrato da casca de pinheiro. Mostrando, assim, possuir um grande potencial para
combater radicais livres de oxigênios reativos. No teste in vivo foi utilizado um modelo de lesão
aguda no fígado através da adição de tetracloreto de carbono (CCl4) em ratas fêmeas. A adição
de 10% de TNJ no bebedouro de água dos animais durante 12 dias foi capaz de reduzir os níveis
de radicais ânions superóxido (SAR) e peroxidação lipídica (LPO) para 20% e 50% após três
horas da administração de CCl4, comparado com o grupo controle.
Umezawa e colaboradores (1992) isolaram um composto a partir de raízes de noni
chamado 1-metoxi-2-formil-3-hidroxiantraquinona que suprimiu o efeito citopático da infecção
de células MT-4 de HIV, sem inibir o crescimento das células.
No International Chemical Congress of the Pacific Basin Societies (2000), reunião em
Honolulu, Saludes e colegas informaram que noni foi capaz de matar o Mycobacterium
tuberculosis. A concentração de extratos de folhas de noni matou 89% das bactérias presentes
em tubo de ensaio, quase tão eficaz como um fármaco anti-tuberculose líder, Rifampcina, que
tem uma taxa de inibição de 97% na mesma concentração.
O mecanismo do efeito preventivo do TNJ foi investigado no estágio inicial da
carcinogênese, sugeriram que a prevenção de formação de adutos de DNA-carcinogênicos
(marcador que prevê a possibilidade de desenvolvimento de câncer) e a atividade antioxidante
do TNJ podem contribuir para o efeito quimiopreventivo (WANG e SU, 2001).
A partir de estudos realizados para prevenção da formação de carcinógeno-DNA aduto
químico de ratos SD (sedentário) fêmeas, foi constatado que o TNJ foi capaz de reduzir a
formação de adutos de DNA, através de 7,12-dimetilbenz (a)-anthracen (DMBA), de 80% no
rim, 42% no fígado, 41 % no pulmão e 26% no coração. (PRYOR, 1997; WANG et al., 2001b).
Em pesquisa realizada por Hirazumi e colaboradores (1994) a noni-ppt, um
polissacarídeo extraído da noni, foi capaz de prolongar significativamente a vida de ratos em
até 75% com o carcinoma de Lewis do pulmão implantado em comparação com o grupo de
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controle. Concluiu-se que a noni-ppt parece suprimir o crescimento do tumor indiretamente por
estimular o sistema imune (HIRAZUMI et al., 1996).
Os extratos metanólico e de acetato de etila de frutos de noni mostraram 88 e 96% de
inibição, respectivamente, de cobre, induzindo a oxidação do LDL (lipoproteínas de baixa
densidade), prevenindo, assim, a arteriosclerose. A atividade destes extratos é devida,
principalmente, ao seu número de grupos hidroxila fenólicos presentes nas ligninas isoladas
(KAMIYA et al., 2004).
Hirazumi e Furusawa (1999) estudaram a possível ação imunomodulatória em modelo
de carcinoma pulmonar peritoneal de Lewis. Onde a administração terapêutica de TNJ ativou
as células do exudato peritoneal aumentando o tempo de sobrevivência dos camundongos. O
TNJ ativou o sistema imune do hospedeiro e também foi capaz de estimular a liberação de
mediadores de células efetoras murine, incluindo fator alfa de necrose tumoral (TNF-α),
interleucina-1-beta (IL-1β), interferon-gama (IFN-γ), óxido nítrico (NO) entre outros.
Na Universidade de Illinois, College of Medicine, Wang e colegas (2002) observaram
que o timo dos animais tratados com o TNJ havia ampliado. O timo é o órgão relacionado a
produção de células T envolvidas no processo de envelhecimento e imunidade do organismo.
O TNJ pode melhorar a função imunológica, estimulando o crescimento do timo, e, portanto,
afetando as atividades anti-envelhecimento e anticancerígena, e proteger as pessoas de outra
doença degenerativa.
2.2.5. Farmacocinética
Em estudo farmacocinético de noni, realizado por Wang (2002), pela administração por
via oral de noni em ratos SD fêmeas, utilizando como marcador uma substância presente na
planta, a escopoletina, sendo monitorado no plasma e vários órgãos ao longo do tempo. A
farmacocinética da escopoletina em noni foi calculada como se segue: a concentração
plasmática atingiu um pico às 2 horas após a administração oral de noni. Seu nível diminuiu
para 50% em 4 horas. Apenas 12% e 2% da escopoletina foi deixado no plasma após 12 e 24 h,
respectivamente. A absorção foi rápida, com pico de concentração de 50% alcançado em apenas
30 min. A fim de manter um nível sanguíneo elevado de escopoletina, o suco de noni deve ser
administrado a cada 2 a 4 horas. Para a manutenção da saúde global, o suco deve ser
administrado a cada 12 horas. Os resultados demonstram que a frequência é mais importante
do que a quantidade de suco ingerida. A concentração de escopoletina em vários órgãos indica
que a noni é absorvida em tecidos diferentes aproximadamente uma hora após a administração.
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O pico de concentração em diferentes tecidos ocorreu a cerca de 3 horas, com um rápido
declínio. Curiosamente, o nível de escopoletina em tecido mamário foi relativamente mais
elevado do que qualquer outro tecido.
2.2.6. Toxicidade
No XV Congresso Brasileiro de Toxicologia, um trabalho experimental investigou os
possíveis efeitos adversos do extrato aquoso do fruto de noni sobre a prenhes e parturição de
ratas progenitoras (MULLER et al., 2007; ANVISA, 2008). A partir do trabalho concluiu-se
que a exposição ao extrato seco do fruto de noni pode provocar efeitos adversos na gestação
desses animais em doses de 7,5 mg/kg, esses possivelmente relacionados com as atividades
antiestrogênica, antiangiogênica e inibidora da COX-2 presentes na planta (ANVISA, 2008).
O primeiro caso de hepatotoxicidade relacionado ao consumo de noni foi descrito no
ano de 2005 (MILLONIG et al., 2005), onde um homem de 45 anos apresentando níveis
elevados de transaminases foi encaminhado à Divisão Clínica de Gastroenterologia e
Hepatologia da Universidade Médica de Insbruque, Áustria. Após o paciente admitir estar
realizando ingestão diária do suco de noni, foi realizado uma biópsia hepática, comprovando a
intoxicação ocorrida. Um mês após a retirada do consumo de noni, os níveis de transaminases
foram normalizados.
Geralmente os compostos que causam a hepatotoxicidade são desconhecidos, porém a
presença de alcalóides pirrolizidínicos em sua composição pode ser a possível causa da
hepatotoxidade no caso da noni (ANDRADA et al., 2007).
2.3. Psicopatologias
Segundo a OMS, os transtornos mentais e neurológicos são responsáveis por cerca de
1% das mortes, tornando-os problemas prioritários de saúde no mundo todo. O prolongamento
da expectativa de vida e o envelhecimento da população em geral nos países desenvolvidos e
em desenvolvimento levam a um aumento na prevalência de doenças crônicas e progressivas
(WHO, 2007).
Tem sido relatado que em situações estressantes ocorre diminuição no metabolismo
cerebral de radicais livres, espécies químicas que contém um ou mais elétrons desemparelhados
e têm sido implicados na patogênese de muitas doenças. São instáveis e podem reagir com
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diversos compostos celulares (FREEMAN e KELLER, 2012). Esse composto é capaz de reagir
com diversas moléculas cerebrais, danificando-as, durante o estabelecimento de transtornos
psicossociais (BARBOSA et al., 2010).
Dentre as medidas neuroprotetoras, a atividade física é considerada como uma das mais
importantes e acessíveis formas de prevenir e proteger as funções cerebrais (PIETRELLI et al.,
2012). Estando relacionada com o fato de estimular a neurogênese e melhorar os níveis de
antioxidantes no cérebro, levando a um controle mais efetivo da produção de radicais livres
(GERECKE, 2013).
2.3.1. Depressão
A depressão é considerada o mais comum dos distúrbios afetivos, podendo variar de
alterações muito leves até depressão grave, que leva a alucinações e delírios (RANG et al.,
2011).
Os transtornos significativos do humor incluem a síndrome da depressão maior e
transtorno bipolar. A síndrome da depressão maior está associada a um risco mais elevado de
automutilação ou suicídio, bem como a mortalidade por doenças clínicas sensíveis ao estresse,
complicações clínicas do uso abusivo de álcool ou drogas ilícitas, ou por acidentes. O transtorno
bipolar caracteriza-se por alta probabilidade de recidivas da depressão grave e de excitação
maníaca, com manifestações psicóticas (BRUNTON et al., 2006).
Várias tem sido as abordagens para tratamento da depressão, incluindo abordagem
psicológica e medicamentosa. O tratamento psicológico breve, de 16 a 20 sessões, inclui terapia
cognitivo-comportamental, aconselhamento, tratamento de resolução de problemas e terapia
interpessoal. O aconselhamento para pacientes com depressão leve e moderada mostra-se tão
eficaz quanto a terapia medicamentosa, em torno de um ano após a intervenção (FUCHS et al.,
2014). A maior parte dos antidepressivos tem ações importantes no metabolismo das
monoaminas neurotransmissoras e seus receptores, principalmente a norepinefrina e serotonina.
O tratamento medicamentoso apresenta resultados em torno de dois meses do início da terapia
(BRUNTON et al., 2006).
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2.3.2. Ansiedade
A resposta ao medo normal a estímulos ameaçadores compreende vários mecanismos,
como comportamentos defensivos, reflexos autônomos, despertar e alerta, liberação de
corticosteroides e emoções negativas. Em estados de ansiedade, estas reações ocorrem
independentes de eventos externos. O termo “ansiedade” é aplicado a inúmeras desordens
distintas. Estas desordens podem ser dividas em desordens que envolvem medo e a ansiedade
generalizada (RANG et al., 2011).
A distinção entre o estado de ansiedade patológica e um considerado normal não é bem
esclarecido, mas representa o ponto em que os sintomas se tornam exagerados e acabam por
interferir no cotidiano do indivíduo (CASTILLO et al., 2000).
Não importa qual seja o fator desencadeante, a ansiedade apresenta como agente
etiológico o desequilíbrio entre mediadores estimulantes e depressores centrais. Ainda não se
conhece todos os fatores envolvidos, assim como as estruturas e os mecanismos de ação a nível
de receptores (SILVA, 2006).
O tratamento deste transtorno envolve desde abordagens psicológicas a tratamento
medicamentoso. Atualmente o tratamento medicamentoso com ansiolíticos tradicionais
(benzodiazepínicos e barbitúricos) mudou para o tratamento com fármacos que também são
utilizados no tratamento de outras desordens do Sistema Nervoso Central (SNC), como
antidepressivos, antiepiléticos e antipsicóticos, e também agonistas do receptor 5-
hidróxitriptamina (5-HT)1A
, como a buspirona. Estes medicamentos, ao contrário dos
ansiolíticos, estes não apresentam efeitos hipnóticos (RANG et al., 2011). Ainda assim, seu
tratamento é paliativo, atenuando o quadro de desequilíbrio do indivíduo (SILVA, 2006).
2.3.2.1. Transtorno Obsessivo-Compulsivo
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno de ansiedade que
caracteriza-se pelo pensamento ou imagens consideradas sem sentido ou repugnantes e rituais
ansiosos em que determinadas ações são realizadas de maneira repetitiva, sem nenhuma
finalidade (SILVA, 2006). Apresenta-se como uma desordem extremamente complexa que
envolve diversas manifestações neurológicas, incluindo sintomas neuropsicológicos, tais como,
déficit cognitivo e não-cognitivo, estereotipia (KORFF e HARVEY, 2006).
O TOC está relacionado a uma qualidade de vida reduzida, assim como altos níveis de
prejuízo social e profissional. Quando o transtorno inicia-se na infância ou na adolescência, os
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indivíduos podem experimentar dificuldades de desenvolvimento, evitando socialização com
colegas (DSM-V, 2014).
O transtorno depressivo geralmente acompanha o transtorno obsessivo-compulsivo e,
nesses casos, um tratamento eficaz da depressão, com frequência, leva a uma melhora dos
sintomas relacionados ao TOC (GELDER et al., 2006).
2.3.3. Memória
A memória é definida como a capacidade de reter uma informação para que, quando
necessário, se possa evocar a informação aprendida anteriormente. Esta é uma habilidade de
extrema importância para a realização de tarefas diárias (IZQUIERDO et al., 2002).
O processo de formação da memória engloba um conjunto de estruturas anatômicas e
funcionais do sistema nervoso central (SNC) que funcionam independentemente, mas de forma
cooperativa (IZQUIERDO, 2011). O hipocampo é considerado a estrutura cerebral mais
importante envolvida no processo de formação e armazenamento da memória, dessa forma a
capacidade de reter informações depende da integralidade do hipocampo (LARKIN et al.,
2014).
A memória de curto prazo recebe as informações já codificadas pelos mecanismos de
reconhecimento de padrões da memória sensorial-motora, responsável pelo processamento
inicial da informação sensorial e sua codificação, e retém estas informações por alguns
segundos, até minutos, para que estas sejam utilizadas, descartadas ou mesmo organizadas para
serem armazenadas. A memória de longo prazo recebe as informações da memória de curto
prazo e as armazena. Esta, possui capacidade ilimitada de armazenamento e as informações
ficam nela armazenadas por tempo também ilimitado (AGUIAR, 2008).
As alterações da memória são conhecidas pelos termos "amnésia" e "dismnésia", que
estão relacionados com a intensidade e o comprometimento da memória, sendo a dismnésia
relativa a perturbações variáveis e amnésia a perda global das funções de memória recente. O
mecanismo neuropsicológico da síndrome amnésica é baseado na transferência deficiente de
itens da memória imediata para o armazenamento de curto-prazo (MARKOWITSCH e
PRITZEL, 1985).
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3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
Caracterizar anatômica e quimicamente as folhas de noni (Morinda citrifolia), além de
verificar a eficácia do extrato da folha de noni no tratamento da depressão, ansiedade,
compulsão e memória, e avaliar sua toxicidade em camundongos Swiss.
3.2. Objetivos específicos
– Caracterizar anatomicamente as folhas adultas de Morinda citrifolia, com o intuito de
se obter maiores informações sobre a sua composição histológica;
– Verificar as estruturas secretoras presentes nas folhas;
– Efetivar testes histoquímicos para averiguar a ocorrência de quais substâncias são
secretadas pela planta;
– Realizar a extração e triagem fitoquímica preliminar do extrato hidroalcoólico das
folhas de noni;
– Avaliar a toxicidade aguda e subcrônica do extrato hidroalcoólico da folha de Morinda
citrifolia;
– Averiguar os efeitos antidepressivos e ansiolíticos do extrato hidroalcoólico de
Morinda citrifolia nos testes de Atividade Locomotora Espontânea, Labirinto em Cruz Elevado
e Nado Forçado;
– Investigar os efeitos anticompulsivos do extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia
no teste de Esconder Esferas (marble-burying test);
– Descrever os efeitos do extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia na memória de
camundongos no teste de Esquiva Inibitória do tipo “step-down”.
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4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Delineamento do Estudo
Para a realização do estudo seguiu-se o organograma descrito pela Figura 2.
Figura 2. Delineamento do estudo
4.2. Coleta e Identificação
Foram coletadas folhas adultas de 30 indivíduos de Morinda citrifolia cultivadas nos
canteiros públicos, bem como nas residências de moradores de Sinop (MT), em Junho de 2014.
Nessas coletas foram obtidas a maior quantidade possível de folhas e, após processamento
adequado, foram submetidas às análises anatômica e histoquímica, além da obtenção de extrato.
A espécime testemunha (11º51’30,3”S/55º28’53,28”W) foi herborizada e incluída no acervo
do Herbário Centro Norte Mato-Grossense (CNMT), da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), sob número de tombo 6556.
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4.3. Análise Anatômica
As amostras foram fixadas em uma solução de álcool 70% (JOHANSEN, 1940). Foram
feitos cortes transversais à mão-livre da lâmina foliar, com o auxílio de uma lâmina de barbear.
Após, os cortes foram diafanizados em hipoclorito de sódio a 20%, corados com Safranina,
montados em gelatina glicerinada, entre lâmina e lamínula e vedados com esmalte incolor.
O material foi analisado em microscópio óptico e as imagens capturadas através de um
computador acoplado ao microscópio.
4.4. Análise Histoquímica
Foram feitos cortes transversais à mão-livre da lâmina foliar, com o auxílio de uma
lâmina de barbear, em material fresco. Posteriormente, foram feitos testes com reagentes
específicos para verificar a ocorrência de substâncias presentes nas folhas, como descrito a
seguir.
O material foi analisado em microscópio óptico e as imagens capturadas através de um
computador acoplado ao microscópio.
4.4.1. Lignina
Os cortes foram tratados com Floroglucina 2% + Ácido Clorídrico 25%. Análise
positiva com formação de cor roseada (JOHANSEN, 1940).
4.4.2. Compostos Fenólicos
Os cortes foram tratados com Cloreto Férrico 10%. Análise positiva com formação de
cor verde escuro (JENSEN, 1962).
4.4.3. Alcalóides
Os cortes foram tratados com reagente de Dragendorff. Análise positiva com formação
de cor laranja-acastanhada (JOHANSEN, 1940).
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4.4.4. Lipídios
Os cortes foram tratados com solução de Sudan III. Análise positiva com formação de
cor avermelhada (MILLER et al., 1968).
4.5. Obtenção do extrato
Para obtenção do extrato, o material coletado foi submetido à secagem em estufa a 40°C,
moído e extraído três vezes por maceração com etanol 80%, na proporção de 1:10
(droga:solvente), por quinze dias à temperatura ambiente, sendo agitado diariamente. O extrato
foi filtrado com papel de filtro e em seguida concentrado usando evaporador rotatório sob
pressão reduzida.
A partir de 1 Kg de folha seca triturada obteve-se 175,55g de extrato bruto. Seu
rendimento foi de 17,55%.
4.6. Triagem fitoquímica do extrato
A triagem fitoquímica foi feita de acordo com manual descrito por Duarte e
colaboradores (2010), com breves modificações.
4.6.1 Alcalóides
Alguns miligramas do extrato foram adicionados a 10 mL de ácido sulfúrico a 1%,
aqueceu-se por 2 minutos, filtrou-se em algodão e após resfriamento, o filtrado foi dividido em
duas porções.
Pesquisa direta: o filtrado foi dividido em quatro tubos de ensaio, um tubo foi utilizado
com branco e aos demais foi acrescentado 2 gotas de reagente Dragendorff, Mayer e
Bouchardat. Análise positiva com formação de turvação a precipitação.
Pesquisa confirmatória: adicionou-se ao filtrado hidróxido de amônio diluído até atingir
pH básico e em seguida acrescentado 7 mL de diclorometano. Extraiu-se
cautelosamente por 10 minutos, a camada orgânica foi decantada para uma cápsula de
porcelana e evaporada em banho-maria. O resíduo foi dissolvido com 5 mL de ácido
sulfúrico a 1% e distribuído em 4 tubos de ensaio, um tubo foi utilizado como branco e
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aos demais foi acrescentado 2 gotas de reagente Dragendorff, Mayer e Bouchardat.
Análise positiva com formação de turvação a precipitação.
4.6.2 Taninos
Alguns miligramas de extrato foram dissolvidos com 10 mL de água destilada e
aquecidos por 2 minutos, filtrou-se em algodão para um cálice e volume preenchido para 25
mL com água destilada. Distribuiu-se 12 mL do filtrado em 3 tubos de ensaio e executou-se as
reações de identificação.
Reação com gelatina: adicionou-se 3 gotas de solução gelatina 2%. Reação positiva com
formação de turvação a precipitação.
Reação com metais pesados: adicionou-se 3 gotas de solução acetato de chumbo a 10%.
Reação positiva com formação de turvação a precipitação.
Identificação de taninos condensados e/ou hidrolisáveis: adicionou-se 3 gotas de
solução de cloreto férrico a 2%. Formação de coloração azul: positivo para taninos
hidrolisáveis ou gálicos. Formação de coloração verde: positivo para taninos
condensados ou catéquicos.
4.6.3 Heterosídeos Cardioativos
Alguns miligramas de extrato foram adicionados a 10 mL de solução de álcool etílico a
70%, agitados e fervidos por 2 minutos em banho-maria. Adicionou-se 10 mL de água destilada
e 2 gotas de solução de acetato de chumbo a 10%, agitou-se fortemente e após repouso filtrou-
se por papel de filtro pregueado. Adicionou-se ao filtrado 8 mL de diclorometano e procedeu-
se extração cautelosamente. A camada orgânica foi decantada em três cápsulas de porcelana e
o solvente evaporado em banho-maria. Os resíduos passaram pelas reações de identificação.
Reação de Keller-Kiliani: adicionou-se 3 mL do reativo de Keller à cápsula e misturou-
se com bastão de vidro. A mistura foi vertida lentamente para um tubo de ensaio
contendo 2 mL de reativo de Kiliani. Reação positiva com formação de anel castanho-
avermelhado na região de contato entre as fases.
Reação de Pesez: adicionou-se a cápsula três gotas de ácido fosfórico concentrado e
misturou-se com bastão de vidro. A mistura foi observada sob luz ultra-violeta
(=365nm). Reação positiva com fluorescência amarelo-esverdeada.
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Reação de Baljet: adicionou-se à cápsula 2 gotas de solução etanólica de ácido pícrico
0,5% e 2 gotas de hidróxido de potássio 1N. Reação positiva com aparecimento de
coloração alaranjada.
4.6.5 Flavonóides
Alguns miligramas de extrato foram adicionados a 10 mL de álcool etílico a 70%,
fervidos por 2 minutos em banho-maria e filtrados por algodão. Após foi realizada a reação de
identificação.
Reação de Shinoda: em tubo de ensaio 2mL do extrato alcoólico foram adicionados a
seis fragmentos de magnésio metálico e 1 mL de ácido clorídrico concentrado. Reação
positiva com formação de coloração rósea a vermelha.
4.6.6 Antraquinonas
Reação de Bornträger com prévia hidrólise ácida: alguns miligramas do extrato foram
adicionados a 8 mL de solução álcool etílico a 25% em um tubo de ensaio, fervidos em
chama por 1 minuto, filtrados por algodão para tubo de ensaio contendo 4 mL de solução
de ácido sulfúrico a 5 % e aquecidos levemente. Após resfriado adicionou-se 5 mL de
diclorometano, extraiu-se cuidadosamente por 3 minutos, decantou-se a camada
orgânica para tubo de ensaio e adicionou-se 5 mL de solução de hidróxido de amônio
diluído. Agitou-se fortemente e deixou-se em repouso. Reação positiva com formação
de coloração rósea ou avermelhada na fase aquosa.
4.6.7 Saponinas
Reação por agitação: alguns miligramas do extrato foram dissolvidos em 10 mL de água
destilada, fervidos por 2 minutos. Após resfriado agitou-se energicamente por 15
segundos. Reação positiva com formação forte de espuma persistente por mais de 15
minutos.
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4.7. Animais Experimentais
Antes de qualquer experimento envolvendo animais de laboratório, foi enviado um
pedido de aprovação para o Comitê de Ética em Pesquisa Animal da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), para poder iniciar os experimentos adequadamente. O pedido foi
aprovado em 27 de Novembro de 2014, sob o número de protocolo 23108.704284/14-6
(ANEXO A).
Foram utilizados camundongos Swiss machos, adultos, com média de 35g, provenientes
do Biotério da UFMT, Campus Universitário de Cuiabá. Os animais foram mantidos em
condições padronizadas, com ciclo de luz claro/escuro de 12 horas, com água e ração ad libitum.
4.8. Estudo Toxicológico
4.8.1 Toxicidade Aguda - Teste Hipocrático
Foram utilizados cinco grupos, com seis camundongos por grupo. Os animais foram
tratados as 14h, com extrato de Morinda citrifolia nas doses 250, 500, 1000 e 2000 mg/kg, via
oral (gavagem), em dose única. Um grupo controle recebeu veículo (água destilada). Após os
tratamentos, todos os animais foram observados individualmente em campo aberto nos tempos
zero, 5, 10, 15 e 30 min.; 1, 2, 4 e 8 h e uma vez a cada dia, durante o período de 14 dias para
verificação de possíveis alterações (JACOBSON-KRAM e KELLER, 2001).
Após período de observação, os animais foram sedados com Sevoflurano e/ou
Isoflurano (via inalatória) para coleta de sangue por punção cardíaca. Posteriormente, fez-se o
doseamento de aspartato amino transferase (AST ou TGO) e alanina amino transferase (ALT
ou TGP), realizado em duplicata, a fim de avaliar a condição hepática dos animais, através da
metodologia cinética UV no equipamento Bioplus Bio 2000 juntamente com os kits AST/GOT
Liquiform e ALT/GPT Liquiform (Labtest). Após a coleta, os animais foram eutanasiados,
ainda sedados, por deslocamento cervical.
4.8.2 Toxicidade Subcrônica
Foram utilizados três grupos, com dez camundongos por grupo. Os animais foram
tratados com extrato de Morinda citrifolia nas doses de 100 e 250 mg/Kg/dia, via oral
(gavagem), por 30 dias. Um grupo controle recebeu veículo (água destilada). Após o período
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de tratamento, os animais foram observados individualmente em campo aberto para verificação
da atividade locomotora espontânea (REIS et al., 2000).
Após período de observação os animais foram sedados com Sevoflurano e/ou Isoflurano
(via inalatória) para coleta de sangue por punção cardíaca. Posteriormente, fez-se o doseamento
de aspartato amino transferase (AST ou TGO) e alanina amino transferase (ALT ou TGP),
realizados em duplicata, a fim de avaliar a condição hepática dos animais, através da
metodologia cinética UV no equipamento Bioplus Bio 2000 juntamente com os kits AST/GOT
Liquiform e ALT/GPT Liquiform (Labtest). Após a coleta, os animais foram eutanasiados,
ainda sedados, por deslocamento cervical.
4.9. Estudo Comportamental
Para a realização dos testes de atividade locomotora espontânea, labirinto em cruz
elevado, nado forçado e teste de esconder esferas, foram utilizados 50 camundongos, divididos
em 5 grupos contendo 10 animais cada, conforme a distribuição abaixo:
- Grupo I: recebeu apenas veículo (água destilada), como controle negativo;
- Grupo II: recebeu extrato da folha de Morinda citrifolia (100 mg/Kg);
- Grupo III: recebeu extrato da folha de Morinda citrifolia (250 mg/Kg);
- Grupo IV: recebeu Imipramina (antidepressivo/anticompulsivo), como controle positivo (30
mg/Kg);
- Grupo V: recebeu Diazepam (ansiolítico), como controle positivo (1mg/Kg);
Para a realização do teste de esquiva inibitória tipo “step-down” foram utilizados 40
camundongos, divididos em 4 grupos contendo 10 animais cada:
- Grupo VI: recebeu apenas veículo (água destilada), como controle negativo;
- Grupo VII: recebeu extrato da folha de Morinda citrifolia (100 mg/Kg);
- Grupo VIII: recebeu extrato da folha de Morinda citrifolia (250 mg/Kg);
- Grupo IX: recebeu Cafeína (memória), como controle positivo (10 mg/Kg).
As substâncias foram inoculadas por via oral (gavagem), durante 30 dias e em seguida
os grupos de I a V foram submetidos aos seguintes experimentos: Teste da Atividade
Locomotora Espontânea, Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE), Teste do Nado Forçado
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e Teste de Esconder Esferas. Os grupos VI a IX foram submetidos ao Teste de Esquiva Inibitória
do tipo “step-down” (LUCENA, 2010; TASSET et al., 2012).
Após a realização dos testes comportamentais, os animais foram eutanasiados por
aprofundamento da anestesia e deslocamento cervical. Para a anestesia foram utilizados os
fármacos Sevoflurano e/ou Isoflurano, via inalatória.
4.9.1. Teste de Atividade Locomotora Espontânea
Para este ensaio foi necessário, a construção de uma caixa de 35 cm de diâmetro e 35
cm de altura, onde o chão foi dividido em 12 repartições (Figura 3).
PROCEDIMENTOS: Os camundongos foram levados no local do teste uma hora antes
do início dos experimentos, para se habituarem ao novo ambiente. O teste começou quando o
camundongo passou com as quatro patas dentro de um dos quadrantes da caixa, cada animal foi
testado por 5 minutos. Foi contado o número de cruzamentos nos quadrantes da caixa. Os
ensaios foram realizados durante o dia, para acompanhar o ciclo circadiano, e evitar alterações
que poderiam interferir nos resultados.
FUNDAMENTO: Esse experimento tem como finalidade a observação da atividade
locomotora do animal. Assim como o homem, o animal também pode reagir de forma aversiva
ao andar em um ambiente novo, uma característica de congelamento, para tentar diminuir sua
localização visual e auditiva e evitar possíveis predadores, porém, rapidamente muda sua
atitude anterior e tende a explorar o local onde se encontra (LUCENA, 2010; LUCIA et al.,
2005).
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Figura 3. Aparato utilizado para o teste de Atividade Locomotora Espontânea (acervo próprio)
4.9.2. Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE)
Os animais avaliados foram colocados em um labirinto de madeira em forma de cruz,
que contém dois braços abertos (50 x 10cm) e dois fechados (50 x 10 x 40cm) elevados a 50cm
do solo (Figura 4).
PROCEDIMENTO: O roedor foi posicionado com a cabeça voltada para um dos braços
fechados, podendo andar livremente durante 5 minutos. Após esse tempo o equipamento foi
limpo com álcool 10%. Foi monitorado o número de entradas nos braços abertos (EBA), o
tempo de permanência nos braços abertos (TBA), o número de entradas nos braços fechados
(EBF), e o tempo de permanência nos braços fechados (TBF), para obter os índices de
ansiedade.
FUNDAMENTO: A porcentagem de EBA é calculada com relação ao número total de
entradas nos braços [(EBA/EBA+EBF)x100], e a porcentagem de TBA é calculada em relação
ao tempo total do experimento [(TBA/TBA+TBF)x100]. O índice ansiolítico é determinado
pelo aumento ou diminuição das porcentagens de EBA e TBA, sabendo que o animal tem
aversão natural aos braços abertos, e que se for obrigado a permanecer neles, possivelmente
demonstrará sinais de medo, como defecação e congelamento, caso contrário, certamente ficará
mais tempo nos braços fechados (LUCENA, 2010; CARVALHO et al., 2012; RODRIGUES et
al., 2011).
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Figura 4. Aparato utilizado para o teste LCE (acervo próprio)
4.9.3. Teste de Nado Forçado
Nesse teste foi usado um cilindro de vidro, com 30cm de diâmetro e 50cm de altura,
preenchido com água até a marca de 40cm, a uma temperatura de 25ºC (Figura 5).
PROCEDIMENTO: Os camundongos foram colocados nesse cilindro, obrigados a
nadar sem possibilidade de fuga, durante 5 minutos.
FUNDAMENTO: É observado o desenvolvimento de ansiedade e depressão. Nos
primeiros minutos há o comportamento de fuga, com nado em volta da circunferência do
cilindro ou a tentativa de subida ao longo dos lados internos do cilindro, caracterizando um
momento de ansiedade. Nos últimos minutos o rato fica num estado de imobilidade, mantendo
apenas os movimentos necessários para sobrevivência, demonstrando sinais de depressão. É
avaliado de acordo com o aumento ou diminuição do tempo de nado (LUCENA, 2010;
MENEZES et al., 2008).
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Figura 5. Aparato utilizado no teste de Nado Forçado (acervo próprio)
4.9.4. Teste de Esconder Esferas (“marble-burying test”)
Foram utilizadas caixas de policarbonato de 27 x 16 x 13 cm as quais foram forradas
com uma camada de 5 cm de maravalha sobre a qual foram distribuídas ao acaso 25 esferas de
vidro com 1,5 cm de diâmetro. Essas caixas foram cobertas com uma placa de acrílico
transparente com pequenos furos para ventilação (Figura 6).
PROCEDIMENTO: Após 30 minutos do tratamento cada animal foi colocado em uma
caixa individual e ao término de 30 minutos ele foi retirado e o número de esferas de vidro
escondidas pelos animais foi registrado. Foram consideradas escondidas as esferas que foram
completamente cobertas pela maravalha (PULTRINI et al., 2006). Considerando a grande
variabilidade no número de esferas escondidas entre um animal e outro, foram submetidos ao
procedimento experimental apenas aqueles que esconderam durante os três dias consecutivos
anteriores ao teste, pelo menos 13 das 25 esferas (BROEKKAMP et al., 1986; NJUNG´E e
HANDLEY, 1991).
FUNDAMENTO: Roedores exibem o comportamento de esconder (enterrar) objetos
aversivos como uma fonte de choque, alimentos nocivos ou objetos inanimados como as esferas
de vidro (BROEKKAMP et al., 1986).
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Figura 6. Aparato utilizado para teste de esconder esferas (acervo próprio)
4.9.5. Teste de Esquiva Inibitória do tipo “step-down”
O equipamento usado consiste de uma caixa de vidro e plástico (50 x 25 x 25cm), cujo
chão apresenta barras de alumínio de 1mm de diâmetro com espaçamentos de 1cm de distância,
conectado a um estimulador elétrico. Do lado esquerdo da caixa tem uma plataforma (25 x 8 x
5cm) (Figura 7).
PROCEDIMENTO: No primeiro dia do teste os camundongos foram colocados no
equipamento durante 3 minutos para se familiarizar com o ambiente novo. No segundo dia o
animal foi posicionado na plataforma com o rosto virado para o lado oposto do pesquisador, e
no momento em que o rato colocou as quatro patas no assoalho de grade, recebeu um choque
de 0,4 mA/s. O camundongo foi retirado da caixa, e depois de 1 hora e meia foi reposicionado
na plataforma, de acordo com o padrão para avaliação da memória de curta duração (MCD), o
intervalo de 180 segundos foi determinado como tempo máximo de espera (latência) para
descida do animal para plataforma, evidenciando a esquiva inibitória “step-down”, como
indicativo de retenção de memória.
Para a avaliação de memória de longa duração (MLD), no terceiro dia, o animal foi
colocado novamente na plataforma. No padrão, o camundongo também levou no máximo 180
segundos, para se aventurar na grade do assoalho. Esse intervalo de tempo, em que o animal se
sentiu seguro para descer, foi usado como indicativo de retenção de memória de longa duração
(LUCENA, 2010; RODRIGUES et al., 2011).
FUNDAMENTO: A medida da latência avaliada no teste da esquiva inibitória do tipo
“step-down” tem sido um modelo experimental usado por muitos laboratórios na avaliação dos
estudos envolvendo aprendizagem e memória, onde um choque de baixa intensidade serve de
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estímulo aversivo para que o animal deixe de executar uma determinada tarefa que foi a ele
apresentada através do mecanismo de retenção da memória (MAIA et al., 2009).
Figura 7. Aparato utilizado para o teste de Esquiva Inibitória do tipo “step down” (acervo próprio)
4.10. Análise Estatística
Para verificar diferenças significativas entre os grupos estudados, para parâmetros
bioquímicos, foi aplicada a Análise de Variância de Uma Via (ANOVA), seguida pela avaliação
post-hoc de Student Newman Keuls, para comparação entre os grupos. Os dados foram
expressos pela média ± DP (desvio padrão). Considerou-se resultado estatisticamente
significativo quando p<0,05.
As comparações estatísticas para os testes de Atividade Locomotora Espontânea, Nado
Forçado e Labirinto em Cruz Elevado, foram realizadas através da Análise de Variância de Uma
Via (ANOVA), seguidas pela avaliação post-hoc de Student Newman Keuls, para comparação
entre os grupos. Os dados foram expressos pela média ± EPM (erro padrão médio) de 10
animais por tratamento, sendo o nível de significância estatística utilizado de p<0,05.
Para teste de esquiva inibitória foram realizados cálculos para evidenciar as medianas,
com seus intervalos interquartis das latências de descida da plataforma para serem aplicadas à
análise estatística não paramétrica de Kruskal-Wallis, seguida pela avaliação post-hoc de Dunn.
Considerou-se resultado estatisticamente significativo quando p<0,05.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Análise Anatômica
As características anatômicas observadas nas folhas de Morinda citrifolia corroboram
com os encontrados em outros trabalhos de anatomia foliar de espécies da família Rubiaceae
(PEREIRA et al., 2003; MORAES et al., 2011).
A folha de Morinda citrifolia é hipostomática (Figura 8A), apresenta epiderme
unisseriada em ambas as faces, com cutícula espessa na face adaxial (Figura 9), e alguns
tricomas tectores unisseriados, formados por aproximadamente 6 células (Figura 10A). Folhas
hipostomáticas e cutícula espessa, principalmente na face adaxial, são características de plantas
que vivem em ambiente seco, com pouca disponibilidade de água, pois auxiliam o vegetal na
redução da transpiração cuticular (CUTTER, 1986 e 1987). Além disso, os tricomas tectores
possuem papel importante na redução da perda d’água pela transpiração e também para isolar
o mesofilo do calor e/ou luz excessiva (APEZZATO-DA-GLÓRIA e CARMELLO-
GUERREIRO, 2006).
Os estômatos são do tipo paracítico (Figura 8B), o que reforça os resultados de Pereira
et al. (2003) e Moraes et al. (2011), para as espécies da família Rubiaceae.
Figura 8. Seções transversal e paradérmica da folha de Morinda citrifolia. A) estômatos presentes na face abaxial
da folha. B) estômatos paracíticos. PL=parênquima lacunoso; est=estômato
Seu mesofilo é dorsiventral, com duas camadas de parênquima paliçádico e sete a oito
camadas de parênquima lacunoso (Figura 9). Pereira et al. (2003) e Moraes et al. (2011),
também observaram esse tipo de mesofilo em espécies dos gêneros Psychotria e Palicourea.
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Figura 9. Seção transversal da folha de Morinda citrifolia. Epiderme unisseriada, cutícula espessa na face adaxial,
mesofilo dorsiventral e ráfides. PL=parênquima lacunoso; PP=parênquima paliçádico; cut=cutícula;
epi=epiderme; ráf=ráfide.
O bordo da folha encontra-se preenchido por colênquima (Figura 10B).
Figura 10. Seções transversais da folha de Morinda citrifolia. A) Tricomas tectores uniseriados. B) Bordo
preenchido por colênquima. CO=colêmquima; cut=cutícula.
No mesofilo, encontra-se cristais de oxalato de cálcio, em forma de ráfides (Figuras 9 e
11A) e drusas (Figura 11B). Cristais de oxalato de cálcio no mesofilo, são importantes contra
herbívoros, por sua propriedade irritante. Folhas de espécies expostas à herbivoria apresentam
maior número de cristais, comparadas com as não atacadas (KARBAN e MEYER, 1989).
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Figura 11. Seções transversais da folha de Morinda citrifolia. Cristais de Oxalato de cálcio. A) Ráfide. B) Drusas.
cs=células secretoras
Na região da nervura central, observa-se cinco a seis camadas de colênquima e
parênquima fundamental em ambas as faces (Figura 12). O feixe vascular é colateral e as células
secretoras também estão presentes tanto na nervura quanto na região entre a nervura e o bordo
da folha (Figuras 11A e 12).
Figura 12. Seção transversal da folha de Morinda citrifolia. Região da nervura central mostrando: feixe vascular
colateral, células secretoras, colênquima e parênquima fundamental. CO=colênquima; PF=parênquima
fundamental; cs=células secretoras; flo=floema; xil=xilema
5.2. Análise Histoquímica
Os resultados dos testes histoquímicos da folha de M. citrifolia encontram-se dispostos
na Tabela 1:
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Tabela 1. Caracterização histoquímica das folhas de Morinda citrifolia
Composto Teste Coloração
Tecidos/Regiões
Epiderme Feixe
vascular
Colênquima Parênquima
fundamental
Lignina Floroglucina Roseada - + - -
Fenóis Cloreto Férrico Verde-escuro + + + -
Alcalóides Dragendorff Laranja-acastanhado - + + +
Lipídios Sudan III Avermelhada + + - -
(+) presença; (-) ausência
O reagente floroglucina indica presença de lignina a região do xilema no feixe vascular
(Figura 13). A lignificação ocorre predominantemente em células do tecido vascular,
encontrada em quase todos os órgãos, mais abundantemente em caules e raízes (RAES et al.,
2003). Segundo Sarkanem e Ludwig (1971) a lignina impermeabiliza a parede celular,
melhorando o transporte de água e soluções pelo sistema vascular. As ligninas são compostos
fenólicos que não se apresentam em forma livre nos tecidos vegetais, são polímeros complexos
de grande rigidez e resistência mecânica, e sua hidrólise alcalina libera uma grande variedade
de derivados dos ácidos benzóico e cinâmico (RIBÉREAU-GAYON, 1968).
Figura 13. Teste de floroglucina para determinação de lignina (reação positiva: coloração roseada). xil=xilema.
O cloreto férrico demonstra coloração verde-escuro na região do feixe vascular,
colênquima e epiderme da nervura central, indicando reação positiva para compostos fenólicos
totais (Figura 14). Esta classe de produtos é uma das que apresenta o maior grupo de substâncias
conhecidas no reino vegetal e encontram-se disponíveis nos frutos, vegetais, sementes, flores e
cascas. As substâncias fenólicas mais encontradas em plantas são: ácidos fenólicos, flavonóides
e taninos (SIMÕES et al., 2007).
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Figura 14. Teste de cloreto férrico para determinação de compostos fenólicos totais (reação positiva: coloração
verde-escura). CO=colênquima; FV=feixe vascular; cut=cutina
O reagente de Dragendorff apresenta reação positiva para alcalóides na região do feixe
vascular, parênquima fundamental e colênquima da nervura central da folha (Figura 15). Os
alcalóides são compostos com uma grande diversidade estrutural e distribuição restrita na
natureza, representando o grupo de metabólitos com maior significância farmacêutica
(SIMÕES, 2007).
Figura 15. Teste de Dragendorff para determinação de alcaloides (reação positiva: coloração laranja-acastanhada).
CO=colênquima; FV=feixe vascular; PF=parênquima fundamental
O reativo de Sudan indica presença de lipídios na cutícula secretada pela epiderme da
folha e feixe vascular (Figura 16). A epiderme foliar coberta por cutícula lipídica forma uma
barreira mecânica contra a penetração de fungos e a ação de insetos herbívoros, sendo a
principal defesa física contra estresse biótico e abiótico (KERSTIENS, 1996).
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Figura 16. Teste de Sudan para determinação de lipídios (reação positiva: avermelhada). FV=feixe vascular;
cut=cutícula.
5.3. Triagem Fitoquímica do Extrato Hidroalcoólico
A triagem fitoquímica do extrato hidroalcoólico de folhas de M. citrifolia revela a
presença de alcalóides, heterosídeos cardioativos e saponinas (Tabela 2).
Tabela 2. Triagem fitoquímica do extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia
Composto Teste Extrato Hidroalcólico
Morinda citrifolia L.
Alcalóides Dragendorff
Mayer
Bouchardat
+
+
-
Taninos Gelatina
Metais pesados
-
-
Heterosídeos Cardioativos Keller-Kiliani
Pesez
Baljet
+
+
-
Flavonoides Shinoda -
Antraquinonas Bornträger -
Saponinas Agitação +
(+) presença; (-) ausência
Alcalóides puderam ser visualizados empregando o reativo de Dragendorff e Mayer. A
especificidade destes reativos não é absoluta, uma vez que reações falsamente positivas podem
ser dadas na presença de proteínas, purinas, algumas cumarinas, hidroxiflavonas e lignanas.
Portanto, o resultado negativo neste teste indicaria a ausência de alcalóides, e a positividade
indica provável presença destes metabólitos no extrato vegetal (BRUNETON, 1991).
Para pesquisa de heterosídeos cardioativos, positivou-se as reações de Keller-Kiliani e
Pesez. Porém, a reação de Baljet foi negativa. As reações para caracterização destes compostos
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evidenciam partes da molécula do glicosídeo isoladamente, a reação de Keller-Kiliani está
relacionada com a presença de desoxiaçúcares na extremidade glicídica da molécula; a reação
de Pesez determina a presença do núcleo esteroidal; e a reação de Baljet está relacionada com
o anel lactônico pentacíclico (cardenolídeo) (SIMÕES, 2007). Os heterosídeos cardioativos são
compostos que agem aumentando a força de contração sistólica. O aumento da contratilidade
do coração provoca o esvaziamento mais completo do ventrículo e o encurtamento do período
de sístole. Assim, o coração tem mais tempo para repousar entre as contrações. Plantas com
esses compostos são utilizadas principalmente no tratamento de insuficiência cardíaca
(ROBBERS, 1997).
O teste para saponinas também foi positivo. As saponinas agem sobre membranas,
causando a desorganização das membranas das células sanguíneas (ação hemolítica) ou das
células branquiais em peixes (ação ictiotóxica), além de se complexarem com esteroides, razão
pela qual frequentemente apresentam ação antifúngica e hipocolesterolemiante (PERES, 2004).
Estudos realizados por Lima (2013) identificaram a presença de alcalóides e
heterosídeos cardioativos nos frutos verdes e maduros de Morinda citrifolia, porém não foi
detectada a presença de saponinas em ambos os frutos.
Em triagem fitoquímica realizada com extrato aquoso das folhas de M. citrifolia foi
possível observar a presença de alcalóides, cumarinas, flavonóides, taninos, saponinas,
esteróides e triterpenos (SERAFINI et al., 2011).
5.4. Estudo Toxicológico
O extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia administrado por via oral, no tratamento
agudo e subcrônico, não provocou alterações comportamentais ou ocorrência de morte em
nenhum camundongo dos grupos tratados.
Os animais testados com extrato do grupo de intoxicação aguda tiveram os resultados
do doseamento bioquímico (ALT, AST) comparados com o controle negativo, constatando
diferença estatística significativa nos valores de ALT entre todos os grupos tratados com extrato
e o grupo controle negativo. E também nos valores de AST entre o grupo controle e os grupos
que receberam extrato nas concentrações 1000 mg/Kg e 2000 mg/kg (Tabela 3).
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Tabela 3. Toxicidade Aguda: Valores médios da dosagem sérica (± desvio padrão) de ALT e AST (UI/L) em
camundongos tratados com extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia
Parâmetro Controle 250 mg/Kg 500 mg/Kg 1000 mg/Kg 2000 mg/Kg p*
ALT 58,28±10,94 76,99±11,31ª 87,22±12,03ª 81,98±17,41ª 76,21±16,19ª 0,0004
AST 91,66±16,96 100,1±10,61 93,24±13,25 121,5±9,170ª 162,4±47,31ª 0,0001
* teste de ANOVA. (p<0,05). ª diferença estatística em relação ao respectivo controle
Os grupos testados da intoxicação subcrônica também tiveram seus valores de
doseamento bioquímico comparados com o grupo controle, constatando diferença estatística
significativa para valores de ALT entre o grupo controle e os grupos tratados com extrato
(Tabela 4).
Tabela 4. Toxicidade Subcrônica: Valores médios da dosagem sérica (± desvio padrão) de ALT e AST (UI/L)
em camundongos tratados com extrato hidroalcoólico de Morinda citrifolia
Parâmetro Controle 100 mg/Kg 250 mg/Kg p*
ALT 49,64±12,57 89,96±21,76ª 91,67±16,43ª 0,0001
AST 91,66±16,96 113,7±39,50 106,3±35,28 0,3116
* teste de ANOVA. (p<0,05). ª diferença estatística em relação ao respectivo controle
O tratamento com extrato foi capaz de causar aumento da concentração plasmática das
enzimas AST e ALT, o que sugere uma possível toxicidade causada ao fígado dos animais
tratados.
A ALT é uma enzima encontrada predominantemente no fígado. Em geral, a elevação
de ALT deve-se a presença de hepatopatia. Já a AST é uma enzima encontrada em vários órgãos
e tecidos, incluindo fígado, coração, músculo esquelético e eritrócitos. A elevação da AST de
origem hepática é devida a algum grau de lesão hepatocelular aguda. Após uma lesão
hepatocelular aguda de qualquer etiologia, a AST é liberada das células lesadas (RAVEL,
2014).
Sendo assim, o aumento da ALT tem maior significância clínica como sinal de lesão
hepática, pois a elevação dos níveis de AST sérico pode ser relacionada a lesões em outros
órgãos. Além disso, até a hemólise macroscópica causa sua falsa elevação (FISCHBACH,
2010).
Levantamentos realizados sobre o consumo da polpa de noni relacionados com níveis
elevados dessas transaminases, evidenciaram a hepatotoxicidade do fruto (MILLONIG et al.,
2005). Estudos indicam que a presença de alcalóides pirrolizidínicos em sua composição pode
ser a possível causa da hepatotoxidade, no caso da noni (ANDRADA et al., 2007).
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5.5. Estudo Comportamental
5.5.1. Teste de Atividade Locomotora Espontânea
No teste de campo aberto, a ANOVA não demonstra diferença estatística entre os grupos
analisados, mostrando que não há comprometimento da mobilidade dos animais após
tratamento (Gráfico 1).
Gráfico 1. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na atividade locomotora espontânea em camundongos,
no teste de campo aberto. Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos resultados (n=10), onde,
Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de Student Newman-Keuls. CN=controle negativo,
IMP=imipramina, DZP=diazepam.
O teste de campo aberto é um modelo de locomoção e sedação podendo ser utilizado
tanto para verificar os efeitos de substâncias sobre a memória espacial e/ou efeitos sedativos
sobre o sistema motor dos animais. A tendência natural do animal em ambiente novo é a de
explorá-lo, apesar do conflito com o medo provocado pela novidade (MONTGOMERY, 1958).
Neste caso, os camundongos foram avaliados quanto a integridade do sistema motor, que
poderiam vir a interferir na execução dos demais testes comportamentais.
Desta forma, o extrato de Morinda citrifolia, não modificou a atividade locomotora dos
animais, assim como as demais substâncias administradas.
5.5.2. Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE)
No teste para a avaliação da ansiedade, a ANOVA mostrou diferença estatística para a
porcentagem de entrada em braço aberto para o grupo tratado com extrato com concentração
de 100 mg/Kg (Gráfico 2) e redução da frequência de entrada em braço fechado para as duas
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concentrações de extrato avaliadas (Gráfico 3). A ANOVA não demonstrou diferença estatística
para a porcentagem de tempo de permanência em braço aberto (Gráfico 4). O diazepam,
utilizado como controle positivo, não apresentou diferença estatística, em nenhuma das
análises, quando comparado com o controle negativo.
Gráfico 2. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da porcentagem de entradas em braço
aberto, no teste de labirinto em cruz elevado. Para análise comparativa foi usado o diazepam (DZP, 1 mg/Kg) e
água destilada (CN, controle negativo). Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos resultados
(n=10), onde, *p<0,05 ≠ CN. Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de Student Newman-Keuls.
Gráfico 3. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da frequência de entradas em braço
fechado, no teste de labirinto em cruz elevado. Para análise comparativa foi usado o diazepam (DZP, 1 mg/Kg) e
água destilada (CN, controle negativo). Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos resultados
(n=10), onde, *p<0,05 ≠ CN. Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de Student Newman-Keuls.
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Gráfico 4. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação da porcentagem de tempo em braço aberto,
no teste de labirinto em cruz elevado. Para análise comparativa foi usado o diazepam (DZP, 1 mg/Kg) e água
destilada (CN, controle negativo). Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos resultados (n=10).
Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de Student Newman-Keuls.
Segundo Rodgers e colaboradores (1997), os principais parâmetros no Labirinto em
Cruz Elevado associados à ansiedade são a frequência de entradas e o tempo de permanência
nos braços abertos, considerados de modo relativo ao total de entradas e ao tempo total de
permanência no labirinto. Deste modo, é possível afirmar que o tratamento com extrato de noni
não modificou os parâmetros avaliados para ansiedade no Labirinto em Cruz Elevado.
O número de entrada nos braços fechados é definido por Rodgers e colaboradores (1997)
como um parâmetro de avaliação de atividade locomotora que, quando alterado, pode interferir
na análise dos resultados da atividade ansiolítica. Os resultados deste parâmetro (Gráfico 3),
mostram que o tratamento com extrato de noni não interferiu com a atividade locomotora,
confirmando a ausência de atividade sobre o sistema motor já observada anteriormente no teste
atividade locomotora espontânea (Gráfico 1).
5.5.3. Teste de Nado Forçado
Na avaliação de tempo de imobilidade, a ANOVA detectou diferença estatística entre o
grupo tratado com extrato na concentração de 250 mg/Kg em relação aos grupos controle
negativo e positivo. A imipramina, utilizada como controle positivo, não apresentou diferença
quando comparada ao controle negativo (Gráfico 5).
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Gráfico 5. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação do tempo de imobilidade de camundongos
avaliados no teste de esquiva nado forçado por 3 min. Para análise comparativa foi usado a imipramina (IMP, 10
mg/Kg) e água destilada (CN, controle negativo). Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos
resultados (n=10), onde, *p<0,05 ≠ CN e #p<0,05 ≠ IMP. Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de
Student Newman-Keuls.
O tempo de imobilidade é o principal parâmetro avaliado no teste de nado forçado e é
utilizado como um indicador de desespero comportamental, relacionado com a impossibilidade
de escape durante a situação experimental (GUTIÉRREZ-GARCIA; CONTRERAS, 2009).
Assim, a diminuição do tempo de imobilidade observado na dose de 250mg/kg do extrato de
noni, sugere atividade compatível com a redução do desespero comportamental, parâmetro
experimental associado à atividade antidepressiva.
5.5.4. Teste de Esconder Esferas (“marble-burying test”)
No teste para avaliação da compulsão, a ANOVA demonstrou diferença estatística do
grupo que recebeu o extrato na concentração de 100 mg/Kg em relação ao grupo controle
negativo, onde um número menor de esferas foi escondido pelos camundongos do grupo que
recebeu o extrato. A imipramina, utilizada como controle positivo, apresentou diferença
estatística significativa quando comparado com o controle negativo. Não houve diferença
estatística significativa entre o grupo que recebeu extrato na concentração de 100 mg/Kg em
relação ao grupo controle positivo. (Gráfico 6).
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Gráfico 6. Efeito do extrato da folha de Morinda citrifolia na avaliação do número de esferas escondidas pelos
camundongos, no teste de avaliação da compulsão. Para análise comparativa foi usada a imipramina (IMP, 10
mg/Kg) e água destilada (CN, controle negativo). Os resultados foram expressos como a média ± E.P.M. dos
resultados (n=10), onde, *p<0,05 ≠ CN. Teste de ANOVA seguido pelo teste de post-hoc de Student Newman-
Keuls.
O teste de esconder esferas é caracterizado por avaliar o comportamento do animal no
que diz respeito à tentativa de esconder objetos potencialmente “perigosos” (LAPA et al.,
2008). Estando mais relacionado com o transtorno obsessivo-compulsivo do que com o
transtorno de ansiedade generalizada, como é o Labirinto em Cruz Elevado (ICHIMARU et al.,
1995). Uma vez que os animais que são submetidos aos procedimentos experimentais não
apresentam comportamento de habituação quando expostos as esferas de vidro, continuando a
enterrar mesmo sendo reexpostos em dias consecutivos. Este comportamento está relacionado
a compulsões (NJUNG’E; HANDLEY, 1991).
O tratamento com extrato de noni na concentração de 100 mg/Kg mostrou atividade
sobre o procedimento experimental associado ao transtorno obsessivo compulsivo, sendo esta
atividade estatisticamente semelhante à atividade da imipramina, sem ter tido qualquer indício
de atividade sobre o procedimento que avalia o transtorno de ansiedade generalizada ou que
mostra interferência sobre a atividade locomotora.
5.5.5. Teste de esquiva do tipo “step-down”
O resultado do tratamento do extrato de Morinda citrifolia (100 e 250 mg/Kg), em
comparação com controles positivo e negativo, na memória espacial de curta e longa duração
no teste da esquiva inibitória tipo “step down”, está demonstrado no Gráfico 7.
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Gráfico 7. Efeito do tratamento crônico do extrato da folha de Morinda citrifolia na MCD (1,5 horas) e MLD (24
horas) de camundongos avaliados no teste de esquiva “step-dow” por 3 min. Para análise comparativa foi usado a
cafeína (CAF, 10 mg/Kg) e água destilada (CN, controle negativo). Os dados estão expressos como as medianas e
seu intervalo enterquartis dos resultados (n=10), onde, *p<0,05 ≠ CN (1,5 horas) e #p<0,05 ≠ CN (24 horas). Teste
de Kruskal-Wallis seguido pelo teste post-hoc de Dunn's.
Observou-se diferença estatística significativa com o aumento do tempo de latência,
apresentando melhora da memória espacial de curta e longa duração, no grupo tratado com o
extrato na concentração de 250 mg/Kg, comparado com o grupo controle negativo.
Já o grupo tratado com extrato na concentração de 100 mg/Kg apresentou diferença
estatística significativa com aumento do tempo de latência apenas 24 horas após estímulo
aversivo aplicado, demonstrando melhora da memória espacial de longa duração.
A cafeína, utilizada como controle positivo, apresentou diferença estatística
significativa quando comparada com o grupo controle negativo.
O consumo de cafeína está relacionado com mecanismos de aprendizado e memória,
diretamente. Estudos mostram que esta substância altera a neurogênese de células do
hipocampo, de forma dose-dependente. (HAN et al., 2007; WENTZ e MAGAVI, 2009).
Investigações em humanos revelaram que a cafeína reforça o desempenho na evocação de
memórias de curto e longo prazo e eleva a eficiência na codificação (RIEDEL, et al., 1995;
SMITH, et al., 1999).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo anatômico apresenta caracteres estruturais comuns à família que contribuem
na identificação da planta medicinal;
Os testes histoquímicos e a triagem fitoquímica possibilitaram a confirmação da
presença de compostos secundários na folha de noni, que também auxiliam na
identificação da planta. Entretanto ainda são necessárias análises confirmatórias para
comprovar a presença destes compostos;
Os estudos toxicológicos demonstraram hepatotoxicidade gerada pelo consumo do
extrato da folha, não sendo dose-dependente. Para complementação dos estudos, ainda
são necessários estudos histopatológicos dos órgãos (fígado, rins, cérebro e coração)
dos camundongos utilizados, a fim de avaliar possíveis lesões ocorridas;
A folha possui grande potencial terapêutico como espécie medicinal, uma vez que os
tratamentos com os extratos, nos testes comportamentais, apresentaram sugestiva
atividade antidepressiva (concentração de 250 mg/Kg); anticompulsiva (concentração
de 100 mg/Kg) e ação estimulante da memória (concentrações de 100 e 250 mg/Kg);
A hepatotoxicidade causada pela administração do extrato hidroalcoólico de noni deve
ser levada em consideração antes de iniciar-se o seu consumo visando sua atividade
biológica.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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