Mar 09, 2016
Manuel AlvesPhoto : Artur Cabral
@ The New Vega Studio
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IS IT NEW YORK THE NEW PARIS?
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alves/gonçalves
À conversa com
Manuel Alves
Norberto Lopes CabaçoFotografia: Artur Cabral
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alves/gonçalvesNorberto Lopes CabaçoFotografia: Artur Cabral
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Nacionalidade: PortuguesaProfissão/ Ocupação: Designer de ModaMarca: Alves/GonçalvesTarget de Cliente: “cliente de alto poder aquisitivo”A diário não sai de casa sem: “sem cheirar bem”Esboça um sorriso com: “os meus cães”O que não suporta: “locais onde não possa fumar”Uma cidade: “Lisboa”Website: http://www.alvesgoncalves.com
manuel alves
Colaborações:Criação do Vestuário do filme “Tráfico” de João Botelho)Criação do Vestuário da peça “Os Gigantes da Montanha” e “Raízes Rurais, Paixões urbanas”, com encenação de Ricardo Pais)Criação do Vestuário para o Bailado (“Chansons de Femmes, Companhia de Dança Paulo Ribeiro com encenação de Giorgio Corsetti).Criação de uniformes para a Vodafone, a Galp, os Hotéis Altis, a Fundação Calouste Gulbenkian e a TAP.
Prémios:Globo de Ouro “Personalidade de Moda 1998”
Nomeações: Troféu Nova Gente Melhor Criador de Moda;Prémio Look Elite Melhor Colecção 2009
São eleitos Homens Fora de Série 2009 pelo Jornal Económico.
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Convidámos o Manuel Alves para um novo desafio. Ser a capa da Twissst para a edição de Maio e para uma conversa distendida sobre o homem, o criador e observador do rosto mais conhecido da du-pla Alves/Gonçalves.Ainda com uma agenda preenchida, Manuel Alves,
encontrou um espaço para nós.São as 14:30h, Manuel Alves chega ao The new VEGA VWXGLR�ÀHO�D�VL�PHVPR��%ODVHU�$OYHV�*RQoDOYHV��7�VKLUW�EUDQFD�H�DV�VXDV�LQVHSDUiYHLV�',(-SEL modelo Viker. Que quando não estão disponíveis, com uma chamada telefónica…passam a estar!
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Este era o Manuel Alves que queríamos retratar na Twissst, o único, o purista, clean, effortless, verdadeiramente contemporâneo e chic de “per si”! Porque muito desta imagem é transportada a cada estação, compreender a Alves/Gonçalves é, de igual IRUPD�FRQKHFHU�R�+RPHP��SRU�GHWUiV�GH�SDUWH�GHVWH�UHVXOWDGR�3RGHUtDPRV�IDODU�GH�Moda durante horas, ouvir de viva voz por parte de um embaixador do design de moda português, parte da História da Moda contada na primeira pessoa, é como tudo R�TXH�p�H[WUDRUGLQiULR�QD�YLGD«XPD�H[SHULrQFLD�����SULFHOHVV�
1-M.A, nasce-se por defeito, criador de Moda?“ Não , acho que até não é um defeito é um feitio ( risos ). Nasci num zona onde nada indicava TXH�LD�HQYHUHGDU�SHOD�0RGD��VRX�WUDQVPRQWDQR���GH�%DUURVR��0RUWDOHJUH��GH�FHUWH]D�DEVROXWD�TXH�havia algo em mim que me dizia que caminho seguir, por isso considero que se nasce com um destino” ��'HVGH�TXDQGR�WHYH�D�¿UPH�FRQYLFomR�GH�TXH�D�0RGD�VHULD�R�VHX�kPELWR�SUR¿VVLRQDO"´(X�VHPSUH�IXL�PXLWR�FXULRVR�FRP�DV�FRUHV��RV�SDGU}HV�RX�DV�WH[WXUDV�H�D�SDUWLU�GRV����DQRV�Mi�HUD�eu quem escolhia os meus fatos, era muito cuidadoso nesse aspecto, embora o entorno não fosse propício para a tomada de consciência efectiva, era como se algo estivesse cristalizado em mim à espera de ser revelado. Foi aos 23, 24 anos que me impulsionei para o sistema, de fazer parte GD�LQGXVWULD�GR�YHVWXiULRµ ��&RQVLGHUD�GLIHUHQWH�R�SDSHO�GH�MRYHP�FULDGRU�GH�PRGD�GH�KRMH��HP�FRPSDUDomR�FRP��SRU�H[HPSOR��D�GpFDGD�GH���"“Completamente, eu considero-me um auto-didacta, por aquela altura não haviam escolas e eu WLYH�TXH�GHVHQYROYHU�DV�PLQKDV�DSWLG}HV�SDUD�SRGHU�ID]HU�IDFH�j�SURÀVVLRQDOL]DomR�SURSULDPHQWH�GLWD��HX�WLQKD�D�QRomR�GR�TXH�HUD�R�YHVWXiULR�GHVGH�R�SRQWR�GH�YLVWD�GD�HVWUXWXUD��VRE�R�SRQWR�GH�vista da volumetría, eu sentia que sabia, o que não sabia era como fazer.Quando comecei a trabalhar em Moda, quando abri uma loja no Porto em 1978, começo a tra-balhar com etiqueta própria (Cúmplice) com design de autor, em que eu chegava a uma peque-QD�IiEULFD��H�GL]LD«TXHUR�DVVLP��DVVLP�QmR�SRGH�VHU��SHJDYD�QXPD�WHVRXUD�H�FRUWDYD�DWp�REWHU�o que pretendia. Sempre tive a noção de entender o que é um corpo e quais as possibilidades para o cobrir, do modo como posso fazer uma manga, a forma como posso juntar os tecidos, as SRVVLELOLGDGHV�TXH�FDGD�WHFLGR�PH�SRVVH�IDFLOLWDU«DLQGD�KRMH�R�IDoR��D�GLiULR��QR�DWHOLHU�R�PHX�tempo dedico-o em volta do manequim, do busto, a encontrar soluções desde o ponto de vista da estrutura, de como uma peça cai sobre o corpo”. ���2�TXH�R�OHYRX�D�FULDU�D�$OYHV�*RQoDOYHV"“A mudança do Porto para Lisboa, ainda que a Cúmplice tenha tido um sucesso enorme, o Porto ��SRU�DTXHOH�HQWmR��QmR�UHXQLD�DV�FRQGLo}HV�QHFHVViULDV�SDUD�D�PLQKD�HYROXomR�FRPR�GHVLJQHU��Lisboa era o sonho e a materialização de um novo projecto, a Alves/Gonçalves”. ���$�$�*�QDVFH�QR�DQR�����FRPR�HUD�D�0RGD�HP�3RUWXJDO�QD�GpFDGD�GH���"“Assim foi, até ao ano 87 fazíamos apenas colecção de Homem.A Moda na década de 80 era PXLWR�GLYHUWLGD�SRU�DFDVR��QD�PHGLGD�HP�TXH��HVWiYDPRV�GHVORFDGRV�GR�VLVWHPD��D�LQIRUPDomR�sobre moda era reduzida ou praticamente nula.A informação que nos chegava era através do cinema e especialmente da música.Foi uma década, um período de movimentações intelec-tuais, de novas estéticas que impulsionaram as nossas realizações como criadores de moda.Havia XP�SXEOLFR��XP�QLFKR�GH�PHUFDGR��TXH�HQWHQGLD�R�TXH�QyV�FULiYDPRV��HUDP�ERQV�RXYLQWHV�H�ERQV�clientes, adquiriam algo que os demais não entendiam…nem queriam, não se vendia muito, mas vendia-se para as pessoas correctas, que usavam as peças por prazer e hoje… é por qualquer outra razão”
��7DO�FRPR�R�QRPH�LQGLFD��$OYHV�*RQoDOYHV��$�*��p�D�IXVmR�FULDWLYD�GR�0DQXHO�$OYHV� �0�$��H�GR�-RVH�0DQXHO�*RQoDOYHV� �-�0�*���&RPR�p�R�GLD�D�GLD�FULDWLYR�QR�DWHOLHU�$�*"�+i�XP�SDSHO�GH¿QLGR�SDUD�FDGD�XP�RX�p�XP�SURFHVVR�OLYUH��XP�EUDLQVWRUPLQJ�VHP�EDUUHLUDV"´+i�XP�SURFHVVR�TXH�R�-�0�*�WHP�LPHQVR�JRVWR�HP�GHVHQYROYHU�H�TXH�VH�DSOLFD�PDLV�QR�SUrW�D�SRUWHU� ��SHQVDU��FRQFHEHU��H[HFXWDU�H�DSUHVHQWDU�HP�GHVÀOH��(X�GRX�SULRUL-dade ao atelier, para a construção das peças, o acompanhamento de moldes sou eu que faço.
+i�R�GLiORJR�QD�FUtWLFD�j�FRQFHSomR��QD�VHOHFomR�GRV�WHFLGRV�H�QRV�GHPDLV�SURFHVVRV�7HPRV�XP�REMHWLYR�FRPXP�H� ID]HPRV�R�TXH�VHMD�QHFHVViULR�SDUD�FXPSULU�FRP�HVVH�REMHWLYR��VDEHPRV�GH�DQWHPmR�TXH�QD�DXVrQFLD�GH�XP�HVWi�R�RXWUR��H�TXDOTXHU�XP�de nós pode fazer sob o ponto de vista correcto e adequado, o trabalho que o outro realiza”
��4XDO�p�R�SRQWR�GH�SDUWLGD�GH�XPD�FROHFomR�$�*"�+i�XPD� LQVSLUDomR"�8P�HOHPHQWR�FDWDOLVDGRU�YDULiYHO�D�FDGD�FROHFomR" “É aquilo que nos move, são os sinais que a sociedade nos vai facilitando, são as ob-sessões do quotidiano, no nosso caso, a decoração de interiores, a arquitectura, a fo-WRJUDÀD�RX�R�FLQHPD��D�VRPD�GHVWHV�LQWHUHVVHV�UHVXOWD�QXP�HVWHUHRWLSR�HVWpWLFR��PXLWDV�vezes inconsciente e que no nosso caso deriva num processo evolutivo da colecção anterior, uma marca tem que praticar um discurso absolutamente coerente, seja sob o ponto de vista conceptual ou até de um desvinculação integral frete a um trabalho DQWHULRU��PDV�TXH�QR�ÀQDO�GHYH�PDQWHU�D�FDSDFLGDGH�GH�TXH�R�UHVXOWDGR�ÀQDO��VHMD�LGHQWLÀFDGR�SHORV�GHPDLV�FRPR�XPD�SHoD�LQGLVFXWLYHOPHQWH�$OYHV�*RQoDOYHVµ
��$�$�*�WHP�XPD�IRUWH�FRPSRQHQWH�GH�ULJRU�QD�FRQVWUXomR��DV�SHoDV�EHP�FRPR�RV�PDWHULDLV�TXH�VH�XVDP�SDUD�R�HIHLWR�VmR�FXLGDGRVDPHQWH�VHOHFFLRQDGRV�SDUD�R�HIHLWR��4XDQGR�SHQVD�P�HP�FULDU�XPD�SHoD��SULPHLUDPHQWH�VHOHFFLRQDP�RV�PDWH-ULDLV�H�GHSRLV�UHDOL]DP�RV�HVERoRV�RX�p�R�SURFHVVR�LQYHUVR"´3ULPHLUDPHQWH�UHDOL]DPRV�R�HVERoR��SRLV�Mi�FRQKHFHPRV�D�SRWHQFLDOLGDGH�GRV�WHFL-dos e depois tratamos de encontrar o tecido exacto que queremos para essa peça. Contamos com fornecedores com amplio espectro de possibilidades, mas por vezes também acontece que não tenham disponível o tecido com as propriedades exactas que nós buscamos.Nesse caso optamos por seleccionar o que melhor possa repre-sentar essa peça em concreto, mas ainda nesta situação, o rigor e a qualidade que exigimos é elevadíssimo.’’
��0DLV�TXH�XPD�OLQKD�³SUrW�D�SRUWHU´��D�$�*�GHVHQYROYH�XPD�FROHFomR�FRP�DSRQ-WDPHQWRV�³FRXWXUH´��DV�IRUPDV�VmR��YHUGDGHLUDPHQWH�H[FHSFLRQDLV��H�GH�XPD�FRQ-WHPSRUDQHLGDGH�DEVROXWD��EDVWD�FRP�UHJUHVVDU�jV�FROHFo}HV�GR�9HUmR�H�,QYHUQR������KRPHP�H�VHQKRUD��jV�FROHFo}HV�GH�9HUmR�H�,QYHUQR����������RX�R�,QYHUQR�������SRU�H[HPSOR��SDUD�HQFRQWUDU�YROXPHV�H�IRUPDV�PXLWR�HP�YRJD�DFWXDOPHQWH����e�FDVR�SDUD�GL]HU��´$�*�GLG�LW�¿UVW"´“ Assim é, verdadeiramente não tenho inconveniente em assim o dizer, a pequenez do nosso país, leva a que o nosso discurso não tenha eco. Hoje o sistema não aguenta discursos que não estejam associados ao grande capital, a industria é poderosíssima, e é requerida para uma associação ao grande capital para estimular uma marca.His-toricamente Portugal não contemplou estes procesos de negócios, de igual forma que o não faz agora.
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“Nós para sermos bons lá fora temos que ser muito bons cá dentro .’’
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����+i�HVSDoR�PHUFDGR�SDUD�D�³&RXWXUH´�HP�3RUWXJDO"“Não…a couture pressupõe um consumidor com alto poder aquisitivo, um consumidor YHUGDGHLUDPHQWH�FRVPRSROLWD��VRÀVWLFDGR«�YHUGDGHLUDPHQWH�JHQXtQR��+DYLD��QRV�DQRV����H�����VHQKRUDV�HP�3RUWXJDO�TXH�YLDMDYDP�D�3DULV�H�HQFRPHQGDYDP�R�VHX�YHVWXiULR�j�<6/�RX�j�/DQYLQ�H�ÀFDYDP�GH���D���PHVHV�QD�FLGDGH�SDUD�SURYDV�H�DÀQV��SDUD�SRVWHULRU-mente regressar a Portugal como o guarda-roupa para a estação.A Alta-costura tornou-se exorbitantemente cara e a dinâmica ultrapassa a realidade,é o extravasar do sonho, em todos os sentidos, desde o ponto de vista confecção, aos materiais, às artes aplica-GDV��p�SUDWLFDU�R�LPSUDWLFiYHO��VmR�RV�VRQKRV�HP�GHWULPHQWR�GD�UHDOLGDGH��0DV�R�PXQGR�PXGRX�UDGLFDOPHQWH��KRMH�p�PXLWR�PDLV�SUiWLFR�H�LVVR�HVWi�QDV�DQWtSRGDV�GD�´FRXWXUHµ��ainda que forneça respostas, essas apenas são requeridas por um nicho de algumas pessoas em todo o mundo…é uma ideia que me agrada profundamente.Na couture o WHPSR�QmR�H[LVWH��D�VHQVDomR�QXP�DWHOLHU�p�GH�XP�ÁXWXDU�SHUHQH��DV�PmRV�SHUFRUUHP�RV�tecidos com uma leveza e uma graciosidade que não se obtem no prêt-a-porter”
���$�LQWHUQDFLRQDOL]DomR�GD�0RGD�R�FRPpUFLR�LQWHUQDFLRQDO�HP�VL��Mi�VHMD�SHOR�IHQy-PHQR�GD�LQWHUQHW��p�XPD�YLD�GH�HVFDSH�SDUD�D�0RGD�3RUWXJXHVD"´1yV�SDUD�VHUPRV�ERQV�Oi�IRUD�WHPRV�TXH�VHU�PXLWR�ERQV�Fi�GHQWUR��+i�LPHQVD�JHQWH�TXH�ID]�PRGD�WmR�EHP�IHLWD� Oi�IRUD�TXH�SDUD�TXH�QyV�FRQTXLVWHPRV�SDUWH�GHVVH�PHUFDGR�WHPRV�TXH�WHU�XP�EDFNJURXQG�LJXDOPHQWH�UHOHYDQWH�HP�3RUWXJDO��Mi�TXH�VHUi�XPD�FDUWD�GH�DSUHVHQWDomR�Oi�IRUDµ ���)DODU�GH�0RGD�KRMH�HP�GLD�VHP�D�DVVRFLDomR�DR�LPHGLDWR�TXH�SURYRFD�DV�UH-GHV�VRFLDLV�H�D�:(%�HP�JHUDO�p��j�SULRUL��LPSHQViYHO��&RPR�GRFHQWH�H�FRPR�FULDGRU��FRQVLGHUD�QHFHVViULD�XPD�IRUPDomR�����SDUD�R�FULDGRU�GH�DPDQKm"“Claro que sim, o presente e o futuro tem que estar alinhado a este discurso. Têm que ser preparados para uma nova tipologia não só que aplique confecção mas de igual forma à comercialização, sobretudo na comercialização, é um dos factores mais relevantes na industria da moda hoje em dia.
����$�KLVWyULD�LQGLFRX�QRV�YDULRV�FDVRV�HP�TXH�D�JHVWmR�H�D�FULDomR�QHP�VHPSUH�YmR�GH�PmR�GDGD��e�IXQGDPHQWDO�SDUD�RV�GLDV�GH�KRMH�R�SDSHO�GH�XP�³FULDGRU�JHVWRU´"“Assim é, o ideal é que a gestão esteja dissociada da criacção mas que trabalhem em uníssono, a gestão tem que saber em todo o momento o que o criador faz, tem que ha-YHU�XPD�FRPXQLFDomR�SOHQD��Mi�TXH�p�DWUDYpV�GD�JHVWmR�H�GR�PDUNHWLQJ�TXH�VH�FULDP�RV�FDQDLV�GH�YHQGD��DV�GLUHFWULFHV�GR�SRQWR�GH�YLVWD�ÀQDQFLHUR�WDPEpP�DGYrHP�GD�JHVWmR��RV�FRQVHOKRV�GR�SRQWR�GH�YLVWD�GR�TXRWLGLDQR��HX�DVVXPR��À]�DOJXQDV�EHVWHLUDV�SRUTXH�QmR�WLQKD�XPD�JHVWmR�FDSD]��SRUTXH�QmR�TXHUtD�Wr�OD��jV�YH]HV�WDPEHP�p�SUHFLVR�LVVR�Mi�que aporta alguma côr à vida, não obstante também comporta alguns dissabores. Não gosto de gestores à minha volta (risos) mas…hà muita necessidade deles na verdade
�����'HSRLV�TXH�D�QtYHO�JOREDO�XPD�SDUWH�UHOHYDQWH�GDV�PDUFDV�JOREDLV�WHQKDP�UH-HVWUXWXUDGR�DV�UHVSHFWLYDV�GLUHFo}HV�FULDWLYDV��TXDO�p�TXDLV�VmR�RV�HOHPHQWRV�SDUD�TXH��SUDWLFDPHQWH����DQRV�GHSRLV�GD�FULDomR�GD�$�*��R�GLiORJR�FRQWLQXH�"“Acredito que esteja relacionado com o público e com os consumidores da marca, são FOLHQWHV�PXLWR�ÀpLV�H�WHPRV�WDPEpP�DV�QRYDV�JHUDo}HV�TXH�VH�YmR�ÀGHOL]DQGR�j�PDUFD��Ki�XPD�UHQRYDomR�FRQVWDQWH�H�LVVR�SURPRYH�R�GLiORJR�HQWUH�QyV��SURFXUDQGR�VROXo}HV�SDUD�HVWHV�FRQVXPLGRUHV�H�SURPRYH�R�GLiORJR�SDUD�TXHP�YHVWH�$OYHV�*RQoDOYHV�(�LVVR�p�PXLWR�VDXGiYHO��SRUTXH�KRMH�HP�GtDV�DV�SHVVRDV�WrHP�PXLWR�PDLV�RFQKHFLPHQWR�VREUH�D�materia, por exemplo e usó acredito na crítica quando as pessoas têem conhecimento VREUH�D�PDWHULD��7DQWR�HX�FRPR�R�-�0�*�QmR�QRV�SUHRFXSDPRV�FRP�D�FUtWLFD��PDV�VLP�VR-EUH�TXHP�D�UHDOL]D��Dt�VLP��R�GLDORJR�VXUJH��XPD�YH]�PDLV�FRP�XPD�ÁXLGH]�FRPR�Ki�����RX����DQRV�DWUiV�1mR�TXHUHPRV�DJUDGDU�D�WRGD�D�JHQWH��QmR�p�HVVD�D�QRVVD�SUHRFXSDomRµ
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���&RPR�p�D�0XOKHU�$�*�SDUD�D�SULPDYHUD�����"�“ É uma mulher sem exibição, altiva, formal e feminina. O corpo é o interprete fundamental do YHVWXiULR�PDV�QmR�WHP�TXH�VHU�YLVtYHO��QmR�WHP�TXH�VHU�YXOJDU��DV�SHoDV�DEUDoDP�R�FRUSR�FRP�XPD�VLPSOLFLGDGH�DSDUHQWH��Ki�GHSRLV�XPD�PmR�FKHLD�GH�QXDQFHV�TXH�GLVVLSD�HVVD�VXSRVWD�VLPSOLFLGDGH�+i�XP�FRQMXQWR�GH�VREUHSRVLo}HV�HP�YiULRV�PDWHULDLV��DEHUWXUDV�TXH�DQWHYrHP�R�corpo, pequenas janelas que convidam à descoberta, sem mais.Assimetrias que promovem o PRYLPHQWR��FXUWR�j�IUHQWH��FRPSULGR�DWUiV��JHRUJHWWH�DWUiV��FUHSH�VHGD�j�IUHQWH�e�XPD�PXOKHU�altiva, formal e muito feminina,vista de uma perspectiva platónica”
���(�SDUD�R�,QYHUQR�"�“Muito feminina, urbana, cosmopolita, temos as saias de dança com muita volumetría, longas, talvez com um look ligeiramente anos 50 mas com processos de construção diferentes, casa-cos pesados em lã e caxemira e enriquecidos com bordados, trabalhamos uma dualidade a nível dos materiais, baço/brilho, pesado/leve, encontramos também uma doçura nas calças que depois se transforma numa forma ligeiramente masculina, um dialogo perpetuo porque a mulher é composta de muitos eus que requerem distintas respostas”
���3RGHPRV�DVSLUDU�D�WHU�XPD�FROHFomR�PDVFXOLQD�HP�EUHYH"´(X�JRVWR�PXLWR�GR�YHVWXiULR�GH�KRPHP��H�p�XPD�GDV�FRLVDV�TXH�HX�DQGR�D�SHQVDU�Kj�Mi�DO-gum tempo e é uma decisão que apenas aguarda a que acorde um dia e diga para mim PHVPR�«p�KRMH�6RE�R�SRQWR�GH�YLVWD�GR�JXDUGD�URXSD�SDUD�KRPHP��R�PHUFDGR�HVWi�D�ÀFDU�muito interessante, e cada criador tem uma visão e um cliente “tipo” para quem trabalha, eu gostaria que os meus clientes que comprem uma peça Alves/Gonçalves, o façam , porque essa peça lhes faz falta, que evidentemente gostem da peça e que a vão repetir muitas vezes, GXUDQWH�PXLWR� WHPSR�2�YHVWXiULR�GH�KRMH�RIHUHFH�PXLWD� LQIRUPDomR��PXLWRV�GHWDOKHV��p�SRU�vezes complicado encontrar algo simples de excelente qualidade e de corte contemporâneo, XPD�FDPLVD�EUDQFD�HP�DOJRGmR�GR�(JLSWR��RX�7�VKLUWV�EiVLFDV�FRP�XP�DOJRGmR�PDFHUDGR�RX�penteado de óptima qualidade…sem acessórios” ���$OJXP�SURMHFWR�TXH�QRV�TXHLUD�RX�SRVVD�UHYHODU�H����SDUD������JRVWDULD�LPHQVR�GH���"“Gostava de ter outro projectos diferentes dos que tenho actualmente (risos), por exemplo gos-WDULD�LPHQVR�GH�VDLU�XQV�WHPSRV�GH�/LVERD�H�YLYHU�DOJXQV�PHVHV�HP�1RYD�,RUTXH��JRVWR�PXLWR�GD�cidade e também da simplicidade com que os americanos por vezes pensam sobre determi-QDGDV�VLWXDo}HV��XPD�IRUPD�PXLWR�HDV\��1mR�JRVWDYD�GH�Oi�YLYHU��PDV�DFKR�TXH�D�H[SHULrQFLD�VHULD�PXLWR� LQWHUHVVDQWHµ�+i�XP�SURMHFWR�TXH�HVWi�UHODFLRQDGR�FRP�R�YHVWXiULR�PDVFXOLQR«mas que de momento ainda não estou em condições de revelar …”
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Entrevistamos a Artur Cabral o fotógrafo humanista, assim o apelidamos na redacção da TWISSST, pelo trabalho inti-mista que desenvolve no continente africano. Mas é mais do que isso, enamorado pelo retrato, e mes-tre no tratamento da cor, Artur Cabral mostra-nos o seu lado mais empreendedor, conhecemos o seu mais recen-te projecto, o “The New Vega Studio”, situado em Lisboa, apresenta-se como um espaço funcional y multidisciplinar que inauguramos com a realização da capa desta edi-ção com o criador de moda Manuel Alves. Artur Cabral, o fotógrafo outrora arquitecto, tem muito para nos contar...
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Cortesia da imagem de leica
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Entrevista a
ARTURCABRAL
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Norberto Lopes CabaçoCABRAL
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Nome : Artur CabralNacionalidade: portuguesaProfissão/ Ocupação: Fotógrafo e ArquitectoMarca: ARTURCABRAL PHOTOGRAPHERTipo de Cliente: “De géneros diferentes, Editoriais de Moda, Backstage, Books Fotográfi-cos, Exposições, Festivais de Verão…entre outros”A diário não sai de casa sem: “O telemóvel”Esboça um sorriso com:“ A beleza no es-tado mais puro’’O que não suporta: “o fumo de tabaco”Uma cidade: “Lisboa”Um livro: “ Nem por isso”Um filme: “Cidade de Deus”Um disco: “Ten, dos Pearl Jam”
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I LOVE
TWISSST
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Texto: Noberto Lopes Cabaço
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katarzynakrolak.comfashion designer
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Okakuejo, Etosha, National Park
Photo: Artur Cabral
Moooi
Milan = = D e s i g n
Salone del
Mobile 2 0 1 3Texto: Ewa Wilkos7UDGXomR��(OLV�3RUÀULR
Milan = = D e s i g n
Em Abril, Milão converte-se, durante uma caótica semana, no epicentro da criatividadedo design de interiores. A efervescência em redor do Salone del Mobile, a feira de decoração de design de
interiores e móveis mais importante do mundo, ultrapassa a dinâmica de qualquer uma das suas prestigiosas edições das semanas de moda.
É o LUGAR onde qualquer designer e amante do design têm
de estar, el lugar que inspira y que marca las tendencias futuras, o local que inspira e marca as tendências futuras.E aqui partilhamos alguns dos highlights desta edição:
“Quem tem olho, encontra o que procura mesmo de olhos fechados”, assim recitava um aforismo, do escritor italiano Italo Calvino, numa parede do interior do Temporary Museum for New Design. E sem dúvida era a mensagem certa, dirigida
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a milhares de compradores e visitantes que chegaram à cidade para admirar as últimas propostas dos já conceituados mestres e das novas promessas do design.
Além do mais, nos espaços da Feira de Rho, cidade situada nos arredores de Milão, decorreram centenas de eventos paralelos espalhados por toda a cidade; desde os imaculados showrooms de Brera às vibrantes ruas da zona de Tortona.
Algumas das exposições, como a nova colecção Knoll de Rem Koolhaas exposta
no Espacio Prada, atraiu o interesse muito antes de que começara, enquanto outras exibições jogaram inteligentemente com o efeito surpresa.
Foi o caso do happening, organizado pela empresa holandesa Moooi “The Unexpected Welcome,” que oferecia aos participantes uma experiência do universo Moooi. O co-fundador e director artístico Marcel Wanders convidou alguns amigos e colaboradores da empresa para que reinterpretassem a suas peças originais.
Moooi
Vitra
Missoni home
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O amplo showroom em Via Savona foi dividido em várias “salas de estar”, cada uma com um produto icónico: a lâmpadas “Set up Shade” de Wander, os sofás “Cloud”, as cadeiras “5 O’
Clock” de Nina Zupanc e o “Paper Collection” do Studio Job.
“Here to create an environment of love, live with passion and make our most exciting dreams come true”; la frase de Wanders resume perfeitamente o objectivo da exposição – criar um espaço muito pessoal para clientes exclusivos. Para consegui-lo, Moooi (que HP� KRODQGrV� VLJQLÀFD� ´EHOtVVLPRµ�� HVFROKHX�combinar vários elementos contraditórios,
porém capazes de juntos criar tensões e harmonias surpreendentes.
Com grandes imagens artísticas de Erwin Olaf como pano de fundo e com manequins avermelhados de Hans Boodt dispostos ao longo da exposição, o espaço dá ilusão de ser habitado por pessoas reais.
Rico em excêntricos detalhes, vimos exemplos de taxidermia e móveis com formas de animais do grupo sueco Front ao lado de lâmpadas “bucket” de Studio Job, composto por uma dupla de designers holandeses de renome que atingiram a fama pela sua irónica releitura do modernismo, da tradição e dos seus objectos de uso comum.
Estes opõem-se energicamente ao design de interior low cost e de massas, desenhando peças únicas para museus, galerias e
The Wood Ceramic Furniture
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coleccionistas particulares. Para a exposição de Moooi apresentaram uma serie “Altdeutsche” inspirada nos tradicionais móveis pintados à mão, ainda que reinterpretados por uma decoração estilo “cómic”.
A meio caminho entre uma apresentação e uma performance, “The Unexpected Welcome” pode ser considerado um perfeito e pós-moderno ninho de amor em que diferentes estilos e gostos se complementam entre si: nas antípodas do tédio e das limitações das próprias soluções de massas estilo Ikea.
Este ano assistimos a uma viagem desde a opulência neo-barroca a um estilo – rústico, cru e contemporaneamente primitivo.
Promissores designers como Olivia de Jong (Goats on Furniture���Elias Maurizi e Francesco Pepa (Teste di Legno��H�Fabio Targhino combinaram madeira com peles, metais, plástico e pedras para criar cadeiras, bancos, armários e estantes. A madeira converte-se no material chave e também na fonte de inspiração de empresas italianas como Cassina e Living Divani que apresentaram estantes realizadas com peças de madeira em bruto.
A qualidade eco-friendly da madeira é perfeita para um design eco-sustentável e não convencional. Já que ao dia de hoje, a ideia dos móveis de “segunda mão” de cartão reciclado não representa qualquer novidade, a marca italiana Riva 1920 intentou elevar a um patamar superior o conceito de eco design; sua mesa “Venice” está produzida com vidro e madeira de robles extraída da Lagoa de Veneza, e para a sua junção foram ainda utilizados materiais exclusivamente naturais.
A moda eco-friendly também esteve presente no Salone Satellite, um evento paralelo para jovens designers, alguns provenientes,do ponto de vista de uma perspectiva de design,de países exóticos como Coreia ou no Egipto.
Moooi Moooi69
Amarca coreana Wooden Furniture Ideun apresentou móveis e acessórios para a casa, incluído relógios produzidos com madeira descartada enquanto o estudio egípcio Design for Humanity há optado por cadeiras
acolchoadas de Platex, um tecido produzido com sacos de plástico reciclados.
Enquanto, por um lado alguns dos objectos apresentados em madeira pudessem estar mais adequados ao ambiente campestre de uma quinta rural, por outro lado, foram diversas a referências ao estilo retro-chique dos anos 50 e 60, de linhas limpas e design geométrico. Este ano, foram apresentados na Expo, dois projectos clássicos de Jean Prouvé – a cadeira “Standard” e a mesa “EM” –reinterpretados por Vitra numa nova paleta de cores.
Quanto aos amantes do design futurista, estes não !caram defraudados face às últimas propostas em iluminação- formas abstractas, materiais techno e cores psicadélicos foram as características dos candeeiros e candelabros apresentados por vários arquitectos.
Lasvit, da Républica Checa, usa cristal tradicional feito à mão, na apresentação do novo Brans Constellation; formas orgânicas de cristal fundido criadas em colaboração com Michael Young, Ross Lovegrove e Mauricio Galante.
A secção de Euroluce acolheu novos projectos da Slamp, tais como os candelabros de Zaha Hadid; ou como, a “Etoile” de Adriano Rachele, que recreou os movimentos de um tutu de bailarina.
Um ecrán negro com a “Cindy Collection Lamps” do estúdio Fuksas assemelhou-se mais a uma instalação de arte contemporânea numa uma galeria, que a um showroom.
A profunda interconexão entre arte, design e moda tornam extremamente inspirador o diálogo que se realiza constantemente entre estas disciplinas.
Slamp
SDAA- Ana Zaragoza
Fuksas Studio - Candy Lamps70
Entre todas as marcas de Moda que apresentaram sua colecção de decoração de interiores e casa, Missoni distingue-se, sem hesitação, pela sua qualidade artesanal e seus padrões de zigzagues, desde sempre, a sua referência de marca.
Este ano a empresa familiar celebrou os seus 60 anos de actividade com a exposição interactiva “Zigzagging”, criada peladupla de artistas Camovsky. Uma serie de coloridas projecções adornaram o chão e as paredes do showroom de Missono, lançando uma nova luz pelos icónicos símbolos da marca.
O projecto foi apresentado justamente algumas semanas antes da morte de Ottavio Missoni, o co-fundador da marca e um dos personagensmais importantes do design italiano. Sua herança é a prova, já evidente na Salone, de que o design de qualidade nasce do amor e da criatividade.
Missoni Showroom71
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CFM, MaputoPhoto: Artur Cabral
ARAVENAa obra social de
A D E M O C R AT I ZAÇÃO DA A R Q U I T E T U R ATesto: Mauro ParisiTraduçao: Rute Martins
“Interessava-me solucionar os problemas que poderiam ser de interesse para qualquer cidadão, seja a sua casa, um bairro ou problemas de segregação e violência. Estudei uma disciplina que me deu fórmulas para traduzir em formas essas questões intangíveis que preocupam qualquer um.”
Alejandro Aravena.
Quinta Monroy, Iquique - Chile
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St. Edward University, Johnson HallFoto: KL Parll
Desde sempre que o trabalho do Arquiteto se moveu, como um pêndulo, entre a visão, “or-
ganicista e social” dos urbanistas e a visão puramente artística, por vezes auto referencial, do arquiteto criador de peças únicas.Dois enfoques com-pletamente distintos.
Desta vez quisemos abordar o trabal-ho e a personalidade de um arquiteto contemporâneo que, ainda jovem, vê reconhecida, de forma cada vez mais internacional, o seu trabalho, análise e solução de alguns dos prob-lemas com mais impacto nas socie-dades atuais.
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St. Edward University, Exterior Residência estudantil. Foto: Candy Chan
A L E J A N D R O
A R A V E N A
A sua “obra” mais importante é, sem dúvida, a sua empresa de ar-quitetura, Elemental, ou melhor, a ideia por detrás desta.Ter construído,
através da Elemental, mais de um milhar de habitações para os setores mais desfavorecidos do Chile e ao mesmo tempo contar com o diretor exec-
utivo da COPEC – Companhia Chilena de Petróleo – no conselho de administração é tudo uma prova da capacidade deste arquiteto de olhos tristes e cabelo desgrenhado à Wolverine, de levar avante as suas ideias e conseguir os apoios necessários para levá-las a cabo.Admirador do arquiteto português Souto de Moura e da sensibilidade social do também português Álvaro 6L]D��$UDYHQD�FHQWURX�JUDQGH�SDUWH�GD� VXD�SURÀVVmR�HP�JDUDQWLU�XPD� VROXomR�KDELWDFLRQDO�digna desses setores da sociedade incapazes de a obter por si mesmos, e isso a partir de uma perspetiva mercantilista, de negócio, sem cair na retórica do humanitarismo.
Como o próprio reconhece, a sua solução arquitetónica não representa nenhuma novidade, sobretudo na realidade latino-americana, onde já nos anos ’50 em Cuba ou na Venezuela sur-JLUDP�VROXo}HV�VHPHOKDQWHV�$�GLIHUHQoD�EiVLFD�HQWUH�D�VXD�ÀORVRÀD�H�DV�DQWHULRUHV�HVWi�QR�UHVXO-WDGR�ÀQDO�H�QDV�VXDV�FRQVHTXrQFLDV�
As casas desenvolvidas que Aravena e a Elemental ergueram no Chile, dentro dos programas sociais do governo nacional, partem da constatação de que é necessário o melhor compromis-so possível entre as necessidades do povo e os limitados recursos económicos que um governo pode dedicar a um projeto em concreto e ao mesmo tempo garantir a “rentabilidade” dessas casas no futuro para as suas habitações.
Nasceu há 46 anos em Santiago do Chile, estudou arquitetura na Universidade Católica de Santiago, onde é professor, além de também professor convidado em Harvard. Desde 2009 que é membro do júri do prémio Pritzker e membro do Royal Institute of British Architects.
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«Todos nós, quando compramos uma casa, esperamos que au-mente o seu valor com o tempo. Pelo contrário, na maioria dos casos das habitações sociais, parecem-se mais aos carros: diminuem o seu valor com o tempo.»
A chave era, na prática, dedicar os fundos governamentais para a construção das casas em partes que os habitantes não puderam construir por si mesmos; basicamente a estrutura, o teto, a cozinha e os serviços, deixando a possibilidade que a casa pudesse crescer sucessivamente segundo as necessidades dos próprios habitantes. E tudo isto garantindo qualidade e el-egância no desenho e capacidade de revalorização no futuro.
E isso deve-se ao segundo modelo de filosofia da Elemental: as habitações sociais não têm que concentrar-se nos subúrbios da cidade mas sim no seu interior para que a sua conexão com a rede de serviços – de oportunidades segundo a visão de Ara-vena – própria de uma cidade, garantisse o futuro desenvolvi-mento dos seus habitantes e com eles, dos mesmos bairros.
Sobre a arquitetura disse que “o seu ¿P� QmR� p� FRQVWUXLU� HGLItFLRV� PDV�VLP�VROXFLRQDU�SUREOHPDV��VHUYLQGR�D�VRFLHGDGH´�
Estas ideias ganharam vida no mais icónico projeto realizado pela Elemental, as casas da Quinta Monroy de Iquique. Em 2003, nessa cidade do norte do Chile, construíram-se 100 habitações numa parcela em pleno tecido urbano para um grupo de cidadãos que logo conseguiram “personalizá-las” e expandi-las segundo as suas necessidades e que se transformaram num em-blema de particular enfoque para a arquitetura social.
A sua arquitetura é simples, linear, muito racional, focada mais nas necessidades que se pre-WHQGH�VROXFLRQDU�GR�TXH�QR�HVWLOLVPR�DUWtVWLFR��6REUH�D�DUTXLWHWXUD�GLVVH�TXH�´R�VHX�ÀP�QmR�p�construir edifícios mas sim solucionar problemas, servindo a sociedade”. E que o erro de muito arquitetos é a excessiva importância que dão ao choque que as suas obras supostamente têm
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GH�SURYRFDU�QD�VRFLHGDGH��D�ÀP�GH�HVFRQGHU�D�VXD�SUySULD�LUUHOHYkQFLD�VRFLDO��2�SUySULR�$UD-YHQD�VHQWLX�QD�SHOH�HVWH�VHQWLPHQWR�QR�ÀQDO�GD�VXD�FDUUHLUD��TXDQGR�QR�LQtFLR�GRV�DQRV�·���VH�YLX�limitado a desenhar para a clássica tipologia de clientela que recorrem a arquitetos. Chalets e casas exclusivas, restaurantes, bares e lojas de desenho foram os seus primeiros encargos que o levaram, desiludido, a deixar de lado a arquitetura e a dedicar-se a gerir um bar.
Tiveram que passar uns anos até que, graças à Universidade onde estudou, pudesse voltar a ex-ercer arquitetura, quando o encarregaram da construção da Faculdade de Matemática, com a qual ganhou vários prémios, a qual procedeu uma das suas obras mais conhecidas: as Torres Siamesas do departamento de Investigação tecnológica da mesma Universidade Católica de Santiago.
St. Edwar University, Patio interior Residência estudantil Foto: Óscar Amos
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Torres SiamesasFoto: Gustavo Manuel
Ainda que conhecidas como torres, na realidade trata-se de um único edifício cuja parte su-perior se separa, dando a sensação de duas torres siamesas. Essa solução, obrigatória devido à reduzida superfície de construção que impossibilitava uma única torre proporcionalmente acei-tável, permitiu um edifício imponente e ao mesmo tempo não invasivo com o ambiente graças à base revestida de madeira na qual se apoia. A torre está coberta por uma cobertura dupla, de FULVWDO�SRU�GHQWUR�H�GH�ÀEURFLPHQWR�SRU�IRUD�TXH��DR�FULDU�XPD�FkPDUD�GH�DU�YHQWLODGD��IXQFLRQD�de isolador térmico.
2�PRPHQWR�TXH�PDUFD�D�VXD�WUDMHWyULD�SURÀVVLRQDO��RIHUHQGR�OKH�DV�EDVHV�WHyULFDV�SDUD�R�GH-senvolvimento dos seus projetos urbanísticos foi, sem dúvida, a sua etapa em Harvard onde con-heceu o arquiteto libanês Harhim Sarkis que, como ele, procurava uma forma de desviar os arquitetos dessa autossuficiência intelectual que os condena a tratar temas que lhes interessam apenas a eles.
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$V�KDELWDo}HV�GH�,TXLTXH�FRQVWLWXtUDP�XP�SRQWR�GH�LQÁH[mR�QR�WUDEDOKR�GH�$UDYHQD��TXH�YLX�como a sua empresa Elemental foi, de forma cada vez mais frequente, a responsável por ofer-ecer soluções a problemas sociais.
Depois do terrível terremoto e maremoto que em 2010 assolou parte do Chile, foram-lhe enco-mendas as reconstruções da cidade de Constituição onde, além de aplicar as soluções experi-mentadas na Quinta Monroy, colocou em prática os estudos realizados sobre a conveniência de usar árvores e espaços verdes como barreira contra a força destrutora do tsunami. Assim, UHHGLÀFRX�VH�D�FLGDGH�FRP�QXPHURVRV�SDUTXHV��ERVTXHV�XUEDQRV�H�iUYRUHV�FRPR�GLVVLSDGRUHV�de energia em caso de novos maremotos. E, enquanto a Elemental segue obtendo cada vez mais obras de reconstrução urbana, Aravena enfrentou sozinho novos projetos internacionais de natureza completamente distinta.
$�UHVLGrQFLD�HVWXGDQWLO�GH�6W��(GZDUG�8QLYHUVLW\�GH�$XVWLQ��QR�7H[DV��VLJQLÀFRX�SDVVDU�GH�SUHVVX-postos limitados e projetos governamentais a clientes particulares, com expetativas completa-mente distintas. O desejo do diretor em seguir o estilo do maciço edifício central da universidade foi conseguido com uma estrutura que exteriormente, pelo ladrilho elegido como revestimento e pelas suas estreitas janelas que vão desde o chão ao teto, lembra uma fortaleza medieval.
2�LQWHULRU�p�FRPSOHWDPHQWH�GLVWLQWR��YiULRV�FDPLQKRV�VH� LQWHUVHWDP�FRQÁXLQGR�QXP�SiWLR� OXPL-noso e gracioso, centro da vida comunitária da residência.E logo surgiram um chalet na cidade chinesa de Ordos, de nova construção, e um centro para educação infantil no campus Vitra, ao lado de obras de Gehry e Hadid. Porque, como nos relembra, a arquitetura não é um simples ato cultural senão, e ainda mais, um ato social.
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THE ROOM by Joey Ho
Un mundo Upside Down
Na China moderna surge um jovem talento:
o arquitecto taiwanês Joey Ho.
Metrópole e potência económica do Oriente, Hong Kong,
converte-se num mix de atracção e intriga para arquitectos
e designers
A elevada densidade da população conduziu à construção
de espaços pequenos, hábitos inusitados no ocidente.
E será circunscrita a tão poucos metros quadrados que a
capacidade do decorador se atesta. Inovar e criar um estilo
será sinónimo de uma meticulosa escolha de cores e linhas.
Graduado em arquitectura na Universidade de Hong
Kong e na Universidade Nacional de Singapura, em 2008
foi reconhecido como um dos dez melhores arquitectos e
designers do país.
Hoje está à frente do prestigiado atelier de arquitectura, o
“Joey Ho Design Limited” em Hong kong, com o qual ganhou
mais de 50 prémios internacionais e estabeleceu uma rede de
FOLHQWHV�GH�HOHYDGR�SHUÀO�QD�iUHD�UHVLGHQFLDO�H�LQVWLWXFLRQDO�
Texto: Angelica TinazziTradução: Elis Por!rio
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De entre algumas das suas criações mais importantes, em
solo nacional, encontram-se o Pavilhão Hong Kong na Expo
2010, em Pequim e o Café de Hangzou Arthous.
$� VXD� ÀORVRÀD� GH� GHVHQKR� EDVHLD�VH� QD� IXQFLRQDOLGDGH��
A arquitectura deve criar espaços que comportem uma
melhor qualidade de vida para os que os frequentam.
A exuberância surge no tecto estilo “quarto”; não é um
lugar físico, senão uma visão onírica “traçada” de janelas e
escadas em homenagem ao artista Maurits C. Escher.
Clássico na eleição das cores com predomínio do branco,
R�SUHWR� H� YHUPHOKR�� VHX�PRELOLiULR� VRÀVWLFDGR�H�PRGHUQR�
reequilibra as sensações.
e�R�UHJLVWR�TXH�WRUQD�VyEULR�H�UHÀQDGR�7KH�5RRP�
Sua localização acrescenta aporta o charme, está
localizado na Olimpic City Center, na Península de Kowloon,
uma faixa de terra em frente à ilha de Hong Kong, com vistas
espectaculares sobre a baía disseminada por edifícios e
arranha-céus que iluminam a noite com luzes psicadélicas.
Aproveitando um espaço desfavorável Joey criou uma
obra-prima, o restaurante The Room; em trinta metros
quadrados criou um lugar excêntrico e linear.
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Texto: José Manuel Delgado OrtizTraduçao: Rute Martins
ROBERTA GONZALEZ
Filha de uma das personagens mais subvalorizadas da época dou-
rada da arte, mulher rebelde e distinta das da sua geração que
conseguiu elogios dos maiores metres, essa era Roberta
Nasce em França, em Paris, no ano de 1909. Passa toda a sua vida ro-deada de criatividade. O seu pai, Julio González, entre escultura e
escultura, elogia os desenhos que a VXD�ÀOKD��GH�TXDWUR�DQRV��UHDOL]D�FRP�
engenho e soltura. Uma ciência, a pintura, que não fazia parte das suas habilidades como artista, com
muita pena sua.
Foi uma menina gravemente doente e passou uma infância difícil, interna-da no hospital para crianças. Durante este tempo aprendeu a estar sozinha, dando mais importância ao seu mun-do interior e a sua timidez aumentou.
Cinco dias por semana recolhida “numa cela”, no hospital, e dois dias MXQWR�D�VHX�SDL��QD�RÀFLQD�GDV�PD-ravilhas. Esta dualidade converte
Roberta numa artista sem controlo sobre a criatividade, uma vez que passou vários dias afastada desta.
La grande desconhecida.
“O melhor amigo do meu pai era Picasso”
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A saída do hospital coincide com os seus 18 anos e ingressa numa academia artística onde, em pouco tempo, compreende e
critica que não existem melhores mestres que os amigos do seu pai. Passou os anos seguintes sen-do o orgulho do seu pai, que contemplava nela o sonho da sua vida não cumprido, que sem-pre o acompanhou. Conheceu aquele que se-ria o seu futuro marido, Hans Hartung, ícone do movimento conhecido como o informalismo, e LVVR�VLJQLÀFRX�GHL[DU�GH�VHU�D�VRPEUD�GR�VHX�SDL�para passar a ser a sombra do seu marido. Sem-pre entre homens, como essa grandes primei-ras-damas cujas qualidades podem até superar
as dos homens que apoiam. No âmbito artístico, Roberta é uma delas e como é bem sabido “por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher”. Mas o que tem Roberta que não têm os seus homens? Poderíamos dizer que uma sensibilidade que normalmente é negada ao sexo masculino. É uma mulher que desde tenra idade teve a seu cargo dois homens de grande personalidade e geniais mas também difíceis de lidar e aos quais Roberta dava todo o seu apoio e carinho, baseando-se numa perso-nalidade forte e positiva, apoiada em vivências pessoais duras e na religião.
Sans Titre
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A sua obra é em si, própria e coletiva. Mais empenhada em gastar o seu tempo pro-movendo e ajudando o seu pai e mari-
do do que na sua própria produção, Roberta dedicou-se, entre outras artes, à música, faceta que desde pequena foi desenvolvida pelo seu pai Julio, que a inscreveu em aulas de violino.A música tem um papel fundamental na sua obra.Podemos dividir a sua obra em três eta-pas. Na primeira, destacam-se as paisagens LQWHULRUHV� FRP�SRXFD� ÀJXUDomR�H� FURPDWLVPR�incluído. Seriam desta época obras como “Sin título”, de 1952. Na segunda etapa, produz um grande número de desenhos de pássaros, possi-velmente partilhando o seu gosto por aves com o seu amigo Brancusi. Representa os pássaros FRP�XPD�JUDÀD� UHÀQDGD�H�GLUHWD�� FRQVHJXLQ-do mesmo uma espontaneidade mais própria GH�DUWLVWDV�RULHQWDLV�GR�ÀP�GR�VpFXOR�;,;��1HVWD�fase, produz uma evolução artística que serve GH�WUDPSROLP�SDUD�R�VHX�HVWLOR�Mi�PDLV�UHÀQDGR�e próprio que veremos na fase seguinte.
Entramos nos anos sessenta, o seu pai faleceu há quase 20 anos. Começando a superar a sua perda, Roberta começa uma fase de madu-ração artística, baseada no símbolo, sem renun-FLDU�j�ÀJXUDomR��(QFRQWUDPRV�D�VtQWHVH�SHUIHLWD�entre todas as etapas. Encontra um espaço ilu-VyULR�LQWHPSRUDO�RQGH�FRORFD�DV�VXDV�ÀJXUDV��DV�suas cenas que roçam o metafísico, algo que seria impossível ser representado 20 anos antes pelo seu pai, utilizando o metal como suporte e elemento criativo. Cria um universo poético único que se nutre da sua experiencia pessoa, da experiencia dos seus familiares e do seu ex-marido Hans Hartung.
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Uma artista deve-se às suas re-ferências, aos seus mentores
mas cada um elige o seu camin-KR�H�GHÀQH�R�VHX�HVWLOR��(VWH�HVWLOR�pode aproximar-nos ou afastar-nos das nossas raízes criativas mas VHPSUH�QRV�GHÀQLUi�FRPR�SUySULRV�e único, já que ninguém “usa o pincel” da mesma forma.
Roberta aprendeu esto mas teve a intenção de separar-se e começar um caminho próprio mas sem a ambição de sobressair-se, de ser DXWyQRPD�H�Vy�QR�ÀP�GD�VXD�YLGD�S{GH� VHQWLU�VH�DXWRVVXÀFLHQWH�H� OL-vre. Roberta libertava-se usando os símbolos, as cores vivas e o misti-cismo para rompes os grilhões que ela própria impôs.
Nasceu rodeada de modernida-de, numa família dedicada por completo à arte e a tolerância era o mais praticado no seu ambien-te. Em troca, rodeada de moder-nidade, de mudanças sociais e de reivindicações da mulher, dedicou D�VXD�YLGD�D�JORULÀFDU�H�D�SURWHJHU�a obra do seu pai e do seu ex-ma-rido, promovendo e enaltecendo DV�VXDV�ÀJXUDV��DFLPD�GD�GHOD��
Fê-lo por amor ou por um dever natural que algumas pessoas têm desde o seu nascimento e des-envolvem ao longo da sua vida. Provavelmente esta aspiração do dever, da responsabilidade fa-miliar levou-a a ser praticamente desconhecida e esquecida atual-mente, reconhecida apenas em exposições temporais, nas quais o génio do seu pai está presente. Pi-casso comentou uma vez, “Quem bem que desenha esta menina. 1mR� SDUHFH� WXD� ÀOKD�� -XOLR�µ� 7HUi�sido este o único elogio que lhe chegou ao coração, vindo de um génio alheio à sua família? Nunca o saberemos mas eu, na minha humilde opinião, penso que sim e que além do mais, foi um reconhe-FLPHQWR� VXÀFLHQWH�SDUD�HVWD�ÀOKD��esposa e por último, grande artista.
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Texto: Angelica TinazzidƌĂĚƵĕĆŽ͗��ůŝƐ�WŽƌĮƌŝŽ
É Pra Poncha: design, diversão, exclusividade Cores e formas da noite portuense
O mundo da noite procura
incessantemente entretenimentos
únicos em cada cidade.
Cor e exclusividade encontram-se na
fronteira da Europa, em Portugal, no
barÉ Pra Poncha. Localizado numa
das áreas mais exclusivas do Porto, É
Pra Poncha é um dos mais recentes
bares da Rua Galeria de Paris.
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É PRA PONCHA NOS SUBMERGE NUM MUNDO PARALELO À NATURALIDADE DA TERRA. UMA COMBINAÇÃO DE IMAGINAÇÃO E REALIDADE.
2� EDU� UHÁHFWH� SHUIHLWDPHQWH� D�personalidade e a ideologia do seu
criador, o arquitecto António Fernandez.
Depois de estudar na Universidade
do Porto e obter um mestrado em
SODQLÀFDomR�XUEDQD��$QWyQLR�)HUQDQGH]�abre o seu ateliê na mesma cidade onde
desenvolve projectos de arquitectura,
de design de interior e urbanismo.
Construído num antigo edifício,com
XP� HVSDoR� SURIXQGR� H� HVWUHLWR�� R� EDU�recria no interior uma caverna multicolor.
O tecto e as paredes reproduzem
estalactites e formas naturais das rochas.
(VWH�GHVLJQ�SHUPLWLX�PRGHODU�XP�HVSDoR�funcional, permitindo criar uma zona de
bar, uma copa, uma casa de banho e
XPD�DUUHFDGDomR�
É Pra Ponchanos submerge num mundo
paralelo à naturalidade da terra.
8PD� FRPELQDomR� GH� LPDJLQDomR� H�realidade.
Para criar diferentes ambientes durante
a noite, instalaram-se luzes LED’s que
mudam de cores.
O design é moderno e vanguardista.
Através de um estudo cuidado procura
reinterpretar a natureza e as cavernas
HVFXUDV��8PD�UHSURGXomR�ÀHO�GDV�IRUPDV�QDWXUDLV� FRQWUDVWD� FRP� D� XWLOL]DomR�de materiais modernos e industriais. A
HVFXULGmR��SUySULD�GDV�FDYHUQDV��GHL[D�DQWHYHU�D�LQÀQLWDJDPD�GH�OX]HV�H�FRUHV�de LED.
92
6XD�ÀORVRÀD�p�URPSHU�FRP�D�LGHLD�FRPXP�do velho conceito de “viver” à procura o
design alternativo. Ele remonta ao mundo
para desenvolver novas e modernas
ideias. Na maioria dos seus projectos
vemos óbvias referências à natureza e à
terra.
No entanto, é um pensador de linhas
futuristas, cores, estudos inovadores e uso
de materiais modernos.
É Pra Poncha, nome que invoca uma
bebida tradicional da ilha da Madeira,
aponta para a sua singularidade nas
IRUPDV� H� QD� DWPRVIHUD�� 8P� HVSDoR�jovem e fresco, de grande impacto e
IRUWHSDUWLFLSDomR�
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Backstage PEDRO PEDRO @ ModaLX TRUSTPhoto: Artur Cabral
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Serengueti National ParkPhoto: Artur Cabral
Rhinocerors - Department of Theatre, York University
at r av é s d e
um l ivro de
conversação
básica!Texto: Eleonora Maggioni
Tradução: Elis Porfírio
O “perigo” de querer aprender inglês …
A segunda guerra mundial decretou
um antes e um após em diversos
âmbitos.
As sociedades renascidas deste
acontecimento tiveram que
reinventar novos códigos e o
Teatro não foi excepção.
Uma das correntes que começa a ter êxito a
princípios dos anos 50, e que se proclama até
aos nossos dias,como uma das mais cruas formas
de fazer Teatro, é o Teatro do absurdo.
Nasce da necessidade de dar um novo impulso
à literatura e da perplexidade que a violência
da guerra causou, este novo Teatro surge com a
intenção de expressar o absurdo das dinâmicas
nas relações da nova sociedade pós-guerra.
1D� UHDOLGDGH� QmR� Ki� UHJUDV� HVSHFtÀFDV�� QHP�manifestos, que os dramaturgos da época
WHQKDP�HVFULWR�SDUD�GHÀQLU�VXDV�REUDV�No entanto, existe uma necessidade comum de
ultrapassar o Teatro convencional, uma falta de
envolvimento social e politica e uma ausência
de interesses para descrever o dia-a-dia.
Facto é que, a vida não se pode compreender
nem explicar, as personagens destas novas obras
são seres angustiados, pessoas que, sem sucesso,
SURFXUDP�LQFHVVDQWHPHQWH�XP�VLJQLÀFDGR�SDUD�as suas vidas, que esperam e sonham com uma
saída que não encontram.
Movem-se sem avances, falam sem comunicar
e sem compreensão. A linguagem substitui a
acção, onde os novos dramaturgos jogam
com as palavras, as distorcem edesconstroem,
UHWLUDQGR�OKH�VHX�VLJQLÀFDGR��
O absurdo das palavras e das frases
acompanha os gestos das personagens,
ao ponto de deixar desorientados os
espectadores.
Quando pensamos no Teatro do absurdo, o
primeiro nome que nos vem à memória é o
de Samuel Beckett, cuja obra “Esperando
Godot”, se torna o símbolo desta nova
corrente teatral.
Sem querer desvalorizara obra e a capaci-
Ionesco - The Chairs - Theatre sfsu
O Rei está morrendo- Natalia Lama
98
dade do seu autor de criar uma história em
que nada parece acontecer, mas que deixa
o espectador colado à cadeira até ao último
minuto, se me pedirem para escolher uma
REUD�TXH�GHÀQD�R�7HDWUR�GR�DEVXUGR��QmR�WHUHL�dúvidas em eleger “A Cantora lírica careca”
de Eugene Ionesco; obra que antecede a
obra de Beckett, estreia em 1950 em Paris e
deixa, como sucede acontecer comas obras-
SULPDV��R�S~EOLFR�FRQVWHUQDGR�DWp�DR�ÀQDO�GR�espectáculo.
Tiveram de passar 5 anos para voltar a ser
reposto na mesma cidade e volta a obter o
êxito, um sucesso que continua a surpreender
o espectador até aos dias de hoje, graças
as numerosas adaptações que continuam a
surgir.
Desde esta primeira obra, se reconhece
o carimbo de Ionesco que, professor em
Bucareste, que se aproxima do Teatro por
casualidade.
Ionesco - The Chairs - Theatre sfsu
99
Rhinocerors - Department of Theatre, York University
100
O próprio Ionesco contava como nasce a ideia da sinopse de “A cantora lírica careca”,
“Comprei um manual básico de tradução de francês para inglês. Comecei a estudar e conscientemente copiei para aprender de memória as frases do livro. Relendo-as atentamente compreendi então, não o inglês, senão algumas verdades assombrosas: que há sete dias na semana, por exemplo, coisa que já conhecia! Ou, que o chão está por baixo e o tecto por cima (…). Com grande surpresa, a senhora 6PLWK�GDYD�D�FRQKHFHU�DR�PDULGR�TXH�WLQKDP�PXLWRV�ÀOKRV��TXH�YLYLDP�QD�SHULIHULD�de Londres, que seu apelido era Smith, que o Sr. Smith era um empregado (…) Eu dizia a mim mesmo que o Sr. Smith tinha que já saber tudo isto, mas, nunca se sabe, porque há gente muito distraída. ...”
101
Assim, Ionesco decide que quer que o
espectador conheça as verdades essenciais,
mas desmonta-as e retira-lhes todo e qualquer
sentido lógico, utiliza-as como ferramenta para
transformar completamente a realidade de
um casal, os Smith, presos ao dia-a-dia de uma
H[LVWrQFLD� VHP� VLJQLÀFDGR�� RQGH� D� FRPXQLFDomR� TXH� QmR�existe, afoga-se numa tempestade de palavras e estereótipos
que não nos levam a qualquerprofundoconhecimento.
Os “Smith” são a imagem de um casal normal, que vive numa
FDVD� QRUPDO� QRV� DUUHGRUHV� GH� /RQGUHV�� FRP� ÀOKRV� H� DPLJRV�normais.São o símbolo do homem comum, e como tal sua
KLVWyULD�� FRQWDGD� FRP� LURQLD�� FRQWLQXD� D� JDQKDU� VLJQLÀFDGRV�amargos e trágicos nos espectadores.
Como em todas as obras de Ionesco, o espectador chega a
sorrir durante a maioria da comédia, ri pela incoerência dos
diálogos, diverte-se pelo inovador que resulta ser o espectáculo.
Porém, pouco a pouco, o ambiente altera-se, a fachada de
cartão dos personagens de aparência feliz se desmorona,
começam a surgir os primeiros avisos de desespero por viver
uma vida sem qualquer sentimento real.
Desta forma, na obra da “Cantora lírica careca”, a
educação estereotipada dos dois casais que habitam a
burguesa casa dos Smiths, dá lugar, no último acto, ao instinto
animal, as personagens perdem o controlo. Deixam de falar
educadamente sobre o nada, e gritam, no inicio cada um
por si, e posteriormente, juntos, gritam a mesma frase “Não
por aqui, senão por aí”. Rapidamente, tudo se interrompe e a
comédia termina com a mesma imagem do inicio, mas desta
vez, serão os Martins a interpretar o papel dos Smiths.
2V�EUXVFRV� ÀQDLV�� TXH�GHL[DP�GHVRULHQWDGRV�os espectadores, talvez sejam a característica
de maior importância no Teatro de Ionesco, a
alteração de uma situação de normalidade
onde o espectador se sente confortável
e pode sorrir devido à ironia com que se
conta a história, e o desfecho da fachada
DUWLÀFLDO� GD� UHDOLGDGH�� D� PXWDomR� GH� XPD�perspectiva que enfatiza a terrível angustia
que os personagens carregam em palco.
Mais que o trabalho de Beckett, as obras
de Ionesco têm inícios divertidos, irónicos e
dolorosos; a acção é rápida e ainda que sem
sentido, o espectador não se aborrece.
Rimo-nos, relaxamo-nos, colocamo-nos
cómodos e exactamente nesse instante,
eis quando surge um grito inesperado aos
acontecimentos que deixa o espectador sem
alento. Quando a cortina baixa, antes de
sairmos da sala de teatro, necessitamos de
tempo para nos recompormos e podermos
enfrentar outra vez a realidade que o autor
tão dolorosamente esquartejou.
Acontece exactamente o mesmo com “As Cadeiras”, ondeum casal de idosos,durante
os preparativos para receber uma multidão
de convidados invisíveis (só vislumbrados
por ambos idosos) termina com a trágica
constatação da impossibilidade de conhecer
a verdade sobre o sentido da vida.
A espera e a excitação do casal pela chegada
de uma personagem que poderá revelar os
segredos da humanidade se desvanecem
102
com a entrada em palco de um orador que
começa a falar …, sendo surdo-mudo!
Os murmúrios da multidão fazem-se sentir
cada vez mais fortes, até que a cortina
baixa e deixa o espectador sozinho perante
a ausência de respostas à grande pergunta
sobre a existência.
Em “A lição” assiste-se há mesma fórmula
narrativa. Um professor converte-se pouca a
pouco num assassino psicopata de estudantes
felizes e ignorantes. Entre um jogo de poder,
uma rapariga submete-se ao professor e a
prova disso é a linguagem que se converte
na ferramenta para exercer o poder.
Também na obra de “O Rei está morrendo”,
Ionesco enfatiza que o destino é mais forte
que qualquer outra coisa, inclusive que um
Rei. A única coisa que podemos fazer perante
a impotência do ser humano e da morte é
assumir os limites do tempo e a incapacidade
de ser lembrado.
Na obra deIonesco o Homem move-se como
uma marioneta que não se consegue revoltar
com quem lhe puxa as cordas; é como um
peixe fora da água,que não pode fugir ao
destino.
O absurdo não é ridículo e somente o inicio
das obras poderão parecer divertido.
Uma vez que se compreenda a dinâmica
das obras, a ironia torna-se pungente e a
desarmonia deixa-nos perplexos.
Na obra de
Ionesco o Homem
move-se como uma
marioneta que não
se consegue revoltar
com quem lhe puxa
as cordas; é como um
peixe fora da água,
que não pode fugir
ao destino.
A cantora lírica careca- Banci Malinverno
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No Teatro de Ionesco, caiem
todos os pilares da existência:
a segurança de podermos
entender através da linguagem,
a sensação que podemos
explicar o mundo pela sua
existência, a segurança de que sempre há
soluções racionais para o que vivemos.
Todos estes axiomas lógicos, se desmoronam
dando lugar ao vazio, à incapacidade de
comunicar, de seguir em frente, de desejar ser
realmente feliz.
Nos cruéis destinos que envolvem as obras de
Ionesco,as suas personagens vivem e movem-
se por mera casualidade, não por vontade
própria.
O pensamento do Maestro do Absurdo ultrapassa os limites físicos do Teatro para DSURIXQGDU� ÀORVRÀFDPHQWH� D� H[LVWrQFLD�humana.
E pensar que tudo isto aconteceu, à
semelhança dos casuais destinos das
personagens do Teatro do absurdo, pela mera
casualidade de querer aprender inglês através
de um livro de conversação básica!
Rhinoceros - Helms Theatre
104
105
PINK IS THE NEW BLACK MARISA GONÇALVES @HADJA MODELS ANGOLA 1
Photo: Artur Cabral
Image courtesy of MATC
PRINTEMPS + ÉTÉ =
C Ô T ED ’ A Z U RTexto: Rute Martins
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Foto: Lloyd Ator
O nome não engana e Côte d’Azur é isso mesmo: uma mag-nífica l inha azul que as cidades costeiras de França têm para nos oferecer. Com um enorme fluxo de visitantes e consid-erada uma “zona de moda” na década de 50 e 60, a Côte d’Azur nunca deixou de ser sinónimo de elegância, alta socie-dade e bonitas paisagens. Sempre frequentado por diversas celebridades, inicialmente, era apenas um resort de inverno devido ao clima ameno nessa altura do ano. Hoje, é o des-tino de verão de milhares de pessoas que se dirigem à Rivi-era Francesa para dias de sol, festas e luxo. Com paisagens típicas de postais, uma arquitectura admirável e um passado dominado por gregos e italianos, insere-se na região admin-istrativa de Provence-Alpes-Côte d’Azur. É banhada pelo Mar Mediterrâneo e vai de Toulon a Menton, passando por famosas cidades como St.Tropez, Cannes, Nice e Mónaco. Quem percorre a costa de carro presencia um contraste ge-ográfico, atravessando vinhas e pitorescas vilas situadas em altas colinas mas rapidamente se deparando com curvas e descidas que nos levam a um mar bri lhante e sem fim. Afinal Paris não é o único centro das atenções e a Riviera Francesa é uma excelente aposta para um Verão que espreita já ao virar da esquina, não só para os mais abastados mas tam-bém para quem tem um orçamento l imitado. A Cotê d’Azur tanto tem hotéis e restaurantes luxuosos como ofertas mais modestas. Toda a região oferece o melhor e isso passa pela degustação de ótimos vinhos, por desportos aquáticos ou golf, pela gastronomia mediterrânea, que inclui diversos ti-pos de marisco de fazer crescer água na boca e pelas belís-simas praias de água azul-turquesa.
C Ô T ED ’ A Z U R
109
NICE
Nice é a quinta maior cidade de França e, apesar de não ser tão exclusiva como Cannes, tem tudo para Nice possui uma localização bem central, a poucos minutos de Cannes e Mónaco, com aeroporto a 6km do centro da cidade e uma longa exten-são de praias que se prolonga pela Promande des Anglais, transformando-se num deslumbrante passeio até ao porto de Nice. Apesar de a temperatura da água ser agradável, esqueça as praias de areia branca com que sonhou porque aqui o que encontramos são seixos, mas nem isto impede a lotação das praias. A cidade tem ainda uma faceta histórica que contém diversos estilos como o barroco, a belle epoque e o modernismo.
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Foto: Natalia Romay
NICE
Pode espreitar o Musée Matisse, dedicado ao pintor, o Musée d’Art Moderne et d’Art Contempo-rain ou mesmo o local arqueológico Terra Amata, com vestígios da era Paleolítica. Em Nice encon-tramo s actividades de lazer que preenchem os dias de ócio de qualquer um. Pode experimentar as actividades aquáticas que a Riviera Francesa tem para oferecer como canoagem, vela, jetski, actividades de grupo, entre outros. Ou pode assistir ao Nice Jazz Festival, o primeiro festival de jazz no mudo em 1948. Ao longo dos anos, por lá passaram músicos como Ray Charles ou Miles Davis e, todos os anos, durante oito dias em Julho, a cidade enchese de música.Os principais atractivos de Nice não são apenas as praias e a beleza natural mas também a vida nocturna e os museus.
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Foto: Natalia Romay
Foto: Viman
Foto: Atila Yumusakkaya
Nice é grande e se não quer perder tempo em transportes, apesar de pos-suir uma boa rede de transportes, podemos alugar uma das muitas bici-cletas azuis que se encontram espal-hadas pela cidade e que se revelam o transporte perfeito para conhecer a cidade. Quando achar que já se delei-tou com o que Nice tem para oferecer, é só seguir a placa “Mónaco/Menton” a meio da Promenade des Anglais e seguir à descoberta.
Fundado pela casa de Grimaldi em 1297 o Mónaco é conhecido pelo casino e ópera de Monte Carlo, pelo seu circuito de Fórmula 1, que percorre a cidade, e pelo seu exuberante e caro es-tilo de vida. Demarcada por encostas íngremes e es-treitas estradas de cortar a respiração, a cidade não é propriamente grande mas seduz qualquer um com uma arquitectura luxuosa e a sua atmosfera envol-YHQWH��$�FLGDGH�� VtPEROR�GH�JUDQGH�ÁX[R�HFRQyPL-co, turístico e imobiliário, pode ser percorrida a pé, o que nos permite vaguear calmamente entre as ruas cheias de esplanadas, espreitar as montras da Cartier
ou Gucci e passar pela entrada do casino Monte Carlo. Na Place du Casino estão estacionados alguns dos melhores e mais caros carros do mundo e é normal muitos terem matrícula italiana, cuja fronteira ÀFD�D���NP�GR�0yQDFR��$�HQWUDGD�QR�FDVLQR�VmR���HXU�H�DV�PHVDV�GH�%ODFNMDFN�QmR�SHUPLWHP�DSRVWDV�menores de 50eur. Lá dentro não faltam amplas salas, decoradas a dourado e mulheres de elegantes vestidos mas existem também outros casinos, como o Casino Café de Paris com slot machines e mesas de apostas a preços mais razoáveis. Quando se fartar de apostar a sua sorte, contemple a noite quente e espreite o Mar Medi-terrâneo, pode ser que algum enorme cruzeiro esteja de passagem. As praias não têm um grande areal e no que toca aos hotéis, a escolha é variada, contando com luxuosos e opulentos lugares como Hotel +HUPLWDJH�FRP�YLVWD�SDUD�RV�LDWHV�H�R�D]XO�VHP�ÀP��$�FLGDGH�WDPEpP�RIHUHFH�GLYHUVRV�OXJDUHV�SDUD�VDLU�j�QRLWH�FRPR�D�%UDVVHULH�GH�0RQDFR��XP�UHVWDXUDQWH�TXH�VH�WUDQVIRUPD�HP�EDU�VLWXDGR�HP�IUHQWH�j�PD-ULQD��FRP�HVSDoR�DR�DU�OLYUH�H�PXLWR�JODPRXU�RX�DLQGD�R�%ODFN�/HJHQG��FRP�XPD�GHFRUDomR�PRGHUQD�e cosmopolita. E para os mais distraídos, uma noite assim requer um dress code a rigor.
112Foto: Paul Totti
Fundado pela casa de Grimaldi em 1297 o Mónaco é conhecido pelo casino e ópera de Monte Carlo, pelo seu circuito de Fórmula 1, que percorre a cidade, e pelo seu exuberante e caro es-tilo de vida. Demarcada por encostas íngremes e es-treitas estradas de cortar a respiração, a cidade não é propriamente grande mas seduz qualquer um com uma arquitectura luxuosa e a sua atmosfera envol-YHQWH��$�FLGDGH�� VtPEROR�GH�JUDQGH�ÁX[R�HFRQyPL-co, turístico e imobiliário, pode ser percorrida a pé, o que nos permite vaguear calmamente entre as ruas cheias de esplanadas, espreitar as montras da Cartier
ou Gucci e passar pela entrada do casino Monte Carlo. Na Place du Casino estão estacionados alguns dos melhores e mais caros carros do mundo e é normal muitos terem matrícula italiana, cuja fronteira ÀFD�D���NP�GR�0yQDFR��$�HQWUDGD�QR�FDVLQR�VmR���HXU�H�DV�PHVDV�GH�%ODFNMDFN�QmR�SHUPLWHP�DSRVWDV�menores de 50eur. Lá dentro não faltam amplas salas, decoradas a dourado e mulheres de elegantes vestidos mas existem também outros casinos, como o Casino Café de Paris com slot machines e mesas de apostas a preços mais razoáveis. Quando se fartar de apostar a sua sorte, contemple a noite quente e espreite o Mar Medi-terrâneo, pode ser que algum enorme cruzeiro esteja de passagem. As praias não têm um grande areal e no que toca aos hotéis, a escolha é variada, contando com luxuosos e opulentos lugares como Hotel +HUPLWDJH�FRP�YLVWD�SDUD�RV�LDWHV�H�R�D]XO�VHP�ÀP��$�FLGDGH�WDPEpP�RIHUHFH�GLYHUVRV�OXJDUHV�SDUD�VDLU�j�QRLWH�FRPR�D�%UDVVHULH�GH�0RQDFR��XP�UHVWDXUDQWH�TXH�VH�WUDQVIRUPD�HP�EDU�VLWXDGR�HP�IUHQWH�j�PD-ULQD��FRP�HVSDoR�DR�DU�OLYUH�H�PXLWR�JODPRXU�RX�DLQGD�R�%ODFN�/HJHQG��FRP�XPD�GHFRUDomR�PRGHUQD�e cosmopolita. E para os mais distraídos, uma noite assim requer um dress code a rigor.
113Foto: Paul Totti
MÓNACO
Foto: Rute Martins (acima) y Tomoyoshi (abaixo)
CANNESCannes é passagem obrigatória e está à altura da sua reputação: é chic, luxuosa e agitada. Inicialmente uma cidade de pescadores, sofreu uma transformação D�SDUWLU�GR�VpFXOR�����TXDQGR�RV�EULWkQLFRV�UHFpP�FKHJDGRV�SURYRFDUDP�XP�DÁX[R�GD�DOWD�VR-ciedade londrina.
Contudo, quando pensamos em Cannes pensamos na passadeira vermelha em frente ao Palais des Festivals et des Congrès, construído em 1949, junto à marina Le Vieux Port, que aloja ostento-sos iates. Este é o local do Festival de Cannes, o famoso festival anual de cinema que atribui pré-mios e que se tornou um importante ponto de partida para a exportação do cinema europeu. Exemplo de que a cidade respira cinema é o enorme mural ao pé da Gare Autobus, na rua *HRUJHV�&OHPHQFHDX��TXH�DSUHVHQWD�DOJXQV�SHUVRQDJHQV�GH�IDPRVRV�ÀOPHV��
Mas há mais 14 murais espalhados por Cannes, à espera de serem encontrados.Um ponto de en-FRQWUR�GD�FLGDGH�p�D�3URPHQDGH�GH�OD�&URLVHWWH��XPD�HQRUPH�DYHQLGD�RQGH�GHVÀODP��DR�ORQJR�
114
CANNESGH��NP��RV�WXULVWDV�H�RV�PDJQtÀFRV�FDUURV��SRU�YH]HV�DOXJDGRV��H�RQGH�VH�HQFRQWUDP�DV�ORMDV��UHV-taurantes e hotéis mais caros. Pode aproveitar a frescura da manhã e visitar um dos mercados da cidade, na rua Marché Forville, que nos cativa com perfumados sabores mediterrânicos. Ou pode dar um mergulho nas praias de areia dourada, geralmente lotadas.A mistura de um estilo de vida tradicional e moderno dá vida e elegância a Cannes, fazendo-se através das grandes avenidas mas também pela encruzilhada de ruas sinuosas, típicas de cidades do sul da Europa.
Não tenha medo de se perder pelas pequenas ruas, cheias de lojas e restaurantes que o levam a passear pela parte antiga da cidade. Ao subir pelas ruas aprecie os pitorescos restaurantes com PHVDV�Fi�IRUD�GHFRUDGDV�FRP�ÁRUHV�H�YLVLWH�D�,JUHMD�GX�6XTXHW�H�R�0XVpH�GH�OD�&DVWUH��FRP�DUWH�primitiva de vários continentes e pinturas do século 19.
A vista panorâmica da colina, o berço da cidade, não o vai deixar desiludido após a subida. À noite, pode tentar apostar no glamoroso casino Croisette, onde pode encontrar um enorme aquário na entrada e salas que fazem jus à elegância da cidade
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Foto: Rute Martins
Foto: Fabio Miami
Foto: Emil de Jong
MARSELHAMARSELHA
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MARSELHA
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Não faz parte da Côte d’Azur mas é a segunda maior cidade francesa e a capi-tal administrativa da região de Provence-Alpes-Côte d’Azur. Longe do glamour de Cannes ou Mónaco, é uma cidade autêntica, que exibe telhados cor de trigo ao pôr-do-sol. Contudo, oferece muita cultura devido à presença humana desde a pré-história.
Um “ must see” é o Châteu d’ If, localizado numa pequena ilha, tendo sido um forte e uma prisão desde o século 16. O castelo foi imortalizado na obra o Conde de MonteCristo, de Alexandre Dummas, que se inspirou no mais famoso prisio-neiro, José Custódio Faria.
No cimo da colina temos o Cours Julien, o bairro dos artistas, e o mais dinâmico de Marselha. É marcado pela história de décadas de imigração para o sul de França e encontramos culturas de África ou do Médio Oriente. Pode contar com muitos cafés ao ar livre, áreas de lazer para crianças e ruas pedestres que se co-EUHP�GH�JUDÀWLV�FRORULGRV��1mR�GHL[H�DLQGD�GH�SDVVDU�QR�9LHX[�3RUW��R�FRUDomR�da cidade e antigo porto, para onde convergem todas as avenidas principais e onde encontramos diversos lugares para provar o pastis, uma bebida alcoólica do sul de França com sabor a anis.
Cheia de factos e curiosidades históricas, Marselha foi eleita a Capital Europeia da Cultura de 2013, num programa de eventos culturais não só pela cidade mas desta vez estendidos à região de Provence, uma edição inédita da iniciativa HXURSHLD��'HVGH�FDPLQKDGDV�SRU�PDJQLÀFDV�]RQDV�GH�3URYHQoD��H[SRVLo}HV�D�eventos gastronómicos, a cidade irá estar em festa. E isto faz de 2013 o ano perfeito para umas férias repletas de actividades para todos os gostos, história, comida e repouso na colorida e saborosa região do sul de França.
Foto: Jeremy Rowland
Áfr icaSS13 - DESTINATION
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Áfr icaFotografia artur cabral/Hotel Flamingo, Barra, Inhambane
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Muitas páginas se escreveraM e Muitas ainda faltaM por escrever,
o cinema e a Moda inspiraram-se em mult iplas ocasiões, Áfr ica é um mix se sensações, de emoções, de cores e sabores. As suas gentes e as suas paisagens rompem os estereótipos da sociedade
actual, e como não, todas estas razões resultaram mais que suficientes para que ocupe um lugar de destaque na l ista de locais a vis itar. Pelos olhos de Artur Cabral, a Twissst recorre a Tanzânia, a Namíbia, o Quénia e Moçambique.Praias idí l icas, savanas selvagens e o calor das suas gentes oferecem uma beleza práticamente inenarrável.
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Okakuejo, Etosha, Parque Nacional. Namibia
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tanzâniaParque Nacional Serengueti
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tanzânia
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Datoga, Lagoa Eyasi
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Monte Meru, Arusha
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Massai Oldonyo, Sambu, Arusha
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Massai Ngorongoro, Área de conservação
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Datoga, Lagoa Eyasi
naMíbiaHimba, Etosha, Parque Nacional
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naMíbia
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Okakuejo, Ethosa, Parque Nacional
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MoçaMbiqueLagoa de Bilene
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MoçaMbique135
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Baixa de Maputo
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CFM, Maputo
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Praia de Barra, Inhambane
Costa do Sol, Maputo
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Quissico
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CALENDÁRIOCULTURALEgon Schiele, o desenho(26 Junho - 29 Setembro / Museu de Belas Artes, Budapeste, Hungria)
Após a exposição sobre Klimt, o Museu de Belas Artes de Budapeste, passa à geração seguin-te e oferece uma visão da obra do artista mais destacado da sua época: Egon Schiele.A 70ª obra procedente do Museu Leopold de Viena, a maior colecção do mundo de Schie-le, complementa-se com desenhos e pinturas procedentes de outras colecções de prestígio, além das obras de Oscar Kokoschka e Carol Moll. Viena é a capital do Art Nouveau do prin-cípio do sec. XX e as relações artísticas com Budapest são muito próximas e frutíferas nesse período; prova disso é a profunda conexão que os irmãos Klimt, Schiele e os demais artistas do momento tinham com a capital húngara.Os irmãos Klimt são a “M” da modernidade. Schiele portador de um estilo mais selvagem e rebelde gera contradições entre entusiastas e críticos.A exposição está centrada em Egon Schiele, representada com 50 obras, de uma
curta carreira de apenas uma década. O seu WUDEDOKR� IRL� LQÁXHQFLDGR� SRU� *XVWDY� .OLPW� H�DUWLVWDV�HXURSHXV�GD�pSRFD�FRPR�9DQ�*RJK��Toulouse-Lautrec, Munch, Moll e Kolo Moser. Enquanto os nus femininos de Klimt se caracte-rizam por um erotismo adoçado e velado, os de Schiele são, incluso ao dia de hoje, angus-tiados desenhos de linhas atormentadas, muito SUy[LPDV�GR�SRUQRJUiÀFR�H�GR�JURWHVFR����1mR�surpreende que a autoridade pública da épo-ca se tenha interessado pelas suas obras, che-gando ao ponto de ser preso por promulgar o imoral e o impudico.A exposição apresenta obras de outros inte-grantes do Neukunstgruppe como Oskar Kokos-FKND��$OEHUW�3DULV�*�WHUVORK��+DQV�%RHKOHU�H�$QH�Von Faistauer. Digna de um Império já desaparecido trata-se de uma exposição “must see” para quem este-ja de passagem por Budapeste.
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Anish Kapoor in Berlin����0DLR�²����1RYHPEUR���0DUWLQ�*URSLXV�%DX-haus, Berlín, Alemanha)
Anish Kapoor, nascido em Bombay em 1954, é DFWXDOPHQWH�XP�GRV�HVFXOWRUHV�PDLV�LQÁXHQWHV�do Reino Unido, com obras exposta na Tate *DOOHU\�GH�/RQGUHV��QR�0R0$�GH�1RYD�<RUN��QR�0XVHR�5HLQD�6RÀD�GH�0DGULG�H�QR�6WHGHOLMN�Museum de Amesterdão,Depois de ter exposto no Royal Academy de Londres chegou a vez de Berlim, eleita pela sua forte comunidade artística e por ser um centro impulsionador de arte alternativo.Cerca de 3000 m² de um andar do Martin *URSLXV� %DXKDXV� DOEHUJDP� DV� ��� SHoDV��muitas das quais expressamente criadas para o evento.A peça central chama-se Symphony for a be-loved Sun: sob uma ampla clarabóia, eleva-se, suspendida pelas paredes e pelo chão através de cabos, uma enorme estrutura me-tálica com um disco vermelho que no centro verte cera como se de um ser vivo se tratas-se. Uma obra enigmática, como muitas de Kappor que deixa que as mesmas transmitam a cada espectador, sua própria interpre-tação e significado.
Krakow Photomonth Festival 2013(16 Maio – 16 Junho / Bunkier Sztuki, Cracóvia, Polónia)
Nascido em 2002, o Krakow Photomonth, rapi-damente escalou no ranking dos festivais de-GLFDGRV�j�IRWRJUDÀD�H�p�DFWXDOPHQWH�XP�GRV�mais respeitados da Europa, capaz de con-centrar não só novos talentos como também os mestres já reconhecidos a nível mundial.
O tema deste ano é a Moda, “FASHION”, no amplo sentido do termo, não só pretende abordar o glamour e as imagens de semana de moda, senão tudo o que envolve o concei-WR��H�R�VHX�VLJQLÀFDGR�SDUD�FDGD�LQGLYtGXR�
2�FDOHQGiULR�RÀFLDO�DFRPSDQKD�YiULRV�HYHQ-tos paralelos que durante este mês transfor-PDUDP�D�FLGDGH�XP�FHQWUR�GH�DUWH�IRWRJUiÀ-co em “plein air“.
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ROBERT MOTHERWELL: COLLAGES, o princípio����0DLR�����6HWHPEUR��������3HJJ\�*XJJHQ-heim Collection, Veneza, Itália)
Exposição centrada exclusivamente nas obras de papiers collés e nas décadas de 1940 e 1950.Pode-se observar as origens estilísticas do artista e o seu revelador encontro com a WpFQLFD�GR�´SDSLHU�FROOpµ�TXH�HP������GHÀQLX�como “a maior descoberta artística.”
0RWKHUZHOO� SURGX]� WDQWR� FROODJHV� ÀJXUDWLYRV�como puras abstracções ao longo dos anos ����1R�HQWDQWR��HP�������DV�LQÁXrQFLDV�VXUUHD-listas começam a prevalecer nas primeiras obras que deram lugar ao seu característico HVWLOR�� ÀUPHPHQWH� HQUDL]DGR� QR� H[SUHVVLRQLV-mo abstracto.
A exposição contará com aproximadamente 60 obras precedentes de colecciones públi-cas e privadas dos Estados Unidos e do estran-geiro. Um catálogo da exposição comple-tamente ilustrado oferece uma reavaliação fundamental da obra de Motherwell. Uma ex-posição que os amantes do collage não de-vem perder!
*pQHVH��)RWRJUDÀD�GH�6HEDVWLmR�6DOJDGR(19 Maio - 15 Setembro /Ara Pacis, Roma, Itália)
Comissariado por Lélia Wanick Salgado, mul-her do conhecido fotógrafo brasileiro, a expo-VLomR� UH~QH�PDLV�GH����� IRWRJUDÀDV� WRPDGDV�ao longo das suas viagens à volta do mundo.
)RWRJUDÀDV�� WRGDV� D� EUDQFR� H� SUHWR�� TXH� UH-colhem paisagens humanas em 5 distintas se-cções: Planeta Sul, África, o Norte, a Amazó-nia, o Pantanal, e os Santuários da Natureza.
A exposição tem como foco e cariz formativo a tomada de consciência da fragilidade em que cada um se encontra, uma vez que cada legenda complementa todas as informações UHÁHFWLGDV�QDV�LPDJHQV���
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/H�&RUEXVLHU�QR�0R0$���� -XQKR� � �� ��� 6HWHPEUR� �����020$�� 1HZ�<RUN��(VWDGRV�8QLGRV�
O MoMA apresenta a sua primeira grande expo-sição sobre a obra de Le Corbusier, onde abran-ge o seu trabalho como arquitecto, designer de interiores, artista, urbanista, escritor e fotógrafo.
A Exposição transita das primeiras aguarelas de SDLVDJHQV�IHLWDV�HP�,WiOLD��*UpFLD�H�7XUTXLD��DWp�DRV�GHVHQKRV� IHLWRV�QD� ÌQGLD��jV� IRWRJUDÀDV�GH�viagens formativas e aos modelos dos seus pro-jectos de grande escala.
Todas estas variantes estão presentes na maior exposição produzida nos Estados Unidos sobre este genial e carismático arquitecto.
ALTA MODA �$Wp����GH�6HWHPEUR��*DOHULD�0$7(��$YGD��3H-dro de Osma, Lima, Perú)
Mario Testino, seguramente um dos fotógrafos de moda mais relevantes do mundo, aproxima-nos do seu pais natal, o Peru, sem deixar de lado o seu campo de interesses. Jogando com a iró-nica duplicidade da leitura do título, esta expo-sição apresenta-nos os trajes típicos da região de Cuzco, antiga capital Maya situada a 3400 m de altitude, através da objectiva do fotógrafo que como poucos soube consolidar o seu nome QR�PXQGR�GD�PRGD�����IRWRJUDÀDV�UHWUDWDP�HP�tamanho natural outros tantos trajes tradicio-nais, cujos detalhes e contrastes cromáticos são a chave da interpretação.Para a exposição, Testino, desenvolveu um lon-go trabalho de preparação, com o objectivo de desdobrar a perfeita fusão de clássico e mo-derno, do tradicional e da vanguarda e, que é conseguida por um trabalho tributo ao seu país natal, tal como a publicação da Vogue Paris, do passado mês de Abril, onde representou al-JXPDV�GDV�ÀJXUDV�PDLV�UHSUHVHQWDWLYDV�GR�3HUX��
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Japonismo. O fascínio da arte japonesa����-XQKR�²����6HWHPEUR���&DL[D�)yUXP��%DUFH-lona, Espanha)
Pela ocasião do ano dual entre Espanha-Ja-pão, os amantes de país do Sol Nascente po-dem aproveitar as exposições centradas na aproximação do país, e da sua cultura, ao grande público. Em Barcelona, no Caixa Fórum, pode-se assistir a uma exposição inteiramente dedicada ao Japonismo, o movimento artístico PXLWR�HP�YRJD�D�ÀQDLV�GR�VpF��;,;��GHGLFDGR�à exaltação do recém-descoberto estilístico mundo Japonês. Em Espanha fundiu-se com a corrente do Modernismo e está presente em numero-sas obras, tão distintas como as de Maria Fortuny, de Joan Miró, dos ilustradores Xaudaró, ou de Baldrich.
No Museo del Prado de Madrid, de 12 de Junho a 6 de Outubro, estarão expostas duas obras procedentes do Museu Seikado Bunko e do 0XVHX�1DFLRQDO�GH� 7RNLR�� %LRPER�FRP�*UXOOD�H�FLHUYR\��SODQWDV�H�ÁRUHV�GDV�TXDWUR�HVWDo}HV�junto a um riacho. Trata-se de dois biombos tra-dicionais de pintura sobre papel de arroz, per-tencente ao período Edo, de total e absoluta clausura do Império do Sol Nascente em rela-ção ao resto do mundo.Aproveitando a pre-sença das obras convidadas serão também exibidas obras de uma selecção de estampas japonesas, propriedade do Prado nunca antes expostas ao público, de um período entre o séc. XVII e XIX. A não perder!
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Backstage NUNO BALTAZAR @ ModaLX TRUST 1 Photo: Artur Cabral