Nascido em 16 de setembro de 1921, embora tenha sido registrado, em 6 de outubro, no bairro
de Inhaúma, José Flores de Jesus, ficou conhecido como Zé Keti . Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o flautista e pianista João
Dionísio Santana, que costumava promover reuniões musicais em sua casa, das quais
participavam nomes famosos da música popular brasileira como Pixinguinha, Cândido (Índio) das Neves, entre outros. Filho de Josué Vale da Cruz, um marinheiro que tocava cavaquinho, cresceu
ouvindo as cantorias do avô e do pai. Após a morte do avô, em 1928, mudou-se para a Rua
Dona Clara. Cantou o samba, as favelas, a malandragem e seus amores.
Em 1955, sua carreira começou a deslanchar quando seu samba "A voz do morro", gravada por
Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez enorme sucesso na trilha do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos. Neste filme, trabalhou também como segundo assistente de câmera e ator. Outro sucesso na anos cinquenta, foi "Leviana", que também foi
incluído no filme "Rio 40 Graus" (1955), de Nelson Pereira dos Santos, diretor com o qual trabalhou também no filme "Rio Zona Norte"
(1957).
Dono de um temperamento tímido, seu pseudônimo veio do apelido de infância "Zé Quieto" ou "Zé Quietinho". No ano de 1962
idealizou o conjunto A Voz do Morro, do qual participou e que ainda contava com Elton
Medeiros, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, José da Cruz,
Oscar Bigode e Nelson Sargento. O grupo lançou três discos.
Em 1964, participou do espetáculo "Opinião", ao lado de João do Vale e Nara Leão, que o levou ao concerto que tornou conhecidas algumas de suas composições, como "Opinião" e "Diz que Fui por Aí" (esta em parceria com Hortênsio Rocha). No
ano seguinte, lançou "Acender as velas", considerada uma de suas melhores
composições. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964; a
letra deste samba possui um impacto forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Nara
Leão, Elis Regina fizeram um enorme sucesso com a gravação desta música.
Também em 1964, gravou pelo selo Rozemblit um compacto simples que tinha a música "Nega
Dina". Nessa mesma época, recebeu o troféu Euterpe como o melhor compositor carioca e,
juntamente com Nelson cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor brasileiro. Com Hildebrando Matos, compôs em 1967 a
marcha-rancho "Máscara Negra", outro grande sucesso, gravada por ele mesmo e também por
Dalva de Oliveira, foi a música vencedora do carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado naquele ano pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som e fazendo grande sucesso
nacional.
Em 1996, lançou o CD "75 Anos de Samba", com participação de Zeca Pagodinho, Monarco,
Wilson Moreira e Cristina Buarque. Este CD foi produzido por Henrique Cazes, com quatro músicas inéditas e vários sucessos antigos.
Nesse mesmo ano, subiu ao palco com Marisa Monte e a Velha Guarda da Portela e interpretou com enorme sucesso alguns clássicos do samba,
como "A voz do morro" e "O mundo é um moinho", de Cartola, entre outros.
Em 1997, recebeu da Portela um troféu em reconhecimento pelo seu trabalho e
participou da gravação do disco Casa da Mãe Joana. Em 1998, ganhou o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de
200 músicas. Nesta noite foi homenageado por muitos músicos da Portela, entre eles,
Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Monarco e a própria Velha Guarda, em show dirigido
por Sérgio Cabral e encenado, em noite única, no Canecão do RJ.
Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. Apresentou-se ao lado da Velha Guarda da Portela e teve várias
músicas regravadas.Aos 78 anos, Zé Keti morreu de falência
múltipla dos órgãos em 1999.