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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
Universidade Estcio de S Campus Nova Amrica
Rio de Janeiro, 25 a 29 de agosto de 2014
ISSN: 1519-8782
CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07
FONTICA, FONOLOGIA, ORTOGRAFIA
E
POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO (2 edio, revista e aumentada)
RIO DE JANEIRO, 2014
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
2 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
UNIVERSIDADE ESTCIO DE S
CAMPUS NOVA AMRICA RIO DE JANEIRO RJ
REITOR
Ronaldo Mota
DIRETOR ACADMICO
Marcos Lemos
VICE-REITOR DE GRADUAO
Vinicius Scarpi
VICE-REITOR DE PESQUISAS
Luciano Medeiros
VICE-REITORA DE EXTENSO
Cipriana Nicolitt C. Paranhos
GERENTE ACADMICA DO NCLEO NORTE
Elisabete Pereira
DIRETOR DO CAMPUS NOVA AMRICA
Natasha Monteiro
GESTOR ACADMICO DO CAMPUS NOVA AMRICA
Luciano Rocha
COORDENADORES ADMINISTRATIVOS DO XVIII CNLF
Andr Lus Soares Smarra
Csar Augusto Lotufo
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
3
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos Boulevard
28 de Setembro, 397/603 Vila Isabel 20.551-185 Rio de Janeiro
RJ
[email protected] (21) 2569-0276
http://www.filologia.org.br
DIRETOR-PRESIDENTE
Jos Pereira da Silva
VICE-DIRETOR
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PRIMEIRA SECRETRIA
Regina Celi Alves da Silva
SEGUNDA SECRETRIA
Anne Caroline de Morais Santos
DIRETOR DE PUBLICAES
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Eduardo Tuffani Monteiro
DIRETORA CULTURAL
Marilene Meira da Costa
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DIRETOR DE RELAES PBLICAS
Antnio Elias Lima Freitas
VICE-DIRETOR DE RELAES PBLICAS
Luiz Braga Benedito
DIRETORA FINANCEIRA
Ilma Nogueira Motta
VICE-DIRETORA FINANCEIRA
Maria Lcia Mexias Simon
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4 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
XVIII CONGRESSO NACIONAL
DE LINGUSTICA E FILOLOGIA de 25 a 29 de agosto de 2014
COORDENAO GERAL
Jos Pereira da Silva
Jos Mario Botelho
Marilene Meira da Costa
Adriano de Souza Dias
COMISSO ORGANIZADORA E EXECUTIVA
Ams Coelho da Silva
Regina Celi Alves da Silva
Anne Caroline de Morais Santos
Antnio Elias Lima Freitas
Eduardo Tuffani Monteiro
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Antnio Elias Lima Freitas
Luiz Braga Benedito
COORDENAO DA COMISSO DE APOIO
Ilma Nogueira Motta
Eliana da Cunha Lopes
COMISSO DE APOIO ESTRATGICO
Marilene Meira da Costa
Jos Mario Botelho
SECRETARIA GERAL
Slvia Avelar Silva
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
5
SUMRIO
0. Apresentao Jos Pereira da Silva
............................................ 08
1. A formao dos professores de letras e literaturas: estudos
sobre li-teraturas africanas e afro-brasileiras Dbora de Souza
Frana,
Cristina da Conceio Silva e Patrcia Luisa Nogueira Rangel ...
10
2. A heterogeneidade nas propostas de ensino sobre a pontuao em
colees didticas de lngua materna Anderson Cristiano da Silva 22
3. A lei e a realidade: a representao da imagem do surdo nos
docu-mentos sobre a proposta de educao inclusiva Vanessa Gomes
Teixeira
.........................................................................................
40
4. Anlise da interlocuo em elementos provocadores do exame oral
CELPE-BRAS Lygia Maria Gonalves Trouche .......................
52
5. Aquisio das lquidas /l/, /r/, // em ataque simples Maritana
Luiza Onzi
.....................................................................................
62
6. As consoantes geminadas: um estudo com base no Almanack
Co-rumbaense Rubens Csar Ferreira Pereira e Nataniel dos Santos
Gomes
...........................................................................................
77
7. Currculo e a formao de professores: uma investigao no curso
de letras Simony Ricci Coelho e Mnica Saad Madeira ............
87
8. Edmodo: novas formas de comunicao e aprendizagem Magn-lia
Ramos Gonalves e Arlinda Canteiro Dorsa ...........................
97
9. Estratgias de reparo utilizadas na substituio de segmento
conso-nantal em portadores da sndrome de moebius: uma anlise
otima-
lista Claudia Sordi
...................................................................
111
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
6 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
10. Interdisciplinaridade e educao Sebastio Reis Teixeira Zanon
e Andressa Teixeira Pedrosa
......................................................... 134
11. Juventude e cibercultura conexes inovadoras no processo de
ensi-no-aprendizagem Eleonora Porto Fernandes Santos ..............
146
12. Lei 10.639/03: reflexes sobre a lei na metodologia
educacional brasileira Ceclia Ramos da Fonseca Ugulino e Jos
Geraldo da
Rocha
..........................................................................................
162
13. Livro didtico e polticas lingusticas: uma reflexo necessria
Monique Teixeira Crisstomo, Sebastio Reis Teixeira Zanon e Eli-
ana Crispim Frana Luquetti
...................................................... 175
14. O conhecimento prvio do aluno da eja em questo: uma anlise
do universo do aluno da eja e seus saberes culturais Ana Lcia
Fari-
as da Silva e Michele Cristine Silva de Sousa
............................ 190
15. O interacionismo sociodiscursivo, os temas transversais e o
Guia do Livro Didtico de Lngua Portuguesa Arisberto Gomes de Souza
205
16. O /R/ em posio de coda silbica no sul De Minas Gerais
Maria-ne Esteves Bieler da Silva
........................................................... 223
17. Os estudos de fontica/fonologia e a prtica de
ensino-aprendiza-gem: um percurso histrico e contemporneo na sala
de aula
Francis Paula Correa Duarte e Thas de Paiva Santos
.............. 249
18. Problematizando os fenmenos fonticos que migram da fala para
a escrita com estudantes de uma escola pblica no municpio de
Mu-
tupe/BA Antonio Mauricio de Andrade Brito, Emanoela Sena
dos Santos e Geisa Borges da Costa
........................................... 258
19. Sncope das proparoxtonas em falantes do municpio de Amargosa
BA Antonio Mauricio de Andrade Brito, Emanoela Sena dos
Santos e Geisa Borges da Costa
................................................. 262
20. A avaliao externa e a identidade docente Marina da Gloria
Per-rucho dos Santos e Idemburgo Pereira Frazo Flix
................. 276
21. A competncia comunicativa intercultural em um ambiente
virtual de aprendizado na perspectiva de uma comunidade docente
indge-
na Joo Otvio Chinem Alexandre Alves e Arlinda Cantero Dorsa
.....................................................................................................
291
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
7
22. A conscincia fonolgica e o uso de poems e nursery rhymes na
aprendizagem de lngua inglesa Naiana Siqueira Galvo ....... 304
23. A morfologia em libras Flancieni Aline R. Ferreira
................ 317
24. Alguns aspectos fonolgicos e morfossintticos do crnico Joo
Bittencourt de Oliveira
................................................................
325
25. Contribuies da fontica e fonologia para o ensino da lngua
por-tuguesa Luciane Zaida Ferreira da Silva Viana, Milsa Duarte
Ramos Vaz e Migul Eugenio Almeida
....................................... 340
26. O ensino da ortografia nas sries iniciais Layssa de Jesus
Alves Duarte e Luiz Roberto Peel Furtado de Oliveira
........................ 356
27. O uso da Internet, o acesso aos gneros textuais digitais e
aos bens culturais paradoxos do letramento digital rica Arago
Montei-
ro e Anna Paula Lemos
...............................................................
369
28. Porque sim no resposta: procura de critrios que orientem o
uso de hfen em compostos Mara Barbosa de Paiva Melo e Flvio de
Aguiar Barbosa
...........................................................................
380
29. Professor, abra sua mente, aluno tambm gente! silenciamento
nas atividades escolares Gilvanei de Oliveira Souza e Andr Luiz
Fa-
ria
................................................................................................
386
30. Tecnologia, linguagem e educao a distncia Simone Regina de
Oliveira Ribeiro e Mrcio Luiz Corra Vilaa
........................... 397
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
8 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
APRESENTAO
Na primeira edio, o Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos
e Lingusticos apresentou-lhe este nmero 07 do volume XVIII dos
Ca-
dernos do CNLF, com dezenove trabalhos sobre os temas Fontica,
Fo-
nologia, Ortografia e Poltica Lingustica e de Ensino, que foram
apre-
sentados no XVIII Congresso Nacional de Lingustica e Filologia
do dia
25 ao dia 29 de agosto deste ano de 2014. Agora, tem o prazer de
lhes
apresentar a segunda edio, revisadaa e aumentada, com 407
pginas.
Na primeira edio, foram publicados os trabalhos dos
seguintes
congressistas (includos tambm os nomes dos orientadores): Ana
Lcia
Farias da Silva, Anderson Cristiano da Silva, Andressa Teixeira
Pedrosa,
Antonio Mauricio de Andrade Brito, Arisberto Gomes de Souza,
Arlinda
Canteiro Dorsa, Ceclia Ramos da Fonseca Ugulino, Claudia Sordi,
Cris-
tina da Conceio Silva, Dbora de Souza Frana, Eleonora Porto
Fer-
nandes Santos, Eliana Crispim Frana Luquetti, Emanoela Sena dos
San-
tos, Francis Paula Correa Duarte, Geisa Borges da Costa, Jos
Geraldo
da Rocha, Lygia Maria Gonalves Trouche, Magnlia Ramos
Gonalves,
Mariane Esteves Bieler da Silva, Maritana Luiza Onzi, Michele
Cristine
Silva de Sousa, Mnica Saad Madeira, Monique Teixeira
Crisstomo,
Nataniel dos Santos Gomes, Patrcia Luisa Nogueira Rangel, Rubens
C-
sar Ferreira Pereira, Sebastio Reis Teixeira Zanon, Simony Ricci
Coe-
lho, Thas de Paiva Santos e Vanessa Gomes Teixeira. Nesta
segunda,
foram acrescentados mais 11 (onze) trabalhos, em ordem alfabtica
dos
ttulos, a partir do ltimo trabalho publicado na edio
anterior.
Dando continuidade ao trabalho dos anos anteriores, estamos
edi-
tando o Livro de Minicursos e Oficinas, o livro de Resumos e o
livro de
Programao em trs suportes, para conforto dos congressistas: em
su-
porte virtual, na pgina http://www.filologia.org.br/xviii_cnlf;
em supor-
te digital, no Almanaque CiFEFiL 2014 (CD-ROM) e em suporte
im-
presso, nos nmeros 1, 2 e 3 do volume XVIII dos Cadernos do
CNLF.
http://www.filologia.org.br/xviii_cnlf
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
9
Todo congressista inscrito nos minicursos e/ou nas oficinas
rece-
bero um exemplar impresso deste livro de Minicursos e Oficinas,
alm
do livro da Programao, sendo possvel tambm adquirir a verso
digi-
tal, desde que pague pela segunda, que est no Almanaque
CiFEFiL
2014.
Os congressistas inscritos com apresentao de trabalho
recebero
tambm um exemplar do livro de resumos, em um de seus suportes
(im-
presso ou digital), com a opo de escolher uma das duas ou
adquirir a
segunda, caso queiram as duas verses.
Junto com o livro de Minicursos e Oficinas, o livro de Resumos
e
o livro de Programao, a primeira edio do Almanaque CiFEFiL
2014
j traz publicados mais de cento e trinta textos completos deste
XVIII
CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA, para que os
con-
gressistas interessados possam levar consigo a edio de seu
texto, no
precisando esperar at final ano, alm de toda a produo do
CiFEFiL
nos anos anteriores.
O Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos e
sua
Diretoria lhe desejam uma boa programao durante esta rica semana
de
convvio acadmico e ficar grato por qualquer sugesto e crtica que
pu-
der nos apresentar para melhoria do atendimento e da qualidade
do even-
to e de suas publicaes.
Rio de Janeiro, dezembro de 2014.
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
10 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
A FORMAO
DOS PROFESSORES DE LETRAS E LITERATURAS:
ESTUDOS SOBRE LITERATURAS AFRICANAS
E AFRO-BRASILEIRAS
Dbora de Souza Frana (UERJ)
[email protected]
Cristina da Conceio Silva (UERJ/UCAM/UNIGRANRIO)
[email protected]
Patrcia Luisa Nogueira Rangel (UNIGRANRIO)
[email protected]
RESUMO
O presente artigo visa abordar aspectos que compreendem a formao
do profes-
sor de letras e literatura, no que se refere aos estudos sobre
literaturas africanas e
afro-brasileiras e as dificuldades da implementao da Lei
10639/03, tendo em vista a
ausncia de disciplinas que considerem a temtica em questo nos
cursos de licencia-
tura plena. Neste contexto, apresentaremos o objetivo do Projeto
A Cor da Cultura,
que visa alcanar a disseminao das culturas africanas e
afro-brasileiras, atravs das
redes de ensino do territrio brasileiro na preparao de material
didtico voltado
temtica tnico racial. Alm de apontarmos como alguns pases
africanos, a exemplo
de Angola, Moambique, Guin Bissau, Cabo Verde e So Tom e
Prncipe, fizeram
da literatura um instrumento de preservao da identidade desses
povos. Outrossim,
traremos tona a importncia da figura dos mais velhos os griots
nestas comunida-
des, que entendem que a tradio oralizada necessria e de suma
importncia para
estabelecer uma relao entre o moderno e o antigo.
Palavras-chaves: Professor. Lei 10639/03. A Cor da Cultura.
Griots
1. Introduo
O presente artigo busca abordar as dificuldades e desafios
referen-
tes formao do docente de letras e literatura para trabalhar a
temtica
africana e afro-brasileira em sala de aula. Cabe ao professor
envolver-se
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
11
seriamente com as questes tnico-raciais, transformando-se em uma
im-
portante ferramenta na luta contra a discriminao e o
racismo.
Salientaremos aspectos que envolvem a obrigatoriedade do
ensino
de histria e cultura afro nas escolas brasileiras, conforme
aponta a Lei
10639/03, bem como a elaborao do currculo escolar brasileiro
que
atende as expectativas polticas. Neste contexto, em que o
currculo apre-
senta tendncias polticas, traremos tona o Projeto A Cor da
Cultura,
que visa valorizar as culturas africanas e afro-brasileiras. O
projeto em
pauta, tambm tem como meta desenvolver material didtico sobre a
te-
mtica africana e afro-brasileira em conformidade com a Lei antes
citada.
Relataremos tambm a importncia da literatura na construo da
identidade do negro africano, bem como da relevncia da oralidade
dos
griots na manuteno das histrias mticas e lendrias dos povos
do
continente africano.
Assim sendo, buscaremos mostrar que a literatura para os
negros
africanos foi um instrumento utilizado para garantir a
identidade nacional
desses povos.
2. Implantao de literaturas afro nos cursos de licenciatura
plena de letras e literatura
Segundo Cruz (2005), uma preocupao que deve estar presente
na prtica docente em relao ao ensino de histria e cultura afro o
de
no reproduzir a ideia de inferioridade dos negros que paira na
sociedade
e que se perpetua por tanto tempo. A educao em si, configura
uma
oportunidade de conhecimento de outras culturas e, a partir
deste conhe-
cimento, a valorizao do diferente.
Cruz (2005) salienta tambm que embora haja a obrigatoriedade
do ensino de histria e cultura afro nas escolas de ensino bsico,
na prti-
ca, a realidade outra, e as maiorias dos professores no
trabalham a te-
mtica. Muitas vezes, por falta de conhecimento sobre
assunto.
O autor ainda afirma que h equipes de formao em algumas se-
cretarias de educao que desconhecem o contedo das Diretrizes
Curri-
culares Nacionais para a Educao das Relaes tnico-Raciais e
para
o Ensino de Histria e Cultura Afro-brasileira e Africana e que
tais fal-
tas de conhecimento acerca da temtica dificultam a disseminao da
Lei
10639/03.
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
12 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
As dificuldades no param por a, por vezes identificamos no
inte-
rior da sala de aula, a relutncia dos professores em admitir a
existncia
do racismo, o que confirmado em sua prtica de inferiorizao do
negro
de forma consciente ou no.
No que se refere implantao e implementao da literatura afri-
cana nos cursos de letras do Rio de Janeiro, embora a
Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro tenha sido pioneira nos estudos literrios
africanos,
tendo implementado, em 1993, disciplinas de literatura africanas
na gra-
duao e oferecendo, desde 1996, o curso de especializao em
literatura
africana na Faculdade de Letras, apenas em novembro de 2007 foi
criada,
durante o III Encontro de Literatura Africana na Faculdade de
Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Associao
Brasileira
de Estudos Africanos.
Entretanto, todas as instituies de ensino superior que
oferecem
o curso de letras devem adequar seus currculos para a preparao
dos
profissionais de educao em conformidade com a Lei n
10.639/2003,
que estabelece o ensino de histria e de cultura afro-brasileira
e africana.
Para Galves (2006), as caractersticas que unem
linguisticamente
os povos africanos e brasileiros so encontradas em maior profuso
na li-
teratura, em que se observa o uso da linguagem coloquial,
sobretudo na
fala das personagens, de forma que as colnias de Portugal passam
a ter
uma nova abordagem lingustica no idioma falado.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das Rela-
es tnico-Raciais e para o Ensino de Histria e Cultura
Afro-brasileira
e Africana afirmam que A obrigatoriedade de incluso de histria e
cul-
tura afro-brasileira e africana nos currculos da educao bsica
trata-se
de deciso poltica, com fortes repercusses pedaggicas, inclusive
na
formao de professores. (BRASIL, 2004, p. 17)
A escolha do currculo possui uma motivao poltica e que se
constitui em uma ferramenta importante e fundamental para a
insero de
valores no ambiente escolar e de desmistificao de pensamentos
ultra-
passados e preconceituosos. Portanto, imprescindvel a presena
dos
elementos culturais de origem africana no currculo e sua escolha
deve
ser feita de forma a enriquecer o cotidiano e aprendizagem do
aluno ne-
gro e no negro, de forma a estreitar laos e colaborar para a
propagao
do respeito.
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
13
Neste sentido, no contexto educacional brasileiro, temos
projetos,
literaturas infantis e literaturas clssicas que podem ser
instrumentos de
valorizao da cultura afro-brasileira. E tais instrumentos podem
ser uti-
lizados nos currculos educacionais, desde a educao infantil at o
ensi-
no superior, de forma a fazer valer o que preconiza a Lei
10639/03.
3. Brasilidade no Projeto A Cor da Cultura
O Projeto A Cor da Cultura foi criado em 2004 e tem por
obje-
tivo a valorizao da cultura afro-brasileira na preparao de
material di-
dtico voltado temtica tnico-racial. O mesmo foi elaborado a
partir
das parcerias entre o Canal Futura, a Petrobras, o CIDAN (Centro
de In-
formao e Documentao do Artista Negro), a TV Globo e a SEPPIR
(Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade
Racial).
Tais parcerias tm como finalidade nortear o trabalho
realizado,
no intuito de reconhecimento e produo do material didtico que
aborde
a cultura afro. Este material considerado como marco conceitual
no que
se refere disseminao da cultura afro-brasileira.
Segundo SantAnna (2005), a necessidade de questionar as
rela-
es tnico-raciais, baseadas em preconceitos que desqualifica a
figura
do negro e que valoriza esteretipos depreciativos frente aos
grupos tni-
cos de origem africana, necessita ser abordado nos espaos
escolares.
Alm de trazer em pauta as palavras e atitudes que, de forma
velada ou
explcita, expressam sentimentos de superioridade em relao ao
negro.
Estas atitudes revelam um pensamento caracterstico de sociedades
hie-
rrquicas e desiguais, e que devem ser pensadas na luta a favor
da igual-
dade racial.
Outro ponto a ser pensado, aponta SantAnna (2005), a valori-
zao, divulgao e respeito dos processos histricos referentes
resis-
tncia negra, que foram vivenciados pelos africanos escravizados
no Bra-
sil e por seus descendentes na contemporaneidade, partindo das
formas
individuais at as coletivas. Alm disso, deve-se salientar a
exigncia da
valorizao e do respeito em relao s pessoas negras, bem como
sua
origem, sua cultura e histria. Buscando, a partir disso,
compreender suas
lutas e valores, de forma a se colocar no lugar do outro para
que possa-
mos ser sensveis ao seu sofrimento.
Assim sendo, deve-se evitar qualquer forma de desqualificao,
ridicularizaro e menosprezo por conta da origem, cor da pele,
textura
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
14 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
capilar, religio, dentre outras caractersticas apresentada pelos
afro-
brasileiros.
SantAnna (2005) observa que um ponto que chama ateno no
teor do Projeto A Cor da Cultura a crtica acerca da tendncia de
se
perceber a cultura africana e afro-brasileira de forma
folclorizada e ro-
mantizada. Esta tendncia, atrelada a um racismo velado,
desqualifica a
identidade cultural do negro.
O Projeto A Cor da Cultura, relata SantAnna (2005), possui
dois grandes componentes para o seu desenvolvimento nos espaos
esco-
lares: a produo do material audiovisual e a formao dos
professores.
O intuito do projeto o de sanar e superar a fragmentao do
conheci-
mento sobre a histria e cultura africana e afro-brasileira.
O projeto em questo aponta que a formao da cultura
brasileira
recebeu contribuio dos bantos, dos sudaneses e dos sudaneses
islami-
zados, o que assegura esta fragmentao quando falamos de cultura
afro-
-brasileira. Explica que os bantos so compostos por angolas,
con-
gos, cambindas, bengelas oriundos das regies de Angola e
Con-
go e moambique da regio de Moambique.
Quanto aos sudaneses, esses englobam iorubas (nags) oriun-
dos da Nigria; os damenanos (jejs) oriundos do Daom, atual
Be-
nin; os fanto-axantis (minas) oriundos da Costa do Ouro, atual
Gana.
E entre os sudaneses islamizados destacam-se hauas oriundos da
re-
gio norte da Nigria; os peuls (fulas) oriundos da regio norte
da
frica, abrangendo das costas atlnticas ao lago Tchad e incluindo
a re-
gio da Guin Bissau; os mandingas (mali) oriundos das regies
acima da Serra Leoa; e os tapas (nup), tambm da regio norte da
Ni-
gria. Cada um destes grupos possua caractersticas culturais
prprias e
distintas e trouxe suas culturas para o Brasil, atravs do
processo de es-
cravido, fato que provocou a dispora brasileira.
Segundo SantAnna (2005), outra preocupao dos intelectuais,
que abordam a negritude, o de estabelecer cinco reas temticas
para
concentrar suas observaes e crticas acerca do preconceito. E
nesta
conjuntura, so abordados os temas: educao, meios de
comunicao,
trabalho, direitos humanos e organizao social.
No que tange a educao, o Projeto A Cor da Cultura d maior
nfase a esta temtica, destacando as dimenses relacionadas ao
acesso, a
permanncia e o contedo para ampliar o horizonte dos discentes. O
pro-
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
15
jeto indica que a Lei 10.639/03 se revela como uma resposta s
reflexes
dos pesquisadores e ativistas das casas negras em relao formao
e
educao dos brasileiros.
Em suma, o Projeto A Cor da Cultura um projeto que valoriza
e dissemina conhecimentos sobre a cultura afro, mas que,
sobretudo,
abrange a cultura brasileira, pois busca refletir a construo
desta cultura
a partir da participao de todos os seus sujeitos sociais.
4. A literatura sob ponto de vista africano
Segundo Secco (2000), nos espaos geogrficos que compreen-
dem Angola, Moambique, Guin Bissau, Cabo-verde e So Tom e
Prncipe, a influncia da literatura brasileira tem sido difundida
atravs
de literaturas, seriados e telenovelas de adaptao literria e de
grande
aceitao por parte da populao.
Os aspectos do romantismo brasileiro, como o nacionalismo se
encontram presentes em poesias africanas, bem como
caractersticas do
modernismo do Brasil. Percebe-se que existe uma real identificao
entre
estes povos que sofreram o processo de colonizao por parte dos
portu-
gueses e que, em momentos plurais, dialogam do ponto de vista
literrio.
A literatura, presente nestes pases, revelou-se como uma
grande
fora motriz no processo de luta pela independncia nacional,
tendo em
vista que estes escritos literrios provocaram, nestas populaes
dos con-
tinentes americano e africano, sentimentos e anseios ideolgicos
comuns,
em virtude da relao da vigilncia que os africanos e
afro-brasileiros fo-
ram submetidos durante sculos. As Diretrizes Curriculares
Nacionais e
A Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de Histria
e
Cultura Afro-Brasileira e Africana asseguram que:
Precisa o Brasil, pas multitnico e pluricultural, de organizaes
escola-
res em que todos se vejam includos, em que lhes sejam garantidos
o direito de aprender e de ampliar conhecimentos, sem ser obrigados
a negar a si mesmo,
ao grupo tnico/racial a que pertencem e a adotar costumes,
ideias e compor-
tamentos que lhes so adversos. (BRASIL, 2006, p. 18).
De acordo com B (1993), a palavra muito importante na tradi-
o africana. Antes a palavra falada constitua e preservava a
literatura
oral. Hoje a palavra escrita contribui para a literatura criada
e pensada
nos idiomas dos colonizadores do continente africano. Embora
seja de
grande relevncia a produo literria moderna na frica, vamos nos
ater
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Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
16 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
literatura oralizada e que tanto ressaltou a figura do griot,
contador de
histrias, escolhido desde a infncia para conhecer toda a histria
de seu
povo e outras histrias que pudessem ser transmitidas aos outros.
Era
uma figura muito importante, pois, quando contava histrias em
uma al-
deia, todos se reuniam ao seu redor.
Kabwasa (1982, p. 20) observa que a velhice tambm uma fase
da vida bastante valorizada pelos africanos. Eles acreditavam
que a ve-
lhice uma etapa da existncia humana a que todos aspiram, pois a
cren-
a na sobrevivncia, na continuidade da vida e no culto dos
antepassados
privilegia os ancios, que so o vnculo entre os vivos e os
mortos. Por-
tanto, um griot idoso, que teve uma vida inteira para aprender
as hist-
rias, visto como uma verdadeira biblioteca.
Amandou Hampt B, escritor, historiador e filsofo mals, um
grande nome, quando falamos sobre a tradio oral africana. Ele
conside-
ra a palavra kuma como o prprio instrumento de criao. O
escritor
assegura que uma vez que a palavra a exteriorizao das vibraes
das
foras, toda manifestao de fora, no importa em que forma, ser
con-
siderada sua palavra. Por isso no universo tudo fala, tudo
palavra que
tomou corpo e forma. (B, 1993, p. 16)
B (1993) compara o trabalho de Maa Ngala (o deus criador) em
sua criao do universo com o trabalho dos artesos, principalmente
do
ferreiro Senhor do Fogo e uma mtica figura para os africanos.
Essa
figura, constituindo-se em uma espcie de mago ambos, tanto o
arteso
quanto Maa Ngala, utilizam a palavra em seu processo de
criao.
Apesar da valorizao da tradio oralizada ser to necessria,
de suma importncia que se consiga estabelecer uma relao entre o
mo-
derno e o antigo. A aceitao do novo, no caso da tradio africana,
a
aceitao da escrita, no deve ser vista como uma forma de esquecer
suas
razes, mas de lanar mo de mais um instrumento de auxlio na
perpetu-
ao e disseminao de sua literatura. Mia Couto (2005), escritor
mo-
ambicano afirma:
Defensores da pureza africana multiplicam esforos para encontrar
essa
essncia. Alguns vo garimpando no passado. Outros tentam
localizar o auten-ticamente africano na tradio rural. Como se a
modernidade que os africanos
esto inventando nas zonas urbanas no fosse ela prpria igualmente
africana.
Essa viso restrita e restritiva do que genuno , possivelmente,
uma das principais causas para explicar a desconfiana com que
olhada a literatura
produzida em frica. A literatura est ao lado da modernidade. E
ns perde-
mos identidade se atravessarmos a fronteira do tradicional: isso
que diz os
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
17
preconceitos dos caadores da virgindade tnica e racial. (MIA
COUTO, 2005, p. 45)
Logo, podemos observar, nestes apontamentos, as inmeras pos-
sibilidades de anlise no contexto que envolve o universo das
palavras.
Assim sendo, beber das fontes de africanidade no algo que se
conse-
gue apenas no mbito da pesquisa cientfica, pode ser tambm isso,
po-
rm, compreendemos que vai alm do aspecto cientifico.
especialmen-
te, reeducar-se para redimensionar valores, reconhecer e
assimilar novas
concepes de vida, de prticas solidrias, de jeitos de estar no
mundo,
de modos de gestar, explicar e dirigir a vida.
A partir da Lei 10.639/03, tm ocorrido esforos no sentido de
adequar o currculo da educao bsica, a fim de promover a
valorizao
e conhecimento do negro, sua histria e cultura. Sabemos,
entretanto, que
a implementao de polticas de igualdade racial no se d de forma
ime-
diata, sem que haja uma mobilizao para a erradicao do racismo
em
seus diversos contextos sociais, inclusive na escola.
O preparo de professores e a disponibilizao de materiais
didti-
cos voltados temtica so de suma importncia para este
processo.
Pouco a pouco, os programas como A Cor da Cultura tm
influenciado
e transformado o quadro de estagnao que vivemos ao se tratar de
co-
nhecimento sobre nossas origens africanas.
No Projeto A Cor da Cultura, podemos encontrar muitas perso-
nagens e momentos histricos do negro no Brasil, que poderiam
ser
abordados em sala de aula, restaurando a autoestima dos alunos
afrodes-
cendentes. Heris e figuras da historiografia afro-brasileira,
que fizeram
histria, so retratados de formas diferentes, com pouca ateno aos
seus
feitos ou, muitas vezes, nem so retratados nas aulas. A nfase na
histria
do negro, infelizmente, recai sobre o perodo da escravido, o que
ajuda a
reforar a imagem do negro subjugado e inferior na sociedade.
Com a Lei 10.639/03, o ensino da histria e cultura africana
e
afro-brasileira passou a ser obrigatrio. Entretanto,
infelizmente, obser-
vamos polticas que preenchem o currculo sem dar a devida ateno
a
esta questo no espao escola.
A promoo de comemoraes nos dias 13 de maio e 20 de no-
vembro no asseguram um efetivo debate sobre a importncia da
consci-
ncia negra. Para isso, necessrio que seu contedo seja trabalhado
ao
longo de todo um ano letivo e de diferentes formas. O contedo de
hist-
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
18 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
ria e cultura afro pode ser trabalhado sobre o prisma de
diferentes mat-
rias, promovendo uma interdisciplinaridade muito interessante a
todos.
Ao utilizarmos o material do Projeto A Cor da Cultura, entre
outros materiais como histrias africanas, contos orais de nosso
folclore e
acervo literrio, que hoje disponibilizado para tratar do tema da
negri-
tude entre os alunos do ensino fundamental e da educao infantil
e s-
ries iniciais, abrimos uma porta para um novo olhar sobre a
questo do
racismo. Promovemos a desmistificao da imagem do negro como
mar-
ginal. Desta forma, tanto podemos aumenta a autoestima e a
capacidade
da criana negra de se perceber como agente construtor de sua
cultura e
identidade, como, tambm, formar em nosso aluno no-negro um
senso
crtico e capacidade de lidar com as diferenas.
Outra questo para qual este trabalho chama a ateno, quanto
formao do professor, que ter contato com o aluno de diferentes
ori-
gens e vivncias. Origens tais, de cunho social, econmico,
religioso,
cultural, etc. que acabaro por interagir com o currculo escolar
e influ-
enciar no processo de ensino-aprendizagem. Trata-se do currculo
oculto
que, embora no percebido to facilmente, age de forma categrica
e
precisa em sala de aula, mesmo para a perpetuao ou erradicao do
ra-
cismo.
um trabalho rduo a desmistificao de um pr-conceito. Nas
palavras de Albert Einstein, Triste poca! mais fcil desintegrar
um
tomo do que um preconceito. Entretanto no podemos esmorecer,
apenas o comeo. Afinal de contas, a escravido no Brasil foi
abolida a
pouco mais de um sculo, sem contar a falta de apoio e
infraestrutura pa-
ra o amparo desse ex-escravo, o que acarreta em problemas
sociais e mo-
rais dos quais os negros carregam at hoje, entre eles, o estigma
do ra-
cismo.
com base nas perspectivas abordadas neste trabalho que com-
preendemos a suma importncia da temtica apresentada para que
pos-
samos travar uma discusso nos espaos acadmicos, especialmente
nos
cursos de formao e professores, acerca das questes tnicas de
cunho
afrodescendente. Assim sendo, compreendemos que pesquisas desta
na-
tureza venham contribuir com aspectos que compreendem a Lei
10639/03.
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
19
5. Consideraes finais
No que se refere a discusses acerca da diversidade,
entendemos
que os espaos educacionais so onde se dissemina novos conceitos
e
desmistifica preconceitos, sejam eles de cunho de gnero, tnico,
cultural
ou social.
Logo, o que pretendemos mostrar com as abordagens deste
artigo
que os profissionais de educao, atravs dos espaos acadmicos,
tm
um papel fundamental na incluso das culturas dos grupos menos
favore-
cidos. Outrossim, que tais aspectos podem se dar atravs de
literaturas
produzidas por aqueles que vivenciam ou vivenciaram influncias
eu-
rocntricas. Essas influncias negaram a existncia das produes
soci-
ais, culturais e histricas das massas afrodescendentes e
africanas nos
continentes africanos e americanos.
Neste sentido, evidenciamos as contribuies da oralidade dos
povos africanos e do Projeto A Cor da Cultura, que busca
ressaltar a
cultura afro-brasileira atravs de literaturas e que mostram
esses povos
excludos como produtores de cultura para a nao brasileira atravs
de
escritos literrios.
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
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22 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
A HETEROGENEIDADE
NAS PROPOSTAS DE ENSINO SOBRE A PONTUAO
EM COLEES DIDTICAS DE LNGUA MATERNA
Anderson Cristiano da Silva (PUC-SP)
[email protected]
RESUMO
Este trabalho analisa as abordagens didticas sobre os sinais de
pontuao
encontradas nos volumes do 6 ao 9 ano de duas colees: Portugus:
Uma Proposta
para o Letramento, de Magda Soares, e Portugus: Linguagens, de
William Roberto
Cereja e Thereza Cochar Magalhes. A motivao para a pesquisa
surgiu da preocu-
pao que temos sobre como os sinais de pontuao so abordados nos
livros didticos
de portugus do ensino fundamental. Dessa forma, esta investigao
justifica-se pela
necessidade de refletirmos a respeito do assunto, revelando-se
uma forma de questio-
nar as abordagens em uso, permitindo novos olhares sobre a
temtica, cujos resulta-
dos possam contribuir para expanso do assunto no campo dos
estudos da linguagem.
Para alicerar nossas anlises, a pesquisa tem como arcabouo
terico as contribui-
es da anlise dialgica do discurso, tendo como aporte alguns
conceitos-chave de-
senvolvidos por Bakhtin e o Crculo, tais como: enunciado,
dilogo, dialogismo e rela-
es dialgicas. Da perspectiva metodolgica, foram propostos dois
eixos. No eixo te-
rico, apresentamos o estado do conhecimento sobre a temtica da
pontuao por meio
da busca em produes acadmicas brasileiras nas ltimas dcadas. Em
uma segunda
etapa, estruturou-se a descrio do contexto de pesquisa, coleta e
delimitao do cor-
pus. No eixo prtico, objetivamos a anlise enunciativo-discursiva
das abordagens di-
dticas sobre o emprego da pontuao nas duas coletneas elencadas,
bem como a re-
flexo contrastiva dos dados. Em nossas consideraes finais, os
resultados apontaram
diferenas considerveis na abordagem sobre a pontuao entre as
duas colees, das
quais destacamos a distribuio heterognea do contedo em anos
distintos, bem como
nfase apenas na modalidade oral ou dimenso escrita para abordar
o assunto aos
educandos.
Palavras-chave: Sinais de pontuao. Livro didtico. Anlise
dialgica do discurso.
mailto:[email protected]
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
23
1. Introduo
Esta pesquisa tem como objetivo geral problematizar a
maneira
como a pontuao apresentada nos livros didticos de lngua
portugue-
sa para o ensino fundamental aprovados pelo governo por meio do
Pro-
grama Nacional do Livro Didtico PNLD (2011/2013). Dessa
forma,
objetivamos especificamente analisar as atividades que abordam a
pontu-
ao (parte terica e exerccios) nos volumes do 6 ao 9 ano de duas
co-
lees didticas: Portugus: Uma Proposta para o Letramento, de
Mag-
da Soares, e tambm a coleo Portugus: Linguagens de William
Ro-
berto Cereja e Thereza Cochar Magalhes.
A motivao para esta pesquisa surgiu da preocupao sobre co-
mo os sinais de pontuao so abordados nos atuais livros didticos
do
ensino fundamental (anos finais) distribudos nas escolas pblicas
por
meio do Programa Nacional do Livro Didtico (BRASIL, 2010).
Acredi-
tamos que a reflexo a respeito desse assunto seja pertinente
para o apri-
moramento das prticas de ensino, revelando-se uma forma de
questionar
as propostas sobre o ensino da pontuao em voga.
Na realidade da educao brasileira, por diversos fatores j
conhe-
cidos (como a expanso quantitativa do ensino superior), uma
grande
parcela dos cursos de licenciatura acaba formando profissionais
com no-
es superficiais sobre contedos importantes para o ofcio docente
em
suas respectivas disciplinas, o que chamamos ateno em nosso
trabalho
para o ensino da pontuao, no caso de professores de lngua
materna.
Dessa maneira, esses professores, por no terem um conhecimento
apro-
fundado e domnio sobre o contedo, acabam se pautando
unicamente
pelas recomendaes dos livros didticos, deixando de ter uma viso
cr-
tica das possveis falhas que as colees didticas apresentam sobre
de-
terminado assunto e que no conseguem dar conta. Sendo assim,
obser-
va-se que muitos professores utilizam os livros didticos como
nica es-
tratgia de ensino, sem nenhum tipo de complementao para as
lacunas
deixadas por esses materiais.
Com efeito, os educandos geralmente percebem nuanas de ento-
aes na fala, conseguindo assim distinguir os efeitos de sentido
a partir
das pausas na oralidade. No entanto, isso deixa de ocorrer na
transposi-
o para a escrita, uma vez que ao longo do processo de
aprendizagem
sobre os sinais de pontuao, percebem-se falhas no ensino desse
conte-
do. De um lado h um sistema movido pela expressividade
instantnea
da interao face a face, de outro, uma organizao pautada pela
lgica
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
24 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
da organizao sinttica dos perodos. Assim, percebe-se que h
duas
formas de aplicao da pontuao: uma pautada pela oralidade
expressi-
va que transcende a norma gramatical e a outra regida por regras
sistema-
tizadas.
Dado o espao delimitativo para expor as ideias centrais da
nossa
pesquisa, organizamos este texto completo da seguinte forma: a)
explici-
tao resumida da fundamentao terico, que tem como base a
anlise
dialgica do discurso, pautada nos escritos do Crculo
Bakhtiniano; b)
apresentao metodolgica da investigao; c) descrio completa do
corpus selecionado; d) consideraes finais.
2. Fundamentao terica resumida
Ao vislumbrarmos a problematizao do ensino tradicional da
lngua materna, mais especificamente as propostas de ensino sobre
a pon-
tuao encontradas nos materiais didticos distribudos para as
escolas
pblicas por meio do PNLD (BRASIL, 2010), apoiamo-nos nas ideias
de
Faraco e Castro (2000) sobre as fragilidades das abordagens
prescritivo-
normativas, as quais tm sido objeto de interesse no s da
lingustica,
mas tambm de especialistas das mais diversas reas.
Dentro desse contexto, percebe-se que sempre houve uma
preocu-
pao mais com o aspecto prtico do que com o terico em relao a
essa
problemtica. Por outro lado, Faraco e Castro (2000) defendem a
ideia de
uma teoria lingustica que fundamente o ensino de lngua materna a
partir
do arcabouo terico desenvolvido pelo Crculo Bakhtiniano,
propondo
uma articulao entre o conceito de enunciado e a prtica de ensino
de
lngua materna.
Partindo de alguns textos de referncia do Crculo, como
Marxis-
mo e Filosofia da Linguagem (1999) e Problemas da Potica de
Dostoi-
vski (2010), observa-se a discusso sobre questes fundamentais a
res-
peito da lngua. Em confluncia com tais questes, tambm no artigo
Di-
alogic Origin and Dialogic Pedagogy of Grammar (Stylistics in
Tea-
ching Russian Language) (2004), perceber-se um apoio metodolgico
a
partir da ideia esboada por um Bakhtin professor, quando esse
escreveu
sobre os problemas do ensino da gramtica nas escolas secundrias,
na
Rssia de seu tempo. Muito embora essas discusses tenham sido
engen-
dradas h dcadas, parecem mais atuais do que nunca, uma vez que
nos
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
25
trazem a reflexo sobre algo to contemporneo que o repensar o
ensi-
no tradicional da lngua materna.
Com efeito, as ideias de Mikhail Bakhtin influenciaram a
concep-
o de lngua nas ltimas dcadas do sculo XX e hoje so
consideradas
precursoras de uma nova abordagem terica, a anlise dialgica do
dis-
curso, fundamentada no princpio dialgico da linguagem. Alm
disso, as
contribuies bakhtinianas vieram proporcionar uma nova maneira de
fa-
zer pesquisa nas cincias humanas (AMORIM, 2004), pois no
desvincu-
lam o pesquisador desse processo, tampouco a relao entre os
(inter) lo-
cutores do discurso.
A partir de uma maneira especfica de entender a linguagem,
te-
mos como fundamento terico-metodolgico a anlise dialgica do
dis-
curso, cujo objeto de investigao so os enunciados. Ao
apresentarmos
o arcabouo terico dessa pesquisa, elencaremos alguns conceitos
que
subsidiaro nossas anlises. Nesse sentido, a anlise dialgica que
propo-
remos pautar-se- basicamente nos conceitos de: enunciado
concreto, di-
logo, dialogismo e relaes dialgicas, alm de outros exigidos
pela
anlise do corpus, que possam corroborar em nossas discusses.
Mesmo tendo a percepo das caractersticas comuns que os ma-
teriais didticos possuem e que esses tambm trabalham quase
sempre
com os mesmos contedos, cada coleo acaba se diferenciando pelo
en-
foque dos autores, constituindo assim seu estilo a partir da
relao com
os interlocutores (editores, professores e alunos). Desse modo,
problema-
tizaremos a abordagem didtica sobre o contedo da pontuao em
cada
volume das colees, tentando esmiuar as singularidades desses
materi-
ais. Considerando que o corpus constitudo por livros didticos de
ln-
gua materna, tomamos esses como enunciados concretos, dessa
forma,
neste trabalho a perspectiva terica adotada partir da concepo
bakhti-
niana que concebe o conceito de enunciado (BAKHTIN, 2003,
2010;
VOLOSHINOV, 1993) como unidades reais de comunicao, sendo
con-
sideradas eventos irrepetveis, com juzos de valor e emoes, alm
de
possuir um acabamento especfico que permite respostas.
3. Perspectiva metodolgica
Para compor o corpus, partiu-se dos seguintes
questionamentos:
(1) Como as abordagens didticas sobre o emprego da pontuao se
arti-
culam formao de leitores e produtores de textos nas obras
didticas
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
26 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
analisadas, conforme orientaes dos documentos oficiais? (2)
Quais en-
caminhamentos terico-metodolgicos so oferecidos pelas colees
quanto ao uso dos sinais de pontuao nos anos finais do ensino
funda-
mental?
Com um total de 16 de colees aprovadas pelo Programa Nacio-
nal do Livro Didtico (trinio 2011-2013), restringimos nosso
corpus pa-
ra duas colees, fazendo um estudo por amostragem no qual
pudsse-
mos fazer uma investigao de cunho dialgico e tambm para que
hou-
vesse um aprofundamento na qualidade de nossas anlises.
Ratifica-se a
eleio do corpus por serem trabalhos reconhecidos e respeitados
pela
sociedade, dentro do mbito escolar, alm disso, as obras
apresentam
abordagens terico-metodolgicas diferentes, apresentando distines
re-
levantes quanto ao trabalho com a anlise lingustica, fato que
exige uma
investigao contrastiva minuciosa.
Dessa maneira, a compatibilidade entre o quadro terico e a
me-
todologia ser alcanada mediante o estudo e anlise dialgica da
abor-
dagem didtica sobre o emprego dos sinais de pontuao nas
colees
(EF II) Portugus: Uma Proposta para o Letramento, de Magda
Soares,
e Portugus: Linguagens, de William Roberto Cereja e Thereza
Cochar
Magalhes.
O corpus foi coletado a partir de dois procedimentos: (1)
levan-
tamento, anlise e recorte das obras no Guia do PNLD (2010); (2)
digita-
lizaes das atividades didticas sobre a pontuao selecionadas. Os
li-
vros didticos sero analisados a partir de elementos
caracterizadores da
obra: ttulo, capa, autores, editora, edio; identificadores da
obra: prefcio,
referncias bibliogrficas; descrio do sumrio; identificao das
teorias
lingusticas apresentadas e da proposta de ensino. Ademais, tambm
sero
considerados outros aspectos: descrio e anlise do manual do
profes-
sor, macroestrutura da obra (sumrio); identificao das teorias
lingusti-
cas; descrio e anlise das atividades didticas destinadas ao
estudo da
pontuao; identificao e descrio das relaes entre os livros
didticos
de portugus e os documentos oficiais.
Tais critrios de anlise correspondem ao mtodo dialgico que,
primeiramente, verifica/analisa a totalidade do enunciado, para
especificar
os elementos que o compem, sem ignorar esse todo. Por esse
motivo, re-
cuperar elementos caracterizadores e a macroestrutura da obra
fundamen-
tal.
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
27
4. O contedo da pontuao nas colees aprovadas
Observando todas as 16 colees selecionadas, percebe-se que o
contedo da pontuao no foi distribudo de maneira uniforme,
sendo
que em apenas 5 colees, o contedo estava presente em todos os
quatro
volumes didticos (6 ao 9 ano). De outra maneira, as demais
colees
que foram selecionadas pelo Programa Nacional do Livro Didtico
estru-
turaram a temtica da pontuao de modo heterogneo, colocando
em
um, dois e/ou at trs volumes, podendo estar presentes no incio
(6 e 7
ano) ou no final (8 e 9 ano).
COLEO 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano
1 A aventura da linguagem X X X X
2 Dilogo
3 Lngua Portuguesa Linguagem e Interao
X X X
4 Linguagem: criao e interao X X X X
5 Para ler o mundo Lngua Portuguesa X X
6 Para viver juntos Portugus
7 Portugus a arte da palavra X
8 Portugus Ideas & Linguagens X X X X
9 Portugus:
uma proposta para o letramento X X
10 Portugus: linguagens X
11 Projeto Eco Lngua Portuguesa X X X X
12 Projeto Radix Portugus X
13 Trabalhando com a linguagem X X X X
14 Trajetrias da palavra
lngua portuguesa X X X
15 Tudo linguagem X X
16 Viva Portugus X X X
Tabela 1: O contedo da pontuao trabalhado nos volumes das colees
escolhidas
Pelo que percebemos na tabela, essa particularidade descrita
sobre
os sinais de pontuao nos volumes didticos levanta outras questes
so-
bre as quais tentaremos refletir no decorrer da nossa tese em
andamento:
Quais sinais de pontuao foram privilegiados em cada volume
didtico
do corpus elencado? A distribuio do contedo nas colees possui
al-
gum tipo de coero ou fica a critrio dos autores? Essa distribuio
in-
fluenciou o engendramento das abordagens didticas sobre a
pontuao
nos livros destinados aos alunos dos anos finais?
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
28 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
5. Descrio das colees
5.1. Coleo 1 Portugus: linguagens
Figura 1: Capas dos volumes do 6 ao 9 ano, coleo Portugus:
linguagens
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
29
Sobre as capas dos volumes que compem a coleo, v-se uma
cor predominante para cada ano: amarelo (6 ano), roxo (7 ano),
verde
(8 ano), azul (9 ano). Em termos gerais, no plano superior
centralizado
encontram-se os nomes dos dois autores da coleo. Logo aps,
vemos
em destaque o nome do livro seguido do ano/srie para o qual o
volume
foi destinado. Na parte inferior centralizado, observa-se o
smbolo e o
nome da editora. Alm das cores predominantes para cada volume,
h
tambm outros elementos visuais que compem a capa. Observa-se a
in-
sero de alguns desenhos, ilustraes e fotografias que fazem parte
das
unidades didticas.
Quanto aos autores da coleo, William Roberto Cereja profes-
sor graduado em portugus e lingustica e licenciado em portugus
pela
Universidade de So Paulo, mestre em teoria literria pela
Universidade
de So Paulo e doutor em lingustica aplicada e estudos da
linguagem pe-
la PUC-SP. Thereza Cochar Magalhes professora graduada em
portu-
gus/francs e licenciada pela FFCL de Araraquara SP, mestra em
es-
tudos literrios pela UNESP de Araraquara e professora da rede
pblica
de ensino em Araraquara SP. Alm dos professores que do
autoria
coleo, houve o trabalho de diversos ilustradores que ajudam a
compor
os quatro volumes: Avelino Guedes, Eliana Delarissa, Elizabeth
Teixeira,
Evandro Luiz, Marcelo Martins, Mariangela Haddad, Patrcia Lima,
Ri-
cardo Dantas.
No processo de editorao dos livros, houve diversos outros
cola-
boradores envolvidos que fazem parte da editora e so essenciais
para a
concretizao da coleo, na qual elencamos a participao de
vrios
profissionais e setores: gerente editorial, editor, editora
assistente, auxili-
ar de servios editorais, preparao de texto, reviso, pesquisa
iconogr-
fica, licenciamento de textos, gerente de arte, supervisor de
arte, assisten-
te de produo, diagramao, coordenao eletrnico. Ademais, houve
os
profissionais envolvidos no projeto grfico, capa e imagem de
capa. To-
dos esses profissionais envolvidos so oriundos da editora
responsvel
pela publicao e divulgao da coleo, sendo no caso do nosso
corpus,
a Atual Editora. Essa editora uma das que compe o Grupo Saraiva
que
tambm possui outras empresas como Editora Saraiva, tico Sistema
de
Ensino, Agora Sistema de Ensino, Benvir, Formato e Caramelo.
O Grupo Saraiva est h quase 100 anos no mercado brasileiro e
desponta como liderana no mercado editorial reunindo duas
principais
empresas: a Editora Saraiva e a Livraria Saraiva. Segundo
informaes
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
30 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
disponibilizadas no site oficial a empresa1, a editora uma das
principais
empresas no ranking do mercado de livros didticos e paradidticos
para
ensinos fundamental e mdio, alm disso, a Livraria Saraiva
destaca-se
como a rede de maior faturamento no Brasil. Dentre os diversos
setores
em que o grupo atua, o segmento de livros didticos um dos mais
im-
portantes, pois os selos Editora Saraiva e Atual Editora foram
respons-
veis por uma expressiva participao no Programa Nacional do
Livro
Didtico 2011, fornecendo suas colees para centenas de escolas
pbli-
cas brasileiras. Dentro desse contexto, para que as colees dessa
editora
fossem aceitas foi preciso engendrar um material que atendesse s
exi-
gncias mnimas propostas pelos documentos oficiais, tais como:
Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Parmetros Curriculares
Naci-
onais e o edital do Programa Nacional do Livro Didtico.
A partir dessa contextualizao dos elementos e atores
envolvidos
na esfera de produo, passaremos a descrever as questes
referentes
estrutura da coleo Portugus: Linguagens (6 ao 9 ano). Em
termos
estruturais e metodolgicos, os livros foram divididos em quatro
unida-
des com trs captulos, sendo que cada um foi subdivido nas
seguintes
sees fixas: Estudo do texto; Produo de texto; Para escrever
com
adequao/coerncia/coeso/expressividade; A lngua em foco; De
olho
na escrita; Divirta-se.
A partir do Manual do Professor, disposto de maneira idntica
na
parte final dos quatro volumes, observamos que na seo Estudo do
texto
os autores elaboraram situaes objetivando a explorao da leitura,
pri-
vilegiando a diversidade textual que circula socialmente. Nessa
seo,
percebe-se a organizao de subsees em momentos distintos,
sendo
que algumas so facultativas: compreenso e interpretao, a
linguagem
do texto e leitura expressiva do texto.
O tpico de compreenso e interpretao objetiva ampliar as ha-
bilidades de leitura do educando gradativamente por meio de
atividades
de antecipao, apreenso do tema, estrutura do texto, levantamento
de
hipteses e outros elementos para a compreenso do texto. A parte
da
linguagem do texto, vislumbra-se explorar as especificidades da
lngua, o
suporte e o perfil dos interlocutores, bem como o estudo do
vocabulrio.
Por ltimo, o tpico referente leitura expressiva do texto
objetiva fe-
char e sintetizar o processo de compreenso e interpretao por
meio da
releitura, explorando aspectos como entonao e pausa.
1 Disponvel em: . Acesso em 11-2013.
http://www.editorasaraiva.com.br/index.aspx
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
31
Na seo sobre Produo de texto, os autores trabalham com dife-
rentes gneros de ampla circulao social, mantendo relaes com a
te-
mtica da unidade e os textos estudados no captulo. Na primeira
parte,
os autores apresentam o contedo pela perspectiva terica,
partindo de
um gnero representativo para a unidade. Na segunda parte,
objetivou-se
a produo escrita do aluno a partir dos subsdios tericos
desenvolvidos,
nos quais os educandos encontram orientaes para o planejamento,
pro-
duo, avaliao e refaco da prpria produo textual.
Quanto ao segmento Para escrever com adequao/coerncia/
coeso/expressividade, Cereja e Magalhes variam a titulao do
tpico
nas unidades conforme o assunto discutido. Dessa forma, tratam
de di-
versos aspectos ligados textualidade, ao discurso, abordando
questes
sobre avaliao apreciativa e recursos grficos. Ademais,
trabalharam as-
pectos expressivos da lngua e enfocam elementos da
textualidade.
Na seo A lngua em foco, v-se que a proposta da coleo pre-
tende dar nfase para a noo de enunciado, texto e discurso e no
para o
ensino tradicional da gramtica (que priorizava a classificao
gramatical
de cunho morfolgico e sinttico). Nesse sentido, os autores
procuraram
destacar nos volumes da coleo a lngua enquanto processo dinmico
e
interativo e no a lngua entendida como um sistema imutvel e
fechado.
O trabalho lingustico desenvolvido na coleo contempla aspectos
de
natureza normativo-prescritiva, bem como questes relacionadas ao
uso
reflexivo desses recursos da lngua. Nesse imbricamento,
pretende-se
formar educandos que no apenas descrevam a lngua, mas que
sejam
capazes de utilizar, de maneira consciente, todos os elementos
orais e es-
critos de acordo com o contexto scio-histrico.
A seo Lngua em foco foi dividida nos seguintes tpicos: Cons-
truindo o conceito, Conceituando, Exerccios. Resumidamente, os
tpi-
cos objetivam levar, por meio de diferentes atividades, o
educando a
construir o conceito gramatical destinado para cada unidade. Aps
o con-
tato inicial do aluno com o conceito, os autores aprofundam o
assunto
atravs de exerccios prticos, objetivando internalizar nos alunos
o con-
tedo trabalhado.
Na seo De olho na escrita, o trabalho principal focado nos
problemas notacionais da lngua, como ortografia e acentuao. De
modo
sistematizado, os alunos so levados a refletir, por meio do
mtodo indu-
tivo, sobre as regras, colocando-as em prtica nas atividades
prescritas.
Para fechar cada captulo, encontra-se a seo Divirta-se na qual h
ati-
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
32 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
vidades ldicas para estimular o raciocnio do educando,
destacando-se o
trabalho com charadas, brincadeiras, advinhas e outros textos
ldicos.
No volume destinado aos docentes, alm de todas as respostas
e
recomendaes em azul, com letras menores, h no fim de cada volume
o
Manual do Professor. Nessa parte, os autores estruturaram da
seguinte
forma: (1) Introduo; (2) Estrutura e metodologia da obra; (3)
Crono-
grama; (4) Leitura extraclasse; (5) Produo de texto; (6) O
ensino da
lngua; (7) O dicionrio; (8) A interdisciplinaridade; (9)
Avaliao; (10)
Plano de curso. Essa estrutura aparece em todos os quatro
volumes que
compem a coleo quase da mesma forma, diferenciando apenas o
item
(10) Plano de curso, pois apresenta o contedo especfico de cada
ano e
as sugestes de estratgias. No decorrer do Manual, tambm aparece
a
insero das referncias terico-metodolgicas utilizadas pelos
autores
na composio das atividades de leitura, produo de texto e anlise
lin-
gustica.
Na introduo do Manual, os autores discorrem sobre a nova
edi-
o da coleo, afirmando tratar-se de uma verso revista, ampliada
e
atualizada. Na seo Estrutura e metodologia da obra, v-se com
deta-
lhamento toda explicao sobre as unidades e captulos que compem
o
livro. Quanto ao Cronograma, os autores apresentam uma sugesto
de
organizao da utilizao do material tendo como base os 200 dias
leti-
vos e a previso de cinco aulas semanais de lngua portuguesa.
Com relao Leitura extraclasse, Cereja e Magalhes sugerem,
alm das atividades de leitura em classe, um trabalho com leitura
fora da
sala de aula para estimular a formao de leitores autnomos e
proficien-
tes. Sobre a Produo de texto, os autores admitem que a coletnea
rena
contribuies de linhas tericas diferentes, destacando-se o
conceito de
gneros textuais e discursivos. Alm disso, nessa parte
encontram-se ou-
tros procedimentos didticos e recomendaes sobre a produo de
um
jornal impresso em sala de aula e detalhamento de uma experincia
com
jornal. A seo O ensino da lngua subdivide-se em duas partes:
(a)
Gramtica: interao, texto e reflexo uma proposta de ensino e
apren-
dizagem de lngua portuguesa nos ensinos fundamental e mdio e (b)
En-
sino de Lngua Portuguesa: entre a tradio e a enunciao. Na parte
fi-
nal do Manual, os autores discorrem sobre o uso concomitante do
dicio-
nrio, como recurso complementar do livro didtico. Alm disso,
reser-
varam um espao sobre avaliao, onde h um dilogo com os
docentes
sobre sondagem, avaliao diagnstica e das produes de texto.
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
33
5.2. Coleo 2 Portugus: uma proposta para o letramento
Figura 2:
Capas dos volumes do 6 ao 9 ano, coleo Portugus: uma proposta
para o letramento
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
34 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
Com relao s capas que compem a coleo Portugus: Uma
Proposta para o Letramento, percebe-se a separao por cores
predomi-
nantes no retngulo, que se destacam no ttulo e nos tons de toda
a capa:
roxo (6 ano), azul claro (7 ano), vermelho (8 ano), azul escuro
(9 ano).
Sobre os aspectos verbais, vemos o nome da autora centralizado
na parte
superior e logo na sequncia o ttulo da coleo e o ano para o qual
o vo-
lume foi destinado. Alm dessas informaes, h a descrio do
compo-
nente curricular e a insero do smbolo e o nome da editora. A
respeito
de outros elementos visuais, a ilustrao de capa ficou sob
responsabili-
dade de Chico Marinho. Cada volume possui ilustraes diferentes,
com
imagens de crianas e adolescentes brincando, andando de
bicicleta ou
correndo.
Quanto autora da coleo, Magda Becker Soares, possui gradua-
o em letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
dou-
torado em didtica e professora titular da mesma instituio.
Pesquisa-
dora de renome no contexto nacional e internacional, membro de
diver-
sos rgos nacionais e internacionais no mbito das reas
cientficas.
Alm disso, tem diversas publicaes em destaque sobre temticas
da
formao de professores, alfabetizao, ensino, escrita, leitura e
letra-
mento.
Sobre a editora, a empresa possui mais de quarenta anos de
tradi-
o no mercado editorial brasileiro, sendo considerada uma das
lderes
no mercado pblico e privado de livros didticos. Tendo como lema
Fa-
zendo escola com voc, segundo pesquisa no site2 oficial da
empresa, a
Editora Moderna tem como principais eixos: (1) a inovao de
servios e
obras, (2) investimento em pesquisas e (3) subsdio
pedaggico.
As reas estabelecidas para fins exclusivamente metodolgicos,
os volumes foram divididos em quatro unidades bimestrais
segmentadas
por seis sees comuns para cada unidade: Leitura (Preparao para
a
Leitura, Leitura Oral, Leitura Silenciosa, interpretao Oral,
Interpreta-
o Escrita, Sugestes de Leitura); Produo de Texto; Lngua
Oral;
Lngua Oral Lngua Escrita; Vocabulrio; Reflexo sobre a Lngua.
Na rea destinada Leitura, observou-se a distino de cinco
par-
tes distintas. Antes da leitura do texto em si, a atividade de
Preparao
para a leitura objetivou discutir as caractersticas do gnero,
formula-
es de hipteses e construo de conhecimentos prvios para a
compre-
enso do texto. Na sequncia, a atividade de Leitura oral focada
prin-
2 Disponvel em: . Acesso em 11-2013.
http://www.moderna.com.br/
-
XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL, 2014
35
cipalmente no professor e justifica-se pela explorao de aspectos
lin-
gusticos e disposio grfica do texto, alm do trabalho com outros
ele-
mentos como ritmo, musicalidade e expressividade. A atividade de
Leitu-
ra silenciosa possui o intuito de estimular no educando a
habilidade de
relacionar textos e ilustraes, j a Interpretao oral justifica-se
pela
necessidade dos educandos confirmarem suas hipteses levantadas
e
compartilharem a interpretao do texto coletivamente, sanando
assim as
dvidas particulares e coletivas.
Quanto Interpretao escrita, a atividade teve como escopo es-
timular os educandos ao aprofundamento do texto por meio de
perguntas,
fazendo-os compreender e desenvolver habilidades de reflexo,
anlise,
sntese e avaliao. Por ltimo, h a seo Sugestes de leitura cuja
te-
mtica seja pertinente ao tema desenvolvido na unidade.
A parte destinada Produo de Texto vislumbra criar oportuni-
dades para que os educandos expressem por escrito, despertando o
inte-
resse pelas diferentes formas de interlocuo, bem como o
aprimoramen-
to dessas habilidades. Quanto aos objetivos especficos,
espera-se que se-
jam capazes de engendrar textos coerentes de acordo com as
condies
de produo, adequando recursos lingusticos e grficos.
Na seo de Linguagem Oral, o objetivo fazer com que os alu-
nos produzam e ouam textos orais de diferentes gneros,
observando to-
dos os elementos caractersticos de cada gnero. A seo
Vocabulrio
vislumbra desenvolver nos alunos as habilidades de busca e
consulta no
dicionrio, alm de distinguir a estrutura da palavra e
identificar o conte-
do semntico de aspectos morfossintticos da lngua.
Quanto Reflexo sobre a Lngua, observa-se o intuito de levar
os educandos a refletirem de maneira aprofundada a respeito da
prtica
de anlise lingustica, identificando variedades da lngua, bem
como re-
conhecer, comparar e analisar fenmenos lingusticos. Como
acontece na
maioria dos livros didticos, esta coleo tambm apresenta, na
verso
para os professores, sugestes e respostas das atividades em
letras azuis
um pouco menores que a diagramao normal. Ademais, h uma
parte
para uso exclusivo do professor, intitulada Sobre esta coleo
(comu-
mente conhecida como Manual do professor), onde a autora
discutiu os
fundamentos tericos gerais da proposta da coletnea, a parte
metodol-
gica e uma complementao bibliogrfica.
Quanto aos fundamentos tericos, Soares (2002) coloca em sua
coleo o letramento como embasamento e como finalidade do ensino
de
-
Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos
36 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
portugus, teoria que serviu de base para titular a coletnea. A
autora ex-
plica que a perspectiva terica adotada pressupe a concepo de
lngua,
no como instrumento, mas como discurso (entendido na coleo,
grosso
modo, como lngua em processo de interao entre os
interlocutores). Pa-
ra tanto, essa interao se d por meio de textos orais ou escritos
como
unidades de ensino. No Manual do Professor, intitulado como
Sobre esta
coleo, v-se que a autora explicita em sua base terica que
trabalha
com gneros textuais, uma vez que organiza os volumes da coleo
em
unidades temticas, ou seja, para cada unidade escolheu-se
trabalhar um
gnero especfico.
6. Consideraes finais
Em nossas consideraes, justificamos que pelo espao destinado
ao texto completo apresentado no XVIII CNFL, resolvemos
apresentar
um tom mais descritivo e completo do corpus que faz parte da
nossa tese
em andamento. Sendo assim, este texto procurou apresentar
sucintamente
um panorama do arcabouo terico-metodolgico, bem como a
descrio
completa no nosso material de investigao.
Dessa forma, explicitamos que a partir da descrio completa
dos
enunciados concretos que do origem ao nosso corpus, elaboraremos
ao
longo do nosso doutoramento a anlise dialgica das atividades
sobre a
pontuao nas duas colees selecionadas, visando observar a
abordagem
didtica quanto apresentao terica e exerccios.
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40 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, N 07 FONTICA, FONOLOGIA,
ORTOGRAFIA
A LEI E A REALIDADE:
A REPRESENTAO DA IMAGEM DO SURDO
NOS DOCUMENTOS
SOBRE A PROPOSTA DE EDUCAO INCLUSIVA
Vanessa Gomes Teixeira (UERJ)
[email protected]
RESUMO
No incio do sculo XXI, comea a ser discutida a estrutura
partitiva reprodu-
zida nos sistemas de ensino, que mantm um alto ndice de pessoas
com especificida-
des em idade escolar fora da escola. Com a intensificao dos
movimentos sociais de
luta contra todas as formas de discriminao, emerge a defesa de
uma sociedade in-
clusiva. Esta perspectiva sugere novos rumos para a educao
especial e tenta imple-
mentar polticas de formao, financiamento e gesto necessrias para
a transforma-
o da estrutura educacional, para fornecer condies de acesso,
participao e
aprendizagem a todos os estudantes. A educao inclusiva visa
participao integra-
da de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino
regular, reestruturando o en-
sino para que este leve em conta a diversidade dos alunos e
atente para as suas singu-
laridades. Ela tem como objetivo o crescimento de cada aluno
como indivduo e a for-
mao de uma escola democrtica, que respeita as diferenas e tem
uma infraestrutu-
ra para lidar com elas, j que o ensino deve ser para todos.
Assim, o presente trabalho
visa analisar o documento Poltica Nacional de Educao Especial na
Perspectiva da
Educao Inclusiva, considerado um marco terico e organizacional
na educao bra-
sileira, pois defende incluso de alunos com especificidades no
sistema regular de en-
sino, com atendimento especializado complementar. O referencial
terico utilizado na
pesquisa a anlise crtica do discurso, tendo como base para a
anlise o modelo tri-
dimensional de Fairclough (1992). Para isto, organizamos essa
pesquisa em partes.
Primeiramente, falaremos sobre as etapas de anlise propostas por
Ramalho & Re-
sende (2006). Depois, analisaremos o documento Poltica Nacional
de Educao Espe-
cial na Perspectiva da Educao Inclusiva a partir das etapas do
modelo tridimensio-
nal proposto por Fairclough (1992).
Palavras-chave: Surdo. Imagem do surdo. Educao inclusiva.
Poltica educacional.
mailto:[email protected]
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XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUSTICA E FILOLOGIA
E POLTICA LINGUSTICA E DE ENSINO. RIO DE JANEIRO: CIFEFIL,