UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL E INCLUSÃO SOCIAL ELENICE PAULINELI NAVAS TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM TONTURA CRÔNICA DE ORIGEM VESTIBULAR SÃO PAULO 2015
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TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM Inclusão Social da Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN como requisito parcial ... E. P. Traços de personalidade em.....
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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL
E INCLUSÃO SOCIAL
ELENICE PAULINELI NAVAS
TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM TONTURA CRÔNICA DE ORIGEM VESTIBULAR
SÃO PAULO
2015
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL
E INCLUSÃO SOCIAL
ELENICE PAULINELI NAVAS
TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM TONTURA CRÔNICA DE ORIGEM VESTIBULAR
Trabalho de qualificação apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª Érica de Toledo Piza Peluso
Coorientadora: Profª Drª Maria Rita Aprile
SÃO PAULO
2015
Aos meus pais que me deram a vida e sempre colaboraram para que eu pudesse
crescer pessoal e profissionalmente.
Às minhas filhas queridas, Rhaisa Thaís e Luma Beatriz, que sempre estiveram ao
meu lado e me incentivaram a buscar novos desafios e a concretizar novos projetos.
Essa vitória é nossa!
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado coragem e força para caminhar em busca dos meus
sonhos e por ter colocado em minha vida, na hora certa, pessoas especiais que me
ajudaram a concretizá-los.
Aos meus pais pela compreensão nos momentos de ausência e pelo carinho
incondicional.
À Profª. Drª. Érica de Toledo Piza Peluso, minha orientadora, que sempre se
mostrou atenciosa e dedicada. Seus conhecimentos e supervisões foram preciosos
e me permitiram alçar novos voos.
À Profª Drª Maria Rita Aprile pelo carinho, incentivo e ensinamentos durante o
curso de mestrado e na coorientação deste trabalho.
Aos professores doutores do mestrado, Célia Aparecida Paulino, Fátima
Dorigueto e Vagner Raso que participaram de alguma forma na construção e
realização deste trabalho, por meio do compartilhamento de seus saberes.
Às minhas filhas, Rhaisa Thaís e Luma Beatriz, pela paciência e dedicação na
formatação de textos e tabelas. Vocês foram essenciais nessa trajetória e conquista.
Ao Profº Dr. Fernando Freitas Ganança por autorizar a realização da pesquisa
no ambulatório da Unifesp e à Drª. Juliana Antoniolli Duarte pelo apoio e orientação
durante a coleta de dados.
Aos colegas que conquistei durante o curso de mestrado.
Agradeço especialmente, todos participantes desta pesquisa que, por alguns
minutos, puderam confiar em mim e expor suas vidas. Sem essa colaboração a
concretização deste trabalho não seria possível.
A todos que me apoiaram e torceram por mim.
RESUMO
NAVAS, E. P. Traços de personalidade em pacientes com tontura crônica de origem vestibular, 2015.71f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social. Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo, 2015. A tontura é um sintoma que tem alta prevalência na população mundial. Pode estar relacionada a várias doenças, mas frequentemente tem sua origem no sistema vestibular, sendo o principal sintoma das doenças vestibulares. Alterações emocionais como ansiedade e depressão também são frequentemente encontradas nestes indivíduos. Alguns traços de personalidade podem contribuir para o agravamento ou melhora da tontura. Este estudo teve como objetivo avaliar os traços de personalidade de pacientes adultos com tontura crônica de origem vestibular. Foi realizado um estudo quantitativo, de corte transversal com pacientes atendidos no Setor de Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo. Os critérios de inclusão adotados foram: idade de 18 a 65 anos, apresentar tontura há mais de 3 meses e ter o diagnostico de uma das seguintes doenças vestibulares: Migrânea Vestibular, Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) e Doença de Ménière. Os instrumentos utilizados foram: Questionário para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos, Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory (DHI). A amostra foi composta por 30 pacientes com idade média de 48,7 anos (± 10,8). A maior parte dos participantes é do sexo feminino (90%). Sintomas relevantes de ansiedade foram encontrados em 46,7% dos participantes e sintomas de depressão em 40%. A maior parte dos pacientes (53,4%) apresentou impacto leve da tontura na qualidade de vida, avaliado pelo DHI. Entre os participantes, 17 possuem diagnóstico de Migrânea Vestibular (56,7%), 9 de VPPB (30%) e 4 de Doença de Ménière (13,3%). A grande maioria apresenta tontura há mais de um ano, sendo que 43,3% apresentam tontura há 5 anos ou mais. Em relação aos traços de personalidade, 56,7% dos participantes apresentaram alto ou muito alto nível de Neuroticismo, 53,4% nível médio de Extroversão, 36,7% alto ou muito alto nível de Socialização e 36,7% alto ou muito alto nível de Realização. Quanto ao fator Abertura, 50% da amostra apresenta nível muito baixo ou baixo. Os escores dos fatores Neuroticismo e Realização foram mais elevados que na população normativa do BFP, enquanto o fator Abertura apresentou escore menor (p<0,05). Houve correlação positiva e estatisticamente significante (p<0,01) entre o Neuroticismo e sintomas de ansiedade, de depressão e incapacidade em relação à tontura. Não houve diferença estatisticamente significante entre os pacientes com VPPB e Migrânea Vestibular em relação aos traços de personalidade. Intervenções psicológicas podem ser benéficas para uma parte dos pacientes, que apresenta Neuroticismo elevado associado com ansiedade, depressão e incapacidade em relação à tontura. Palavras-chave: tontura, personalidade, doenças vestibulares, ansiedade, depressão.
ABSTRACT
NAVAS, E. P. Personality traits in patients with chronic dizziness of vestibular origin, 2015.71f. Dissertation (master’s degree) - Professional Master’s Program in Rehabilitation of Body Balance and Social Inclusion. Anhanguera University of São Paulo, São Paulo, 2015.
Dizziness is a symptom with a high prevalence in the general population. It may be related to various diseases, but often has its origin in the vestibular system, being the main symptom of vestibular diseases. Emotional problems such as anxiety and depression are also frequently found in these patients. Some personality traits may contribute to the worsening or improvement of dizziness. This study aimed to evaluate the personality traits of adult patients with chronic dizziness of vestibular origin. A cross-sectional quantitative study was carried out with patients in treatment at Otoneurology Sector of the Department of Otolaryngology and Head and Neck Surgery, Federal University of São Paulo. The inclusion criteria were: age 18-65 years old, dizziness for more than three months and the diagnosis of the following vestibular diseases: Vestibular Migraine, Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV) and Ménière's disease. The instruments used were: Questionnaire to obtain sociodemographic and clinical data, Personality Factor Battery (BFP), Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD) and the Brazilian version of the Dizziness Handicap Inventory (DHI). The sample consisted of 30 patients with a mean age of 48.7 years (± 10.8). Most of the participants are female (90%). Relevant symptoms of anxiety were found in 46.7% of participants and symptoms of depression in 40%. Most patients (53.4%) had their quality of live slightly impacted by dizziness, measured by DHI. Among the participants, 17 were diagnosed with Vestibular Migraine (56.7%), 9 BPPV (30%) and 4 with Ménière's disease (13.3%). The great majority had dizziness for over a year, and 43.3% had dizziness for 5 years or more. Regarding personality traits, 56.7% of participants had high or very high level of Neuroticism, 53.4% average level of Extroversion, 36.7% high or very high level of Socialization and 36.7% high or too high level of Realization. As the Opening factor, 50% of the sample has very low or low scores. The scores of Neuroticism and Realization factors were higher than the normative population of BFP, while the Opening factor showed lower score (p <0.05). There was a positive and statistically significant correlation (p <0.01) between Neuroticism and symptoms of anxiety, depression and disability in relation to dizziness. There was no significant difference between patients with BPPV and Vestibular Migraine considering personality traits. Psychological interventions may be beneficial to a group of patients with high Neuroticism associated with anxiety, depression and handicap in relation to dizziness.
Tabela 1 Frequências absolutas e relativas das características sociodemográficas dos pacientes com tontura crônica (n=30)........................................................................... 34
Tabela 2 Frequências absolutas e relativas das características relacionadas à saúde dos pacientes com tontura crônica (n=30)... 36
Tabela 3 Frequências absolutas e relativas das características da tontura dos pacientes com tontura crônica (n=30).......................................................................... 38
Tabela 4 Distribuição percentual da intensidade do fator neuroticismo e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 39
Tabela 5 Distribuição percentual da intensidade do fator extroversão e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 39
Tabela 6 Distribuição percentual da intensidade do fator socialização e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 40
Tabela 7 Distribuição percentual da intensidade do fator realização e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).............................................................. 40
Tabela 8 Distribuição percentual da intensidade do fator abertura e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).............................................................. 40
Tabela 9 Dados comparativos entre traços de personalidade em pacientes com tontura crônica e população normativa do BFP (n= 30)............................................ 41
Tabela 10 Correlação dos traços de personalidade com sintomas de ansiedade, de depressão e incapacidade em relação à tontura (n= 30)........................................ 42
Tabela 11 Comparação de médias de cada um dos fatores com os diagnósticos das doenças vestibulares (n=26)........ 43
LISTA DE ABREVIATURAS
ASSIST
BES
Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test
Bem Estar Subjetivo
BFP Bateria Fatorial de Personalidade
CGF Modelo dos Cinco Grandes Fatores
DHI
EFN
Dizziness Handicap Inventory
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo
HAD
HAD A
HAD D
IBGE
Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
Sub Escala de Ansiedade
Sub Escala de Depressão
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
JCMI
LES
MMPI
Cornell Medical Index-Health Questionnaire
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Inventário Personalidade Multifásico de Minnesota
NEO-PI-R
OD
PNAD
SUS
Revised Neo Personality Inventory
Desregulação Ortostática
Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio
Sistema Único de Saúde
THI
TSC
UCLA
Tinnitus Handicap Inventory
Tontura Subjetiva Crônica
Revised Loneliness Scale
UNIFESP
VPPB
Universidade Federal de São Paulo
Vertigem Posicional Paroxística Benigna
Y-G Teste Yatabe-Guilford Teste de personalidade
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
2 REVISÃO DA LITERATURA 10
2.1 TONTURA E DOENÇA VESTIBULARES 10
2.2 PERSONALIDADE 13
2.2.1 A origem das teorias da personalidade 13
2.2.2 O conceito de personalidade 14
2.2.3 Principais teorias da personalidade 15
2.2.4 Traços de Personalidade 17
2.2.5 Modelos dos Cincos Grandes Fatores 18
2.3 PERSONALIDADE E SAÚDE 20
2.4 PERSONALIDADE E TONTURA CRÔNICA 23
3 OBJETIVOS 27
3.1 GERAL 27
3.2 ESPECÍFICOS 27
4 MÉTODO 28
4.1 ASPECTOS ÉTICOS 28
4.2 TIPO DE ESTUDO 28
4.3 LOCAL DO ESTUDO 28
4.4 PARTICIPANTES 28
4.5 INSTRUMENTOS 29
4.5.1 Questionário para obtenção de dados
sociodemográficos e clínicos
29
4.5.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
(HAD)
29
4.5.3 Versão brasileira do Dizziness Handicap
Inventory (DHI)
29
4.5.4 Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) 30
4.6 PROCEDIMENTO 31
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 32
5 RESULTADOS 33
5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS 33
5.2 CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À
SAÚDE
35
5.3 CARACTERÍSTICA DA TONTURA 37
5.4 TRAÇOS DE PERSONALIDADE 39
5.5 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE COM A POPULAÇÃO
NORMATIVA DO BFP
41
5.6 CORRELAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE COM ANSIEDADE,
DEPRESSÃO E INCAPACIDADE EM
RELAÇÃO À TONTURA.
41
5.7 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE ENTRE AS DOENÇAS
VESTIBULARES
42
6 DISCUSSÃO 44
7 CONCLUSÃO 51
REFERÊNCIAS 52
ANEXOS 60
APÊNDICES 68
8
1 INTRODUÇÃO
A tontura é um sintoma que tem alta prevalência na população mundial. Pode
estar relacionada a várias doenças, mas, frequentemente, tem sua origem no
sistema vestibular sendo o principal sintoma das doenças vestibulares. As doenças
vestibulares são distúrbios decorrentes do comprometimento do sistema vestibular
periférico e/ou central e, além da tontura, podem provocar sintomas auditivos e
neurovegetativos, entre outros. As principais doenças vestibulares são a Vertigem
Posicional Paroxística Benigna (VPPB), a Doença de Ménière e a Migrânea
Vestibular.
Indivíduos afetados pelas doenças vestibulares frequentemente apresentam
problemas emocionais e importante prejuízo em sua qualidade de vida, ainda mais
intenso em períodos de crise. Entre os problemas emocionais que mais acometem
as pessoas que apresentam tontura estão a depressão e a ansiedade.
A personalidade tem sido considerada como um importante fator na etiologia
e progressão de diversas doenças, na resposta dos indivíduos ao tratamento de
saúde, bem como no favorecimento do bem-estar subjetivo e da saúde.
Diversos estudos destacaram que certos traços de personalidade como o
neuroticismo podem contribuir para o aparecimento de sintomas e/ou doenças
físicas. Em contrapartida, pessoas com traços de personalidade como socialização,
extroversão e realização tendem a apresentar comportamentos mais saudáveis e
maior disponibilidade para aderir ao tratamento da doença.
Apesar de pesquisas associarem traços de personalidade a algumas doenças
e/ou sintomas, observou-se que há poucos estudos que verificaram a prevalência
dos traços de personalidade em indivíduos com tontura crônica de origem vestibular,
especialmente em nosso meio. Embora existam estudos com pacientes com doença
de Ménière e com VPPB, não foram encontrados estudos que avaliaram os traços
de personalidade em indivíduos com Migrânea Vestibular.
O estudo dos traços de personalidade é importante para a compreensão das
características psicológicas dos indivíduos com doenças vestibulares, suas
motivações e tendências. Desta forma, pode-se fornecer subsídios para o
desenvolvimento de estratégias de intervenção psicológica visando melhorar seu
9
estado emocional e contribuir para a melhora do quadro clínico e para uma melhor
qualidade de vida nestes pacientes.
10
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TONTURA E DOENÇAS VESTIBULARES
A tontura é um dos sintomas mais comuns entre a população e entre os
pacientes que procuram os serviços de saúde (NEUHAUSER et al.; 2008;
AGRAWAL et al., 2009).
Estudo populacional realizado na cidade de São Paulo (BITTAR et al., 2013)
mostrou que a prevalência de tontura é de 42%, atingindo preferencialmente os
idosos e incapacitando especialmente as mulheres. Ele afeta as atividades da vida
diária em 67% dos sintomáticos, porém apenas 46% das pessoas que sofrem de
tontura procuram auxílio médico.
A tontura pode ser definida como toda e qualquer situação ilusória de
movimento sem que haja movimento real em relação à gravidade. Quando a tontura
possui caráter rotatório é denominada vertigem (AMERICAN ACADEMY OF
OTOLARYNGOLOGY-HEAD AND NECK FOUNDATION, 1995).
Segundo Ganança et al. (2010), a tontura pode estar relacionada a várias
etiologias: vestibular, ocular, neurológica, psíquica, metabólica ou cardiovascular.
Cerca de trezentas doenças podem apresentar a tontura como sintoma, mas, na
maioria dos casos, ela está relacionada a problemas no sistema vestibular. As
doenças vestibulares são distúrbios decorrentes do comprometimento do sistema
vestibular periférico (labirinto e nervos vestibulares) e/ou central (núcleos, vias e
inter-relações no sistema central).
A tontura tem maior prevalência no gênero feminino e em adultos,
especialmente idosos, mas pode acometer também crianças e adolescentes
(GANANÇA et al., 2000, MIYAKE et al., 2014).
Estas doenças geralmente interferem negativamente na qualidade de vida
dos indivíduos (GANANÇA et al., 2000; HANDA et al., 2005; PÉREZ et al.,2012) e
frequentemente são acompanhadas por sintomas psicológicos importantes como
ansiedade e depressão (POLLACK et al., 2003; SAVASTANO et al., 2007;
GAZZOLA et al., 2009; GENNA et al., 2010; ORJI, 2014).
As doenças vestibulares mais prevalentes são a Vertigem Posicional
Paroxística Benigna (VPPB), a Doença de Ménière e a Migrânea Vestibular.
11
A VPPB é a doença vestibular mais prevalente, representando 20% a 40%
dos casos de pacientes que apresentam tontura. Afeta em média 10% da população
e acomete principalmente mulheres e idosos, mas também pode ser diagnosticada
entre jovens e adultos e mais raramente em crianças (GANANÇA et al., 2000;
PÉREZ et al., 2012; ONISHI et al., 2013).
O principal sintoma que caracteriza essa vestibulopatia é a tontura rotatória,
induzida por alterações da posição da cabeça. Os pacientes se queixam de vertigem
ao deitar-se, levantar-se, olhar para cima, para os lados que podem ou não ser
acompanhada por náuseas e vômitos, mal-estar indefinido, calafrios, sensação de
instabilidade. Tais sintomas, na maioria das vezes aparecem subitamente, tem
duração de segundos e podem permanecer por vários dias, semanas ou anos
(GANANÇA et al., 2000; MIYAKE et al., 2014).
A origem da VPPB está relacionada à presença anormal, nos ductos
semicirculares, de cristais de carbonato de cálcio que se deslocaram do utrículo.
Esses cristais permanecem flutuantes na endolinfa dos ductos semicirculares
posterior, superior ou lateral (ductolitíase) ou aderidos à cúpula (cupulolitíase), o que
provoca tontura quando o indivíduo movimenta a cabeça, como por exemplo, à
hiperextensão cervical, ao levanta-se ou deitar-se na cama (GANANÇA et al., 2000;
MIYAKE et al., 2014).
A VPPB pode ainda se desenvolver a partir de outras doenças
otoneurológicas preexistentes (migrânea vestibular, doença de Ménière, neurite
vestibular e insuficiência vertebrobasilar) ou ser decorrente da inatividade, infecções
Além disso, os pacientes são provenientes de um serviço público de saúde e
estão em tratamento médico, variáveis essas que podem ter influenciado os
resultados, pois são pacientes que procuraram tratamento e aderiram a ele.
Indivíduos com tontura crônica de origem vestibular que não estejam em tratamento
podem apresentar características de personalidade diferentes.
Este estudo mostrou a relevância de aspectos psicológicos como os traços de
personalidade na abordagem dos pacientes com tontura crônica de origem
vestibular, indicando que vários pacientes poderiam se beneficiar de intervenções
psicológicas.
No entanto, pouco se conhece sobre formas de intervenção psicológica que
sejam efetivas para estes pacientes (NAVAS; PELUSO, 2015). Nesse sentido, são
necessários ainda estudos que abordem a eficácia dos tratamentos psicoterápicos
em pacientes com tontura crônica de origem vestibular.
A abordagem dos aspectos psicológicos nestes pacientes pode contribuir
para a melhora do estado emocional, do quadro clínico e da qualidade de vida
destes indivíduos.
51
7 CONCLUSÃO
Pacientes adultos com tontura crônica de origem vestibular apresentam, em
sua maioria, alto nível de neuroticismo, baixo nível de abertura e níveis médios de
extroversão, realização e socialização.
O traço neuroticismo e realização foram mais elevados nestes pacientes do
que na população normativa do instrumento BFP enquanto que o traço abertura foi
menos elevado.
O traço neuroticismo apresentou correlação positiva e significante com os
sintomas de ansiedade, depressão e com a incapacidade percebida em relação à
tontura na qualidade de vida dos pacientes. Os demais traços não apresentaram
correlação estatisticamente significante com estes aspectos.
Não houve diferença estatisticamente significante entre os traços de
personalidade em pacientes com diagnóstico de Migrânea Vestibular e de VPPB.
52
REFERÊNCIAS
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Carta de Autorização da Universidade Federal de São Paulo
64
ANEXO C
ESCALA HOSPITALAR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO (HAD)
(Sintomas dos últimos 7 dias)
Assinale com “X” a alternativa que melhor descreve sua resposta a cada questão.
1. Eu me sinto tensa (o) ou contraída (o):
( ) a maior parte do tempo[3]
( ) boa parte do tempo[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) nunca [0]
2. Eu ainda sinto que gosto das mesmas coisas de antes:
( ) sim, do mesmo jeito que antes [0]
( ) não tanto quanto antes [1]
( ) só um pouco [2]
( ) já não consigo ter prazer em nada [3]
3. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer
( ) sim, de jeito muito forte [3]
( ) sim, mas não tão forte [2]
( ) um pouco, mas isso não me preocupa [1]
( ) não sinto nada disso[0]
4. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas
( ) do mesmo jeito que antes[0]
( ) atualmente um pouco menos[1]
( ) atualmente bem menos[2]
( ) não consigo mais[3]
5. Estou com a cabeça cheia de preocupações
( ) a maior parte do tempo[3]
( ) boa parte do tempo[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) raramente[0]
6. Eu me sinto alegre
( ) nunca[3] ( ) poucas vezes[2]
( ) muitas vezes[1]
( ) a maior parte do tempo[0]
7. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado:
( ) sim, quase sempre[0]
( ) muitas vezes[1]
( ) poucas vezes[2]
( ) nunca[3]
8. Eu estou lenta (o) para pensar e fazer coisas:
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( ) quase sempre[3]
( ) muitas vezes[2]
( ) poucas vezes[1]
( ) nunca[0]
9. Eu tenho uma sensação ruim de medo, como um frio na barriga ou um aperto no estômago:
( ) nunca[0] ( ) de vez em quando[1]
( ) muitas vezes[2]
( ) quase sempre[3]
10. Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência:
( ) completamente[3]
( ) não estou mais me cuidando como eu deveria[2]
( ) talvez não tanto quanto antes[1]
( ) me cuido do mesmo jeito que antes[0]
11. Eu me sinto inquieta (o), como se eu não pudesse ficar parada (o) em lugar nenhum:
( ) sim, demais[3] ( ) bastante[2] ( ) um pouco[1] ( ) não me sinto assim[0]
12. Fico animada (o) esperando animado as coisas boas que estão por vir
( ) do mesmo jeito que antes[0]
( ) um pouco menos que antes[1]
( ) bem menos do que antes[2]
( ) quase nunca[3]
13. De repente, tenho a sensação de entrar em pânico:
( ) a quase todo momento[3]
( ) várias vezes[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) não senti isso[0]
14. Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televisão, de rádio ou quando leio alguma coisa:
( ) quase sempre[0]
( ) várias vezes[1]
( ) poucas vezes[2]
( ) quase nunca[3]
Referências:
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Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA, Garcia JR C, Pereira WAB. Transtornos do humor em enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e depressão. Revista de Saúde Pública, 29(5): 355-63, 1995.
66
ANEXO D
Versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory (DHI)
(Jacobson, Newman, 1990; Castro, 2003; Ganança et al, 2003)
Sim
(4)
Às vezes
(2)
Não
(0)
Física 1 Olhar para cima piora o seu problema?
Emocional 2 Você se sente frustrado (a) devido ao seu problema?
Funcional 3 Você restringe as suas viagens de trabalho ou lazer por causa do problema?
Física 4 Andar pelo corredor de um supermercado piora o seu problema?
Funcional 5 Devido ao seu problema você em dificuldade ao deitar-se ou levantar-se da cama?
Funcional 6 Seu problema restringe significativamente sua participação em atividades sociais tais como: sair para jantar, ir ao cinema, dançar ou ir a festas?
Funcional 7 Devido ao seu problema, você tem dificuldade para ler?
Física 8 Seu problema piora quando você realiza atividades mais difíceis como esportes, dançar, trabalhar em atividades domésticas tais como varrer e guardar a louça?
Emocional 9 Devido ao seu problema, você tem medo de sair de casa sem ter alguém que o acompanhe?
Emocional 10 Devido ao seu problema, você se sente envergonhado na presença de outras pessoas?
Física 11 Movimentos rápidos de sua cabeça pioram o seu problema?
Funcional12 Devido ao seu problema, você evita lugares altos?
Física 13 Virar-se na cama piora o seu problema?
Funcional 14 Devido ao seu problema, é difícil para você realizar trabalhos domésticos pesados ou cuidar do quintal?
Emocional 15 Por causa do seu problema, você teme que as pessoas achem que você está drogado (a) ou bêbado (a)?
Funcional 16 Devido ao seu problema é difícil para você sair para
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caminhar sem ajuda?
Física 17 Caminhar na calçada piora o seu problema?
Emocional 18 Devido ao seu problema, é difícil para você se concentrar?
Funcional 19 Devido ao seu problema, é difícil para você andar pela casa no escuro?
Emocional 20 Devido ao seu problema, você tem medo de ficar em casa sozinho (a)?
Emocional 21 Devido ao seu problema, você se sente incapacitado (a)?
Emocional 22 Seu problema prejudica suas relações com membros de sua família ou amigos?
Emocional 23 Devido ao seu problema, você está deprimido?
Funcional 24 Seu problema interfere em seu trabalho ou responsabilidades em casa?
Física 25 Inclinar-se piora o seu problema?
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APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM INDIVÍDUOS COM TONTURA CRÔNICA
Nome do (a) Pesquisador (a): Elenice Paulineli Navas
Nome do (a) Orientador (a): Profa. Dra. Érica de Toledo Piza Peluso
O (A) Sr. (Sra.) está sendo convidado(a) a participar como voluntário em uma pesquisa que tem como objetivo avaliar os traços de personalidade em indivíduos com tontura crônica.
Sua participação consistirá em responder a três questionários: um teste de personalidade, um questionário de ansiedade e depressão e outro que avalia o impacto da tontura na qualidade de vida.
Riscos e desconforto: O risco de participação nesta pesquisa é mínimo. Pode haver risco de mobilização de questões emocionais. Neste caso, haverá orientação e encaminhamento para serviços especializados, quando necessário. A participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Confidencialidade: todas as informações pessoais coletadas neste estudo são estritamente confidenciais e seu nome não será divulgado em qualquer publicação.
Benefícios: ao participar desta pesquisa o Sr. (Sra.) não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes sobre as características de personalidade dos indivíduos com tontura crônica, de forma que possa contribuir para um melhor diagnóstico e tratamento. A pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos nos meios científicos.
Pagamento: o Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.
O (a) Sr. (Sra.), pode se recusar a participar e em qualquer momento da pesquisa retirar seu consentimento sem qualquer prejuízo à sua relação com o pesquisador ou mesmo à instituição responsável.
69
Após ser esclarecido sobre as informações a seguir, caso aceite fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contado com o Comitê de Ética em Pesquisa: End: Rua Maria Cândida, 1813. Bloco G - 6o andar Vila Guilherme - São Paulo - SP CEP: 02071-013. Fone: (11) 2967-9015 e-mail: [email protected] Pesquisadora: Elenice Paulineli Navas Telefone: (011) 99408 1101 RG. 10.685.439-2
Termo de consentimento:
Eu, ___________________________________________, RG_______________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo como sujeito. Informo que fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação.