Anne Margarita Cunha Baptista Fernanda Gomes de Sousa Vitor Chvidchenko TRANSTORNO DO PÂNICO: ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO Artigo apresentado no curso de Psicologia na disciplina Introdução ao Trabalho Científico – IBMR – 2º Período – Noite - Orientador: Thiago Crespi.
32
Embed
TRANSTORNO DO PÂNICO: ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Anne Margarita Cunha BaptistaFernanda Gomes de Sousa
Vitor Chvidchenko
TRANSTORNO DO PÂNICO: ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO
Artigo apresentado no curso de Psicologia na disciplina Introdução ao Trabalho Científico – IBMR – 2º Período – Noite - Orientador: Thiago Crespi.
2
Rio de Janeiro2013
3
TRANSTORNO DO PÂNICO: ASPECTOS GERAIS, ABORDAGENS ESPECÍFICAS E TRATAMENTO
Resumo: O presente estudo visa apresentar breve síntese do distúrbio denominado Transtorno do Pânico, baseada em uma rápida revisão bibliográfica sobre o assunto. São apresentados aspectos gerais sobre a doença, incluindo os sintomas mais comuns, a caracterização do transtorno. Em seguida, são detalhadas três abordagens específicas para explicar o transtorno do pânico: a abordagem biológica e psiquiátrica, a abordagem cognitivo-comportamental e a abordagem psicanalítica. Dentro de cada abordagem, são discutidos fatores que influenciam no aparecimento e manifestação da doença, bem como alguns modelos propostos para o Transtorno do Pânico e suas principais características. Em seguida, são discutidas as metodologias de tratamento para o Transtorno do Pânico de acordo com as três abordagens. Por fim, algumas conclusões são feitas comparando-se o foco, abrangência e perspectiva de cada abordagem.
Abstract: The objective of this study is to present a general review of the Panic Disorder, based upon a brief research in the available bibliography. The general aspects of the disease are presented, including its general characterization, the most common symptoms associated and its diagnosis. In sequence, three specific approaches to this syndrome are presented and discussed in some detail: the biological, the cognitive-comportamental and the psychoanalytic approach. Within each approach, the main factors believed to be associated with the development and manifestation of the Panic Disorder are detailed and explained, as well as some models for the syndrome proposed in the literature. Then, the main treatment methodologies proposed by each theoretical approach are discussed. Finally, some conclusions are drawn based on the comparison of the three approaches, in regard to their specific focus, coverage and perspective.
Palavras-chaves: Transtorno. Pânico. Historicidade. Caracterização. Abordagens. Biológica. Cognitivo-comportamental. Psicanalítica. Tratamento. Psicofármacos. Psicoeducação. Técnicas de relaxamento e exposição. Reestruturação cognitiva
Sumário: Introdução. 1. A historicidade do pânico. 2. A caracterização do transtorno do pânico. 3. Abordagens para o Transtorno do Pânico. 4. Tratamento. Conclusão. Referências
INTRODUÇÃO
Através dos séculos as pessoas são atormentadas pelos calafrios, tremores, palpitações, medo
de enlouquecer, de perder o controle e se questionam quanto a real enfermidade que lhes
aflige. À primeira análise, poder-se-ia caracterizar tais agonias como Síndrome do Pânico, ou
Transtorno do Pânico, algo que ainda é novo na literatura e de pouco conhecimento da
população, embora sua historicidade remonte a séculos passados. A terminologia Síndrome do
Pânico está descrita no DSM-IV e o termo Transtorno do Pânico está definido no CID-10.
4
Considera-se atualmente que o Transtorno do Pânico (TP), dada a sua natureza complexa, não
pode ser inteira ou satisfatoriamente explicado por uma única abordagem ou referencial
teórico (Salum, 2009). De modo geral, o estudo da etiologia do TP apresenta evidências de
que tanto fatores genéticos quanto ambientais estariam envolvidos na sua origem (Rothe,
2004). Neste trabalho serão apresentadas as principais abordagens utilizadas no presente para
Na prática, tem-se observado com frequência o emprego das abordagens (i) e (ii) de forma
conjunta e complementar, quando aplicadas ao tratamento de pacientes vítimas do TP (Salum,
2009; Yano, 2003), conforme será detalhado adiante na seção 3. A abordagem (iii), ao
contrário, constitui-se na maior parte das vezes um grupo à parte, raramente sendo empregada
em conjunto com a biológica ou psiquiátrica, embora existam estudos neste sentido (ver, por
exemplo, Furukawa, 2006 e Shear, 1993). Muitos pesquisadores da linha psicanalítica
defendem mesmo, de forma explícita, a inadequação da abordagem biológica como
explicação da etiologia do TP (Nicolau, 2006; Lowenkron, 2009).
1- A HISTORICIDADE DO PÂNICO
A explicação do sentimento de pânico remonta à mitologia: A palavra “pânico” é proveniente
do grego “panikon”, que significa susto ou pavor repetitivo.
Pã, apesar de ser um dos deuses da Grécia Antiga, era um deus diferente, pois não habitava o
cume do monte Olimpo, ele vivia no campo, cuidando dos rebanhos, manadas, colmeias,
ajudava os caçadores a encontrar suas presas e participava das orgias realizadas pelas ninfas.
Personificava a potência sexual e a fecundidade. Apesar de sedutor, alegre e bem-humorado,
Pã era tão feio que sua mãe, ao vê-lo pela primeira vez, fugiu dele, com medo da criatura de
chifre, barba, pernas de bode e rabo. Pã brincava com a própria feiura e a usava-a para pregar
5
peças nos humanos. Saltava às costas das vítimas de repente, apavorando-as. Pã se divertia
muito com isso. Os outros Deuses o desprezavam, embora se divertissem com ele e
reconhecessem seu grande talento, sua criatividade e seus poderes.
Mas o que há de comum entre o mito de Pã e a Síndrome do Pânico? Assim como Pã, o
pânico ataca de repente e apavora, revela a face feia, terrível, da vida. Assim como Pã, atira o
homem às feras do medo, do desconhecido, da total desordem interna.
Em termos leigos, “entrar em pânico” faz parte do cotidiano das pessoas, geralmente
ocorrendo diante de algum prazo que parece impossível cumprir, ou quando subitamente se
defrontam com o perigo, situações em que a ansiedade se instala e remete àquela
configuração.
As primeiras descrições do quadro hoje classificado como Transtorno do Pânico datam do
século XIX. Em 1871, Jacob Mendes da Costa, em observações feitas em soldados durante a
guerra civil americana, identificou um quadro de dor torácica intensa, palpitações e outros
sintomas cardíacos, sem a presença de lesões identificáveis. Esse diagnóstico passou a ser
conhecido como “síndrome do coração irritável”, um “distúrbio da atividade cardíaca”, o
termo oficial do Exército Britânico para o transtorno.
Cardiologistas no Massachusetts General Hospital criaram o termo “astenia neurocirculatória”
para descrever um grupo de pacientes que apresentava uma desordem cardíaca funcional sem
ter nenhuma doença cardíaca orgânica.
Após a segunda Guerra Mundial muito da literatura se dirigiu ao estudo da ansiedade,
principalmente ao estudo do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e aos sintomas
que no futuro diriam respeito ao Transtorno do Pânico.
Importa mencionar que sintomas semelhantes ao que hoje se denomina transtorno do pânico
foram descritos pela primeira vez por Freud, sendo classificado por ele como neurose ansiosa.
Muitos são os transtornos psicológicos ou psiquiátricos que acompanham a humanidade e
todos estão presentes desde os primórdios de nossa civilização. Podem-se encontrar
descrições anteriores ao século XIX de pessoas que apresentavam “estados de angústia”, mas,
6
embora as descrições de ansiedade tenham sido verificadas há mais de 100 anos, o transtorno
do pânico só se tornou um diagnóstico oficialmente reconhecido na década de 80. Antes,
todos os transtornos de ansiedade eram considerados uma mesma doença.
2. A CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DO PÂNICO
O desencadear do transtorno ou síndrome do pânico implica a vivência inadequada de um
elevado estado de excitação equivalente ao que o corpo produziria na preparação para
enfrentar um perigo real ou fugir dele, embora a pessoa sinta esses sintomas físicos em
situações cotidianas completamente inofensivas. Além de sentimentos psicológicos intensos
de apreensão, medo e terror, o indivíduo experimenta sintomas físicos que podem incluir
respiração curta, palpitações cardíacas, dores no peito, sensações de asfixia ou sufocação,
tontura, sentimentos de irrealidade, formigamento das extremidades, calafrios e calores,
suor, fraqueza e tremor.
Geralmente, os ataques de pânico são confundidos com períodos intensos de estimulação que
estão associados a esgotamento ou estresse físico devido a situações reais ameaçadoras da
vida, mas esses ataques, uma vez reconhecidos como um transtorno psicológico produtor de
efeitos devastadores, não devem ser minimizados ou atribuídos às pessoas por diagnósticos
equivocados.
Com relação aos sintomas característicos do transtorno do pânico pode-se dizer que, em geral,
as pessoas têm preocupações excessivas em ter uma doença grave (por exemplo, ter um
infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral), morrer, enlouquecer ou ter uma reação
grave após o uso de medicamentos, por isso, é bastante comum procurarem sistematicamente
os serviços de saúde antes do quadro de transtorno de pânico ser diagnosticado.
Enquanto nas fobias a pessoa teme uma situação ou um objeto específico, fora dela, no
pânico, ela teme o que ocorre no próprio corpo, são as reações do próprio corpo que assustam
e é para essas reações que se volta a atenção, como deflagradoras das crises de pânico.
Os sinais e sintomas de um ataque de pânico variam muito e a percepção da crise iminente por
vezes é possível, mas por outras a crise vem sem nenhum aviso. Embora o conjunto de
sintomas e de sentimentos seja comum a todos, o modo como eles se manifestam muda de
7
acordo com a história e o momento de cada um, por isso há variação também na intensidade e
no tipo de sintoma.
Mas qual seria o conceito de Transtorno do pânico?
De um artigo científico publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria, (MANFRO, 2008),
pode-se extrair um conceito para o transtorno do pânico, que se encontra em conformidade
com o que já foi exposto, bem como a estatística de sua ocorrência:
O transtorno do pânico (TP) caracteriza-se pela presença de ataques repentinos de
ansiedade, seguidos de sintomas físicos e afetivos, medo de sofrer um novo ataque e
evitação de eventos ou situações em que os ataques de pânico ocorreram. O curso do
TP tende a ser crônico na maioria dos pacientes e está associado a uma qualidade de
vida reduzida e funcionamento psicossocial prejudicado.
Em comparação a outros transtornos de ansiedade, o início do TP é frequentemente
tardio, ocorrendo ao final da década dos 20 anos, em média1. O TP afeta duas a três
vezes mais as mulheres do que os homens e pode atingir até 3,5% da população
durante a vida. O transtorno está associado a um alto custo social; os pacientes com
TP apresentam produtividade reduzida e utilizam frequentemente os serviços
públicos de saúde, tais como pronto-atendimentos, consultas e exames médicos. Os
pacientes relatam frequentemente o início do TP após um período de estresse.
O ataque do pânico é descrito pelo DSM-IV-TR2 (Manual de Diagnóstico e Estatística das
Perturbações Mentais) como um período distinto de intenso medo ou desconforto
acompanhado por pelo menos 4 a 13 sintomas somáticos ou cognitivos. O ataque tem um
início súbito e aumenta rapidamente, atingindo um pico (em geral em 10 minutos ou menos),
sendo com frequência acompanhado por um sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um
anseio por escapar.
1 DSM-IV-TR: A idade de início para o Transtorno de Pânico varia muito, mas está mais tipicamente entre o final da adolescência e faixa dos 30 anos. Pode haver uma distribuição bimodal, com um pico ao final da adolescência e um segundo pico, menor, na metade da casa dos 30 anos. Um pequeno número de casos começa na infância, e o início após os 45 anos é incomum, mas pode ocorrer. Descrições retrospectivas de indivíduos vistos em contextos clínicos sugerem que o curso habitual é crônico, porém flutuante. Alguns indivíduos podem ter surtos episódicos com anos de remissão neste intervalo, e outros podem ter uma sintomatologia severa contínua. 2 Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm.php?ltr=P, acessado em 15/05/2013.
(8) Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;
(9) Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização
(estar distanciado de si mesmo);
(10) Medo de perder o controle ou enlouquecer;
(11) Medo de morrer;
(12) Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento);
(13) Calafrios ou ondas de calor.
Além dos sintomas citados, o DSM-IV-TR define 3 (três) critérios para o diagnóstico do
Transtorno do Pânico:
i) Critério A - A característica essencial do Transtorno de Pânico é a presença de Ataques de Pânico
recorrentes e inesperados, seguidos por pelo menos 1 mês de preocupação persistente acerca de ter um
outro Ataque de Pânico, preocupação acerca das possíveis implicações ou consequências dos Ataques
de Pânico, ou uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.
ii) Critério B. Os Ataques de Pânico não são melhor explicados por um outro transtorno mental (por ex.,
Fobia Específica ou Social, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtorno de Estresse Pós-Traumático
ou Transtorno de Ansiedade de Separação) (Critério D). Dependendo de serem satisfeitos também os
critérios para Agorafobia, faz-se o diagnóstico de 300.21 Transtorno de Pânico Com Agorafobia ou
300.01 Transtorno de Pânico Sem Agorafobia (
iii) Critério C. Os Ataques de Pânico não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por
ex., Intoxicação com Cafeína) ou de uma condição médica geral (por ex., hipertiroidismo)
Outro aspecto também deverá ser considerado no momento do diagnóstico: pelo menos 2
(dois) ataques inesperados (espontâneo, sem ativador situacional, “vindo do nada”) são
necessários para o enquadramento no transtorno.
9
No DSM-IV-TR encontram-se alguns fatores definidos através da observação do
desenvolvimento do Transtorno do Pânico, quais sejam:
- Os indivíduos com frequência têm Ataques de Pânico predispostos por situações
(isto é, aqueles mais propensos a ocorrer em, mas não invariavelmente associados
com, exposição a um ativador situacional);
- A frequência e a gravidade dos Ataques de Pânico variam amplamente; os ataques
com sintomas limitados (isto é, ataques idênticos a Ataques de Pânico "completos",
exceto pelo fato de que o medo e ansiedade súbitos são acompanhados por menos de 4
dos 13 sintomas adicionais) são muito comuns;
- Embora a distinção entre Ataques de Pânico completos e ataques com sintomas
limitados seja um tanto arbitrária, os Ataques de Pânico completos estão associados
com maior morbidade. A maior parte dos indivíduos que têm ataques com sintomas
limitados teve Ataques de Pânico completos em algum momento durante o curso do
transtorno.
- Os indivíduos temem que os ataques indiquem a presença de uma doença não
diagnosticada e ameaçadora à vida
- Os ataques são percebidos como uma indicação de que estão "ficando loucos" ou
perdendo o controle, ou de que são emocionalmente fracos.
- Alguns indivíduos com Ataques de Pânico recorrentes mudam significativamente
seu comportamento (por ex., demitem-se do emprego) em resposta aos ataques, mas
negam o medo de terem um outro ataque ou preocupações acerca das consequências
de seus Ataques de Pânico.
As preocupações acerca do próximo ataque ou suas implicações frequentemente estão
associadas com o desenvolvimento de um comportamento de esquiva que pode
satisfazer os critérios para Agorafobia3, diagnosticando-se, neste caso, um Transtorno
de Pânico Com Agorafobia.
O Transtorno do Pânico está classificado no CID-104 (Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde ) - F41.O – como Ansiedade Paroxística
Episódica. Os aspectos essenciais descritos são ataques recorrentes de ansiedade grave
3 Termo definido no CID-10 como: Grupo relativamente bem definido de fobias relativas ao medo de deixar seu domicílio, medo de lojas, de multidões e de locais públicos, ou medo de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A presença de um transtorno de pânico é frequente no curso dos episódios atuais ou anteriores de agorafobia. Entre as características associadas, acham-se frequentemente sintomas depressivos ou obsessivos, assim como fobias sociais. As condutas de evitação comumente são proeminentes na sintomatologia e certos agorafóbicos manifestam pouca ansiedade dado que chegam a evitar as situações geradoras de fobia.Agorafobia sem antecedentes de transtorno de pânico.Transtorno de pânico com agorafobia.4 Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/cid_janela.php?cod=11, acessado em 15/05/2013.
De maneira geral, o transtorno do pânico é compreendido como um medo aprendido de certas
sensações corporais associadas com o ataque do pânico, e a agorafobia como uma resposta
comportamental à antecipação de tais sensações, ou sua evolução para um ataque de pânico
claramente caracterizado (Craske e Barlow, 1999).
A maioria dos modelos propostos para explicar o desenvolvimento do TP baseia-se
fortemente no estudo da relação entre as respostas psicológicas do indivíduo e um conjunto
de sensações fisiológicas desencadeador destas respostas. De um modo geral, entende-se
que, por algum mecanismo, estas respostas se apresentam fortemente distorcidas no sentido
de uma intensidade exacerbada com relação às sensações fisiológicas originadoras (Yano,
2003).
15
A teoria emocional (Barlow, 1991) associa o medo às tendências de evitação e os ataques de
pânico a um impulso para a fuga. Clark e Beck (1988), por sua vez, propõem que os ataques
de pânico estejam relacionados à percepção de perigo ou ameaça. No entanto, evidências
experimentais mostram que estas proposições não podem ser generalizadas, pois estas
associações não se verificam em todo os casos de pânico. Por exemplo, há pacientes que
negam perceber perigo ou ameaça nas situações de pânico (Yano, 2003).
O modelo mais difundido atualmente para o TP é o proposto por Clark (1986, 1997), segundo
o qual os ataques de pânico são provenientes de interpretações catastróficas, erradas
(disfuncionais), de certas condições corporais. Segundo este modelo, a partir de um estímulo
desencadeante que pode ser externo (por ex., ruído, luminosidade) ou interno (percepção de
alterações corporais, tais como taquicardia, sudorese, vertigem), decorreria uma interpretação
de perigo ou ameaça iminente que ativaria o sistema simpático, desencadeando reações
subsequentes no organismo que seriam percebidas como confirmadoras do “perigo”, gerando
mais interpretações catastróficas. Estas, por sua vez, gerariam mais ansiedade, numa espiral
crescente e rápida.
O modelo anterior é ampliado por Barlow (1988, 1991), o qual propõe que o que caracteriza o
TP é a ansiedade sobre a recorrência do pânico e não o pânico em si. Corroborando esta
hipótese, observou-se que cerca de 72% dos pacientes de TP conseguem identificar a
presença de estressores na ocasião do primeiro ataque de pânico (Craske, 1990). Isto pode
indicar que o primeiro ataque é, em grande parte dos casos, proveniente de uma condição
circunstancial específica, enquanto que o desenvolvimento do transtorno do pânico seria
decorrente do aprendizado do medo da recorrência deste ataque.
Barlow (1988) enfatiza, neste modelo, a natureza traumática do primeiro ataque de pânico e
a consequente aprendizagem decorrente deste ataque. De fato, é observado um alto índice de
procura de auxílio médico emergencial por indivíduos que sofreram o primeiro ataque de
pânico, por interpretarem os sintomas fisiológicos deste ataque como um sinal, geralmente, de
morte iminente (Yano, 2003). Por esta abordagem, o ataque de pânico inicial seria um alarme
falso que pode ser ativado quando ocorre um aumento momentâneo no nível de estresse na
vida de indivíduos com vulnerabilidades psicológicas e/ou biológicas. O ataque de pânico
inicial seria, portanto, entendido como uma falha no sistema do medo, observada em
indivíduos psicológica e biologicamente vulneráveis, sob circunstâncias estressantes. Por
16
vulnerabilidade biológica entende-se a predisposição genética do indivíduo, enquanto a
vulnerabilidade psicológica indicaria, de forma ampla, o fato do indivíduo apresentar uma
série de crenças de que determinadas sensações corporais oferecem perigo (por exemplo,
interpretar a aceleração do ritmo cardíaco como a ocorrência de um ataque cardíaco). A
vulnerabilidade psicológica, com o desenvolvimento destes tipos de crença a respeito das
respostas fisiológicas, seria influenciada pela própria história de aprendizagem do indivíduo,
particularmente pela ocorrência, ao longo de sua vida, de acontecimentos imprevisíveis ou
incontroláveis (por exemplo, a perda de um ente querido). Assim, segundo este modelo, o TP
surgiria da relação entre os estressores e a vulnerabilidade psicológica e biológica do
paciente. O estresse elevaria os níveis de excitação fisiológica ou intensificaria os esquemas
cognitivos de descontrole e apreensão sobre as sensações corporais. Após o primeiro ataque, o
indivíduo se torna apreensivo em relação à ocorrência de ataques futuros, sendo que o medo
primário no pânico é um medo das sensações físicas, particularmente aquelas ligadas à
ativação do sistema nervoso autônomo simpático (Barlow, 1988). A influência de fatores
socioculturais, neste quadro, propiciaria o desenvolvimento da agorafobia.
3.3. Abordagem Psicanalítica
A abordagem psicanalítica não se constitui de um campo único, coerente e bem definido do
ponto de vista teórico, na tentativa de explicar o TP. Ao contrário, há uma variedade muito
grande de linhas de pensamento e propostas diferentes, dentro da Psicanálise, no que se refere
a propostas para estudar e entender o TP. Alguns autores são mais radicais, chegando mesmo
a negar a existência de algo que possa ser denominado de “Transtorno do Pânico”, evitando
toda e qualquer forma de rotulação da doença ou do doente (embora não neguem que os
sintomas existam e sejam reais). Para alguns dentre estes últimos, o que a medicina denomina
de “Transtorno do Pânico” não seria nada mais do que a “neurose de angústia” descrita por
Freud, apresentada numa nova roupagem, como se fosse uma nova doença (ver, por exemplo,
Nicolau, 2006). Outros autores admitem que a doença existe de fato e é um fenômeno
decorrente de características próprias da sociedade atual (por ex., Costa, 2011). Dada a
enorme variedade de correntes de pensamento dentro da Psicanálise, neste presente trabalho
serão apresentadas apenas as características gerais da abordagem psicanalítica como um todo
para o TP e alguns dos muitos modelos propostos pela Psicanálise para o entendimento deste
transtorno.
17
A abordagem psicanalítica se caracteriza, de modo geral, por trabalhar com a prerrogativa de
que conflitos internos inconscientes estariam na origem das manifestações de ansiedade,
podendo, nos casos agudos, levar o indivíduo a experimentar a sensação de pânico. Dentro do
material inconsciente gerador de conflito poderiam ser identificados praticamente infinitos
fatores potenciais, podendo dentre estes ser citados, por ser os mais frequentemente relatados,
frustrações, ressentimentos e experiências vividas na infância cruciais na formação da
personalidade (Salum, 2009). Assim, a avaliação da estrutura de personalidade subjacente do
indivíduo desempenharia papel fundamental, dentro desta abordagem, para o entendimento
das condições que levaram à manifestação do TP. A história individual do paciente
desempenha um papel central na abordagem psicanalítica para o TP (Lowenkron, 2009).
Dentro deste quadro, alguns autores ressaltam o conceito de maior ou menor vulnerabilidade
psicológica ao transtorno (Kipper, 2005). A avaliação psicanalítica de pacientes com TP
mostra que estes, frequentemente, se descrevem como crianças medrosas, nervosas e tímidas,
apresentam desconforto diante de sentimentos agressivos, ou ainda apresentam sentimentos
crônicos de baixa autoestima, frustração e ressentimento presentes antes do surgimento do TP.
Além disso, a qualidade da relação parental também é indicada como um fator de risco
preponderante (Heider, 2008). São comuns relatos de pacientes com TP descrevendo seus pais
como pessoas muito críticas, bravas, amedrontadoras ou controladoras (Shear, 1993).
Lowenkron (2009) cita a separação materna precoce, ou alguma perda interpessoal como
tipicamente relacionados à ocorrência do TP. Para este autor, o TP se relaciona em muitos
casos com alguma forma de privação, tipicamente (mas não exclusivamente) durante a
infância. Além disto, destaca como fatores relevantes a ocorrência de padrões de ansiedade
em relação à socialização na infância e relações parentais de pouco acolhimento. De forma
geral, pacientes que sofrem de TP apresentam dificuldade de lidar com sentimentos de raiva e
de agressão (Lowenkron, 2009).
Shear (1993) propõe um modelo psicanalítico para o TP baseado fundamentalmente na
qualidade das relações objetais estabelecidas pelo indivíduo com seus pais na infância,
relacionada com o desenvolvimento mais ou menos bem sucedido, por parte da criança, da
sua capacidade de resolução do conflito entre dependência e independência. Segundo este
autor, o medo de situações estranhas (não familiares), presente desde o nascimento da criança,
seria amplificado por comportamentos parentais agressivos, de controle exagerado ou de
18
caráter ameaçador, predispondo a criança a não resolver de forma satisfatória o conflito entre
dependência e independência. Assim, a criança poderia se desenvolver tanto como um
indivíduo extremamente dependente de outros e particularmente sensível à separação, quanto
como um indivíduo com uma necessidade extremada de independência e particularmente
sensível a situações de “sufocação”. Ambos os casos representariam um conflito mal
resolvido entre dependência e independência, que poderia ser resumido, em termos de
relações objetais, como a existência de uma representação fraca do próprio self, em contraste
com uma representação exageradamente forte do outro. Nestes casos, o indivíduo tenderá a
evitar situações desconhecidas, procurando manter uma distância segura e tolerável (nem
perto demais nem distante demais) dos outros, que para ele parecem exageradamente
poderosos. Assim, este tipo de comportamento evitativo acaba resultando em poucas
oportunidades para que o indivíduo desenvolva as suas próprias defesas, de modo a que possa
aprender a prever com razoável precisão situações potencialmente ameaçadoras, bem como
não desenvolverá estratégias adaptativas eficientes, tanto para se defender como para saber
lidar com determinadas situações. O resultado deste processo é que o indivíduo permanece
com as suas defesas desenvolvidas em um baixo grau de maturidade (Shear, 1993).
Dentro deste cenário proposto pelo modelo, o indivíduo apresentará fantasias frequentes de
estar sozinho e abandonado, ou então, ao contrário, de estar preso e sufocado. Como
consequência, tenderá a reagir frequentemente com raiva e/ou culpa a desafios psicológicos
que são interpretados por ele como ameaças de separação ou de prisão, ou mesmo castração
simbólica. Os sentimentos de ansiedade, culpa, vergonha ou raiva gerados neste processo, por
sua vez, são percebidos por ele como ameaçadores, reforçando desta forma a ansiedade, como
numa reação em cadeia. A repetição constante deste ciclo vicioso pode aumentar a sua
sensibilidade aos sentimentos de desamparo ou abandono, predispondo-o desta forma a se
tornar mais vulnerável à instalação do pânico (Shear, 1993).
Scarpato (2001) propõe um modelo para o TP baseado fundamentalmente na ideia de recalque
e retorno do recalcado. Neste modelo, o pânico é descrito como uma experiência excessiva da
qual a pessoa não consegue dar conta, sendo que a experiência excessiva ocorre internamente
ao próprio indivíduo. Elementos psíquicos, cuja emergência a nível consciente seria
interpretada como um perigo para esta pessoa, são recalcados no inconsciente. Se, por alguma
razão, estes elementos começam a vir à tona, se produz uma reação somatizada que
corresponde ao pânico. Por serem elementos não reconhecidos pelo consciente da pessoa, eles
19
atuam como um “inimigo invisível”: são sensações e sentimentos que ficaram marginalizados
do nível consciente e que, ao emergir, promovem uma reação extrema de estranhamento pelo
sujeito, que não reconhece estas formas. Não é possível lutar nem fugir, pois os elementos
desencadeantes estão dentro da própria pessoa e sua presença não é reconhecida por ela
conscientemente. Este estado é caracterizado por uma desconexão entre a experiência
somática e a cognitiva, no qual a pessoa, durante o ataque de pânico, estranharia as próprias
reações corporais, que lhe parecem sem controle e sem sentido, promovendo um
estranhamento do indivíduo com relação ao próprio corpo, que normalmente se traduz numa
falta de confiança com relação ao próprio corpo. Esta falta de confiança, segundo o autor,
seria um reflexo da própria falta de reconhecimento do indivíduo com relação ao seu próprio
material psíquico recalcado, e consequentemente de falta de confiança com relação a si
mesmo, pois o indivíduo não reconhece a si próprio ao se deparar com o material inconsciente
recalcado que emergiu à tona (Scarpato, 2001). A ideia encontra similaridades com o conceito
de sombra proposto pela psicologia Junguiana, na qual a descoberta da sombra e o confronto
do indivíduo com esta, no caso de haver uma dissociação muito grande entre os níveis
consciente e inconsciente, equivaleriam, numa linguagem freudiana, ao retorno do recalcado,
podendo se manifestar tanto na forma de uma crise psicológica quanto se somatizando.
Outro modelo baseado na relação entre o pânico e o desamparo foi proposto por Costa (2011),
porém sob uma perspectiva mais abrangente, integrando na análise o contexto da sociedade
ocidental contemporânea, mais especificamente os efeitos da desorganização da estrutura
social e da falta de referências claras sobre a qualidade das relações estabelecidas entre o id,
ego e superego. Segundo este modelo, as sucessivas e aceleradas transformações pelas quais o
mundo vem passando desde as últimas décadas, dentre as quais se podem citar as mudanças
de valores, condições de procriação, filiação, papéis de homem e de mulher, configurações
familiares e forma de educar os filhos estaria produzindo uma crise de referências, que por
sua vez produziria efeitos diversos e profundos sobre a organização subjetiva humana.
Neste modelo, a autora retoma o conceito de desenvolvimento do ego e do superego, muito
relacionado por Freud com o medo da castração. Este episódio, fundamental no
desenvolvimento da personalidade de qualquer indivíduo segundo a teoria psicanalítica, está
diretamente relacionado com o que a autora chama de estabelecimento da lei, ou seja, o
reconhecimento, por parte do ego, de que há limites impostos pela realidade na busca da
obtenção de prazer promovida pelo id, naquilo que é conhecido psicanaliticamente como
20
princípio do prazer ou processo primário. Trata-se aqui do choque, inevitável no
desenvolvimento de qualquer ser humano, entre o princípio de prazer e o princípio da
realidade, o qual produzirá o desenvolvimento das duas instâncias psíquicas denominadas
ego (o mediador entre o princípio do prazer do id e as limitações circunstanciais impostas pela
realidade, responsável pelo que é chamado por Freud de processo secundário) e superego (os
valores e princípios morais introjetados pelo indivíduo, que nortearão sua conduta ao longo da
vida e desempenharão influência decisiva na construção da sua própria personalidade).
Segundo o modelo proposto, o estabelecimento de uma lei clara constitui um amparo
simbólico ao indivíduo, pois, ao mesmo tempo em que a lei priva e limita, também protege e
ampara. Esta relação entre lei e amparo é essencial para a vida em comunidade, por
estabelecer referências simbólicas claras ao indivíduo. As mudanças sucessivas ocorridas nas
últimas décadas na lei, entendida aqui como todo o conjunto de referenciais simbólicos
introjetados em cada indivíduo e que permitem a vida em sociedade, está promovendo uma
crise de referências, produzindo uma nova forma do que Freud chamou de “o mal-estar da
civilização”. Freud denominou com este termo, na sua época, a neurose decorrente da
necessidade dos indivíduos se submeterem às regras, leis e interdições sociais (que, na época,
eram extremamente rígidas e repressoras) para que possam viver em sociedade, deste modo
contrariando e sufocando suas pulsões e a natureza libidinal por excelência do id.
Curiosamente, o momento atual apresenta quase que a situação oposta àquela identificada por
Freud: uma sociedade em que há excesso de liberalismo e de permissividade. Assim, se na
sociedade vienense da época de Freud, caracterizada por padrões morais excessivamente
rígidos e repressores, a doença psicológica característica do período era a histeria, na
sociedade atual, excessivamente permissiva e liberal, o mal característico desta época seria o
pânico.
Esta nova forma de mal-estar é, segundo este modelo, produto da falta da lei, ou no dizer de
Freud, do agente de castração simbólico. A presença do agente de castração, social e
psicologicamente, interdita, limita, institui a lei e põe limite ao gozo, propiciando a renúncia
pulsional e abrindo espaço para a emergência do sujeito desejante. Ou seja, a existência da lei
simbólica permite ao sujeito renunciar à plena realização das pulsões, ganhando em troca,
segurança. Estabelece-se, assim, uma forma de pacto na qual o indivíduo aceita que seu gozo
seja limitado, pois por outro lado ele recebe benefícios compensatórios, que se constituiriam
de ganhos secundários importantes (sem os quais não haveria nem mesmo civilização). Desta
forma, o indivíduo se capacita a estabelecer relações de troca e a lidar com o desamparo, dado
21
que ele não pode ter tudo o que deseja e é forçado a fazer escolhas, bem como a lidar com a
falta. Assim, pode-se dizer que a lei humaniza o homem (que, do contrário, seria um monstro
egocêntrico) e lhe dá o amparo de que tanto necessita. Porém, se a lei falha, o sujeito fica
desamparado, pela falta de referenciais claros. Nesta situação de falta de lei, não parece haver
benefícios que compensem a renúncia pulsional e, assim, o indivíduo fica a mercê das suas
próprias exigências pulsionais, vivendo o excesso, ou então, se renuncia a tais exigências,
enfrentará uma situação de desamparo sem recompensas e segurança (Costa, 2011).
Segundo a visão psicanalítica, há um desamparo primário que é inerente à constituição do
sujeito. Segundo Freud, este desamparo é fruto de uma angústia fundamental e originária, que
tem como protótipo o nascimento e serve de modelo para todas as outras angústias que se
repetirão ao longo da vida. Assim, para Freud a causa fundamental desta angústia é o estado
de total desamparo em que vive o Homem, ou seja, uma condição em que o ser humano não
tem os recursos necessários para ajudar-se a si próprio, precisando da ajuda do outro para
sobreviver. Para sobreviver, o Homem precisa ser amparado. Freud reconheceu este estado
como uma característica comum a todo e qualquer ser humano. Assim, o desamparo primário
é uma experiência estruturante para o sujeito, porque através dele o sujeito exprime uma
atitude de apelo em direção ao outro, um grito de socorro de quem precisa de ajuda. Ele leva o
indivíduo a abrir mão das próprias ambições fálicas e da autossuficiência narcísica e das
ilusões de onipotência, a fim de sobreviver. Desta forma, ele pode se constituir como sujeito
(Costa, 2011). Por outro lado, alguém que não pode ou não precisa ser amparado dificilmente
desenvolve uma preocupação com o outro. Em consequência, se ou outro não tem para ele
importância, simplesmente não faz sentido seguir uma regra ou respeitar a lei. Ao mesmo
tempo, se não há lei, não há restrição e, portanto não há necessidade de amparo. Portanto, lei e
amparo andam juntos, e se um falha, o outro falhará necessariamente (Costa, 2011).
Assim, o quadro social atual de individualismo exacerbado, grande permissividade e ausência
de limites promove um progressivo isolamento entre os indivíduos, onde cada um busca
apenas o seu próprio prazer e o apelo ao outro é cada vez menos solicitado. Não havendo
apelo, não há constituição de regras e limites, resultando em uma sensação geral de
desamparo, de falta de lei ou de garantias, que acaba levando o sujeito ao pânico.
A autora faz uma distinção entre as fobias, de maneira geral, e o pânico. Nas fobias, o
indivíduo vive um conflito emocional interno e tenta recalcar os pensamentos e impulsos
22
perturbadores. Quando fracassa o recalque, ele desloca o conflito para um lugar ou situação
do mundo exterior, de modo a tentar confinar o conflito ou a ansiedade àquela situação, que
passa a representar, simbolicamente, o seu conflito interno. O perigo interno é projetado para
o mundo externo, num objeto, lugar ou situação determinada, estabelecendo-se assim a fobia.
O objeto para o qual o conflito foi deslocado torna-se um objeto fóbico, que passa a ser
evitado. A possibilidade do sujeito evitar o objeto fóbico permite que ele amenize a sua
ansiedade (Costa, 2011).
No pânico, embora esteja presente um caráter fóbico, não há aparentemente um objeto fóbico
definido. As exigências da realidade externa parecem tomar o lugar do objeto fóbico. O
sujeito, criado e acostumado com a falta de lei e limites, preso a um referencial
predominantemente narcísico, ao ser colocado em uma situação que exija dele assumir o
desamparo e a limitação própria do sujeito castrado, responde com a crise do pânico. Com
efeito, grande parte dos pacientes com TP relatam sintomas que remetem à falta de
referencial ou de orientação e à sensação de isolamento ou separação. Tais sintomas
remetem à castração ou interdição, produzindo nestes pacientes uma sensação de profundo
desamparo (Costa, 2011). Dentro desta perspectiva, pode-se dizer que o transtorno do pânico
seria um processo de somatização de um medo ou fobia profunda e generalizada da própria
falta de lei, limites ou referencial, manifestando-se no corpo na forma de um descontrole
generalizado de determinadas funções fisiológicas (batimentos cardíacos, respiração,
sudorese, vertigem). Dentro desta perspectiva, os ataques de pânico seriam uma espécie de
“grito” do inconsciente, implorando por lei, limites, amparo e relacionamento (no sentido de
troca verdadeira entre dois ou mais indivíduos), numa tentativa desesperada de fugir à
sensação de desamparo total produzida pelo isolamento, este decorrente de uma sociedade
sem lei e sem limites.
4. TRATAMENTO
Os sintomas causados pelo transtorno do pânico, além de proporcionarem grande desconforto,
prejudicam a qualidade de vida e funcionamento psicossocial de seus portadores. Os Ataques
de Pânico, por exemplo, são crises de medo e desconforto intensos, acompanhados de quatro
ou mais sintomas, que se desenvolveram súbita e abruptamente e alcançaram um pico
máximo em 10 minutos, tais como: taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, sensação de
desmaio, náusea, tonturas, vertigem, desrealização ou despersonalização, sensação de
23
descontrole ou de enlouquecer, medo de morrer, anestesia ou sensações de formigamento,
calafrios ou ondas de calor (APA, 1994). Esse tipo de reação pode ocorrer em qualquer lugar,
como no ambiente de trabalho ou escola. Além do desconforto intenso já citado, pode causar
também constrangimento, fazendo o indivíduo evitar situações semelhantes.
Em muitos casos, devido a isso, pacientes desenvolvem grande dependência pela figura
paterna. Precisam estar na companhia de alguém para se sentirem minimamente protegidos.
Em contrapartida, a necessidade de estar sempre acompanhado prejudica a autonomia e
individualidade.
Após o diagnóstico, é evidente a necessidade de procurar tratamentos adequados que
amenizem esses sintomas e colaborem para a remissão do quadro.
Vamos abordar os principais tratamentos disponíveis para o TP, interação entre eles e sua
eficácia.
4.1. Psicofármacos
Na maioria dos casos, esse tratamento é o que está na linha de frente. O controle dos ataques
de pânico é, geralmente, feito através da ingestão de tranquilizantes benzodiazepínicos como
o diazepam. Esse tipo de medicamento alivia o sintoma das crises rapidamente, porém possui
grande potencial de abuso e dependência (Davidson, 1997). Usando em longo prazo, o
medicamento pode causar tolerância do organismo, obrigando o portador a aumentar a dose.
Por esse motivo, benzodiazepínicos costumam ser usados no início do tratamento para
controlar os eventuais sintomas, ajudando na aderência aos tratamentos psicoterápicos e
drogas que possuem efeito a longo prazo, como os antidepressivos.
Os principais antidepressivos usados são serotoninérgicos, como a fluoxetina. Eles têm
eficácia comprovada no controle dos ataques de pânico (Gentil, et al., 1993), unida a boa
tolerância. O tratamento tem início com doses baixas que são aumentadas gradualmente.
Existem casos onde de início há uma piora inicial, mas o controle pode ser feito, mais uma
vez, com o uso dos benzodiazepínicos.
24
Apesar do grande número de evidências da eficácia dos psicofármacos na diminuição dos
sintomas agorafóbicos, não são incomuns casos onde os sintomas são intensificados e o
surgimento de resistência ao tratamento psicofarmacológico (Rosenbaum, 1997).
4.2 Terapia Cognitivo-Comportamental
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode servir como alternativa para os casos onde a
interação psicofarmacológica não funciona bem ou então como complemento ao tratamento.
O objetivo básico da TCC é o descondicionamento das sensações físicas causadas pelo TP,
utilizando princípios de aprendizagem para diminuí-los.
É feita uma avaliação geral das ocorrências dos ataques de pânico, situações ou ambientes que
possam desencadeá-los, frequência e pensamentos disfuncionais. Quando as ocorrências
acima são identificadas, o terapeuta explica ao paciente as informações pertinentes a seu
quadro clínico, importância do tratamento e os métodos que vão ser utilizados. Dessa forma, é
estabelecida uma relação de confiança entre o terapeuta e o paciente, além de gerar um
sentimento de amparo e acolhimento por parte do portador do TP. Sendo assim, a adesão ao
tratamento é facilitada, aumentando as chances de sucesso.
Segundo os modelos cognitivos-comportamentais (Clark DM, 1986), os ataques de pânico são
desencadeados através de interpretações distorcidas e catastróficas dos sintomas corporais.
Uma palpitação no peito, por exemplo, pode ser interpretada como um infarto iminente, o que
contribui ainda mais para a sensação de “pânico”. O ataque de pânico inicial funciona como
um “alarme falso” (Barlow DH, 1988) onde uma descarga exacerbada de ansiedade é
liberada, geralmente em resposta a eventos estressantes. Doença de um ente querido ou
alguma ameaça de perda pode “ativar” os sintomas de ataque e gerar ainda mais
interpretações catastróficas.
Após o primeiro ataque, o indivíduo fica mais sensível e apreensivo, com medo das sensações
físicas associadas ao ataque. Essa apreensão e medo acabam forçando o paciente a ter uma
hipervigilância sobre seu comportamento, passando a evitar situações que possam
desencadear os sintomas ou então evitar os lugares que foram cenários de ataques anteriores
(agorafobia); o que limita, e muito, a interação social dessa pessoa.
25
A TCC é eficaz contra a hipervigilância dos sintomas, corrige a interpretação distorcida das
situações e visa eliminar a agorafobia.
4.2.1 O processo
A proposta da TCC é oferecer um tratamento breve com 10 a 20 sessões, todas com objetivos
claros que devem ser atingidos. Tanto o papel do paciente quanto o do terapeuta é ativo.
A TCC pode ser iniciada em qualquer fase do tratamento e interagir com o tratamento
medicamentoso. Utiliza os seguintes recursos como técnica: psicoeducação, técnicas para
lidar com a ansiedade (relaxamento muscular e respiração abdominal ou diafragmática),
reestruturação cognitiva, exposição interoceptiva e exposição in vivo gradual (Otto MW;
Deveney C, 2005).
4.2.2 Psicoeducação
A psicoeducação visa decompor a cascata de ansiedade e pânico causada pelos ataques.
Mostra uma análise clara de todas as etapas e introduz o papel dos pensamentos na
manutenção do transtorno e o quanto a evitação e os comportamentos de fuga contribuem
para a perpetuação dos ataques.
O diagrama abaixo (Figura 1) demonstra o modelo cognitivo do TP, adaptado do modelo de
psicoeducação de Barlow (Heldt et al., 2005).
A psicoeducação é aplicada nas primeiras sessões, porém podem se repetir durante todo o
tratamento, caso necessário. Essa etapa auxilia o paciente a passar pelas próximas,
principalmente as de exposição, que são as que causam mais ansiedade.
26
Figura 1 – Ciclo cognitivo do medo para o transtorno de pânico
4.2.3 Técnicas de relaxamento e exposição
Tanto a técnica de relaxamento quanto a de respiração ajudam o portador a diminuir a tensão
causada durante os ataques de pânico, além de proporcionar a sensação de controle e domínio
sobre o próprio corpo.
A técnica de exposição reproduz os sinais mais comuns de ansiedade como a falta de ar e
taquicardia. Quando o cliente é exposto a esses sinais, promove-se a extinção do
condicionamento interoceptivo, ou seja, o cliente deixa de associar os sintomas ansiosos ao
ataque de pânico. Consequentemente ajuda o cliente a interpretar essas sensações de forma
realista e não alarmante.
4.2.3 Reestruturação cognitiva
Esta técnica tem como objetivo identificar pensamentos distorcidos, em relação às sensações
corporais ameaçadoras e avaliar, junto ao terapeuta, a veracidade desses pensamentos.
27
O cliente é incentivado a propor alternativas e também lhe é ensinado como analisar seus
pensamentos como uma hipótese e, posteriormente, confrontá-los com a realidade, reduzindo
o caráter catastrófico dos mesmos (Beck, Emery, & Greenberg, 1985). O incentivo do
terapeuta, novamente, é crucial. O paciente precisa estar a par de todo o processo para usá-lo
quando necessário. O sucesso da terapia depende grande parte dessa prática.
4.3 Terapia Psicanalítica
Como visto no item 3.3, a psicanálise não trata o TP por não considerá-lo uma doença. O
papel da análise é investigar o passado do paciente, principalmente a infância, em busca da
causa para tratar o sintoma. Percebe-se também que não há um discurso unificado entre os
autores. Por seu valor, prevalece o conceito chamado por Freud de “neurose de angústia”.
A psicanálise ajuda o portador do TP a lidar com seu sentimento de desamparo e constante
angústia. Segundo Louzã & Elkis (2007), aspectos relacionados à psicodinâmica da
personalidade também serão aprofundados visando explorar situações de conflito que possam
ser desencadeadoras das crises. A experiência assustadora de perda de controle sobre as
próprias emoções parece ser central nessas pessoas.
Lembrando que a psicanálise tem como característica um tratamento longo. Entendemos que
essa modalidade de psicoterapia pode ser eficaz, mas fica clara a necessidade de combinar a
terapia com o uso dos fármacos. Mesmo após o controle das crises, os sintomas fóbicos não
desaparecem; e é a psicanálise que vai explorar esses pontos.
5. CONCLUSÃO
Os transtornos ansiosos são os distúrbios psiquiátricos mais frequentes nos sistemas primários
de saúde e boa parte desses pacientes é portadora de Síndrome do Pânico. Os indivíduos
acometidos pelo Transtorno do Pânico (TP) apresentam complicações e consequências
decorrentes dos repetidos ataques, gastam excessivamente com médicos especialistas e
exames subsidiários quase sempre dispensáveis.
28
As crises de pânico estão entre os diagnósticos mais comuns que levam os pacientes a
procurar serviços de emergência. Além do sofrimento e da incapacitação, essas crises
promovem gastos excessivos ao sistema de saúde e previdência. Por muito tempo sua
importância foi subestimada. Ainda hoje a maioria dos novos casos não é reconhecida,
diagnosticada ou tratada de forma apropriada. Devido esses fatos o seu conhecimento e
manejo não devem se restringir somente aos psiquiatras, mas, interessa aos médicos em geral.
A doença pode evoluir com comorbidades5, aumentando a gravidade e a incapacitação do
paciente. A agorafobia (medo de lugares onde a fuga ou o socorro estejam indisponíveis no
caso de ocorrer uma crise de pânico), depressão (com elevação do risco de suicídio,),
sintomas hipocondríacos (leva ao uso excessivo do sistema de saúde), abuso de substâncias
psicoativas (devido a redução da ansiedade antecipatória) estão frequentemente associadas.
Pelo que se verifica tanto do DSM-IV-TR quanto do CID-10, há uma tentativa louvável da
área médica em esquematizar o transtorno do pânico, mas a realidade cotidiana vai além do
diagnóstico proposto. A própria descrição não é firme e se baseia em um constructo
hipotético, com relatos verbais, fisiologia e comportamento, mas sempre deixando margem
para que outros sintomas possam definir mais objetivamente o estranho que habita o homem
causando-lhe pânico e limitando o seu viver.
As abordagens biológica e psicológica cognitivo-comportamental, a despeito das suas
diferenças, apresentam como característica comum uma preocupação em descrever o TP, e
em identificar e caracterizar fatores ou processos físicos, genéticos e/ou comportamentais que
possam estar relacionados, de forma evidenciável, com o desenvolvimento do transtorno,
fornecendo subsídios úteis na proposta de uma metodologia de tratamento, seja ele através de
terapia focada em resultados, seja ele baseado em medicação específica, com foco na química
neural, voltada para o controle das crises. No entanto, por mais que exista grande quantidade
de resultados experimentais disponíveis na literatura, relativo a estas duas abordagens,
nenhuma delas apresenta, até o momento atual, uma explicação definitiva e clara sobre a
origem do TP. Isto quer dizer, em última análise, que a pergunta “o que faz com que um
indivíduo saudável venha a desenvolver o transtorno do pânico em uma determinada altura da 5. A comorbidade com outros Transtornos de Ansiedade também é comum, especialmente em contextos clínicos e em indivíduos com Agorafobia mais severa (Fobia Social tem sido relatada em 15-30% dos indivíduos com Transtorno de Pânico; Transtorno Obsessivo-Compulsivo, em 8-10%; Fobia Específica, em 10-20%; e Transtorno de Ansiedade Generalizada, em 25%). O Transtorno de Ansiedade de Separação na infância tem sido associado com este transtorno. http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm.php?ltr=P
sua vida?” permanece sem resposta, por estas duas abordagens. Ou, em outras palavras, sabe-
se no que se constitui o TP, como este atua bio-fisiologicamente e são propostas formas de
tratamento, tanto farmacológico quanto por terapia, mas não se entende realmente o que
origina, em primeiro lugar, a doença. Explicações com base em genética e hereditariedade,
embora demonstrem que há de fato o agrupamento da ocorrência de TP em famílias, ainda
não permitem a proposição de um mecanismo claro de base genética que explique a origem
deste distúrbio.
Por outro lado, a abordagem psicanalítica privilegia justamente a identificação e o
entendimento de causas possíveis para o surgimento do TP. No entanto, pela própria natureza
da teoria psicanalítica, demonstrações com rigor científico da exatidão dos modelos
psicanalíticos para a explicação do TP são muito difíceis, quando não impossíveis. O
conhecimento psicanalítico é desenvolvido através de um modelo baseado, grosso modo, em
especulação teórica, aplicação desta na prática terapêutica e no estudo de casos clínicos, um
paradigma fundamentalmente diferente daquele seguido pela biologia e demais ciências
naturais (baseado no método científico de observação, hipótese, testes experimentais em
condições controladas e análise dos resultados). Devido ao fato da Psicanálise abordar o
paciente com TP de forma holística, o tratamento desta doença com Psicanálise acaba
envolvendo a manipulação de uma quantidade extremamente ampla de variáveis, pois todo o
histórico de vida do paciente e praticamente todo o seu material inconsciente podem,
potencialmente, ser explorados em uma terapia. Desta forma, não há a possibilidade de
“testagem”, do ponto de vista estritamente científico, no sentido de se isolar apenas um
conjunto bem definido de variáveis e estudar a relação entre estas e o TP, pela Psicanálise.
Adicionalmente, a duração normalmente longa dos tratamentos psicanalíticos dificulta a
identificação de uma correlação clara entre o sucesso da terapia e o método ou abordagem
teórica empregada.
Cabe ainda ressaltar que, premidos pela necessidade de um tratamento rápido, dentro do
contexto social moderno que privilegia o pragmatismo, a velocidade e a redução do tempo
requerido para realizar qualquer atividade, a maior parte dos pacientes que sofrem de TP
acaba preferindo o tratamento terapêutico via abordagem cognitivo-comportamental, dada a
sua natureza mais focada e menor prazo médio de extensão, de forma que há,
comparativamente, poucos estudos disponíveis na literatura concernentes aos resultados
obtidos pelo tratamento do TP com Psicanálise. Finalmente, é importante notar que, para a
30
Psicanálise, não há sentido em se falar propriamente em eficácia ou tratamento bem sucedido,
pois de acordo com os fundamentos psicanalíticos, nunca se pode saber, de antemão, o que
resultará do processo terapêutico psicanalítico, mais à frente (ao contrário das TCCs, que se
propõem efetivamente a tratar uma doença ou um distúrbio). Dado este quadro, entende-se
que, Biologia e TCCs de um lado, e Psicanálise do outro, falam línguas diferentes e a
comunicação entre ambas é extremamente difícil, quando não impossível.
É difícil especular, tomando-se por base o quadro atual, qual será a evolução das abordagens
para o tratamento do TP, embora se possa afirmar, com alguma segurança, que as abordagens
biológica e cognitivo-comportamental continuarão andando juntas, enquanto a psicanalítica
provavelmente seguirá caminhando sozinha, talvez ocasionalmente apoiada pela biológica em
algumas modalidades específicas de tratamento. Das três abordagens, é provável que a
biológica seja a única que apresente, nos próximos anos, avanços consideráveis em termos de
ampliação do conhecimento, tanto no sentido de elucidação dos processos neurais envolvidos
na instalação do TP, dando suporte para o desenvolvimento de drogas mais eficazes, quanto
no avanço do estudo dos fatores hereditários. As abordagens terapêuticas não devem
apresentar modificações substanciais, tendo em vista que as bases teóricas, tanto para a
abordagem cognitivo-comportamental quanto para a psicanalítica, aparentemente já se
encontram bem consolidadas. Com efeito, nestas, a interação terapeuta-paciente e,
principalmente, o trabalho do próprio paciente, parecem desempenhar o papel central.
Apenas os resultados futuros dos estudos sobre o TP vão sugerir qual opção de tratamento
seria a mais adequada ou eficaz, lembrando que a eficácia varia de indivíduo para indivíduo.
As abordagens citadas, principalmente a combinação da TCC com a farmacoterapia,
apresentam efeitos satisfatórios e também em curto prazo de tempo (Barlow, et al., 2000;
Uhlenhuth, et al., 1998). Porém, a longo prazo, parece haver uma pequena diferença na
manutenção dos ganhos, favorecendo o uso da TCC, quando houver descontinuidade da
medicação (Whittal et al., 2001).
REFERÊNCIAS
31
BARLOW, D. H. (1988). Anxiety and its disorders. The nature and treatment of anxiety and panic. New York: Guilford Press
_______ (1991). Disorders of emotion. Psychological Inquiry, 2, 58-71.
CLARK, D. M.; Beck, A. T. (1988). Cognitive approaches. In: C. G. Last & M. Hersen (Eds). Handbook of anxiety disorders, 362-385. New York: Pergamon Press.
_______ (1986). A cognitive approach to panic. Behavior Research and Therapy, 24, 461-70.
COSTA, V. A. S. F. C.; Queiroz, E. F. (2011). Transtorno de Pânico: uma manifestação clínica do desamparo. Psicologia: Ciência e Profissão, 31 (3), 444-455.
CRASKE, M. G.; Barlow, D. G. (1999). Transtorno do pânico e agorafobia. In: D. W. Barlow (Org). Trad. Maria Regina Borges Osório. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos, 13-62. Porto Alegre: Ed. Artmed.
_______et al. (1990). A descriptive report of features of initial unexpected panic attacks in minimal and extensive avoiders. Behavior Research and Therapy, 22, 289-304.
CROWE, R. R. et al. (1983). A family study of panic disorder. Arch Gen Psychiatry, 40 (10), 1065-1069.
DAVIDSON, J.R.T. (1997). Use of benzodiazepines in panic disorder. Journal of Clinical Psychiatry, 58 (suppl. 2): 26-28
EHLERS, A.; Margraf, J. (1989). The psychophysiological model of panic attacks. In: P. M. G. Emmelkamp (Ed), Anxiety disorders: Annual Series of European Research in Behavior Therapy (Volume 4). Amsterdam: Swets.
FARAVELLI, C. (1985). Life eventes preceding the onset of panic disorder. J. Affect Disord., 9 (1), 103-105.
FERGUSSON, D. M.; Linskey, M. T.; Horwood, L. J. (1996) Childhood sexual abuse and psychiatric disorder in young adulthood: I. Prevalence of sexual abuse and factors associated with sexual abuse. J Am Acad Child Adolesc Psichiatry, 35 (10), 1355-1364.
FERRARI, M. C. et al. (2008). Structural magentic resonance imaging in anxiety disorders: an update of research findings. Rev. Bras. Psiquiatr., 30 (3), 251-264.
FURUKAWA, T. A.; Watanabe, N.; Churchill, R. (2006). Psychoterapy plus antidepressant for panic disorder with ou without agoraphobia: Systematic review. British Journal of Psychiatry, 188, 305-312.
GENTIL, V., Lotufo-Neto, F., Andrade, L., Cordás, T., Bernik, M., Ramos, R., Maciel, L., Miyakawa, E. & Gorenstein, C. (1993). Clomipramine, a better reference drug for panic/agoraphobia. I. Effectiveness comparison with imipramine. J. Psychopharmacol. 7: 316-324.
HEIDER, D. et al. (2008). Adverse parenting as a risk factor in the occurrence of anxiety disorders: A study in six European countries. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol., 43 (4), 266-272.
HETTEMA, J. M.; Neale, M. C.; Kendler, K. S. (2001). A review and meta-analysis of the genetic epidemiology of anxiety disorders. American Journal of Psychiatry, 158 (10), 1568-1578.
_______et al. (2005). The structure of genetic and environmental risk factors for anxiety disorders in men and women. Arch Gen Psychiatry, 62 (2), 182-189.
32
JEFFERSON, J.W. (1987). Antidepressants in panic disorder. Journal of Clinical Psychiatry, 58 (suppl. 2), 20-24.
KENDLER, K. S.; et al. (1992) Childhood parental loss and adult psychopathology in women. A twin study perspective. Arch Gen Psichiatry, 49 (2), 109-116.
KESSLER, R. C. et al. (2006). The epidemiology of panic attacks, panic disorder, and agoraphobia in the National Comorbidity Survey Replication. Arch Gen Psychiatry, 63 (4), 415-424.
KIPPER, L. et al. (2005). Evaluation of defense mechanisms in adult patients with panic disorder: before and after treatment. J Nerv Ment Dis., 193 (9), 619-624.
LOCATELLI , Anazir. Síndrome do Pânico: Revendo Conceitos, Diagnóstico e Tratamentos. http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00004F/00004F2F.pdf, acessado em 14/05/2013.
LOWENKRON, T. (2009). A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e pânico. Revista Brasileira de Psicanálise, 43 (3), 133-139.
MANFRO, Gisele Gus et al . Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico.Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600005&lng=en&nrm=iso>. access on 14 May 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462008000600005.
MEZZASALMA, M. A. et al. (2004). Neuroanatomia do Transtorno de Pânico. Rev Bras Psiquiatr, 26 (3), 202-206.
NICOLAU, R. F. (2006). Síndrome do Pânico. Uma nova patologia? Trabalho apresentado no II Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e VIII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, Belém, de 07 a 10 de setembro de 2006.
OTTO MW, Deveney C. Cognitive-behavioral therapy and the treatment of panic disorder: efficacy and strategies. J Clin Psychiatry . 2005;66 Suppl 4:28-32.
ROSENBAUM, J.F. (1997). Treatment of panic disorders: the state of the art. The Journal of Clinical Psychiatric. 58 (suppl. 2), 3-67.
ROTHE, C. et al. (2004). Association of study of serotonin-2A receptor gene polymorphism and panic disorder in patients from Canada and Germany. Neuroscience Letters, 363 (3), 276-279.
ROY-BYRNE, P. P.; Craske, M. G.; Stein, M. B. (2006). Panic disorder. Lancet., 368 (9540), 1023-32.
SALUM, G. A.; Blaya, C.; Manfro, G. G. (2009). Transtorno do Pânico. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 31 (2), 86-94.
SCARPATO, A. T. (2001). O estranho que me habita: a Síndrome do Pânico numa perspectiva formativa. Revista Reichiana do Instituto Sedes Sapientiae, 10, 50-66.
SCOCCO, P.; Barbieri, I.; Frank, E. (2007). Interpersonal problem areas and onset of panic disorder. Psychopathology, 40 (1), 8-13.
SHEAR, M. K. et al. (1993). A psychodinamic model of panic disorder. American Journal of Psychiatry, 150 (6), 859-866.
YANO, Y.; Meyer, S. B.; Tung, T. C. (2003). Modelos de tratamento para o transtorno do pânico. Revista de Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, 20 (3), 125-134.