Top Banner
“TRADUÇÃO : História, Teorias e Métodos”
46

Tradução história, teorias e métodos

Jul 01, 2015

Download

Education

Jessiely Soares

Slides com resumo do livro "Tradução: História, teorias e métodos" de Michael Oustinoff.
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Tradução história, teorias e métodos

“TRADUÇÃO: História, Teorias e Métodos”

Page 2: Tradução história, teorias e métodos

Operações de tradução

A distinção entre “Operação linguística e “Operação literária”estabelecida por Edmond Cary é um dado fundamental.Contudo, ela não seria suficiente porque não aborda os textosque Jean Deslile chama de “pragmáticos”.

“Dizer que não se traduz Shakespeare como um relatório daONU ou outros textos “Não-literários” é algo muito evidente,contudo, não são as operações que diferem e sim a função. Numcaso, será a função informativa, no outro, a estética.”

Page 3: Tradução história, teorias e métodos

1. Tradução e reformulação

A primeira modalidade de tradução é definida assim: “Atradução intralingual ou reformulação consiste na interpretaçãodos signos linguísticos por meio de outros signos da mesmalíngua” (JAKOBSON, Roman. Op. Cit. P. 79)

“A tradução está no núcleo da linguagem.”

Page 4: Tradução história, teorias e métodos

Nesse sentido, a mídia é uma imensa máquina de traduzir. Umjornalista talvez tenha que praticar todos os métodos detradução: intralingual, quando ele relata as proposições de umoutro; interlingual, quando ele traduz de outra língua;intersemiótica , quando ele traduz com palavras aquilo que vê.Naturalmente quando ele fala, retoma sua própria fala, procedeà autorreformulação.

Page 5: Tradução história, teorias e métodos

• Assim, é mais produtivo substituir o esquema que representaa passagem da língua de partida “LP” à língua de chegada “LC”pelo esquema do texto fonte “TF” ao texto alvo “TA”.

• Porém, como não é necessário que a língua fonte e a línguaalvo sejam diferentes. Podemos assim, ir além e substituir“texto” (T) por “enunciado” (E).

TF TA

EF EA

Page 6: Tradução história, teorias e métodos

Partindo então, de um primeiro enunciado para chegar a umsegundo, procedemos uma re-enunciação.

Para dar um exemplo concreto, o enunciado é verdadeiro tantopara o enunciador quando para o sujeito gramatical doenunciado:

Édipo queria desposar Jocasta.

Em contrapartida , o enunciado que vem a seguir é verdadeiroexclusivamente do ponto de vista do enunciador.

Édipo queria desposar sua mãe.

Page 7: Tradução história, teorias e métodos

• A tradução não pode negligenciar a tradução intralingual, quese apresenta tanto do lado do enunciado fonte, quando doenunciado alvo. O enunciado fonte só pode ser compreendidoquando formos capazes de reformula-lo em “língua-fonte”(L1)

L1 L1

• Uma vez que o enunciado tenha sido entendido, nós oreformulamos na língua de tradução.

L1 L2

Page 8: Tradução história, teorias e métodos

• Porém, para ser capaz de traduzir com competência, o tradutor terá que ser capaz de reformular esse texto, em L2.

• L2 L2

Page 9: Tradução história, teorias e métodos

A reformulação na “língua –fonte” é preferentemente da ordemda compreensão; a reformulação na “língua-alvo”,preferentemente da ordem da expressão.

Page 10: Tradução história, teorias e métodos

Transposições e modulações

• Ergon: raiz indo-europeia “Werg”, que encontramos no inglês“Work”: Uma obra realizada.

• Energeia: “Uma atividade em vias de se fazer”.

• As concepções Humboldtianas têm implicaçõesepistemológicas e filosóficas consideráveis. A maisfundamental é a seguinte: “Não há tradução neutra outransparente” através da qual o texto original apareceriaidealmente como um espelho, de forma idêntica.

Page 11: Tradução história, teorias e métodos

• A primeira obra a mudar a inflexão de maneira magistral éStylistique comparée du français et de l’anglais.Abreviadamente VD , por ocasião do nome dos seus autoresJ.-P Vinay, J. Dalbernet.

• Cada época tem seu “horizonte do tradutor” (A. Berman) ou,.Seu “Horizonte de expectativa”. VD, então, não fugiu a essaregra.

Page 12: Tradução história, teorias e métodos

Stylistique comparée dufrançais et de l’anglais

• Vinay e Darbelnet (1977) trabalham com conceitossaussurianos como "signo lingüístico", "significado" e"significante", "valor" e "significação"(cf. Saussure,1972, apud. Barbosa, 1990, p23). Estes conceitos, além danoção de arbitrariedade do signo lingüístico dão-lhes umasólida base teórica para justificar sua proposta de afastamentoda tradução literal.

Page 13: Tradução história, teorias e métodos

Consideram como estilística comparada aquela "que observaas características de uma língua tais quais se revelam porcomparação com uma outra língua" e relacionam a tradução a"um caso particular, a uma aplicação prática da estilísticacomparada".

Page 14: Tradução história, teorias e métodos

• É visando produzir um texto idêntico ao que "sairiaespontaneamente de um cérebro monolíngue, em resposta auma situação comparável sob todos os pontos de vista", o queimplicaria em um afastamento da tradução apenas literal –que nem sempre teria como resultado a forma mais natural –que Vinay e Darbelnet (1977, apud Barbosa, 1990, p.23)enumeram os procedimentos técnicos da tradução.

Page 15: Tradução história, teorias e métodos

• Ao observarem os mecanismos utilizados pordistintos sujeitos para solucionar suasdificuldades durante o processo tradutório detextos do inglês ao francês, concluíram que, emgeral, estes, que aparecem sob múltiplas formasem um primeiro momento da análise, levariambasicamente o tradutor a dois caminhos: o datradução direta ou literal e o da tradução ditaoblíqua.

Page 16: Tradução história, teorias e métodos

Tradução direta

• Quando existe um paralelismo estrutural e sociocultural entreo segmento na língua de partida e aquele na língua dechegada, teremos uma proximidade com a língua original,mais fácil sua realização.

• Assim, – empréstimo, decalque e a tradução literal – estão noâmbito da tradução direta.

Page 17: Tradução história, teorias e métodos

Tradução oblíqua

• “A tradução oblíqua remete a idiomaticidade: A tradução devedar a impressão de que o original foi escrito diretamente nalíngua em que está sendo traduzida.”

Page 18: Tradução história, teorias e métodos

Em uma tradução literal, a passagem da LP para a LC é feita semmuita elaboração ou mudança de forma. Os mecanismos detradução oblíqua, por sua vez, envolvem mudanças formais dasestruturas linguísticas e atêm-se mais ao conteúdo e estilo dotexto original.

Page 19: Tradução história, teorias e métodos

• "Fortunatolorgnantla montredu coin de l'oeilressemblait àun chatà quil'onpresenteun poulettout entier

• Comme il sent qu'on se moque de luiil,n'osey porter la griffe,et

de temps en tempsil détorune les yeuxpourne pass'exposer àla tentation;maisil se lèche les babinesà tout moment,etil a l'air de dire àson maître"Quevotre plaisanterieestcruelle!"

• (Merimée)

Page 20: Tradução história, teorias e métodos

"Fortunato, kept darting sidelong glances at the watch like a cat

who,

presented with a whole chicken and suspecting that she is being made fun of,

dares not reach out for it,

and at times looks away

to resist temptation, all the while licking her shops

and wanting to tell her master how mean he is"

Page 21: Tradução história, teorias e métodos

Passando de uma língua para outra, temos as mesmas unidadesde tradução, mas naturalmente com uma divisão diferente.

Uma vez que delimitamos essas unidades, observamos então, ascorrespondências:

“keep darting sidelong glances at”

(Olhando de soslaio para)

« lorgnant [...] du coin de l'oeil »

(Olhando... Com o canto do olho)

Page 22: Tradução história, teorias e métodos

Para ficar mais simples, observemos:

Signo = significante + significado

De um lado a forma, do outro, o sentido. Dessa maneira, a tradução conserva o significante e o significado.

Page 23: Tradução história, teorias e métodos

No plano fonético, o significante se transformou parcialmente.

Ciel <–> Sky

[sjɛl] <–> [skai]

Porém, Ciel e Sky tem a mesma forma gramatical. Ambos são substantivos.

Assim:

S S

Page 24: Tradução história, teorias e métodos

Transposições

• Vinay e Dalbernet chamam de “transposições” às traduçõesque consistem em substituir uma categoria gramatical poroutra.

Page 25: Tradução história, teorias e métodos

“She would sit and read, the book under the wave of light. Shewould glance now and then down the hall of the villa that hadbeen a war hospital, where she had lived with the other nursesbefore they had all transferred out gradually, the war movingnorth, the war almost over.”

(Michael Ondaatje. The English patient)

Page 26: Tradução história, teorias e métodos

“Ell s’asseyait pour lire, présentant le livre à la lumière vacilante.Elle jetait parfois un coup d’oeil dans le couloir de la villa, umhôpital de guerre, oú ele avair vécu avec les autrs infirmièresavant qu’elles ne sotient mutées, au fur et à mesure que laguerre se deplaçait vers le nord puis touchait à sa fin.”

(Trad. Marie-Odile Fortier-Masek)

Page 27: Tradução história, teorias e métodos

“the book under the wave of light” (S)

(o livro sob a onda de luz)

“présentant le livre à la lumière vacilante” (Adj)

(o livro com a luz bruxuleante)

Page 28: Tradução história, teorias e métodos

“*the war+ almost over” (Adv + Adv)

(A guerra quase acabando)

“touchait à sa fin” (V + S)

([A guerra] chegando ao fim)

Page 29: Tradução história, teorias e métodos

Categoria X Categoria Y

Page 30: Tradução história, teorias e métodos

• Dessa maneira, o francês tem tendência a utilizar palavras com semantismo pleno como os substantivos e o inglês apenas palavras gramaticais.

Page 31: Tradução história, teorias e métodos

“Trains to London”

(preposição)

“Trains à destination de Londres”

( loucação verbal apoiada em um substantivo)

Page 32: Tradução história, teorias e métodos

Modulações

Também chamadas de “mudanças de ponto de vista”, as modulações afetam o sentido.

Significado 1 Significado 2

Page 33: Tradução história, teorias e métodos

Mudança de símbolos

• He earnes an honest dollar

(Ele ganha um dinheiro honesto)

• Il gagne honnêtement sa vie

(Ele ganha a vida honestamente)

Page 34: Tradução história, teorias e métodos

VD apresenta uma série de outras correspondências possíveis.

Page 35: Tradução história, teorias e métodos

• “O abstrato pelo concreto” ou “o geral pelo particular”:

• To sleep in the open (Dormir ao relento)

• dormir à la belle etóile (Dormir sob as estrelas)

• “A causa pelo efeito, ou o meio pelo resultado, a substância pelo objeto”

• You're quite a stranger (Você está bastante estranho)

• On ne vous voit plus ( Não posso mais reconhecê-lo)

Page 36: Tradução história, teorias e métodos

Tradução ou deformação?

Page 37: Tradução história, teorias e métodos

Na fronteira canadense, a sinalização bilíngue os surpreende:depois de “SLOW” vem “LENTEMENT”; depois de “SLIPPERYWHEN WET” vem um “GLISSANT SI HUMIDE”.

A conclusão é que:

“Um francês monolíngue jamais comporia espontaneamenteessa frase, exatamente porque ele não iria bloquear a estradacom um advérbio terminado em –ment”

(VD, p. 22)

Page 38: Tradução história, teorias e métodos

O tradutor de textos pragmáticos não deve dispor apenas de um conhecimento aprofundado da “língua-fonte”: ele deve, para além disso, de redator na “língua-alvo”.

O efeito de “transparência” semelhante ao “efeito real” de que fala Roland Barthes em matéria literária exige um conhecimento completo.

Page 39: Tradução história, teorias e métodos

A tradução pro-alvo é apenas uma modalidade entre todas asmodalidades do traduzir. Ela não é adaptada à tradução detextos que, no original, vão de encontro a idiomaticidade ou daelegância. Nesse caso, uma tradução elegante leva adeformação sistemática do original.

Page 40: Tradução história, teorias e métodos

“Não se trata de um termo a termo servil, mas de estruturaaliterativa do provérbio original que reaparece, sob outra forma.Esse me parece ser o trabalho com a letra: nem decalque, nemreprodução (problemática), mas atenção dispensada ao jogo dossignificantes ”

Page 41: Tradução história, teorias e métodos

Bilinguismo de escrita e autotradução

“Não interessa traduzir palavras, nas frases e exprimir, semperder nada deles, pensamento e emoção, como o autor osteria exprimido se tivesse escrito em francês, algo que só seconsegue por meio de uma dissimulação perpétua, deincessantes desvios e frequentemente pelo afastamento damera literalidade”

Page 42: Tradução história, teorias e métodos

• “ A tradução, por definição, não pode ser o original, dado que o tradutor quase nunca é autor.”

• “A tradução está condenada a permanecer sempre abaixo de seu modelo. A melhor das traduções não passa, afinal de contas, de um último recurso.”

Page 43: Tradução história, teorias e métodos

“A autotradução é um fenômeno relativamente raro emliteratura.”

“A autotradução é, portanto, uma questão central”

Toda e qualquer tradução, seja ela “alógrafa” ou “autoral”constitui, então, uma versão equivalente à obra da qual eladeriva.

Page 44: Tradução história, teorias e métodos

“Não há nada de mais difícil [ ... ] e nada de mais raro do queuma excelente tradução, porque nada é mais difícil nem maisraro que alcançar o justo equilíbrio entre a licença docomentário e a servidão da letra. Um apego excessivo à letradestrói o espírito, quando o espírito é que vivifica; excessivaliberdade destrói os traços característicos do original, faz-seuma cópia infiel dele”

(Apud Lieven d’Hulst, Cent ans de théorie française de latraduction. De batteux à Littré. Lille: PUL, 1990, p.45)

Page 45: Tradução história, teorias e métodos

Referências:

• CARDOSO, Cristina. Os discursos da tradução e a tradução do discurso: uma pesquisa introspectiva. ANTARES, vol.3, nº6. 2011. Universidade de Caxias do Sul.

• JAKOBSON, Roman. Ed. 24. 2007. Linguística e Comunicação/ (Tradução: Izidoro Blikstein; José Paulo Paes) – São Paulo: Editora Cultrix

• OUSTINOFF, Michaël. 1956. Tradução: história, teorias e métodos (tradução: Marcos Marcionilo) – São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

• SCHLEIERMACHER, D. Sobre os diferentes métodos de tradução. (trad. Antoine Berman). Tours de Babel, Toulouse: ed. Trans-Europ-Repress, 1985.

Page 46: Tradução história, teorias e métodos

Letras 2011.1

• Amélia Jessiely Soares Bento

• Grace Aparecida de Freitas Félix

• Maria Valdinele Neves de Lima