UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS GEOLOGIA ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS, BIOLÓGICOS E GEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ, SANTA CATARINA Anderson Machado Barbosa Carla de Souza Rosa Mariane Dahmer Priscila Barros Delben Sheila Simone Kerber Veronyca Rivero Corrêa de Souza
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIASGEOLOGIA
ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS, BIOLÓGICOS E GEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ, SANTA CATARINA
Neoggerathiopsis sp. e Dizeugtheca sp. que posssibilitam posicionar esta formação entre o
Permiano Superior e o Triássico Inferior (Castro et al; 1994).
Figura 7. Representação de arenitos avermelhados, com estratificação plano-paralela e cruzada
acanalada. Estrada Pântano Grande – Rio Pardo, RS. Foto de Ricardo da Cunha Lopes.
Figura 8. Representação de siltos e argilitos avermelhados, com estratificação plano-paralela. Sapucaia
do Sul, RS. Foto: Geraldo de Barros Pimentel.
A formação Teresina se localiza sob a formação do Rio do Rasto, tendo a Formação
Serra Alta subjacente. É paleontologicamente constituída por restos de plantas,
lamelibrânquios (bivalves) e palinomorfos (compostos orgânicos de dimensões diminutas).
Segundo a Carta Estratigráfica da Bacia do Paraná (PETROBRÁS, 1994 apud Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas, 2008), esta Formação data do Permiano Superior.
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Quanto à descrição litológica, a Formação Teresina é constituída por argilitos, folhetos
e siltos de cor cinza ao verde que se intercalam com arenitos muito finos acizentados. Possui
principalmente sedimentos do tipo “flaser” que é uma estrutura lenticular alongada de argila
formada pela deposição de lama em calhas das marcas de onda ou de corrente, e que
posteriormente são recobertas por novas deposições de areia cobrindo essas lentes e
originando laminações cruzadas, plano paralela, ondulada e convoluta, estratificação
“hummocky”, marcas onduladas e gretas de contração. De acordo com as características dos
sedimentos encontrados nesta formação é possível admitir que houve uma deposição em
ambiente marinho de águas rasas e agitadas, com muitas ondas e ação do tipo infra-maré a
supra-maré (White, 1988). Eventualmente também há intercalações de camadas de calcário
impuro, às vezes oolíticos e silicificados (COSTA, 2010). Este calcário oolitico é
caracterizado por grãos arredondados formados por precipitação química de carbonato de
cálcio inorgânico em águas agitas e onde há pouca deposição de material detrítico.
3.4. Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá
A rede hidrográfica da Região do Extremo Sul Catarinense pertence ao sistema da
Vertente do Atlântico e insere-se em duas bacias hidrográficas, a do Rio Araranguá e a do Rio
Mampituba (Figura 9). Os rios que drenam estas duas bacias são de um modo geral de
pequena extensão, escoando de Oeste para Leste da região, tendo suas nascentes na serra geral
ou encosta (ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL CATARINENSE,
2012).
O Rio Araranguá encontra-se localizado no extremo-sudeste do Estado de Santa
Catarina entre os paralelos 28° 54’ e 28° 55’ S, no Município de Araranguá e entre os
meridianos 49° 18’ e 55° W. É o formador principal da bacia hidrográfica do Rio Araranguá e
forma com as bacias dos rios Urussanga e Mampituba, a Região Hidrográfica Estadual do
Extremo Sul de Santa Catarina (SANTOS, 2006).
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Figura 9. Bacias Hidrográficas dos Rios Araranguá e Mampituba (Fonte: ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL CATARINENSE, 2012).
A nascente do Rio Araranguá está localizada no Parque Nacional da Serra Geral no
estado do Rio Grande do Sul, onde possui o nome de Rio da Pedra. O rio nasce nos campos de
cima da serra e se direciona ao Oceano Atlântico, com um total de 110km de extensão. Passa
a ser chamado de Araranguá ao entrar na região do município de mesmo nome e receber as
águas do Rio Mãe Luzia. Sua foz está localizada próxima ao Morro das Pedras (Araranguá –
SC).
Cerca de 15 cursos d’água principais compõem o seu sistema hídrico, dentre os quais se
destacam os Rios Mãe Luzia, Amola Faca, Itoupava, Jundiá, dos Porcos, Turvo, das Pedras,
Araranguá e São Bento (Figura 10).
Sua bacia hidrográfica abrange 16 municípios, dentre os quais Araranguá, Criciúma e
Nova Veneza (Figura 11). Os principais rios desta bacia, além do Rio Araranguá, são: o Rio
Manoel Alvez, Rio Amola Faca, Rio Itoupava, Rio da Pedra (ASSOCIAÇÃO DOS
MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL CATARINENSE, 2012).
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Figura 10. Rede Hidrográfica da Bacia do Rio Araranguá.
Figura 11. Localização da área correspondente à bacia hidrográfica do Rio Araranguá.
Atualmente é um dos pontos considerados críticos no estado com relação à
disponibilidade hídrica e à qualidade das águas, sendo que nessa bacia 2/3 dos seus rios 15
encontram-se poluídos (KREBS & ALEXANDRE, 2000). Segundo Krebs & Alexandre
(2000), as principais fontes de poluição é a provinda do meio urbano (em razão da falta de
rede de canalização e tratamento de esgoto nos municípios), também na região onde recebe as
águas do Rio Mãe Luzia (que é contaminado pelos defensivos agrícolas das plantações de
arroz que irriga) e pelos resíduos das atividades mineradoras que atingem o Vale do
Araranguá (como o beneficiamento de carvão).
O comprometimento ambiental da sub-bacia do Rio Mãe Luzia é ainda mais agravado
pelo seu histórico de ter concentrado cerca de 70% das atividades produtoras de carvão do
Brasil durante os anos de 1970 e 1980. Acrescentando-se a isso, a situação de poluição deste
rio é agravada ao receber as águas do Rio Sangão, que é por sua vez atingido por poluentes
das atividades de beneficiamento de carvão, poluição industrial, resíduos urbanos e esgotos
domésticos provindos de Criciúma (KREBS & ALEXANDRE, 2000).
De acordo com estudos da Mitsubishi Material Corporation (1997), somente as áreas de
mineração a céu aberto, minas de subsolo e áreas de deposição de rejeitos piritosos, são
responsáveis por 3668ha de áreas degradadas. Neste contexto, o uso racional e a preservação
dos recursos hídricos adquirem uma importância vital, uma vez que são imprescindíveis não
só para os seres humanos, mas como para toda a biota local.
O Rio Itoupava que participa da formação do Rio Araranguá (Figura 10), é fortemente
atingido por poluentes provenientes do plantio de arroz. Krebs & Alexandre (2000) alertam
para o grande volume de sólidos transportados pelos rios – que é aumentada durante a época
do preparo das quadras para o plantio de arroz –, pois isto pode incrementar a perda de solos
agricultáveis e comprometer o rio por assoreamento, aumento da turbidez e arraste de
defensivos agrícolas incorporados ao solo, prejudicando a qualidade da água.
Apesar de o rio Araranguá sofrer salinização em sua foz, é praticada a pesca artesanal,
onde os pescadores trabalham com o auxílio dos botos (Tursiops sp., Ordem Cetacea, Família
Delphinidae) para encurralar os peixes em suas redes. Este tipo de atividade é benéfica para as
duas espécies, por otimizar as chances de captura de peixes para ambos os animais e ser mais
seletiva quanto ao tamanho dos peixes, sendo um mutualismo (DAURA-JORGE et al., 2012).
Entretanto, devido ao pequeno tamanho populacional da colônia de botos nos arredores de
Araranguá, este cenário está muito à mercê das intempéries, apresentando riscos
principalmente para os botos, que sofrerão por falta de habitat e recursos alimentares.
2.5. Aspectos Biológicos
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O município em questão também é demarcado pela presença dos seguintes corpos
hídricos: Rio Araranguá (ao Norte), Rio Itaipava (a Oeste), Arroio do Silva (a Leste) e Lagoa
do Caverá (ao Sul). Nesta área predomina a Cobertura Sedimentar do Quaternário (a qual é
constituída por depósitos inconsolidados de areias, de siltos, argilas ou aglomerados, ao longo
da planície costeira e nos vales principais dos cursos d’água), existem naturalmente extensões
de dunas e praias, as quais abrigam uma biota característica.
Os depósitos presentes nesta região podem ser marinhos, aluvionares, lagunares,
eólicos e coluvionares. Estes depósitos oferecem distintos recursos para os seres vivos, e
entende-se por “recurso” qualquer item que propicie a sobrevivência destes seres, como
energia térmica, energia luminosa, fonte de energia para alimentação, substrato, dentre outros.
Em Araranguá são bem caracterizadas as dunas da região Morro dos Conventos. Este
ambiente de depósito praial, é ecologicamente denominado “ambiente de restinga”.
A Resolução do Conama n. 261/1999 (BRASIL, 1999), que estabelece e aprova os
parâmetros básicos para análise dos estágios sucessionais de vegetação de restinga para o
estado de Santa Catarina, define restinga como “um conjunto de ecossistemas que
compreende comunidades vegetais florística e fisionomicamente distintas, situadas em
terrenos predominantemente arenosos, de origens marinha, fluvial, lagunar, eólica ou
combinações destas, de idade quaternária, em geral com solos pouco desenvolvidos. Estas
comunidades vegetais formam um complexo vegetacional edáfico e pioneiro, que depende
mais da natureza do solo que do clima, encontrando-se em praias, cordões arenosos, dunas e
depressões associadas, planícies e terraços.”
Segundo Falkenberg (1999), o termo restinga vem sendo cada vez mais utilizado no
sentido de ecossistema, considerando não só as comunidades de plantas, mas também as de
animais e o ambiente físico em que vivem.
A ação de fatores como soterramento pela areia, freqüência do vento, falta de água (ou
em alguns locais o alagamento), alta salinidade, pobreza de nutrientes no solo, excesso de
calor e luminosidade tornam os ecossistemas de restinga frágeis (BRESOLIN, 1979;
WAECHTER, 1985; HESP, 1991 apud KLEIN et al, 2007). Em função dessa fragilidade, a
vegetação da restinga, exerce papel fundamental para a estabilização dos sedimentos e
manutenção da drenagem natural, bem como para a preservação da fauna residente e
migratória associada que encontra neste ambiente disponibilidade de alimentos e locais
seguros para nidificar e proteger-se de predadores (BRASIL, 1999).
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Na restinga existe a formação de lagoas costeiras, as quais no litoral brasileiro são muito
abundantes e variam desde pequenas depressões, preenchidas com água da chuva e/ou do mar,
de caráter temporário, até corpos d’água de grandes extensões como a lagoa dos Patos no Rio
Grande do Sul (ESTEVES, 1998 apud POMPÊO & MOSCHINI, 2001). Segundo Esteves
(1998 apud POMPÊO & MOSCHINI, 2001), as lagoas costeiras são de grande importância,
constituindo-se regiões de interface entre zonas costeiras, águas interiores e águas costeiras
marinhas.
Mesmo apresentando tal importância, os ecossistemas de restinga têm sofrido crescentes
impactos nos últimos 50 anos, principalmente devido à especulação imobiliária, invasão de
espécies exóticas e expansão das áreas de agropecuária (SCHERER et al., 2005 apud KLEIN,
et al, 2007).
No que se refere à flora vegetal de dunas costeiras, há tanto plantas perenes, quanto
anuais de inverno e de verão (CORDAZZO & SEELIGER, 1987). Nas zonas costeiras do sul
do Brasil, de um modo geral, as espécies dominantes são Blutaparon portulacoides, Panicum
racemosum, Spartina ciliata, Hydrocotyle bonariensis, Andropogon arenarius e
Androtrichum trigynum. A distribuição e abundancia destas espécies está diretamente ligada à
estabilidade do substrato e a distancia do lençol freático (CORDAZZO, 1985; CORDAZZO
& SEELIGER, 1993). A espécie Blutaparon portulacoides em especial, uma planta
rizomatosa, é também controlada por processos de deposição e erosão de areia. Hidrocotyle
bonariensis explora oportunisticamente as áreas sazonalmente alagadas (COSTA, 1987;
COSTA & SEELIGER, 1988). Andropogon arenaius é uma planta perene, endêmica de dunas
estáveis do sul do Brasil e Uruguai (CORDAZZO, 1985).
Quanto à fauna, os insetos são o grupo dominante das dunas costeiras. Os coleópteros
(besouros), com mais de 40 espécies são os mais diversos, com destaque para escarabídeos
cavadores de areia. Há também espécies associadas com a porção aérea das plantas, como
antacídeos (Lagrioida nortoni), abundantes em folhas de algumas espécies de gramíneas, e o
caruncho Listroderes uruguayensis, que vive e se alimenta entre plantas do gênero
Hydrocotile. Também há registro de lagartas de mariposa (Ecpantheria indecisa) e larvas de
mosca (família Agromyzidae). Algumas moscas e vespas são bem adaptadas ao ambiente de
dunas, graças à lhabilidade de se enterrar na areia, e de localizar e capturar insetos enterrados
durante o vôo. (SEELIGER et al., 1998).
Podem ocorer também espécies de vertebrados, como o Bufo arenarum e a rã da areia
Pleurodema darwini, que costumam predar insetos e aranhas durante a noite. Serpentes mais
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comuns pertencem à família Colubridae. Associados à vegetação pode haver também
roedores e corujas (SEELIGER et al., 1998).
3. REFERÊNCIAS
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