TOXICOLOGIA OCUPACIONAL Newton Rocha – Médico do Trabalho Representante da UFRJ na Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ/MMA)
TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
Newton Rocha – Médico do Trabalho
Representante da UFRJ na Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ/MMA)
Objetivos:
1- Contribuir para o atingimento da meta de gestão química efetiva em todos os países, até 2020, estabelecida em Joanesburgo - Rio +10, em 2002.
2- Contribuir para o desenvolvimento de um modelo educacional em Toxicologia Ocupacional que reforce a capacidade de dirigentes, gerentes, supervisores e trabalhadores adotarem as medidas preventivas e corretivas adequadas nas atividades envolvendo produtos químicos.
1- A Importância da Toxicologia no Cenário
Internacional
Na UE-27, a cada ano, morrem cerca de 167 mil trabalhadores em consequência do trabalho (OIT).
Expert forecast on emerging chemical risks related to occupational safety and health (2009).
Jukka Takala, Diretor da Agência Europeia para Segurança e Saúde no Trabalho.
Mortalidade anual por acidentes do trabalho:
7500
Mortalidade anual por doenças do trabalho:
159500
Em torno de 159.500 dessas mortes podem ser atribuídas a doenças relacionadas ao trabalho, das quais 74.000 decorrentes da exposição a substâncias perigosas.
Expert forecast on emerging chemical risks related to occupational safety and health (2009).
Jukka Takala, Diretor da Agência Europeia para Segurança e Saúde no Trabalho.
Mortalidade anual por doenças do trabalho
causadas por produtos químicos : 74000
Em particular, os cânceres estão entre as principais causas - se não a principal - de mortes relacionadas às condições de trabalho, na Europa.
Expert forecast on emerging chemical risks related to occupational safety and health (2009).
Jukka Takala, Diretor da Agência Europeia para Segurança e Saúde no Trabalho.
Mortalidade Dinamarca - 2007
JUEL, Knud; SØRENSEN, Jan et BRØNNUM-HANSEN Henrik. Risk factors and public health in Denmark. Scandinavian Journal of Public Health. Copenhagen, Novembro 2008. Volume 36 Supplement 1, p. 37.
Fonte: (Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) ; GOELZER, 2014)
Organização Pan-Americana
de Saúde – (OPAS/OMS)
estima que no máximo 5 %
das doenças ocupacionais
que ocorrem na América
Latina são notificadas.
5% 5%
Correspondem às doenças
do trabalho do total de
acidentes típicos, acidentes
de trajeto e doenças dos
trabalho comunicados em
2015. 2,63%
Anuário Estatístico da Previdência Social, 2015
Mortalidade pela poluição.
SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS
Representam riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores.
São encontradas em quase todos os locais de trabalho.
Em toda a Europa, milhões de trabalhadores entram em contato com agentes químicos que podem prejudicá-los.
• 15% dos trabalhadores da UE têm que lidar com substâncias perigosas como parte de seu trabalho;
• outros 15% relatam respirar fumaça, fumos ou poeiras no trabalho.
• Muitas substâncias prejudiciais ainda são amplamente utilizadas, e a legislação está em vigor para assegurar que os riscos associados a elas sejam adequadamente gerenciados.
EU OSHA FACTS 183 – OCTUBER 2017
Os produtos químicos podem produzir praticamente todas as
doenças conhecidas.
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
Depressão é tema de campanha da OMS para Dia Mundial da Saúde de 2017
Para o Dia Mundial da Saúde de 2017, lembrado em 7 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu início a uma campanha sobre depressão, transtorno que pode afetar pessoas de qualquer idade em qualquer etapa da vida.
2- Conceitos Básicos de Toxicologia
TOXICOLOGIA
Ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes
das interações das substâncias químicas com
os organismos vivos.
Áreas da Toxicologia
Toxicologia Farmacológica Toxicologia Clínica Toxicologia Veterinária Toxicologia Aplicada a Alimentos
Toxicologia Ocupacional Toxicologia Ambiental / Ecotoxicologia Toxicologia Legal ou Forense Toxicologia de Guerra Química Toxicologia Experimental
TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
Área da Toxicologia que trata da identificação, análise e mecanismo de ação das substâncias químicas presentes nos processos produtivos, bem como da prevenção e do tratamento dos efeitos tóxicos no trabalhador.
Toxicidade:
Capacidade inerente da
substância de provocar
efeitos nocivos em
organismos vivos.
Intoxicação
Conjunto de sinais e sintomas que evidenciam os efeitos nocivos produzidos pela interação da(s) substância(s) química(s) com o organismo.
Odor X
Toxicidade
Toxicidade
X
Risco Tóxico
O que é preciso compreender para se assegurar a proteção no trabalho com produtos químicos?
Na publicação E-Facts 75- Substâncias Perigosas e Comunicação Efetiva no Local de Trabalho, a Agência Europeia para Segurança e Saúde no Trabalho estabelece a seguinte Lista de Verificação para Informações aos Trabalhadores:
• Avaliação de riscos do local de trabalho. • Identificação dos perigos do local de trabalho. • Identificação dos danos resultantes da exposição aos
perigos existentes no local de trabalho. • Descrição das medidas preventivas para controle dos
perigos relativas à toda a equipe. • Atividades para verificação e detecção de falhas e
comunicação das mesmas. • Interpretação dos resultados de monitoramento de
exposição ou vigilância da saúde. • Descrição das medidas preventivas e corretivas a serem
tomadas nos trabalhos de manutenção. • Habilidade na prestação de primeiros socorros e
procedimentos de emergência.
3- Exposição Ocupacional aos Produtos Químicos
3- Exposição Ocupacional aos Produtos Químicos
3.1- Comportamento habitual dos produtos químicos no ambiente de trabalho.
2.2- Características biológicas humanas.
3.1- Comportamento habitual das substâncias no ambiente de trabalho
Estado gasoso
Estado líquido
Estado sólido: (poeiras e fumos)
Expansão
Por intermédio da dispersão aérea, os agentes químicos atingem, passivamente, a zona respiratória dos trabalhadores, conforme mostra a figura 1.
As altas temperaturas e altas pressões, comuns nos processos industriais, aumentam a tendência expansiva dos agentes químicos no ar.
Mercúrio metálico
Temperatura Pressão de vapor
20º C 0,0012 mmHg
30º C 0,0027 mmHg
40º C 0,0060 mmHg
50º C 0,0126 mmHg
3.2- Características biológicas humanas.
Permeável a moléculas pequenas solúveis em gordura.
Além da expansibilidade aérea das substâncias, outros fatores contribuem para tornar os pulmões a principal porta de entrada no organismo de substâncias tóxicas presentes no ar dos locais de trabalho:
1) A respiração é um processo contínuo, ou seja, o homem trabalha e ao mesmo tempo inala o ar ao seu redor.
2) A área de absorção dos alvéolos pulmonares é estimada em 140 m2, em contato direto com o ar ambiente.
Área alveolar = 140 m2
Área de pele <2 m2
3) Inexistência de qualquer barreira entre a zona respiratória e os alvéolos pulmonares, como mostra a Fig 2.
4) A espessura da membrana que separa o ar ambiente do sangue nos pulmões é muito delgada, facilitando a absorção pulmonar.
5) A quantidade de ar inalado depende do esforço dispendido na jornada de trabalho.
A estrutura projetada pela Natureza para
possibilitar as trocas gasosas facilita a
absorção respiratória de substâncias
dispersas no ar dos locais de trabalho.
APARELHO RESPIRATÓRIO
Alvéolos pulmonares
Vaso Capilar
A tendência expansiva das substâncias no ar associada às características anatômicas e fisiológicas descritas fazem dos pulmões a principal via de absorção de agentes químicos, responsável por cerca de 90% das intoxicações ocupacionais. Após serem inalados, os produtos químicos podem atingir a circulação sanguínea, que os distribui por todo o organismo.
Torna-se evidente a importância de proteger a zona respiratória das pessoas que trabalham com produtos químicos. Para tanto, é necessária a colocação de barreiras apropriadas entre os locais de emissão de produtos químicos e a zona respiratória dos trabalhadores.
Tais barreiras devem ser previstas no projeto das instalações e colocadas: 1- na fonte de emissão de agentes químicos (enclausuramento da fonte); 2- na trajetória de expansão dos agentes químicos no ar por meio de sistemas de exaustão; e 3- complementadas com o uso de equipamentos de proteção respiratória.
Fonte: (NIOSH, 2016)
Práticas Recomendadas
para Programas de
Segurança e Saúde da
US-OSHA (Occupational
Safety and Health
Administration)
Estratégia da Prevenção
Através do Projeto
(PtD) US NIOSH -
National Institute for
Occupational Safety and
Health
Eliminam ou reduzem as
exposições;
Hierarquia das Medidas de Controle de Higiene Ocupacional
A pele íntegra pode ser porta de entrada de substâncias constituídas por moléculas pequenas e solúveis em gordura, no estado líquido, que estabeleçam contato direto com ela, ou pelo uso de roupas impregnadas por resíduos químicos.
Pele
A pele, embora muito espessa que a membrana alvéolo-capilar e a membrana digestiva, tem uma área total de cerca de 2 m2 e permite a penetração de substâncias de baixo peso molecular, solúveis em gordura e no estado líquido, em contato prolongado.
Aparelho Digestivo
A área da delgada mucosa digestiva, estimada em 250 m2, associada a um contato prolongado com alimentos e líquidos ingeridos, favorece a absorção digestiva de produtos químicos.
O aparelho digestivo pode funcionar como via de entrada de agentes químicos presentes nas mãos e unhas sujas, bem como em decorrência da ingestão de alimentos no local de trabalho ou da ingestão acidental.
Após a absorção por qualquer dessas vias, os agentes químicos entram na circulação sanguínea e podem exercer ação tóxica direta sobre o sangue, bem como sofrer distribuição pelas diversas partes do organismo, atravessando barreiras formadas por células de diferentes tecidos do organismo.
A circulação sanguínea distribui as moléculas exógenas por todos os compartimentos do organismo:
Aparelho Urinário
Aparelho Gênito-Urinário
Prevenção de intoxicações
ocupacionais:
Eliminação ou redução da exposição repetida aos produtos químicos no trabalho.
=
Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico
Em nível individual
- Planejar cuidadosamente a execução de cada operação envolvendo produtos químicos.
- Conhecer os cuidados exigidos para o manuseio seguro de cada produto químico.
- Conhecer os procedimentos para situações de emergência.
- Contribuir no seu grupo de trabalho para o adequado planejamento dos processos produtivos envolvendo produtos químicos.
Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico
Em nível de supervisão I
- Assumir a responsabilidade pela proteção contra os produtos químicos de todo o pessoal sob sua supervisão.
- Desenvolver no grupo uma consciência de prevenção que permaneça ao longo da vida.
- Exigir que os padrões de segurança e saúde para o manuseio de produtos químicos sejam obedecidos.
- Investigar todos os incidentes e acidentes envolvendo produtos químicos.
Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico
Em nível de supervisão II
- Considerar os padrões de segurança e saúde na utilização dos produtos químicos na avaliação do desempenho profissional.
- Manter o pessoal adequadamente treinado, com especial atenção para as situações de emergência.
- Participar das atividades de monitorização ambiental e biológica.
- Prover material informativo adequado.
Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico
Em nível institucional I
- Implementar Política de Segurança Química.
- Assegurar tecnologias, instalações e equipamentos adequados para o trabalho seguro.
- Manter efetivo programa de treinamento na utilização de produtos químicos.
Aplicações Práticas do Conhecimento Toxicológico
Em nível institucional II
- Assegurar a adoção das melhores práticas de gestão química disponíveis. - Exigir especial atenção nos estudos de projeto, com o objetivo de eliminar, reduzir e controlar a exposição ocupacional a produtos químicos na fase de planejamento, momento estratégico para as correções mais efetivas, muitas vezes com custo adicional zero.