Maison & Objet, um dos mais importantes eventos internacionais de decoração, mostra o quanto as grifes de moda também estão prontas para vestir casas e escritórios por Fernanda Peruzzo, de Paris E ste ano, a semana de Alta Cos- tura em Paris pareceu mais lon- ga e diversificada. Apenas dois dias após o último desfile mostrar tules, sedas e crepes transforma- dos em vestidos fluidos e sonhado- res, algumas maisons colocaram em cena os couros, veludos, tricôs, por- celanas e metais que hoje compõem a essência de suas coleções para casa. Sim, porque como se não bas- tassem todas as logomarcas a cobrir bolsas, roupas, acessórios e até mes- mo perfumes e maquiagem, as gran- des grifes internacionais querem vestir também casas e escritórios. Ainda que o fenômeno não seja nenhuma novidade, a presença cada vez maior dessas marcas em even- tos focados em decoração, como a Maison & Objet, em Paris, deixa cla- ro que o investimento em coleções de interiores é parte da estratégia do mercado de luxo para agregar ainda mais valor aos seus produtos e refor- çar a aura de exclusividade. Na últi- ma edição da feira, realizada no fim de janeiro, Missoni, Versace, Fendi e outras oito representantes fashion exibiram suas novas criações decora- tivas. Até mesmo a novata Emanuel Ungaro, grife francesa mais conheci- da por seus vestidos de festa, acabou lançando-se neste universo. No es- tande grandioso, sofás, mesas, cadei- ras e tapetes produzidos com aca- bamento luxuoso exibiam estampas e cores inspiradas nas passarelas. A coleção Roberto Cavalli Casa, ao lado, dava uma aula de como o estilo de uma marca pode ser trans- posto para diferentes suportes, com eficiência. As estampas de onça, as Prét-à- décorer Prét-à- décorer 126 ESPAÇOS MAISON & OBJET
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Transcript
Maison & Objet, um dos mais importantes eventos internacionais de decoração, mostra o quanto as grifes de moda também estão prontas para vestir casas e escritórios
por Fernanda Peruzzo, de Paris
Este ano, a semana de Alta Cos-
tura em Paris pareceu mais lon-
ga e diversificada. Apenas dois
dias após o último desfile mostrar
tules, sedas e crepes transforma-
dos em vestidos fluidos e sonhado-
res, algumas maisons colocaram em
cena os couros, veludos, tricôs, por-
celanas e metais que hoje compõem
a essência de suas coleções para
casa. Sim, porque como se não bas-
tassem todas as logomarcas a cobrir
bolsas, roupas, acessórios e até mes-
mo perfumes e maquiagem, as gran-
des grifes internacionais querem
vestir também casas e escritórios.
Ainda que o fenômeno não seja
nenhuma novidade, a presença cada
vez maior dessas marcas em even-
tos focados em decoração, como a
Maison & Objet, em Paris, deixa cla-
ro que o investimento em coleções
de interiores é parte da estratégia do
mercado de luxo para agregar ainda
mais valor aos seus produtos e refor-
çar a aura de exclusividade. Na últi-
ma edição da feira, realizada no fim
de janeiro, Missoni, Versace, Fendi e
outras oito representantes fashion
exibiram suas novas criações decora-
tivas. Até mesmo a novata Emanuel
Ungaro, grife francesa mais conheci-
da por seus vestidos de festa, acabou
lançando-se neste universo. No es-
tande grandioso, sofás, mesas, cadei-
ras e tapetes produzidos com aca-
bamento luxuoso exibiam estampas
e cores inspiradas nas passarelas.
A coleção Roberto Cavalli Casa,
ao lado, dava uma aula de como o
estilo de uma marca pode ser trans-
posto para diferentes suportes, com
eficiência. As estampas de onça, as
Prét-à-décorer Prét-à-décorer
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ESPAÇOS MAISON & OBJET
peles, o couro de crocodilo que ca-
racterizam-na apareciam multipli-
cadas e transmudadas em peças de
sentar, deitar, viver, sobre as quais era
realmente fácil imaginar a presença
da mulher sexy e ultrafeminina evo-
cada pelo estilista italiano que recria
como poucos a extravaganza que
tanto seduz seus conterrâneos. “Es-
ses elementos fazem parte do meu
DNA. Eles são cruciais como ele-
mentos definidores do meu estilo e
da minha estética enquanto designer
e nunca poderiam ficar de fora. Até
porque a Cavalli não é só uma mar-
ca de moda; ela é um estilo de vida”,
comenta o próprio estilista, em en-
trevista exclusiva. Para quem consi-
dera a decoração como “a expressão
do nosso lado mais íntimo, da nossa
personalidade e alma”, tal afirmação
não poderia conter mais verdades.
O norte-americano Ralph Lauren
foi um dos primeiros a apostar nessa
dobradinha casa e guarda-roupa, há
30 anos. Entre os europeus, Versace
e Giorgio Armani foram os precurso-
res ao lançar linhas inteiras dedicadas
à casa, nos anos 90 e em 2000, res-
pectivamente. Antes deles, as mar-
cas se limitavam a parcerias e cola-
borações muito pontuais. Surgidas
no pós-guerra com a necessidade de
reavivar a economia (e o caixa dos
couturiers), essas coleções mostram
que não há crise capaz de frear o im-
pulso criativo dos estilistas. Nem mar-
cas que não possam se tornar fenôme-
nos comerciais. Que o diga a sempre
conceitual Maison Martin Margiela,
que nesta nova década já se desdo-
brou em linha de papéis de parede,
luminárias e objetos para escritório.
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Sofás, mesas, cadeiras, tapetes, luminárias e papeis de parede: acabamentos, estampas e cores inspiradas nas passarelas.
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Tecnologia, materiais naturais e a otimização de espaços no topo do ranking de tendências