sexta-feira · 17 de janeiro de 2014 10 cultura pub “É uma relação de fascínio” Rui Filipe Torres descreve assim aquilo que sente pelo território, onde filmou “Macau, um Longe tão Perto”, documentário que estreou ontem no Museu do Oriente, em Lisboa. As questões de identidade são o “objecto central” do filme. Hélder Beja • helderbeja.pontofi[email protected] “Estive muito próximo da comunidade portuguesa, não conheci verdadeiramente as outras comunida- des”, refere Rui Filipe Torres. “A sensação foi de que se vive imenso Portugal aí, de uma maneira muito crítica e interessante. O olhar sobre o país é até bas- tante mais crítico a partir daí, em termos políticos.” O documentário “Macau, um Longe Tão Perto”, de Rui Filipe Torres, estreou ontem no Museu do Oriente, em Lisboa, e volta a passar já no domingo, 19 de Janeiro, e a 26 de Janeiro. “É um filme que trabalha as re- lações entre Portugal e Macau, no contexto da China e da lusofonia, e que transversal- mente tem questões de identidade como objecto central”, conta o realizador ao tele- fone desde a capital portuguesa. Com 93 minutos de duração, a obra nasce de uma reutilização de todo o material reco- lhido para a série “Macau 2012”, assinada por Filipe Torres para a RTPi. “É uma nova montagem, destinada a festivais, sem cons- trangimentos”, que passavam por organizar a narrativa por episódios balizados. “Macau, um Longe Tão Perto” é um olhar sobre uma cidade que “continua a sentir Portugal com grande intensidade”, como se lê no texto que apresenta o filme. “Estive muito próximo da comunidade portuguesa, não conheci verdadeiramente as outras comunidades”, refere o autor. “A sensação foi de que se vive imenso Por- tugal aí, de uma maneira muito crítica e interessante. O olhar sobre o país é até bastante mais crítico a partir daí, em ter- mos políticos.” No território, o cineasta deixou-se guiar as pessoas com quem estive e que me aju- daram entram no filme, mas não deixam por isso de ser importantes”, acrescenta o realizador. Voltar a Macau Rui Filipe Torres pisou o território pela primeira vez para filmar a série “Macau 2012”. Antes, a relação com Macau fazia- se através do imaginário criado enquanto ouvia histórias de amigos como Miguel Le- mos, já falecido, que trabalhou no Gabinete de Comunicação Social do Governo. “Macau tornou-se mais importante ainda”, diz o au- tor que hoje tem com a cidade “uma relação de fascínio, de curiosidade e de objecto de estudo”. Voltar a Macau está nos planos de Torres, primeiro que tudo para mostrar o documen- tário que ontem estreou em Lisboa. “Ainda não está agendado mas tenho alguns con- tactos feitos e quero que o filme passe em Macau”, diz. A RAEM faz igualmente parte dos pla- nos do cineasta no que toca a próximos trabalhos. “Espero voltar, talvez ainda este ano. Tenho um novo projecto para filmar em Macau”, revela o actualmente aluno de mestrado em Estudos Cinematográficos na Universidade Lusófona. pelo professor Carlos Piteira, que foi tam- bém consultor do filme. A obra funciona “por unidades orgânicas” e para ela con- tribuíram os testemunhos de Adriano Mo- reira, Amélia António, Carlos Morais José, José Pereira Coutinho, Ivo Ferreira, Paulo Coutinho, Ana Paula Cleto, Rita Santos e Fernando Eloy, entre outros. “Nem todas