APRENDIZAGEM E COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Texto 7 Adriana Roseli Wunsch Takahashi André Luiz Fischer
APRENDIZAGEM E COMPETÊNCIAS
ORGANIZACIONAIS
Texto 7Adriana Roseli Wunsch Takahashi
André Luiz Fischer
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
Forma de apropriação do conhecimento pela organização.
“Refere-se ao processo de adquirir novos conhecimentos.” (Antal et al. (2001)
“É mais do que a aquisição e utilização do conhecimento: ela implica a Institucionalização do Conhecimento (PATRIOTA,2003)
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
A Institucionalização de regras, aos procedimentos e aos estilos gerenciais que promovem a captação e o processamento rápido de informação novas permitindo o questionamento contínuo dos padrões cognitivos e técnicos predominantes no sistema organizacional em dado momento.
A Institucionalização do aprendizado de circuito duplo nas organizações.
Questionamento e mudança dos padrões de ação e formas de comportamento nas organizações, gerando inovação.
RESULTADO DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
Traduz-se pela produção de uma nova competência :
“Habilidade de aplicar novos conhecimentos para melhorar o desempenho de uma atividade, rotina ou processo adotado por determinada organização”.
COMPETÊNCIA ORGANIZACIONAL
Articulação dos Recursos Segundo Mills et al. (2002) “as categorias
apropriadas para identificação de recursos são: tangíveis; conhecimentos; habilidades e experiências; sistemas e procedimentos; culturais e de valores; networks; e recursos importantes para a mudança.
Atividades necessárias ao sucesso Capacidade de combinar, misturar e integrar
recursos e produtos e serviços. Valor econômico a organização e valor social ao
indivíduo (Fleury e Fleury 2004)
“Refere-se a quão bem uma organização desempenha suas atividades necessárias ao sucesso, em face de seus concorrentes (...) São decorrentes da capacidade de combinar, misturar e integrar recursos e produtos e serviços” (Mills).
“Constituem-se como resultado da aprendizagem coletiva da organização, agregando valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.”
COMPETÊNCIA
TIPOS DE COMPETÊNCIAS
Competências essenciais – atividades críticas para a estratégia e a sobrevivência da empresa.
Competência Organizacional – atividades – chave
Competências de suporte – atividades valiosas porque mantêm e desenvolvem as atividades e processos organizacionais.
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Na visão de Mills et al. (2002) somente a
mudança implica uma nova forma de articulação dos recursos organizacionais.
Mudanças incrementais, de pequeno impacto, implicam aprendizagem de circuito simples, de nível inferior e de baixo grau, enquanto mudanças transformacionais implicam aprendizagem de circuito duplo, de nível superior e de alto grau (para Argyris e Schon (1978), Fiol e Lyles (1985) e Barr,Stimpert e Huff (1992).
ESTUDO DE CASO
Curitiba do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet – PR)Centro de Educação Tecnológica do
Grupo Opet (CET-Opet)
ESTUDO DE CASO
Perspectiva Longitudinal – pesquisa realizada ao longo de 2005 e 2006
Abordagem Histórica Questões fechadas baseadas na tipologia de Mills
et al.(2002) No decorrer de três meses foram entrevistados 39
docentes, entre dirigentes, coordenadores e professores
UNIDADE CURITIBA CEFET - PR
22 entrevistas com duração média de uma hora e meia cada
Entrevistados: 6 ocupavam cargo na reitoria, 2 em diretoria, 12 em chefias de departamento e coordenações de cursos, 2 eram docentes que ocupavam cargos de diretoria no período de implantação dos CSTs.
UNIDADE CET - OPET 17 entrevistados com duração média de
uma hora e meia Entrevistados: 3 representavam a direção-
geral(um deles era dono da instituição), 5 ocupavam cargos na diretoria,4 eram coordenadores de cursos tecnológicos, 4 conduziam projetos pedagógicos e de integração com o mercado, um deles era o docente que acompanhou o processo de implementação dos CSTs.
PASSOS DO MODELO OPERACIONAL
Caracterização de cada uma das organizações
Identificação do processo de decisão de oferta de cursos tecnológicos
Identificação e avaliação das competências organizacionais
Descrição das fase do processo ( pré-implantação, implantação, pós-implantação e planos futuros)
Análise do processo de aprendizagem organizacional
Análise da relação entre aprendizagem organizacional e desenvolvimento de competências
VALORES ORGANIZACIONAIS (CEFET – PR) Qualidade Planejamento e excelência Interação com o mercado Identidade com ensino tecnológico Missão Organizacional“Promover a educação de excelência através
do ensino, pesquisa e extensão, interagindo de forma ética e produtiva com a comunidade para o desenvolvimento social e tecnológico.” (CEFET NOTICIAS, 2005)
VALORES ORGANIZACIONAIS (CET- OPET)
Qualidade Orientação para o mercado Identidade o com ensino profissional
MOTIVO DA MUDANÇA Decreto nº 2.208 de 1997 (BRASIL,1997 a) Portaria nº 646 de 1997 (BRASIL,1997b)
Possibilidades para mudança Ofertar cursos de ensino médio e cursos
técnico-profissionalizantes Mudar o foco do ensino para cursos de
graduação
UNIDADE CEFET - PR Com base na tipologia de Mills et al. (2002)
analisou o discurso formal dos entrevistados com o objetivo de identificar e classificar as competências desenvolvidas.
Competência essencial – ofertar cursos de base tecnológica
Competência Organizacional – ofertar os cursos superiores de tecnologia
Competências de suporte – Corpo docente; estrutura física; conectar-se ao mercado
UNIDADE CET- OPET Competência essencial – ofertar cursos de
acordo com as necessidades do mercado Competência Organizacional – ofertar
cursos superiores de tecnologia Competências de suporte – ofertar cursos
tecnológicos em sinergia com as necessidades do mercado de trabalho, ensinar e avaliar segundo os princípios da educação tecnológica e manter um quadro de docentes com experiência prática e que atuem no mercado de trabalho.
Construir uma terceira : ensinar e avaliar segundo os princípios da educação tecnológica
ANÁLISE DA FORÇA OU FRAQUEZA DAS COMPETÊNCIAS
Modelo propõe uma escala de cinco pontos que avalia essa força como variável entre muito baixa e muito alta.
Competência Organizacional de ofertar CSTs – muito alta (CEFET-PR e CET-Opet)
Competências de suporte altamente diferenciadoras de suas instituições
FASE DE PRÉ-IMPLANTAÇÃO
Adaptar a estrutura adotada pelos cursos técnicos às necessidades dos cursos tecnológicos.
Na CET-Opet – foi comunicado aos funcionários e docentes da unidade, baixo nível de conflito.
FASE DE IMPLANTAÇÃO, PÓS-IMPLANTAÇÃO E FUTURA
Curitiba do Cefet-PR – conduziram à aprendizagem de circuito simples, de nível inferior, ou ainda, de baixo grau.
Circuito simples: alterações de recursos tangíveis
As segundas conduziram à aprendizagem de circuito duplo, de nível superior, ou ainda, de alto grau, por alterarem os pressupostos das ações organizacionais (ARGYRIS e SCHON,1978;FIOL e LYLES,1985;BARR,STIMPERT e HUFF, 1992)
FASE DE IMPLANTAÇÃO, PÓS-IMPLANTAÇÃO E
FUTURA
Internalização de conhecimentos específicos e técnicos
Além da incorporação dos valores centrais do grupo, houve também solidificação dos próprios valores de aceitação, de reconhecimento da validade da educação tecnológica, da metodologia adotada e da forma de trabalho
PRINCIPAIS MUDANÇAS IDENTIFICADAS
Ampliação da estrutura física e gerenciamento próprio
Conhecimentos Regras e procedimentos de gestão de CSTs Relacionamento com stakeholders Monitoração das pressões ambientais e
avaliação da própria atividade e de cultura e valores
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
Incorporação dos conhecimentos na rotina organizacional
Aceitação gradativa – (CEFET – PR) No CET – Opet a aceitação do curso
cresceu
AONDE AS MUDANÇAS OCORRERAM
Nos valores organizacionais (cultura) No entendimento e interpretação da realidade
organizacional (cognição) Nas práticas e rotinas das instituições
(comportamento)
CONTRIBUIÇÕES PARA AUMENTAR A ACEITAÇÃO DOS CURSOS
A progressiva inserção dos tecnólogos no mercado de trabalho
Os esforços das instituições de ensino Os processos de reconhecimento de curso
definidos pelo MEC A aprendizagem ocorrida envolveu a
operacionalização e manutenção dos CSTs. A aprendizagem obtida com a experiência levou
uma prática relevante para ambas as instituições : a constante reavaliação dos cursos e das atividades acentuou a habilidade de monitorar o mercado.
Fases Desafios
Conteúdo Processos Envolvidos
Resultado da aprendizagem
Eventos O que fazer?
Decisão Interpretação dos eventos
-
Pré-Implantação
Como começar?
CET e CSTs Conhecimento da Criação
Conhecimento de fundação
Implantação Como implantar?
Rotinas Conhecimento da operacionalização
Conhecimento de procedimento
Pós-Implantação
Como manter?
Senso comum Conhecimento da manutenção, da reformulação e da consolidação
Conhecimento de experiência
Futuro Como melhorar?
Novos conhecimentos
Conhecimento desejável de adaptação e crescimento
Novos conhecimentos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mudanças ocorridas nos recursos organizacionais foram profundas e transformacionais
Profundidade das mudanças ocorridas (circuito duplo)
Institucionalização dos conhecimentos adquiridos envolveu aspectos culturais, cognitivos e comportamentais
Os hábitos e as experiências das organizações (a fonte e o resultado de seu background)
Houve aprendizagem e esta ocorreu no nível organizacional
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Competências e aprendizagem organizacional mostraram-se conceitos dinâmicos e inter-relacionados
Os dois conceitos de competências e aprendizagem têm uma forte relação e que essa relação é uma abordagem importante para compreender a dinâmica organizacional
HISTÓRICO Ramo: Fabricante brasileira de cosméticos,
produtos de higiene e de perfumaria.
Fundação: Inaugurada em 1969 (SP)
Força de venda: formada por 850 mil revendedoras autônomas (“Consultadas Naturas”)
Empregados: 6.000
País de atuação: Brasil, Argentina, Chile, Peru, México, Venezuela, Colômbia, Bolívia e França.
Brasil: Matriz - “Espaço Natura”, município de Cajamar (SP)
Unidades – Unidade Comercial e de Distribuição em Itaperica da Serra (SP),Recife, Uberlândia e Matias Barbosa (MG)e Canoas, em Porto Alegre (RS).
EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA Entre 1990 e 1992: Surge o jeito Natura de fazer
negócios: Missão, Razão de Ser e Crenças (“Princípios de Relacionamento Natura”)
1998: Criação do Conselho de Administração
1999: Comitê de Auditoria – Responsável por indicar auditores para avaliar processos importantes
2006 - Implantação do Sistema de Gestão Natura (três pilares): Processos, cultura e liderança.
Objetivo: Tornar a empresa mais leve, ágil e eficiente na tomada de decisões com menos níveis hierárquicos. “A estrutura, até então orientada por áreas, passou a adotar o modelo de unidades regionais, o que promove
uma atuação mais autônoma, direcionada e descentralizadora”.
MATÉRIA REVISTA EXAME Reestruturação organizacional:
De cultura centralizadora para gestão de processos.
“Até 2006, a empresa era muito centralizadora, tinha as mesmas revistas, o mesmo material e promoções iguais para o Brasil inteiro. Aí, entendemos que esse modelo não suportaria o crescimento da Natura” (diretor de gestão da Natura, Daniel Levy).
Implantação de “gestão por processos”: distribuição de responsabilidade e autoridade (partes interconectadas e interdependentes)
“Antes, os diretores de unidades não tinham responsabilidade sobre o rendimento. Quando um produto
novo se esgotava por excesso de demanda, eles encaravam como sucesso. Hoje, eles precisam planejar melhor suas
ações, pois são responsáveis pela lucratividade desse produto e não podem deixar que ele fique em falta.” (Levy)
REESTRUTURAÇÃO ORGANIZACIONAL
Planejamento estratégico: (desdobramento por processos)
1.O resultado tem sempre um acompanhamento
2. Não é centralizado por diretoria ou área específica
3. Existência de hierarquia (vertical):
“‘Depois da mudança, o planejamento estratégico da Natura é desdobrado por processos – cujo resultado tem sempre uma acompanhamento – e não mais por diretoria ou área específica’. Apesar dessa distribuição de responsabilidades, Levy afirma que dificilmente uma empresa consegue eliminar completamente a hierarquia”.
GESTÃO POR PROCESSOS Organização complexa
Objetivo: “Tornar a administração mais leve, criando uma estrutura que envolve todos os integrantes da Companhia.” (Levy)
Estrutura:
1º Nível: Patrocinadores (presidência, vice-presidência e conselho);
2º Nível: “Comitê de processos” (discutir as evoluções do novo modelo e implantação da forma satisfatória);
3º Nível: Donos do processo (diretores / objetivo: garantir a execução e alcance dos resultados);
GESTÃO POR PROCESSOS
4º Nível: Guardiões do processo (gerente/coordenador: responsável pelo cumprimento do processo)
5º Nível: Colaboradores (envolvimento e consciência)
RESULTADOS DA MUDANÇA Crescimento de 5,6% (R$ 524,7 milhões lucro
líquido)
Aumento de 49% de consultoras Natura
Diminuição de 46,2% de reclamações: entregas erradas
Análise: Aprendizagem circuito duplo (Argyris):
“Processos produtivos e gerenciais: propõe-se questionar habitualmente suas bases de
funcionamento, a partir de novas informações obtidas, redesenhando-se o processo ou incluindo modificações relevantes no sistema desde que se
faça necessário.” (MOTTA, 2006, p. 334)
ANÁLISE
1. Alto grau; 2. Questionamento e reconfiguração do
sistema; 3. Institucionalização da mudança; 4. Inovação efetiva. Aprendizagem organizacional = mudanças:
aumento nos lucros e queda nas entregas erradas.
ANÁLISE Competência Essencial: Mudança de cultura
centralizadora para uma visão sistema por processos (descentralização)
Competência Organizacional: Reestruturação da organização: criação das regionais
Sistema político ou de arbitragem gerencial: Negociação entre as partes autônomas, sob orientação e o arbítrio dos dirigentes da organização, que têm a responsabilidade última pelos resultados da decisão (MOTTA, 2006, p. 344)
Organizações em aprendizagem (Senge):
“Baseia-se em autonomia, estimulando o aprendizado em todos os níveis hierárquicos como parte do próprio trabalho cotidiano dos atores sociais.” (MOTTA, 2006, p. 336).