Top Banner
ANNA CAROLINA LAFETÁ ELAINE SILVA JEAN LELIS TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES: DO TEOREMA DE LIOUVILLE À CONJECTURA DE SCHANUEL
32

TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

Sep 25, 2018

Download

Documents

letruc
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

ANNA CAROLINA LAFETÁELAINE SILVAJEAN LELIS

TEORIA DOS NÚMEROSTRANSCENDENTES:

DO TEOREMA DE LIOUVILLE ÀCONJECTURA DE SCHANUEL

Page 2: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

TEORIA DOS NÚMEROSTRANSCENDENTES:

DO TEOREMA DE LIOUVILLE ÀCONJECTURA DE SCHANUEL

Page 3: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

1a edição2016

Rio de Janeiro

ANNA CAROLINA LAFETÁELAINE SILVAJEAN LELIS

TEORIA DOS NÚMEROSTRANSCENDENTES:

DO TEOREMA DE LIOUVILLE ÀCONJECTURA DE SCHANUEL

Page 4: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

Sumário

1 Números algébricos e transcendentes 31.1 Definições e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.2 Algumas propriedades dos números algébricos e dos números trans-

cendentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41.3 Números de Liouville . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.3.1 Teorema de Liouville e a demonstração da transcendência 51.3.2 Algumas curiosidades e resultados recentes sobre os nú-

meros de Liouville . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 A transcendência de e 92.1 A série ex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.2 Prova da transcendência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.3 A constante e não é um número de Liouville . . . . . . . . . . . . 132.4 A Identidade de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3 A Conjectura de Schanuel e os teoremas clássicos 173.1 O Teorema de Hermite-Lindemann . . . . . . . . . . . . . . . . . 173.2 O Teorema de Gelfond-Schneider . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3 O Teorema de Baker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203.4 A Conjectura de Schanuel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3

Page 5: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

4 SUMÁRIO

Page 6: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

Prefácio

Um número α é dito algébrico se é raiz de algum polinômio não nulo com co-eficientes inteiros. Caso contrário, dizemos que α é um número transcendente. Adefinição de número transcendente é do século XVIII e, segundo Euler, esses nú-meros são chamados transcendentes porque “transcendem"o poder das operaçõesalgébricas. Contudo, apenas um século depois, verificou-se sua existência, quando,em 1844, Liouville apresentou os primeiros exemplos. Para provar a existênciadesses números, Liouville teve a seguinte idéia: ele encontrou uma propriedadeque era satisfeita por todos os números algébricos (reais e irracionais) e assim umnúmero que não satisfizesse tal propriedade seria, necessariamente, transcendente.Tal resultado, chamado Teorema de Liouville, foi utilizado para provar a transcen-dência dos números que hoje são conhecidos como números de Liouville. Esse é oprimeiro grande resultado em Teoria dos Números Transcendentes e, sem dúvida,um grande avanço na área.

Alguns anos mais tarde, em 1874, Cantor provou a enumerabilidade do con-junto dos números algébricos, e isso tem como consequência não só a existênciade números transcendentes, como também a não enumerabilidade do conjunto queeles constituem. Intuitivamente falando, isso quer dizer que o conjunto dos nú-meros transcendentes é maior, em um certo ponto de vista, do que o conjunto dosnúmeros algébricos. Daí surge uma questão importante: Se o conjunto dos nú-meros transcendentes é tão grande, por que levou tanto tempo para se provar aexistência de tais números?.

Veremos que perguntas muito simples sobre transcendência podem se mostrarproblemas extremamente difíceis e muitos deles desafiam o intelecto de grandesmatemáticos até a atualidade.

Os números e e π são exemplos clássicos de números transcendentes. O pri-meiro teve sua transcendência provada em 1873, por Hermite, que fez uso da po-derosa série de Taylor da função ex. Alguns anos depois, em 1884, Lindemannestendeu o método de Hermite para provar que eα é transcendente, sempre que α éalgébrico não nulo. A consequência mais importante do Teorema de Lindemann éa transcendência de π, para tal conclusão Lindemann usou a belíssima identidadede Euler. Vale ressaltar que, apesar disso, ainda hoje não sabemos se e + π oueπ são transcendentes, dentre outros números cuja transcendência aparentam sernaturais.

Na verdade, conjectura-se que e e π são algebricamente independentes. Tal

1

Page 7: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

2 SUMÁRIO

conjectura implica a transcendência de ambos os números acima, porém acredita-se que vale um resultado muito mais forte, a Conjectura de Schanuel, enunciadaem [5], em 1966. A conjectura de Schanuel afirma que dados x1, . . . , xn númeroscomplexos linearmente independentes sobre Q, existem pelo menos n números al-gebricamente independentes dentre, x1, . . . , xn, e

x1 , . . . , exn . Como consequênciaimediata dessa conjectura, temos a independência algébrica de e e π, a transcen-dência de e + π, eπ, ee, ππ, πe, e também generalizações para os importantesteoremas de Hermite-Lindemann, Gelfond-Schneider e Baker.

Page 8: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

Capítulo 1

Números algébricos etranscendentes

Por: Elaine Cristine de Souza Silva.

Neste capítulo, definiremos números algébricos e números transcendentes, mos-traremos algumas propriedades desses números e dos conjuntos que eles consti-tuem, em particular, definiremos medida (de Lebesgue) nula e verificaremos que,nesse sentido, quase todo número real é transcendente. Além disso, apresenta-remos alguns exemplos de números algébricos e de números transcendentes, emespecial, definiremos Números de Liouville (que são exemplos de números trans-cendentes). Enunciaremos o Teorema de Liouville e utilizaremos esse teoremapara verificar que os números de Liouville são, de fato, transcendentes. Por fim,mostraremos algumas curiosidades e resultados recentes sobre os números de Li-ouville.

1.1 Definições e exemplos

Um número complexo α é chamado algébrico se é raiz de algum polinômionão nulo com coeficientes inteiros. O polinômio minimal de α é o polinômioprimitivo1 de menor grau que tem α como raiz. Nesse caso, o grau de α é definidocomo o grau do seu polinômio minimal.

Denotamos: Q = Conjunto dos números algébricos.Um número complexo α é chamado transcendente, se ele não é algébrico.A definição de números transcendentes é uma definição do século XV III e,

segundo Euler, esses números são chamados transcendentes porque transcendemo poder das operações algébricas. Contudo, apenas um século depois verificou-se a existência desses números, quando, em 1844, Liouville exibiu os primeirosexemplos.Números racionais são exemplos de números algébricos:

1Um polinômio em Z[x] é chamado primitivo se seus coeficientes são primos entre si.

3

Page 9: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

4 CAPÍTULO 1. NÚMEROS ALGÉBRICOS E TRANSCENDENTES

Exemplo 1.1.p

q∈ Q é raiz do polinômio P (x) = qx− p.

Existem também números irracionais que são algébricos:

Exemplo 1.2.√

2 é raiz do polinômio x2 − 2.

Além disso, existem números complexos não reais que são algébricos:

Exemplo 1.3. i é raiz do polinômio x2 + 1.

Na sessão 1.3, veremos os primeiros exemplos de números transcendentes, co-nhecidos como Números de Liouville.

1.2 Algumas propriedades dos números algébricos e dosnúmeros transcendentes

Na proposição a seguir, vemos algumas propriedades do conjunto dos númerosalgébricos.

Proposição 1.4. Dados a, b ∈ Q, temos:

1. a± b ∈ Q

2. a · b ∈ Q

3. Se a 6= 0, então a−1 ∈ Q

Demonstração: Ver [9, p. 70] �

Usando a proposição anterior, verifica-se que o conjunto dos números algébri-cos forma um corpo.

Ao longo deste livro, veremos alguns exemplos de números transcendentes.Entretanto, é possível verificar a existência desses números sem apresentar exem-plos explícitos, através da seguinte proposição.

Proposição 1.5. O conjunto dos números algébricos é enumerável 2.

Demonstração: Ver [9, p. 66] �

Um resultado conhecido é que R, o conjunto dos números reais, é não-enumerável.Observe que, com a proposição anterior, conseguimos concluir que existem nú-meros reais que são transcendentes e que existe uma quantidade não enumeráveldesses números, caso contrário, o conjunto dos números reais seria enumerável.

2Um conjunto é chamando enumerável se tem a mesma cardinalidade de N (conjunto dos núme-ros naturais). Ao leitor interessado em compreender melhor algumas propriedades sobre enumerabi-lidade, sugerimos [6].

Page 10: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

1.3. NÚMEROS DE LIOUVILLE 5

É interessante observar que, quando Liouville exibiu os primeiros exemplos denúmeros transcendentes, em 1844, ainda não existia esse conceito de enumerabi-lidade, uma vez que esse conceito deve-se a Cantor que nasceu em 1845, um anodepois que Liouville exibiu esses números.

A seguir, relembramos a definição de conjuntos de medida (de Lebesgue) nulaem R.

Definição 1.6. Um conjuntoA ⊂ R tem medida (de Lebesgue) nula, e escrevemosm(A) = 0 se, para todo ε > 0, existe uma quantidade enumerável de intervalos

abertos (In)n≥1 tais que A ⊂⋃n≥1

In e∞∑n=1|In| < ε.

Proposição 1.7. Se E ⊂ R é enumerável, então, E tem medida nula.

Demonstração. Ver [9, p. 67].�

Dizemos que uma condição é satisfeita por quase todos os números reais, se osubconjunto de R dos elementos que não satisfazem tal condição tem medida nula.

Proposição 1.8. Quase todo número real é transcendente.

Demonstração. Pela Proposição 1.5, segue que o conjunto dos números algébricosé enumerável, em particular, Q ∩ R é enumerável. Segue, da Proposição 1.7, queQ ∩ R tem medida nula. Com isso concluímos que quase todo número real étranscendente.

�Na proposição anterior vimos que quase todo número é transcendente. Con-

tudo, dado um número que acredita-se ser transcendente, é muito difícil confirmara transcendência (como veremos na demonstração da transcendência de e, no Ca-pítulo 2). Por exemplo, ainda hoje não sabemos se e+ π e eπ são transcendentes,dentre outros números cuja transcendência aparentam ser naturais.

Por outro lado, na Seção 1.3, veremos os primeiros exemplos de números trans-cendentes e poderemos observar que a demonstração da transcendência deles érelativamente simples, isso acontece porque os números de Liouville foram cons-truídos para serem transcendentes, através de uma ideia genial de Joseph Liouville,apresentada em uma comunicação verbal, em 13 de maio de 1844.

1.3 Números de Liouville

1.3.1 Teorema de Liouville e a demonstração da transcendência

Teorema 1.9 (Teorema de Liouville). Seja α ∈ R um número algébrico de graun ≥ 2. Então, existe uma constante A = A(α) > 0 tal que

Page 11: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

6 CAPÍTULO 1. NÚMEROS ALGÉBRICOS E TRANSCENDENTES

∣∣∣∣α− p

q

∣∣∣∣ > A

qn,

para todop

q∈ Q.

Demonstração: Ver [9, p. 82]. �

Um resultado conhecido é que o conjunto dos números racionais é denso3 emR. Logo, é possível aproximar qualquer número real por números racionais. Con-tudo, o Teorema de Liouville afirma que números algébricos (reais) não racionaisnão podem ser muito "bem aproximados" por racionais, no sentido em que qual-quer aproximação tem que respeitar esse comportamento. O que Liouville fezdepois foi construir números reais não racionais que podem ser muito "bem apro-ximados"por racionais e, portanto, não são algébricos.

Definição 1.10. Um número real ξ é chamado número de Liouville se existir uma

sequência infinita de racionais

(pjqj

)j≥1

tal que qj > 1 e

0 <∣∣∣∣∣ξ − pj

qj

∣∣∣∣∣ < 1qjj,

para todo j ≥ 1. Denotamos por L o conjunto dos números de Liouville.

Apresentaremos alguns lemas que serão utilizadas para garantir a transcendên-cia dos números de Liouville.

Lema 1.11. A sequência (qj)j≥1 é ilimitada.

Demonstração: Ver [9, p. 83]. �

Lema 1.12. Todo número de Liouville é irracional.

Demonstração: Ver [9, p. 84]. �

Teorema 1.13. Todo número de Liouville é transcendente.

Demonstração. Seja ξ um número de Liouville. Vamos supor, por absurdo, que ξé algébrico. Pelo Lema 1.12, ξ tem grau nmaior ou igual a 2. Assim, pelo Teorema

de Liouville, existe uma constante A > 0 tal que, para todop

q∈ Q,

∣∣∣∣ξ − p

q

∣∣∣∣ > A

qn.

Em particular,A

qnj<

∣∣∣∣∣ξ − pjqj

∣∣∣∣∣ < 1qjj, para todo j ≥ 1. Em vista disso, qj−nj < 1/A.

Isso contradiz o Lema 1.11.

3Lembramos que um conjunto é dito ser denso em R, se intersectar qualquer intervalo aberto deR.

Page 12: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

1.3. NÚMEROS DE LIOUVILLE 7

Exemplo 1.14. O número

` :=∞∑n=1

10−n! = 0.11000100 . . .

é um número de Liouville. Para provar isso, consideramos as sequências de intei-

ros pj =j∑

n=110j!−n! e qj = 10j!. Observe que,

(pjqj

)j≥1

é uma sequência infinita

de racionais. Além disso,∣∣∣∣∣`− pjqj

∣∣∣∣∣ =∞∑

n=j+110−n! =

∞∑n=1

10−(j+n)!

=∞∑n=1

10−(j+1)!

10(j+n)!−(j+1)! ≤∞∑n=0

10−(j+1)!

10n

= 109 · 10(j+1)! <

110(j+1)!−1 ≤

110j·j! = 1

qjj.

O número `, definido no exemplo anterior, é conhecido como a constante de

Liouville. É possível provar ainda que∞∑n=1

a−n! é um número de Liouville, para

cada inteiro a ≥ 2. Isso garante a existência de infinitos números de Liouville.

1.3.2 Algumas curiosidades e resultados recentes sobre os números deLiouville

Em 1962, Erdös [3] provou que todo número real pode ser representado comouma soma de dois números de Liouville. Esse resultado é bem interessante, umavez que é possível mostrar que o conjunto dos números de Liouville tem medidanula em R, ou seja, quase nenhum número real é de Liouville. Segundo Marques(Ver [9, p. 86]), podemos pensar então que, mesmo sendo um conjunto “invisível",os números de Liouville estão estrategicamente posicionados na reta real.

O resultado de Erdös pode ser reescrito como: para todo α ∈ R, existemnúmeros de Liouville σ e τ tais que f(σ, τ) = α, onde f(x, y) = x+ y. Em 1996,Burger [2] generalizou esse resultado para uma classe mais geral de funções. Emparticular, o resultado de Burger garante que, dado um número algébrico α, sobcertas condições, existem números de Liouville σ e τ , tais que στ = α.

Em 1906, Maillet [7] provou que funções racionais não contantes com coefici-entes racionais levam o conjunto dos números de Liouville nele mesmo, ou seja, aimagem de qualquer número de Liouville por esse tipo de função é um número deLiouville também. Funções racionais são exemplos de funções algébricas. Tendoem vista esse resultado, questiona-se sobre a existência de funções transcendentesque preservam o conjunto dos números de Liouville. Em 1984, Mahler [8] propôso seguinte problema:

Page 13: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

8 CAPÍTULO 1. NÚMEROS ALGÉBRICOS E TRANSCENDENTES

Existem funções inteiras transcendentes f(z) tais que se ξ é um número deLiouville qualquer, então f(ξ) também é?

Em [10], [11], [12] e [13], podem ser encontrados resultados recentes nessadireção. Entretanto, esse problema de Mahler ainda não foi resolvido.

Uma consequência interessante tanto do Teorema de Maillet, quanto do Teo-rema de Erdös, é a densidade do conjunto dos números de Liouville em R.

Tendo em vista que todo número de Liouville é transcendente, que existeminfinitos números de Liouville e que, além disso, o conjunto desses números édenso em R, surge um questionamento natural:

Todo número transcendente é de Liouville?

A resposta é não e isso decorre diretamente do fato de que o conjunto dosnúmeros de Liouville tem medida nula em R.

O número π e a Constante de Euler, e =∞∑n=1

1n! , são exemplos conhecidos de

números transcendentes, que não são de Liouville (ver [15, p.330]).4

No próximo capítulo apresentaremos a demonstração da transcendência de e ea famosa Identidade de Euler.

4Ao leitor interessado em conhecer outras propriedades dos números de Liouville, [16] apresentamais propriedades e resultados recentes relacionados a esses números e está disponível em:http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/18477/1/2015_ElaineCristinedeSouzaSilva.pdf.

Page 14: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

Capítulo 2

A transcendência de e

Por: Anna Carolina Lafetá.

As primeiras referências à constante e foram publicadas em 1618 em um tra-balho sobre logaritmos de John Napier. Entretanto, esse trabalho não continhaa constante especificamente, mas simplesmente uma lista de logaritmos calcula-dos a partir de e. A primeira indicação da constante, propriamente dita, é credi-tada a Jacob Bernoulli, quando buscava encontrar um valor para o seguinte limite:

limn→∞

(1 + 1

n

)n, que é a própria constante e.

2.1 A série ex

Uma das característcas mais conhecidas da função exponencial ex é o fato de

qued

dxex = ex. Ou seja, a derivada da função exponencial é ela mesma.

Assim, a série de Taylor da função exponencial é dada por:

ex =∞∑n=0

xn

n! . (2.1)

Assim, podemos escrever o número e como

e =∞∑n=0

1n! = 1 + 1

1! + 12! + · · · (2.2)

Utilizando esse fato, podemos provar que e é um número irracional.

Teorema 2.1. O número e é irracional. 1

1Essa demonstração se encontra nas páginas 29 e 30 do livro “Números Irracionais e Transcen-dentes", Djairo Guedes de Figueiredo.

9

Page 15: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

10 CAPÍTULO 2. A TRANSCENDÊNCIA DE E

Demonstração. Suponha que e seja um número racional. Então, existem p, q ∈ Nprimos entre si tal que e = p

q.

De (2.2), temos que

p

q−(

1 + 11! + 1

2! + · · ·+ 1j!

)=

∞∑j=q+1

1j! . (2.3)

Agora, observe que o segundo membro de (2.3) pode ser escrito como

1q!

( 1q + 1 + 1

(q + 1)(q + 2) + · · ·)<

1q!

( 1q + 1 + 1

(q + 1)2 + · · ·). (2.4)

Note que a expressão entre parêntesis no último membro de (2.4) é uma série

geométrica cuja soma é1q

. Usando esse resultado em (2.4), obtemos

∞∑j=q+1

1j! <

1q!

1q. (2.5)

Agora, unindo as expressões (2.3) e (2.5), vemos que

0 < p

q−(

1 + 11! + 1

2! + · · ·+ 1j!

)<

1q!

1q, (2.6)

de onde obtemos que

0 < q!(p

q− 1− 1

1! −12! − · · · −

1j!

)<

1q

(2.7)

Observe agora que, em (2.7), o termo do meio é inteiro, pois q! cancela todosos denominadores das frações, no entanto 1/q ≤ 1, e como o termo do meio éestritamente maior do que 0, temos aí um absurdo. Esse absurdo acontece porcausa da suposição inicial, de que e é racional. Logo, e é irracional.

2.2 Prova da transcendência

Para provar a transcendência de e, precisaremos de alguns resultados auxiliares.Incialmente, considere a função

F (x) = P (x) + P ′(x) + · · ·+ P (r)(x), (2.8)

onde P (x) é um polinômio de grau r.

Lema 2.2. Temos qued

dx(e−xF (x)) = −e−xP (x). E, além disso, para algum

θk ∈ [0, 1] temos que

F (k)− ekF (0) = −kek(1−θk)P (kθk),

para todo k > 0.

Page 16: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

2.2. PROVA DA TRANSCENDÊNCIA 11

Demonstração. Para a primeira parte do lema, basta derivar a função e−xF (x)utilizando a regra do produto e usar a definição da função F .

Para a segunda afirmação do lema, utilize o Teorema do Valor Médio e a pri-meira afirmação do lema:

e−kF (k)− e0F (0)k

= −ekθkP (kθk),

o que implicaF (k)− ekF (0) = −kek(1−θk)P (kθk),

como queríamos.

Agora, tome o polinômio P (x) da função F , definida em (2.8) como:

P (x) = 1(p− 1)!x

p−1(1− x)p · · · (n− x)p, (2.9)

onde n ∈ N e p é um número primo maior do que n.Observe que podemos escrever P (x) como

P (x) = (n!)p

(p− 1)!xp−1 + b0

(p− 1)!xp + · · ·+ (−1)nxn(p+1)−1

(p− 1)! . (2.10)

Além disso, temos que:

• se i < p e k ∈ {1, . . . , n}, então P (i)(k) = 0;

• P (p−1)(0) = (n!)p e P (i)(0) = 0, se i < p− 1.

Se k = 1, 2 . . . , n, então, pela definição de F (x) e pelas considerações feitasacima, segue que

F (k) = P (p)(k) + P (p+1)(k) + · · ·+ P (np+p−1)(k) (2.11)

Escreva agora

P (x) = xp−1

(p− 1)!{(1− x) . . . (k − 1− x)(k + 1− x) . . . (n− x)}p(k − x)p

= A(x)(k − x)p,(2.12)

onde gr(A) = np− 1.Temos então que P ′(x) = A′(x)(k − x)p − pA(x)(k − x)p−1. Observe agora

que, ao derivarmos P ′, digamos, s vezes, obteremos

P (s+1)(x) = (A′(x)(k − x)p)(s) − (pA(x)(k − x)p−1)(s). (2.13)

É fácil ver que (pA(x)(k − x)p−1)(s) será sempre um múltiplo de p, enquantoque (A′(x)(k − x)p)(s) será separado em um termo múltiplo de p e outro igual a

Page 17: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

12 CAPÍTULO 2. A TRANSCENDÊNCIA DE E

A(s+1)(x)(k−x)p. Portanto, temos que P (r)(x) = A(r)(x)(k−x)p+pB(x), logoP (r)(k) = pB(k) é divisível por p. Dessa forma, F (k) = P (p)(k) + P (p+1)(k) +· · ·+ P (np+p−1)(k) é divisível por p.

Por outro lado, F (0) = P (p)(0) + P (p+1)(0) + · · · + P (np+p−1)(0), e pelaexpressão (2.10)

P (x) = (n!)p

(p− 1)!xp−1 + b0

(p− 1)!xp + b1

(p− 1)!xp+1 + · · ·+ (−1)nxn(p+1)−1

(p− 1)! ,

(2.14)se derivarmos o primeiro termo da soma acima p ou mais vezes, ele se anulará. A

partir do segundo termo, derivando P (x) i vezes, onde i = p + j, j ≥ 0, teremos

que P (p+j)(0) = bj(p+ j)!(p− 1)! . Então,

F (0) = (n!)p︸ ︷︷ ︸não divisível por p

+ p!b0(p− 1)! + (p+ 1)!b1

(p− 1)! + · · ·+(np+ n− 1)!b(n−1)p+n−1

(p− 1)!︸ ︷︷ ︸divisível por p

.

Logo, F (0) não é divisível por p, e isso demonstra o seguinte lema:

Lema 2.3. Se k = 1, 2, . . . , n, então F (k) é um inteiro divisível por p. Por outrolado, F (0) é um inteiro não divisível por p.

Agora, já temos as ferramentas necessárias para provar a transcendência de e:

Teorema 2.4. O número e é transcendente.

Demonstração. Suponha, por absurdo, que e seja algébrico. Então existem cons-tantes c0, c1, . . . cn (podemos tomar c0 > 0) tais que

cnen + · · ·+ c1e+ c0 = 0

Vamos mostrar que

c0F (0) + c1F (1) + · · ·+ cnF (n) = c1ε1 + · · ·+ cnεn,

onde εk = F (k)− ekF (0) = −kek(1−θk)P (kθk), como provado no Lema 2.2.De fato, por hipótese, temos que cnen + · · · + c1e + c0 = 0. Mas, isso é

equivalente a

c0 = −cnen − · · · − c1e⇔ c0F (0) = −cnenF (0)− · · · − c1eF (0)

Agora, observe que εk−F (k) = −ekF (0). Portanto, a equação acima se torna

c0F (0) = cn(εn − F (n)) + · · ·+ c1(ε1 − F (1)).

Page 18: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

2.3. A CONSTANTE E NÃO É UM NÚMERO DE LIOUVILLE 13

Mas isso é equivalente a

c0F (0) + c1F (1) + · · ·+ cnF (n) = c1ε1 + · · ·+ cnεn.

Agora, se os εk são calculados para o polinômio P (x), definido em (2.9), temosque

εk = −kek(1−θk) 1(p− 1)!(kθk)

p−1(1− kθk)p . . . (n− kθk)p.

e, obviamente

|εk| =∣∣∣∣−kek(1−θk) 1

(p− 1)!(kθk)p−1(1− kθk)p . . . (n− kθk)p

∣∣∣∣ .Utilizando o fato de que 0 < θk < 1 e que k ≤ n, obtemos

|εk| ≤∣∣∣∣npen(n!)p

(p− 1)!

∣∣∣∣ .Como,

limp→∞

npen(n!)p

(p− 1)! = 0,

segue que, para p suficientemente grande,

|c1ε1 + · · ·+ cnεn| < 1. (2.15)

Mas vimos que c0F (0) + c1F (1) + · · · + cnF (n) = c1ε1 + · · · + cnεn. Noentanto, c0F (0)+c1F (1)+· · ·+cnF (n), pelo Lema 2.3, é um inteiro não divisívelpor p, mas por (2.15), tem módulo menor que 1, logo deve ser 0, o que é absurdo.Tal absurdo vem da hipótese de que e é algébrico. Logo e é transcendente.

2.3 A constante e não é um número de Liouville

Para provar que e não é um número de Liouville, faremos uso de frações con-tínuas e algumas ferramentas analíticas.

Seja a/b uma fração irredutível. Podemos utilizar o algorítmo de Euclides paraobter as seguintes equações:

a = ba0 + r0, 0 < r0 < bb = r0a1 + r1, 0 < r1 < r0r0 = r1a2 + r2, 0 < r2 < r1

...rm−1 = rmam+1 + rm+1, 0 < rm < rm−1rm = rm+1am+2

(2.16)

Page 19: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

14 CAPÍTULO 2. A TRANSCENDÊNCIA DE E

Desse modo, podemos escrever a fração a/b como:

a0 + r0b

= a0 + 1br0

= a0 + 1a1 + r1

r0

= · · · = a0 + 1a1 + 1

a2+ 1. . .+ 1

am+2

.

Observe que ness caso, a fração contínua será finita e a denotaremos pora/b =< a0; a1, . . . , am+2 >.

Seja agora ξ um número irracional e seja [ξ] a parte inteira de ξ, i.e., o maiorinteiro menor que ξ, e {ξ} a parte fracionária de ξ, i.e., ξ − [ξ]. Assim, podemosescrever ξ como

ξ = [ξ] + {ξ} = [ξ] + 11{ξ}

.

Como 0 < {ξ} < 1, temos que1{ξ}

> 1 e podemos definir a parte fracionária de

1{ξ}

={ 1{ξ}

}:= r1 e sua parte inteira

[ 1{ξ}

]:= a1. Logo

ξ = [ξ] + 11{ξ}

= [ξ] + 1a1 + r1

= [ξ] + 1a1 + 1

1r1

Novamente, 0 < r1 < 1, logo1r1> 1 e podemos encontrar sua parte inteira e

fracionária. Repetindo o processo m+ 1 vezes, obtemos:

ξ = [ξ] + 1a1 + 1

a2+ 1. . .+am

,

e cada rm é número irracional menor do que 1, de modo que podemos tomar aparte inteira e fracionária de 1/rm. É fácil ver que esse processo nunca termina.

Denotando [ξ] por a0, podemos escrever a fração contínua de um número ξcomo ξ =< a0; a1, a2, a3, . . . >.

Definição 2.5. Seja ξ um número real e < a0; a1, a2, . . . > sua representação em

frações contínuas. Então, dizemos que a sequência{pnqn

}n≥0

é a sequência dos

convergentes da fração contínua de ξ se

pnqn

=< a0; a1, . . . , an > .

Um resultado bem conhecido na teoria de aproximações diofantinas é que osdenominadores qn que aparecem nos convergentes da fração contínua formam umasequência não decrescente, ou seja, qn+1 ≥ qn.

Com essas noções básicas de frações contínuas, podemos definir agora a me-dida de irracionalidade de um número x ∈ R como:

Page 20: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

2.3. A CONSTANTE E NÃO É UM NÚMERO DE LIOUVILLE 15

Definição 2.6. Seja x um número real, definimos sua medida de irracionalidadeµ(x) como sup{ν ∈ R+ : |x− p/q| < 1/qν tem infinitas soluções para p/q ∈ Q}.

Segue diretamente dessa definição que qualquer número de Liouville tem me-dida de irracionalidade igual a ∞. Afinal para qualquer ν, a desigualdade teminfinitas soluções.

Mostraremos então que a constante de Euler não tem medida de irracionalidadeinfinita, mais especificamente, mostraremos que e tem medida de irracionalidademenor ou igual a 2.

Sondow em [17] fornece uma fórmula para a função µ(s). Tal fórmula é dadapela seguinte expressão

µ(x) = 2 + lim supn→∞

log an+1log qn

, (2.17)

onde pn/qn são os convergentes da fração contínua de x e an+1 são os termos queaparecem na expressão x =< a0; a1, a2, . . . >

Com essas ferramentas, podemos mostrar que e não é número de Liouville.Como já foi visto e é irracional, logo sua fração contínua é infinita e é dada por[15, pag 294]

e =< 2; 1, 2, 1, 1, 4, 1, 1, 6, 1, 1, 8, . . . > .

Agora, suponha por absurdo que e seja um número de Liouville cujos conver-gentes da fração contínua são dados por: {pn/qn}. Então, temos que∣∣∣∣e− pn

qn

∣∣∣∣ < 1qnn. (2.18)

Como pn/qn são convergentes de uma fração contínua, vale que∣∣∣∣pnqn − pn+1qn+1

∣∣∣∣ = 1qnqn+1

. (2.19)

Assim,∣∣∣∣e− pnqn

+ e− pn+1qn+1

∣∣∣∣ ≤ ∣∣∣∣e− pnqn

∣∣∣∣+ ∣∣∣∣e− pn+1qn+1

∣∣∣∣ ≤ 1qnn

+ 1qn+1n+1≤ 2qnn

(2.20)

Isso implica que, para n suficientemente grande, temos que

qn+1 > qn−1n > qn−2

n . (2.21)

Repetindo o processo acima, chegamos à conclusão que

qn+1 > qn−2n > (qn−3

n−1)n−2 > · · · > 2(n−3)!. (2.22)

Usando isso e o fato de que na fração contínua de e, an+1 ≤ 2n, podemosutilizar a fórmula de Sondow para obter:

µ(e) = 2 + lim supn→∞

log an+1log qn

≤ 2 + lim supn→∞

log 2nlog 2(n−3)! = 2.

Logo e não é de Liouville.

Page 21: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

16 CAPÍTULO 2. A TRANSCENDÊNCIA DE E

2.4 A Identidade de Euler

Considere aqui, a seguinte função

f(x) = (cos(x)− isen (x))eix, (2.23)

onde i denota a unidade imaginária.Podemos utilizar a regra do produto para derivar a função f , e assim obter:

d

dxf(x) = i(cos(x)− isen (x))eix + (−sen (x)− i cos(x))eix) = 0 (2.24)

Isso implica que a função f é constante, e como f(0) = 1, segue que 1 =(cos(x) − isen (x))eix. Multiplicando ambos os lados da igualdade por cos(x) +isen (x), obtemos a seguinte relação, conhecida como Fórmula de Euler:

cos(x) + isen (x) = eix. (2.25)

Substituindo x por π em (2.25), obtemos a conhecida Identidade de Euler:

eiπ = −1. (2.26)

Essa famosa identidade será bastante utilizada nos capítulos subsequentes.

Page 22: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UF

RJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FR

J-

Capítulo 3

A Conjectura de Schanuel e osteoremas clássicos

Por: Jean Lelis.

Nessa aula, enunciaremos e falaremos algumas aplicações de três teoremasclássicos em teoria dos números transcendentes, cujas demonstrações são longas enão triviais.

Falaremos também sobre a Conjectura de Schanuel, considerada atualmenteo problema em aberto mais importante em Teoria do Números Transcendentes.Mostraremos como essa conjectura pode ser utilizada para provar a transcendênciade alguns números como, por exemplo, e + π, eπ. Na verdade, veremos que elaimplica resultados ainda mais fortes.

Por fim, assumiremos a veracidade da Conjectura de Schanuel e mostraremosque, se a Conjectura de Schanuel for provada, as demonstrações desses teoremastão importantes se reduzem a poucas linhas. Essa aula foi preparada com base noLivro Teoria dos Números Transcendentes do Prof. Dr. Diego Marques [9].

3.1 O Teorema de Hermite-Lindemann

Como vimos na primeira aula, os primeiros números transcendentes foram exi-bidos por Liouville, no entanto tais exemplos eram um tanto "artificiais". Porém,com a demonstração de Cantor de que quase todos os números são transcendentes,parecia natural que as importantes constantes e e π seriam transcendentes e, defato, como vimos na aula passada e é um número transcendente, veremos nessaaula que π também é um número transcendente. Na verdade, a transcendência dee e π podem ser vistas como casos particulares do seguinte teorema

Teorema 3.1 (Hermite-Lindemann). Se α1, . . . , αm são números algébricos dis-tintos, então eα1 , . . . , eαm são linearmente independentes sobre o corpo dos nú-meros algébricos.

17

Page 23: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

18CAPÍTULO 3. A CONJECTURA DE SCHANUEL E OS TEOREMAS CLÁSSICOS

Quando m = 2, α1 = 0 e α2 = α ∈ Q, não nulo, nós obtemos o seguinte casoparticular que é conhecido com Teorema de Lindemann

Corolário 3.2. Se α é algébrico não nulo, então eα é transcendente.

Existe uma formulação equivalente ao Teorema de Hermite-Lindemann que échamado Teorema de Lindemann-Weierstrass

Teorema 3.3 (Lindemann-Weierstrass). Se α1, . . . , αn são números algébricos li-nearmente independentes sobre Q, então eα1 , . . . , eαn são algebricamente inde-pendentes.

Não apresentaremos aqui uma demonstração desse teorema, mas veremos queele pode ser facilmente deduzido via Conjectura de Schanuel, caso essa seja de-monstrada verdadeira. Vamos agora apresentar algumas consequências do Teo-rema de Hermite-Lindemann, em particular vamos mostrar a transcendência de π,veremos que a transcendência de e também segue de imediato

Proposição 3.4. Os seguintes números são transcendentes:

1. e;

2. sinα, cosα, tanα, sinhα, coshα, tanhα, para todo α ∈ Q∗;

3. π;

4. logα, arcsinα, e em geral as funções inversas do item (b), para todo α ∈ Q,α /∈ {0, 1}.

Demonstração. (a) Faça α = 1 no Teorema de Lindemann.(b) Note que,

2i(sinα)e0 + (−1)eiα + e−iα = 0,2(cosα) + (−1)eiα + (−1)e−iα = 0,

(i tanα− 1)eiα + (i tanα+ 1)e−iα = 0,2(sinhα)e0 + (−1)eα + e−α = 0,

2(coshα)e0 + (−1)eα + (−1)e−α = 0,(tanhα− 1)eα + (tanhα+ 1) = 0.

Supondoα 6= 0, então iα 6= 0. Portanto, pelo Teorema de Hermite-Lindemann,

sinα, cosα, tanα, sinhα, coshα, tanhα,

são números transcendentes.(c) Se π fosse algébrico, então iπ ∈ Q∗. Logo, eiπ é transcendente, mas

eiπ = −1. Portanto, π é transcendente.(d) Suponha que logα ∈ Q. Pelo Teorema de Lindemann elogα é transcen-

dente, mas elogα = α ∈ Q, essa contradição mostra que logα /∈ Q. De modoanálogo, usando o item (b), mostramos que as funções inversas das funções doitem (b) assumem valores transcendente em α ∈ Q− {0, 1}.

Page 24: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

3.2. O TEOREMA DE GELFOND-SCHNEIDER 19

3.2 O Teorema de Gelfond-Schneider

Em 1900, no Congresso Internacional de Matemática em Paris, o matemáticoalemão David Hilbert propôs uma lista de 23 problemas. Esses problemas se torna-ram muito influentes na matemática do século XX. O sétimo problema de Hilbertpergunta se o número αβ , onde α é algébrico (diferente de zero e um) e β é algé-brico (não racional), é transcendente. Essa questão foi resolvida em 1934 por A.O. Gelfond e independentemente em 1935 por T. Schneider.

Teorema 3.5 (Gelfond-Schneider). Seja α um algébrico diferente 0 e 1, e β umalgébrico irracional. Então αβ é transcendente.

Imediatamente, os números√

2√

2, ii,√

2√

3são transcendentes.

Corolário 3.6. eπ é transcendente.

Demonstração. Como eπi = −1, pela identidade de Euler, temos que (eπi)−i =(−1)−i, logo eπ = (−1)−i é transcendente pelo Teorema de Gelfond-Schneider.

O número eπ é chamado constante de Gelfond. Quanto aos números πe, ee, ππ

ainda não sabemos se são transcendentes. Um enunciado equivalente ao Teoremade Gelfond-Schneider é

Teorema 3.7. Dados α1, α2, β1, β2 ∈ Q∗, se logα1, logα2, são Q-L.I., então

β1 logα1 + β2 logα2 6= 0.

Vamos provar a equivalência, suponhamos o Teorema de Gelfond-Schneider esejam α1, α2, β1, β2 ∈ Q∗, com

β1 logα1 + β2 logα2 = 0

e logα1, logα2 são Q-L.I., então temos que (β1/β2) logα1 = − logα2, ou seja,α

((β1/β2))1 = α−1

2 ∈ Q, então por G.-S. temos que (β1/β2) ∈ Q, o que contraria ahipótese que logα1, logα2 são Q-L.I., logo

β1 logα1 + β2 logα2 6= 0.

Reciprocamente, suponha o Teorema 3.7 e sejam α ∈ Q−{0, 1} e β ∈ Q−Q,suponha que γ = αβ ∈ Q, então

log γ − β logα = 0,

logo β ∈ Q pelo Teorema 3.7, o que é uma contradição, pois supomos que β ∈Q−Q, logo αβ /∈ Q, o que completa a demonstração da equivalência.

Page 25: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

20CAPÍTULO 3. A CONJECTURA DE SCHANUEL E OS TEOREMAS CLÁSSICOS

3.3 O Teorema de Baker

Vimos na formulação equivalente ao Teorema de Gelfond-Schneider que paraα1, α2 números algébricos não nulos, sua independência linear sobre Q e Q sãoequivalentes. Foi conjecturado que esse resultado seria válido para uma quantidadearbitrária de logaritmos. Essa conjectura foi provada por A. Baker em 1966 (e lherendeu a medalha Fields em 1970).

Teorema 3.8 (Baker). Dados α1, . . . , αn números algébricos, não nulos, tais quelogα1, . . . , logαn são linearmente independentes sobre Q. Então 1, logα1, . . . ,logαn são linearmente independentes sobre Q.

É possível mostrar que o Teorema de Baker implica os teoremas de Lindemanne Gelfond-Schneider. Vamos agora apresentar uma das importantes consequênciasdo Teorema de Baker.

Teorema 3.9. Dados α1, . . . , αn números algébricos, não nulos, e β1, . . . , βn nú-meros algébricos tais que

γ = β1 logα1 + · · ·+ βn logαn 6= 0.

Então γ é um número transcendente.

Demonstração. Basta-nos mostrar que se α1, . . . , αn, β0, β1, . . . , βn são númerosalgébricos, com αj 6= 0, 1 ≤ j ≥ n e β0 6= 0, então

β0 + β1 logα1 + · · ·+ βn logαn 6= 0.

Procederemos por indução em n. O caso n = 1 segue do fato que logα étranscendente para α ∈ Q pelo Teorema de Lindemann. Assuma a validade paran < m, onde m ∈ Z; mostraremos então o resultado para n = m.

Se logα1, . . . , logαm são linearmente independentes sobre Q, o resultado segue-se do Teorema de Baker. Assim, suponha que existem ρ1, . . . , ρm ∈ Q, não todosnulos, e tais que

ρ1 logα1 + · · ·+ ρm logαm = 0.Sem perda de generalidade, suponha ρ1 6= 0. Entretanto, para α0 = 0, temos

que

ρ1

m∑k=0

βk logαk = ρ1(β0+)− βr(ρ1 logα1 + · · ·+ ρm logαm)

= β′0 + β′1 logα1 + · · ·+ β′m logαm,

onde β′0 = ρrβ0, β′j = ρrβj − ρjβr para 1 ≤ j ≥ m. Daí,

ρr(β0 +β1 logα1 + · · ·+βm logαm) = β′0 +β′1 logα1 + · · ·+β′m logαm. (3.1)

Note que β′0 6= 0 e β′r = 0, então, por hipótese de indução, o lado direito de3.1 é não nulo e como ρr 6= 0, segue-se que

β0 + β1 logα1 + · · ·+ βm logαm 6= 0.

Page 26: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

3.4. A CONJECTURA DE SCHANUEL 21

3.4 A Conjectura de Schanuel

Seja L |K uma extensão transcendente, isto é, [L : K] = ∞. Um conjuntoB ⊆ L é dito base de transcendência de L |K , se B é algebricamente independentesobre K e L |K(B) é uma extensão algébrica, ou equivalentemente B é o conjuntoalgebricamente independente (sobre K) maximal relativo à inclusão, cuja existên-cia é garantida via lema de Zorn. Pode-se provar que quaisquer duas bases detranscendência de uma extensão têm a mesma cardinalidade. Assim podemos de-finir o grau de transcendência de uma extensão L |K , como a cardinalidade deB. Denotamos por grtr(L |K) = grtrK(L) = #B. Se L |K é algébrico, entãogrtr(L |K) = 0.

Observação 3.10. É possível mostrar que um conjunto é algebricamente indepen-dente sobre Q se, e somente se, é algebricamente independente sobre Q.

Vamos agora, usando essa nomenclatura, apresentar a importante Conjecturade Schanuel que diz

Conjectura 3.11 (Schanuel). Se x1, . . . , xn ∈ C são linearmente independentessobre Q, então

grtr(Q(x1, . . . , xn, ex1 , . . . , exn) |Q) ≥ n.

A Conjectura de Schanuel é, sem dúvida, o grande resultado a ser provado emTeoria Transcendente. A motivação da Conjectura de Schanuel parece vir de algunsresultados já sabidos. Por exemplo, quando n = 1 temos que se α 6= 0, então, peloTeorema de Lindemann, pelo menos um dos números α e eα é transcendente, assimgrtr(Q(α, eα) |Q) ≥ 1. No caso de n arbitrário, essa conjectura está resolvidaapenas para {x1, . . . , xn} ⊂ Q, usando o Teorema de Lindemann-Weierstrass

Vamos agora apresentar algumas das implicações da Conjectura de Schanuel,em particular vamos ver que muitos dos números que acreditamos ser númerostranscendentes, mas ainda não sabemos provar, podem ter a transcendência obtidavia Conjectura de Schanuel, além disso vamos ver que os teoremas que enunciamospodem ser vistos como consequência dessa conjectura.

Teorema 3.12. Se a Conjectura de Schanuel for verdadeira, então e e π são alge-bricamente independentes sobre Q, em particular e + π e eπ são números trans-cendentes.

Demonstração. Suponha que a Conjectura de Schanuel é verdadeira, e considerex1 = 1 e x2 = iπ, temos que x1 e x2 são Q-L.I., esse fato segue diretamente datranscendência de π, logo

2 ≤ grtr(Q(1, iπ, e, eiπ))= grtr(Q(1, iπ, e,−1))= grtr(Q(π, e))≤ 2,

Page 27: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

22CAPÍTULO 3. A CONJECTURA DE SCHANUEL E OS TEOREMAS CLÁSSICOS

donde e, π são algebricamente independentes, ou seja p(e, π) /∈ Q para todop(x, y) ∈ Q[x, y] \ {0}, em particular eπ, e+ π são transcendentes.

Por fim vamos ver que a Conjectura de Schanuel implica os teoremas clássicosapresentados acima

(I) Conjectura de Schanuel⇒ Teorema de Lindemann-Weierstrass: Essaimplicação é imediata tomando x1 = α1, . . . , xn = αn. Note que, pela equivalên-cia, temos que a conjectura implica o Teorema de Hermite-Lindemann.

(II)Conjectura de Schanuel ⇒ Teorema de Gelfond-Schneider: Nós mos-tramos que o Teorema de Gelfond-Schneider é equivalente ao Teorema 3.7, quepor sua vez é uma consequência direta da Conjectura de Schanuel tomando x1 =logα1, x2 = logα2 que, por hipótese, são Q-L.I..

(III)Conjectura de Schanuel ⇒ Teorema de Baker: Aqui tomamos x1 =logα1, . . . , xn = logαn e o resultado também segue naturalmente.

Então podemos ver que os resultados clássicos, caso a Conjectura de Scha-nuel se mostre verdadeira, são corolários imediatos dela, o que justifica sua grandeimportância na Teoria dos Números Transcendentes. Mas é importante ressaltarque a Conjectura de Schanuel não é o passo final nessa teoria, mesmo com a de-monstração da conjectura, ainda existem muitos problemas em aberto, como porexemplo os números ζ(2n + 1), para n > 1. Com isso queremos deixar mais doque um pequeno histórico de uma teoria, mas um convite, um convite a essa teoriarelativamente recente, porém com grandes desafios.

Page 28: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

Referências Bibliográficas

[1] BUGEAUD, Y. Approximation by Algebraic Numbers, Cambridge Tracts inMathematics Vol 160, Cambridge University Press, New York (2004).

[2] BURGER, E., On Liouville decompositions in local fields, Proceedings of theAmerican Mathematical Society, 124 (1996), no. 11, 3305-3310.

[3] ERDÖS, P., Representations of real numbers as sums and products of Liou-ville numbers, Michigan Math. J., 9 (1962), 59-60.

[4] FIGUEIREDO, D. G., Números Irracionais e Transcendentes, 3 ed., Rio deJaneiro: SBM, 2011.

[5] LANG, S. (1966) Introdution to Transcendental Numbers Addison-WesleyPublishing Co., Reading, Mass.-London-Don Mills, Ont.

[6] LIMA, E. L., Curso de Análise, 14 Ed., Rio de Janeiro: IMPA, 2013. Volume1.

[7] MAILLET, E., Introduction à la théorie des nombres transcendants et despropriétés arithmétiques des fonctions, Paris: Gauthier-Villars, 1906.

[8] MAHLER, K., Some suggestions for further research, Bull. Austral. Math.Soc.29 (1984), 101–108.

[9] MARQUES, D., Teoria dos Números Transcendentes, 1 ed., Rio de Janeiro:SBM, 2013.

[10] MARQUES, D.; MOREIRA, C. G. On a variant of a question proposed byK. Mahler concerning Liouville numbers, Bull. Austral. Math. Soc. 91 (2015)29–33.

[11] MARQUES, D.; RAMIREZ, J.; SILVA, E. A note on lacunary power serieswith rational coefficients. Bull. Austral. Math. Soc. 93 (2016), 1–3.

[12] MARQUES, D.; SCHLEISCHITZ, J. On a problem posed by Mahler, J. Aus-tral. Math. Soc. 100 (2016), 86–107.

23

Page 29: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atea

mát

ica

-Rio

deJa

neir

o-R

J-I

MPA

/UFR

J-V

IIIB

iena

lda

Soci

edad

eB

rasi

leir

ade

Mat

eam

átic

a-R

iode

Jane

iro

-RJ

-IM

PA/U

FRJ

-VII

IBie

nald

aSo

cied

ade

Bra

sile

ira

deM

atem

átic

aR

iode

Jane

iro-

RJ

-IM

PA/U

FRJ

-

24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[13] MARQUES, D.; SILVA, E. A note on transcendental power series mappingthe set of rational numbers into itself. To appear in Communications in Mathe-matics.

[14] POLLARD, Harry. The theory of algebraic numbers. Baltimore: The Mathe-matical Association of America, 1950. (The Carus Mathematical Mono-graphs; v.9).

[15] RIBENBOIM, P., My Numbers, My Friends: Popular Lectures on NumberTheory, Springer-Verlag, 2000.

[16] SILVA, E. C. S., Alguns resultados relacionados a números de Liouville, Dis-sertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasil, 2015.

[17] Sondow, J. Irrationality Measures, Irrationality Bases, and a Theorem of Jar-nik, Proceedings of Journées Arithmétiques, Graz 2003 in the Journal du The-orie des Nombres Bordeaux.

Page 30: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

• Logaritmos- E. L. Lima• AnáliseCombinatóriaeProbabilidadecomassoluçõesdosexercícios- A. C. Morgado, J. B.

Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez• MedidaeFormaemGeometria(Comprimento,Área,VolumeeSemelhança)- E. L. Lima• MeuProfessordeMatemáticaeoutrasHistórias- E. L. Lima• CoordenadasnoPlanoassoluçõesdosexercícios-E. L. Lima com a colaboração de P. C. P.

Carvalho• Trigonometria,NúmerosComplexos-M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner, Notas

Históricas de J. B. Pitombeira• CoordenadasnoEspaço-E. L. Lima• ProgressõeseMatemáticaFinanceira- A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani• ConstruçõesGeométricas- E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro• IntroduçãoàGeometriaEspacial- P. C. P. Carvalho• GeometriaEuclidianaPlana-J. L. M. Barbosa• Isometrias- E. L. Lima• AMatemáticadoEnsinoMédioVol.1- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado• AMatemáticadoEnsinoMédioVol.2- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado• AMatemáticadoEnsinoMédioVol.3- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado• MatemáticaeEnsino- E. L. Lima• TemaseProblemas-E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado• EpisódiosdaHistóriaAntigadaMatemática- A. Aaboe• ExamedeTextos:AnálisedelivrosdeMatemática-E. L. Lima• AMatemáticadoEnsinoMedioVol.4-ExercicioseSoluções- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E.

Wagner e A. C. Morgado• ConstruçõesGeométricas:ExercícioseSoluções- S. Lima Netto• UmConviteàMatemática-D.C de Morais Filho• TópicosdeMatemáticaElementar- Volume 1 - Números Reais - A. Caminha• TópicosdeMatemáticaElementar-Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A. Caminha• TópicosdeMatemáticaElementar- Volume 3 - Introdução à Análise - A. Caminha• TópicosdeMatemáticaElementar- Volume 4 - Combinatória - A. Caminha• TópicosdeMatemáticaElementar- Volume 5 - Teoria dos Números - A. Caminha• TópicosdeMatemáticaElementar- Volume 6 - Polinômios - A. Caminha• TrezeViagenspeloMundodaMatemática- C. Correia de Sa e J. Rocha (editores)• ComoResolverProblemasMatemáticos-T. Tao• GeometriaemSaladeAula- A. C. P. Hellmeister (Comitê Editorial da RPM)• NúmerosPrimos,amigosquecausamproblemas-P. Ribenboim• ManualdeRedaçãoMatemática - D.C de Morais Filho

Page 31: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

COLEÇÃO PROFMAT

• IntroduçãoàÁlgebraLinear-A. Hefez e C.S. Fernandez• TópicosdeTeoriadosNúmeros-C. G. Moreira , F. E Brochero e N. C. Saldanha• PolinômioseEquaçõesAlgébricas-A. Hefez e M.L. Villela• TópicosdeHistoriadeMatemática- T. Roque e J. Bosco Pitombeira• RecursosComputacionaisnoEnsinodeMatemática- V. Giraldo, P. Caetano e F. Mattos• TemaseProblemasElementares- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado• NúmeroseFunçõesReais-E. L. Lima• Aritmética-A. Hefez• Geometria-A. Caminha• AvaliaçãoEducacional- M. Rabelo• GeometriaAnalítica - J. Delgado, K. Frensel e L. Crissaff• MatemáticaDiscreta-A. Morgado e P. C. P. Carvalho• MatemáticaeAtualidade-Volume1- C. Rousseau e Y. Saint-Aubin• FundamentosdeCálculo- A. C. Muniz Neto• MatemáticaeAtualidade-Volume2- C. Rousseau e Y. Saint-Aubin• ExercíciosResolvidosdeÁlgebraLinear-A. Hefez e C. de Souza Fernandez• ExercíciosResolvidosdeAritmética- A. Hefez

COLEÇÃO INICIAÇÃO CIENTÍFICA

• NúmerosIrracionaiseTranscendentes- D. G. de Figueiredo• NúmerosRacionaiseIrracionais- I. Niven• TópicosEspeciaisemÁlgebra- J. F. S. Andrade

COLEÇÃO TEXTOS UNIVERSITÁRIOS

• IntroduçãoàComputaçãoAlgébricacomoMaple- L. N. de Andrade• ElementosdeAritmética-A. Hefez• MétodosMatemáticosparaaEngenharia-E. C. de Oliveira e M. Tygel• GeometriaDiferencialdeCurvaseSuperfícies- M. P. do Carmo• MatemáticaDiscreta- L. Lovász, J. Pelikán e K. Vesztergombi• ÁlgebraLinear:UmsegundoCurso- H. P. Bueno• IntroduçãoàsFunçõesdeumaVariávelComplexa-C. S. Fernandez e N. C. Bernardes Jr.• ElementosdeTopologiaGeral- E. L. Lima• AConstruçãodosNúmeros- J. Ferreira• IntroduçãoàGeometriaProjetiva- A. Barros e P. Andrade• AnáliseVetorialClássica- F. Acker• Funções,LimiteseContinuidade - P. Ribenboim• FundamentosdeAnáliseFuncional - G. Botelho, D. Pellegrino e E. Teixeira• TeoriadosNúmerosTranscendentes- D. Marques• IntroduçãoàGeometriaHiperbólica-OmodelodePoincaré- P. Andrade• ÁlgebraLinear:TeoriaeAplicações - T. P. de Araújo• IntroduçãoàAnáliseMatemáticanaReta - C. I. Doering

Page 32: TEORIA DOS NÚMEROS TRANSCENDENTES - …im.ufrj.br/walcy/Bienal/textos/TEORIA DOS NUMEROS.pdf · 1a edição 2016 rio de janeiro anna carolina lafetÁ elaine silva jean lelis teoria

• TopologiaeAnálisenoEspaçoRn - R. Freire de Lima• EquaçõesOrdináriaseAplicações - B. Scárdua

COLEÇÃO MATEMÁTICA APLICADA

• IntroduçãoàInferênciaEstatística-H. Bolfarine e M. Sandoval• DiscretizaçãodeEquaçõesDiferenciaisParciais- J. Cuminato e M. Meneguette• FenômenosdeTransferência–comAplicaçõesàsCiênciasFísicaseàEngenhariavolume1:

Fundamentos - J. Pontes e N. Mangiavacchi

COLEÇÃO OLIMPÍADAS DE MATEMÁTICA

• OlimpíadasBrasileirasdeMatemática,1ªa8ª- E. Mega e R. Watanabe• OlimpíadasBrasileirasdeMatemática,9ªa16ª- C. Moreira e E. Motta, E. Tengan, L. Amâncio,

N. C. Saldanha e P. Rodrigues• 21AulasdeMatemáticaOlímpica- C. Y. Sh• IniciaçãoàMatemática:UmCursocomProblemaseSoluções- K. I. M. Oliveira e A. J. C.

Fernández• OlimpíadasCearensesdeMatemática1981-2005NívelFundamental-E. Carneiro, O. Campos e

M.Paiva• OlimpíadasCearensesdeMatemática1981-2005NívelMédio- E. Carneiro, O. Campos e M.Paiva• OlimpíadasBrasileirasdeMatemática-17ªa24ª- C. G. T. de A. Moreira, C. Y. Shine, E. L. R.

Motta, E. Tengan e N. C. Saldanha

COLEÇÃO FRONTEIRAS DA MATEMÁTICA

• FundamentosdaTeoriaErgódica-M.Viana e K. Oliveira• TópicosdeGeometriaDiferencial - A. C. Muniz Neto• FormasDiferenciaiseAplicações- M. Perdigão do Carmo

COLEÇÃO MATEMÁTICA PARA O ENSINO

• LivrodoProfessordeMatemáticanaEducaçãoBásicaVolumeINúmerosNaturais- C. Ripoll, L. Rangel e V. Giraldo

• LivrodoProfessordeMatemáticanaEducaçãoBásicaVolumeIINúmerosInteiros-C. Ripoll, L. Rangel e V. Giraldo