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A Teologia Medieval Escolástica Afonso Murad www.casadateologia.blogspot.com Casa da Teologia (5)
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Teologia medieval escolástica

Jul 25, 2015

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Afonso Murad
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Page 1: Teologia medieval escolástica

A Teologia Medieval Escolástica

Afonso Murad

www.casadateologia.blogspot.com

Casa da Teologia (5)

Page 2: Teologia medieval escolástica

Teologia Escolástica• Gestação : o que sobrou da

patristica. Sentenças isoladas dos Padres.

• Inícios: entrada do pensamento de Aristóteles. Uso da dialética.

• Santo Anselmo: fides quaerens intellectum.

• Cisma do Oriente em 1054. Perda da teologia simbólica.

• Ensino nas escolas de catedrais e mosteiros.

• Consolidação com Santo Tomás.

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Elementos do ensino na Escolástica• Lectio: explicação do mestre. Os

estudantes devem reter informações na memória.

• Commentarium: exegese das grandes obras dos mestres do passado.

• Quaestio: desenvolvimento dialético, submetendo determinada afirmação à elaboração crítica.

• Disputatio: estudantes e mestres discorrem sobre temas e pensamentos de autor ou obra.

• Quodlibet: Discussão livre sobre qualquer espécie de assunto.

• Sententiae: retomada de sumas teológicas.

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A teologia na universidade medieval

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Santo Tomás de Aquino

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A Suma Teológica

Veja como a Suma teológica se estrutura em três partes, com as respectivas questões

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Primeira parteTratado de Deus (Questões 1 a 26)

A Sagrada Doutrina (1) Natureza e extensão da Sagrada Doutrina (1)

O Deus Único (2-26) A Existência de Deus (2) A Essência de Deus (3-13) Operações do Intelecto Divino (14-18) Operações da Vontade Divina (19-21) Operações do Intelecto e da Vontade (22-24) O Poder de Deus (25-26)

Tratado da Trindade (27 a 43) Tratado da Criação (44 a 49) Tratado dos Anjos – O Espírito (50-64) Tratado dos Seis Dias – A Matéria (65 a 74) Tratado do Homem (Espírito e Matéria) (75-102) Tratado do Governo Divino (103-119)

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Segunda Parte - ITratado do fim último do homem (1-5) Tratado dos Atos Humanos (6-48) Tratado dos Hábitos (49-89) Tratado das Leis (90-108)

A essência, os vários tipos e os efeitos da lei (90-92) A Lei Eterna (93) A Lei Natural (94) A Lei Humana (95-97) A Antiga Lei (98-103) A Nova Lei (106-108)

Tratado da Graça (109-114)

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Segunda Parte - II

Tratado da Fé, Esperança e Caridade (1-46) Tratado das Virtudes Cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) (47-178) Tratado da Vida Contemplativa e da Vida Ativa (179-182) Tratado dos Estados de Vida (183-189)

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Terceira Parte

Tratado da Encarnação (1-26) Tratado da Vida de Cristo (27-59) Tratado dos Sacramentos (60-65)

Batismo (66-71) Confirmação (72) Sagrada Eucaristia (73-83) Penitência (84-90)

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Suplemento da Terceira Parte

Penitência (continuação) (1-28) Extrema Unção (29-33) Ordens Sagradas (39-40) Matrimônio (41-68) A Ressurreição (66-99)

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Veja uma questão da Suma Teológica

Observe como ela segue o esquema lógica:- Afirmação inicial, em forma de questão

(parece que....)- Argumentos que justificariam tal afirmativa*.- Afirmação central, seguida da solução para a

questão. Aqui se condensa a doutrina.- Refutação dos argumentos apresentados no

início, mostrando como são insuficientes.

* Faltam as notas de rodapé.

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O quinto ponto discute-se assim: Parece que a fé não é uma virtude.

A fé como virtude (Ia-IIae, q. 65)

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1. Pois, a virtude, tornando bom quem a possui, como diz o Filósofo, ordena para o bem. Ora, a fé ordena para a verdade. Logo, não é virtude. 2. Demais: Mais perfeita é a virtude infusa, que a adquirida. Ora, a fé, pela sua imperfeição, não é considerada virtude intelectual adquirida, segundo claramente o diz o Filósofo. Logo, com maior razão, não pode ser considerada virtude infusa. 3. Demais: A fé informada e a informe são da mesma espécie, como já se disse. Ora, a informe não é virtude, por não ter conexão com as demais virtudes. Logo, também não é a fé informada. 4. Demais: A graça gratuita e o fruto distinguem-se das virtudes. Ora, a fé está enumerada entre as graças gratuitas (1Cor 12, 9); e também entre os frutos (Gl 5, 23). Logo, não é a fé uma virtude.

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Mas, em contrário, o homem se justifica pelas virtudes; pois, a justiça é a virtude total, como diz Aristóteles4. Ora, o homem se justifica pela fé, no dizer da Escritura (Rm 5, 1): Justificados pois pela fé, tenhamos paz, etc. Logo, é a fé uma virtude.

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SOLUÇÃO. — Como do sobredito resulta, a virtude humana torna bom o ato humano. Por onde, todo hábito, que for sempre princípio de atos bons, pode considerar-se como virtude humana. Ora, tal hábito é a fé informada. Pois, sendo crer um ato do intelecto, que assente à verdade, por império da vontade, duas condições se requerem para esse ser perfeito. Uma, que o intelecto tenda infalivelmente para o seu bem, que é a verdade; outra, que infalivelmente se ordene ao fim último, por causa do qual a vontade assente à verdade. Ora, ambos esses elementos se encontram na fé informada. Pois, é da essência mesma da Fé, que o intelecto seja sempre levado para a verdade, pois a fé não é susceptível de falsidade, como já estabelecemos.

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SOLUÇÃO. Ora, pela caridade, que informa a fé, a alma tem uma vontade que se ordena infalivelmente para um fim bom. Logo, é virtude a fé informada.A fé informe, porém, não é virtude, porque, embora tenha o ato de fé informe a perfeição devida, por parte do intelecto, não a tem contudo por parte da vontade. Assim, como se a temperança existisse no concupiscível, e não existisse no racional a prudência, não seria a temperança virtude, como já dissemos7. Porque o ato de temperança exige um ato de razão e outro do concupiscível, assim como o ato de fé exige o ato da vontade e o do intelecto.

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DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A verdade, em si mesma, é o bem do intelecto, pois é a perfeição dele. Por onde, enquanto que pela fé, o intelecto é determinado para o verdadeiro, a fé se ordena para um certo bem. Mas ulteriormente, enquanto informada pela caridade, também se ordena para o bem, como objeto da vontade. RESPOSTA À SEGUNDA. — A fé de que fala o Filósofo se apóia na razão humana que não conclui necessariamente e é suscetível de falsidade. Por onde, essa fé não é virtude. Ao contrário, a fé de que tratamos, funda-se na verdade divina infalível, e portanto não é suscetível de falsidade. Portanto, tal fé pode ser virtude.

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• RESPOSTA À TERCEIRA. — A fé informada e a informe não diferem especificamente, como se pertencessem a espécies diversas. Diferem porém como, na mesma espécie, o perfeito, do imperfeito. Por onde, a fé informe, sendo imperfeita, não realiza perfeitamente a essência da virtude, pois, a virtude é uma certa perfeição como diz o Filósofo.

• RESPOSTA À QUARTA. — Certos ensinam que a fé enumerada entre as graças gratuitas, é a fé informe. — Mas não é esta opinião fundada, porque as graças gratuitas, no caso enumeradas, não são comuns a todos os membros da Igreja. Donde o dizer o Apóstolo: Há repartição de graças; e ainda: a um é dado isto, a outro, aquilo. Ora, a fé informe é comum a todos os membros da Igreja; porque o ser informe não lhe pertence à substância, enquanto dom gratuito. – Por onde, devemos dizer que fé, no caso vertente, deve ser tomada por alguma excelência dela, p. ex., pela constância, como diz a Glosa, ou pela linguagem da fé. Por outro lado, é a fé considerada como fruto, enquanto o seu ato produz certo deleite, em razão da certeza. Por isso, quando o Apóstolo enumera os frutos, a Glosa explica que é a fé a certeza do invisível.

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Importância da teologia escolástica

• Significou um momento alto de articulação da fé com o pensar humano (razão filosófica).

• Acolheu e integrou o conhecimento da época, de forma original e ousada.

• Primou pelo rigor conceitual.• Respondeu a profundas perguntas humanas.• Possibilitou o desenvolvimento da teologia

como saber sistematizado.

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Limites da teologia escolástica

• Usa a bíblia somente para confirmar o que se sabe. A bíblia não ilumina a teologia, é somente um argumento a mais para ela.

• Ao acentuar a dimensão intelectual da fé, desenvolve pouco a mística (espiritualidade).

• É uma teologia conceitual. Não considera a narração como possibilidade de refletir sobre a fé.

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Referência bibliográfica básica

Capítulo 4 Capítulo 3

[email protected] (versão 2014)

*Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq