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Fundamentos de Psicologia
TEMAS CLSSICOS DA PSICOLOGIA SOB A TICA DA ANLISE DO
COMPORTAMENTO
COORDENAOMaria Martha Costa Hbner Mrcio Borges Moreira
EDITORES DA SERIE
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
Francisco Baptista Assumpo Junior
Lia Priszkulnik
aGUANABARA
KOOGAN
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Sumrio
1 Bases Filosficas e Noo de Cincia cm Anlise do Comportamento,
1
2 Apendizagem, 20
3 Percepo e Ateno, 42
4 Memria, 56
5 Motivao, 74
6 Sentimentos, 88
7 Linguagem, 100
8 Pensamento e Criatividade, 116
9 Desenvolvimento Humano, 129
10 Personalidade, 144
11 Psicopatologia, 154
12 Cultura e Liberdade, 167
13 Conscincia e Autoconhecimento, 188
ndice Alfabtico, 208
9GUANABARA KOOGANw w w . g r u p o g e n . c o m . b
rhttp://gert-io.grupogen.com .br
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Fundamentos de Psicologia
TEMAS CLSSICOS DA PSICOLOGIA SOB A TICA DA ANLISE DO
COMPORTAMENTO
abdrRespeite o Jireito autora!
REPROGRFICOS
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GrupoEditorial -------------------- ............ ..... .........
.Nacional
O GEN I Grupo Editorial Nacional rene as editoras Guanabara
Koogan, Santos, Roca, AC Farmacutica, Forense, Mtodo, LTC, E.P.U. e
Forense Universitria, que publicam nas reas cientfica, tcnica e
profissional.
Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construram
catlogos inigualveis, com obras que tm sido decisivas na formao
acadmica e no aperfeioamento de vrias geraes de profissionais e de
estudantes de Administrao, Direito, Enfermagem, Engenharia,
Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educao Fsica e muitas outras
cincias, tendo se tornado sinnimo de seriedade e respeito.
Nossa misso prover o melhor contedo cientfico e distribu-lo de
maneira flexvel e conveniente, a preos justos, gerando benefcios e
servindo a autores, docentes, livreiros, funcionrios, colaboradores
e acionistas.
Nosso comportamento tico incondicional e nossa responsabilidade
social e ambiental so reforados pela natureza educacional de nossa
atividade, sem comprometer o crescimento contnuo e a rentabilidade
do grupo.
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Fundamentos de Psicologia
TEMAS CLSSICOS DA PSICOLOGIA SOB A TICA DA
ANLISE DO COMPORTAMENTOO RG A N IZA D O RES
MARIA MARTHA COSTA HBNERPs-Doutora em Psicologia Experimental
pela Universidade de So Paulo - USP.
Pesquisadora do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia -
Estudos sobre C om portam ento, Cognio e Ensino.D ocente no D
epartam ento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia
e Coordenadora do Programa de Ps-Graduao em
Psicologia Experimental - USP.
MRCIO BORGES MOREIRAD outorado em Cincias do Com portam ento
pela Universidade de Braslia - UnB.
C oordenador do Curso de Psicologia do Instituto de Educao
Superior de Braslia - IESB.Graduao e Mestrado em Psicologia pela
Pontifcia Universidade Catlica de Gois - PU C -G O .
ED ITO R ES D A SRIE
E d w i g e s F e r r e i r a d e M a t t o s S il v a r e
sProfessora T itular do D epartam ento de Psicologia Clnica do
Instituto de Psicologia da USP.
O rientadora e Supervisora no Curso de Graduao junto ao D
epartam ento de Psicologia Clnica e no Programa de Ps-Graduao
emPsicologia Clnica do Instituto de Psicologia da USP.
F r a n c i s c o B a p t i s t a A s s u m p o J u n i o
rProfessor Livre-Docente pela Faculdade de M edicina da USP.
Professor Associado do D epartam ento de Psicologia Clnica do
Instituto de Psicologia da USP.
LIA P r i s z k u l n i kProfessora-Doutora do D epartam ento de
Psicologia Clnica do Instituto de Psicologia da USP.
Docente do Curso de Graduao em Psicologia do Instituto de
Psicologia da USP.Docente e O rientadora do Programa de Ps-Graduao
em Psicologia Clnica do Instituto de Psicologia da USP.
Psicanalista.
mGUANABARA
KOOGAN
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Bl Os autores deste livro e a e d i t o r a Gu a n a b a r a k o
o g a n l t d a . empenharam seus melhores esforos para assegurar
que as informaes e os procedimentos apresentados no texto estejam
em acordo com os padres aceitos poca da publicao, e todos os dados
foram atualizados pela autora a t a data da entrega dos originais
editora. Entretanto, tendo em conta a evoluo das cincias da sade,
as mudanas regulamentares governamentais e o constante fluxo de
novas informaes sobre teraputica medicamentosa e reaes adversas a
frmacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem
sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que
as informaes contidas neste livro esto corretas e de que no houve
alteraes nas dosagens recomendadas ou na legislao regulamentadora.
Adicionalmente, os leitores podem buscar por possveis atualizaes da
obra em http:llgen-io.grupogen.com.br.
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e
dar o devido crdito a todos os detentores de direitos autorais de
qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possveis
acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a
identificao de algum deles tenha sido omitida.
Direitos exclusivos para a lngua portuguesa Copyright 2012
byEDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA.Uma editora integrante do GEN I
Grupo Editorial Nacional
Travessa do Ouvidor, 11Rio de Janeiro - RJ - CEP 20040-040Tels.:
(21) 3543-0770/(11) 5080-0770 I Fax: (21)
3543-0896www.editoraguanabara.com.br I www.grupogen.com.br I
[email protected]
Reservados todos os direitos. proibida a duplicao ou reproduo
deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por
quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao, fotocpia, distribuio
pela Internet ou outros), sem permisso, por escrito, da e d i t o r
a g u a n a b a r a k o o g a n l t d a .
Capa: Editora Guanabara Koogan Editorao eletrnica: aihiss
Projeto grfico: Editora Guanabara Koogan
Ficha cataiogrfica
T278
Temas clssicos da psicologia sob a tica da anlise do
comportamento / organizadores M aria Marta Costa Hbner, Mrcio
Borges Moreira ; editores da srie Edwiges Ferreira de Mattos
Silvares, Francisco Baptista Assumpo Junior, Lia Priszkulnik. - Rio
de Janeiro : Guanabara Koogan, 2012.
ISBN 978-85-277-2059-5
1. Comportamento humano - Psicologia. 2. Avaliao de
comportamento. 3. Behaviorismo (Psicologia). 4. Psicologia. I.
Hbner, M aria Martha. II. Moreira, Mrcio Borges, 1976-.
12-0591. CDD: 158.1 CDU: 159.947
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A u t o r e saa
Adriana Cunha CruvinelDoutorado em Psicologia Experimental pela
Universidade de So Paulo. M estrado em Psicologia Experimental:
Anlise do Com portam ento pela Pontifcia U niversidade Catlica de
So Paulo. G raduada em Psicologia pela Pontifcia Universidade
Catlica de M inas Gerais.
Ana Karina Leme ArantesD outoranda do Programa de Ps-Graduao em
Psicologia da UFSCar. Mestre em Educao Especial e participante do
Instituto Nacional de Estudos Sobre Comportamento, Cognio e Ensino
(IN C T/ECC E).
Ana Leda de Faria BrinoD outora pelo Programa de Ps-Graduao em
Teoria e Pesquisa do C om portam ento da Universidade Federal do
Par (UFPA). Professora A djunta II da Universidade Federal do
Par.
Camila DomeniconiPs-Doutoranda na Universidade do M inho. D
outorado pela Universidade Federal de So Carlos. Pesquisadora do
Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia. Professora A djunta do D
epartam ento de Psicologia da Universidade Federal de So
Carlos.
Camila Muchon de MeloD outorado e M estrado em Filosofia pela
Universidade Federal de So Carlos. G raduada em Psicologia pela
Universidade Estadual de Londrina.
Carmen Silvia Motta BandiniD outorado e Mestrado em Filosofia
pela Universidade Federal de So Carlos. G raduada em Psicologia
pela U niversidade Federal de So Carlos. Professora da Universidade
Estadual de Cincias da Sade de Alagoas e do Centro Universitrio
CESM AC, Macei, AL.
Denis Roberto ZamignaniD outorado em Psicologia Clnica pela
Universidade de So Paulo. Graduado em Psicologia e Mestre em
Psicologia Experimental: Anlise do C om portam ento , pela
Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo - PUC-SP. C oordenador
da Faculdade de Psicologia na Escola de Cincias da Sade da
Universidade Anhem bi-M orum bi.
Elenice S. HannaD ocente e Pesquisadora do Programa de
Ps-Graduao em Cincias do Com portam ento da Universidade de Braslia
UnB. Pesquisadora
do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia sobre Com portam
ento, Cognio e Ensino ECCE, apoiado pelo M CT, C N P q e
FAPESP.
Eliana Isabel de Moraes HamasakiDoutorado e Mestrado em
Psicologia Experimental pela Universidade de So Paulo. Graduada em
Psicologia, com Especializao em Terapia Com portam ental e
Cognitiva pela Universidade de So Paulo. Professora dos cursos de
Psicologia, N utrio e Enfermagem na Universidade Nove de Julho.
Elizeu BorlotiPs-Doutorado em Psicologia Experimental pela
Universidade de So Paulo. D outorado em Psicologia Social pela
Pontifcia Universidade C atlica de So Paulo. M estrado em
Psicologia pela Universidade Federal do Esprito Santo.
G raduado em Psicologia pela Universidade Federal do Esprito
Santo. Professor A djunto do D epartam ento de Psicologia Social e
do Desenvolvimento da Universidade Federal do Esprito Santo.
Erik Luca de MelloD outorando no Programa de Ps-Graduao de
Psicologia: C om portam ento e Cognio, na UFSCar. Mestre em
Psicologia Experimental: Anlise do C om portam ento pela
PUC/SP.
Gerson Yukio TomanariD outorado e M estrado em Psicologia
Experimental. Coordenador do Laboratrio de Anlise Experimental do C
om portam ento (IPUSP). Professor T itular do Instituto de
Psicologia da Universidade de So Paulo (IPUSP). G raduado em
Psicologia pela Universidade de So Paulo (IPUSP). Pesquisador e
coordenador local do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia
sobre C om portam ento, Cognio e Ensino (M C T / CN Pq/FA
PESP).
Joana Singer VermesM estrado em Psicologia Experimental: Anlise
do C om portam ento pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo
PUC-SP. Psicloga clnica, professora e supervisora do Curso de
Especializao em Clnica A naltico-Com portam ental do Ncleo
Paradigma.
Luciana VernequeD outora em Processos C om portam entais (Anlise
do C om portam ento) e M estre em Psicologia pela Universidade de
Braslia (UnB). Docente do Instituto de Ensino Superior de Braslia
(IESB).
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6 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
Professora e Supervisora Clnica do Instituto Brasiliense de
Anlise do C om portam ento (IBAC).
Maria Stella Coutinho de Alcntara GilD outo rado em Psicologia
Experim ental pela Universidade de So Paulo. G raduada em
Psicologia pela Pontifcia Universidade Catlica de Campinas.
Mestrado em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraba.
Professora associada da Universidade Federal de So Carlos,
vinculada ao D epartam ento de Psicologia/CECH.
Marina Souto Lopes Bezerra de CastroD outorado e M estrado em
Filosofia. G raduada em Psicologia pela Universidade Federal de So
Carlos. Psicloga judiciria Tribunal de Justia do Estado de So
Paulo.
Naiara Minto de SouzaDoutoranda em Psicologia pela UFSCar.
Mestrado em Educao Especial e Graduao em Psicologia pela
UFSCar.
Paola AlmeidaD outo rado em Psicologia Experim ental pela USP.
Graduao e M estrado em Psicologia pela Pontifcia Universidade
Catlica de So Paulo PUC-SP. Professora da Pontifcia Universidade
Catlica de So Paulo - PUC-SP.
Paulo Elias DelageD outorado e Mestrado em Teoria e Pesquisa do
C om portam ento pela UFPA. G raduado em Psicologia pela UFJF.
Professor de disciplinas e temas ligados Psicologia da Educao.
Paulo Roney Kilpp GoulartD outorado em Teoria e Pesquisa do C om
portam ento. D ocente do N cleo de Teoria e Pesquisa do C om portam
ento , da Universidade Federal do Par (NTPC-UFPA). Graduado em
Psicologia.
Pedro Bordini FaleirosDoutorado em Psicologia Experimental pela
USP/So Paulo. Mestrado em Psicologia Experimental: Anlise do C om
portam ento pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.
G raduado em Psicologia pela U niversidade Federal de So
Carlos.
D ocente do curso de graduao em Psicologia da Universidade M
etodista de Piracicaba - UNIM EP.
Raquel Melo GolfetoD outorado em Educao Especial pela
Universidade Federal de So Carlos. Graduao em Psicologia pela U
NESP de Bauru. M estrado em Psicologia Experimental: Anlise do C om
portam ento pela PU C de So Paulo.
Ricardo Corra MartonePs-D outorando no Programa de Estudos
Ps-Graduados em Psicologia Experim ental da Pontifcia Universidade
Catlica de So Paulo.
D outorado em Cincias do C om portam ento pela Universidade de
Braslia. Graduado em Psicologia pela Pontifcia Universidade C
atlica de So Paulo. M estrado em Psicologia Experim ental: Anlise
do C om portam ento pela Pontifcia Universidade Catlica de So
Paulo.
Roberta KovakMestre em Psicologia Experimental: Anlise do Com
portam ento pela PUC-SP. Psicloga clnica, professora e supervisora
do Curso de Especializao em C lnica A naltico-C om portam ental do
N cleo Paradigma. Coordenadora do Curso de Extenso em Acom panham
ento Teraputico e da equipe de acompanhantes teraputicos do Ncleo
Paradigma.
Roberto Alves BanacoCoordenador Pedaggico do Ncleo Paradigma de
Anlise do Com portam ento de So Paulo.
Professor Titular de Anlise do Comportamento da PUC-SP.
Conselheiro da Associao Brasileira de Psicologia e M edicina Com
porta- mental e da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Tales Carnelossi LazarinD outoranda em Filosofia (Realismo
Cientfico Contem porneo) pela Universidade Federal de So Carlos.
Bacharel em Psicologia e Mestre em Filosofia pela Universidade
Federal de So Carlos.
Viviane Verdu RicoD outo ra em Psicologia Experim ental e
Especialista em Terapia C om portam ental-Cognitiva pela
Universidade de So Paulo.
Mestre em Teoria e Pesquisa do C om portam ento pela
Universidade Federal do Par. Pesquisadora associada da Universidade
Federal de So Carlos.IN
DEX B
OOKS
GRO
UPS
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A g r a d e c i m e n t o s
U m a obra dessa envergadura , obviam ente, consequncia do
trabalho de inmeras pessoas de valor.
Em primeiro lugar, agradeo Professora Dra. Edwiges Silvares, do
Departam ento de Psicologia Clnica do Instituto de Psicologia da
USP, que me fez honroso convite para conduzir um volum e sobre
Anlise do C om portam ento em um a coleo cujo objetivo
configurar-se como aquela a ser inserida nos melhores cursos do
pas.
Em segundo lugar, agradeo ao Professor Dr. Julio de Rose, ento C
oordenador do G rupo de Pesquisa do P R O N E X Program a de A poio
a G rupos de Excelncia sobre C om portam ento , Cognio e Ensino (C
N PQ /FA PESP) e Professora Dra. Deisy das Graas de Souza,
Coordenadora do G rupo de Pesquisa da A NPEPP - Anlise Com portam
ental de Processos Simblicos, na ocasio em que o grupo aceitou o
convite para trabalhar nessa obra. Ambos os professores, lderes
desse grupo, apoiaram o convite e, graas a esse grupo, o livro est
hoje completo e pronto, com um contedo de peso.
E ntretanto, a organizao da obra no teria sido possvel se no
fosse a co-organizao do Dr. M rcio Borges Moreira, pesquisador
no grupo, que aceitou ser co-organizador, dando tarefa um a
agilidade e competncia que, sozinha, eu no teria conseguido.
Agradeo Professora Elenice H anna, docente da Universidade de
Braslia e pesquisadora do grupo citado, por ter indicado, aps m eu
pedido, o querido colega para trabalhar na organizao do livro.
Sem dvida alguma, a essncia do livro est em sua idia, originada
do im enso grupo de colaboradores, coautores da obra. Vocs foram
geniais!
Ao querido colega Roberto Banaco, que aceitou - em um prazo m
uito exguo escrever dois captulos com sua equipe do N cleo
Paradigma sobre temas que s ele poderia coordenar no pas.
Finalmente, agradeo a dois grandes cones e modelos para todos ns
da Anlise do Comportamento: Professor Dr. Joo Claudio Todorov e
Professora Dra. Deisy das Graas de Souza, os quais aceitaram,
gentilmente, escrever, respectivamente, o Prefcio e Apresentao do
livro. Foi um a grande honra para todos ns ter esse enorme
privilgio.
Maria Martha Costa Hbner
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Esta coletnea um a novidade que chega com atraso. Em 1938, io
com entar o livro O comportamento dos organismos, de B. E Skinner,
E rnst Hilgard disse que um desafio que a proposta teria que vencer
era provar ser m elhor que as outras com as quais teria que
competir, r r a preciso ver at onde o program a de pesquisa poderia
se estender para cobrir todo o com portam ento hum ano, ou pelo
menos todos os aspectos com os quais se ocupavam outras teorias. A
extenso de um a teoria com base no com portam ento dos ratos na
caixa de Skinner ao com portam ento hum ano no am biente natural
levou m uito tem po, com pouco progresso at a publicao de Cincia e
comportamento humano. Exceto por O comportamento verbal, Skinner
nunca chegou = aprofundar as inmeras anlises tericas e os poucos
exemplos experimentais (So necessrias as teorias da aprendizagem?)
que adiantou :a i suas publicaes.
O desafio de H ilgard comea a ser enfrentado por Fred S. Keller
e *5Hliam N . Schoenfeld com Principles o f psychology, um livro
escrito ra ra ser texto didtico de introduo psicologia. C om o
avano da Anlise do C om portam ento nas atividades profissionais a
partir dos =nos 1970, temas antes impensveis para skinnerianos de
carteirinha comeam a surgir em trabalhos de anlise experimental do
com portam ento. C om entei isso poca em artigo publicado no Mxico
chamando a ateno para os progressos e para a expanso na Anlise ao C
om portam ento: Libertad, conocimiento, memria y autocontrol:
amductismo?, A partir dos anos 1980, dois textos dom inam o ensino
de Anlise do Com portam ento (mais modernos que Skinner):
Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognio, de A. Charles
Catania, ; o volumoso texto de W illiam Baum - Compreender o
behaviorismo: :7mportamento, cultura e evoluo. Hoje, no h dvida
(pelo menos sntre os behavioristas) de que temos ferramentas para
trabalhar dados
empricos em qualquer rea da psicologia. Anlise do com portam
ento no um a rea, um m odo de trabalhar.
Temas clssicos da psicologia sob a tica da anlise do
comportamento um a coletnea que vem confirmar que, tam bm no
Brasil, o trabalho dos behavioristas tem se expandido continuam
ente desde a chegada de Fred S. Keller USP, em 1961. O s temas mais
frequentes dos tradicionais livros de introduo psicologia (os tem
as clssicos) esto aqui. Espero que cada captulo seja um a ponte
para os jovens pesquisadores: ao abordar um a rea clssica, convm
saber o que os clssicos j acum ularam de dados empricos antes de
reinventar a roda. Feita a advertncia, segue um a sequncia de
elogios. Primeiro, pela iniciativa da Editora ao encom endar o
livro. D epois aos pesquisadores do Instituto Nacional de Cincia e
Tecnologia - Estudos de Comportam ento, Cognio e Ensino (INCT-ECCE,
CNPq/FAPESP) de aceitar o desafio proposto. Aos organizadores da
coletnea, M aria M artha Costa H bner e M rcio Borges M oreira pelo
trabalho constante e sistemtico necessrio para a organizao e
finalizao da obra. um trabalho coletivo que envolveu a colaborao de
m uitos pesquisadores experimentados, como M artha H bner, Elenice
H anna, Julio de Rose, Gerson Tomanari, Elizeu Borloti e Roberto
Banaco (como convidado), bem com o de jovens doutores, com o M rcio
Borges M oreira, A na Leda de Faria Brino, Ricardo M artone, Pedro
Faleiros, Denis Zamignani, dentre outros. Podero dizer que este
volume no cobre todas as reas tradicionais da psicologia clssica.
Tais crticas certamente serviro de estmulo continuao do presente
trabalho em novas publicaes.
Joo Claudio TodorovProfessor Emrito da Universidade de
Braslia
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A p r e s e n t a o d a s r ie
com imenso prazer que apresentam os a Srie Fundamentos de
Psicologia. Ela consiste em textos bsicos destinados aos alunos dos
cursos de graduao, de especializao ou de ps-graduao em Psicologia
de qualquer universidade do pas. Esses textos encontram -se
organizados de maneira prtica, acessvel e com sugestes de
aprofundam ento nos temas estudados de maneira a dispor ao leitor
um guia de leitura para um curso acadmico na rea.
A obra visa, principalmente, estruturao de um ncleo bsico de
pensam ento, objetivando o conhecimento e a compreenso do campo tm
estudo, de m odo a otimizar o ingresso do leitor nesse campo.
C om o a finalidade desta srie no substituir os textos clssicos,
h 1 sim orienrar e sistematizar a compreenso dos principais temas
estudados, um a m aior reflexo, visando o aprofundam ento deles,
recomendvel. Assim, leituras com plem entares so sugeridas pelos
diferentes autores a cada ttulo.
O projeto, aparentemente simples, envolve grande parte da
temtica de relevncia na rea da psicologia. Assim, engloba seu
conhecimento enquanto histria, fundam entos, epistemologia e tica,
a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, a Anlise
Experimental do C om portam ento, a Etologia, a Psicopatologia nos
aspectos clnicos e estruturais. Vrias especificidades da rea, como
a Psicologia do Excepcional e a questo da deficincia fsica, mental
e sensorial, a Psicologia dos processos cognitivos, a Psicologia
dos processos sensoriais, a Psicologia da
Personalidade, a Neuropsicologia, a relao Psicologia e doenas
somticas, bem como a Psicologia e M orte, so igualmente
contempladas. Do ponto de vista das diferentes escolas de
pensamento, procura ainda abordar seus fndamentos, um a introduo
Psicanlise, envolvendo as ideias de Freud, Jung, Klein, W innicott,
Lacan, Reich, um a introduo Terapia Comportamental-Cognitiva e
Gestalt-Terapia, como tambm os modelos fenomenolgicos e processos
grupais e familiares. Busca ainda caracterizar, mesmo que de
maneira geral, um panorama atual da Psicologia Social, da
Psicologia Institucional, da Psicologia do Trabalho e das
Organizaes, bem como a interface Psicologia e Religio. Finalmente,
o projeto prope um ltimo volume referente a questes especficas de
cada um dos temas desenvolvidos, visando um a avaliao sistemtica
delas. O objetivo facilitar o estudo do leitor iniciante em cada um
a das reas contempladas.
Todos os temas so desenvolvidos por especialistas com capacidade
reconhecida nacional e internacionalm ente.
E um trabalho de flego, sem similar na literatura nacional, e
visa suprir um a lacuna existente em nosso mercado editorial.
Esperamos que seus objetivos sejam alcanados com o agrado de
todos.
Profa. Dra. Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Prof. Dr.
Francisco Baptista Assumpo Junior
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A p r e s e n t a o
Este livro foi escrito atendendo a um convite da Guanabara
Koogan Dra. M artha Hbner. O propsito era disponibilizar um livro
didtico sobre processos psicolgicos bsicos, sob a tica da Anlise do
C om portam ento, para alunos de graduao e de ps-graduao em
Psicologia.
O convite fora feito pouco tem po antes da realizao do XII
Simpsio da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Psicologia
(ANPEPP), em 2008. Uma atividade central dos simpsios da ANPEPP so
os grupos de trabalho, definidos por interesses convergentes em
pesquisa e ensino e dos quais participam pesquisadores dos
programas de ps-graduao, incluindo doutorandos. M artha participa
do grupo de trabalho Anlise com portam ental de processos simblicos
e, com a generosidade que lhe caracterstica, com partilhou com os
colegas a notcia sobre o convite e, mais do que isso, estendeu o
convite aos demais membros do grupo. Ela abria mo de ser a autora
de um im portante livro na rea, para ser sua organizadora.
O convite, apresentado inicialm ente aos doutores, rapidam ente
se estendeu aos ps-graduandos, por sugesto do Professor Jlio de
Rose, com base na considerao de que pesquisadores nesse estgio de
formao encontram-se plenam ente com prom etidos com os assuntos de
suas dissertaes e teses e, por isso mesmo, conhecem o assunto em
profundidade, alm de, em muitos casos, dom inarem conhecimento de
ponta, m elhor que qualquer outra pessoa da rea, por serem eles os
responsveis pelos desenvolvim entos recentes de conhecim ento
novo.
Ao longo do simpsio, o grupo, que tinha um a pau ta especfica de
trabalho a ser cum prida, realizou horas-extras para definir o form
ato e os temas que seriam abordados no livro, considerando os
objetivos que ele deveria atender e, ao m esmo tem po, distribuindo
o trabalho entre os autores, levando em conta seus interesses e
suas competncias.
O resultado desse planejam ento foi o que talvez seja a
principal contribuio desta obra: decidiu-se que o livro
apresentaria, sob a tica da Anlise do C om portam ento , os tem as
clssicos da Psicologia tratados em manuais gerais da rea. C om o
mostram im portantes pesquisas na rea, inclusive as realizadas com
estudantes brasileiros, o aluno iniciante de Psicologia geralmente
chega ao curso aspirando se tornar um psicoterapeuta e desejando
aprender sobre personalidade e psicopatologia. Com pete aos cursos
realizar o im portante papel de levar o aluno a compreender que,
para chegar atividade profissional,
crucial conhecer profundam ente os processos psicolgicos bsicos
e as variveis das quais eles so funo. N o entanto, essa no um a
tarefa fcil, pela diversidade da psicologia no estudo e tratamento
desses processos e pelas dificuldades de disponibilidade de
material didtico como suporte para a aprendizagem do aluno.
C onsiderando-se os desenvolvim entos cientficos no cam po da
Anlise do C om portam ento, se o aluno precisa aprender, por
exemplo, sobre percepo e m em ria, seria im portan te que ele
aprendesse sobre controle de estmulos e a imensa complexidade de
fenmenos e processos que esse term o abarca; se precisa aprender
sobre m otivao, fundam ental familiarizar-se com o papel das
consequncias do com portam ento e com operaes estabelecedoras; seu
interesse em personalidade e psicopatologia pode encontrar
respostas nas descobertas sobre efeitos deletrios do controle
aversivo, sobre o papel de com portam entos de fuga e esquiva e
seus sub-produtos. C om o ilustram os exemplos, este livro procura
apresentar um a transio dos temas clssicos da Psicologia, muitos
deles j presentes na linguagem cotidiana, para os campos de estudo
em Anlise do Com portam ento. O enfoque dever perm itir ao aluno
navegar com mais facilidade pelos domnios da Anlise do
Comportamento, sem que a linguagem tcnica e especfica da rea lhe
cause, de incio, tanta estranheza. A linguagem tcnica im portante
para a formulao de conceitos cientficos (e para a discriminao entre
conceitos formados a partir do senso com um e conceitos formados
com base no m todo cientfico) e o aprendiz de cincia, de qualquer
cincia, encontra-se sempre na condio de quem tem que aprender um a
segunda lngua; mas, como m ostra nossa cincia, a segunda lngua pode
ser m elhor aprendida quando as palavras se relacionam fortemente
aos eventos do m undo com os quais o indivduo lida ou com os quais
est familiarizado. Este livro tom ou o cuidado de estabelecer essa
conexo.
O esforo para chegar ao conjunto final, que envolveu muitas e
extensas trocas entre os autores, valeu a pena. O livro
apresenta-se como uma fonte fundamental para quem queira aprender
sobre Anlise do C om portam ento e sobre processos psicolgicos
bsicos.
Deisy das Graas de SouzaProfessora T itular da Universidade
Federal de So Carlos
Coordenadora do Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia sobre
Com portam ento, Cognio e Ensino - INCT.
INDE
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Su m r i o
C a p t u l o I Ba s e s F il o s f ic a s e N o o de C i n c ia
e m A n l is e d o C o m p o r t a m e n t o , i
Introduo, 1O surgimento do Behaviorismo, 1 O Behaviorismo
Radical de B. F. Skinner, 2
Behaviorismos e as vicissitudes do sistema skinneriano, 3
Causalidade e explicao no behaviorismo radical, 7 A concepo de
homem no behaviorismo radical, 11
A proposta de uma cincia do comportamento, 12O objeto de estudo
da anlise do comportamento, 13 A unidade bsica de anlise, 14
Previso e controle, 15 O mtodo de pesquisa, 17
Referncias bibliogrficas, 18
C a p t u l o II A p re n d iz a g e m , 20Introduo, 20 O que
aprendizagem?, 20
Comportamento respondente, 22 Comportamento operante, 22
Processos bsicos de aprendizagem, 24 Condicionamento
respondente, 24 Condicionamento operante, 26 O princpio unificado
do reforo, 30 Imprinting, 32 Aprendizagem indireta, 32
O aprendiz experiente, 34Generalizao primria eequivalncia
funcional, 34 Modelagem e encadeamento de respostas, 35 Learning
set, 37 Insight, 37
Aprendizagem no ensino formal, 38 Concluses, 40 Referncias
bibliogrficas, 40
C a p t u l o I I I P e r c e p o e A t e n o , 42Introduo, 42
Perceber, 43 Atentar, 45A relao entre perceber e atentar, 48
Aplicao, 49 Concluses, 53 Referncias bibliogrficas, 54
C a p t u l o IV M e m ria , 56Alguns modelos explicativos de
memria, 57
Memria de trabalho, 57 Memrias de curto e de longo prazos e
memrias remotas, 58 Memrias implcita e explcita, 58
Teorias sobre o esquecimento, 58 Estudos de Ebbinghaus, 58
Teoria de deteriorao, 59 Teorias de interferncia, 59 Falha na
recuperao, 61 Teoria dos esquemas, 61 Teorias neurolgicas, 61
Variveis que controlam os comportamentos de lembrar e esquecer:
controle de estmulos, 61
Memria e aprendizagem: aprendendo a lembrar, 63 Distores da
memria: outras variveis que influenciam os
comportamentos de lembrar e esquecer, 66 Melhorando a memria:
aplicaes das descobertas sobre
lembrar e esquecer, 67 Memria na anlise do comportamento: de
volta s
ideias de Skinner, 70 Consideraes finais, 71 Referncias
bibliogrficas, 71
C a p t u l o V M o t iv a o , 74Diferentes usos do conceito
motivao na Psicologia, 75
Uso disposicional (tendncia a agir de certa maneira), 75 Funo
adverbial (fazer duas coisas vs. fazer
de certa maneira), 76 A motivao do comportamento e a anlise
do
comportamento, 78 Operaes estabelecedoras, 82 Taxonomia das
operaes estabelecedoras, 83
Operao estabelecedora condicionada substituta, 85 Operao
estabelecedora condicionada reflexiva, 85 Operao estabelecedora
condicionada transitiva, 85
Concluso, 86Referncias bibliogrficas, 87
C a p t u l o VI S e n t im e n to s , 88A natureza dos
sentimentos e sua relao com o
comportamento, 88 O que so os sentimentos e como aprendemos a
prestar
ateno a eles?, 91
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16 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
Histria de condicionamento envolvendo sentimentos, 91
Sentimentos: como relat-los, 92
Por que o que eu sinto diferente do que o outro sente?, 94
Descrio de alguns sentimentos sob a perspectiva
behaviorista radical, 94 Alegria, 95 Tristeza, 95 Raiva, 95
Frustrao, 95 Ansiedade, 96 Medo, 96Vergonha e culpa, 96 Amor,
96
Sentimentos: pesquisa e aplicao, 97 Referncias bibliogrficas,
99
C a p t u l o VII L in g u a g e m , i o oPressupostos da
proposta behaviorista radical para o estudo
da linguagem, 100 Proposta comportamental para o estudo da
linguagem, 101 Operantes verbais: um vocabulrio
comportamental nico, 103 Relaes verbais formais, 103 Relaes
verbais temticas, 104 A segunda ordem de operantes: os autoclticos,
106
Controles verbais complexos, 107 Extenses, 107
O controle pela audincia, 109 Controle mltiplo, 109
Controle verbal sobre o comportamento no verbal: o comportamento
verbalmente controlado ou comportamento governado por regras,
110
Referncias bibliogrficas, 113
C a p t u l o VIII P e n s a m e n to e C r ia t iv id a d e , i
i 6Qual o problema com as abordagens tradicionais do estudo
do pensamento?, 118 O problema com o conceito de mente e com
a
equivalncia mente-crebro, 118 O problema da relao
pensamento/comportamento
encoberto ou comportamento verbal, 119 O pensamento na teoria
Behaviorista Radical, 121
Atentar como comportamento precorrente, 122 Decidir como
comportamento precorrente, 124
Pensar como resolver problemas e sua relao com a criatividade,
124
Concluso, 127 Referncias bibliogrficas, 127
C a p t u l o I X D e s e n v o l v im e n t o H u m a n o ,
129Referncias bibliogrficas, 141
C a p t u l o X P e r s o n a l id a d e , 144A perspectiva
tradicional do conceito de personalidade, 145 A noo de
personalidade a partir da anlise do
comportamento, 146 O primeiro nvel de seleo: aspectos herdados
da
personalidade, 147
O segundo nvel de seleo: aspectos aprendidos da personalidade,
148
O terceiro nvel de seleo: aspectos verbais da personalidade,
150
Para finalizar, 152 Bibliografia, 153
C a p t u l o XI P s ic o p a t o lo g ia , 154Ainda h muito o
que ser explicado, 155 Definio especial de psicopatologia: como
fugir do estudo
da anormalidade, 156 O papel do controle aversivo na determinao
de
comportamentos psicopatolgicos, 156 Fontes do comportamento
psicopatolgico, 157
O comportamento reflexo patolgico, 157 Interaes entre processos
respondentes e operantes, 158
Psicopatologia a partir da anlise do comportamento, 159 O
comportamento operante patolgico, 159 Aspectos verbais e culturais
dos comportamentos
psicopatolgicos, 161 O comportamento verbal do cientista
determinando o
comportamento psicopatolgico, 164 Resumo, 165Referncias
bibliogrficas, 165
C a p t u l o XII C u l t u r a e L ib e rd a d e , 167A cultura
como um terceiro nvel de variao e seleo, 169
A variao no terceiro nvel dosprocessos de variao e seleo,
170
As consequncias culturais, 171 Unidades de anlise no mbito da
cultura, 173
Sigrid Glenn: contingncias entrelaadas e metacontingncias,
174
O valor de sobrevivncia no terceiro nvel seletivo, 177 O
planejamento da cultura, 178
Liberdade, 180Em busca da liberdade, 181
Concluso, 185 Referncias bibliogrficas, 185
C a p t u l o X III C o n s c i n c ia eA u t o c o n h e c im e
n t o , i 88
Eventos privados, 190 O contedo consciente, 191 Auto-observao e
autoconscincia, 195
Discriminao condicional do prprio comportamento, 195
Autorreconhecimento no espelho, 196 Autodiscriminao de estmulos
privados, 197
O comportamento descritivo, 197 Autoconhecimento, 200
Autocontrole, 201O comportamento inconsciente, 202 Autoconhecimento
e psicoterapia, 203 Concluso, 205 Referncias bibliogrficas, 206
n d ic e A l f a b t ic o , 208
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Bases F i l o s o f i c a s e N o o d e C i n c i aI em A n l i
s e d o C o m p o r t a m e n t o
Mrcio Borges Moreira Elence Seixas Hanna
IN TRO D U OEste captulo tem o objetivo de apresentar, em
linhas
gerais, uma filosofia chamada Behaviorismo Radical e uma
abordagem psicolgica (ou cincia do comportamento) denom inada
Anlise do Com portam ento, bem como estabelecer relaes entre ambas.
Faremos uma distino importante entre o Behaviorismo Radical
(corrente atual) e o Behaviorismo Metodolgico. E importante que o
leitor atente para esta distino, pois a falta dela , em parte, a
razo de muitas crticas incorretas feitas ao moderno Behaviorismo
Radical.
O pensamento de B. F. Skinner e alguns dos principais
pressupostos filosficos de sua obra sero apresentados brevemente e
tero a funo de fornecer ao leitor um referencial terico bsico para
a melhor apreciao dos demais captulos deste livro. Alm dos aspectos
concernentes ao Behaviorismo Radical, apresentaremos tambm a noo de
cincia em Anlise do Com portamento e algumas de suas caractersticas
principais: seu objeto de estudo, sua unidade de anlise e seu
mtodo.
O SURGIM ENTO DO _________ BEHAVIORISM O_________
Por volta do final do sculo 19, a Psicologia comea a
constituir-se como cincia independente, embalada, principalmente,
pelas pesquisas de Gustav Fechner e Wilhelm W undt (cf. Goodwin,
2005/2005). Essencial ao surgimento e desenvolvimento de uma cincia
a definio do seu objeto de estudo e do seu mtodo. Nessa poca,
sobretudo
aps W undt ter criado o primeiro laboratrio de Psicologia
experimental em Leipzig, Alemanha, difundiu-se a ideia de que o
objeto de estudo da Psicologia era a conscincia (e seus elementos
constituintes), e o mtodo eleito, a introspeco experimental1 (cf.
Goodwin, 2005/2005). E nesse contexto que, em 1913, o psiclogo John
Broadus Watson publica um artigo intitulado A Psicologia como um
behaviorista a v.2 Esse artigo ficou conhecido posteriormente como
O Manifesto behaviorista?
Em seu artigo, Watson (1913) argumentou que o uso da introspeco
experimental como mtodo principal falhou em estabelecer a
Psicologia como uma cincia natural (uma cincia que lida com
fenmenos que ocupam lugar no tempo e no espao, como a Fsica e a
Qumica). A crtica de Watson baseava-se principalmente na falta de
replicabi- lidade dos resultados produzidos, isto , quando se
realizava novamente uma mesma pesquisa com um outro sujeito, uma
pessoa diferente, os resultados encontrados eram diferentes da
pesquisa anterior. Para se ter uma ideia do que representa esse
problema, imagine, por exemplo, que se a mesma questo fosse
encontrada na farmacologia, cada indivduo que tomasse um analgsico
teria uma reao completamente diferente e, provavelmente, nenhuma
dessas reaes seria a diminuio de uma dor de cabea.
'Os participantes das pesquisas eram exaustivamente treinados a
descrever estmulos apresentados pelo experimentador antes da tarefa
experimental propriamente dita.2Ttulo original: Psychology as the
behaviorist views it.3Matos (1997/2006) aponta que o Manifesto, na
verdade, corresponde a um conjunto de documentos, e no apenas ao
artigo seminal de 1913.
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2 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
W atson (1913) salientou tam bm outro problem a im portante com
relao introspeco experimental: a culpa das diferenas entre os
resultados obtidos a p artir de tal m todo era a tribu da aos
sujeitos (que eram tam bm os observadores), e no ao m todo ou s
condies experim entais nas quais esses resultados foram produzidos.
Se, por exemplo, as impresses de um sujeito sobre um determ inado
objeto, uma fruta, por exemplo, diferiam das impresses de outro
sujeito, dizia-se que um deles no havia aprendido corretam ente a
fazer introspeco (a fazer observaes corretas de seus estados m
entais). Para W atson, a Psicologia deveria seguir o exemplo de
cincias bem estabelecidas, com o a Fsica e a Q um ica, as quais
atribuam as falhas em suas pesquisas aos instrum entos e m todos
utilizados em seus estudos, o que levaria a Psicologia a um patam
ar equivalente de conhecimento do seu objeto de estudo.
W atson (1913) props, ento, como principais objetivos da
Psicologia a previso e o controle do comportamento. O comportam
ento observvel (por mais de um observador) seria o objeto de
investigao a partir do mtodo experimental, no qual se manipulam
sistematicamente caractersticas do ambiente e verifica-se o efeito
de tais manipulaes sobre o com portam ento dos sujeitos. Para
Watson, embora o com portam ento hum ano fosse o principal
interesse da Psicologia, o com portam ento animal tambm deveria ser
estudado como parte im portante da agenda de pesquisas dessa
cincia. A obra de W atson estendeu-se alm do texto de 1913 e
inclua, segundo Matos (1997/2006), as seguintes caractersticas/
proposies principais:
(...) estudar o com portam ento por si mesmo; opor-se ao M
entalismo e ignorar fenmenos, como conscincia, sentimentos e
estados m entais; aderir ao evolucionismo biolgico e estudar tanto
o comportamento hum ano quanto o animal, considerando este ltimo
mais fundamental; adotar o determinismo materialstico; usar
procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a
introspeco; realizar experimentao controlada; realizar testes de
hiptese, de preferncia com grupo de controle; observar
consensualmente; evitar a tentao de recorrer ao sistema nervoso
para explicar o comportamento, mas estudar atentamente a ao dos
rgos perifricos, dos rgos sensoriais, dos msculos e das glndulas
(Matos, 1997/2006, p. 64).
O Manifesto behaviorista, como ficou conhecido o artigo de
Watson (1913), uma espcie de marco histrico do surgimento do
Behaviorismo. Embora muitas das concepes apresentadas por Watson em
sua obra ainda se faam presentes, o que se conhece por Behaviorismo
Radical (Skinner, 1974/2003), a proposta original sofreu
reformulaes, e a correta compreenso do que o Behaviorismo hoje deve
ser buscada principalmente no na obra de Watson (a despeito de sua
relevncia), mas na obra de Burrhus Frederic Skinner.
O BEHAVIORISM O RADICAL _________ DE B. F. SKINNER_________
O Behaviorismo no a cincia do comportamento humano, mas, sim, a
filosofia dessa cincia. Algumas das questes que ele prope so:
possvel tal cincia? Pode ela explicar cada aspecto do com portam
ento humano? Q ue m todos pode empregar? So suas leis to vlidas
quanto as da Fsica e da Biologia? Proporcionar ela uma tecnologia
e, em caso positivo, que papel desempenhar nos assuntos humanos? So
particularmente importantes suas relaes com as formas anteriores de
tratam ento do mesmo assunto. O comportam ento hum ano o trao mais
familiar do m undo em que as pessoas vivem, e deve-se ter d ito
mais sobre ele do que sobre qualquer outra coisa. E, de tudo o que
foi dito, o que vale a pena ser conservado? (Skinner, 1974/2003, p.
7, grifo nosso).
E dessa forma que Skinner (1974/2003) comea seu livro chamado
Sobre 0 Behaviorismo. Destaca-se nessa citao uma distino geralmente
negligenciada: a diferena entre Behaviorismo e Anlise do
Comportamento. Cincia e Filosofia - ou conhecimento cientfico e
conhecimento filosfico - andam, geralmente, de braos dados, mas h
diferenas entre uma e outra. Como destacado por Skinner no trecho
citado, quando falamos de Behaviorismo, estamos discutindo questes
filosficas, isto , questes que orientam a forma como entendemos o m
undo ou um a parte especfica dele; estamos falando de um a viso de
mundo. A prpria possibilidade de uma cincia do com portam ento , em
si, uma questo filosfica, um a questo de como enxergamos o ser
humano.
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Bases Filosficas e Noo de Cincia em Anlise do Comportamento
3
Behaviorismos e as vicissitudes do sistema skinneriano
Uma consulta rpida sobre o Behaviorismo em muitos dos manuais
introdutrios de Psicologia ou livros de Histria da Psicologia,
atuais e antigos, revelar crticas tenazes ao Behaviorismo, crticas
apresentadas, muitas vezes, sob rtulos como mecanicista, simplista,
redu- cionista, psicologia estmulo-resposta, psicologia da
caixa-preta etc. Embora se possa argumentar que a atribuio de
alguns desses adjetivos a uma determina abordagem cientfica no seja
necessariamente ruim (h uma m compreenso, ou uso inadequado, desses
termos por alguns autores), atribu-los ao sistema skinneriano ,
pelo menos em parte, chutar um cachorro m orto, isto , tais crticas
so feitas, geralmente, tendo como referncia concepes behavioristas
ultrapassadas (Chiesa, 1994/2006).
Essas concepes tm hoje, sobretudo, um interesse apenas histrico,
e devem ser atribudas tanto a pensadores e pesquisadores diferentes
de Skinner quanto ao prprio Skinner nos primeiros momentos de sua
carreira (Chiesa, 1994/2006; Micheletto, 1997/2006). Micheletto
1997/2006) sugere que a proposta de Skinner pode ser
dividida em dois momentos distintos: de 1930 a 1938 e de 1980 a
1990. Segundo M icheletto, o primeiro Skinner (1930-1938) marcado
por uma forte influncia das cincias fsicas, sobretudo a mecnica
newtoniana, e da filosofia do reflexo:
(...) Skinner, neste momento, ainda tem uma suposio associada ao
mecanicismo, decorrente de ter mantido caractersticas originais da
noo de reflexo: apesar de operar com a noo de relao funcional e no
com uma causalidade mecnica, busca um evento no ambiente
relacionado com o que o organismo faz, mas considera que este
evento deve ser um estmulo antecedente que provoca a ocorrncia da
resposta (Micheletto, 1997/2006, p. 46).
J o segundo Skinner (1980-1990), como apontado por Micheletto
(1997/2006), mostra-se mais comprometido com o modelo causai que
embasa as cincias biolgicas, influenciado principalmente pela
teoria da evoluo das espcies por seleo natural, de Charles Darwin
1859), e menos influenciado pelo modelo newtoniano.
No entanto, j em 1938, Skinner apresentava uma ruptura com o
modelo causai mecanicista. Um exemplo claro a definio de reflexo,
entendido poca como uma ligao
direta entre estmulo e resposta, e reinterpretado por Skinner
(1938) como uma correlao entre dois eventos observveis: Em geral, a
noo de reflexo deve se livrar de qualquer noo de empurro do
estmulo. Os termos se referem aqui a eventos correlacionados, e a
nada mais (Skinner, 1938, p. 21). Diz-se, ento, que Skinner
substitui a noo de causalidade mecnica pela noo de relaes
funcionais (Chiesa, 1994/2006; Skinner, 1953/1998). Como aponta o
prprio Skinner (1953/1998), a cincia tem substitudo o term o causa
pelo term o relao funcional, pois o primeiro remete a foras e
mecanismos que ligam dois eventos, j o segundo apenas estabelece
regularidade entre dois (ou mais) eventos.
Essa m udana no pensamento skinneriano comu- mente atribuda (ou
correlacionada) influncia do fsico e epistemlogo Ernest M ach (cf.
Chiesa, 1994/2006; Micheletto, 1997/2006; Todorov, 1989). Ernest
Mach (cf. Chiesa, 1994/2006) causou certa discusso entre filsofos e
fsicos ao afirmar que o conceito de fora era absolutamente
redundante para o adequado entendimento e aplicao da mecnica
clssica. A noo proposta por Mach, de que no necessrio inferir ou
postular uma fora de atrao para explicar por que objetos caem, a
mesma noo proposta por Skinner (1938), de que no necessrio inferir
uma fora ou mecanismo que estabelea o elo entre um estmulo e uma
resposta.
Um ponto marcante no desenvolvimento do sistema de pensamento
skinneriano, e considerado o nascimento do Behaviorismo Radical
(Tourinho, 1987), a publicao, em 1945, do artigo intitulado Anlise
operacional de termos psicolgicos1 (Skinner, 1945/1972). Skinner
fora convidado para participar de um simpsio sobre o Operacionismo,
uma doutrina filosfica proposta por Bridgman (1927) e cuja tese
principal era a de que os conceitos devem ser definidos em termos
das operaes que o produzem. O significado, por exemplo, de
comprimento deveria ser buscado nas operaes pelas quais o
comprimento medido (Skinner, 1945/1972; Tourinho, 1987).
Embora Skinner (1945/1972) reconhea a influncia da proposta de
Bridgman em seus trabalhos iniciais, neste momento de sua obra ele
questiona a utilidade do Operacionismo para o desenvolvimento de um
a cincia do com portam ento, sobretudo o que est relacionado com a
definio e entendim ento de conceitos psicolgicos. Skinner
(1945/1972) argumenta inicialmente que
4Ttulo original: The operational analysis o f psychological
terms.
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4 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
conceitos devem ser analisados como aquilo que realmente so:
comportamentos verbais. Para Skinner, ento, analisar conceitos
significa analisar o comportamento verbal5 do cientista (ou de quem
os usa) e, para tanto, deve-se buscar as condies antecedentes e as
condies consequentes do uso de determinado conceito {anlise
funcional).
As implicaes dessa proposta de Skinner (1945/1972), e os
caminhos percorridos para chegar a ela, sero apresentadas com mais
detalhe em captulos subsequentes deste livro. Por enquanto, para os
propsitos deste captulo, basta-nos saber que tal proposta
estabelece uma distino drstica entre o behaviorismo de Skinner,
denominado por ele Behaviorismo Radical, e o Behaviorismo praticado
(ou defendido) por alguns de seus contemporneos, referido por
Skinner como Behaviorismo Metodolgico. No Behaviorismo Radical, h o
reconhecimento de que eventos psicolgicos privados (p. ex.,
pensamento, conscincia etc.) devem fazer parte do objeto de estudo
de uma cincia do comportamento e podem ser estudados com o mesmo
rigor cientfico que eventos pblicos.
Outra importante caracterstica do Behaviorismo Radical
apresentada no artigo de 1945, e da qual deriva, pelo menos em
parte, a possibilidade do estudo cientfico dos eventos privados, a
proposio de Skinner (1945/1972) de que eventos privados (ou
comportamentos privados) so to fsicos quanto os eventos pblicos (ou
comportamentos pblicos), isto , so de mesma natureza:
De acordo com essa doutrina [behaviorismo metodolgico], o m undo
est dividido em eventos pblicos e privados; e a psicologia, para
atingir os critrios de um a cincia, precisa se confinar ao estudo
dos primeiros. Esse nunca foi um bom behaviorismo, mas era uma
posio fcil de expor e defender e frequentemente defendida pelos
prprios behavioristas (...). A distino pblico- privado enfatiza a
rida filosofia da Verdade por concordncia. (...) O critrio ltimo
para a adequao de um conceito no a concordncia entre duas pessoas,
mas se o cientista que usa o conceito pode operar com sucesso sobre
seu material sozinho se necessrio. (...) A distino entre pblico e
privado no , de forma alguma, a mesma que a distino entre fsico e
mental. por isso que o behaviorismo metodolgico (que adota a
pri
5Segundo o prprio Skinner (1945/1972), parte da argumentao usada
em 1945 era derivada de uma outra obra sua que se encontrava em
preparao e seria publicada em 1957: O comportamento verbal(Skinner,
1957/1978).
meira) bem diferente do behaviorismo radical (...). O resultado
que, enquanto o behaviorismo radical pode, em alguns casos,
considerar eventos privados (...), o operacionismo metodolgico se
colocou em uma posio em que no pode (Skinner, 1945/1972, p.
382-383).
Curiosamente, muitas das crticas que Skinner (1945/1972) fazia
aos behavioristas metodolgicos h mais de seis dcadas so ainda hoje,
feitas ao prprio Skinner. Essas crticas so, obviamente, equivocadas
quando feitas ao Behaviorismo Radical. Fica claro no texto de
1945/1972, bem como em obras subsequentes de Skinner (p. ex.,
Skinner, 1974/2003), que o Behaviorismo Radical:
m onista (entende eventos privados e pblicos como sendo de mesma
natureza)
Tem como critrio de verdade a efetividade no uso do conhecimento
e no a concordncia entre observadores
Toma os eventos privados como legtimos objetos de estudo,
resgatando a introspeco e o estudo da conscincia, no como mtodo,
mas como comportamentos em seu prprio direito.
Como apontado, uma mudana importante no pensamento skinneriano
foi a transio de um modelo explicativo menos influenciado pela
fsica e mais voltado para o modelo das cincias biolgicas,
notadamente a teoria da evoluo das espcies por seleo natural, de
Charles Darwin (1859). Em 1981, Skinner publicou na revista Science
um dos mais importantes e influentes peridicos cientficos no m
undo, um artigo intitulado Seleo por consequncias (Skinner,
1981/2007). Em bora algumas das ideias apresentadas no artigo j
estivessem presentes em trabalhos bem anteriores de Skinner (p.
ex., Skinner, 1953/1998), o artigo representa uma espcie de
formalizao do modelo explicativo do Behaviorismo Radical: 0 modelo
de seleo pelas consequncias.
Em seu livro de 1859, Darwin explica a origem das diferentes
espcies de seres vivos, bem como diferenciaes de uma mesma espcie,
a partir de dois processos bsicos principais: variao e seleo. Cada
indivduo de uma dada espcie nico, no sentido de ser diferente, em
maior ou menor grau, de outros membros da mesma espcie. Essas
diferenas referem-se a caractersticas anatmicas, fisiolgicas e
comportamentais. Falamos aqui, entao, de variao ou variabilidade
entre membros de uma mesma espcie. Os
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Bases Filosficas e Noo de Cincia em Anlise do Comportamento
5
membros dessa espcie vivem, geralmente, em um mesmo ambiente, e
suas caractersticas anatmicas, fisiolgicas e comportamentais so
favorveis vida neste ambiente, isto , a espcie est adaptada ao
ambiente. Enquanto esse ambiente se mantiver inalterado, as
caractersticas dessa espcie manter-se-o inalteradas, mesmo que haja
diferenas entre cada membro.
De acordo com Darwin (1859), entretanto, se houver mudanas no
ambiente da espcie, aqueles indivduos cujas caractersticas
mostrarem-se mais adequadas ao novo ambiente tero mais chances de
sobreviver e passar seus genes adiante (prole).
Eis um exemplo fornecido por Darwin:Vejamos o exemplo de um
lobo, que caa vrios tipos de animais, conseguindo alguns pela
estratgia de caa, outros pela fora e outros pela rapidez;
suponhamos que uma presa mais rpida, um veado, por exemplo, por
algum motivo, aumentou seu nm ero em um determinado local, ou que
outras presas diminuram seu nmero, durante a poca do ano na qual o
lobo mais precisa de comida. Sob essas circunstncias, no vejo razo
para duvidar de que os lobos mais rpidos e mais magros teriam as
melhores chances de sobreviver, e, portanto, de serem preservados
ou selecionados (...) (Darwin, 1859, p. 90).
Nesse exemplo, podemos identificar os dois princpios bsicos
apontados por Darwin (1859): lobos, membros de uma mesma espcie,
diferem, por exemplo, em fora e agilidade ou rapidez (variao); e
quando o ambiente muda ! maior disponibilidade de presas velozes)
aqueles lobos mais velozes tm mais chances de sobreviver e
transmitir seus genes para sua prole e, consequentemente, depois de
algum tempo haver maior quantidade de lobos mais velozes, isto , o
ambiente selecionou esta caracterstica.
Dizer que o ambiente selecionou uma caracterstica o mesmo que
dizer que ela se tornou mais frequente. No exemplo de Darwin
(1859), em um primeiro momento, a maioria dos lobos era capaz de
correr a certa velocidade mdia X. Alguns poucos lobos eram capazes
de correr a uma velocidade mdia um pouco menor que X e outros a uma
velocidade mdia um pouco maior (variabilidade). Quando as presas
disponveis no ambiente dos lobos eram aquelas mais velozes, aqueles
poucos lobos que eram mais rpidos (e isso era uma caracterstica
gentica deles) foram mais capazes de se alimentar e transmitir seus
genes para seus descendentes que, provavelmente, tambm eram
mais
velozes que a mdia. Depois de algum tempo, aquela velocidade
mdia (mais veloz) passou a ser bem mais frequente naquele grupo de
lobos, isto , havia mais lobos capazes de desenvolverem velocidades
maiores.
Em seu artigo de 1981, Skinner (1981/2007) afirma que o processo
de seleo natural (Darwin, 1859) apenas um primeiro nvel ou tipo de
seleo pelas consequncias, e que nos explicaria a origem das
diferentes espcies, assim como nos explicaria parte do
comportamento dos organismos, como apontado pelo prprio Darwin. Ao
observarmos os comportamentos de indivduos de diferentes espcies,
percebemos que h uma srie de comportamentos que estes organismos
emitem sem que seja necessria uma experincia anterior, sem que haja
aprendizagem (Moreira, Medeiros, 2007). Entretanto, como apontado
por Skinner, h, de maneira geral, duas caractersticas dos animais
que foram selecionadas pelo ambiente que so fundamentais para a
Psicologia, pois esto diretamente relacionadas com a nossa
capacidade de aprender:
O comportamento funcionava apropriadamente apenas sob condies
relativamente similares quelas sob as quais fora selecionado. A
reproduo sob uma ampla gama de condies tornou- se possvel com a
evoluo de dois processos por meio dos quais organismos individuais
adquiriam comportamentos apropriados a novos ambientes. Por meio do
condicionamento respondente (pa- vloviano), respostas preparadas
previamente pela seleo natural poderiam ficar sob o controle de
novos estmulos. Por meio do condicionamento operante, novas
respostas poderiam ser fortalecidas (reforadas) por eventos que
imediatamente as seguissem (Skinner, 1981/2007, p 129-130).
Como apontado por Skinner (1981/2007) nesse trecho, quando
determinado comportamento selecionado em uma determinada espcie,
tal com portam ento somente ser adaptativo enquanto as condies
ambientais que o selecionaram permanecerem as mesmas. N o entanto,
o prprio processo de seleo natural teria sido responsvel pela seleo
de duas caractersticas importantes que passaram a perm itir que os
membros de um a espcie pudessem, durante o perodo de sua vida,
adaptar-se a ambientes diferentes ou lidar mais facilmente com
mudanas em seu prprio ambiente. Essas caractersticas podem ser
definidas como capacidades para aprender a interagir de novas
maneiras com o ambiente. Essas aprendizagens ocorrem de duas
maneiras: por meio do condi
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6 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
cionamento respondente e do condicionamento operante (esses dois
processos de aprendizagem sero aprofundados em captulos
subsequentes).
Segundo Skinner (1981/2007), o condicionamento operante um
segundo tipo de seleo pelas consequncias. Em algum momento da
evoluo das espcies, o comportamento dos organismos passou a ser
suscetvel aos acontecimentos que ocorrem aps o comportamento ser
emitido, isto , certas consequncias do comportamento (eventos que
os sucedem) que podem fortalecer esse comportamento e tornar sua
ocorrncia mais provvel. A analogia entre seleo natural e seleo
operante direta. No entanto, a seleo natural produz as diferenas
entre espcies, as mudanas ocorridas (selecionadas) ao longo de
milhares de anos; j a seleo operante estabelece as diferenas
compor- tamentais individuais e as mudanas comportamentais
ocorridas durante a vida de um indivduo.
Apenas como um exerccio para entendermos, de maneira geral, o
modelo de seleo pelas consequncias no nvel individual (seleo
operante), tente imaginar um ser humano em diferentes momentos de
sua vida, desde o seu nascimento at sua morte; e tente imaginar
tambm esse ser hum ano em diferentes situaes do seu cotidiano - e,
ao imaginar essas situaes, tente imaginar no s o que esse ser
humano est fazendo, mas tambm o que acontece depois que ele faz
alguma coisa. Imagine, por exemplo, um pequeno beb em seu bero,
sorrindo para sua me e balbuciando. O beb emite diferentes sons
aleatoriamente (variabilidade) e, em algum momento, emite um som
parecido com mn. Quando isso acontece, a me do beb faz uma festa
com seu filho que acaba de dar o primeiro passo em direo palavra
mame, aconchegando e falando com o beb. As reaes da me podero ter
um efeito fortalecedor sobre o comportamento do beb, ou seja,
podero tornar mais provvel que ele repita aquele som (dizemos que a
reao da me funcionou como uma consequncia reforadora para o
comportamento do beb).
O beb, ento, passa a falar m a mais vezes. Neste sentido,
dizemos que esse comportamento foi selecionado por suas
consequncias no ambiente, neste caso, a reao orgulhosa da mame.
Algumas vezes o m seguido por sons parecidos com p, outras por d
etc. (variabilidade). Em algum momento, o m seguido por outro m , e
l estar a me para fazer outra festa com seu filho, que est quase
falando mame. Dizemos ento que o comportamento de dizer, por
enquanto, mm foi selecionado por suas consequncias.
Imagine agora um a criana por volta dos seus 3 ou4 anos que pede
educadamente um doce a seu pai, e este diz no. Ao ouvir o no, a
criana pede o doce de modo mais vigoroso, e ouve outro no, passando
a pedir cada vez mais de maneira mais enrgica at iniciar uma birra
(variabilidade). No pice da birra, seu pai a atende, d- lhe o doce.
Imagine que situaes parecidas continuem ocorrendo at que a criana
passe a dar birras frequentemente. Dizemos ento que este
comportamento, dar birras, foi selecionado por suas
consequncias.
Imagine as diversas interaes entre pais e filhos (o que os pais
fazem ou dizem quando os filhos fazem ou dizem alguma coisa; e o
que os filhos fazem ou dizem quando os pais fazem ou dizem alguma
coisa); imagine as diversas interaes entre professores e alunos;
imagine as diversas interaes entre alunos; imagine as diversas
interaes entre adolescentes pertencentes a um mesmo grupo; imagine
as diversas interaes entre amigos; entre chefes e funcionrios;
entre funcionrios e funcionrios; tios e sobrinhos; avs e netos;
enfim, as diversas interaes que ocorrem cotidianamente na vida de
todos ns. Se examinarmos com algum cuidado essas interaes,
perceberemos que a reao dos outros ao que pensamos, falamos ou
fazemos influencia bastante a nossa maneira de pensar, o que
falamos e o que fazemos, ou seja, essas reaes so consequncias dos
nossos comportam entos e os selecionam, no sentido de tornar alguns
de nossos comportamentos mais frequentes e outros menos frequentes.
Obviamente, nosso com portam ento tambm funciona como consequncia
para o comportamento das pessoas com as quais interagimos, e tambm
seleciona certos comportamentos dessas pessoas. O uso do termo
interao no por acaso e implica analisar as experincias individuais
como um processo de retroalimentao. Cada interao do indivduo com
seu ambiente altera o modo como as interaes seguintes ocorrero,
caracterizando um processo extremamente dinmico e complexo.
A Psicologia, de maneira geral, ocupa-se dos fenmenos
relacionados com este segundo nvel de seleo pelas consequncias.
Entendendo como os processos de variabilidade e seleo operam neste
segundo nvel, nos tornamos capazes de explicar, entre outras
coisas, como a personalidade de um indivduo formada, como surge boa
parte das psicopatologias, como aprendemos a falar, escrever,
pensar, descrever nossos sentimentos; como surgem nosso tem peram
ento e a subjetividade, como passamos a ter conscincia de ns mesmos
e do m undo, e uma infinidade de outros comportamentos e processos
psicolgicos.
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Bases Filosficas e Noo de Cincia em Anlise do Comportamento
7
Parte significativa deste livro dedica-se a apresentar cada um
desses processos luz do modelo de seleo pelas consequncias.
A seleo natural, ou filogenia, nos ajuda a entender a origem das
diferenas entre as espcies; a seleo operante, ou ontogenia, nos
ajuda a entender a origem das diferenas comportamentais entre os
indivduos e, embora este segundo nvel de seleo nos perm ita
explicar uma infinidade de comportamentos e processos psicolgicos,
h ainda uma lacuna para a adequada compreenso do ser humano.
Segundo Skinner (1981/2007), essa lacuna preenchida por um terceiro
nvel de seleo pelas consequncias: o nvel de seleo cultural.
De acordo com Skinner (1981/2007), em algum momento da evoluo da
espcie humana, a musculatura vocal ficou sob controle operante (p.
131). Isso quer dizer que vocalizaes emitidas por um indivduo
ficaram sensveis s suas consequncias, ou seja, passaram a ter sua
probabilidade de voltar a ocorrer aumentada ou diminuda em funo do
que acontecia no ambiente do organismo que as emitia. Nesta
caracterstica residem a origem (ou possibilidade) da linguagem e o
carter eminentemente social do ser humano:
O desenvolvimento do controle am biental sobre a musculatura
vocal aumentou consideravelm ente o auxlio que um a pessoa recebe
de outras. C om portando-se verbalmente, as pessoas podem cooperar
de m aneira mais eficiente em atividades comuns. Ao receberem
conselhos, ao atentarem para avisos, ao seguirem instrues, e ao
observarem regras, as pessoas podem se beneficiar do que outros j
aprenderam. Prticas ticas so fortalecidas ao serem codificadas em
leis, e tcnicas especiais de autogoverno tico e intelectual so
desenvolvidas e ensinadas. O autoconhecim ento ou conscincia
emergem quando um a pessoa pergunta a outra questes como O que voc
vai fazer? ou Por qu voc fez aquilo?. A inveno do alfabeto propagou
essas vantagens por grandes distncias e perodos de tempo. H m uito
tem po, diz-se que essas caractersticas conferem espcie hum ana sua
posio nica, embora seja possvel que tal singularidade seja
simplesmente a extenso do controle operante m usculatura vocal
(Skinner, 1981/2007, p. 131).
De acordo com Skinner (1981/2007; 1987), o surgim ento da
linguagem possibilitou o aparecimento de ambientes sociais cada vez
mais complexos, ou seja, tornou possvel o rpido desenvolvimento da
cultura (ou de prticas culturais). Para Skinner, assim como o
modelo de seleo pelas consequncias nos explica as origens e as
diferenas entre as espcies, explica-nos as origens e as diferenas
dos comportamentos individuais, esse modelo tam bm nos explica as
origens e as diferenas entre as culturas.
Vimos que a variabilidade nas caractersticas (anatmicas,
fisiolgicas e comportamentais) entre membros de uma mesma espcie
possibilita a seleo de novas caractersticas que, em algum m om
ento, passam a ser mais adequadas a um ambiente (seleo no nvel
filogentico). Vimos tambm que a variabilidade nos comportamentos
individuais faz com que novos comportamentos sejam selecionados
pelo ambiente (seleo no nvel ontogentico). Da mesma forma, a
variabilidade nas prticas culturais de um grupo permite o
surgimento de novas prticas culturais, isto , a mudana na
cultura.
As prticas culturais de um povo, segundo Skinner (1953/1998;
1981/2007), produzem certas consequncias para esse grupo. Por
exemplo, se a maioria dos indivduos de um determinado grupo, que
mora beira de um rio, emite regularmente comportamentos que mantm o
rio limpo, e observamos esse hbito por meio das geraes nesse grupo,
dizemos ento que esses comportamentos constituem uma prtica
cultural daquele grupo. Segundo Skinner, ter o rio limpo (livre de
doenas, gua potvel etc.) um a consequncia da prtica cultural e esta
consequncia, esse efeito sobre o grupo como um todo que m antm a
ocorrncia dessa prtica. Neste sentido, dizemos que esta consequncia
selecionou aquela prtica cultural.
Causalidade e explicao no behaviorismo radical
Por que as flores caem no outono e no na primavera? Por que o cu
azul? Por que as coisas caem para baixo e no para cima? Por que
depois de cozido o ovo no pode ser descozido? Por que temos cinco
dedos em cada mo e no seis? Por que algumas pessoas induzem vmito
em si mesmas depois de comer? Por que algumas crianas aprendem mais
rapidamente que outras? Por que alguns grupos sociais odeiam outros
grupos sociais? Por que
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8 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
fulano fez aquilo? Por que sicrano tem agido de forma to
estranha? Essas perguntas so apenas exemplos de um trao bastante
caracterstico do comportamento humano: queremos explicar tudo o que
acontece ao nosso redor, principalmente aquilo que as pessoas (ou
ns mesmos) fazem ou deixam de fazer.
Em um sentido amplo, explicar significa apontar as causas de
alguma coisa. Quando fazemos a pergunta por que fulano agiu daquela
forma?, estamos perguntando o que causou aquele comportamento?.
Durante um curso de Psicologia, por exemplo, boa parte do que os
professores ensinam refere-se s causas dos comportamentos dos
indivduos; por que pensam o que pensam? Por que sentem o que
sentem? Por que falam o que falam? Por que fazem o que fazem? O u
por que deixam de falar, fazer, pensar ou sentir o que falam,
fazem, pensam e sentem? Entretanto, o aluno de Psicologia, j no
primeiro semestre do curso, depara-se com um problema que o
acompanhar at o final do curso e at mesmo depois de formado: o
estudante comea a aprender que existem diversas abordagens em
Psicologia e que cada uma delas aponta diferentes causas para os
comportamentos das pessoas. Para complicar mais ainda a vida do
estudante, muitas vezes h conflitos, divergncias entre as
explicaes. Na aula do primeiro horrio o professor diz que as causas
de um determinado fenmeno comportamental (um transtorno de
personalidade, por exemplo) so X; j na aula do segundo horrio o
professor diz Turma, X no explica nada sobre esse transtorno de
personalidade. Na verdade, as verdadeiras causas so Y e Z .
Por que isso ocorre? Por que essa divergncia? Essa confuso
ocorre por um simples motivo: existem diversos modelos explicativos
na Psicologia - e nas cincias em geral. Um m odelo explicativo
refere-se, de m aneira geral, ao modo como se explicam e se apontam
as causas de um dado fenmeno. Por exemplo, imagine o caso de um
rapaz que tem dificuldades de iniciar e m anter uma conversa com um
a garota que ele ache atraente. Um a forma de explicar essa
dificuldade dizer que o rapaz tm ido, introvertido. O utra dizer
que ele tem medo de ser rejeitado, ou que tem baixa autoestima, ou,
ainda, que hoje esse rapaz tem essa dificuldade porque em outras
vezes que abordou uma garota que achou interessante as consequncias
foram desastrosas.
Por que os organismos se comportam?O subttulo acima leva o mesmo
nom e do Captulo
3 do livro Cincia e Comportamento Humano (Skinner, 1953/1998).
Nesse captulo, Skinner aborda algumas
causas gerais utilizadas com um ente pare se explicar o com
portam ento, apontando alguns problemas em se utilizar tais causas.
Um primeiro ponto destacado por Skinner que nenhum tipo de causa
deve ser descartado de imediato: Qualquer condio ou evento que
tenha algum efeito demonstrvel sobre o comportamento deve ser
considerado (p. 24). Note, entretanto, o uso da palavra
demonstrvel. O problema de se atribuir certas causas ao com portam
ento no a causa em si, mas a falta de evidncias que atestem que
aquele evento ou condio, de fato, exerce alguma influncia sobre o
comportamento de algum.
Se uma pessoa acredita, por exemplo, que a posio dos astros no
momento do nascimento de outra pessoa, ou dela mesmo, influencia ou
at mesmo determina os comportamentos de algum pelo resto de sua
vida, esta pessoa deveria ser capaz de demonstrar essa influncia.
Skinner (1953/1998) aponta que o problema com explicaes advindas,
por exemplo, da astrologia e da numerologia so to vagas que a rigor
no podem ser confirmadas ou desmentidas (p. 25). Se voc diz a um
amigo: Amanh vai chover, mas pode fazer sol, ficar difcil dizer que
voc estava errado na sua previso. Da mesma forma, dizer, por
exemplo, os arianos costumam ser bastante ingnuos, porm com esprito
inquieto e selvagem s vezes constitui uma proposio difcil de
demonstrar que est incorreta, difcil de avaliar.
O utra explicao (ou causa) que as pessoas geralmente usam para
explicar o comportamento de algum, ou delas prprias, a
hereditariedade. Com o j vimos, parte do comportamento dos
organismos fruto da seleo natural, ou seja, determinado
geneticamente. Entretanto, segundo Skinner (1953/1998), explicar as
diferenas de comportamento, de personalidade e as aptides de
indivduos de uma mesma espcie a partir da hereditariedade pode
constituir um equvoco. bastante plausvel presumir que a
hereditariedade possa desempenhar algum papel na explicao dos
comportamentos de uma pessoa. No entanto, comum exagerar-se na
importncia desse papel, alm do fato de que se infere que um
comportamento inato por desconhecermos os efeitos da experincia
individual para o seu desenvolvimento (hereditrio o que no consigo
provar que aprendido).
Alm da falta de dados conclusivos sobre a influncia desses
fatores no comportamento hum ano, isto , alm da falta de evidncias
de que esses fatores so causas (ou influncias) legtimas do com
portam ento, h um problema ainda maior: quanto mais o comportamento
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Bases Filosficas e Noo de Cincia em Anlise do Comportamento
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ama pessoa for explicado por esses fatores, menos o papelio
psiclogo ser necessrio (Skinner, 1953/1998). Se a '"causa da
timidez de algum for hereditria, por exemplo, isso significa dizer
que gentica, logo, essa pessoa estaria condenada a ser tmida pelo
resto de sua vida. E curioso observar como alguns psiclogos e
alunos de Psicologia gostam de dar tanta nfase ao papel da
hereditariedade na causao do comportamento. Devemos reconhecer que
a hereditariedade possa explicar parte do comportamento de um a
pessoa, mas devemos apostar nossas fichas mais na aprendizagem e na
interao do que na hereditariedade. Psiclogos que acreditam que pau
que nasce torto morre torto esto na profisso errada.
Skinner (1953/1998) aponta ainda um outro conjunto de causas -
equivocadas do com portam ento que ele chamou de causas internas,
que so de trs tipos:
Causas neurais Causas internas psquicas Causas internas
conceituais.
Estamos explicando o comportamento a partir de causas neurais
quando utilizamos expresses como fulano estava com os nervos flor
da pele e sicrano tem miolo mole ou no bate bem da bola. Podemos
usar termos mais tcnicos tambm, como, por exemplo, fulano est
deprimido porque seus nveis de serotonina esto baixos.
Skinner (1953/1998) faz duas consideraes im portantes acerca da
atribuio de causas neurais do comportam ento. A primeira delas diz
respeito ao fato de que condies especficas do nosso sistema nervoso
no so as causas de um dado comportamento; so parte do comportamento
do indivduo. Por exemplo, quando dizemos que uma pessoa est
deprimida, estamos dizendo, entre outras coisas, que ela pode estar
tendo pensamentos recorrentes de morte ou suicdio e tambm que seus
nveis de seroto- nina podem estar baixos. A causa relevante da
depresso, para o psiclogo, estar em acontecimentos da vida da
pessoa (p. ex., perda de um ente querido).
Um segundo problema em se atribuir causas neurais ao
comportamento de ordem mais prtica: o psiclogo, no exerccio de sua
profisso, no dispe de instrumentos para acessar o sistema nervoso
de uma pessoa, alm de no poder interferir diretamente nesse sistema
nervoso com, por exemplo, cirurgias e medicamentos. Alm disso,
conforme apontado por Skinner (1953/1998), mesmo conhecendo todos
os aspectos neurolgicos relacionados com a depresso, por exemplo,
ainda assim deveremos buscar na histria da pessoa com depresso
eventos,
situaes que sero, de fato, a causa (ou causas) da sua depresso,
ou seja, que sero a causa ltima dos sintomas com portam entais (p.
ex., ideias suicidas), bem como das alteraes neurolgicas (p. ex.,
baixo nvel de serotonina).
Os dois outros tipos de causas internas (psquicas e conceituais)
apontados por Skinner (1953/1998) podem ser agrupados em um nico
tipo, dado que apresentam os mesmos problemas: so circulares e
expressam a ideia de outro ser ou agente que habita nossos corpos e
causa nossos comportamentos. Esses dois tipos de causa podem ser
exemplificados pelo uso de expresses como fulano tem uma
personalidade desordenada, sua conscincia seu guia, fulano fuma
demais porque tem o vcio do fumo, ele joga bem xadrez porque
inteligente, ela briga por causa do seu instinto de luta ou sicrano
toca bem piano por causa de sua habilidade musical (Skinner,
1953/1998, p. 32-33). Esses dois tipos de explicao so o que Skinner
(1974/2003) chamou de explicaes menta- listas, isto , explicaes que
nos do a falsa impresso de estarmos explicando algo quando, na
verdade, no estamos. Veremos o porqu a seguir.
Explicaes circulares do comportamentoTomemos como exemplo a
frase citada anteriormente:
fulano fuma demais porque tem o vcio do fum o. Q uando dizemos
essa frase, estamos querendo explicar por que algum fuma demais, ou
seja, estamos apontando a causa do fum ar demais. Estamos to
acostumados com este tipo de explicao que muitas vezes no
percebemos um erro lgico inerente a ele: causa e efeito no podem
ser a mesma coisa, o mesmo evento (p. ex., cair gua do cu no pode
ser a explicao de por que est chovendo). Se dedicarmos um pouco do
nosso tempo para analisar proposies como essa, logo perceberemos
que nada estamos explicando. Fulano fuma demais e fulano tem o vcio
do fumo so exatamente a mesma proposio, isto , tm exatamente o
mesmo significado.
Q uando dizemos fulano fuma demais, o dizemos ao observar o
comportamento de algum (o nmero de cigarros que um amigo ou
conhecido fuma por dia, por exemplo). Ao observar o comportamento
(fumar demais), queremos explic-lo, indicar sua causa, ento dizemos
fulano fuma demais porque tcm o vcio do fumo. Dizer que fulano tem
o vcio do fumo, de algum modo, nos passa uma ideia de que h algo (o
vcio) dentro daquela pessoa, e que este vcio a impele a fumar. N o
entanto, a nica evidncia que temos da existncia desse vcio o
prprio
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10 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
comportamento de fum ar O dilogo a seguir talvez deixe mais
clara a circularidade desse tipo de explicao:
Pessoa 1 : Por que fulano fuma tanto?Pessoa 2: Porque ele
viciado.Pessoa 1 : Ah! Mas como voc sabe que ele viciado?Pessoa 2:
Ora! Porque ele fuma demais!Pessoa 1: Mas por que ele fuma
demais?Pessoa 2: Porque tem esse vcio!Pessoa 1: No estou
entendendo! Ele fuma demais
porque viciado em cigarro ou viciado em cigarro porque fuma
demais?
Pessoa 2: Os dois, ora!
Dizer, portanto, que algum tem o vcio do fumo significa apenas
dizer que algum fuma (demais), mas nada nos explica sobre a origem,
a causa, do fum ar demais (ou do vcio). relativamente simples
perceber a circularidade dessa explicao, pois vcio do fum o
refere-se a uns poucos comportamentos do indivduo relacionados com
o consumo de cigarros. Entretanto, h uma srie de outras explicaes
que lanam mo de conceitos psicolgicos para explicar comportamentos
mais complexos e que incorrem no mesmo erro. O uso do conceito de
inteligncia um bom exemplo. Vejamos a seguinte frase: Joo joga bem
xadrez porque inteligente. Certamente jogar xadrez bem no a nica
realizao de uma pessoa que nos leva a dizer que ela inteligente. H
uma infinidade de coisas que as pessoas falam e fazem que nos levam
a dizer que essas pessoas so inteligentes. Entretanto, usar, por
exemplo, inteligncia como explicao, como causa de comportamentos,
implica o mesmo problema apontado para o uso de vcio como explicao
para o comportamento de fumar: a nica evidncia que temos de que a
pessoa inteligente o fato de que ela joga bem xadrez (ele joga bem
xadrez porque inteligente ou inteligente porque joga bem xadrez?).
Ento, as frases fulano inteligente e fulano joga bem xadrez
significam a mesma coisa; uma proposio no a explicao, a causa, da
outra.
Se pararmos por um momento para analisarmos os usos que fazemos
do conceito de inteligncia, perceberemos facilmente que no estamos
explicando por que algumas pessoas fazem ou falam certas coisas ou
falam ou fazem certas coisas de certas maneiras. O uso desse
conceito, por exemplo, tem uma funo adverbial, isto , no estamos
explicando o comportamento das pessoas, mas sim usando o conceito
como um advrbio (jogar bem xadrez versus jogar mal xadrez;
Oliveira-Castro, Oliveira-Castro, 2001). Analisar como usamos
certos conceitos psicolgicos uma tima atividade para percebermos
que muitas das causas/
explicaes que atribumos ao comportamento dos outros, e ao nosso
prprio, na verdade, nada explicam. No Captulo 5 deste livro -
Motivao voc ver mais alguns exemplos dessas anlises.
O problema com agentes internos que causam comportamento
O utro tipo de causa interna psquica que normalm ente se atribui
ao comportam ento das pessoas, e que Skinner (1953/1998) tambm
aponta como problemtica ou falaciosa, a explicao do comportamento a
partir de agentes internos como o eu, a conscincia, a mente ou o
self. Quando, por exemplo, algum diz fiz o que minha conscincia me
ditou, essa pessoa est dizendo que sua conscincia causou seu
comportamento, ou seja, ela (ou o que ela ditou) a explicao do
comportamento. Novamente, temos, no mnimo, uma explicao incompleta,
pois nos restaria ainda responder seguinte pergunta: E quem ditou
sua conscincia o que fazer?. O uso de conceitos como self ou mente,
por exemplo, para explicar o comportamento traz implcita a ideia de
que existe um a outra pessoa dentro da pessoa, e que dita a ela o
que fazer. No entanto, quem dita a essa pessoinha interna o que
fazer? Outra pessoinha? E a essa outra pessoinha? Uma outra?
Perceba que quando analisamos esse tipo de explicao camos em um
erro lgico que os filsofos chamam de regresso ao infinito. Nesse
caso, criaramos pessoinhas infinitamente, uma para explicar o que a
outra fez.
Com o gigantesco avano das neurocincias na dcada de 1990, um
outro tipo de explicao falaciosa para o com portam ento comeou a
virar moda. Bennett e Hacker (2003) chamaram esse tipo de explicao
d t falcia mereolgica, que consiste em atribuir ao crebro
capacidades ou aes que s fazem sentido quando atribudas a um
indivduo ntegro, como um todo, e no a partes desse indivduo (p.
ex., o crebro decide; o crebro escolhe; o crebro sente, interpreta
etc.). Raramente ouvimos dizer as mos de fulano pegaram a caneta ou
as pernas de sicrano caminharam at a porta. mais comum ouvirmos
fulano pegou a caneta e sicrano caminhou at a porta. E mais comum
porque o uso correto desses verbos refere- se a indivduos como um
todo, e no a partes deles, assim como decidir, interpretar,
escolher etc. Dizer que o crebro fez isso ou aquilo implica o mesmo
erro apontado por Skinner (1953/1998) de dizer, por exemplo, m inha
conscincia decidiu.
necessrio ressaltar novamente que dizer que no a conscincia de
um indivduo, ou o seu self, ou sua
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Bases Filosficas e Noo de Cincia em Anlise do Comportamento
11
personalidade, ou o seu eu interior, ou o seu crebro, por
exemplo, que explica o comportamento das pessoas, que so as causas
de seus comportamentos, no quer dizer de forma alguma que, para o
Behaviorismo Radical, as pessoas so uma caixa-preta ou um organismo
vazio. Apenas quer dizer que as causas dos comportamentos no devem
ser atribudas a processos ou estruturas internas inferidas a partir
da observao do prprio comportamento do indivduo. As explicaes para
o que as pessoas fazem, falam, pensam ou sentem devem ser buscadas
na sua histria de interaes com seu ambiente, sobretudo interaes com
outras pessoas. Neste sentido, o modelo causai na perspectiva
behaviorista radical o modelo de seleo pelas consequncias
(apresentado anteriormente), nos trs nveis em que ocorre:
filogentico, ontogentico e cultural (Skinner, 1981/2007). Os demais
captulos deste livro fornecero um a excelente amostra de como se
explica o comportamento a partir desse modelo.
A concepo de homem no behaviorismo radical
Os homens agem sobre o mundo, modificando-o, e, por sua vez, so
modificados pelas consequncias de sua ao (Skinner, 1957/1978, p.
15). Esta a primeira frase do livro de Skinner chamado O
comportamento verbal, a qual ilustra, de maneira geral, a concepo
de hom em do Behaviorismo Radical, denotando o carter relacional
entre o homem e o mundo em que vive (lembrando que o principal
aspecto desse mundo, para entendermos corretamente essa frase, so
os outros membros da mesma espcie, as outras pessoas).
comum ouvirmos ou lermos que, para o Behaviorismo, o homem um
ser passivo. Essa afirmao , no mnimo, equivocada e denota apenas a
falta de compreenso de muitos autores sobre a obra de Skinner.
Apenas a anlise da frase inicial de O comportamento verbal
(Skinner, 1957/1978) j pode nos mostrar que, para o Behaviorismo
Radical, o homem um ser ativo em seu mundo. A frase citada
anteriormente composta por, pelo menos, trs proposies bsicas:
Os homens agem sobre seu mundo Os homens modificam seu m undo
(essas modifi
caes so descritas como as consequncias de suas aes)
Os homens so modificados pelas consequncias de suas aes.
Se o hom em muda em funo das mudanas em seu m undo, produzidas
por ele mesmo (das consequncias de suas aes), ento cada homem capaz
de construir- se como homem, como pessoa, a partir de suas prprias
aes. Esta concepo, ao contrrio do que afirmam muitos crticos,
talvez seja uma das concepes de hom em que mais conferem a este o
domnio sobre sua prpria vida, j que no considera o homem uma vtima
de motivaes inconscientes, de estruturas de sua personalidade e de
instintos, entre outras coisas.
A correta compreenso da proposio de que o homem age sobre o
mundo, modificando-o, e sendo modificado por essas mudanas que ele
mesmo produziu (Skinner, 1957/1978), requer a noo adicional de que
o homem tambm histrico. Pense, por um instante, em voc como voc
hoje. Pense que voc age sobre seu m undo (p. ex., faz perguntas s
pessoas; faz declaraes de amor, escreve recados; pede favores; d
ordens; pede conselhos; d conselhos; reclama da vida s vezes; diz,
s vezes, que no poderia estar mais feliz; emite opinies sobre os
mais diversos assuntos etc.). Todas essas aes produzem, pelo menos
ocasionalmente, mudanas no m undo ao seu redor (p. ex., as pessoas
concordam ou discordam de suas opinies; suas declaraes de amor so
respondidas com carinho ou rechaadas; suas ordens e seus pedidos de
favor s vezes so atendidos e s vezes no; seus conselhos podem ser
seguidos; suas reclamaes da vida podem ser criticadas ou
confirmadas por outras pessoas e assim por diante).
De acordo com essa filosofia, chamada de Behaviorismo Radical,
nesse turbilho de interaes com o seu mundo, principalmente com as
pessoas que o cercam, que voc aprende a ser quem voc , aprende as
habilidades que tem, os defeitos que tem, as virtudes que tem, sua
maneira de pensar e de sentir, aprende a ter conscincia de quem voc
e, entre inmeras outras coisas, a ter conscincia do mundo em que
vive. No entanto, se voc pensar no apenas nas suas interaes com o
seu m undo, e como elas influenciam seu comportamento, e pensar
tambm nas interaes das pessoas que voc conhece, rapidamente
perceber que certas consequncias dos seus comportamentos
influenciam voc de maneiras diferentes do que as mesmas
consequncias influenciariam o comportamento das pessoas que voc
conhece. Por exemplo, imagine que voc e um colega fizeram uma prova
e que os dois no se saram m uito bem. Fazer uma prova (responder s
questes) comportamento, agir sobre o m undo. Receber um a nota boa
ou um a nota ruim uma consequncia
INDE
X BOO
KS G
ROUP
S
INDEX BOOKS GROUPS
INDEX BOOKS GROUPS
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12 Temas Clssicos da Psicologia sob a tica da Anlise do
Comportamento
desse comportamento. Para facilitar o exemplo, imagine tambm que
as respostas de vocs na prova foram bastante parecidas. Portanto,
em nosso exemplo, voc e seu colega emitiram um mesmo comportamento,
uma mesma ao sobre o m undo, e as consequncias (nota ruim) foram
tambm muito similares. No entanto, ao receber a nota, voc diz vou
me esforar mais da prxima vez (e voc faz exatamente isso na prxima
prova) e seu colega diz essa matria muito difcil, vou trancar a
disciplina (e assim ele faz).
Neste exemplo, a consequncia das suas aes e das aes de seu
colega influenciou seus comportamentos futuros, e os de seu colega,
de maneiras diferentes. Duas implicaes importantes podem ser
extradas desse exemplo: a primeira que, mesmo de maneiras
diferentes, a consequncia do comportamento, seu e de seu colega,
influenciou comportamentos futuros (desistir ou se esforar mais),
i. e., vocs agiram sobre o mundo, modificando-o, e foram