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FGV Management
MBA em Gestão Empresarial
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Implantação de Balanced Scorecard
Elaborado por:
JORGE MANUEL JESUS TERESA FONSECA
Trabalho de Conclusão de Curso de
MBA em Gestão Empresarial
Prof. Orientador:
Júlio de Carvalho
Recife
Novembro/2014
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Trabalho de Conclusão de Curso 2
JORGE MANUEL JESUS TERESA FONSECA
IMPLANTAÇÃO DE BALANCED SCORECARD
Apoio à tomada de decisão
Marcus Vinicius Quintella Cury – Coordenação do MBA
Júlio de Carvalho – Professor Orientador
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso MBA em Gestão
Empresarial de Pós-Graduação lato sensu,
Nível de Especialização, do Programa FGV
Management como pré-requisito para a
obtenção do título de Especialista TURMA
GE26
Recife – PE
2014
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Trabalho de Conclusão de Curso 3
O Trabalho de Conclusão de Curso
IMPLANTAÇÃO DE BALANCED SCORE CARD
Apoio à tomada de decisão
Elaborado por Jorge Manuel Jesus Teresa Fonseca e aprovado pela
Coordenação Acadêmica foi aceito como pré-requisito para a obtenção do
título de especialista com o curso de MBA em Gestão Empresarial, curso
de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, do Programa FGV
Management.
Data da aprovação: _____ de ______________ de 2014
__________________________________________________________
Coordenação Acadêmica
Marcus Vinicius Quintella Cury
__________________________________________________________
Professor orientador
Prof. Júlio de Carvalho
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TERMO DE COMPROMISSO
O aluno Jorge Manuel Jesus Teresa Fonseca, abaixo-assinado, do
Curso MBA em Gestão Empresarial do Programa FGV Management,
realizado nas dependências da instituição conveniada Faculdade Nova
Roma, no período de Abril de 2013 a Outubro de 2014, declara que o
conteúdo do trabalho de conclusão de curso intitulado: Implantação de
Balanced Score Card – Apoio à tomada de decisão, é autêntico, original, e
de sua autoria exclusiva.
Recife, _____ de ___________ de ________
(Assinatura)
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Trabalho de Conclusão de Curso 5
SUMÁRIO
SUMÁRIO .............................................................................................................. 5
RESUMO ................................................................................................................. 8
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9
2 DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... 10
2.1 Apresentação do BSC ...................................................................... 10
2.1.1 Conceito Base do BSC ................................................................. 10
2.1.2 Objetivo do BSC ............................................................................ 11
2.1.3 Surgimento e Evolução do Conceito ............................................. 13
2.1.4 Pontos fracos do BSC ................................................................... 16
2.1.5 Principais benefícios do BSC ........................................................ 17
2.2 Aplicabilidade do BSC à Ecoprime ................................................. 18
2.2.1 Razões para instituir o BSC na Ecoprime ..................................... 18
2.2.2 Casos de Estudo Comparativos .................................................... 20
2.2.2.1 Resultados Alcançados .......................................................... 21
2.2.2.2 Custo de Implantação do BSC ................................................ 22
2.2.3 Escolha do Software de BSC ........................................................ 23
2.2.4 Modelos alternativos ao BSC ........................................................ 23
2.3 A Estrutura do BSC .......................................................................... 24
2.3.1 Componentes do BSC .................................................................. 24
2.3.2 Princípios básicos do BSC ............................................................ 26
2.3.2.1 Mobilizar a Mudança por meio da Liderança Executiva .......... 26
2.3.2.2 Traduzir a Estratégia em Termos Operacionais ..................... 27
2.3.2.3 Alinhar a Organização à Estratégica ....................................... 28
2.3.2.4 Transformar a Estratégia em Tarefa de Todos ....................... 29
2.3.2.5 Converter a Estratégia em Processo Contínuo ....................... 29
2.3.3 Perspectivas do BSC .................................................................... 30
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Trabalho de Conclusão de Curso 6
2.3.3.1 Perspectiva financeira ............................................................. 31
2.3.3.2 Perspectiva dos clientes ......................................................... 35
2.3.3.3 Perspectiva dos processos internos ....................................... 38
2.3.3.4 Perspectiva do aprendizado e crescimento ............................ 42
2.4 Implantação do BSC na Ecoprime .................................................. 45
2.4.1 Etapas de Modelagem do BSC ..................................................... 45
2.4.1.1 Etapa 1 - Arquitetura do programa de medição ...................... 45
2.4.1.2 Etapa 2 - Definição de objetivos estratégicos ......................... 46
2.4.1.3 Etapa 3 - Escolha e elaboração dos indicadores .................... 48
2.4.1.4 Etapa 4 - Elaboração do plano de implementação ................. 50
2.4.2 Calendário de Execução ............................................................... 51
2.4.3 Aspectos críticos na implementação do BSC................................ 52
3 CONCLUSÃO .................................................................................................. 55
4 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 56
5 APÊNDICES .................................................................................................... 58
5.1 APÊNDICE 1: Ambiente de negócios .............................................. 58
5.1.1 Introdução ..................................................................................... 58
5.1.2 Dinâmica do Jogo ......................................................................... 59
5.1.3 Modelo de Negócio – Características do Mercado ........................ 63
5.1.4 Modelo de Negócio – Características do Processo e do Produto . 67
5.1.5 Modelo de Negócio – Pessoas...................................................... 71
5.1.6 Modelo de Negócio – Finanças ..................................................... 72
5.1.7 Modelo de Negócio – Informação disponível ................................ 74
5.2 APÊNDICE 2: Análise das decisões tomadas ................................ 75
5.2.1 Introdução ..................................................................................... 75
5.2.2 Análise do ambiente de negócios ................................................. 75
5.2.3 Posicionamento estratégico .......................................................... 79
5.2.4 Decisões da Diretoria .................................................................... 81
5.2.4.1 Decisões de Marketing e Estratégia de Vendas ..................... 81
5.2.4.2 Decisões tomadas na Produção ............................................. 83
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Trabalho de Conclusão de Curso 7
5.2.4.3 Decisões tomadas no Produto ................................................ 85
5.2.4.4 Decisões tomadas nos Recursos Humanos ........................... 86
5.2.4.5 Decisões tomadas de investimento e seus resultados ........... 88
5.2.5 Análise da Concorrência ............................................................... 91
5.2.6 Conclusão ..................................................................................... 94
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Trabalho de Conclusão de Curso 8
RESUMO
O Balanced Scorecard (BSC), desenvolvido por Kaplan e Norton em 1992,
resultou da necessidade de captar toda a complexidade da performance da
organização e tem sido ampla e crescentemente utilizado em empresas e
organizações. Dentre suas contribuições estão a composição e a visualização de
medidas de performance que reflitam a estratégia de negócios da empresa. O BSC
resume, em um único documento, indicadores de performance em quatro
perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado, e crescimento.
Com esta perspectiva, realizou-se um trabalho de revisão da literatura sobre o
tema e apresentou-se um estudo de aplicabilidade e um plano de implantação do BSC
na empresa Ecoprime, empresa que produz e comercializa o produto Eco Solar no
ambiente de simulação de Jogos de Negócios da FGV.
Neste documento são apresentados os conceitos do BSC, estratégias e
indicadores como componentes do cenário para a implementação do BSC e os passos
para a definição e criação de estratégias, objetivos, indicadores e posterior associação
desses indicadores aos objetivos empresariais da Ecoprime.
Este documento presta-se a orientar a próxima Diretoria da Ecoprime a usar o
BSC como forma de alcançar melhorias de produtividade e eficiência, bem como para
avaliação de custos e benefícios financeiros, estratégicos e operacionais.
Palavras-chave: Estratégia, Avaliação de Desempenho, Balanced Scorecard,
Ecoprime, Jogos de Negócio.
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Trabalho de Conclusão de Curso 9
1 INTRODUÇÃO
Uma contabilidade organizada, por ser baseada apenas em valores do
passado, não reflete as capacidades e ações que produzirão valor para o futuro.
Assim, possuir apenas informação gerada pela contabilidade financeira não é
suficiente para uma gestão eficaz. De forma análoga, os indicadores financeiros são
insuficientes por si só, pois não informam se a empresa está a aumentar vantagem
competitiva e se está a melhorar o relacionamento com os clientes e fornecedores. É
por isso necessária a adoção de ferramentas de avaliação e de mensuração de
performance da estratégia implementada, tal como o Balanced Scorecard (BSC).
Para Kaplan e Norton (2001), o BSC é um método de clarificação, comunicação
e alinhamento; define objetivos estratégicos que permitem atingir a visão (clarificando
o significado de cada um deles) e quantificar as metas a atingir. Assim, a estratégia é
descrita, compreendida e executada, permitindo gerir e obter resultados, apoiando as
tomadas de decisão através da identificação de quais os passos a seguir para atingir
tais objetivos.
É precisamente esse o tema do presente documento: conhecer, avaliar e
planejar a implantação do BSC na empresa Ecoprime, com o objetivo de facilitar o
processo de tomada de decisão no contexto organizacional.
Este documento, para além desta introdução, encontra-se organizado em mais
quatro capítulos e dois apêndices. O primeiro capítulo é dedicado à apresentação do
BSC, nomeadamente o conceito base, os objetivos, a história, as vantagens e os
pontos fracos. O segundo capítulo analisa a aplicabilidade do BSC na Ecoprime,
comparando casos de estudo, custos, ferramentas e alternativas. O terceiro capítulo
explica em detalhe a estrutura e princípios do BSC. Finalmente, o quarto capítulo
apresenta o plano de implantação do BSC na Ecoprime. Relativamente aos
apêndices, o primeiro resume as regras dos Jogos de Negócio da Fundação Getúlio
Vargas (FGV) e o segundo descreve as decisões tomadas pela equipe de Diretores
da empresa Ecoprime durante a simulação da turma GE26 de Recife em 2014.
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Trabalho de Conclusão de Curso 10
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Apresentação do BSC
2.1.1 Conceito Base do BSC
BSC (Balanced Scorecard) é uma sigla que pode ser traduzida como
Indicadores Balanceados de Desempenho. O termo Indicadores Balanceados se dá
ao fato da escolha dos indicadores de uma organização não se restringirem
unicamente no foco econômico-financeiro. As organizações também se utilizam de
indicadores focados em ativos intangíveis como: desempenho de mercado junto a
clientes, desempenhos dos processos internos e pessoas, inovação e tecnologia. Isto
porque a somatória destes fatores alavancará o desempenho desejado pelas
organizações, consequentemente criando valor futuro.
Balanced Scorecard reflete o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo,
entre medidas financeiras e não-financeiras, entre indicadores de tendências e
ocorrências, e ainda, entre as perspectivas interna e externa de desempenho. Este
conjunto abrangente de medidas serve de base para o sistema de medição e gestão
estratégica por meio do qual o desempenho organizacional é mensurado de maneira
equilibrada sob as quatro perspectivas. Dessa forma, contribui para que as empresas
acompanhem o desempenho financeiro, monitorando simultaneamente o progresso
na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para
o crescimento futuro.
A partir de uma visão balanceada e integrada de uma organização, o BSC
permite descrever a estratégia de forma muito clara, por intermédio de quatro
perspectivas: financeira; clientes; processos internos; aprendizado e crescimento.
Sendo que todos se interligam entre si, formando uma relação de causa e efeito.
Desde que foi criado, o BSC vem sendo utilizado por centenas de organizações
do setor privado, público e em ONGs no mundo inteiro e foi escolhido pela renomada
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Trabalho de Conclusão de Curso 11
revista Harvard Business Review como uma das práticas de gestão mais importantes
e revolucionárias dos últimos 75 anos (referência 2012).
As experiências de aplicação do BSC revelam que executivos utilizam o BSC
não apenas como um instrumento de medida do desempenho organizacional, mas
também como ferramenta de gestão, sendo também utilizado para estabelecer metas
individuais e de equipes, remuneração, alocação de recursos, planejamento,
orçamento, feedback e aprendizagem estratégica.
BALANCED SCORECARD
O QUE É? O QUE NÃO É?
Sistema de gestão de desempenho estratégico
para a organização
Uma ferramenta de comunicação para clarificar a
estratégia global
Uma forma de equilibrar visões financeiras e não
financeiras
Um processo evolutivo
Um sistema de aumento de responsabilização
Um compromisso de mudança
Uma forma de alinhar a visão da organização com
os recursos humanos e financeiros e com as
operações diárias
Uma ferramenta de
medição de desempenho
para o controlo da
produtividade individual
Um novo sistema de
medição de desempenho
Uma divisão das medidas
de desempenho atuais em
quatro categorias
Um projeto
Fácil
Fonte: Nørreklit (2003), Niven (2006), Epstein e Manzoni (1997), Pinto (2007) e Santos (2006)
2.1.2 Objetivo do BSC
O principal objetivo do BSC é o alinhamento do planejamento estratégico com
as ações operacionais da empresa. Esse objetivo é alcançado pelas seguintes ações:
Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia - É frequente as organizações
possuírem uma visão e estratégias que não são devidamente esclarecidas e
discutidas. A clarificação e tradução da visão estratégica pelos membros da
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Trabalho de Conclusão de Curso 12
organização facilita o seu sucesso. O Balanced Scorecard ajuda a esclarecer
as ações a empreender para definir o mapa estratégico através de uma
sequência de relações causa e efeito entre resultados e vetores de
desempenho. Este método também contribui para a criação de consensos entre
os gestores da visão e estratégia da organização.
Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas - Comunicar e
interligar objetivos e indicadores estratégicos, pois o comprometimento dos
colaboradores com a organização só existe quando as metas que visam obter
se encontram alinhadas com os objetivos e expectativas dos gestores. Se o
sucesso da organização depende dos objetivos estratégicos da organização
serem atingidos, tal meta só se afigura possível quando os colaboradores os
conhecem e reconhecem como seus. O colaborador esforçar-se-á na mesma
medida e proporção em que conhecer as intenções estratégicas da empresa e
se rever nelas. A estratégia de comunicação poderá sustentar-se no próprio
canal interno de comunicação, como por exemplo: a intranet, newsletters, etc.
Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas - os gestores
devem identificar metas desafiantes para os seus funcionários, definir
processos internos, planejar o desempenho financeiro e o crescimento. A
definição de objetivos conduz à mensuração dos mesmos comprometendo os
colaboradores na redução do tempo de execução das tarefas, na introdução
consolidada de produtos no mercado e no aumento da sua capacitação e
competências.
Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico - permite monitorizar
continuamente a organização, girando à volta de quatro questões/visões:
Perspectiva Financeira: Como é que aparecemos aos nossos acionistas?
Perspectiva de Clientes: Como é que os clientes nos vêm?
Perspectiva de processos internos: Em que temos de ser excelentes?
Perspectiva de aprendizagem e crescimento: Como podemos melhorar e
criar valor?
Responder aos desafios colocados por estas quatro questões permite ajustar
continuamente a estratégia e mudá-la quando necessário. A resposta permanente a
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Trabalho de Conclusão de Curso 13
estas quatro questões permite realizar uma mensuração simultaneamente financeira
e não financeira, inerente ao sistema de informação expandido a todos os níveis da
organização. Equilibra indicadores externos para acionistas e indicadores internos de
processos, inovação, aprendizagem e crescimento; equilibra os resultados do esforço
passado e os indicadores dos desempenhos futuros; equilibra indicadores
quantificáveis e indicadores subjetivos de desempenho.
2.1.3 Surgimento e Evolução do Conceito
O início dos estudos que deram origem ao balanced scorecard remonta aos
anos 90, quando o Instituto Nolan Norton, uma unidade de pesquisa da KPMG,
patrocinou um estudo de um ano com diversas empresas, intitulado “Measusing
performance in the organization of the future”, cuja motivação surgiu da crença de que
os métodos existentes de avaliação do desempenho empresarial, em geral apoiados
nos indicadores contábeis e financeiros, estavam prejudicando a capacidade das
empresas de criar valor econômico para o futuro. David Norton, executivo principal do
Nolan Norton, foi o líder do grupo, que teve Robert Kaplan como consultor acadêmico.
Kaplan já era conhecido no meio acadêmico por suas publicações a respeito de
critérios de mensuração, como o custeio ABC (COOPER & KAPLAN, 1988, 1991).
Representantes de dezenas de empresas, de diversos setores da economia,
reuniram-se a cada dois meses durante o ano de 1990, com a finalidade de
desenvolver um novo modelo de medição de desempenho.
Um dos casos analisados foi o da empresa Analog Devices, que utilizava um
Scoredcard corporativo, contendo, além de várias medidas financeiras tradicionais,
outras medidas de desempenho não-financeiras. “As discussões em grupo levaram a
uma ampliação do Scoredcard, que se transformou no que chamamos ‘Balanced
Scoredcard’, organizado em torno de quatro perspectivas distintas – financeira, do
cliente, interna e de inovação e aprendizado.
O nome refletia o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazos, entre
medidas financeiras e não-financeiras, entre indicadores de tendência e ocorrências
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Trabalho de Conclusão de Curso 14
e entre perspectiva interna e externa de desempenho. (...) A conclusão do estudo, em
dezembro de 1990, documentou a viabilidade e os benefícios deste sistema de
medição estratégica” (KAPLAN & NORTON, 1997).
As conclusões desse estudo foram sintetizadas em um artigo publicado na
Harvard Business Review – HBR (janeiro-fevereiro de 1992), com o título “The
Balanced Scorecard – Measures that Drive Performance”. Na época, diversos
executivos solicitaram a ajuda dos autores para implementar o conceito em suas
empresas, ainda com a visão de que se tratava de um sistema de indicadores. Os
trabalhos iniciais reforçaram a ideia da vinculação das medidas do Balanced
Scoredcard à estratégia organizacional. Tais constatações levaram ao lançamento de
mais um artigo na HBR (1993) “Putting the Balanced Scorecard to Work”.
Em meados de 1993, NORTON era o principal executivo da Renaissance
Solutions Inc., empresa que tinha como um dos principais serviços a consultoria
estratégica baseada no BSC como veículo para facilitar a tradução e implementação
de estratégias. “As experiências realizadas revelaram que executivos arrojados
utilizavam o BSC não apenas para esclarecer e comunicar a estratégia, mas também
para gerenciá-la. Na realidade, o BSC deixou de ser um sistema de medição
aperfeiçoado para se transformar em um sistema gerencial essencial (...), [usado]
como a principal ferramenta organizacional para importantes processos gerenciais:
estabelecimento de metas individuais e de equipe, remuneração, alocação de
recursos, planejamento, orçamento, feedback e aprendizados estratégicos.
Resumimos essa evolução em um terceiro artigo, “Using the Balanced Scorecard as
a Strategic Management System” (KAPLAN & NORTON, 1997).
Com base nos três artigos publicados, na experiência adquirida e atendendo
às solicitações de passar informações complementares sobre como construir e
implementar o BSC, os autores lançaram em 1996 o livro “A Estratégia em Ação:
Balanced Scorecard”. No prefácio, entretanto, já manifestavam o sentimento de não-
completeza e a impressão de que o conceito ainda tinha muito por evoluir (KAPLAN
& NORTON, 1997).
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Trabalho de Conclusão de Curso 15
Quatro anos mais tarde, após a criação, em 1998, da Balanced Scorecard
Collaborative - BSCOL, empresa de consultoria e capacitação exclusivamente focada
no assunto; inúmeras outras experiências da aplicação do conceito em organizações
de vários segmentos de atuação; e de diversos outros artigos publicados, os autores
confirmaram o sentimento demonstrado no primeiro livro em uma segunda publicação
do gênero, “A Organização orientada para a estratégia (The Strategy Focused
Organization)”: “sob todos os aspectos, a previsão se mostrou de grande clarividência.
Desde 1996, temos sido testemunhas do crescimento e da prosperidade do primeiro
conjunto de adeptas do Balanced Scorecard, que utilizaram a nova ferramenta como
elemento central dos respectivos sistemas e processos gerenciais. (...) As adotantes
em todo o mundo incluem organizações grandes e pequenas, industriais e de serviços,
maduras e em rápido crescimento, dos setores público e privado, voltadas para o lucro
e sem fins lucrativos. (...) Constatamos que as empresas adeptas estavam usando o
BSC para a solução de um problema muito mais importante do que a mensuração do
desempenho na era da informação. A questão, da qual francamente não estávamos
conscientes quando concebemos de início o BSC, consistia em como implementar
novas estratégias” (KAPLAN & NORTON, 2000).
Nessa nova publicação os autores enfatizam a necessidade de que o BSC não
seja um fim em si mesmo, mas, sim, a ferramenta de gestão sob a qual orbita um novo
modelo organizacional: a “Organização Orientada para a Estratégia”. “Os executivos
das organizações adotantes aplicavam o Balanced Scorecard para alinhar as
unidades de negócio, as unidades de serviço compartilhado, as equipes e os
indivíduos em torno de metas organizacionais gerais. Em consequência, os processos
gerenciais críticos – planejamento, alocação de recursos, orçamento, relatórios
periódicos e reuniões de gerentes – se concentravam em torno da estratégia. Nesse
contexto, visão, estratégia e recursos fluíam de cima para baixo; implementação,
inovação, feedback e aprendizado refluíam de baixo para cima, a partir das linhas de
frente e da retaguarda dos escritórios. Como esse novo foco, alinhamento e
aprendizado, as organizações exibiam desempenho extraordinário e não linear. O
todo realmente se transformava em muito mais que a soma das partes” (KAPLAN &
NORTON, 2000).
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Trabalho de Conclusão de Curso 16
2.1.4 Pontos fracos do BSC
O BSC apresenta as seguintes fraquezas comumente identificadas:
1. Relações de causa e efeito unidirecionais e muito simplistas;
2. Não separa causa e efeito no tempo;
3. Ausência de mecanismos para validação;
4. Vínculo entre estratégia e a operação insuficiente;
5. Muito internamente focado;
6. Ausência de uma base histórica suficiente para análise de um indicador
pode levar a conclusões imprecisas.
Apesar de apresentar suas limitações, o planejamento estratégico ainda é um
instrumento poderoso e altamente utilizado nas organizações, principalmente se
aliado ao balanced scorecard.
Pesquisas anuais realizadas pela BAIN & COMPANY procuram verificar quais
as ferramentas de gerenciamento mais usadas no Brasil e no mundo e o grau de
satisfação dos gestores quanto a elas. De acordo com os resultados brasileiros (vide
Tabela seguinte), o planejamento estratégico é a ferramenta de gerenciamento mais
usada nas empresas no Brasil e a segunda colocada em satisfação (o número que
aparece na coluna “satisfação” representa uma nota de 1 a 5).
Já o balanced scorecard se mostra como uma ferramenta recente, porém em
franca expansão. Seu uso, que era de 30% em 2000, aumentou para 56% em 2001.
Em termos de satisfação, aparece como a quarta colocada, com uma nota de 4,29 em
um máximo de 5.
Ferramenta Uso Satisfação
Planejamento estratégico 91% 4,39
Aferição da satisfação do cliente 84% 4,17
Benchmarking 83% 4,06
Segmentação de clientes 80% 4,09
Remuneração por desempenho 77% 4,35
Missão/visão 74% 4,27
Estratégias de crescimento 70% 3,83
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Trabalho de Conclusão de Curso 17
Ferramenta Uso Satisfação
Gestão pela qualidade total (TQM) 67% 4,41
Gestão do relacionamento com o cliente (CRM) 67% 4,05
Alianças estratégicas 66% 3,94
Terceirização 65% 3,96
Planejamento de cenários 63% 4,18
Integração da cadeia de fornecimento 59% 4,25
Balanced scorecard 56% 4,29
Análise de valor para o acionista 56% 4,24
Gestão do conhecimento 50% 3,76
Competências essenciais 49% 3,76
Gestão baseada em atividades (ABM) 46% 4,04
Redução do tempo de ciclo 45% 4,11
Reengenharia 33% 4,17
Marketing um a um 29% 4,08
Equipes de integração e fusões 22% 4,27
Análise de opções reais 17% 4,29
Corporate venturing (incubação de negócios) 16% 4,00
Análise de ruptura de mercado 2% 4,00
Fonte: adaptado de BAIN & COMPANY, 2002:140-141
2.1.5 Principais benefícios do BSC
Em pesquisa conduzida pela BSCOL por meio de seu sítio da internet, mais de
300 respondentes de diversos setores de atuação (aproximadamente 50% usuários
do BSC) listaram os principais benefícios do balanced scorecard (DOWNING, 2000).
A razão mais frequente citada, que motiva as pessoas a adotarem o BSC, é o
alinhamento da organização com a estratégia. Dois terços dos respondentes
indicaram que este foi um objetivo.
Outro item que reforça o alinhamento estratégico como um dos fatores mais
preponderantes na decisão de se implementar o BSC é a busca de sinergia
organizacional. Isso é particularmente interessante quando se nota que a maioria dos
respondentes havia usado o BSC por menos de seis meses à época da pesquisa.
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Trabalho de Conclusão de Curso 18
Os outros dois itens mais respondidos, construir um sistema de gestão
estratégica e vincular a estratégia com planejamento e orçamento, dizem respeito
diretamente às falhas do planejamento estratégico e aos objetivos da administração
estratégica, mostrando o foco do BSC na correção dessas falhas. Ainda segundo a
pesquisa, praticamente 50% dos respondentes colocaram que almejam, com este
instrumento, definir metas, priorizar iniciativas e alinhar os indivíduos com a estratégia.
Razões para implementar o BSC (DOWNING, 2000)
2.2 Aplicabilidade do BSC à Ecoprime
2.2.1 Razões para instituir o BSC na Ecoprime
São descritas em seguida dez razões pelas quais se considera importante a
instituição do BSC na empresa Ecoprime.
1. O BSC faz da estratégia a agenda central da empresa, permitindo a
otimização do negócio.
2. Cria um forte foco na estratégia corporativa, o que possibilita uma visão
geral tanto do que ocorre na empresa quanto nos processos que podem ser
aprimorados.
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Trabalho de Conclusão de Curso 19
3. A área de Recursos Humanos tem a oportunidade de mostrar seu valor de
parceiro estratégico do negócio, pois se torna um dos grandes responsáveis
pelo sucesso do BSC.
4. O Balanced Scorecard prioriza os projetos, os investimentos da empresa
sempre com base no orçamento estratégico, ou seja, na realidade da
companhia.
5. Esse sistema mobiliza todas as pessoas para agirem com criatividade, de
acordo com a orientação da estratégia da companhia.
6. Quando instituído pela empresa, ocorrem mudanças positivas no
desempenho, na motivação e no comportamento dos profissionais, pois
todos são envolvidos no processo.
7. Existe uma comunicação clara entre líderes e liderados, prática
indispensável ao êxito do processo.
8. Ocorre o alinhamento das ações das equipes, uma vez que todos podem
acompanhar o alcance ou a superação de metas estabelecidas.
9. Estímulo à disseminação do conhecimento. Uma vez que o BSC convida
todos a participarem do processo, é fundamental que as informações sejam
compartilhadas de forma eficaz.
10. Fortalecimento da visão, da missão e dos objetivos da empresa. Isso ocorre
porque o BSC sempre se centraliza na estratégia da companhia e a
identidade, a cultura organizacional passa a ser constantemente difundida.
Hoss (2011), citando Kaplan e Norton (1996), afirma que o Balanced Scorecard
deve traduzir a missão e a estratégia de uma organização em objetivos e medidas
tangíveis, de acordo com a máxima: “Não é possível medir aquilo que não se
consegue descrever”, como pode ser visto na figura seguinte.
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Trabalho de Conclusão de Curso 20
Tradução da missão em resultados estratégicos.
Fonte: Kaplan e Norton (2001) traduzido por Hoss (2011)
2.2.2 Casos de Estudo Comparativos
Esta seção discute os resultados alcançados pelas algumas empresas no
processo de implantação do BSC.
As nove empresas da tabela seguinte (resultado comparativo da implantação
do BSC em nove organizações) apresentaram suas experiências em fóruns
especializados (Soares Júnior, 2003).
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Trabalho de Conclusão de Curso 21
Legenda: X =presente no processo; NI = não identificado na fonte de pesquisa; I = presente no processo
de forma incipiente ou como intenção. Fonte: palestras apresentadas durante o evento I Fórum
Balanced Scorecard Brasil, em São Paulo, em agosto/2002 e BSC Exhibition, em Belo Horizonte, em
11/10/2002. (Soares Júnior, 2003).
2.2.2.1 Resultados Alcançados
Sobre os benefícios mais relevantes do BSC, houve uma convergência de
opiniões entre os casos estudados, indicando que, até esse momento, seu maior valor
para a empresa é a clareza para permitir às pessoas priorizarem. Ou seja, o
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Trabalho de Conclusão de Curso 22
alinhamento e direção, em que todas as forças são usadas para competir lá fora e não
dentro da organização. As palavras-chave para descrever os benefícios são:
transparência, pró-atividade, focalização, alinhamento e relacionamento.
Por último, deve-se ressaltar que todas as organizações estudadas deram
preferência por associar ganhos de natureza qualitativa ao projeto. Evitaram, assim,
até o momento, o recurso a padrões e métodos de análise econômico-financeira
tradicionais para avaliar a viabilidade do investimento no projeto BSC. Isso ocorre,
principalmente, porque as implantações estão ainda no início. Mas pode-se dizer que
o BSC é visto como útil, entre os entrevistados, para mobilizar pessoas, integrar
processos e auxiliar a perseguir os direcionamentos já preconizados.
2.2.2.2 Custo de Implantação do BSC
Não foi possível mensurar monetariamente os custos associados ao projeto de
BSC. Mas, segundo os relatos, estes custos estão associados às horas das pessoas
que participam do projeto, investimentos em consultoria, material de divulgação,
logística para os workshops de equipes e, sobretudo, aos gastos em recursos de
tecnologia de informação.
Em relação a esse último ponto, investimento em softwares específicos para o
projeto, observou-se que as organizações não apresentam um comportamento
homogêneo.
Algumas iniciaram os investimentos em tecnologia de informação no começo
do projeto, a despeito de ainda utilizarem, em grande escala, os recursos de planilhas
eletrônicas e softwares de apresentação de slides. Outras organizações,
conscientemente, nos estágios iniciais, fizeram a opção pelos recursos de planilha e
apresentação, auxiliadas, ou não, na medida em que o projeto ganhava consistência,
por alguma adaptação de sistemas já utilizados. Elas deixaram a escolha e
implantação de softwares específicos para o momento em que o projeto vier a precisar
de apoio para seu crescimento. Os recursos de tecnologia de informação mais citados
são: MS Excel, MS Power Point, além dos sistemas ERP, CRM e BI.
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Trabalho de Conclusão de Curso 23
2.2.3 Escolha do Software de BSC
Diversas empresas provedoras de softwares desenvolveram módulos de seus
sistemas de business intelligence de acordo com a lógica do BSC. Destes, algumas
foram certificados pela BSCOL como realmente aderentes ao método (BSCOL, 2003):
Empresa Software Casos no Brasil
Cognos Cognos Metrics Manager
CorVu CorStrategy™ Copesul
Crystal Decisions Crystal Decisions' Balanced Scorecard Solution
Fiber FlexSI Eletrosul, Banco do Brasil, Vesper
Gentia Open Ratings Balanced Scorecard Telefonica, Telesp
Hyperion Hyperion Performance Scorecard (HPS) Petrobras, Brasil Telecom, Gerdau
InPhase PerformancePlus™
Oracle Oracle Strategic Enterprise Management Alcoa, Embrapa, Receita Federal
Peoplesoft PeopleSoft Balanced Scorecard CST
SAP SAP Strategic Enterprise Management Unibanco, Siemens, Suzano
SAS SAS Strategic Performance Management BNDES, Accor
Softwares certificados em BSC. Fontes: BSCOL (2003), COOPER (2003), HERZOG (2003),
SYMNETICS (2002, 2003), FIBER CONSULTING (2003), GENTIA (2003), PEOPLESOFT (2003),
VISION (2003)
2.2.4 Modelos alternativos ao BSC
Existem diversos modelos conceituais na literatura de administração e
contabilidade que se assemelham ou se complementam ao BSC.
Modelo de balanced scorecard de Maisel;
Pirâmide da performance;
PEMP;
Tableau de Bord;
Gerenciamento pelas diretrizes;
O Balanced Scorecard numa Autarquia Local;
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Trabalho de Conclusão de Curso 24
Sustainability Scorecard - SSC;
Strategic Activity System - SAS.
2.3 A Estrutura do BSC
2.3.1 Componentes do BSC
O BSC é composto pelos componentes descritos em seguida:
Mapa estratégico
Descreve a estratégia da empresa através de objetivos relacionados entre si e
distribuídos nas quatro dimensões (perspectivas).
Objetivo estratégico
O que deve ser alcançado e o que é crítico para o sucesso da organização.
Implica a tradução da visão de futuro em objetivos organizados em relação de causa
e efeito, de forma clara (mapa estratégico ou mapa da estratégia). O mapa da
estratégia auxilia a fazer com que todos os indivíduos na organização entendam a
estratégia e como transformar ativos intangíveis em resultados tangíveis (KAPLAN &
NORTON, 2000b).
Indicador
Como será medido e acompanhado o sucesso do alcance do objetivo. Qualquer
indicador deve cumprir os seguintes requisitos:
Ser claro, transmitir informação clara e confiável sobre o evento a analisar;
Fácil de obter, mediante o acesso intuitivo a um sistema de informática;
Coerente com os fins estabelecidos, com a Visão e Missão da
organização, medindo e controlando os resultados alcançados;
Adequado e oportuno, estando disponível para a tomada de decisão;
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Trabalho de Conclusão de Curso 25
Ter a sua unidade de medida corretamente identificada: números
absolutos (n.º), percentagens (taxas de crescimento, pesos) (%), dias,
horas, valores;
Ter um responsável designado capaz de atuar sobre os indicadores;
Meta
O nível de desempenho ou a taxa de melhoria necessários. Trata-se do nível
de desempenho esperado ou a taxa de melhoria necessária para cada indicador. As
metas estratégicas deverão ser “quebradas” ao longo do tempo, permitindo uma
evolução do desempenho relacionado ao objetivo estratégico.
Plano de ação
Programas de ação-chave necessários para se alcançar os objetivos.
Associados às metas dispostas ao longo do tempo, planos de ação e projetos deverão
ser estabelecidos a fim de viabilizar seu alcance.
Componentes e terminologia do balanced scorecard. Fonte: BSCOL (2000).
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Trabalho de Conclusão de Curso 26
2.3.2 Princípios básicos do BSC
O Mapa de Estratégia procura orientar a organização para a estratégia, por
meio de cinco princípios:
1. Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva;
2. Traduzir a estratégia em termos operacionais;
3. Alinhar a organização à estratégia;
4. Transformar a estratégia em tarefa de todos;
5. Converter a estratégia em processo contínuo.
Estes princípios constituem as melhores práticas de uma organização
focalizada na estratégia. Estes princípios estão detalhadamente desenvolvidos na
obra de Robert S. Kaplan e David P. Norton “Organização orientada para a estratégia”,
Editora Campus, 10.ª edição, 2001.
Princípios da empresa com base na estratégia. Fonte: Norton & Kaplan (2001)
2.3.2.1 Mobilizar a Mudança por meio da Liderança Executiva
Constitui o princípio determinante e catalisador para todo o processo de
mudança, porquanto os outros se concentram nas ferramentas, no referencial, e nos
Balanced
Scorecard
Estratégia
Mobilizar a mudança por meio da liderança
executiva
Converter a estratégia em
processo contínuo
Transformar a estratégia em
tarefa de todos
Alinhar a organização à
estratégia
Traduzir a estratégia em
termos operacionais
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Trabalho de Conclusão de Curso 27
processos de respaldo do Balanced Scorecard. A estratégia exige mudanças em
praticamente todas as unidades e níveis da organização e demanda, trabalho em
equipa para a coordenação das mudanças, cujo promotor deve ser a alta liderança da
organização.
Segundo Kaplan & Norton (2000), o sucesso da implementação do BSC nas
empresas não resulta somente do lançamento de novos produtos ou serviços, de
grandes investimentos de capital ou mesmo de absorção de novos ativos intangíveis,
mas, sobretudo, consiste no envolvimento de toda a equipe da empresa pois, para
obter os resultados extraordinários, é essencial explorar e investir nos ativos tangíveis
e intangíveis já existentes na empresa. Este princípio compreende a construção do
Scorecard estratégico, dos objetivos e atividades que possam traduzir
verdadeiramente a estratégia.
Na implementação do BSC usa-se o “Mapa de Estratégia” para descrever e
comunicar a estratégia de maneira coerente e criativa. Este sistema é definido como
uma estrutura lógica e abrangente que se utiliza na descrição da estratégia, sendo um
ponto de referência comum e compreensível na sua tradução por toda a empresa.
O processo de tradução da estratégia em objetivos operacionais começa com
a construção do Mapa de Estratégia que por defeito já define quatro perspectivas
(financeira, cliente, processos de negócio interno e aprendizado e crescimento), e
para cada uma delas é definido os objetivos estratégicos, indicadores e metas. Este
processo envolve toda equipe de trabalho da empresa principalmente a Alta Direção
para descrever e comunicar a missão, a estratégia por todas as unidades de negócio
da empresa.
2.3.2.2 Traduzir a Estratégia em Termos Operacionais
Este princípio baseia-se na elaboração do Mapa de Estratégia, como
referencial geral para a descrição e implementação da estratégia. Os mapas
estratégicos e o Balanced Scorecard cuidam das deficiências dos sistemas de
mensuração dos ativos tangíveis, e portanto, os elos de mensuração das relações
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Trabalho de Conclusão de Curso 28
causa e efeito nos mapas estratégicos mostram como os ativos intangíveis se
transformam em resultados (financeiros) tangíveis.
Este princípio é essencial para garantir o alinhamento de todas unidades de
negócio da empresa aos objetivos estratégicos desta. É importante, portanto,
promover a sinergia em toda a empresa, ou seja transmitir a visão e os objetivos por
todos os funcionários da mesma, de forma que estes possam estar cientes dos
objetivos a alcançar para o sucesso da mesma.
Para se superar as barreiras funcionais nas empresas orientadas para
estratégias deve-se criar mecanismos eficazes de comunicação e tentar estabelecer
a conexão dos diferentes órgãos à estratégia, por meio de temas e objetivos comuns
que permeiam os seus scorecards.
2.3.2.3 Alinhar a Organização à Estratégica
Este princípio dá destaque à sinergia como meta mais abrangente do projeto
organizacional, na medida em que as organizações compõem-se de diferentes
unidades de estrutura, cada uma com sua própria estratégia. Para que o desempenho
organizacional seja superior à soma das partes, as estratégias individuais devem ser
conectadas e integradas de forma coerente.
Neste princípio é essencial referenciar que para a realização das atividades na
empresa é importante que todos os funcionários da empresa tenham conhecimento e
percebam a estratégia para que possam efetuar de forma adequada as suas
atividades, de modo a contribuir para o alcance dos objetivos estratégicos da mesma.
Neste sentido o BSC é utilizado com o objetivo de estimular toda organização a
executar a estratégia, por meio da comunicação, da educação e da sinergia.
Por vezes a difusão da estratégia pela empresa pode não ser o melhor
caminho, devido a fuga de informações estratégicas para a concorrência. Mas não há
como implementar a estratégia, de forma eficaz, se os funcionários da empresa não
tiverem conhecimento sobre ela.
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Trabalho de Conclusão de Curso 29
2.3.2.4 Transformar a Estratégia em Tarefa de Todos
Este princípio procura o envolvimento e o comprometimento de todos para a
materialização da estratégia. As organizações focalizadas na estratégia exigem que
todos os funcionários compreendam e encarnem a estratégia e conduzam suas
tarefas quotidianas de modo a contribuir para o êxito da mesma.
A maioria das empresas concentram as suas atividades em corrigir e comparar
desempenhos ultrapassados, e desta forma deixam de discutir as estratégias e, até
mesmo de as implementar. Elas necessitam de um processo duplo de gestão da
estratégia, que permita que o administrador conteste e reflita se os objetivos traçados
no decorrer do lançamento da estratégia ainda continuam válidos.
É necessário neste caso ao adoptar o BSC, que se integre a estratégia ao
planeamento, aos custos, aos sistemas de relatórios e às reuniões da gerência, ou
seja, é essencial implementar um processo de gestão estratégica e reuniões mensais
ou trimestrais para se discutir o BSC e avaliar a estratégia a fim de se obter sucesso
na implementação de uma estratégia e sua transformação em processo contínuo.
2.3.2.5 Converter a Estratégia em Processo Contínuo
Este princípio combina a gestão táctica, que na maioria das organizações se
resume apenas a isso, à gestão estratégica, numa abordagem contínua. O processo
de gestão da estratégia recomendado é o chamado “processo de loop duplo”, que
integra a gestão táctica (orçamentos financeiros e avaliações mensais) e a gestão
estratégica num único processo ininterrupto e contínuo.
Neste princípio é essencial o comprometimento da alta direção na mudança
contínua motivada pela implementação do BSC na empresa e que geralmente envolve
todas as unidades de negócio da mesma para que a estratégia possa ser
implementada com sucesso.
O BSC não é um projeto de mensuração, mas sim um programa de mudança
que abrange praticamente todas as unidades de negócio da empresa. Se, as pessoas
do escalão mais alto da empresa não liderarem o processo de mudança, a
implementação será um fracasso.
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Trabalho de Conclusão de Curso 30
A equipa deve ser mobilizada para dar início ao processo, e chegar-se a um
consenso sobre o porquê que são essenciais as mudanças. Em seguida inicia-se com
o processo de liderança com o objetivo de orientar a mudança, e é também nesta fase
em que se definem, demonstram e reforçam os novos valores culturais da empresa e
estimula-se a rotura das tradicionais estruturas de poder. Por fim implementa-se o
novo sistema de gestão, isto é, o sistema de gestão estratégica que institucionaliza os
novos valores culturais e define as novas estruturas para o novo sistema.
2.3.3 Perspectivas do BSC
O BSC decompõe a estratégia de uma maneira lógica, baseando-se em
relações de causa e efeito, vetores de desempenho e relação com fatores financeiros.
É decomposto em objetivos, indicadores, metas e iniciativas, nas quatro
dimensões de negócio:
Financeira;
Clientes;
Processos internos;
Aprendizado e crescimento.
As perspectivas de negócio do balanced scorecard (KAPLAN & NORTON, 1996:76)
Page 31
Trabalho de Conclusão de Curso 31
Tais perspectivas respondem a quatro perguntas (KAPLAN & NORTON, 1996):
Para ter sucesso financeiro, como devemos nos mostrar aos nossos
acionistas?
Para atingir nossa visão, como devemos nos mostrar para nossos clientes?
Para satisfazer nossos acionistas e clientes, em quais processos devemos
ser excelentes?
Para atingir nossa visão, como manteremos nossa habilidade de mudar e
melhorar?
O Balanced Scorecard coloca a visão (“para onde iremos”) e a estratégia
(“como iremos”) no centro do processo gerencial. O BSC estabelece objetivos e
assume que as pessoas deverão adotar quaisquer comportamentos e ações que
forem necessárias para os atingir.
2.3.3.1 Perspectiva financeira
PORTER (2000) explicita que o retorno sobre investimento no longo prazo é o
ponto de partida para se chegar a uma boa estratégia. O desempenho de qualquer
empresa é motivado pela rentabilidade derivada do negócio e da posição que a
companhia ocupa no âmbito de sua competência principal.
FREZATTI (2001) expande a discussão colocando o foco no valor da
organização e riqueza dos acionistas acima do retorno sobre o investimento. Destaca
que o desenvolvimento da contabilidade gerencial apresentou progresso ao longo do
tempo, de acordo com a seguinte evolução:
1. Foco no volume de vendas e faturamento. Espelhava percepção de falta
de controle sobre outros elementos da atividade. O referencial era a
atividade comercial. Em algumas organizações essa visão ainda é a única
existente.
2. Foco na margem bruta e operacional. Avanço sensível em termos de
controle, o que exige uma certa estruturação contábil para que possa ser
desenvolvido.
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Trabalho de Conclusão de Curso 32
3. Foco no lucro líquido. A organização passa a se preocupar com a geração
de resultado para poder distribuir ao acionista, bem como se apercebe que
a estrutura de capital tem papel significativo sobre o resultado final da
operação.
4. Foco no retorno sobre o investimento. Percebe-se uma importante
mudança em decorrência da percepção de controle não só sobre a
operação, mas também sobre os recursos que tornam viável tal operação.
5. Foco no valor. A partir desse momento, além de se preocupar com o
resultado obtido pela entidade e os recursos requeridos para as operações
daí derivadas, a organização se preocupa com o efetivo impacto sobre o
valor da entidade. Tal dimensão tem nuanças de curto e longo prazo, o que
torna a abordagem ainda mais difícil de ser compreendida.
Para KAPLAN & NORTON (1997), os objetivos financeiros servem de foco para
as outras perspectivas do BSC. Qualquer medida deve fazer parte de uma cadeia de
relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro.
O scorecard deve contar a história da estratégia, começando pelos objetivos
financeiros de longo prazo e relacionando-os às ações que precisam ser tomadas em
relação aos clientes, processos internos e, por fim, pessoas e sistemas, a fim de que,
em longo prazo, seja produzido o desempenho econômico.
FREZATTI (2001) acrescenta que “o indicador financeiro de longo prazo
permite monitorar os vários elementos, servindo de elo entre o plano estratégico e o
orçamento anual. (...) Na definição dos objetivos de longo prazo, ao menos um
indicador financeiro deve ser estabelecido pelos executivos, a fim de proporcionar
condições de monitorar o desenvolvimento das operações sob a perspectiva de
unificação do entendimento dos eventos econômicos”.
Os objetivos financeiros podem diferir consideravelmente em cada ciclo de vida
de uma empresa, podendo variar de acordo com a estratégia que a unidade de
negócio deseja seguir (CAMPOS, J., 1998). KAPLAN & NORTON (1997) simplificam
as estratégias genéricas financeiras em três fases, com objetivos financeiros bem
diferentes entre elas:
Page 33
Trabalho de Conclusão de Curso 33
Crescimento: as empresas em crescimento encontram-se nos estágios
iniciais de seus ciclos de vida. Possuem produtos e serviços com
significativo potencial de crescimento. Para aproveitar esse potencial,
devem comprometer recursos consideráveis, a fim de desenvolver e
aperfeiçoar novos produtos e serviços; construir e ampliar instalações de
produção; gerar capacidades operacionais; investir em sistemas,
infraestrutura e rede de distribuição e alimentar e desenvolver o
relacionamento com os clientes. As empresas que se encontram nesta fase
podem até operar com fluxos de caixa negativos e baixas taxas de retorno
sobre o capital investido. Os objetivos financeiros globais para as empresas
na fase de crescimento serão os percentuais de crescimento da receita e
de aumento de vendas para determinados mercados, grupos de clientes e
regiões.
Sustentação: espera-se que essas empresas mantenham a participação
de mercado e, talvez, consigam aumentá-la um pouco a cada ano. Os
projetos de investimento serão direcionados mais para aliviar
estrangulamentos, ampliar a capacidade e buscar a melhoria contínua, em
lugar dos longos investimentos de retorno a longo prazo e da opção de
expansão feitos na fase de crescimento. A maioria das empresas na fase
de sustentação estabelece objetivos financeiros relacionados à
lucratividade.
Colheita: em empresas em colheita não se justificam mais investimentos
significativos. Apenas o suficiente para manter equipamentos e
capacidades, não para ampliar ou gerar novas capacidades. Qualquer
projeto de investimento deve ter período de retorno muito definido e curto.
A meta principal é maximizar o fluxo de caixa em benefício da empresa.
Portanto, o desenvolvimento do Balanced scorecard deve ter início com um
intenso diálogo entre o executivo principal da unidade de negócio e o diretor financeiro
da empresa sobre a categoria financeira e os objetivos específicos da unidade. Esse
diálogo identificará o papel da unidade de negócios dentro do portfólio da empresa
(KAPLAN & NORTON, 1997).
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Trabalho de Conclusão de Curso 34
De acordo com as três fases supracitadas, são sugeridos três temas financeiros
que norteiam a estratégia empresarial:
Crescimento e mix de receita: refere-se à ampliação da oferta de produtos
e serviços, conquista de novos clientes e mercados, mudança do mix de
produtos e serviços para itens de maior valor agregado e modificação dos
preços de produtos e serviços.
Redução de custos e melhoria de produtividade: refere-se a iniciativas
no sentido de baixar os custos diretos de produtos e serviços, reduzir os
custos indiretos e compartilhar recursos com outras unidades de negócio.
Utilização de ativos / estratégia de investimento: refere-se à redução dos
níveis de capital de giro necessários para sustentar um determinado volume
e mix de negócios. Também se refere à melhor utilização da base de ativo
fixo para aumentar o retorno gerado pelos ativos financeiros e físicos.
Para CAMPOS, J. (1998), as medidas de desempenho financeiro indicam se a
estratégia da empresa e sua implementação e execução estão contribuindo para a
melhoria dos resultados. Dadas as três fases do ciclo de vida da empresa e os três
temas estratégicos, KAPLAN & NORTON (1997) sugerem os indicadores mais
comuns para cada uma das nove possibilidades.
Temas Estratégicos
Aumento e mix de receita Redução de custos e aumento da produtividade
Utilização de Ativos
Estr
até
gia
Cre
scim
en
to Aumento da taxa de vendas
por segmento
Percentual da receita gerado
por novos produtos, serviços
e clientes
Receita / funcionário Investimento (percentual
de vendas)
Su
ste
nta
ção
Fatia de clientes e contas-alvo
Vendas cruzadas
Percentual da receita gerado
por novas aplicações
Lucratividade por clientes e
linhas de produto
Custos versus custos dos
concorrentes
Taxas de redução de
custo
Despesas indiretas
(percentual de vendas)
Índices de capital de giro
(ciclo de caixa a caixa)
Retorno financeiro por
categoria-chave de ativo
Taxa de utilização do
ativo
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Trabalho de Conclusão de Curso 35
Temas Estratégicos
Aumento e mix de receita Redução de custos e aumento da produtividade
Utilização de Ativos
Co
lheit
a Lucratividade por clientes e
linhas de produtos
Percentual de clientes não
lucrativos
Custos unitários (por
unidade de produção, por
transação)
Retorno
Rendimento
(throughput)
Fonte: KAPLAN & NORTON (1997)
KAPLAN & NORTON (1997) enfatizam que, independente dos temas de
aumento de receita, produtividade e uso dos ativos, os objetivos financeiros oferecem
os elos de ligação necessários entre as quatro perspectivas do BSC. OLVE et al.
(2001) corroboram quando colocam que essa perspectiva deve mostrar os resultados
das escolhas estratégicas feitas sob as demais, ao mesmo tempo em que estabelece
vários objetivos de longo prazo.
2.3.3.2 Perspectiva dos clientes
CAMPOS, J. (1998) afirma que a satisfação e retenção do cliente e o foco no
mercado são as forças que impulsionam as organizações que desejam sobreviver e
progredir. O maior princípio é o respeito pelo valor da satisfação do cliente em todos
os momentos e pelo conhecimento de como coletar, analisar e utilizar as informações
dos clientes e do mercado com vista a incrementar os negócios.
Esta perspectiva descreve as formas nas quais o valor deve ser criado para os
clientes, como sua demanda por esse valor deve ser satisfeita e os motivos pelos
quais o cliente vai querer pagar por ele (OLVE et al., 2001) Essa perspectiva permite
que as empresas alinhem suas medidas essenciais de resultados relacionados aos
clientes – satisfação, fidelidade, retenção, captação e lucratividade – com segmentos
específicos de mercado. A perspectiva dos clientes do BSC traduz a missão e a
estratégia da empresa em objetivos específicos para segmentos focalizados que
podem ser comunicados a toda a organização.
Além disso, permite a clara identificação e avaliação das propostas de valor
dirigidas a esses segmentos. Para KOTLER (1994), valor entregue ao consumidor é
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Trabalho de Conclusão de Curso 36
a diferença entre o valor total esperado e o custo total do consumidor obtido. Valor
total esperado pelo consumidor é o conjunto de benefícios previsto por determinado
produto ou serviço.
As propostas de valor são os vetores para as medidas essenciais de resultados
na perspectiva dos clientes (KAPLAN & NORTON, 1997). Ela descreve a combinação
única de produto, preço, serviço, relacionamento e imagem que o negócio oferece aos
clientes. A proposição de valor determina os segmentos de mercado almejados pela
estratégia e a maneira como a organização se diferenciará nos segmentos-alvo em
relação à concorrência” (KAPLAN & NORTON, 2000).
KALLÁS (2002) destaca a complementaridade da abordagem da proposta de
valor com a teoria microeconômica do comportamento do consumidor proposta por
LANCASTER (1966). Esta nova teoria da demanda, que mantém a utilização dos
conceitos de utilidade e curva de indiferença (DOUGLAS, 1992), abandonou os
conceitos tradicionais, assumindo que os consumidores buscam utilidade não dos
produtos, mas, sim, das características ou atributos que estes venham a apresentar.
Por exemplo, um automóvel é desejado não somente pelas suas características
físicas – sua composição de materiais como aço, plástico e outros – mas pelo serviço
que o mesmo proporciona – transporte, conforto, conveniência, prestígio, segurança
e privacidade. Dessa forma, a demanda por um produto é uma demanda derivada, no
sentido em que resulta dos desejos de vários atributos. O automóvel, no exemplo
citado, apenas apresenta esses atributos.
Embora as propostas de valor variem de acordo com o setor de atividade,
KAPLAN & NORTON (1997) observam a existência de um conjunto comum de
atributos, divididos em três categorias:
Atributos dos produtos ou serviços: abrangem a funcionalidade do
produto ou serviço, seu preço e qualidade.
Relacionamento com os clientes: refere-se à entrega do produto ou
serviço ao cliente, inclusive a dimensão do tempo de resposta e entrega e
o conforto do cliente na relação de compra.
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Trabalho de Conclusão de Curso 37
Imagem e reputação: reflete os fatores intangíveis que atraem um cliente
para a empresa. Através da publicidade e qualidade dos produtos e serviços
oferecidos, algumas empresas conseguem a fidelidade dos clientes.
Modelo genérico da proposta de valor (adaptado de KAPLAN & NORTON, 1997:79)
Segundo KAPLAN & NORTON (1997), o grupo de medidas essenciais de
resultados dos clientes deriva das propostas de valor e é comum a todos os tipos de
empresa. Inclui indicadores de:
Participação de mercado: reflete a proporção de negócios num
determinado mercado (em termos de clientes, valores gastos ou volume
unitário vendido).
Retenção de clientes: controla, em termos absolutos ou relativos, a
intensidade com que uma unidade de negócios retém ou mantém
relacionamentos contínuos com seus clientes.
Captação de clientes: mede, em termos absolutos ou relativos, a
intensidade com que uma unidade de negócios atrai ou conquista novos
clientes ou negócios.
Satisfação de clientes: mede o nível de satisfação dos clientes de acordo
com critérios específicos de desempenho dentro da proposta de valor.
Lucratividade de clientes: mede o lucro líquido de cliente ou segmentos,
depois de deduzidas as despesas específicas necessárias para sustentá-
los.
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Trabalho de Conclusão de Curso 38
Perspectiva do cliente – medidas essenciais (KAPLAN & NORTON, 1997)
CAMPOS, J. (1998) resume a perspectiva do cliente, colocando que a
estratégia deve indicar quem são os clientes e como a organização cria valor para
eles, ou que imagem as pessoas que trabalham na organização devem ter de seus
clientes. Esta perspectiva deve responder às seguintes perguntas:
O que distingue a nossa contribuição da dos nossos concorrentes?
Quem são nossos clientes?
Qual é o principal valor que podemos oferecer e que desejamos seja
percebido pelos nossos clientes?
A correta identificação dos objetivos da perspectiva do cliente e atributos da
proposta de valor direcionam a escolha dos objetivos da dimensão de processos
internos (KALLÁS, 2002).
2.3.3.3 Perspectiva dos processos internos
Esta perspectiva é, basicamente, uma análise dos processos internos na
organização. A análise sempre inclui a identificação dos recursos e das capacidades
necessárias para elevar o nível interno de qualidade. Contudo, cada vez mais
frequentemente, os elos entre os processos internos da companhia e os de outras,
das companhias colaboradoras, estão muito unidos, a ponto de exigirem que também
sejam considerados (OLVE et al., 2001).
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Trabalho de Conclusão de Curso 39
Para KAPLAN & NORTON (1997), os sistemas de medida de desempenho da
maioria das empresas focalizam a melhoria dos processos operacionais existentes.
No Balanced Scorecard, recomenda-se que os executivos definam uma cadeia de
valor completa dos processos internos que tenha início com o processo de inovação
(identificação das necessidades atuais e futuras dos clientes e desenvolvimento de
novas soluções para essas necessidades), prossiga com os processos de operações
(entrega dos produtos e prestação de serviços aos clientes existentes) e termine com
o serviço de pós-venda (oferta de serviços que complementam o valor proporcionado
aos clientes pelos produtos ou serviços de uma empresa).
O conceito da cadeia de valor foi estudado por diversos autores. Para
WOMACK & JONES (1998), só o cliente final pode definir o valor, motivo pelo qual se
mostra importante o estudo de cada atividade da cadeia. FINE (1999) cita o velho
aforismo de que uma cadeia ou corrente é apenas tão forte quanto seu elo mais fraco,
colocando a importância de considerar a cadeia da qual a empresa faz parte como
atividade fundamental para a formulação da estratégia. Para PORTER (1996), a
cadeia de valores de uma empresa e o modo como ela executa atividades individuais
é um reflexo de sua história, de sua estratégia, de seu método de implementação e
da economia básica das próprias atividades.
HAMEL & PRAHALAD (1995) sugerem três grandes processos genéricos para
se estudar a cadeia de valor de uma empresa: inventar, fabricar e entregar. KAPLAN
& NORTON (1997) adaptam o desenho de uma cadeia de valor genérica:
Inovação: o processo da inovação tem dois componentes. No primeiro,
realizam-se pesquisas de mercado para identificar seu tamanho, a natureza
das preferências dos clientes e os pontos de preço para cada produto ou
serviço. Feito isso, deve-se idealizar mercados e oportunidades
inteiramente novos para os produtos e serviços que a empresa pode
fornecer. HAMEL & PRAHALAD (1995) identificam diversos casos em que
a inovação foi fundamental para o alcance de benefícios econômicos
tangíveis.
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Trabalho de Conclusão de Curso 40
Operações: o processo de operações representa a onda curta da criação
de valor nas empresas. Ele tem início com o recebimento do pedido de um
cliente e termina com a entrega do produto ou a prestação de serviço. Esse
processo enfatiza a eficiência, regularidade e pontualidade da entrega dos
produtos e serviços aos clientes.
Pós-venda: o serviço de pós-venda inclui garantia e conserto, correção de
defeitos e devolução e processamento dos pagamentos.
Modelo da cadeia de valor para os processos internos (KAPLAN & NORTON, 1997)
A identificação dos processos críticos por meio do desenho da cadeia de valor
permite a seleção dos indicadores de desempenho que melhor meçam os processos
críticos. Entretanto, os sistemas de contabilidade e custos tradicionais podem não
estar preparados para medir os indicadores com a visão de processos. KAPLAN &
NORTON (1997) enfatizam que, em geral, a análise de custos baseados em
atividades (ABC costing) permite que as empresas meçam o custo de processos que,
justamente com a medição da qualidade e do tempo de ciclo, oferecem parâmetros
importantes. À medida que as empresas utilizarem a melhoria contínua (como a TQM)
ou a melhoria descontínua (como a reengenharia ou o redesenho dos processos de
negócios) de processos internos importantes, os três conjuntos de medidas –
baseados em custos, qualidade e tempo – oferecerão dados que indicarão se as
metas desses programas de melhoria estão sendo alcançadas.
O quadro seguinte reúne alguns dos possíveis indicadores de desempenho que
podem ser considerados em um Balanced Scorecard na perspectiva processos
internos.
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Trabalho de Conclusão de Curso 41
Processo Tipo de medida
Medida ou Indicador
Processo de Inovação
Pesquisa básica e aplicada
Percentual de vendas gerado por novos produtos
Percentual de vendas gerado por produtos proprietários
Lançamento de novos produtos vs. concorrentes
Lançamento de novos produtos vs. Planejamento
Capacidade técnica do processo de produção
Tempo de desenvolvimento da próxima geração de produtos
Lucro operacional (5 anos) sobre custo de desenvolvimento
Desenvol-vimento de Produtos
% volume de produção com sucesso para cada subprocesso
Tempo de ciclo para cada subprocesso
Custo de cada subprocesso
Time to market (tempo de introd. de novos produtos no mercado vs. concorrentes)
Introdução de novos produtos
Tempo de equilíbrio do lançamento do produto (similar ao pay back)
Margem bruta de novos produtos
Processo de operações
Medidas de tempo
Tempo de ciclo
Alternativas para o início do ciclo:
1. o pedido do cliente é recebido
2. o pedido ou lote de produção é programado
3. as matérias-primas são solicitadas
4. as matérias-primas são recebidas
5. a produção é iniciada
Alternativas para o final do ciclo:
1. a produção é concluída
2. o pedido está pronto para o despacho
3. o pedido é despachado
4. o pedido é recebido pelo cliente
Tempo de armazenamento inicial, final e em processo
Eficácia do ciclo de produção (tempo de processamento / tempo de throughput)
Medidas de qualidade
Taxa de defeito em peças por milhão (por processo)
Índice de acerto da produção
Desperdício
Perdas
Retrabalho
Devoluções
Percentual de processos sob controle estatístico
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Trabalho de Conclusão de Curso 42
Processo Tipo de medida
Medida ou Indicador
Custo Custo de cada subprocesso (via ABC costing)
Serviço pós-venda
Tempo Tempo de ciclo solicitação do cliente até resolução final
Qualidade % de solicitações atendidas com uma visita
Custo Custo dos recursos utilizados
2.3.3.4 Perspectiva do aprendizado e crescimento
Para CAMPOS, J. (1998), os gestores, quando avaliados apenas em relação a
resultados imediatos, sentem dificuldade em justificar investimentos na capacitação
de seu pessoal, modernização dos sistemas ou melhoria dos processos. Os gastos
feitos com tais investimentos são contabilizados no período correspondente à
despesa, tornando-se alvo fácil para quem necessita alcançar resultados no curto
prazo.
A quarta e última perspectiva do Balanced scorecard desenvolve objetivos e
medidas para orientar o aprendizado e o crescimento organizacional, procurando
atenuar o problema supracitado. Os objetivos estabelecidos nas outras três
perspectivas – financeira, do cliente e dos processos internos – revelam onde a
empresa deve se destacar para obter um desempenho excepcional. Os objetivos da
perspectiva de aprendizado e crescimento oferecem a infraestrutura que possibilita a
consecução de objetivos ambiciosos nas outras três perspectivas. São os vetores de
resultados excelentes nas três primeiras perspectivas do BSC (KAPLAN & NORTON,
1997).
A habilidade de uma organização para inovar, melhorar e aprender relaciona-
se diretamente com seu valor. Em outras palavras, somente por meio de sua
habilidade para lançar novos produtos, criar mais valor para seus clientes e melhorar
sua eficiência operacional uma empresa consegue penetrar em novos mercados e
aumentar receitas e margens, crescendo e aumentando valor para o acionista
(KAPLAN & NORTON, 1996).
A elaboração do Balanced scorecard revela três categorias de objetivos para a
perspectiva aprendizado e crescimento (KAPLAN & NORTON, 1997):
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Trabalho de Conclusão de Curso 43
Capacidades dos funcionários: para KAPLAN & NORTON (1997), uma
das mudanças mais radicais no pensamento gerencial dos últimos anos foi
a transformação do papel dos funcionários. Quase todo o papel de rotina foi
automatizado: operações de produção controladas por computador
substituíram os trabalhadores por processamento mecânico e operações de
montagem padronizadas; e as empresas de serviço estão cada vez mais
permitindo o acesso direto dos clientes ao processamento de transações
por intermédio de avançados sistemas de comunicação e informação. Além
disso, fazer o mesmo trabalho repetidamente, com o mesmo nível de
eficiência, não é mais suficiente para o sucesso organizacional, dados os
crescentes níveis de competitividade exigidos pelo novo contexto mundial.
Essa mudança exige grande reciclagem dos funcionários, para que suas
mentes e capacidades criativas sejam mobilizadas no sentido dos objetivos
organizacionais.
Capacidade dos sistemas de informação: a motivação e as habilidades
dos funcionários podem ser necessárias para o alcance das metas de
superação nas perspectivas dos clientes e dos processos internos. Para que
os funcionários se desempenhem com eficácia no ambiente competitivo de
hoje, precisam de excelentes informações – sobre os clientes, os processos
internos e as consequências financeiras de suas decisões.
Motivação, empowerment e alinhamento: mesmo funcionários
habilitados, que dispõem de excelente acesso às informações, não
contribuirão para o sucesso organizacional se não forem motivados a agir
no melhor interesse da empresa, ou se não tiverem liberdade para decidir
ou agir. Por isso, o terceiro vetor dos objetivos de aprendizado e
crescimento focaliza o clima organizacional para motivação e iniciativa dos
funcionários.
O Quadro seguinte lista algumas medidas que podem ser usadas nas três
categorias supracitadas. Assim como o Quadro dos indicadores da Perspectiva de
Indicadores Internos, os indicadores não esgotam as possibilidades, pois existem
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Trabalho de Conclusão de Curso 44
diversas alternativas para sua seleção, dependendo apenas da criatividade dos
“arquitetos” do BSC.
Categoria Medida ou Indicador
Capacidade dos funcionários
Satisfação dos funcionários
Retenção dos funcionários
Produtividade por funcionário
Lucratividade por funcionário
Índice de cobertura de funções estratégicas
Tempo necessário para que os funcionários existentes atinjam os patamares de competência exigidos
Capacidade dos sistemas de informação
Índice de cobertura de informações estratégicas
Percentual de processos que oferecem feedback em tempo real sobre qualidade, tempo e custo
Percentual de funcionários que lidam diretamente com clientes e têm acesso on-line às informações referentes a eles
Motivação, empowerment e alinhamento
Número de sugestões por funcionário
Número de sugestões por funcionário implementadas
Medida da meia vida (tempo necessário para que um processo melhore 50%)
Taxa de melhorias efetivas nos processos críticos
Índice de alinhamento das metas pessoais com o BSC
Mind share da compreensão da nova visão e estratégia
Pesquisa interna sobre o desenvolvimento de equipes
Nível de ganhos compartilhados
Número de projetos integrados
Utilização do controle de perdas
Percentual de planos de negócios desenvolvidos pelas equipes
Percentual de equipes com incentivos compartilhados
Percentual de todos os projetos com participação do cliente nos ganhos
Percentual de projetos nos quais foram obtidos ganhos potenciais
Percentual de projetos com incentivos individuais de equipes vinculados ao sucesso do projeto
Fonte: adaptado de KAPLAN & NORTON, 1997
Diferentemente do que ocorre com as outras perspectivas, pode-se oferecer
um número muito menor de exemplos concretos de medidas para a perspectiva
aprendizado e crescimento: “verificamos que muitas empresas já possuem excelentes
pontos de partida no tocante a medidas específicas para os seus objetivos financeiros,
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Trabalho de Conclusão de Curso 45
dos clientes, de inovação e de processos operacionais. Mas no que se refere a
indicadores específicos relativos à habilidade dos funcionários, disponibilidade de
informações estratégicas e alinhamento organizacional, as empresas praticamente
ignoram a medição dos resultados ou dos vetores dessas capacidades. Essa lacuna
é frustrante, já que uma das metas mais importantes para a adoção do Balanced
scorecard como ferramenta de gestão e controle é promover o crescimento das
capacidades individuais e organizacionais” (KAPLAN & NORTON,1997).
Segundo esta visão, tal ausência não representa uma limitação da ferramenta.
Reflete, na realidade, o limitado progresso da maioria das empresas na vinculação de
funcionários, sistemas de informação e alinhamento organizacional aos seus objetivos
estratégicos. A abordagem sugerida é a de se usar comentários como alternativa,
quando não houver medidas desenvolvidas disponíveis.
2.4 Implantação do BSC na Ecoprime
2.4.1 Etapas de Modelagem do BSC
O processo de modelagem do Balanced Scorecard na Ecoprime será baseado
nas seguintes etapas padrão (KAPLAN & NORTON, 1997):
Etapa 1: Arquitetura do Programa de Medição
Etapa 2: Definição dos Objetivos Estratégicos
Etapa 3: Escolha e Elaboração dos Indicadores
Etapa 4: Elaboração do Plano de Implementação
2.4.1.1 Etapa 1 - Arquitetura do programa de medição
O grande objetivo desta etapa é promover uma compreensão e uma análise
crítica dos direcionadores de negócio e da visão de futuro. Um segundo objetivo é
resgatar as diretrizes estratégicas, analisando sua coerência com os direcionadores
de negócio e visão de futuro.
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Trabalho de Conclusão de Curso 46
Trata-se de um diagnóstico de fundamental importância, pois todo o trabalho
de definição de objetivos e indicadores requer insumos do planejamento estratégico.
Outro objetivo associado a essa etapa de trabalho é capacitar a equipe interna,
disponibilizada pela organização para um processo contínuo de análise da estratégia
organizacional.
Nessa etapa inicial, também devem ser realizadas as seguintes atividades:
1. Selecionar a unidade organizacional adequada: a maioria das
corporações é bastante diversificada, e a construção de um scorecard em
nível corporativo pode ser uma tarefa inicial complexa. Caso se opte por
iniciar em uma unidade de negócios, esta deve ter atividades de uma cadeia
de valores completa: inovação, operações, marketing, vendas e serviços.
Essa unidade terá seus próprios produtos e clientes, operações de
marketing e canais de distribuição e instalações de produção. Deverá ser
uma unidade onde seja relativamente fácil criar medidas agregadas de
desempenho financeiro, sem as complicações (e discussões) associadas a
alocações de custos e transferências de preços de produtos e serviços entre
unidades organizacionais.
2. Identificar as relações entre a unidade de negócios e a corporação:
definida e selecionada a unidade, o arquiteto deve analisar o
relacionamento da unidade com outras, além da estrutura divisional e
corporativa.
2.4.1.2 Etapa 2 - Definição de objetivos estratégicos
As atividades desta etapa implicam alocar os objetivos estratégicos nas quatro
dimensões do BSC, correlacionando-as entre si. Nesse processo poderão ou não
surgir lacunas no inter-relacionamento, que deverão ser eliminadas ou preenchidas a
partir de novas discussões e análises do planejamento estratégico da organização.
O intuito do Balanced scorecard é o de “contar a história da estratégia da
empresa”. As quatro dimensões apresentadas (financeira, cliente, processos internos
e aprendizagem e crescimento) se constituem suficientes para a maioria das
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Trabalho de Conclusão de Curso 47
empresas. Entretanto, em casos particulares, não só a ordem das dimensões pode
ser alterada, como também novas dimensões podem ser agregadas.
Outro ponto importante desta etapa é a necessidade de se dividir os objetivos
em grandes temas estratégicos. Para KAPLAN & NORTON (2000), os temas
estratégicos refletem a visão dos executivos quanto ao que deve ser feito
internamente para a obtenção de resultados estratégicos. Como tal, os temas
tipicamente se relacionam com os processos de negócio internos.
Para se realizar esta etapa, as seguintes atividades devem ser realizadas
(KAPLAN & NORTON, 1997):
3. Primeira série de entrevistas: o arquiteto prepara o material básico do
BSC, bem como os documentos internos sobre a visão, a missão e a
estratégia da empresa e da unidade. Esse material é fornecido a cada alto
executivo. Após a análise do material pelos executivos, devem ser
realizadas entrevistas individuais de aproximadamente 90 minutos com
cada um deles. Nelas, o arquiteto e sua equipe obtêm informações sobre os
objetivos estratégicos e as ideias preliminares da empresa para as medidas
do Balanced scorecard, abrangendo as quatro perspectivas. As entrevistas
cumprem vários objetivos importantes, alguns óbvios, outros menos
evidentes. Os objetivos explícitos são comunicar o conceito do BSC aos
executivos, responder às dúvidas que têm sobre o conceito, obter
informações iniciais sobre a estratégia organizacional e saber como isso se
traduz em objetivos e medidas para o scorecard. Os objetivos implícitos
incluem o início do processo de indução da empresa a pensar em traduzir a
estratégia e os objetivos em medidas operacionais tangíveis, conhecer
melhor as possíveis preocupações dos principais interessados em relação
ao desenvolvimento e à implementação do scorecard e identificar conflitos
potenciais entre os participantes, quer em seus pontos de vista com relação
à estratégia e aos objetivos, quer em nível pessoal ou interfuncional.
4. Sessão de síntese: realizadas todas as entrevistas, o arquiteto e outros
membros da equipe de projeto reúnem-se para discutir as respostas
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Trabalho de Conclusão de Curso 48
obtidas, destacar questões importantes e preparar uma relação preliminar
de objetivos e medidas que servirão de base para a primeira reunião com a
equipe da alta administração. O resultado da sessão de síntese deve ser
uma lista e uma classificação de objetivos nas quatro perspectivas.
5. Workshop Executivo 1: o arquiteto marca e realiza uma reunião com a
equipe da alta administração para dar início ao processo de geração de
consenso em relação ao scorecard. Durante o workshop, o arquiteto facilita
um debate de grupo sobre as declarações de missão e estratégia, até que
seja alcançado um consenso. O grupo passa, então, a responder às
perguntas referentes às quatro perspectivas de negócio (ou mais, se for o
caso) de forma sequencial. Ao final da reunião, a equipe executiva terá
identificado um número reduzido de objetivos estratégicos para cada
perspectiva, uma descrição detalhada e uma lista de indicadores potenciais.
Após a reunião, o arquiteto prepara e distribui um documento sintetizando
suas conclusões na forma do mapa estratégico.
2.4.1.3 Etapa 3 - Escolha e elaboração dos indicadores
“O objetivo essencial da seleção de indicadores específicos para o BSC é a
identificação dos indicadores que melhor comuniquem o significado da estratégia.
Como cada estratégia é única, cada scorecard deve ser único e conter vários
indicadores únicos” (KAPLAN & NORTON, 1997).
Um grande desafio na definição de indicadores-chave é estimular e
desenvolver a cultura de avaliação de desempenho estratégico. Considerando esse
grande objetivo, os indicadores deverão ser definidos em número necessário para
monitorar e avaliar a estratégia da organização. Na medida em que se consegue
monitorar esse conjunto limitado de métricas, a organização terá condições de
acrescentar novos indicadores ao longo do tempo, não recaindo no risco de definir um
conjunto incontrolável de variáveis que não poderão ser implementadas.
Nesta etapa ocorre a identificação de indicadores de tendência (indicam a
tendência de resultados futuros – ex.: investimentos em pesquisa e desenvolvimento)
e de resultado (indicam os efeitos de ações realizadas – ex.: lucro) que medem
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Trabalho de Conclusão de Curso 49
diretamente cada objetivo estratégico. KAPLAN & NORTON (2000a) recomendam a
utilização de um número limitado de métricas balanceadas de tendência e resultado a
fim de viabilizar o processo de monitoramento e controle. Outra preocupação é a
disposição balanceada desses indicadores nas quatro dimensões do Balanced
scorecard. Com base na experiência do desenvolvimento de diversos scorecards,
KAPLAN & NORTON (2000) sugerem que tenham de 20 a 25 indicadores.
SCHWARZ (2000:7) verifica em pesquisa que em empresas brasileiras não
segmentadas por unidades de negócio, o número de indicadores é ligeiramente maior
do que tal recomendação.
Para cada indicador definido, mapeia-se sua origem de dados, ou seja, quais
entidades da organização serão responsáveis pelo fornecimento de informações
associadas a cada métrica. A etapa em questão também objetiva a definição de planos
de implementação para indicadores cujos dados ainda não existem na organização.
É necessário, nesta etapa, que cada indicador seja detalhadamente descrito para que
sua medição siga um critério único e padronizado ao longo do tempo. Como atributos
do detalhamento, destacam-se nome, descrição do indicador, escalas, benchmarks,
frequência de mensuração, polaridade (maior-melhor, maior-pior), fonte de dados,
responsável pela mensuração e outros.
Esta etapa compreende as seguintes atividades:
6. Reuniões com subgrupos: o arquiteto trabalhará com subgrupos
individuais durante várias reuniões para:
a. Refinar a descrição dos objetivos estratégicos, de acordo com as
intenções expressas no primeiro workshop executivo.
b. Para cada objetivo, identificar o indicador ou indicadores que melhor
captam e comunicam sua intenção
c. Para cada indicador proposto, realizar seu detalhamento e identificar
as fontes das informações necessárias e as ações para tornar essas
informações acessíveis.
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Trabalho de Conclusão de Curso 50
d. Para cada perspectiva, identificar as relações críticas entre seus
indicadores, bem como entre ela e as outras perspectivas do
scorecard.
7. Workshop Executivo 2: um segundo workshop, envolvendo a equipe da
alta administração, seus subordinados diretos e um maior número de
gerentes de nível médio, debate a visão, a estratégia e os objetivos e
indicadores experimentais da organização para o BSC. O resultado dos
subgrupos deve ser apresentado pelos executivos integrantes dos mesmos,
nunca pelo arquiteto ou por consultores internos ou externos. As
apresentações ajudarão a criar a sensação de “posse” dos objetivos e
indicadores e comprometimento com todo o processo de desenvolvimento
do BSC. Os participantes, numa sessão plenária ou em grupos de trabalho,
comentam os indicadores propostos e começam a desenvolver um plano de
implementação.
2.4.1.4 Etapa 4 - Elaboração do plano de implementação
Uma vez definidos os indicadores associados aos diferentes objetivos
estratégicos, definem-se metas, planos de ação e responsáveis, a fim de direcionar a
implementação da estratégia. Como atividade final, priorizam-se esses projetos e
planos de ação no tempo, de acordo com a disponibilidade de recursos existentes
para a operacionalização dos mesmos. Essa priorização facilita o monitoramento e
controle dos projetos.
Nesta etapa também é definido todo o processo de monitoramento e controle
da estratégia da organização, incluindo-se a definição da frequência de realização de
reuniões de cúpula, os procedimentos para a comunicação de correções de rumo e
redefinições estratégicas, os mecanismos para automatizar a coleta de dados e a
visualização dos indicadores ao longo do tempo (para esta finalidade, pode-se lançar
mão de softwares específicos, concebidos de acordo com o conceito do BSC) e o
desdobramento do Balanced scorecard em níveis tático e operacional.
Para esta etapa, as seguintes atividades são necessárias:
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Trabalho de Conclusão de Curso 51
8. Desenvolver o plano de implementação: Uma nova equipe, em geral
composta pelos líderes de cada subgrupo, formalizará as metas de
superação e desenvolverá um plano de implementação para o Balanced
scorecard. Esse plano deve incluir a maneira como os indicadores se ligam
aos bancos de dados e sistemas de informação, comunicando o BSC a toda
a organização e incentivando e facilitando o desenvolvimento de métricas
de segundo nível para as unidades descentralizadas.
9. Workshop Executivo 3: A equipe executiva reunir-se-á uma terceira vez
para chegar à decisão final sobre a visão, os objetivos e indicadores
desenvolvidos nos dois primeiros workshops, e para validar as metas de
superação propostas pela equipe de implementação. O workshop executivo
também identificará programas de ação preliminares para alcançar as
metas. Esse processo normalmente termina com o alinhamento das várias
iniciativas de mudanças da unidade aos objetivos, indicadores e metas do
BSC. Até o final do workshop, a equipe executiva deverá chegar a um
acordo em relação a um programa de implementação que terá por objetivo
comunicar o BSC aos funcionários, integrá-lo à filosofia gerencial e
desenvolver um sistema de informações que o sustente.
10. Finalizar o plano de implementação: “Para criar valor, o Balanced
scorecard deve ser integrado ao sistema gerencial da organização.
Recomendamos que os executivos comecem a utilizá-lo no prazo de 60
dias. É óbvio que um plano de implementação progressiva precisará ser
desenvolvido, mas podemos utilizar as ‘melhores informações disponíveis’
no intuito de focalizar a ação gerencial sobre as prioridades do scorecard.
Com o tempo, os sistemas de informações gerenciais serão ajustados ao
processo” (KAPLAN & NORTON, 1997).
2.4.2 Calendário de Execução
O projeto de introdução do scorecard poderá durar 16 semanas. Nem todo esse
tempo será ocupado com as atividades do scorecard. O cronograma será, em grande
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Trabalho de Conclusão de Curso 52
parte, determinado pela disponibilidade dos executivos para entrevistas, workshops e
reuniões de subgrupos (KAPLAN & NORTON, 1997).
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Atividades
I. Arquitetura do programa de medição
1. Escolha da unidade organizacional
2. Identif. relações entre a unidade e a corporação
II. Definição dos objetivos estratégicos
3. Entrevistas da primeira etapa
4. Sessão de síntese
5. Workshop Executivo: primeira etapa
III. Escolha dos indicadores estratégicos
6. Reuniões dos subgrupos
7. Workshop Executivo: segunda etapa
IV. Elaboração do Plano de Implementação
8. Desenvolvimento do plano de implementação
9. Workshop Executivo: terceira etapa
10. Finalização do Plano de implementação
Cronograma típico para o balanced scorecard (KAPLAN & NORTON, 1997:323)
Ao final do cronograma do projeto, os executivos e gerentes da unidade de
negócios deverão ter esclarecido e chegado a um consenso em relação à tradução
da estratégia em objetivos e indicadores específicos para as quatro perspectivas,
definidas em um plano de implantação destinado a consolidar o scorecard, incluindo,
talvez, novos sistemas e responsabilidades para a captação e comunicação de seus
dados, além de terem compreendido bem os processos gerenciais que serão
alterados em consequência da posição central que os indicadores do BSC passaram
a ocupar nos sistemas gerenciais da organização (KAPLAN & NORTON, 1997).
2.4.3 Aspectos críticos na implementação do BSC
De acordo com Kaplan e Norton (2000), Mercer (1999) e Schneiderman (1999),
diversas empresas encontraram dificuldades na implementação do BSC, com o uso
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Trabalho de Conclusão de Curso 53
significativo de recursos humanos e financeiros, sem os resultados desejados. Kaplan
(1999) anuncia que "desenvolver e implementar um sistema de gerenciamento BSC
numa empresa não é uma iniciativa das mais simples". Para melhor entender a
complexidade apontada por Kaplan, este capítulo procura conjugar as principais
dificuldades encontradas em termos globais, conforme a revisão de literatura, para
criar e compor um guia para o desenvolvimento da pesquisa.
Um dos problemas mais comuns diz respeito ao envolvimento do gerente nível
sênior, a partir do momento em que os executivos passam a delegar toda a estratégia
do processo de implementação ao nível hierárquico intermediário. Kaplan (1999)
argumenta que estes gerentes intermediários podem não estar preparados para
entender a estratégia nem o projeto do BSC como um todo, não tendo nem a
autoridade nem o conhecimento dos processos necessários para o sucesso da
implementação. Estes autores também se referem ao comprometimento da gerência
como fator tão importante como conhecimento e autoridade. Além disso, Kaplan
(1999) enfatiza que a posição da alta administração deve ser a de dividir funções e
responsabilidades, de forma a evitar o isolamento durante a implementação do BSC.
Kaplan (1999) diz, "O resultado final desta autoconfiança excessiva é que os
processos de tomada de decisão, em níveis superiores, não mudam". Ele também
destaca o ponto de vista de Norton a respeito da divisão de responsabilidades: "tirar
a estratégia da mão de 10 e passar para 10 mil" (Kaplan, 1999). Para alcançar o
propósito da empresa como um todo, Kaplan (1999) sugere atribuir os scorecards da
empresa gradualmente, distribuindo o esforço da implementação e também ajustando
e refinando os objetivos e necessidades em todos os setores da empresa.
Segundo Kaplan (1999), uma parte significativa do conjunto total de medidas
do BSC não está disponível nos primeiros meses de implementação do processo. No
entanto, isto não deve ser considerado um verdadeiro problema. Porém, em vez de
se deter em detalhes sem fim em busca de um começo perfeito, as empresas
deveriam começar pela utilização de medidas de BSC e promover uma contínua
melhoria para esta abordagem. Kaplan (1999) afirma: "o scorecard não é um evento
único - é um processo de gerenciamento contínuo." Carvalho e Laurindo (2003)
alertam ainda que a implementação do BSC anda junto com o gerenciamento por
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Trabalho de Conclusão de Curso 54
processos, se a empresa ainda não mapeou seus processos críticos, vai demorar para
estabelecer as métricas nesta perspectiva.
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Trabalho de Conclusão de Curso 55
3 CONCLUSÃO
O Balanced Score Card (BSC) foi criado para solucionar o problema de
comunicação do planejamento da empresa como um todo, visando utilizar uma visão
holística da administração em benefício do seu planejamento estratégico. Foi
escolhido pela Harvard Business Review como uma das práticas de gestão mais
importantes e revolucionárias dos últimos 75 anos, revelando-se uma ferramenta
capaz de atender às necessidades de gerenciamento em cenários econômicos em
constante mutação.
O BSC permite olhar para os indicadores que realmente importam, aqueles que
apoiam a construção da vantagem competitiva e que contribuem para eliminar a falha
relatada por Niven (2008): “92% das empresas não reportam indicadores relevantes
sobre o seu desempenho”. O BSC permite também discutir o desempenho relatado
pelos indicadores e analisar as opções para melhorar esse desempenho, contribuindo
para eliminar uma outra falha relatada por Niven (2008): “85% das equipas de gestão
gastam menos de 1 hora por mês a discutir a estratégia”.
O BSC, de acordo com Campos (2001), não traz qualquer conceito novo, mas
repensa temas antigos, chamando a atenção para pontos que estavam esquecidos
ou mal compreendidos, mostrando a vinculação entre pontos vitais que não estavam
claramente articulados. Assim, as indicações deste texto deverão ser entendidas
como passo para uma jornada plena de aprimoramento na arte de administrar.
O processo de elaboração de um BSC deve ser desenvolvido de acordo com
as características de cada organização. Não existe uma sequência padrão, devendo
ser adaptada conforme a aplicação, e assim também deve ser o caso da implantação
do BSC na Ecoprime.
Espera-se que o BSC venha a fazer parte das ferramentas utilizadas pelos
próximos Diretores da Ecoprime para gerirem de maneira eficiente a empresa e para
continuarem a construir uma organização de grande sucesso.
Page 56
Trabalho de Conclusão de Curso 56
4 BIBLIOGRAFIA
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Trabalho de Conclusão de Curso 58
5 APÊNDICES
5.1 APÊNDICE 1: Ambiente de negócios
Nesta seção, é apresentada uma visão geral do simulador SDE e sua dinâmica.
São apresentadas os recursos disponíveis e as regras gerais de funcionamento do
mercado, do modelo do negócio, as variáveis de decisão envolvidas e os critérios de
avaliação de desempenho utilizados.
5.1.1 Introdução
O SDE simula um oligopólio de 7 empresas que competem entre si por
aproximadamente 2 anos (8 trimestres), explorando 3 regiões com um produto
inovador, o ECO SOLAR – Economizador Solar de Energia.
A direção de cada uma dessas empresas é assumida por um grupo de diretores
que irão competir tomando decisões estratégicas e táticas.
No início, após diagnóstico do ambiente de negócios, as empresas definem
objetivos econômicos e de mercado, para o longo prazo (visão de futuro da empresa),
sendo vencedora a que mais se aproximar dos objetivos estabelecidos.
Todas as empresas iniciam em condições idênticas e recebem dos investidores
o projeto do ECO SOLAR – Economizador Solar de Energia e um capital inicial. O
produto foi desenvolvido por um cientista que, após pesquisar o mercado com um
protótipo, concedeu a investidores o direito de exploração. Fundos de investimentos
capitalizaram as empresas igualmente, com $2.500.000,00, investimento mínimo
estabelecido pelo cientista concedente do direito de exploração.
No ambiente da indústria do SDE as empresas irão produzir e vender o ECO
SOLAR. É uma inovação, um bem de consumo durável, e será o único produto
produzido pelas empresas. A versão original do ECO SOLAR, nível 1 de qualidade,
está disponível na área de produção. No desenvolvimento do cristalino que possibilita
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Trabalho de Conclusão de Curso 59
projeto, o pesquisador descobriu um novo semicondutor produzir células fotovoltaicas
mais eficientes que as tradicionais baseadas no silício e cádmio, superior até mesmo
às de segunda geração baseadas em arsenieto de gálio. A partir dessa nova célula, o
pesquisador desenvolveu o ECO SOLAR, constituído de mini painel solar, transdutor
e bateria, montado em gabinete de fibra. Além do baixíssimo custo dos materiais
utilizados, duas propriedades caracterizam a inovação: a acumulação eficiente de
energia solar e o compartilhamento simultâneo da rede elétrica. Tais propriedades
resultaram numa aplicação muito interessante do ECO SOLAR como utilidade
doméstica. Ele é, basicamente, um redutor do consumo de energia elétrica quando
conectado entre a tomada elétrica e qualquer aparelho elétrico.
Com dinâmica característica, o SDE, através dos relatórios gerenciais
projetados, permite a análise de sensibilidade dos resultados econômicos e
financeiros aos diferentes planos de decisões. Após o término dos ciclos trimestrais é
possível verificar os resultados reais da empresa em seus relatórios confidenciais e
avaliar como está evoluindo a estratégia em direção aos objetivos de longo prazo.
5.1.2 Dinâmica do Jogo
Com as empresas iniciando em condições idênticas em termos de capital e de
projeto do único produto que irão produzir e vender, o jogo evolui através de 4 etapas:
1. Preparação: Apresentação do jogo e do modelo do negócio.
2. Planejamento: Elaboração do planejamento em três fases: diagnóstico,
macro estratégia e estratégias funcionais. Projeta a empresa para 2 anos
de operação, avaliando o retorno potencial da estratégia frente às
expectativas dos fundos investidores.
3. Implementação: Implementação da estratégia planejada, em ciclos
sucessivos de decisões e resultados que representam trimestres,
considerando os relatórios de resultados, as notícias disponíveis e
promovendo os ajustes necessários.
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Trabalho de Conclusão de Curso 60
4. Avaliação: Ao final da simulação, a avaliação qualitativa do
desempenho permite compreender os conceitos envolvidos, os acertos
e os erros da estratégia. A avaliação quantitativa dos resultados
apresenta a pontuação e ranking das empresas.
Para vencer, a direção da empresa deve tomar decisões consistentes, em
ciclos trimestrais, que conduzam a empresa para os objetivos estratégicos
estabelecidos na visão de futuro da empresa, no início da simulação. A ideia central é
maximizar o desempenho da empresa, relativamente aos concorrentes,
especialmente nos objetivos prioritários.
São 21 decisões empresariais, de curto, médio e longo prazo, distribuídas em
5 áreas: Estratégia; Produção; Marketing; Pessoas e Finanças. Algumas decisões são
tomadas uma única vez, no início da simulação, e outras podem ser tomadas em todos
os períodos. Seguem, agrupadas por área funcional, as descrições da natureza de
cada decisão. Exceto a visão, na área de estratégia, os detalhes de cada área de
decisão serão apresentados no Modelo do Negócio.
Área Decisão
Estratégia Missão Razão de existir da empresa e deve ser definida pela
equipe de diretores no planejamento.
Visão A abordagem estratégica utilizada na simulação é a
do planejamento com dois conjuntos de decisões: as
decisões-fins e as decisões-meios. Os fins
constituem os objetivos de longo prazo e os meios
as políticas que conduzirão a empresa para os fins
estabelecidos.
Capacidade Inicial 54
Localização Região de mercado escolhida pela empresa (1, 2
ou 3) para instalação da única fábrica autorizada
pelos investidores.
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Trabalho de Conclusão de Curso 61
Área Decisão
Expansão de
Capacidade
Adicional de capacidade que deseja incorporar a
partir do trimestre seguinte. Deve respeitar o lote
mínimo de 500 unidades e o máximo de 30.000
unidades.
Produção Compra de Matéria
Prima
Pedido de compra de matéria prima, em unidades,
para ser recebida no período seguinte e utilizada
na produção.
Programação de
Produção
Quantidade de ECO SOLAR que deseja produzir
no período seguinte.
Marketing Pesquisa &
Desenvolvimento
Valor investido em P&D no período para tentar
obter melhoramentos no produto.
Propaganda Gastos opcionais por região de mercado e por
trimestre.
Preço de Venda Preço que a empresa deseja praticar no período,
podendo ser diferente por região e por período.
Distribuição de
Vendedores
Distribuição dos vendedores disponíveis pelas
regiões de mercado que a empresa deseja atuar.
Previsão de
Vendas
Previsão das unidades que a empresa espera
vender nas regiões de mercado, considerando o
estoque disponível, a demanda projetada para o
período, o mix de marketing implementado e o
provável marketing da concorrência.
Ordem de Entrega Estabelece em que ordem os mercados regionais
devem ser atendidos quando a disponibilidade de
ECO SOLAR não é suficiente para atender,
plenamente, a demanda das regiões.
Pessoas Contratação de
Operários
Número de operários contratados e treinados no
período.
Contratação de
vendedores
Número de vendedores contratados e treinados no
período.
Demissão de
Operários
Número de operários demitidos pela empresa no
período.
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Trabalho de Conclusão de Curso 62
Área Decisão
Demissão de
Vendedores
Número de vendedores demitidos pela empresa no
período.
Comissão de
Vendedores
Taxa percentual sobre a receita de vendas que
deve ser paga aos vendedores a título de
comissionamento.
Finanças Aplicação
Financeira
Valor investido no banco, ao longo do período em
curso, que volta acrescido dos juros para o caixa
da empresa, automaticamente, no período
seguinte.
Empréstimos Valor tomado junto ao banco, ao longo do período
em curso, que é devolvido pela empresa,
automaticamente no período seguinte. Os juros
também são automaticamente pagos pela empresa
no período seguinte. Há também os Empréstimos
Automáticos que, na prática, não é uma decisão da
empresa. Quando o fluxo de caixa resulta
deficitário em determinado período, o banco
automaticamente cobrirá o "rombo de caixa".
Factoring Valor em duplicatas a receber que a empresa
deseja vender para factoring. Trata-se de uma
alternativa ao empréstimo com taxa de mas, com
juros pagos no próprio período da operação.
Dentro desta abordagem, a Visão corresponde às decisões-fins. São dois
conjuntos de objetivos de longo prazo: um compreende 6 objetivos, 3 econômicos e 3
de mercado, em relação aos quais a empresa estabelece prioridades através da
atribuição de pesos; o outro é constituído de três indicadores gerais de desempenho
que possuem o mesmo peso para todas as empresas.
Na tabela a seguir, são apresentados os objetivos, os pesos atribuíveis e quais
os critérios utilizados na avaliação quantitativa (Ranking) do desempenho das
empresas.
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Trabalho de Conclusão de Curso 63
OBJETIVOS
PESO
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
DE MERCADO
12 a 18
Liderança de mercado na região 1 2 a 8 Média da parcela de mercado (últimos 4 períodos).
Liderança de mercado na região 2 2 a 8
Liderança de mercado na região 3 2 a 8
ECONÔMICOS E FINANCEIROS
12 a 18
Liderança em faturamento 2 a 8 Acumulado da receita de vendas de toda simulação.
Liderança em lucratividade das
vendas
2 a 8 Lucratividade final lucro líquido/receita de vendas.
Liderança em crescimento do
património
2 a 8 O valor do patrimônio líquido no final da simulação.
SUBTOTAL 30
INDICADORES DE EXCELÊNCIA 15 (PESOS IGUAIS PARA TODAS AS EMPRESAS)
Liderança em liquidez corrente 5 Ativo circulante/passivo circulante, balanço final.
Liderança em grau de
endividamento
5 Percentagem do passivo sobre o ativo total.
Liderança em qualidade das
previsões
5 Diferença acumulada - previsões e vendas reais.
TOTAL GERAL DE PESOS
45
O total de pesos atribuíveis na etapa de planejamento é igual a 30 e poderão
ser alterados sem penalidade nos períodos 1 e 2. Com penalidade (reduzindo o total
de pesos de 30 para 28) apenas no período 6. Os pesos serão a base de avaliação
da empresa no final da simulação.
5.1.3 Modelo de Negócio – Características do Mercado
Regiões
O mercado tem três regiões com características diferentes, que recebem visitas
de vendedores próprios das empresas:
Região 1: Tem a menor população comparada às demais, o que resulta
em menor quantidade comprada, entretanto, é a região que possui a
maior renda "per capita".
Page 64
Trabalho de Conclusão de Curso 64
Região 2: No que diz respeito ao tamanho e a renda da população, a
região pode ser considerada intermediária em relação às demais.
Região 3: Possui a maior população, porém com renda média mais
baixa em relação às demais regiões. A alta densidade demográfica,
mesmo com renda mais baixa, acaba por gerar grande demanda
quantitativa.
Demanda
As regiões de mercado também são diferentes em relação ao perfil da
demanda. Pesquisa realizada nos 4 trimestres do ano anterior mostrou o potencial do
mercado global e das regiões em particular, conforme quadro a seguir:
DEMANDA GLOBAL - Pesquisa ano anterior
Trimestre 1º 2º 3º 4º
Região 1 22.050 23.660 22.190 22.540
Região 2 42.630 60.620 57.890 38.920
Região 3 45.220 70.070 66.920 54.110
TOTAL 109.900 154.350 147.000 115.570
A demanda trimestral na região 1 é menor que as demais regiões, porém, mais
estável. Na região 2, a demanda pode ser considerada média em relação às demais.
Há uma variação sazonal, com volumes maiores nos trimestres 2 e 3. Finalmente,
com a maior demanda entre as três regiões do mercado global, a região 3 tem a
mesma sazonalidade verificada na 2, em alta nos trimestres 2 e 3, porém, um pouco
mais acentuada.
Os números apresentados pela pesquisa nos trimestres do ano anterior, para
as regiões e para o mercado global se aproximam da projeção para o primeiro ano de
vida das empresas. Esta é a demanda global a ser disputada pelo conjunto das
empresas que compõem o oligopólio do SDE.
A demanda captada pela pesquisa irá variar ao longo do tempo em função do
mix de marketing praticado pelas empresas. Caso, na média da indústria, os
investimentos em marketing forem fracos, a demanda tenderá a cair. Ao contrário, se
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Trabalho de Conclusão de Curso 65
forem fortes, a demanda irá subir. Além disso, há também uma oscilação conjuntural
aleatória que poderá afetar a demanda, entre -1,5% e 1,5%.
A empresa que, por superdimensionamento de seu mix de marketing e/ou por
insuficiência de produção, deixar de atender aos pedidos obtidos, terá perda de
lealdade de clientes com redução da demanda futura.
Preço de Venda
A partir do 4º período, quando as vendas começam, as empresas deverão
decidir os preços de venda para cada região onde desejam atuar. Os preços podem
ser diferentes para cada uma das regiões e podem ser modificados a cada período,
conforme a conveniência estratégica para a empresa.
A demanda apresentada na pesquisa considera um preço do ECO SOLAR de
aproximadamente $ 110,00, valor que o mercado estaria disposto a pagar. Porém, são
as empresas que determinam o preço em cada região.
As regiões podem ser mais ou menos sensíveis a preço. Preços muito altos,
que excedam 25% acima do preço médio do mercado, provocam queda significativa
na demanda (o preço médio do mercado poderá ser ajustado pelo preço médio
anterior quando houver preços absurdamente altos ou apenas uma empresa na
região).
Preços mais baixos continuam atraindo crescentemente maior demanda, pois
a qualidade do produto está assegurada pelo seu projeto original. Esta atração
crescente tem um limite quando preços excessivamente baixos geram desconfiança
e o mercado para de comprar da empresa.
Os preços percebidos pelo mercado têm efeito intertemporal. Os preços
decididos no período da venda exercem o maior efeito, porém, os preços do período
anterior exercem o efeito memória e também influenciam a decisão de compra dos
clientes.
Page 66
Trabalho de Conclusão de Curso 66
Propaganda
O mercado de propaganda irá atender as empresas com campanhas por região
de mercado. Uma campanha para o ECO SOLAR custará inicialmente de $ 3.000,00
a $ 27.000,00. Esses limites são por região e por trimestre.
No período em que é contratada a campanha de propaganda, para uma
determinada região, apenas o projeto e a aprovação das peças publicitárias ocorrem.
Nenhum efeito nas vendas poderá ser esperado. Embora a propaganda apresente um
efeito parcial no período seguinte, o efeito pleno nas vendas ocorre 2 períodos após
o investimento, desaparecendo em seguida.
Vendedores
As vendas são efetuadas com vendedores próprios. Em todos os períodos, a
partir do 4º, sua empresa deverá distribuir os "vendedores disponíveis" nas regiões de
mercado.
Para vender em qualquer região do mercado, a empresa deverá alocar pelo
menos 1 vendedor, senão, nada venderá. Naturalmente, desconsiderando-se os
demais fatores de marketing, quanto maior o número de vendedores maior demanda
poderá ser atraída. Entretanto, isso tem um limite, pois, a partir de um determinado
número de vendedores o mercado ficará saturado. Para o conjunto das empresas do
oligopólio, o limite máximo eficaz de vendedores no mercado é dado pela relação
1/480, ou seja, 1 vendedor para aproximadamente 480 unidades de ECO SOLAR
demandadas. Porém, a venda real de cada vendedor dependerá do tamanho da sua
equipe de vendas e do mix de marketing em cada região de mercado.
Além da quantidade, a motivação dos vendedores também interfere no volume
de vendas. Portanto, uma decisão relevante está relacionada a taxa de
comissionamento a ser paga sobre o faturamento da empresa.
Há possibilidade de vendedores demitirem-se, especialmente quando a
empresa perde vendas por falta de estoques. O vendedor que se demitir permanecerá
atuando ainda naquele período, podendo, a empresa, contratar e treinar seu substituto
enquanto ele cumpre o aviso prévio. Caso a empresa resolva demitir vendedores,
Page 67
Trabalho de Conclusão de Curso 67
poderá fazê-lo. Os demitidos cumprem o aviso prévio e não mais estarão disponíveis
no período seguinte.
Transportes
O custo de transporte é diferente para cada trecho entre as regiões. A empresa
não pagará transportes para as unidades vendidas na região onde está instalada a
fábrica. Os custos logísticos poderão se alterar ao longo do tempo e, se isso
acontecer, serão informados no SDENEWS.
Distribuição
Eventuais faltas de estoque de produtos acabados podem resultar em não
atendimento da demanda nas regiões de mercado. Neste caso, a distribuição dos
estoques disponíveis poderá ser proporcional às demandas regionais ou atender a
uma ordem específica de distribuição, segundo decisão da empresa, na área de
Marketing.
5.1.4 Modelo de Negócio – Características do Processo e
do Produto
Para produzir o ECO SOLAR, as empresas do SDE construirão apenas 1
fábrica. A tecnologia de processo é inovadora e um único fornecedor de instalações
está habilitado e será contratado pelas empresas do setor.
Fábrica
As decisões da localização e da capacidade inicial de fabricação são as únicas
decisões obrigatórias e implementadas no 1º trimestre.
A fábrica será instalada em uma das regiões do mercado (1, 2 e 3) com
capacidade de produção mínima para 2.000 unidades e a máxima autorizada é de
30.000 unidades/trimestre, instaladas em módulos capazes de produzir 500 unidades
de ECO SOLAR.
Page 68
Trabalho de Conclusão de Curso 68
O investimento para cada unidade de capacidade instalada custa $ 35,00,
pagos em três períodos sucessivos, a partir do 1º período, em parcelas de 50%, 25%
e 25% do valor investido, respectivamente, sem incidência de juros.
Expansões
A fábrica entra em operação no 3º trimestre, mas, a partir do 2º período
expansões podem ser feitas para aumentar a capacidade de produção. As expansões
efetuadas em um período entram em operação no período seguinte. As expansões
devem observar os módulos mínimos de 500 unidades e o máximo final de 30.000
unidades. O prazo de pagamento das expansões é diferente, a empresa irá
desembolsar 50% no período da decisão e 50% no período seguinte. Não há perda
de capacidade real de produção, apenas a depreciação contábil que será de 2,5% ao
trimestre.
Programação da produção
A partir do segundo período, a produção deverá ser programada. A produção é
processada no período seguinte a programação e os produtos estarão disponíveis
para venda dois períodos após a programação. O lead time da produção é
relativamente longo. Num período programa- se a produção e compra-se a matéria
prima; no período seguinte, realiza-se a produção; e no outro os produtos estarão
disponíveis para a venda.
Compras de matéria prima
Para produzir 1 unidade de ECO SOLAR são necessárias 3 unidades/kits da
matéria prima básica. O custo por unidade de matéria prima básica é de $ 10,00, no
primeiro período. Para os demais períodos, o preço da MP dependerá das forças de
mercado. O preço anunciado pelo fornecedor é válido para todas as regiões de
mercado.
O pagamento da matéria prima comprada será em três parcelas: 20% - 40% -
40%. A primeira parcela é paga antecipadamente no momento do pedido, a segunda,
no período seguinte quando a empresa recebe a matéria prima e a terceira, dois
períodos a após o pedido.
Page 69
Trabalho de Conclusão de Curso 69
Almoxarifado
A empresa poderá optar por manter estoques de segurança ou praticar o just-
in-time. Estoques de MP parados no almoxarifado tem custo de armazenagem de $
1,50 por unidade. A matéria prima básica utilizada na produção entra na fórmula de
cálculo do custo do produto pelo custo médio unitário do estoque consumido.
Fornecedor
Um fornecedor único e monopolista abastece as empresas do SDE com a
matéria prima básica. Parte do que ele oferta vem do mercado externo e outra parte
é produzida internamente no País.
A oferta total de matéria prima básica regular ao trimestre, que deverá ser
mantida em médio prazo, é de 420.000 unidades, uma média de 60.000 por empresa.
Quando a oferta for insuficiente em relação a demanda global das empresas, a
entrega será proporcional aos pedidos.
O fornecedor exige pedido antecipado, para entregar a matéria prima no
período seguinte, quando a empresa poderá utilizar na produção. Portanto, a compra
de matéria prima deve ser realizada no máximo até o 2º período, para receber no 3º
e iniciar a produção do primeiro lote de ECO SOLAR. O pedido máximo que o
fornecedor aceitará é o correspondente a duas vezes a necessidade da empresa.
Operários
Cada unidade produzida de ECO SOLAR utiliza 1,5 horas de Mão-de-Obra
Direta (MOD). A MOD padrão será contratada e demitida pela área de gestão de
Pessoas e um operário típico trabalhará 480 horas ao trimestre. Os operários são
contratados e treinados no período 2 e iniciam a produção no período 3.
Custo de produção
O custeio da produção é o custeio direto. Entram no custo do produto apenas
os custos variáveis, a matéria-prima básica (3 unidades) e a MOD (1,5 horas).
Page 70
Trabalho de Conclusão de Curso 70
O custo fixo de produção trimestral é contabilizado como despesa do exercício,
a partir do 3º trimestre, indiferentemente ao volume efetivamente produzido, variando
conforme a capacidade de produção como mostrado na tabela a seguir.
As unidades programadas para produção no período anterior são processadas,
transferidas para o depósito e vendidas no período atual. Estoques remanescentes
permanecem no depósito para venda no período seguinte.
Depósito
O estoque de produtos acabados, que fica no depósito, disponível para venda,
não acarreta custos de armazenagem. Quando ocorre a venda, as unidades são
deduzidas do estoque e contabilizadas no resultado do período pelo custo médio
ponderado.
Pesquisa e Desenvolvimento
Todas as empresas iniciam com o projeto do ECO SOLAR com a qualidade
básica, nível 1. Com investimentos em P&D poderão incrementar a qualidade até o
nível 6. O progresso pode ocorrer 1 nível de cada vez e depende do investimento feito
pela empresa e de um resultado aleatório que representará a criatividade e a sorte da
empresa em seus projetos de P&D.
Cada nível de qualidade contribui para o aumento de atratividade no mercado.
Quando há avanço, o melhoramento é incorporado a todas as unidades disponíveis
no depósito. A partir daí, a empresa pode iniciar novo ciclo de acumulação de
investimentos para obter o próximo melhoramento e assim sucessivamente.
A empresa poderá investir quanto desejar. Como referência, investimentos
acumulados de $12.000,00, em determinado período, representam 5% da
probabilidade de conseguir um melhoramento no produto. Outra referência, quando
os investimentos acumulados atingem $102.000,00, as chances passam para 51%.
Portanto, quanto maior o investimento maior a chance de melhorar a qualidade.
Page 71
Trabalho de Conclusão de Curso 71
5.1.5 Modelo de Negócio – Pessoas
A área de gestão de pessoas é responsável pela admissão, treinamento e
demissão de operários e vendedores. Também nesta área, a empresa decide quanto
deve pagar de comissão aos vendedores. Todas as decisões devem ser tomadas de
maneira articulada com as estratégias de produção e marketing. Todos os gastos com
operários e vendedores incorridos, como contratação, treinamento, salários,
comissões e demissões, entram no cálculo dos resultados (DRE) do próprio período,
mas, são pagos (Fluxo de Caixa) no período seguinte.
Operários
O número de operários deve ser decidido na área de produção, levando-se em
conta a estratégia e volume de produção programado, além do coeficiente técnico de
uso da MOD (1,5 horas de MOD para cada unidade de ECO SOLAR). Seguem os
parâmetros para as decisões relativas aos operários:
Vendedores
Um período antes de ir a campo, os vendedores deverão ser admitidos e
treinados. A equipe de vendas deve ser dimensionada conforme a estratégia de
marketing e os parâmetros de eficácia dos vendedores. Seguem os parâmetros para
as decisões relativas aos vendedores:
O custo de contratação e treinamento de cada vendedor é $ 4.500,00 incluindo
os salários do trimestre. A partir do período seguinte, cada vendedor receberá um
salário de $ 4.300,00 por trimestre.
Além do salário, os vendedores também recebem comissão sobre vendas.
Como pode ser observado na tabela, o piso da comissão estabelecido em convenção
coletiva é de 2% e a taxa máxima que poderá ser paga pela empresa é de 5%.
Demissões implicarão em custos de "recolocação" de $ 3.500,00. Os demitidos
permanecem em aviso prévio no período da demissão.
Variações nos parâmetros relativos aos vendedores, se houver, serão
informados pela Central de informações do SDE.
Page 72
Trabalho de Conclusão de Curso 72
5.1.6 Modelo de Negócio – Finanças
Destaca-se que controles financeiros são fundamentais para uma boa gestão
empresarial. As projeções do fluxo econômico, representado pela DRE, e do
financeiro, pelo fluxo de caixa, associadas a processos de decisão adequados sobre
as alternativas de financiamento das operações, são indispensáveis para assegurar
níveis de rentabilidade satisfatórios.
A empresa financia suas operações com o capital disponível, receitas de venda
e operações no mercado financeiro.
Recebimento de vendas
A empresa pode vender, em determinado período, o eventual estoque
remanescente do período anterior mais a quantidade de ECO SOLAR que foi
processada no período anterior.
Os valores relativos às vendas realizadas serão recebidos com o seguinte fluxo:
50% no próprio período da venda, 30% no período seguinte e 20% posteriores ao da
venda.
A quantidade de ECO SOLAR vendida será conhecida quando da virada para
o período seguinte.
Empréstimos
Há o empréstimo de curto prazo, que pode ser obtido com taxa de 7% ao
trimestre. O limite de crédito é de 50% do valor do patrimônio líquido do período
anterior. Há, também, o empréstimo rotativo automático, previamente contratado, que
não possui limite de crédito.
Sempre que a empresa “estourar” o caixa, receberá automaticamente um
crédito rotativo. Neste caso, o crédito corresponderá ao valor do caixa descoberto e,
considerando cláusula contratual existente, será acrescido de $15.000,00 para
compor um caixa mínimo operacional positivo. O saldo de caixa mínimo operacional
de $15.000,00 é obrigatório apenas quando a empresa fica com o caixa descoberto e
utiliza o crédito automático. A taxa para esta operação é de 11% por trimestre.
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Trabalho de Conclusão de Curso 73
Quaisquer dos empréstimos obtidos em um período são automaticamente
debitados no período seguinte, acrescidos dos juros. As informações sobre taxas de
juros estarão disponíveis em todos os períodos na coluna de indicadores do
SDENEWS.
Factoring de duplicatas a receber
Quando a empresa enfrentar dificuldades de caixa, as "contas a receber no
próximo período", poderão ser negociadas através do "factoring". Na prática, isto
significa antecipar em um período o recebimento das duplicatas.
Entretanto, sobre o valor de face das duplicatas negociadas, a empresa pagará
a taxa de deságio de 8%. Ou seja, recebe líquido, no próprio período de decisão, 92%
do valor das duplicatas.
Aplicações financeiras
Quando o fluxo de caixa projetado apresentar superávit, a empresa poderá
fazer aplicações financeiras de curto prazo. Recursos aplicados em um período serão
automaticamente creditados no período seguinte, acrescido dos juros de 4,5% e
contabilizados como receita financeira na Demonstração de Resultados. Não há
impostos na operação de aplicação financeira, os juros entram no resultado da
empresa e apenas os lucros são tributados pelo Imposto de Renda.
Despesas administrativas
A empresa incorrerá em despesas administrativas trimestrais que
correspondem a gastos gerais, como salário dos diretores e serviços de apoio, entre
outros. As despesas são contabilizadas com base em orçamento-padrão. Para o
primeiro trimestre de vida da empresa, o valor das despesas administrativas é de $
52.000,00.
Imposto de Renda e Falência Técnica
O Imposto de Renda de 30% ao trimestre, calculado sobre o lucro líquido do
período, compensados os eventuais prejuízos anteriores. O pagamento é no trimestre
seguinte.
Page 74
Trabalho de Conclusão de Curso 74
Será considerada tecnicamente falida a empresa que acumular prejuízos
maiores que seu patrimônio líquido. Neste caso, seu resultado final será ajustado para
avaliação.
5.1.7 Modelo de Negócio – Informação disponível
A informação é insumo valioso para a gestão, qualifica a tomada de decisão e
reduz o nível de incerteza do ambiente. Diversas fontes de informações estão
disponíveis sobre os mercados, a concorrência e as tendências em relação ao
ambiente de negócios.
Relatórios gerenciais
É um conjunto de relatórios que possibilita acompanhar o desempenho da
empresa. São inúmeros relatórios tais como: Resultados Econômicos; Fluxo de Caixa;
Balanço Patrimonial; Produção e Estoques; Pessoas e Marketing e Vendas. Além
disso, a empresa conta com o relatório executivo que oferece uma visão sumária dos
principais resultados projetados em função das decisões tomadas no período.
Portal de notícias SDENEWS
O SDENEWS é um portal de notícias exclusivo da indústria do SDE. A cada
período, as empresas podem conhecer os indicadores de preços e custos, saber de
fatos relevantes que estão ocorrendo no ambiente e que podem afetá-las, além de
receber estímulos de agentes econômicos que desejam estabelecer contato e realizar
negócios.
Page 75
Trabalho de Conclusão de Curso 75
5.2 APÊNDICE 2: Análise das decisões tomadas
5.2.1 Introdução
Após o diagnóstico do ambiente de negócios, cada empresa do oligopólio
definiu os objetivos econômicos e de mercado para o médio prazo. Este capítulo,
descreve qual foi a estratégia definida pela diretoria da empresa ECOPRIME,
apresentando ainda o conjunto de decisões tomadas ao longo dos 8 períodos em que
assumiu a gestão e os resultados alcançados.
A gestão da ECOPRIME foi assumida pela seguinte equipe:
Presidência: Nuno Maria
Diretoria Marketing e Comercial: Nuno Maria e Liziane Bosenbecker
Diretoria de Produção: Marcos Revorêdo Filho e Jorge Fonseca
Diretoria de Finanças: Jéssyca Galvão
Diretoria de Recursos Humanos: Renata Leão e Feliciano Lopez
5.2.2 Análise do ambiente de negócios
A diretoria da ECOPRIME antes de formular a sua estratégia realizou um
conjunto de análises ao ambiente de negócios, esperando, com essa avaliação, tomar
um conjunto de decisões estratégicas eficientes e que mais se adequem ao ambiente
de negócios onde vai operar.
Na análise das 5 forças de Porter, modelo destinado à análise da competição
entre empresas considerando cinco fatores, as "forças" competitivas do
microambiente, foi produzida a seguinte análise:
Page 76
Trabalho de Conclusão de Curso 76
Poder de barganha dos
fornecedores: na análise
desta força, foi detectada
uma vulnerabilidade no
mercado muito significativa,
pois apenas existe um
fornecedor monopolista da
matéria prima e com
capacidade limitada para
atender o mercado. Desta
forma será necessário
garantir que a estratégia de
gerenciamento do estoque de matéria prima, avalie sistematicamente a
relação entre os custos de armazenamento de matéria prima e o efeito
potencial da quebra de abastecimento ou de aumento de preço.
Poder de barganha dos clientes: na análise desta força, foi observada
pelas condições de mercado, que o consumidor é sensível mas não é
reativo à diferenciação por preço ou qualidade do produto, permitindo aqui
um gerenciamento mais ambicioso na gestão de preço, que permitirá, com
uma qualidade de produto superior, aumentar também o preço para tentar
maximizar a rentabilidade obtida.
Rivalidade entre concorrentes: Sabendo-se que a fabricação e
comercialização do produto ECO SOLAR foi atribuída a 7 empresas,
espera-se uma concorrência muito agressiva no mercado entre estas
empresas. Esta diretoria assumirá uma revisão trimestral das condições de
mercado com a avaliação constante da capacidade de produção, preço e
qualidade do produto dos seus concorrentes, esperando poder antecipar
decisões e movimentos que permitam melhorar a sua eficiência em relação
aos seus concorrentes.
Figura 1. As 5 forças de Porter
Page 77
Trabalho de Conclusão de Curso 77
Ameaça de produtos substitutos: Não foi encontrada uma alternativa no
mercado para o ECO SOLAR pelo que, a diretoria não assumirá, para já,
um risco associado a esta força.
Ameaça de novos entrantes: Sabendo-se que a fabricação e
comercialização do produto ECO SOLAR foi atribuída a 7 empresas, não
foi antecipada um risco imediato associado a esta força, devendo esta
diretoria tomar as decisões que lhe permitam consolidar uma posição de
dominância de mercado, que lhe permita por sua vez, minimizar o impacto
de novos entrantes no mercado.
No diagnóstico SWOT modelo destinado à análise dos pontos fortes e fracos,
oportunidades e ameaças, foi produzida a seguinte análise:
Pontos Fortes:
Capacidade financeira,
através da captação de valor
de investimento significativo
capaz de atender a um plano
de operacional forte
Possuir acordo com o
cientista autor do ECO
SOLAR para a
comercialização e produção
do ECO SOLAR
Pontos Fracos:
Dependência de mão de obra
qualificada, obrigando ao
treinamento dos operacionais e
comerciais que apresentam também
potencial de rotatividade
Custos logísticos significativos para a
distribuição de produto em outras
regiões que não a da implantação da
fábrica, levando a uma elevada
incidência do custo de transporte no
cálculo da margem de contribuição;
Dependência de um fornecedor de
matéria prima monopolista
Oportunidades:
Possibilidade de atuar nas
três regiões de mercado
Capacidade de
melhoramento do produto
através do departamento de
P&D
Ameaças:
Operação no mercado concorrencial
com um produto idêntico
Sazonalidade da demanda
Parte da matéria prima dependente
de importação do estrangeiro
Page 78
Trabalho de Conclusão de Curso 78
Demanda potencial elevada O mercado possui grande
sensibilidade ao preço, pelo que,
quando o preço é muito acima do
preço médio, a demanda pode cair
fortemente.
Incerteza do retorno do investimento
em P&D;
De forma mais específica, para tomada de decisão da localização inicial da
planta de fabricação do produto, foi ainda produzida a seguinte análise:
Ameaças de posicionamento geográfico
A região 1 tem menos quantidade demandada em potencial;
Na região 3 existe uma variação acentuada da demanda em função da
sazonalidade, o que obriga a um melhor planejamento da produção;
Oportunidades de posicionamento geográfico
Na região 1, a renda per-capita é mais elevada, se traduzindo numa maior
capacidade de compra dos clientes potenciais;
Na região 3, o número de potenciais clientes é mais elevado, se traduzindo
numa maior quantidade de venda dos clientes potenciais;
A região 2 é mais equilibrada em renda e em quantidade demandada em
potencial;
Na região 1 existe maior previsibilidade da demanda que não depende da
sazonalidade;
A região 3 tem mais quantidade demandada em potencial;
A região 3 triplica as vendas da região 1;
As regiões 2 e 3 têm o dobro da demanda total da região 1, apesar da
sazonalidade;
Page 79
Trabalho de Conclusão de Curso 79
5.2.3 Posicionamento estratégico
Concluída a análise do ambiente de negócios, a diretoria da ECOPRIME iniciou
a definição estratégica do seu posicionamento no mercado. Começou por definir a sua
missão e valores, partindo depois para a definição da visão da companhia,
estabelecendo os seus objetivos futuros de posicionamento no mercado.
Missão
Atuar e inovar no mercado de energias renováveis de forma rentável para
nossos investidores, assegurando a satisfação de nossos clientes e contribuindo para
a sustentabilidade e equilíbrio ambiental do nosso planeta através da introdução de
uma solução inovadora no mercado de produção de energia renovável.
Valores
Esta diretoria assumiu o seguinte conjunto de valores para a companhia:
Satisfação dos clientes e consumidores: buscar a melhoria continua
da qualidade e segurança dos produtos e serviços.
Ética e Integridade: honrar compromissos, agir com transparência e
honestidade, praticar o bem e respeitar a dignidade das pessoas.
Riqueza: gerar bens e serviços para o bem-estar e para a prosperidade
de clientes, acionistas, empregados, fornecedores e sociedade.
Responsabilidade ambiental e social: suprir energia segura, limpa,
confiável e efetiva em termos de custo, contribuindo para o
desenvolvimento econômico e social.
Inovação: agir com comprometimento, criatividade e dedicação.
Visão
Esta diretoria decidiu construir a planta na região 2. Pela análise realizada, a
região 2 é mais equilibrada em renda e em quantidade demandada em potencial, se
traduzindo em uma maior previsibilidade do negócio. Acresce a esta posição, que a
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Trabalho de Conclusão de Curso 80
demanda global prevista para a Região 2 é a segunda maior e que a Região 2 é a
região que tem um menor custo de transporte (composto) para as outras regiões.
Tendo em conta esta decisão a empresa estabeleceu como objetivo prioritário
a liderança no mercado desta região. Tendo em conta o valor da demanda potencial
decidiu também apostar no crescimento em volume apostando como objetivo
prioritário a liderança na faturação. Apesar deste objetivo condicionar a rentabilidade,
por obrigar à prática de um preço tipicamente mais baixo, esta diretoria acreditou que
poderia, ainda assim, maximizar a lucratividade, seja pelo alcance de volumes
maiores de produção, seja por acreditar na diferenciação por qualidade do produto. A
lucratividade foi por isso um objetivo prioritário a par da liderança no faturamento.
Apesar desta definição de foco, não deixou de classificar como importantes a posição
na liderança de mercado na região 1 e 3 por esta ordem, onde, não sendo mercados
prioritários seriam indispensáveis para o alcance da liderança econômica e financeira
perante os concorrentes. Em resumo foram estes os pesos atribuídos a cada um dos
pontos da visão futura:
Objetivos estratégicos EcoPrime
Mercado na região 1 4
Mercado na região 2 8
Mercado na região 3 2
Faturamento 8
Lucratividade das vendas 6
Patrimônio líquido 2
Liquidez corrente 5
Grau de endividamento 5
Qualidade das previsões 5
Decorrente da visão de liderança de mercado a que se propõe e dos objetivos
de vendas ambiciosos, a ECOPRIME teve uma estratégia agressiva, estimando
vender uma quantidade acima da média de mercado. A demanda média por empresa
é de cerca de 18.800 unidades por trimestre. Assim, definiu inicialmente a sua
capacidade de produção em 25.000, próximo da capacidade máxima (30.000). Além
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Trabalho de Conclusão de Curso 81
disso programou duas extensões, para alcançar a capacidade máxima, condicionadas
às informações que iria recolher do mercado e da capacidade dos seus concorrentes.
Capacidade inicial de produção: 25.000
Expansão - período 2 1.000 Relação oferta/demanda 0,66
Expansão - período 3 4.000 Relação oferta/demanda 0,78
5.2.4 Decisões da Diretoria
5.2.4.1 Decisões de Marketing e Estratégia de Vendas
A Diretoria de Marketing e Comercial definiu uma política de Marketing e
Comercial depois de uma análise aprofunda do modelo dos 4 P’s do Marketing:
Produto, Preço, Praça e Promoção. Cada uma destas dimensões foi analisada
olhando o ambiente global e o microambiente onde a ECOPRIME atua. Esta
discussão incluiu a análise às condicionantes impostas pelo fornecedor monopolista
de matéria-prima até ao ambiente global onde os outros concorrentes se integram e
onde foram analisadas, essencialmente, a localização, custos logísticos e a
capacidade de produção. No plano interno também foram analisados fatores
organizacionais que condicionaram a estratégia, nomeadamente na necessidade de
treinamento dos vendedores num produto que é inovador a todos os níveis.
Esta análise foi proveitosa e foi moldando a política de Marketing e Comercial
que se resume nas seguintes decisões relacionadas com o modelo dos 4 P’s:
Produto: Tendo em conta que todas as empresas no oligopólio partiam
de um produto com as mesmas características, a ECOPRIME decidiu
investir em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a qualidade do
produto e garantir um diferencial competitivo relativamente aos outros
concorrentes do mercado;
Promoção: A empresa investiu em propaganda mais fortemente nas
regiões 1 e 2 onde foi definido o foco comercial da empresa; Não deixou
de investir em propaganda na região 3 mas limitou os valores investidos
Page 82
Trabalho de Conclusão de Curso 82
à necessidade de geração de demanda para escoamento da produção
para esta região;
Invest. acumulado médio da
indústria Invest. acumulado da
empresa
Região 1 72.257,14 108.000,00
Região 2 61.842,86 122.000,00
Região 3 37.000,00 29.000,00
Total 171.100,00 259.000,00
Preço: A ECOPRIME decidiu praticar um preço de venda diferenciado e
de acordo com a demanda e oferta entre a região 1 e 2, e a região 3.
Tentou captar demanda através de um preço ligeiramente mais baixo na
região 3. As regiões 1 e 2 com um maior investimento comercial (em
presença de vendedores e em propaganda) permitiu colocar um preço
mais elevado. Rapidamente foi observado uma escassez de produto
perante a demanda potencial de mercado e a oferta total. Desta forma a
ECOPRIME decidiu aumentar o preço de venda com o objetivo de
maximizar a rentabilidade da sua operação, face aos custos que foram
aumentando ao longo dos dois anos. Acabou por ser a empresa em
termos médios a praticar os preços mais elevados, não tendo porém sido
afetada por este fato nas suas vendas.
Preço médio da indústria Preço médio da empresa
Região 1 151,70 150,80
Região 2 145,94 156,00
Região 3 141,22 164,00
Praça: A empresa iniciou a sua operação distribuindo os vendedores em
função da sua capacidade de venda e dos objetivos de venda previstos
para cada região, em um rácio máximo de 480 unidades por vendedor,
garantindo com a Diretoria de Produção a existência de estoque para
manter estável a equipe de vendedores que é sensível à falta de estoque
para venda (porque diminui a comissão de venda). Quando a
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Trabalho de Conclusão de Curso 83
concorrência iniciou o movimento de concentração de vendedores
apenas em algumas regiões a ECOPRIME, sentindo-se com a sua
posição de liderança ameaçada, também definiu em dois períodos,
limitar as suas vendas apenas em 2 regiões (primeiro na região 1 e 2 e
depois apenas na região 2 e 3). Esta estratégia resultou num
escoamento de produção direcionado para estes dois mercados indo de
encontro aos objetivos de maximização de faturamento e lucratividade,
ao mesmo tempo que assegurava a liderança na região 2 e muito boas
classificações na região 1 e 3 (2º e 3º lugar no ranking respetivamente).
As vendas previstas foram rapidamente o máximo da produção disponível
(30.000 unidades) sendo feita uma distribuição pelas várias regiões que beneficiou a
região 1 e 2, mas foi sempre percebido pela diretoria que haveria escassez de produto
no mercado para a demanda existente e gerada pelo mix de marketing das empresas.
5.2.4.2 Decisões tomadas na Produção
A diretoria de produção e logística teve como ponto principal planejar o estoque
de matéria-prima e produto acabado com o objetivo de atender o planejamento de
vendas. Atuou de forma participativa nas decisões da empresa, através da
compreensão do mercado e da busca pela melhoria contínua dos processos de
produção e logística.
Com uma estratégia ousada e um planejamento audacioso no primeiro ano, o
foco foi aumentar a capacidade produtiva com o objetivo de conquistar os mercados
das regiões 1 e 2.
No segundo ano, mais especificamente nos dois primeiros trimestres, optou por
uma compra maior de matéria-prima tendo em vista mitigar os riscos associados ao
fornecedor de matéria prima monopolista. As políticas adotadas foram sempre no
sentido de ampliar a capacidade produtiva e investir em um produto de alta tecnologia
e inovação para ter um diferencial competitivo e chegar ao final do primeiro ano a
produzir a capacidade total da fábrica. Para esta decisão contribuiu o fato de que os
concorrentes não tinham capacidade produtiva para absorver toda a demanda do
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Trabalho de Conclusão de Curso 84
mercado. Com essa estratégia, além de buscar a liderança de mercado das regiões 1
e 2, estaríamos viabilizando a diluição dos custos fixos, reduzindo o custo do produto
e aumentando a lucratividade e indo de encontro aos objetivos prioritários.
Com relação ao modelo de compra e estocagem de matéria prima, optamos
inicialmente pelo conceito Just in time. Convencionamos que a matéria prima chegaria
ao local de produção somente no momento exato em que fosse necessário, ou seja,
os produtos somente seriam fabricados a tempo de serem montados, não existindo
estoque parado. Com essa outra política buscamos não ter custos de armazenagem
de matéria-prima, que eram significativos (15% do valor da matéria prima) mesmo
sabendo que poderíamos sofrer com alta dos preços/escassez dos referidos itens.
No segundo ano, a empresa apostou, basicamente, na manutenção da política
adotada nos quatro primeiros períodos para atender a demanda do mercado
consumidor. Sabendo que os riscos de alta dos preços ou escassez de matéria-prima
tinham grande probabilidade de ocorrer, optamos por mudar o modelo Just in time
para o de estocagem de matéria-prima estratégia que permitiu não ter quebras de
produção por este efeito ao longo do segundo ano ao contrário do que aconteceu na
generalidade dos nossos concorrentes. A ECOPRIME acabou assim por ficar entre as
empresas com maior disponibilidade de oferta de produto acabado do mercado. A
tabela apresentada abaixo resume a capacidade e programação de produção ao
longo dos dois anos:
Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
Demanda global 94.352 130.771 122.339 111.861 116.544 160.025 158.979 123.032
Estoque p/ venda 0 0 0 20.800 26.000 31.659 30.000 26.256
Capacidade prod. 25.000 25.000 26.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000
Programação T+1 0 20.800 26.000 30.000 30.000 30.000 30.000 28.800
Com o passar do 1º e 2º período observamos pela análise da capacidade da
concorrência que haveria espaço para aumentar a capacidade produtiva da fábrica.
Notamos que a soma das capacidades (oferta) de nossos concorrentes era menor que
a demanda total prevista no mercado. Com base nessas informações, expandimos
em 1.000 unidades a capacidade no 2º período e em 4.000 unidades no 3º período. A
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Trabalho de Conclusão de Curso 85
partir do 4ª período conseguimos programar a produção para a capacidade máxima
de 30.000 unidades.
A tabela apresentada abaixo resume a programação de produção versus a
matéria prima disponível ao longo dos dois anos:
Períodos 3 4 5 6 7 8
Programação 20.800 26.000 30.000 30.000 30.000 30.000
MP disponível 62.400 78.000 86.059 145.078 170.293 98.293
Capacidade/necessidade 1 1 0,96 1,61 1,89 1,09
No 5º e 6º período devido a rumores de escassez de matéria-prima, optamos
por solicitar ao fornecedor 150.000 e 180.000 unidades de matéria-prima
respetivamente. Essa decisão teve como principal objetivo garantir que a fábrica não
parasse por falta dos insumos e consequentemente deixássemos de assegurar a
estratégia da empresa de ser líder nos mercados das regiões 1 e 2.
5.2.4.3 Decisões tomadas no Produto
Ficou claro desde a análise do ambiente de negócios que, partindo de uma
mesma base tecnológica, era essencial obter uma diferenciação relativamente aos
concorrentes do produto comercializado. Só assim poderia a ECOPRIME ambicionar
a liderança do mercado nos primeiros dois anos de operação, mas também assegurar
para a próxima equipe de gestão a capacidade de combate à concorrência que
também irá evoluir no mercado do ECO SOLAR. Com plena ciência desta realidade,
a ECOPRIME decidiu investir desde o primeiro momento em pesquisa e
desenvolvimento para melhorar a qualidade do produto e garantir um diferencial
competitivo relativamente aos outros concorrentes do mercado.
Sabendo que haveria alguma incerteza na obtenção de resultados, o nível de
investimentos foi porém moderado acabando por, ainda assim, ter obtido um resultado
superior na melhoria de qualidade do produto, perante um gasto muito inferior à média
do mercado. A tabela abaixo resume o investimento em P&D e os resultados desse
investimento.
Page 86
Trabalho de Conclusão de Curso 86
Indústria Empresa
Investimento médio em P&D 54.553,57 Investimento médio em P&D 25.750,00
Nº médio de melhoramentos 3,57 Nº de melhoramentos obtidos 4
Tempo médio de obtenção 1,16 Tempo médio de obtenção 1,25
O conjunto de investimentos realizado permite classificar o ECO SOLAR na
matriz BCG de um produto “estrela” para um produto “vaca leiteira” atualmente, já que
requer baixo nível de investimento e a ECOPRIME conseguiu uma quota de mercado
que lhe permitiu ter um fluxo de caixa muito significativo depois do investimento inicial
na melhoria e na promoção para a angariação de quota de mercado.
Matriz BCG
5.2.4.4 Decisões tomadas nos Recursos Humanos
Para alcance dos resultados planejados, a Diretoria de RH buscou alinhar o
planejamento de produção às contratações, focando num processo de seleção
rigoroso, em treinamentos constantes dos operários de produção e dos vendedores.
Sua preocupação com a satisfação dos clientes internos e externos, fez com que ela
focasse fortemente em capacitação e pesquisas de satisfação interna constantes para
monitoramento e controle do clima organizacional. A Diretoria de RH sempre soube
que qualquer insatisfação por parte dos colaboradores podia gerar demissão o que
levaria a um grande prejuízo no planejamento de produção e consequentemente nas
vendas do ECOSOLAR.
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Trabalho de Conclusão de Curso 87
A mão de obra afeta diretamente à produção é um dos componentes
fundamentais para produção da ECOPRIME e alcance de seus objetivos estratégicos
de longo prazo. O dimensionamento da força de trabalho da ECOPRIME ao longo dos
dois anos foi consistente, com mínimas variações que não tiveram impacto
significativo na produção e principalmente com ociosidade. A tabela abaixo apresenta
o número de operários da ECOPRIME.
Períodos 3 4 5 6 7 8
Operários necessários 65 82 94 94 94 94
Operários disponíveis 65 82 94 94 94 93
Operários ociosos 0 0 0 0 0 -1
De acordo com a estratégia e política de marketing, a Diretoria de RH
dimensionou o número de vendedores a serem contratados e atendeu perfeitamente
a expectativa da empresa. A Diretoria dimensionou sua equipe dentro da faixa de
mercado, proporcional à capacidade de vendas necessária, e principalmente dentro
da faixa de atuação eficaz de venda sempre alinhado a sua estratégia.
Nº médio trimestral de vendedores na indústria:
Nº médio trimestral de vendedores na empresa:
36 55
Demissões e negociações sindicais
Nos últimos períodos o número de operários e vendedores que pediram
demissão não prejudicou a produção e venda. Para recompor as equipes em tempo
hábil e não comprometer os objetivos, a ECOPRIME contratou e treinou de imediato
substitutos enquanto os demissionários cumpriam o aviso prévio.
Foi recebida no 5º período uma informação oriunda do SINDSDE – Sindicato
dos trabalhadores na indústria do SDE, com uma pauta de reivindicações recheada
de cláusulas econômicas. Inicialmente, o representante da Diretoria de RH da
ECOPRIME sentiu pelo clima reinante na assembleia da categoria que os
trabalhadores pareciam decididos a obter os benefícios ali deliberados e, portanto,
prontos para a luta. Com este sentimento, e para não prejudicar os objetivos de
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Trabalho de Conclusão de Curso 88
liderança do mercado da ECOPRIME decidiu acatar as reivindicações dos
trabalhadores. Com esta decisão pretendia manter a paz social na empresa e
maximizar os níveis de motivação e empenho.
As condições que prevalecem a partir do 5º período foram as seguintes:
Item Custo adicional
Plano de Saúde 20.000 por período
Aumento dos salários 8% no segundo ano
Participação nos resultados 3%
Com esta decisão na negociação com o sindicato dos trabalhadores no 5°
período, tendo medido seus impactos na folha de pagamento junto ao financeiro, foi
possível continuar a perseguir os objetivos de liderança ambicionados pela
ECOPRIME com uma equipe motivada e feliz no trabalho trazendo resultados
financeiros positivos para todos.
5.2.4.5 Decisões tomadas de investimento e seus resultados
Tendo recebido dos investidores um capital inicial de 2.500.000 a ECOPRIME
decidiu investir fortemente no início da sua atividade para criar as condições ideais
para alcançar os seus objetivos, ainda que, só planejasse ter resultados positivos
acumulados após o primeiro ano de atividade. Apesar de ter programado obter um
retorno acumulado, ao final dos 2 anos de 62%, conseguiu com o conjunto de decisões
que foram aqui apresentadas, chegar ao valor de 215% de retorno acumulado para o
investimento realizado.
O Balanço patrimonial da ECOPRIME em três períodos chave é apresentado
em seguida.
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Trabalho de Conclusão de Curso 89
A ECOPRIME decidiu investir um terço do seu capital inicial na construção da
planta com uma elevada capacidade produtiva, tendo decidido aplicar o restante valor
do capital nos períodos iniciais em aplicações financeiras que tiverem algum retorno
de juros. Prosseguindo com a sua estratégia chegou ao final do primeiro ano com um
funcionamento em pleno, na máxima capacidade de produção com venda da quase
totalidade da produção realizada no primeiro ano. Com este nível de atividade,
apresentava um resultado líquido muito próximo de zero, aproximando-se do ponto de
equilíbrio (break-even). Ao final do 2º ano os resultados gerados já ultrapassavam por
mais de 2 vezes o valor investido.
Na DRE detalhada para todos os períodos de avaliação ao longo dos dois anos,
apresentada abaixo, é possível ver um aumento crescente das vendas até ao período
7. No período 8, fatores externos limitaram a produção, resultando num decréscimo
Page 90
Trabalho de Conclusão de Curso 90
das vendas em valor absoluto mas mantendo a lucratividade relativa no mesmo valor
alcançado no período 7 (33,5%).
Também na DRE podemos observar uma diminuição progressiva dos custos a
partir do período 6 que contribuiu para o alcance dos valores de lucro obtido.
No fluxo de caixa, a ECOPRIME, focou o seu planejamento na necessidade de
manter uma posição de liquidez confortável, apesar de ter, em duas situações
recorrido ao empréstimo automático, mas em valores pouco significativos. A partir do
período 6 garantiu a autonomia no financiamento, assegurando a aplicação de
excedentes de tesouraria ao mesmo tempo que assegura as necessidades de liquidez
para pagamento a fornecedores e de outras despesas com fundos próprios. A tabela
abaixo resume os fluxos de caixa da ECOPRIME ao longo dos últimos dois anos.
Page 91
Trabalho de Conclusão de Curso 91
5.2.5 Análise da Concorrência
A concorrência da ECOPRIME no oligopólio do SDE consistiu em 5 empresas
que operaram no mesmo mercado. A sua maioria (3) escolheu também a região 2
para operar, resultando num ambiente fortemente concorrencial na disputa da
liderança da região na comercialização do ECO SOLAR. A tabela abaixo apresenta
a capacidade produtiva final de cada concorrente, sua região e a qualidade do produto
que comercializava ao final do 2º ano.
Empresa Região Capacidade produtiva final Qualidade do Produto
1 - Solar Bit 2 20,000 3
2 - EcoPrime 2 30,000 4
3 - Sustainability 2 18,000 6
4 - SOLARTEC 1 17,500 5
5 - SunTech 3 30,000 5
Page 92
Trabalho de Conclusão de Curso 92
Empresa Região Capacidade produtiva final Qualidade do Produto
7 - Sun 7 2 22,500 1
A estratégia destas empresas foi sendo avaliada ao longo dos dois anos e
foram observadas suas movimentações e atuação dentro do mercado do SDE ao
longo dos vários períodos. No quadro abaixo, é apresentada uma análise ao perfil
apresentado por cada um dos concorrentes da ECOPRIME.
Empresa Estratégia observada
1 - Solar Bit
O mais forte concorrente da ECOPRIME na sua região e que disputou até ao
final do último período a liderança nesta região (a ECOPRIME ficou 1,3% acima
do share da SolarBit). Abdicou para isso de vender quase sempre em outras
regiões. Com preços relativamente mais baixos que a média, e também com
uma qualidade inferior do produto, conseguiu bons resultados por um controle
nos custos eficaz observado nos instrumentos financeiros publicados.
2 - EcoPrime -
3 - Sustainability
Empresa com alguma capacidade produtiva, atacou fortemente o mercado da
região 1 e 2. Foi um concorrente forte da ECOPRIME na sua região. Com o
produto com mais qualidade do mercado acabou por praticar um preço mais
baixo o que condicionou os seus resultados.
4 - SOLARTEC
A única empresa a localizar-se na região 1. Foi líder desta região e focou a sua
estratégia em assegurar este objetivo, abdicando de vender em outras regiões
na maior parte do tempo, e apenas tentando escoar algum excedente de
produção para a região 2. Tinha uma capacidade produtiva relativamente baixa
para conseguir outros objetivos, mas praticou um preço relativamente alto para
a sua região.
5 - SunTech
A única empresa a localizar-se na região 3. Foi líder desta região e focou a sua
estratégia em assegurar este objetivo, tentando escoar algum excedente de
produção para a região 1 e 2. Praticou um preço abaixo da média
principalmente para a região 3. Foi um dos mais fortes concorrentes da
ECOPRIME ao nível do mercado global pois tinha a par da ECOPRIME a maior
capacidade produtiva (30.000).
7 - Sun 7
Atuou de forma homogénea nas três regiões. Apesar de ter uma capacidade
produtiva relativamente elevada, não apostou na melhoria da qualidade do
produto. Acabou por ter apenas resultados de vendas interessantes na região
3.
Os resultados, na forma de balanço patrimonial dos concorrentes da ECOPRIME é
apresentado abaixo.
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Trabalho de Conclusão de Curso 93
Após a ECOPRIME, surge destacada a SUNTECH com um resultado
acumulado muito significativo (cerca de 3 Milhões) e com um valor de vendas também
elevado. Depois da SUNTECH surgem os outros concorrentes com valores de
resultado acumulado entre 1,7 Milhões e 2,4 Milhões.
O resultado obtido pelas empresas na disputa pelo mercado das várias regiões
é apresentado abaixo.
Empresa
Parcela de mercado da Região 1
Posição Per. 5 Per. 6 Per. 7 Per. 8 Média
Solar Bit 19,0% 8,9% 14,0% 0% 10,5% 5
EcoPrime 22,7% 24,7% 33,5% 0% 20,2% 2
Sustainabilit 11,3% 13,3% 12,2% 32,0% 17,2% 3
SOLARTEC 30,4% 46,6% 29,6% 34,9% 35,4% 1
SunTech 9,4% 0% 6,4% 32,9% 12,2% 4
Sun 7 6,9% 6,3% 4,0% 0% 4,3% 6
Page 94
Trabalho de Conclusão de Curso 94
Empresa
Parcela de mercado da Região 2
Posição Per. 5 Per. 6 Per. 7 Per. 8 Média
Solar Bit 26,7% 31,0% 25,9% 33,0% 29,2% 2
EcoPrime 32,4% 29,6% 29,2% 30,7% 30,5% 1
Sustainabilit 13,9% 13,4% 14,8% 16,5% 14,7% 3
SOLARTEC 0% 16,9% 14,3% 9,8% 10,2% 4
SunTech 14,5% 0% 7,2% 9,7% 7,8% 5
Sun 7 12,2% 8,8% 8,3% 0% 7,3% 6
Empresa
Parcela de mercado da Região 3
Pontos Per. 5 Per. 6 Per. 7 Per. 8 Média
Solar Bit 7,5% 0% 0% 0% 1,8% 5
EcoPrime 5,8% 20,6% 0% 29,3% 13,9% 3
Sustainabilit 7,6% 3,7% 13,2% 0% 6,1% 4
SOLARTEC 0% 0% 0% 0% 0% 6
SunTech 48,2% 49,4% 46,8% 33,6% 44,5% 1
Sun 7 30,6% 26,1% 39,8% 37,0% 33,4% 2
Nestes quadros é possível observar a seleção das regiões onde os
concorrentes da ECOPRIME focaram a sua atuação. Em particular, o principal
concorrente da ECOPRIME, SOLAR BIT, acabou por atuar apenas na região 1 e 2 ao
longo dos dois anos. No último período, abdicou inclusive de vender em qualquer outra
região além da região 2 para tentar alcançar essa liderança, mas não conseguiu
ultrapassar a ECOPRIME. A ECOPRIME conseguiu assim liderar o mercado global
com 24,80 % de share global do mercado.
5.2.6 Conclusão
O conjunto de decisões tomadas pela diretoria cessante da ECOPRIME
consolidou a empresa como líder absoluto do mercado de ECOSOLAR. A ECOPRIME
Page 95
Trabalho de Conclusão de Curso 95
detém hoje 24,80% do mercado por análise dos valores alcançados no 2º ano da sua
atividade. A tabela abaixo apresenta os resultados globais do desempenho da
ECOPRIME relativamente à visão estratégica definida.
Objetivos Peso da Visão Posição Pontos Total
Liderança de mercado na região 1 4 2º 6 24
Liderança de mercado na região 2 8 1º 7 56
Liderança de mercado na região 3 2 3º 5 10
Liderança em faturamento 8 1º 7 56
Liderança em lucratividade de vendas 6 1º 7 42
Liderança em crescimento do PL 2 1º 7 14
Liderança em maior liquidez corrente 5 1º 7 35
Liderança em menor endividamento 5 1º 7 35
Liderança em qualidade de previsões de
venda 5 6º 2 10
Total 282
Comparativamente com os seus concorrentes, a ECOPRIME destacou-se no
primeiro lugar do ranking global como apresentado na tabela abaixo.
Posição Equipes Pontuação final
1 2 - EcoPrime 282
2 1 - Solar Bit 239
3 5 - SunTech 216
4 4 - SOLARTEC 209
5 3 - Sustainability 169
6 7 - Sun 7 160
As pontuações das empresas foram calculadas com base nos pesos definidos
pela visão estratégica de cada empresa apresentada abaixo.
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Trabalho de Conclusão de Curso 96
Objetivo de Liderar
Pesos atribuídos pelas empresas
Solar
Bit
Eco
Prime
Sustai
nability
Solar
tec
Sun
Tech Sun 7
Mercado na região 1 4 4 5 8 3 2
Mercado na região 2 7 8 7 5 3 2
Mercado na região 3 3 2 4 2 8 8
Faturamento 8 8 4 2 6 2
Lucratividade das vendas 6 6 6 8 6 6
Patrimônio líquido 2 2 4 5 4 8
Liquidez corrente 5 5 5 5 5 5
Grau de endividamento 5 5 5 5 5 5
Qualidade das previsões 5 5 5 5 5 5
Fruto de uma ação concertada desta equipe de gestão, hoje a ECOPRIME é a
empresa mais forte do mercado de ECOSOLAR, com um nível de faturamento e
rentabilidade muito acima da média e que lhe dá mais armas para no futuro continuar
a ser líder de mercado.
O produto que hoje comercializa tem um nível de qualidade 4, em linha ou
superior à grande parte da oferta no mercado e uma posição firme no mercado das
três regiões onde poderá continuar a operar com rentabilidade.
Recomendações para a próxima equipe de gestão
A direção estratégica da empresa deve ser reavaliada à luz das novas
condições do mercado. Deve ser realizada uma análise das forças de microambiente
e reavaliar as oportunidades e ameaças que o mercado oferece. O planejamento da
produção e das vendas deve antecipar melhor os movimentos do mercado.
Ao nível do produto é recomendação desta diretoria, o relançamento do
investimento em P&D garantindo o alcance de novos níveis de qualidade que
permitam a diferenciação perante a concorrência.
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Trabalho de Conclusão de Curso 97
Ao nível da política de marketing, manter uma constante análise dos 4P’s,
Produto, Preço, Praça e Promoção, para garantir a manutenção dos lugares de
liderança no mercado, tendo em conta que a demanda é sensível à variação de preço
sendo necessária uma política de preços mais ajustada aos preços praticados pela
concorrência nas várias regiões.
Ao nível da produção e mantendo-se a demanda crescente, reinvestir parte dos
resultados na construção de uma nova planta na Região 3 que permita atender esta
região sem custos logísticos. Deve ainda ser reavaliada o retorno à estratégia adotada
de não estocar matéria-prima (just in time) devendo ser avaliados aspetos conjunturais
do macroambiente, antecipando aumentos nos custos e definindo a estratégia que
maior grau de eficiência assegura.
Ao nível dos recursos humanos deve continuar a garantir a motivação e
acompanhar a produtividade e turnover da equipe, praticando, se possível para isso
técnicas da gestão de pessoas como avaliação de desempenho, treinamentos
adequados, pesquisas de satisfação anual e acordos coletivos satisfatórios para
ambas as partes.