9 INTRODUÇÃO A vontade de lecionar em minha vida surgiu desde a primeira série do ensino fundamental, hoje ciclo um, fiquei encantada pelo mundo mágico das descobertas, inspirada pela minha professora na época, professora Nasciete. Pois, digo que não escolhi e sim fui escolhida. Escolhi pedagogia porque estava buscando formação completa para atuar com registro de professor/educador, habilitado a trabalhar em ambientes escolares e não escolares, admitindo perspectivas diferenciadas de inserção no mercado de trabalho. E não somente dar aulas. Faço parte do Movimento Escoteiro do Brasil, e sei que a pedagogia me auxiliará muito neste movimento. Quero focar essa pesquisa em educação fundamental ciclo I, pois, pressuponho que seja uma idade que precisa de atenção.Cheguei ao curso movido pelo meu desejo de ser educadora, fazer a mudança, outrora fiz curso técnico em enfermagem, porem meu desejo estava em ser professora. Conversando com um amigo ele me sugeriu a Uniesp pela competência dos professores, e aqui estou eu. Escolhi realizar essa pesquisa com o tema, Escotismo: sua contribuição na formação social e na educação ambiental. Pois ao analisar o meu filho e seus companheiros do grupo de escoteiros do ar capelão capitão Vicente Aguiar, e vendo que as atividades desenvolvidas com os objetivos de prepará-los
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INTRODUÇÃO
A vontade de lecionar em minha vida surgiu desde a primeira série do ensino
fundamental, hoje ciclo um, fiquei encantada pelo mundo mágico das descobertas,
inspirada pela minha professora na época, professora Nasciete. Pois, digo que não
escolhi e sim fui escolhida.
Escolhi pedagogia porque estava buscando formação completa para atuar
com registro de professor/educador, habilitado a trabalhar em ambientes escolares e
não escolares, admitindo perspectivas diferenciadas de inserção no mercado de
trabalho. E não somente dar aulas. Faço parte do Movimento Escoteiro do Brasil, e
sei que a pedagogia me auxiliará muito neste movimento. Quero focar essa
pesquisa em educação fundamental ciclo I, pois, pressuponho que seja uma idade
que precisa de atenção.Cheguei ao curso movido pelo meu desejo de ser
educadora, fazer a mudança, outrora fiz curso técnico em enfermagem, porem meu
desejo estava em ser professora. Conversando com um amigo ele me sugeriu a
Uniesp pela competência dos professores, e aqui estou eu.
Escolhi realizar essa pesquisa com o tema, Escotismo: sua contribuição na
formação social e na educação ambiental. Pois ao analisar o meu filho e seus
companheiros do grupo de escoteiros do ar capelão capitão Vicente Aguiar, e vendo
que as atividades desenvolvidas com os objetivos de prepará-los para a vida, para a
vida em sociedade, para a preservação ambiental, o auxilio na educaçãoescolar, me
admirei com o crescimento e o dinamismo que as crianças apresentam questionei –
me Será que realmente faz a diferença? Qual é o tamanho do desenvolvimento
infantil através desse jeito de aprender? Ensinando a pratica de uma cooperação,
trabalho em equipe teremos crianças mais sociais e menos egoístas? Dentre tantas
inquietações foquei-me em quais as contribuições do movimento escoteiro na
formação social e educação ambiental dessas crianças e dos adultos que já são
formados? Ou seja, que já passaram pelo movimento.
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Então ao perceber que atualmente existe essa lacuna no desenvolvimento da
socialização e da educação ambiental nas nossas crianças. Pois, estamos formando
muitas crianças egocêntricas e individualistas por isso, desejo abordar o impacto da
pouca ênfase dada atualmente ao desenvolvimento de crianças, onde as mesmas
estão sem vícios e são estritamente curiosas.
Querendo experimentar o novo, o misterioso. Sedentas por novidades, um
bom começo para se ampliar esse modelo de educação não formal, onde auxilia no
desenvolvimento dessas crianças, pois no movimento eles são envolvidos com a
união, trabalho em equipe, cooperação, solidariedade, diversidade.
A pesquisa terá como base analise textual das referencias bibliográficas e
estudos de caso, sabendo que minhas palavras chave serão: escotismo, formação
social, educação não – formal e educação ambiental.
A presente pesquisa que venho desenvolvendo está fundamentada nas concepções
de Piletti (1991), Aranha (2006), Layrargues (coord.) (2004). E nas entrevistas de
integrantes do Movimento Escoteiro do ar Capelão Capitão Vicente Aguiar. A
pesquisa será organizada em trêscapítulos: o primeiro capítulo será exposto os
conceitos sobre educação não formal, educação ambiental, escotismo.
O segundo capitulo será observado o cenário do estudo de caso, a história do
grupo analisado.
O terceiro capítulo será os conceitos e a proposta pedagógica com a analise
do estudo de caso e a reflexão sobre o questionamento. Pois o movimento tem
pensamentos de socialização, com conceito de inclusão e sem ser individualista. A
pedagogia que usa a cooperação é fundamental para a inserção na sociedade atual.
O uso dos jogos no contexto educacional só pode ser situado corretamente a
partir da compreensão dos fatores que colaboram para uma aprendizagem ativa
Piaget afirma que “O jogo é um tipo de atividade particularmente poderosa para o
exercício da vida social e da atividade construtiva da criança”,você acrescentaria
algo a esta afirmação?Aprender com o outro é mais rápido e mais afetivo porque é
mais prazeroso. Uma das coisas que a cooperação assegura é esse espaço de
prazer e aprendizagem.
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Dependendo de como é conduzido, o jogo ativa, desenvolve os esquemas de
conhecimento, aqueles que vão poder colaborar na aprendizagem de qualquer novo
conhecimento, como observar e identificar, comparar e classificar, conceituar
relacionar e inferir.
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CAPÌTULO 1 EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, FORMAÇÃO SOCIAL DA
CRIANÇA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Este capítulo fará a exposição dos conceitos de educação não formal, tendo
como fundamentação Gohn (2006), Gadotti (2005); Formação social,tendo como
fundamentação Aranha (2006) e Peleti (1996), Educação ambiental tendo como
fundamentação, Layrargues(coord.) (2004) e Escotismo, tendo como
Define-se educação não-formal como “toda atividade educacional organizada,
sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos
selecionados de ensino a determinados subgrupos da população.” (La Belle,
1982:2).
Uma definição que mostra a ambiguidade dessamodalidade de educação, já que
ela se define em oposição (negação) a um outro tipo de educação: aeducação
formal. Usualmente define-se a educação não-formal por uma ausência, em
comparação com aescola, tomando a educação formal como único paradigma, como
se a educação formal escolar tambémnão pudesse aceitar a informalidade, o “extra-
escolar”.
Gostaria de definir a educação não-formal por aquilo que ela é, pela sua
especificidade e não porsua oposição à educação formal. Gostaria também de
demonstrar que o conceito de educação sustentadopela Convenção dos Direitos da
Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba asexperiências de
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vida, e os processos de aprendizagem não-formais, que desenvolvem a autonomia
dacriança. Como diz Paulo Freire
Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação (Freire, 1997:50).
A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos
burocrática.Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente
seguir um sistema seqüencial ehierárquico de “progressão”. Podem ter duração
variável, e podem, ou não, conceder certificados deaprendizagem.
Toda educação é, de certa forma, educação formal, no sentido de ser
intencional, mas o cenáriopode ser diferente: o espaço da escola é marcado pela
formalidade, pela regularidade, pelaseqüencialidade. O espaço da cidade (apenas
para definir um cenário da educação não-formal) é marcadopela descontinuidade,
pela eventualidade, pela informalidade.
A educação não-formal é também umaatividade educacional organizada e
sistemática, mas levada a efeito fora do sistema formal. Daí tambémalguns a
chamarem impropriamente de “educação informal”. São múltiplos os espaços da
educação nãoformal. Além das próprias escolas (onde pode ser oferecida educação
não-formal) temos as OrganizaçõesNão-Governamentais (também definidas em
oposição ao governamental), as igrejas, os sindicatos, ospartidos, a mídia, as
associações de bairros, etc.
Na educação não-formal, a categoria espaço é tãoimportante como a
categoria tempo. O tempo da aprendizagem na educação não-formal é
flexível,respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma
das características da educaçãonão-formal é sua flexibilidade tanto em relação ao
tempo quanto em relação à criação e recriação dos seusmúltiplos espaços.Trata-se
de um conceito amplo, muito associado ao conceito de cultura. Daí ela estar
ligadafortemente a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto
cidadãos e à participação ematividades grupais, sejam esses adultos ou crianças.
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Segundo Gohn ela define a educação não formal como sendo um processo
que forma para a vida,
a educação não-formal designa um processo de formação para a cidadania, de capacitação para o trabalho, de organização comunitária e de aprendizagem dos conteúdos escolares em ambientes diferenciados. Por isso ela também é muitas vezes associada à educação popular e à educação comunitária. Gohn (1999:98-99).
A educação não-formal estendeu-se de forma impressionante nas últimas
décadas em todoo mundo como “educação ao longo de toda a vida” (conceito
difundido pela UNESCO), englobando todasorte de aprendizagens para a vida, para
a arte de bem viver e conviver.
“A difusão dos cursos de autoconhecimento, das filosofias e técnicas orientais de relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas como esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, caminhos de sabedoria. É também um grande campo de educação não-formal” (Gohn, 1999:99).
Não se trata, portanto, aqui, de opor a educação formal à educação não-
formal. Trata-se deconhecer melhor suas potencialidades e harmonizá-las em
benefício de todos e, particularmente, dascrianças.Gostaria, a seguir, de me referir a
um exemplo concreto de um espaço cada vez mais utilizadopara na educação tanto
formal quanto não-formal.A educação não-formal tem outros atributos: ela não é,
organizada por séries/ idade/conteúdos; atuasobre aspectos subjetivos do grupo;
trabalha e forma a cultura política de um grupo.Desenvolve laços de pertencimento.
Ajuda na construção da identidade coletiva dogrupo (este é um dos grandes
destaques da educação não-formal na atualidade);ela pode colaborar para o
desenvolvimento da auto-estima do grupo, criando o que alguns analistas
denominam, o capital social de um grupo.Fundamenta-se no critério da
solidariedade e identificação de interesses comuns e é parte do processo de
construção da cidadania coletiva e pública do grupo. A educação não- formal poderá
desenvolver, como resultados, uma série de processos tais como:
• consciência e organização de como agir em grupos coletivos;
• A construção e reconstrução de concepção (ões) de mundo e sobre o mundo;
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• contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade;
• forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacitação para
entrar no mercado de trabalho);
• quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a educação
não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os
manuais de auto-ajuda denominam simplificadamente, como a auto-estima); ou seja,
dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-valorização,
de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para ser
reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro desuas
diferenças(raciais, étnicas, religião ).
• os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos
aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca.
1.1.1 Algumas características da educação não-formal:metas,lacunas e
metodologias
A seguir listamos algumas características que a educação não formal pode
atingir em termos de metas, em processos planejados de ações coletivas grupais:
• O aprendizado da diferenças. Aprende-se a conviver com demais. Socializa-se o
respeito mútuo;
• Adaptação do grupo a diferentes culturas, reconhecimento dos indivíduos e do
papel do outro, trabalha o “estranhamento”;
• Construção da identidade coletiva de um grupo;
• Balizamento de regras éticas relativasàs condutas aceitáveis socialmente. O que
falta na educação não-formal:
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• Formação específica a educadores a partir da definição de seu papel e as
atividades a realizar;
• Definição mais clara de funções eobjetivos da educação não formal;
• Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano;
• Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho que
vem sendo realizado;
• Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do trabalho
realizado;
• Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de trabalhos da
Educação não formal em campos não sistematizados. Aprendizado gerado por atos
de vontade doreceptor tais como a aprendizagem viaInternet, para aprender música,
tocarum instrumento etc.;
Para finalizar a primeira parte deste texto destacamos que também
diferenciamos a educação não- formal de outras propostas de educação,
apresentadas como educação social, no século XX, porque a maioria daquelas
propostas ao se dirigirem para os excluídos objetivam, na maior parte das vezes,
apenas inseri-los no mercado de trabalho. Entendemos a educação não - formal
como aquela voltada para o ser humano como um todo, cidadão do mundo, homens
e mulheres. Em hipótese alguma ela substitui ou compete com a Educação Formal
escolar.
A educação não- formal tem alguns de seus objetivos próximos da educação
formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também a possibilidade
de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e espaços
onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação
em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a favor das diferenças
culturais etc. Resumidamente podemos enumerar os objetivos da educação não-
formal como sendo:
a) Educação para cidadania;
b) Educação para justiça social;
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c) Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais, etc.);
d) Educação para liberdade;
e) Educação para igualdade;
f) Educação para democracia; Educação não formal, participação da sociedade civil
e estruturas colegiadas nas escolas.
g) Educação contra discriminação;
h) Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças
culturais.
1.2 Formação Social
A tendência constatada nos últimos 20 anos tem sido a de atribuir à interação social um papel importante no desenvolvimento da criança, enquanto via de formação de relações sociais, produto considerado "um sistema comportamental de imensa significância adaptativa para seres humanos" (Schaffer, 1984, p. 4).
A criança, brincando, no espaço externo junto à natureza, com tempo,
liberdade e outras crianças, recebe estímulos constantes e variados, trabalha e
enriquece a sua percepção do espaço e desenvolve a sua sensibilidade,
coordenação motora, imaginação, mente e criatividade, socializando-se,
trocando experiências, criando vínculos com outras crianças e com adultos de
diversas classes sociais, crenças, raças, culturas e etnias e aprende a ser
solidária. A história de cada criança vai-se compondo a partir do espaço que
vivencia no dia-a-dia, da imagem do lugar, da experiência sensorial, motora,
emocional e social, do aprendizado, da imaginação e da memória, com a
percepção diferente da do adulto. Entre todos os tipos de espaço, é o espaço
público, espaço de todos, que proporciona uma fonte de estímulos, riquezas,
conhecimentos, aprendizados, inter-relacionamentos, e desempenha um
importante papel no processo de sua formação; é a rua o espaço público que
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encontramos por toda a cidade. Hoje as crianças apresentam mudanças na
percepção e exploração dos espaços, pois não os vivenciam. Em São Paulo, há
escassez de espaços públicos e carências de locais de brincar. As crianças têm
direito à saúde, à liberdade, ao lazer, à dignidade, ao respeito, à educação e à
convivência comunitária. Por essa razão, a cidade deve fornecer espaços
públicos, para que deles as crianças possam fazer uso, exercitando sua
cidadania. As crianças necessitam do espaço público próximo a suas casas,
para poderem, a qualquer dia e hora, optar e realizar o lazer no seu tempo
disponível e construir sua autonomia. Estes espaços precisam ser vivos e
diversificados, melhorando a qualidade de vida na cidade. O ambiente urbano é
fundamental para a formação da criança.O Homem educado é aquele que
atingiu a sua maioridade, que seemancipou de todos os que foram os condutores
dos seus primeiros passos.
Ao se emancipar, torna-se o condutor do próprio processo de reformação, de
auto-desenvolvimento. Ao se tornar competentepara operar tais escolhas, ele
adquiriu autonomia, libertou-se de quemlhe orientou os primeiros passos. Essa é
a diretriz básica da educação:educa-se para a emancipação, para a autonomia.E
que aspectos podem ser destacados para que seja reconhecida asituação de
autonomia nos sujeitos? Podemos indicar que, pelo menostrês: o da autonomia
da vontade, o da autonomia física e o da autonomiaintelectual. O sujeito se torna
autônomo, no primeiro plano, quandocapaz de estabelecer relações de equilíbrio
racional entre suas emoções e paixões.
Poderíamos demonstrar, por exemplo, algumas situações que auxiliam a
compreensão dos aspectos acima colocados. No caso do equilíbrio entre
emoções, paixões e disciplina da vontade, é bastante inteligível o
comportamento infantil e como ele se diferencia do adulto. Ascrianças,
geralmente, não têm paciência para esperar que sua vontadeseja atendida nas
mínimas coisas, e na adolescência ocorre a tendênciapara se imaginar que toda
e qualquer vontade poderá ser realizada. Istotorna o comportamento dos
adolescentes incômodo aos adultos. Quasesempre eles expressam de modo
irritado a sua insatisfação diante dequalquer interdição a seus desejos e querem
alcançar seus objetivos ainda que com o uso da força. Têm dificuldade para
negociar, adiar ou alterar a sua inclinação inicial.
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No outro plano, o da autonomia física, ocorrem situações semelhantes. Ao
nascer, todos desconhecemos o funcionamento próprio docorpo e, por isso,
agimos por reação e segundo os limites e movimentos naturais. É assim que
qualquer criança é capaz de se alimentar,ingerir líquidos, expelir excrementos e
manifestar desconforto comodor, frio, medo. Não sabe, de início, cuidar do corpo
físico e desconhece as necessidades ligadas à higiene, ao descanso, ao
manuseio das mãos,e mesmo das potencialidades escondidas na mente e nos
sentidos. Ora,a educação deve abrir tais possibilidades aos indivíduos.
Inicialmente,orientamos as crianças a evitar o perigo, a executar atos de higiene,
a sealimentar adequadamente, enfim, insistimos no desenvolvimento dehábitos
considerados sadios e moderados. O que esperamos? Certamente que as
crianças, na medida em que vão se tornando adultas, adquiram autonomia. E
quando a terão adquirido? A partir do momento em que puderem dirigir o seu
próprio corpo para uma relaçãosaudável consigo mesmo e com o mundo natural.
Isto vai levá-la a tomardecisões sobre a própria higiene, alimentação, descanso,
preservaçãoda natureza e de relações sociais, operar escolhas em relação ao
uso docorpo etc.
E, por último, a autonomia intelectual. Esta é a mais fundamental e complexa,
porque é ponto de partida e ponto de retorno de todo oprocesso de
desenvolvimento dos fundamentos da autonomia, aí incluídos os da autonomia
física e da vontade. O modo como o ser humano serelaciona com o mundo, tem
um ponto de inflexão sobreo qual tudo o mais é construído: a transformação da
experiência sensívelem experiência simbólica.Esses meios e fins são
identificados nas regras da vida social, nasformas institucionais criadas para
agregar e promover a vida social nosprojetos de futuro que desenha para si e
para a humanidade. Encontramos estes produtos nas instituições religiosas, na
família, no Estado, nasleis, nas regras morais, nas instituições punitivas, nas
empresas, nas instituições científicas e tecnológicas, nas organizações
internacionais ecorporativas.
O sujeito social autônomo é aquele que circula e atua no conjuntoda vida
social de forma independente e participativa. Para isso, requer-seque ele
também seja capaz de estabelecer juízos de valor e assumir responsabilidades
pelas escolhas. O fundamento ético da humanidade seassenta no tripé
constituído pelo reconhecimento de si mesmo comosujeito (individualidade), na
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liberdade e na autonomia. A consciênciadeste tripé se frutifica pela ação
educativa, que constrói no ser humano acapacidade para incorporar estes
valores.Não se pode desconhecer, no entanto, as enormes dificuldadespara que
o ser humano atue na vida social norteado por essa regulação.
A interação social tem sido objeto de interesse na investigação científica desde o século passado. Tem, entretanto, assumido diferentes significados em função da leitura epistemológica que fundamentou sua investigação nos diferentes momentos históricos da Psicologia (Aranha, 1992).
Esta alternativa, embora desejável, parece-nos um pouco distante, pelas
inúmeras dificuldades que geralmente impedem a constituição de um grupo de
pesquisa desta natureza. Apesar disto, precisamos continuar explorando os métodos
para descrever o sistema em interação e, com isto, poder contribuir para o
estabelecimento e/ou aprofundamento dos pressupostos que norteiam as pesquisas
sobre interações e relações sociais, na perspectiva do desenvolvimento.
Com este propósito, e envolvidas com o estudo do desenvolvimento das
relações, vimo-nos desafiadas a enfrentar o problema de encontrar vias
metodológicas que favorecessem a análise quantitativa do fenômeno e que
viabilizassem a descrição objetiva e sistemática do processo de desenvolvimento de
uma possível relação. Para facilitar a descrição da solução encontrada, passaremos
a apresentar dois estudos realizados, um no contexto familiar e outro no contexto
escolar, enfatizando seus aspectos conceituais e metodológicos.
1.3 Educação Ambiental
Uma simplificação recorrente entre aqueles que não atuam diretamenteou
não se identificam como educador ambiental é pensar a educaçãoambiental
enquanto processo linear de desenvolvimento na história, umdesdobramento
direto de modalidades educacionais focadas na conservaçãoda natureza, já
existentes nos anos de 1950, para uma educação que pensa oambiente em sua
integralidade. Isso se mostra equivocado por dois motivos.Primeiro, porque
qualquer atividade social modifica sua qualidade por umconjunto complexo de
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relações e interações no tempo e não apenas por umacúmulo de conhecimentos.
Segundo, porque a educação ambiental éexpressão concreta e específica de
diferentes abordagens ambientalistas epedagógicas, que se configuraram nas
últimas quatro décadas, porém, demodo plural e tensionado. Segundo Brugger
“A crise ambiental é, portanto, muito mais a crise de uma sociedade do que
umacrise de gerenciamento da natureza, (Brügger, 1994:27).
1.3.1 Educação, sociedade e natureza
Educar é um fenômeno típico, uma necessidade ontológica de nossaespécie,
e assim deve ser compreendido para que possa ser concretamenterealizado.
Refere-se aos processos sociais relativos à aprendizagem – quese traduz na
dimensão pessoal pela percepção sensível, capacidade reflexivae atuação objetiva e
dialógica na realidade. Ocorre por meio de múltiplasmediações sociais e ecológicas
que se manifestam nas esferas individuais ecoletivas por nós compartilhadas, o que
pressupõe, em seu movimentoconstitutivo, os lugares e o momento histórico em que
vivemos.A educação se concretiza pela ação em pensamento e prática, pelapráxis,
em interação com o outro no mundo. Trata-se de uma dinâmica queenvolve a
produção e reprodução das relações sociais, reflexão eposicionamento ético na
significação política democrática dos códigosmorais de convivência. Educar é ação
conservadora ou emancipatória(superadora das formas alienadas de existência);
pode apenas reproduzirou também transformar-nos como seres pelas relações no
mundo,redefinindo o modo como nos organizamos em sociedade, como
gerimosseus instrumentos e como damos sentido à nossa vida. Isto não significavê-
la como o meio singular para a mudança de valores e de relações sociaisna
natureza e nem como dimensão descolada da dinâmica societária total.A educação
é promotorae resultante de várias relações em cada contexto histórico e, ao
mesmotempo em que permite a mudança.
A questão fundamental é compreendermos aeducação em sua concretude
para podermos avançar pela crítica e atuaçãoconsciente nas estruturas sociais,
reorganizando-as. Falar que a educaçãopode gerar a mudança vira discurso vazio
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de sentido prático se fordesarticulado da compreensão das condições que dão forma
ao processoeducativo nas sociedades capitalistas contemporâneas.Nossa unidade
enquanto ser se manifesta na indissociabilidade dasdimensões biológica e social. É
frágil conceber ser viável educar pela açãoindividualizada, sem perceber as
mediações e relações que nos constituem,ou pela ação afetiva e intuitiva descolada
da racionalidade na cultura.Assim posto, a Educação Ambiental procura arealização
humana em sociedade, enquanto forma de organização coletivade nossa espécie, e
não pela simples “cópia” de uma natureza descolada domovimento total.
A natureza deve ser pensada como movimento permanente de auto-
organização e criação do universo e, portanto, da vida. Define-se, em suagênese,
pelo sentido de ordem presente na organização cósmica, masigualmente pelo de
caos; pelo sentido de permanência e de variações, junçõese disjunções,
manutenção e ruptura (conservação e mudança).
Decorrentedesse tipo de entendimento da natureza, posso dizer que a cultura
é aespecificidade organizacional de nossa espécie. Em sociedade, comototalidade
dinâmica cultural, nos relacionamos produzindo e reproduzindo,aprendendo e
reaprendendo.
Sociedade de homens emulheres livres é a que permite o estabelecimento
democrático das relaçõessociais sustentáveis à vida planetária sem incorrer em
preconceitos edesigualdades que impossibilitem o exercício amplo da cidadania.a
educação ambiental não se refere exclusivamente às relações vistas comonaturais
ou ecológicas como se as sociais fossem a negação direta destas,recaindo no
dualismo, mas sim a todas as relações que nos situam no planetae que se dão em
sociedade – dimensão inerente à nossa condição comoespécie.
Assim, o educar “ambientalmente” se define pela unicidade dosprocessos que
problematizam os atributos culturais relativos à vida quandorepensa os valores e
comportamentos dos grupos sociais; com os que agemnas esferas política e
econômica – quando propicia caminhos sustentáveise sinaliza para novos padrões
societários.
1.3.2 Diferenciações entre a Educação Ambiental Transformadora e
aconvencional.
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A dita educação ambiental convencional,está centrada no indivíduo, no
alcançar condição de ser humano integral e harmônico, pressupondo aexistência de
finalidades previamente estabelecidas na natureza e de relaçõesideais que
fundamentam a pedagogia do consenso.
Focaliza o ato educativoenquanto mudança de comportamentos compatíveis
a um determinadopadrão idealizado de relações corretas com a natureza,
reproduzindo odualismo natureza-cultura, com uma tendência a aceitar a ordem
socialestabelecida como condição dada, sem crítica às suas origens históricas.
Educação entendida enfaticamente em sua dimensão individual,baseada em
vivências práticas de sensibilização, com asecundarização ou baixa compreensão
de que a relação do eu como mundo se dá por múltiplas mediações sociais;
Educação como ato comportamental pouco articulado à açãocoletiva e à
problematização e transformação da realidade de vida,despolitizando a práxis
educativa.
Como conseqüência, parte-seda crença ingênua e idealistade que as
mudanças das condiçõesobjetivas se dão pelo desdobramento das mudanças
individuais,faltando complexidade no entendimento das relações constituintesdo ser;
A Educação Ambiental Transformadora enfatiza a educação
enquantoprocesso permanente, cotidiano e coletivo pelo qual agimos e
refletimos,transformando a realidade de vida. Está focada nas
pedagogiasproblematizadoras do concreto vivido, no reconhecimento das
diferentesnecessidades, interesses e modos de relações na natureza que definem
osgrupos sociais e o “lugar” ocupado por estes em sociedade, como meiopara se
buscar novas sínteses que indiquem caminhos democráticos,sustentáveis e justos
para todos.
Baseia-se no princípio de que as certezassão relativas; na crítica e autocrítica
constante e na ação política como formade se estabelecer movimentos
emancipatórios e de transformação socialque possibilitem o estabelecimento de
novos patamares de relações nanatureza. Esta pode ser apresentada em três eixos
explicativos.
A educação transformadora busca redefinir o modo como nosrelacionamos
conosco, com as demais espécies e com o planeta.Aqui não cabe nenhuma formade
dissociação entre teoria e prática; subjetividade e objetividade;simbólico e material;
ciência e cultura popular; natural e cultural;sociedade e ambiente.
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Em termos de procedimentos metodológicos, a EducaçãoAmbiental
Transformadora tem na participação e no exercício dacidadania princípios para a
definição democrática de quais são asrelações adequadas ou vistas como
sustentáveis à vida planetáriaem cada contexto histórico.
Educar para transformar significa romper com as práticas sociaiscontrárias ao
bem-estar público, à eqüidade e à solidariedade,estando articulada necessariamente
às mudanças éticas que sefazem pertinentes.
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CAPITULO II ESCOTISMO
2.1 Baden Powell, O Fundador
Robert Stephenson Smith Baden Powell, nasceu em em 1857 na Inglaterra.
Desde sua infânciaera grande seu amor pela aventura e pela natureza. Em 1876,
quando terminou seus estudossecundários, ingressou no Exército. Como oficial de
carreira viajou muito, conhecendo grande partedo mundo. Durante suas viagens,
contatou tribos de guerreiros da África, vaqueiros americanos econviveu com índios
da América e do Canadá.
Conta-se que tudo começou durante a Guerra do Transval em 1899. Baden
Powell comandavaa guarnição do entroncamento ferroviário de Mafeking, cuja posse
era de grande valor estratégico. Acidade foi durante meses vítima de ataques de
forças inimigas muito superiores, e só se mantevegraças à inteligência e coragem de
seu comandante, cujas atitudes inspiravam a atuação de seuscomandados. Como
dispunha de poucos soldados, ele treinou todos os homens válidos da cidade
parausá-los como combatentes e para os serviços auxiliares, primeiros socorros,
comunicação, cozinha,etc., organizando um corpo de cadetes com adolescentes na
cidade.
As maneiras como os jovensdesempenhavam suas tarefas, seus exemplos de
educação, lealdade, coragem e responsabilidade,causaram grande impressão em
Baden Powell e, anos mais tarde, este acontecimento teria grandeinfluência na
criação do escotismo.Promovido ao posto de Major-General, Baden Powell, tornou-
se muito popular nos olhos deseus compatriotas e lançou um livro, dirigido para
militares – “Aids to Scouting” (“Subsídios paraReconhecimento” ou “Ajudas à
Exploração Militar”). Em 1907, com um grupo de vinte rapazes de 12a 16 anos,
Baden Powell foi para a Ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o
primeiroacampamento escoteiro, onde e quando ensinou-lhes uma porção de coisas
importantes: primeirossocorros, observação, técnicas de segurança para a vida na
cidade e na floresta, etc.
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O sucesso do livro,não só diante do público militar, mas também frente ao
público jovem, o incentivou a reescrever umaversão dedicada especialmente para
rapazes. Em 1908, escreveu o seu manual de adestramento, o"Escotismo para
Rapazes", em capítulos quinzenais que, inicialmente, foi publicado em fascículos
evendidos nas bancas de revistas ejornais. Os jovens ingleses se entusiasmaram
tanto com o livro, queele resolveu organizar e fundar o Movimento Escoteiro.
Em seguida, agora em 1910, Baden Powell compreendeu que o escotismo
seria a obra a quededicaria sua vida. Afastou-se do Exército e dedicou-se apenas ao
Movimento, que, rapidamente, seespalhou por vários países do mundo. “Dois anos
depois já havia 123 mil escoteiros espalhados nasnações que faziam parte do
Império Britânico” (In: [www.escotismo.com.br], consulta em junho de2005). Com
isso, a Coroa Inglesa reconheceu a utilidade da organização, que prestou
relevantesserviços ao país, colaborando nos esforços de mobilização e assistência
em conflitos. Em agosto de1920, no primeiro acampamento internacional, que os
escoteiros chamam de “jamboree”, realizado naInglaterra, os vinte mil jovens
categoria “Hors Concours”, reconhecendo o Escotismo Paulista como uma
ferramenta importante na formação de jovem, nas questões ambientais e ecológicas;
2002 – Prêmio Criança Brasil: Em razão da valorização e a contribuição
educacional do Movimento Escoteiro para o desenvolvimento da criança brasileira;
2002 – Prêmio de Educação Ambiental: Em reconhecimento as atividades de
Educação Ambiental desenvolvidas pelo Movimento Escoteiro;
2004 – Prêmio Nestlé Criança Brasil: Em reconhecimento a atividade educacional
desenvolvidas por crianças e jovens do Movimento Escoteiro no Projeto Cidadania
Ativo.
Entre outros.
55
CONCLUSÃO
É importante salientar que este Trabalho Final foi realizado a partir de dados e
análises de resultados obtidos como parte da Iniciação Científica iniciada em agosto
de 2011 e com término previsto para agosto de 2012. Dessa forma, cabe ressaltar
que as conclusões deste Trabalho Final devem ser consideradas como resultados
parciais das pesquisas de campo e levantamentos realizados até o presente
momento e que, após a entrega deste trabalho, esta pesquisa terá continuidade.
De acordo com Henri Joubrel, autor do livro O Escotismo na Educação e
Reeducação dos Jovens (JOUBREL, 1969), a importância atual do Escotismo e a
influência que exerceu desde sua criação são fatos incontestáveis. De forma que
Schmidt, em seu livro Educar pela Recreação (SCHMIDT, 1964) diz que “o
Escotismo foi, por sem dúvida, uma das invenções mais geniais que têm surgido no
campo pedagógico. Quando os sociólogos de amanhã estudarem a história da
juventude, verão ainda melhor do que nós a que ponto as „simples sugestões‟
lançadas em 1908, por Baden-Powell, contribuíram para a evolução das idéias sobre
educação e como formaram um determinado tipo de indivíduo”.
O Movimento Escoteiro é uma forma de educação não-formal que
complementa a educação formal na medida em que auxilia a formação de cidadãos
conscientes através de suas práticas, pois de acordo com o autor Henri Joubrel
(JOUBREL , 1969):
- A educação através do jogo, aventura, excursões e acampamentos: a criança
ressalta o valor educativo do jogo, favorece o desenvolvimento somático e a
resistência à fadiga;
56
- As canções e esquetes: a criança tem liberdade de escolher temas ou de realizar
variações sobre temas dados. Se o Escotista for perspicaz, é uma excelente
oportunidade de observação e mesmo percepção dos desejos e necessidades dos
jovens;
- O contato com a natureza: a criança encontra na vida ao ar livre uma fonte de bem
estar físico e espiritual, aprender a ser simples e a dominar sozinha inúmeras
dificuldades materiais;
- O sistema de equipe: permite a iniciativa e a responsabilidade individual dentro do
grupo, confere o sentido de solidariedade e desperta a consciência social;
- O uniforme e as tradições: desperta a atração que a criança sente pelas insígnias e
pelos ritos secretos através do cerimonial Escoteiro rico em simbolismos como
saudação, totem, investiduras, canções, fogos de conselhos, etc. E quanto ao
uniforme, a criança começa a igualar a aparência de jovens pertencentes à níveis
sociais pobres ou ricos e com nacionalidades, raças e religiões diferentes;
- As provas de classes e distintivos: um sistema progressivo de exames do tipo
menos escolar possível que consagra à criança a aquisição de qualidades e
conhecimentos teóricos e práticos;
- Apelo ao sentimento de honra: é feito individual e coletivamente pela lembrança da
Promessa e da Lei Escoteiras e também pelo sistema de patrulhas;
- Serviço ao próximo: a boa ação Escoteira, exigida aos jovens cotidianamente, tem
o mérito de criar o condicionamento de um hábito e, em seguida, de uma
mentalidade voltada ao próximo;
- O exemplo permanente do Escotista: os discursos, as pregações, os sermões
moralizadores têm geralmente pouca influência sobre as crianças que “acreditam
mais com os olhos do que com as orelhas”. A maioria das crianças aspiram a
identificar-se com um herói. O bom Escotista é aquele que se faz estimar e que
merece servir de exemplo. “Ele” é aquele que as crianças desejam imitar. Mas para
isso, o Escotista deve se apresentar às crianças como um irmão mais velho, vivendo
inteiramente com elas, como elas e pronto à ampará-las em todas as dificuldades.
Dessa forma imagina-se que alguns dos problemas encontrados na
sociedade atualmente como instabilidade psico-motora, emotividades, depressão,
paranóia, impulsividade, perversidade, etc., também podem ser trabalhados e
melhorados pela aplicação e prática do Método Escoteiro e da Lei e Promessa
Escoteiras (Tabela IX). O Movimento Escoteiro busca estimular nos jovens o
57
respeito e o compromisso com a natureza, com os indivíduos e consigo próprio. E,
pela aplicação e prática de seu Projeto Político Pedagógico é possível que sejam
formados cidadãos saudáveis, justos e úteis para a sociedade, como sempre
desejou Baden-Powell.
Dessa forma podemos concluir este trabalhado com um trecho escrito pelos
Escotistas responsáveis pelo método educativo do Movimento Escoteiro, do
Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil em Curitiba, no livro Programa
de Jovens: Objetivos finais e intermediários (UEB) que relata o seguinte: “embora
seja perfeitamente admissível que uma ou duas áreas de desenvolvimento se
destaquem sobre as demais, em um determinado momento, em função do
diagnóstico que os Escotistas e/ou os próprios membros de um Ramo façam a
respeito de suas necessidades imediatas, quando da elaboração da programação a
ser cumprida em um dado ciclo de programa, é absolutamente imprescindível que
todas as áreas de desenvolvimento sejam contempladas com ações concretas, no
contexto geral da aplicação do Programa de Jovens. O que se pretende com este
cuidado é assegurar à criança e ao jovem o desenvolvimento harmonioso de toda a
sua personalidade.”
Ao estudar o Projeto Político Pedagógico do Movimento Escoteiro (SCHMIDT,
1964) é ressaltado que na família, a consciência moral do menino se rege pelas
imposições dos pais. Na escola, o professor adota também o sistema autoritário. Já
na sociedade Escoteira, o regime de disciplina é diverso, pois impera ali a
autonomia, porém dentro da prática da mais generosa solidariedade”.
58
Referências Bibliográficas
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Moderna 2006.
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Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, 1986.
BADEN-POWELL, of Gilwell, Lord. Escotismo para rapazes: um manual de
instrução em boa cidadania por meio das artes mateiras - Edição da Fraternidade
Mundial. Curitiba: Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, reedição
2006, reimpressão 2008.
BADEN-POWELL, of Gilwell, Lord. Guia do Chefe Escoteiro: teoria do
adestramento Escoteiro - um subsídio para a tarefa dos Escotistas - 7ª Edição.
Curitiba: Reproset Indústria Gráfica, abril de 2006. Páginas 11-12, 28-30 e 45-62.
CURITIBA. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Manual do
Escotista Ramo sênior: um método de educação não-formal para jovens de 15 a
17 anos. Curitiba, 2011. Páginas 242-249.
CURITIBA. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Programa de
jovens: objetivos finais e intermediários. Curitiba. Páginas 3-7, 30-33.
GASPAR, A. A educação formal e a educação informal em Ciências. Fórum da
Ciência e Cultura. Casa da Ciência. Centro Cultural de Ciência e Tecnologia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ciência e público: caminhos da divulgação
científica no Brasil. Organizado por Luisa Massarani, Ildeu de Castro Moreira e
Fátima Brito. Rio de Janeiro, 2002. Páginas 171-183.
PAOLILLO, C.; IMBERNON, R. A. L.,. Educação Ambiental e educação científica no
contexto do Movimento Escoteiro (Environmental and scientific education in the
59
context of Boy Scouts Movement). Escola de Artes, Ciências e Humanidades,
Universidade de São Paulo. Revista Experiências em Ensino de Ciências. V4(2).
São Paulo, agosto de 2009. Páginas 93-105.
JOUBREL, H. O Escotismo na educação e reeducação de crianças e dos
jovens. Tradução por Maria José Austregésilo de Athayde. Rio de Janeiro: Editora
Livraria Agir, 1969. Páginas 11-14, 24-29 e 94-103.
MEC - Ministério da Educação. PCN‟s - Parâmetros Curriculares Nacionais. São
Paulo, 1996. Disponível em: <www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.
Acesso em: julho de 2011.
Projeto Educativo do Movimento Escoteiro. Escritório Nacional da União dos
Escoteiros do Brasil. Curitiba. Disponível em:
<www.Escoteiros.org.br/downloads/documentos_oficiais.php>. Acesso em: fevereiro
de 2011.
SÃO PAULO. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Escoteiros de
São Paulo: relatório social e ambiental - 100 anos de história e de preservação do
meio ambiente - 1ª Edição. São Paulo, 2011. Páginas 6-13.
SCHMIDT, M. J. Educar pela recreação - para pais e educadores - 3ª Edição. Rio
de Janeiro: Editora Agir, 1964.
THOMÉ, N. Movimento Escoteiro: projeto educativo extra-escolar. Universidade do
Contestado (UnC), Campus de Caçador (SC). Revista HISTEDBR On-line. Nº 23.
ISSN: 1676-2587. Campinas, setembro de 2006. Páginas 171-194.
UEB - União dos Escoteiros do Brasil - Região de São Paulo. Disponível em:
<www.escotismo.org.br>. Acesso em: fevereiro de 2011.
UEB - União dos Escoteiros do Brasil. Disponível em: <www.Escoteiros.org.br>.
Acesso em: fevereiro de 2011.
WOSM - World Organization of the Scout Moviment. Disponível em: <www.sco
ut.org>. Acesso em: fevereiro de 2011.
60
Anexos
Anexo A
Tabela I- Reflexos do Movimento Escoteiro na aprendizagem na escola
De que forma o “ser Escoteiro” gerou (ou gera) reflexos no seu aprendizado na escola?
Quantidade de Respostas Categoria
01 Equilíbrio 01 Dedicação 01 Ser alegre 02 Educação 02 Postura 03 Aplicação de valores (altruísmo,
sinceridade, lealdade, bondade...) 03 Organização 03 Liderança 03 Aprender fazendo 04 Comprometimento 04 Visão de mundo diferente 05 Trabalho em equipe 06 Desinibição 06 Enfrentar desafios 06 Responsabilidade 08 Alcançar objetivos 08 Desenvolvimento de aptidões 11 Formar cidadãos/ Formar caráter 16 Respeito 18 Disciplina 02 Não foi Escoteiro enquanto estudava 01 Não influenciou - Justificativa: não
apresentou justificativa
61
ANEXO B
Tabela II- Influência do Movimento Escoteiro na vida profissional
De que forma o “ser Escoteiro” influenciou (ou influencia) sua vida profissional?
Quantidade de Respostas Categoria 01 Buscar conhecimento 01 Pontualidade 02 Organização 02 Aprender fazendo 02 Confiança 05 Responsabilidade 06 Respeitar hierarquias 06 Desenvolvimento de habilidades 07 Postura 07 Enfrentar desafios 09 Boa conduta 09 Respeito 09 Formar cidadãos/ Formar caráter 11 Escolha profissional 12 Liderança 20 Trabalho em equipe 04 Nunca trabalhou 01 Não influenciou - Justificativa:
tornou-se Escoteiro quando já era aposentado (a)
62
ANEXO C
Tabela III - Inserção dos princípios do Movimento Escoteiro na escola
Como você vê a inserção dos princípios do Movimento Escoteiro na escola?
Quantidade de Respostas Categoria
01 Complemento 01 Pensar/ refletir 02 Comportamento 03 Desenvolvimento 04 Responsabilidade 04 Aprender fazendo 05 Buscar informações 05 Patriotismo 07 Motivação 08 Respeito 09 Disciplina 13 Trabalho em equipe 23 Formar cidadãos/ Formar caráter 04 Não é a favor - Justificativa: se for
obrigatório, será contra os princípios do ME¹
¹ ME - Movimento Escoteiro
63
ANEXO D
Tabela IV- Relação entre os resultados obtidos com Métodos e Princípios Escoteiros
Categoria Métodos e/ou Princípios Escoteiros
Alcançar objetivos M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Aplicação de valores M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Aprender fazendo M - Aprender fazendo P - Dever para consigo mesmo
Boa conduta M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Buscar conhecimento M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Buscar informações M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Comportamento M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Comprometimento M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo
Confiança M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para com os outros
Dedicação M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para com os outros
Desenvolvimento M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Desenvolvimento de aptidões M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Desenvolvimento de habilidades M - Desenvolvimento pessoal com
64
orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Desinibição M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo
Disciplina M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Educação M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Enfrentar desafios M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo
Equilíbrio M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros
Escolha profissional M - Aprender fazendo P - Dever para consigo mesmo
Formar cidadãos/ Formar caráter M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo
Liderança M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros
Motivação M - Vida em Equipe P - Dever para consigo mesmo
Organização M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo
Patriotismo M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo
Pensar/ refletir M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo
Pontualidade M - Aprender fazendo P - Dever para com os outros
Postura M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Respeitar hierarquias M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Respeito M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Responsabilidade M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros
Ser alegre M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo
Trabalho em equipe M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros
24 Visão de mundo diferente M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo
Não foi citada como categoria e nem como Princípio do Movimento Escoteiro (ME) aquele que refere-se ao dever para com Deus, pois o ME preza a importância da crença, mas não define a religião.
65
ANEXO E
Tabela V - Relação entre os objetivos finais do ME e os resultados obtidos nas entrevistas
Objetivos Finais Resultado Obtido Porcentagem 44 = 100%
Liderança 34,09%
01 Pontualidade 2,27%
01 Dedicação 2,27%
04 Comprometimento 9,09%
05 Organização 11,36%
15 Liderança 34,09%
15 Responsabilidade 34,09%
27 Disciplina 61,36%
Trabalho em equipe 86,36%
02 Confiança 4,54%
04 Desinibição 9,09%
38 Trabalho em equipe 86,36%
Respeito ao próximo 88,63%
02 Educação 4,54%
03 Aplicação de valores 6,81%
09 Boa conduta 20,45%
39 Respeito 88,63%
43 Formar cidadãos/ caráter
97,72%
Enfrentar desafios 29,54%
07 Motivação 15,90%
08 Alcançar objetivos 18,18%
66
09 Aprender fazendo 20,45%
13 Enfrentar desafios 29,54%
17 Desenvolvimento 38,63%
Outros 01 Pensar/ refletir 2,27%
01 Equilíbrio 2,27%
01 Ser alegre 2,27%
02 Comportamento 4,54%
02 Postura 4,54%
04 Visão de mundo 9,09%
05 Patriotismo 11,36%
06 Buscar conhecimento 13,63%
07 Postura 15,90%
11 Escolha profissional 25,00%
ANEXO F
67
ANEXO G
Questões das entrevistas na integra
68
Questões para a elaboração da pesquisa de campo do protótipo de tcc, onde meu tema é escotismo: sua contribuição na formação social e na educação ambiental, gostaria de saber se vocês estariam disposto a me contar um pouco da sua vida escoteira, eo quanto o escotismo contribuiu na sua formação.
Entrevista AThiago Foster
1 –com quantos anos você entrou no movimento?
9 anos;
2 - como foi sua entrada?
Minha entrada se deu a partir da minha mãe. Na ocasião o Grupo Escoteiro Pascoal Lembo estava se formando, e um grupo de adultos (a chefia que estava abrindo o grupo) foi fazer uma apresentação sobre o escotismo no Colégio Olga Cury, em Santos, para os pais dos alunos. Entre esses pais estava a minha tia, que acabou levando os meus primos também na primeira atividade do grupo, bem como a minha mãe fez comigo;3 -como você era antes do movimento com relação a educação ambiental e formação social?
Na época (1994), educação ambiental não era um assunto discutido abertamente pela sociedade. Não existia a preocupação e a conscientização que existe hoje, então a minha idéia sobre educação ambiental era praticamente zero. A minha formação social ja era bem desenvolvida, pois eu estudei toda a minha infância em uma escola católica particular muito tradicional, que tinha um foco muito grande na formação cívica das crianças, diversas disciplinas sobre os acontecimentos cívicos, matérias como Estudos Sociais, etc. 4 –conte-me sua historia no movimento escoteiro.A minha história no ME foi muito rica. Iniciei como lobo na matilha branca e naturalmente fui evoluindo dentro da alcatéia, até chegar ao Cruzeiro do Sul. Existiu até uma situação de preconceito entre a minha akela e eu, por desentendimentos entre ela e a minha mãe, mas nada que tenha atrapalhado a minha história como lobo. Sai da alcatéia como primo, e ao passar para o ramo escoteiro tive a sorte de entrar em uma das patrulhas mais adestradas, onde o meu monitor era um dos mais antigos do meu GE, membro da fundação, como eu. Naturalmente fui aprendendo com o sistema de patrulhas e me formando escoteiro. Em 1995, no meu primeiro acampamento escoteiro, ganhei o apelido de "playboy" entre os meninos, pois como vinha da alcateia, eles consideravam que eu era muito "enjoado" para o ramo escoteiro. E entre um sarro e outro, o apelido diminuiu para "boy" e desde então la se vão 16 anos, só de apelido rsrsrs. Após conquistar o distintivo de Lis De Ouro, rumei ao ramo sênior e todos os meus amigos q me acompanhavam desde lobo, passaram também aos poucos... E dentro do ramo sênior, assim como nos anteriores fui muito feliz também, abrindo ainda mais o meu leque de amigos e atividades, de todos os tipos... No final da minha vida como Sênior, o meu grupo foi diminuindo de tamanho e os meus amigos começaram a se desligar do ME, por
69
motivos diversos (faculdade, namorada, baladas, etc) e eu ainda interessado fui continuar a minha vida escoteira no GE Vicente Aguiar. Tive oportunidade de vivenciar algumas atividades pioneiras, com a Mestra Dina e fui trabalhando como auxiliar em todas as seções, estruturando tropas escoteiras/senior. Após passar por todos os ramos, tive a oportunidade de reativar o clã do Vicente Aguiar, onde estou com os "meus" pioneiros até hoje. Depois de tanto, te digo o seguinte: Foi uma vida escoteira completa, com todo tipo de atividade, com centenas de noites acampadas e muitos amigos, até fora do Brasil. Fiz todo tipo de atividade como jovem e vivi coisas q eu jamais viveria se a minha mãe não me levasse no EEPG Escolástica Rosa, naquela tarde de sábado, em 1994. Hoje em dia tento devolver aos jovens que eu dirijo, tudo que me foi dado e proporcionado, para que a roda continue girando, como acontece a mais de 100 anos;5 – como você vê a importância do movimento escoteiro na sua vida?
Grande parte do que acontece na minha vida hoje, veio do movimento escoteiro. Os meus melhores amigos vieram TODOS de la. Muitos amores também vieram de la. 70% das minhas histórias de infância e juventude vieram de la. Conheci meus 2 melhores amigos no ME e ja vi e "criei" muita gente dentro do ME. Vi nascer e morrer muita gente durante este tempo, desta forma vejo o escotismo como grande parte da minha vida;
6 –quais foram os aprendizados internalizados e inesquecíveis para você?
Em 18 anos de movimento você pode imaginar o quanto de aprendizado me foi passado né. Mas posso ressaltar alguns que me guiam hoje em dia. O primeiro é sobre a humildade. Dentro do ME eu aprendi que todos são iguais, todos devem ser aceitos e todos tem alguma coisa de boa para te ensinar e para contribuir com o todo. Isso é uma lição que eu aprendi desde o primeiro dia como lobo, e ainda tenho muitas experiências de como isso é real. A outra é sobre liderança. O Escotismo me ensinou a liderar, a agregar, a trabalhar em equipe e a ganhar o respeito dentro de um grupo de pessoas. Graças ao sistema de patrulhas, aprendi desde criança, como viver em equipe e liderar de maneira humilde e colaborativa;7 –como a vivencia dentro do movimento contribuiu para seu desenvolvimento social hoje?
Minha infância se passou numa época em que o país passava por uma série de transformações políticas e sociais. Mudança de presidente, moeda são bons exemplos disso. Através de atividades coletivas proporcionadas pelo ME, fui entendendo a importância cívica que o cidadão deve desenvolver ao longo da sua infância e pretendo levar isso para os meus filhos. O escotismo reforça este aprendizado, com suas atividades cívicas, sociais e de carater coletivo;8 –o que você aprendeu de educação ambiental no movimento quanto elemento?
70
A educação ambiental e um assunto vivido diariamente no escotismo. Tive dezenas de lições de como viver de bem com a natureza e preservar o meio ambiente, através de um séria de atividades que me foram proporcionadas. Tive a oportunidade inclusive de fazer uma atividade pioneira dentro de um lixão, vivenciando o dia a dia dos catadores de lixo e qual é a importância ambiental e social desta categoria de profissionais. A partir dai eu passei a fazer coleta seletiva no meu apartamento, através da experiência que eu tive neste dia, que só o escotismo poderia me propiciar;9 –voce indica o movimento escoteiro (ME) como forma de educação não formal? porque?
Indico. Pois durante esses anos ja tive uma séria de exemplos de amigos que se não tivessem passado pelo escotismo, teriam colocado as suas vidas em situações muito complicadas, como drogas, más companhias, etc. E a família e a educação tradicional não seriam capazes de afasta-los desses caminhos;10 –na sua opinião se vc nao tivesse participado do ME, como seria seu desenvolvimento social e sua cidadania hj?
Eu acredito que não teria o censo de cívico e social que eu tenho hoje, pois a base que eu criei a partir de experiências que eu vivi dentro do escotismo, me fizeram o cidadão de bem e consciente que eu sou hoje. Não só o meu exemplo, mas o de uma série de amigos escoteiros que eu tenho são suficientes para me fazer acreditar que a vivência que o escotismo da ao jovem é fundamental em sua educação social e cívica;11 – na sua opinião qual a importancia do ME navida de uma criança?
Acho que o escotismo na vida de uma criança se faz importante a medida em que ele propicia a vida ao ar livre e a vida em grupo. A troca de experiências que o movimento proporciona na presença do meio ambiente, em um convívio de um grupo sadio, que se preocupa com um mundo melhor, sem dúvida são experiências muito positivas para a infância de qualquer criança;12 –qual a sua formação hj, isso se dá um pouco pela disciplina do ME? explique?
Sim, na verdade uma coisa puxou a outra. O escotismo e a minha vida foram se entrelaçando de uma forma que eu ja não consigo mais separar o que foi provido pelo movimento e o que veio do meu caráter/criação. Todas as pessoas que passaram na minha vida dentro do ME foram responsáveis pelo homem que eu me tornei hoje. E isso só seria possível graças ao escotismo. Sem dúvida nenhuma.Fiquei muito feliz e lisonjeado de ser convidado por você para contribuir com o seu trabalho... É muito gratificante poder dividir isso e tornar objeto de estudo... Te confesso que ao escrever um pouco sobre a minha vida escoteira, me passou uma série de imagens pela cabeça... E foi muito bacana lembrar de tudo isso...
71
Muito sucesso no seu projeto e na sua vida acadêmica... Espero ter respondido a altura...
Longa vida escoteira a vc... bjão!
Thiago.
72
Anexo H
Entrevista B
Jeferson Santos,oficial da policia militar, sou bacharel em Direito, pós graduado em Direito público, bacharel em Educação física, bacharel em ciências policiais e segurança pública, e tenho vários cursos dentro e fora da policia militar.
...Acho que a coisa mais importante no estudo é a disciplina, sou uma pessoa extremamente disciplinada quando falamos de estudo, e com certeza o movimento escoteiro tem participação nisto.(palavras de Santos).
1. com quantos anos você entrou no movimento?
Entrei no movimento escoteiro com 6 anos
2. como foi sua entrada?
Pra mim, foi natural, como sempre influência dos pais, né? Certo dia eu estava em um ônibus com minha mãe e entrou um escoteiro, neste momento minha mãe me perguntou se eu gostaria de ser escoteiro. Não tinha conhecimento nenhum e mesmo assim tive vontade. Uma semana depois fui conhecer o grupo escoteiro. Naquela época o grupo era dirigido por um capelão e para freqüentar o grupo vc tinha que assistir a 14 missas. A missa fazia parte das atividades e era na capela da base.
3. como você era antes do movimento com relação a educação ambiental e formação social?
Sempre fui uma pessoa que gostava de estar envolvido com a natureza, meu pai sempre me levava para pescar em vários lugares e a várias cachoeiras então acho que já fazia parte minha vida, porém não existia muita coisa a respeito de educação ambiental, apenas consciência ambiental.
4. conte- me sua historia no movimento
entrei com 6 anos como mascote, aos 7 me tornei lobinho, fui cruzeiro do sul, primo da matilha vermelha, aos 11 passei para a tropa escoteira, fui monitor da patrulha falcão, fui escoteiro de 1º classe, aos 15 fui para a tropa sênior, fui monitor da patrulha Xingu e eficiência II.
Como no nosso grupo não havia clã pioneiro fui ser assistente de chefe da tropa sênior, posteriormente fui diretor presidente, pois a UEB exigia que o diretor presidente do grupo tinha que ter curso superior ou estar cursando (eu era o único no grupo e estava cursando engenharia civil), depois voltei para a tropa sênior como chefe e depois assumi a presidência novamente.
5. como você vê a importancia do movimento para sua vida hoje?
73
A base da minha vida é o movimento escoteiro, tudo que aprendi a respeito de educação, confiança, amizade, hierarquia e disciplina foi no movimento escoteiro.
6. quais foram os aprendizados inesqueciveis para voce?
Todos, mas sempre tem algum que marca mais. Certa vez em um acampamento na sede, com o grupo albatroz, fomos fazer um lance comunitário e tinha um elemento do meu grupo que não havia trazido nada de lanche, porém ele foi convidado também a participar deste lanche comunitário, mas ele tinha em seu bolso uma bala e esta bala foi dividida em vários pedaços e todos receberam sua parte. Isso marcou muito pelo gesto de amizade e preocupação com os irmãos.
7. como a vivencia dentro do movimento contribuiu para seu desenvolvimento social hoje?
Hoje sou uma pessoa forte socialmente, tenho caráter formado e bons costumes, a quantidade de amigos nem se fala, consigo contribuir com a sociedade sempre que precisa.
8. o que você aprendeu de educação ambiental no movimento quanto elemento?
O movimento escoteiro trabalha em cima da educação ambiental, da necessidade de preservar o meio ambiente para darmos continuidade a espécie, as atividades escoteiras são elaboradas de forma que a vida ao ar livre te conscientize de que o meio ambiente dentro de um contexto de sociedade é importante.
9. voce indica o movimento escoteiro (ME) como forma de educação não formal? porque?
Sim, o movimento escoteiro na verdade é uma forma de co-educação, pois não consegue trabalhar sozinho tem que estar interagindo com a sociedade, a família, a igreja, etc.
10.na sua opinião se vc nao tivesse participado do ME, como seria seu desenvolvimento social e sua cidadania hj?
Acho que também seria bom, sempre tive uma boa base familiar, minha mãe conseguiu me dar todo o suporte necessário, dentro das possibilidades dela, que eu precisava para crescer e me tronar uma pessoa de caráter.
11.na sua opinião qual a importancia do ME na vida de uma criança?
Desenvolvimento. Tudo que esta relacionado ao desenvolvimento da criança é importante e o movimento escoteiro faz com que este desenvolvimento seja grande e rápido.
74
12.qual a sua formação hj, isso se dá um pouco pela disciplina do ME? explique?
Hoje sou oficial da policia militar, sou bacharel em Direito, pós graduado em Direito público, bacharel em Educação física, bacharel em ciências policiais e segurança pública, e tenho vários cursos dentro e fora da policia militar.
Acho que a coisa mais importante no estudo é a disciplina, sou uma pessoa extremamente disciplinada quando falamos de estudo, e com certeza o movimento escoteiro tem participação nisto.
75
Anexo I
Entrevista C
Mauricio Almeida, coordenador de uma empresa de navegação e tenho ensino superior em Comercio Exterior.
... a disciplina que aprendi a ter com o M.E. me auxiliou a ter objetivo, honestidade, companheirismo. E estas são coisas fundamentais para se conviver em sociedade com fazemos em uma empresa.( Palavras de Almeida)
1. com quantos anos você entrou no movimento? – 15 anos2. como foi sua entrada? – através de um amigo da escola3. como você era antes do movimento com relação a educação ambiental e
formação social? – antes de entrar no movimento escoteiro eu não tinha tanto zelo pela natureza como agora. O movimento também fez melhorar a minha formação social, observar ao redor e me preocupar com o próximo.
4. conte- me sua historia no movimento – entre com 15 anos através de um amigo, primeira atividade foi um acampamento. Fui membro juvenil ate os 18 anos, depois passei a ser assistente de chefes na troca escoteira (crianças de 11 a 14 anos). Depois de 2 anos fui transferido para a tropa sênior (jovens de 15 a 18 anos). Atualmente sou Dirigente Institucional e ocupo a função de Diretor Tecnico.
5. como você vê a importancia do movimento para sua vida hoje? - essencial para minha formação como um ser humano melhor. Não que eu fosse ser uma má pessoa, mas com certeza sou melhor do que eu poderia ser sem o movimento escoteiro.
6. quais foram os aprendizados inesqueciveis para voce? - Amigos valem muito! Não somos melhores que ninguém, temos capacidades diferentes.
7. como a vivencia dentro do movimento contribuiu para seu desenvolvimento social hoje? – tenho de conviver com homens, mulheres, crianças e pessoas muito diferentes entre si. Isso me ensina a tentar compreender os motivos para certas atitudes e me ensina a conviver com qualquer tipo de pessoa.
8. o que você aprendeu de educação ambiental no movimento quanto elemento? – Aprendemos que nossa casa é a natureza e por isso precisamos cuidar bem dela. Não jogamos lixo fora do lixo, aprendemos a fazer reciclagem, a não machucar uma planta, uma arvore, um animal. Etc.
9. voce indica o movimento escoteiro (ME) como forma de educação não formal? porque? Sim, porque ele auxilia os jovens a enxergarem coisas que não são trazidas pela educação formal (escola). E quando são trazidas, o escotismo ajuda a enxergarmos de uma forma diferente, mais atrativa.
10.na sua opinião se vc nao tivesse participado do ME, como seria seu desenvolvimento social e sua cidadania hj? – Talvez de menos preocupação com o próximo, com a natureza.
11.na sua opinião qual a importancia do ME navida de uma criança? – fundamental para a formação de um bom cidadão.
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12.qual a sua formação hj, isso se dá um pouco pela disciplina do ME? explique? Sou coordenador de uma empresa de navegação e tenho ensino superior em Comercio Exterior. Sim, a disciplina que aprendi a ter com o M.E. me auxiliou a ter objetivo, honestidade, companheirismo. E estas são coisas fundamentais para se conviver em sociedade com fazemos em uma empresa.
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Anexo J
Entrevista D
Gustavo Cardoso da Silva, 19 Anos , 9 Anos e 10 meses 2 - Entrei com 9 Anos 3 - Eu passava sempre na frente da escola no dia da atividade e por curiosidade resolvi entrar 4 - Era um criança que adorava brincar da rua com os amigos , mais que nao procurava muito limpar a cidade ou so fazer minha parte5 - Vou Resumir , No ramo lobo fiz muitos acantonamentos e aprendi muitas coisas e faltou pouco pra tirar cruzeiro do sul , No escoteiro tive meu primeiro ralo e isso fez com que me apaixonasse mais pelo movimento fiz muitos acampamentos , Jornadas . No Ramo Senior esse sim foi a melhor parte no movimento escoteiro foi onde fiz mais loucuras e coisa muito radicais como rapel , tirolesa , Acampamentos so com Rede ... No Ramo Pioneiro que estou agr , Estou aprendendo muitas coisas pra ser um Otimo chefe como tive em todos esses anos 6 - Que ele faz parte de toda a minha vida ajudou muito na minha educação e me ensinou muitas coisas que vou levar pro resto da minha vida , E sem ele fica um espaço vazio na minha vida 7 - Preservar o Meio Ambiente , Ajudar o Próximo ,Obedecer os mais velhos , Estar sempre Feliz com a vida 8 - Me ensinou que ninguem e perfeito e que todos temos nosso defeitos e temos que aceitar , e viver com as diferenças 9 - Aprendi que mesmo que vc so fazendo a sua parte seja pouco , mais com isso vc ja consegue influenciar os outros , mesmo que seja aos poucos . A nao jogar lixo nas ruas , Se ver um lixo recolher e jogar no lixo mais proximo , Nao Desmatar ...10 - Sim , pq lá temos muitos aprendizados e recebemos muito conhecimentos sobre a vida e sobre como preservar o meio ambiente 11 - Acho que sem o movimento escoteiro eu continuaria sendo o mesmo , Amigos de todos nao importa a diferença 12 - Faz que com essa criança mesmo que seja um dia na semana se divirta de um jeito que ela nunca se divertiu na vida dela , e que ela sinta uma coisa na vida dela que so quem participa sente que e o amor que vai aumentando cada vez mais pelo movimento 13 - Hoje estou formado no Ensino Médio . Cursando Ensino Superior , Curso de Gastronomia ... O Escotismo so complementou meu gosto por cozinha porque em todas as patrulhas tem que ter o cozinheiro e eu sempre era , ai esse gosto foi aumentando e hoje sou apaixonado por cozinhar 14 - Bom com o Movimento fiz muitos amigos de verdade que levo eles comigo ate hoje , Me uniu muito mais com minha familia , Me Ensinou a preservar mais o meio ambiente e que se cada um fazer sua parte faremos um mundo melhor , Ja conseguir algumas namoradas siim , Mais uma em Especial que estou namorando com ela ainda , Me ensinou a simplicidade da vida que com alguns amigos uma barraca e um fogueira voce pode ser feliz , mesmo que cai um chuva de alagar tudo como ja aconteceu em alguns acampamentos voce tem que ser feliz e olhar sempre o lado bom das coisas e que quando voce esta na natureza tudo muda na sua vida e outro mundo totalmente diferente .
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Anexo L
TABELA RAMOS
Tabela VI- Ramos do Movimento Escoteiro (fonte: www.Escoteiros.org.br)
Ramo Lobo Alcatéia Para meninos e meninas de 07 a 10 anos, chamados de Lobinhos e Lobinhas. Usa como marco simbólico o livro da Jângal, de Rudyard Kipling. As atividades incentivam a socialização pela diversão e execução de tarefas em equipes. Como oportunidade de desenvolvimento, o Ramo Lobo oferece jogos, trabalhos manuais, interpretação, canções, etc. além de instrução de técnicas Escoteiras.
Ramo Escoteiro Tropa Escoteira Para meninos e meninas de 11 a 14 anos, chamados de Escoteiros e Escoteiras. É baseado no estudo da natureza, vida mateira, exploração, campismo, navegação e conquista do ar, fundamentado na vida em equipe e participação comunitária. A principal característica está na oportunidade de aventura.
Ramo Sênior Tropa Sênior Para meninos e meninas de 15 a 17 anos, chamados de Seniores e Guias. Tem suas atividades em torno dos quatro desafios: físico, mental, espiritual e social, atendendo às características da idade de auto-afirmação, intenso desenvolvimento físico e intelectual, acentuado
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interesse pelo grupo de idade em relação a opiniões, aceitação e interesse pelo sexo oposto.
Ramo Pioneiro Clã Pioneiro Para meninos e meninas de 18 a 21 anos, chamados de Pioneiros e Pioneiras. É uma fraternidade de ar livre e serviço ao próximo, funcionando como um centro de interesses, de realização, de mútua ajuda e de serviço comunitário, promovendo atividades de campismo, excursionismo e ecológicas, culturais e sociais, estimulando o jovem a evoluir em espiritualidade e perfeição humana e atingir a maturidade como cidadão feliz e eficiente.
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ANEXO M
Tabela VII- Relação entre tendência de caráter, Métodos Escoteiros e artigos da Lei Escoteira (fonte: livro “O Escotismo na Educação e Reeducação dos Jovens” - Henri Joubrel, 1969) Tendência de Caráter Métodos Escoteiros Artigos da Lei Escoteira Instabilidade psico-motora Jogos, excursões,
acampamentos, canções, esquetes, sistema de patrulhas e trabalhos manuais
O Escoteiro é obediente e disciplinado; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; e é econômico e respeita o bem alheio
Emotividade Responsabilidades pessoais, apelo ao sentimento de honra, debates coletivos, trabalhos manuais, vida ao ar livre, distintivos e tradições
O Escoteiro está sempre alegre e sorri nas dificuldades; é limpo de corpo e alma; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; é leal; e é cortês
Depressão Jogos, excursões, acampamentos, esquetes, provas de classes e especialidades
O Escoteiro está sempre alegre e sorri nas dificuldades; é obediente e disciplinado; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; e pratica diariamente uma boa ação
Paranóia Sistema de patrulhas e exemplo do Escotista
O Escoteiro é obediente e disciplinado; é amigo de todos e irmãos dos demais Escoteiros; é leal; é cortês; pratica diariamente uma boa ação; está sempre alegre e sorri nas dificuldades; é econômico e respeita o bem alheio
Impulsividade Sistema de patrulhas, trabalhos manuais, canções e esquetes
O Escoteiro é obediente e disciplinado; é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros; é limpo de corpo e alma; e tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida
Perversidade Vida ao ar livre, sistema de patrulhas, canções e exemplo do Escotista
O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros; é cortês, é bom para os animais e as plantas; pratica diariamente uma boa ação; é econômico e respeita o bem alheio; é limpo de corpo e alma
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ANEXO N
IMAGENS DE ATIVIDADES COM CRIANÇAS, INTERNALIZANDO O APRENDIZADO NO