-
Diogo Bertussi
IDENTIFICAO DAS MELHORES REAS PARA IMPLANTAO DE UM NOVO
AEROPORTO EM SANTA CATARINA, UTILIZANDO SISTEMA DE INFORMAO
GEOGRFICA (SIG)
Trabalho de Concluso de Curso, submetido disciplina de Trabalho
de Concluso de Curso II, da Universidade Federal de Santa Catarina
para obteno do Grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Dr. Amir
Mattar Valente
Florianpolis 2013
-
AGRADECIMENTOS
minha me, Mariana, pelo incondicional apoio, carinho e confiana.
Ao meu pai, Daltro, pelo exemplo, pelos incentivos ao estudo e ao
trabalho. A ambos, pela grande orientao que me proporcionaram.
minha irm, Ludmila, pelo companheirismo e pela pacincia durante
todos estes anos de nossa convivncia.
Renata, pela grandiosa participao que teve neste processo. Pelo
amor, pela confiana e companheirismo, pelo exemplo de pessoa e
pelos incansveis incentivos.
Rita e ao Paulo, pela confiana, pela convivncia e amizade.
Ao Engenheiro Silvio dos Santos, grande exemplo, mestre, colega
de LabTrans e amigo. Por ser o idealizador do tema deste trabalho,
pela grande ajuda prestada e pelo entusiasmo que me passou a cada
etapa.
Ao Professor Amir Mattar Valente, pela orientao, pela confiana,
pela disponibilidade e oportunidade de ser seu orientando.
Ao Engenheiro Edsio Lopes, colega de LabTrans, cuja ajuda foi
imprescindvel para a concluso deste trabalho. Pelos conhecimentos
emprestados, pela disponibilidade e, sobretudo, pela pacincia.
Aos colegas de LabTrans, Juliana Vieira dos Santos e Alex
Buttchevitz, pela troca de ideias, pelas ajudas, conversas e pela
pacincia.
Aos demais colegas de LabTrans, pelo convvio, pela troca de
experincia e pelo aprendizado dirio.
Aos professores do Departamento de Engenharia Civil que
depositaram suas parcelas de importncia na construo da minha
formao.
Aos colegas de Engenharia Civil, pela amizade e companheirismo
do dia a dia.
-
RESUMO
Este trabalho prope uma metodologia de aplicao em Sistema de
Informao Geogrfica (SIG) para o processo de escolha das melhores
reas para a implantao de um novo aeroporto no territrio do Estado
de Santa Catarina. Com base nas normas vigentes e na bibliografia
de planejamento de aeroportos selecionam-se critrios (restritivos
ou classificatrios) relevantes para a localizao de um aeroporto:
Critrios restritivos operacionais, econmicos e ambientais e
critrios classificatrios econmicos (ligados demanda por transporte
areo), de acessos terrestres e de proximidade aos centros urbanos.
A partir da metodologia proposta organiza-se uma sequencia lgica de
aplicao dos parmetros e obtm-se as localidades mais favorveis. Os
resultados deste trabalho demonstram a importncia que o estudo do
stio aeroporturio, sobretudo valendo-se de um SIG, emprega ao
planejamento de aeroportos.
Palavras-chave: Planejamento de Aeroportos, SIG, Transporte
Areo.
-
ABSTRACT
This study proposes a methodology for use in Geographic
Information System (GIS) for the process of choosing the bests
areas for the deployment of a new airport in the State of Santa
Catarina. Based on current regulations and airports planning
publications, restrictive or classificatory relevant criteria are
selected to the location of an airport: operational, economic and
environmental restrictive criteria, and economic classification
(linked to the demand for air travel), accesses facilities and
proximity to urban centers criteria. From the proposed methodology
a logical organized sequence the project organizes it a logical
sequence of application parameters and obtains the most favorable
locations. The results of this study establish the importance of
airport studys site, especially making use of a GIS, on airport
planning.
Key-words: Airport Planning, GIS, Air Transport.
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Traado das 60 mil principais rotas mundiais em 3209
aeroportos. . 23 Figura 2- Representao do Aerdromo do Aeroporto
Santos Dummont, no Rio de Janeiro.
.........................................................................................................
32 Figura 3 - Representao do Aeroporto Santos Dummont, no Rio de
Janeiro. . 32 Figura 4 - Estrutura esquemtica de um aeroporto
........................................... 33 Figura 5 - Aeronave
comercial atingida por ave em Phoenix, Estados Unidos, em 2009.
...........................................................................................................
45 Figura 6 - Santa Catarina dividida em suas Mesorregies
................................ 52 Figura 7 - rea de Estudo
.................................................................................
54 Figura 8 - Aeroportos existentes e respectivas reas de influncia
................... 57 Figura 9 - Localizao de abatedouros e reas
de perigo avirio gerado .......... 58 Figura 10 - Localizao de
aterros sanitrios e reas de perigo avirio gerado 59 Figura 11 -
Unidades de Conservao Ambiental
............................................. 60 Figura 12 - rea
Indgena
.................................................................................
61 Figura 13 - Rios principais na rea de Estudo
................................................. 63 Figura 14 -
Gradiente do PIB dos municpios catarinenses
.............................. 65 Figura 15 - Superfcie de
aproximao estimada ..............................................
67 Figura 16 - Mapa altimtrico do municpio de Canoinhas
................................ 68 Figura 17 - Mapa altimtrico
acrescido da layer das curvas de nvel, em um trecho do municpio de
Canoinhas
....................................................................
69 Figura 18 - Vias principais em SC
....................................................................
71 Figura 19 - rea Urbana e limites municipais
.................................................. 72 Figura 20 -
reas de Restrio da 1 Fase
........................................................ 73 Figura
21 - Resultado da 1 Fase em nica colorao.
...................................... 74 Figura 22 - Resultado da
2 Fase: PIB dos municpios no restringidos pela 1 Fase
...................................................................................................................
75 Figura 23 - Resultado da 2 Fase a identificao dos municpios
economicamente mais relevantes
......................................................................
75 Figura 24 - Altimetria do Municpio de Campos Novos
................................... 77 Figura 25 - Altitude das
curvas de nvel plotadas e as dimenses limite da Superfcie de
Aproximao plotadas
................................................................ 78
Figura 26 - Cursos D'gua em Campos Novos
................................................ 79 Figura 27 -
Municpio de Canoinhas com restries e representao das curvas de
nvel.
............................................................................................................
80 Figura 28 - Municpio de Canoinhas com representao das restries,
das curvas de nvel e das reas urbanas.
..................................................................
81
-
Figura 29 - Altitudes plotadas no mapa das curvas de nvel para
as 2 Possibilidades sugeridas.
...................................................................................
82 Figura 30 - Prosseguimento do traado da Possibilidade 1 de
Canoinhas pelo municpio de Paulo Frontin (PR)
.......................................................................
83 Figura 31 - Projeo do traado pelo municpio de So Mateus do Sul
(PR), ao norte do traado.
................................................................................................
84 Figura 32 - Projeo do Traado pelo municpio de Major Vieira (SC),
ao sul do traado.
..............................................................................................................
85 Figura 33 - Cursos dos principais rios da regio do Municpio de
Canoinhas ... 86 Figura 34 - rea de possvel implantao do Aeroporto,
em Canoinhas. .......... 87 Figura 35 - Caador: Altimetria e
restries ...................................................... 88
Figura 36 - rea livre de restries de Caador: Topografia no favorvel
...... 89 Figura 37 - Joaaba: Altimetria, restries, rea urbana e
pista existente ......... 90 Figura 38 - Pista existente de Joaaba:
Obstculo no permitido 8,6 km da cabeceira da pista.
..............................................................................................
91 Figura 39 - Alternativa para Joaaba fora da rea de Perigo
Avirio: muito prxima da regio montanhosa noroeste.
........................................................ 92 Figura
40 - Mafra: Altimetria e rea Urbana
.................................................... 93 Figura 41 -
Mafra: Restries e Altimetria
........................................................ 94 Figura
42 - Altimetria e Curvas de Nvel de Rio do Sul
.................................... 95 Figura 43 - Acessos
terrestres e rea urbana em Campos Novos....................... 97
Figura 44 - Canoinhas e rea de estudo de implantao do aeroporto:
Coincidncia com traado da BR-477.
.............................................................. 98
Figura 45 - Disposio dos aeroportos existentes com os propostos
pelo Resultado Final
..................................................................................................
99 Figura 46 - Regio de Caador e cidades prximas
......................................... 100 Figura 47 - Regio de
Canoinhas e a localizao sugerida para o novo aeroporto
.........................................................................................................................
101 Figura 48 - Resultado da localizao do novo aeroporto em Campos
Novos .. 102
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Organizaes nacionais de Aviao Civil e suas atribuies
.......... 25 Quadro 2 - Limites de velocidade dos ventos
................................................... 36 Quadro 3 -
Procedimentos Metodolgicos
........................................................ 48 Quadro
4 - Mesoregies em Santa Catarina: dados econmicos
...................... 52 Quadro 5 - Aeroportos que operam voos
regulares na rea de estudo .............. 55 Quadro 6 - Faixas de
PIB e respectivas pontuaes
......................................... 64 Quadro 7 - Frotas das
companhias aras brasileiras por quantidade e modelo de aeronave..
..........................................................................................................
66 Quadro 8 - Vias de acesso e respectivas pontuaes
........................................ 70 Quadro 9 - Classificao
das distncias do stio aeroporturio ao centro urbano
..........................................................................................................................
71
Quadro 10 - Municpios selecionados e PIB
..................................................... 76 Quadro 11
- Simplificao das cotas mximas estipuladas pelo dimensionamento da
Superfcie de Aproximao
............................................. 76 Quadro 12 - Resumo
dos resultados da 3 Fase
................................................ 96
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Agncia Nacional de guas
ANAC Agncia Nacional de Aviao Civil
ASA rea de Segurana Aeroporturia
CENIPA Centro Nacional de Investigao e Preveno de Acidentes
Aeronuticos
CONAC Conselho Nacional de Aviao Civil
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DECEA Departamento de Controle do Espao Areo
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes
FAA Federation Aviation Administration
FUNAI Fundao Nacional do ndio
IATA International Air Transport Association
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais No Renovveis
ICAO International Civil Aviation Organization
IFR Instrument Flight Rules
INFRAERO Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroporturia
PIB Produto Interno Bruto
RBAC Regulamento Brasileiro da Aviao Civil
SAC/PR Secretaria da Aviao Civil da Presidncia da Repblica
-
SIA Servio de Informao Aeronutica
SIG Sistema de Informao Geogrfica.
UC Unidades de Conservao
ZPA Zona de Proteo de Aerdromo
-
SUMRIO 1. INTRODUO
.....................................................................................
17 1.1. CONTEXTUALIZAO E JUSTIFICATIVAS
.................................... 17 1.2. OBJETIVOS
............................................................................................
19 1.2.1. Geral
........................................................................................................
19 1.2.2. Especficos
...............................................................................................
19 2. REFERENCIAL TERICO
................................................................ 21
2.1. AVIAO CIVIL E TRANSPORTE AREO
....................................... 21 2.1.1. Breve Histrico
........................................................................................
21 2.1.2. Aspectos Organizacionais da Aviao Civil
............................................ 23 2.1.3. Aviao Civil
no Brasil
...........................................................................
25 2.2. SISTEMAS DE INFORMAES GEOGRFICAS (SIG) ...................
29 2.2.1. Conceitos Gerais
......................................................................................
29 2.2.2. Aplicaes de SIG na Seleo de reas de interesse
................................ 30 2.3. O AEROPORTO
.....................................................................................
30 2.3.1. Os Sistemas do Aeroporto
.......................................................................
33 2.3.2. Caractersticas de Projeto de um Aeroporto
............................................ 35 2.3.2.1. Pista de
Pouso e Decolagem
.......................................................... 35
2.3.3. Planejamento de Aeroportos
....................................................................
37 2.3.3.1. Determinao do local de construo de um novo aeroporto
........ 39 2.3.3.2. Zona de Proteo Aeroporturia
................................................... 41 2.3.3.3.
Perigo Avirio
................................................................................
43 3. METODOLOGIA
..................................................................................
47 4. ESTUDO DE IDENTIFICAO DAS MELHORES REAS PARA A IMPLANTAO DE
UM NOVO AEROPORTO EM SANTA CATARINA
.....................................................................................................
51 4.1. REA DE ESTUDO
...............................................................................
51 4.1.1. Informaes Gerais
..................................................................................
51 4.1.2. Estrutura Aeroporturia da rea de Estudo
............................................. 54 4.2. CRITRIOS
UTILIZADOS
....................................................................
55 4.3. RESULTADOS
.......................................................................................
72
-
4.4. ANLISE DOS RESULTADOS
............................................................. 99 5.
CONCLUSO
......................................................................................
104 5.1. CONSIDERAES FINAIS
.................................................................
104 5.2. LIMITAES
........................................................................................
105 5.3. RECOMENDAES
............................................................................
105 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
............................................... 108 APNDICE A
.................................................................................................
112
-
17
1. INTRODUO
1.1. CONTEXTUALIZAO E JUSTIFICATIVAS
O transporte areo de passageiros no Brasil viveu na ltima dcada
um crescimento sem precedentes. Segundo o anurio do Transporte Areo
publicado em 2013 pela ANAC (Agncia Nacional de Aviao Civil), a
quantidade de passageiros embarcados no transporte areo domstico
vem crescendo a uma taxa mdia de 10% ao ano desde 2002, tendo
atingido a expressiva marca dos 101 milhes de passageiros no ano de
2012, incluindo voos domsticos e internacionais. O nmero 9,5% maior
do que o registrado em 2011.
H uma indicao que um conjunto fatores so os responsveis pelo
aumento da importncia deste modal no pas, dentre eles, o
crescimento econmico e o novo marco regulatrio do setor areo. A
mudana nas regras permitiu a entrada de novas companhias areas,
mais modernas, e possibilitou a concorrncia do setor, forando as
empresas que j atuavam a buscarem melhor eficincia e menores
custos. Este cenrio propiciou a queda da tarifa mdia dos voos, que
teve como resultado a incluso de uma parcela muito grande da
populao que anteriormente no utilizava o transporte areo nos seus
deslocamentos. Ainda segundo a ANAC (2013), o passageiro brasileiro
pagou, em 2011, menos da metade do valor que pagava em 2002 para
voar 1 km.
Assim como estes fatos despertam ateno, acionam o alerta das
entidades responsveis pelo planejamento do sistema de transporte
areo do pas, uma vez que as infraestruturas existentes demandam
readequaes nova realidade e as regies, por horas no atendidas por
voos regulares, anseiam pela instalao de novos aeroportos para
atender a estas populaes.
No incio do ano de 2013 o Governo Federal brasileiro lanou o
Programa de Investimentos em Aeroportos, com o intuito de ampliar a
oferta de transporte areo populao brasileira visando, entre
outras
-
18
polticas, o fortalecimento da Aviao Regional. Est previsto, para
uma primeira fase, a estruturao de 270 aeroportos regionais,
investindo-se 7,3 bilhes de reais.
O objetivo do plano do Governo mais relevante para este trabalho
o de que 96% da populao brasileira esteja a menos de 100 km de
distncia de um aeroporto. Para tanto, alm da readequao de diversos
aeroportos a esta nova realidade, muitos novos aeroportos devero
ser empreendidos.
Santa Catarina um Estado cuja populao est distribuda pelo
territrio de maneira descentralizada, isto , no existem grandes
concentraes demogrficas na comparao com outros Estados vizinhos
deixando evidente que grandes reas catarinenses povoadas no esto
atendidas por transporte areo regular.
Vasconcelos (2007) entende que a concepo do aeroporto deixou de
ser meramente a de um ponto de conexo entre diferentes modos de
transporte, para assumir um papel mais sofisticado, sendo um agente
transformador das condies econmicas da regio onde est instalado,
desde que seja considerado como parte integrante do desenvolvimento
regional e lhe sejam dadas condies de modernizao e adaptao da
estrutura fsica e do modelo de administrao s novas demandas dos
usurios e do setor, em constante transformao.
Considerando este cenrio, e tendo-se a viso de que a escolha da
localidade de um novo aeroporto no deve ser feita de forma
arbitrria e sim atravs de uma metodologia, julga-se pertinente a
proposio de um mtodo, onde so inseridos critrios relacionados ao
bom funcionamento de um aeroporto regional, resultando na
identificao das reas adequadas para o empreendimento. Para o
desenvolvimento deste estudo, utilizaram-se as tecnologias de
Sistemas de Informao Geogrficas, a serem abordadas ao longo do
trabalho.
-
19
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Geral
Identificar as reas mais apropriadas para a construo de um novo
aeroporto no territrio do Estado de Santa Catarina.
1.2.2. Especficos
Fundamentar a relevncia do planejamento de aeroportos, com
enfoque na etapa da escolha do stio aeroporturio;
Identificar a estrutura aeroporturia catarinense atual; Definir
e fundamentar os critrios que sustentaro a escolha do
stio aeroporturio; Buscar e analisar dados geogrficos relevantes
ao estudo; Propor uma metodologia eficaz que resulte na obteno
de
reas aptas a implantao de aeroportos; Examinar os locais
apropriados e discutir suas condies de
implantao.
-
20
-
21
2. REFERENCIAL TERICO
2.1. AVIAO CIVIL E TRANSPORTE AREO
A Aviao Civil o ramo da aviao que abrange toda utilizao no
militar de voo, podendo ser esta privada ou comercial. Por sua vez,
a Aviao Civil se subdivide em dois grandes grupos:
Transporte Areo: operaes de transporte comercial de passageiros
e/ou de cargas;
Aviao Geral: todas as outas atividades da aviao civil no
destinadas ao transporte comercial, incluindo-se aviao executiva,
taxi areo, aviao agrcola, fotogrametria, desportiva, voos de
instruo, entre muitos outros exemplos.
O aeroporto, cuja localizao este trabalho dedica-se em
investigar, deve ser destinado primordialmente ao transporte areo
de passageiros e, eventualmente, de cargas, podendo tambm servir
aviao geral da regio em que for implantado.
2.1.1. Breve Histrico
Ainda que a primazia do voo em avio seja disputada por pases
como Brasil, Estados Unidos e Frana, os primeiros aeronautas
empreenderam a experincia de voar sob o mesmo contexto, o perodo
precedente primeira Guerra Mundial. Sua ecloso acabou propiciando
considervel impulso quela aviao incipiente, antes preocupada em
bater recordes de voos cada vez mais longos e altos. A Grande
Guerra foi, portanto, a primeira oportunidade de se utilizar o avio
por um objetivo especfico ento uma nova arma de grande poder
ofensivo.
Ao final da dcada de 20, outro importante acontecimento marcou a
aviao: depois de vrios anos de tentativa, em 1927, um piloto do
correio areo americano voou de Nova York a Paris, sem escalas. Nos
anos seguintes, muitos outros voos de travessia do Atlntico foram
promovidos e, j em 1931, Wiley Post e Harold Gatty realizaram a
primeira viagem relativamente rpida ao redor do mundo: 15.474
milhas em oito dias e 16 horas, a bordo de um monomotor.
-
22
A terceira revoluo da aviao se deve introduo de motores a jato
em avies cada vez mais robustos e de maior alcance, no perodo aps a
Segunda Guerra Mundial. Foi em 1952 o primeiro voo comercial com
uma aeronave deste tipo, fabricado pela inglesa BOAC. Na dcada
seguinte, em 1960, entraram em servio os jatos da indstria
americana Boeing, que por muitos anos dominou o mercado da fabricao
de avies a jato.
No final do sculo XX, depois de incorporar outras concorrentes,
a Boeing passou a dividir esta liderana com a empresa europeia
Airbus. Figuram hoje, tambm no cenrio dos grandes fabricantes de
aeronaves comerciais a jato, a brasileira Embraer e a canadense
Bombardier, entre outras menores.
Com o passar dos anos, o transporte areo deixou de ser um
privilgio de poucos que podiam pagar por aquele servio para se
transformar em uma necessidade do mundo globalizado (Mello et. Al,
2008). Companhias areas mais competitivas, focadas em produtividade
e baixo custo operacional, no foram preas para as antigas, que
prosperaram anteriormente em um ambiente menos competitivo e
dinmico. Os pases, por sua vez, assimilaram esta necessidade
ampliando a possibilidade da criao de novas companhias e regras
cada vez mais liberais para o segmento de transporte areo.
Por ser um modal relativamente mais veloz e seguro, o Transporte
Areo nos dias de hoje uma atividade econmica relevante para a
economia global, tanto indiretamente, por integrar e fazer parte de
todos os segmentos econmicos globalizados, quanto diretamente: O
Transporte Areo empregou 57 milhes de pessoas em 2012 e gerou 2,2
trilhes de dlares, o que representa 3,5% do PIB mundial, segundo
dados do Anurio 2013 da IATA.
Em 2012, o transporte areo mundial quase atingiu a
impressionante marca dos 3 bilhes de passageiros transportados a
partir de 31,2 milhes de decolagens, conforme dados da ICAO. Ainda
segundo a organizao, o nmero de passageiros transportados
anualmente vem dobrando a cada quinze anos, desde 1977.
esperado
-
23
tambm que este incremento de 100% ocorra em 2030, quando seis
bilhes de passageiros sero transportados por 60 milhes de
decolagens.
Figura 1 - Traado das 60 mil principais rotas mundiais em 3209
aeroportos.
Fonte: openflights.org/data.html
2.1.2. Aspectos Organizacionais da Aviao Civil
O transporte areo , de acordo com Mello et. Al (2008), dentre
todos os sistemas de transporte, o mais integrado
internacionalmente. Desta forma, necessrio que se estabelea regras
a serem obedecidas por todos os organismos voltados regulao,
concesso, ao controle do trfego, segurana e ao projeto dos
aeroportos e at mesmo pelos fabricantes de aeronaves.
A seguir, sero descritos os organismos representantes das trs
principais esferas do funcionamento do transporte areo
internacional: Os pases, as companhias areas e os fabricantes de
aeronaves.
International Civil Aviation Organization ICAO
A ICAO uma agncia especializada da ONU, criada em 1944, que
conta com 191 pases membros. Sua sede est instalada na cidade de
Montreal, no Canad, e seu principal escritrio est situado em
Genebra, Sua. A entidade possui outros sete escritrios de
representao
-
24
regionais distribuidos pelo mundo o que representa a Amrica do
Sul est em Lima, no Peru.
Seu papel est relacionado ao desenvolvimento dos princpios e
tcnicas de navegao area internacional, organizao e ao progresso dos
transportes areos, de modo a favorecer a segurana, a eficincia, a
economia e o desenvolvimento dos servios areos (ICAO, 1984) de
maneira padronizada. A ICAO tem papel fundamental na manuteno e do
cumprimento dos acordos de transporte areo entre pases.
International Air Transport Assossiation IATA
a entidade internacional formada pelas companhias areas do mundo
inteiro, cuja designao representa-las, servi-las e atuar na resoluo
de eventuais conflitos. O controle e fiscalizao dos preos das
passagens areas de trechos internacionais uma das principais
atribuies a IATA, que tambm busca solues justas e estipulao de
regras para as diversas atividades das companhias de atuao
internacional.
Fabricantes de aeronaves
Os fabricantes das aeronaves encerram o ciclo das organizaes
relevantes aviao. O projeto de um aeroporto deve partir das
caractersticas da aeronave indicadas nos manuais do fabricante,
como peso, dimenses, velocidades de operao, tipo do trem de pouso,
entre outras relevantes. As companhias areas, por sua vez, tambm
devem conhecer plenamente o equipamento que esto utilizando para
operar seus servios, a fim de programar melhor suas frotas, rotas,
escalas, manuteno e abastecimento, buscando a reduo de custos e a
oferta de um tipo de servio compatvel com o que aquele modelo de
aeronave proporciona.
As grandes fabricantes de aeronaves so: Boeing (EUA), Airbus
(Unio Europeia), Embraer (Brasil), Bombardier (Canad), ATR (Unio
Europeia), Tupolev (Rssia), SAAB (Sucia), CCA (China), Learjet e
Cessna (EUA).
-
25
Federal Aviation Administration FAA
a diviso do governo americano responsvel pelas mais diversas aes
que envolvem a aviao dos Estados Unidos, como controle do trfego
areo, normatizao e regulamentao do setor, estudos e investigaes,
etc. Este rgo foi includo nesta descrio do setor de transporte areo
porque suas aes e recomendaes, particularmente relacionadas
segurana e operacionalidade so seguidas por organizaes de aviao do
mundo inteiro inclusive a ICAO devido larga experincia que a FAA
acumulou nos seus mais de 50 anos de atuao e desenvolvimento.
2.1.3. Aviao Civil no Brasil
O Brasil um pas membro da ICAO e as companhias areas do Brasil
so associadas da IATA, permitindo uma total integrao com os padres
de procedimentos da aviao civil internacional. Internamente, aps
diversas modificaes na estrutura da gesto do setor areo, a
organizao da aviao civil brasileira est dividida em trs principais
pilares designados a diferentes instituies da administrao pblica,
demonstrados no quadro a seguir.
Quadro 1 - Organizaes nacionais de Aviao Civil e suas
atribuies
DECEAMinistrio da Defesa (Aeronutica)
Controle do Espao Areo
Defesa do Espao Areo
SAC/PRPresidncia da Repblica
Polticas Pblicas
Gesto dos Recursos
ANAC
Autarquia Federal
Regulamentao
Fiscalizao
-
26
H ainda a participao de outros intervenientes como os centros de
estudos e previso meteorolgica, a indstria aeroespacial, as
empresas de abastecimento, manuteno e suprimento em solo, as
prprias companhias areas e os operadores aeroporturios. A seguir,
uma breve descrio de algum destes organismos mais relevantes a este
trabalho.
Agncia Nacional de Aviao Civil ANAC
A Agncia Nacional de Aviao Civil ANAC foi fundada em 2005,
substituindo o Departamento de Aviao Civil (DAC), que durante
dcadas foi a autoridade de aviao civil e rgo regulador do
transporte areo no pas.
Caracterizada como uma autarquia federal especial, com
independncia administrativa, a entidade o rgo regulador que visa
manter a continuidade e qualidade na prestao do servio de
transporte areo nacional, bem como cumprir e fazer cumprir a
legislao pertinente do setor, como o Cdigo Brasileiro de
Aeronutica, a Lei das Concesses, a Lei Geral das Agncias
Reguladoras e a Lei de Criao da ANAC, objetivando o interesse dos
usurios.
A ANAC tem, entre outras atribuies, poder de outorgar e regular
concesses relativas prestao de servios de transporte areo e de
infraestrutura aeroporturia, aprovar planos diretores dos
aeroportos, regular tarifas e atividades de administrao e explorao
de aerdromos, inclusive as exercidas pela Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroporturia (Infraero).
A atividade regulatria da ANAC a mais relevante delas e pode ser
dividida em duas vertentes: a regulao tcnica e a regulao econmica.
A regulao tcnica ocupa papel de destaque na Agncia e busca
principalmente a garantia da segurana aos passageiros e usurios da
Aviao Civil, por meio de regulamentos que tratam sobre a certificao
e fiscalizao da indstria. Isto decorre da necessidade de que as
operaes areas cumpram rgidos requisitos de segurana e de
treinamento de mo de obra.
-
27
J a regulao econmica refere-se ao monitoramento e possveis
intervenes no mercado de modo a buscar a mxima eficincia. Para
tanto, so emitidos regulamentos que abrangem no somente as empresas
areas, mas tambm os operadores de aerdromos.
Secretaria de Aviao Civil da Presidncia da Repblica SAC/PR
A Secretaria de Aviao Civil da Presidncia da Repblica (SAC/PR)
foi criada em 2011, pela Medida Provisria Nmero 527. Trata-se de um
organismo governamental que elabora estudos e projetos relativos
aos assuntos de aviao civil e de infraestruturas aeroporturia e
aeronutica civil, tanto no mbito estratgico quanto no
operacional.
Cabe SAC/PR formular e implementar o planejamento estratgico do
setor; elaborar e aprovar os planos de outorgas para explorao da
infraestrutura aeroporturia; administrar recursos pblicos, fundos e
programas de desenvolvimento da infraestrutura de aviao civil; e
coordenar os rgos e entidades do sistema de aviao civil.
DECEA Departamento de Controle do Espao Areo
o departamento do Ministrio da Defesa, subordinado ao Comando da
Aeronutica, que tem como misso garantir a segurana e o bom
funcionamento do trfego areo dentro do espao areo brasileiro,
inclusive defendendo-o.
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroporturia INFRAERO
Fundada em 1973 e vinculada Secretaria de Aviao Civil, a
Infraero uma empresa pblica que administra 63 aeroportos, e 31
terminais de logstica de carga no Brasil, que vo desde grandes
aeroportos at alguns to pequenos que ainda no recebem voos
comerciais regulares. Nestes casos, estes aeroportos so mantidos,
na maioria das vezes, por questes estratgicas ou por necessidades
locais. A Infraero tambm atua em aeroportos equipados para
funcionar como
-
28
plataforma de helicpteros e outros cuja vocao est na logstica de
carga area.
A Infraero tem por finalidade implantar, administrar, operar e
explorar industrial e comercialmente a infraestrutura aeroporturia
e de apoio navegao area, prestar consultoria e assessoramento em
suas reas de atuao e na construo de aeroportos, bem como realizar
quaisquer atividades, correlatas ou afins, que lhe forem conferidas
pela SAC/PR.
Nos ltimos anos, trs dos principais aeroportos do Brasil foram
concedidos para a iniciativa privada: Guarulhos, Braslia e
Campinas, com contrato de 20, 25 e 30 anos de durao,
respectivamente. Esta mudana visa entregar nveis de servios maiores
aos usurios destes terminais, advindos de investimentos
consistentes da iniciativa privada. Com este fato, quase 50 milhes
de passageiros por ano deixam de ser administrados pela Infraero,
embora a empresa ainda mantenha 49% das aes dos novos consrcios dos
operadores. Na sequncia desta estratgia, os aeroportos
internacionais do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte/Confins tambm
passaro a ser concedidos para a explorao e operao do setor
privado.
Conselho de Aviao Civil CONAC
O CONAC rgo de assessoramento da Presidncia da Repblica para a
formulao da poltica nacional de aviao civil. Foi institudo pelo
Decreto n 3.564/2000 e alterado por decretos subsequentes. Por
deliberao do CONAC, so convidados permanentes s reunies do
Conselho, o Diretor-Presidente da ANAC, o Presidente da INFRAERO e
o Diretor Geral do DCEA. So Membros do CONAC:
Ministro da Defesa (Presidente); Ministro de Estado das Relaes
Exteriores; Ministro de Estado da Fazenda; Ministro de Estado do
Desenvolvimento, Indstria e Comrcio
Exterior;
-
29
Ministro de Estado do Turismo; Ministro Chefe da Casa Civil da
Presidncia da Repblica; Ministro de Estado do Planejamento,
Oramento e Gesto; e Comandante da Aeronutica.
2.2. SISTEMAS DE INFORMAES GEOGRFICAS (SIG)
2.2.1. Conceitos Gerais
Geraldi (2012) conceitua Sistema de Informao Geogrfica (SIG)
(colocar rodap) como sistema que unifica informaes alfanumricas e
elementos grficos georreferenciados. De acordo com Pires (1994)
apud Geraldi (2012), um Sistema de Informao Geogrfica um sistema
informtico composto basicamente por hardware, software e dados
geogrficos que tem por objetivo a eficiente captura, armazenamento,
atualizao, manipulao, anlise e visualizao de informao geogrfica bem
como de toda a informao susceptvel de referncia geogrfica.
De maneira simplificada, um SIG aloca as informaes que foram
introduzidas em seu sistema nas respectivas posies geogrficas que
lhes dizem respeito, gerando-se, como output, mapas temticos dos
mais variados assuntos.
Segundo Buttchevitz (2011), os SIG esto inseridos dentro da rea
de conhecimento conhecida como Geoprocessamento, que pode ser
entendida como o conjunto de processos e tcnicas matemticas e
computacionais que visam o tratamento de dados espaciais de objetos
e fenmenos cuja posio geogrfica determinante para o estudo.
Por esta razo, embora os SIG sejam muito utilizados para reas de
conhecimento tcnico como geologia, geografia, engenharia dos solos,
engenharias construtivas, etc., h uma tendncia de crescimento do
uso dos SIG em atividades gerenciais e tomadas de decises
estratgicas.
-
30
2.2.2. Aplicaes de SIG na Seleo de reas de interesse
SIG frequentemente utilizado como instrumento para compreenso e
monitorizao do territrio cada vez mais complexo. A necessidade de
integrar informaes de diversas naturezas, quando se faz a gesto do
territrio, fez com que se intensificasse a frequncia das aplicaes
dos SIG, nos ltimos anos. Atualmente comum utilizar as suas
ferramentas para simular os possveis cenrios resultantes de
determinadas decises ao nvel do planeamento e do ordenamento do
territrio.
2.3. O AEROPORTO
Previamente ao conceito de Aeroporto, deve-se abordar do que se
trata um Aerdromo. A ANAC formaliza definies gerais e normatiza
questes da aviao civil atravs de documentos regulatrios, publicados
no Dirio Oficial, que recebem o nome de Regulamento Brasileiro da
Aviao Civil RBAC. O RBAC n01 Definies, Regras de Redao e Unidades
de Medida estabelecem, dentre outros padres, nomenclaturas
importantes que esto consideradas ao longo deste trabalho.
No que se refere a Aerdromo, o RBAC n 01 define:
Aerdromo significa uma rea delimitada em terra ou na gua
destinada para uso, no todo ou em parte, para pouso, decolagem e
movimentao em superfcie de aeronaves; inclui quaisquer edificaes,
instalaes e equipamentos de apoio e controle das operaes areas, se
existirem. Quando destinado exclusivamente a helicpteros, recebe
denominao de heliponto (RBAC n 01, 2011:02).
Um aerdromo pode ser civil ou militar, mas ambas as modalidades
podem valer-se do uso de um aerdromo da outra, desde que sejam
obedecidas normas estabelecidas pela autoridade competente.
-
31
Aerdromos Civis, ainda podem subdividir-se entre Aerdromos
Privados e Pblicos.
Um Aerdromo Privado, uma vez devidamente registrado junto a ANAC
pode ser utilizado somente com permisso do seu proprietrio, vedada
sua explorao comercial. J os Pblicos so abertos ao trfego por meio
de um processo de homologao de sua infraestrutura pela ANAC e
destinado ao uso de aeronaves civis em geral.
Uma vez registradas estas definies preliminares, aborda-se o
conceito de Aeroporto de forma mais elucidada. Segundo consta no
RBAC n 01,
Aeroporto significa um aerdromo pblico dotado de edificaes,
instalaes e equipamentos para apoio s operaes de aeronaves e de
processamento de pessoas e/ou cargas. Quando destinado
exclusivamente a helicpteros, recebe a denominao de heliporto (RBAC
n 01, 2011:04).
Diante das conceituaes supracitadas, infere-se que todo
aeroporto um aerdromo, mas a recproca no verdadeira.
Para resumir as acepes colocadas, representa-se o Aeroporto
Santos Dummont, localizado no Rio de Janeiro, na Figura 2 e Figura
3. A Figura 2 sinaliza as cercanias da instalao que corresponde ao
Aerdromo, enquanto que a Figura 3 demonstra o conjunto de instalaes
que corresponde ao Aeroporto.
-
32
Figura 2- Representao do Aerdromo do Aeroporto Santos Dummont,
no Rio de Janeiro.
Fonte: GoogleEarth. Adaptado pelo autor.
Figura 3 - Representao do Aeroporto Santos Dummont, no Rio de
Janeiro.
Fonte: GoogleEarth. Adaptado pelo autor
Estas instalaes aeroporturias construdas nas adjacncias da pista
de pouso e decolagem e juntamente com ela, constituem os sistemas
do aeroporto, a serem abordados no prximo item.
-
33
2.3.1. Os Sistemas do Aeroporto
Um aeroporto se divide basicamente em duas grandes estruturas:
Lado terra e Lado Ar (ou lado terrestre e lado areo,
respectivamente). Horonjeff et Al. (2010) coloca que os portes de
embarque nos terminais simbolizam a fronteira entre estes dois
sistemas. Goldner (2012) conceitua o terminal de passageiros (TPS)
como a interface entre o lado ar e o lado terra, isto , faz a ponte
entre os modos de transporte terrestre (acesso/egresso) e o
transporte areo. Ao se planejar um aeroporto oportuno enaltecer a
importncia, tambm, do lado terra, referente aos acessos terrestres,
aos estacionamentos de veculos, ao entorno geral do aeroporto e aos
terminais de passageiros e de cargas. Afinal, o passageiro, ou o
operador logstico, est interessado na durao da viagem inteira,
conhecida como porta-a-porta e no apenas no trecho realizado em
voo.
A Figura 4 ilustra de forma esquemtica a interao entre o lado ar
e o lado terra de um aeroporto e o comportamento do trfego dos
passageiros, que tambm se aplica a cargas.
Figura 4 - Estrutura esquemtica de um aeroporto
Fonte: Goldner, 2012; p.108
-
34
As caractersticas dos usurios do aeroporto, bem como aspectos
socioeconmicos e culturais devem ser ponderadas no momento do
dimensionamento do TPS e de suas cercanias. Um exemplo o fato de um
aeroporto estar situado em um local de trnsito conturbado em um
determinado centro urbano. Trnsito ruim resulta na
imprevisibilidade no tempo gasto no deslocamento entre o ponto de
origem do usurio ao aeroporto. A consequncia um alto contingente de
passageiros chegando ao terminal de passageiros com muita
antecedncia e, portanto, ocupando aquele espao (Horonjeff et Al.,
2010). O projetista deve estar atento a fatores como este na hora
de dimensionar as reas do aeroporto, a fim de garantir o nvel de
servio estipulado ao empreendimento.
Ao lado ar, Horonjeff et Al. (2010) atribui duas seguintes
estruturas: Ptio de aeronaves e rea de manobras que se subdivide
entre taxiways e pista de pouso e decolagem.
O ptio de aeronaves o local de parada dos avies e onde iro
acontecer as atividades de abastecimento, tanto de combustvel
quanto de outros insumos necessrios ao voo, e o embarque da
tripulao e dos passageiros. um espao onde existe rigoroso controle
de acesso onde devem estar previstos padres de respostas a qualquer
tipo de emergncia.
A pista de pouso e decolagem a faixa de rolamento por aonde o
avio ir tanto acelerar para atingir a velocidade de decolagem,
quanto vai frear at sua total parada, na aterrisagem. A taxiway, ou
vias de taxi, so as vias que conectam a pista de pouso e decolagem
ao ptio de aeronaves. Em alguns casos, sobretudo em aeroportos com
baixo movimento de avies, o taxi ocorre na prpria pista de pouso e
decolagem. J em aeroportos movimentados isto se torna invivel, uma
vez que um avio taxiando pela pista est tomando um tempo demasiado
que poderia ser aproveitado para a prxima decolagem ou aterrisagem.
A taxiway, portanto, permite que a aeronave desocupe a pista
rapidamente.
-
35
2.3.2. Caractersticas de Projeto de um Aeroporto
As caractersticas abordadas no item anterior devem obedecer a
normas tcnicas quando submetidas a um projeto de aeroporto. No
Brasil, a ANAC publicou o RBAC n 154 Projetos de Aerdromos com o
intuito de normatizar as diversas caractersticas inerentes ao
aeroporto.
Este regulamento, no entanto, tem como subsdios principais os
manuais da ICAO: Aerodrome Design Manual, partes 1 e 2, que por sua
vez, foram elaborados a partir do documento Airport Design,
Advidory Circular AC 150, publicado (em ltima verso) em 2008, pela
FAA. Ou seja, as normas seguidas por todos os pases filiados a ICAO
tm na origem os padres propostos pela Federao Americana de Aviao. A
literatura utilizada neste trabalho seguem as normas
internacionais.
2.3.2.1. Pista de Pouso e Decolagem
As caractersticas estruturais comprimento, largura, espessura e
material da pista de um aerdromo devem ser determinadas a partir de
um pressuposto inicial: A aeronave crtica (ou aeronave tipo) de
operao naquele aerdromo. Isto significa a aeronave que ir exigir
estruturas mais robustas e extensas para completar, em segurana, a
etapa terrestre de decolagem e pouso considerando-se pesos mximos
de decolagem e de aterrisagem para aquele modelo de aeronave.
Isto , o ideal que se tenha uma estimativa futura de qual ser a
aeronave crtica no aeroporto a ser projetado para que o projeto
esteja dentro da conformidade de capacidade por um perodo longo e
adequado e, ento, seja feita uma ampliao ou reformulao, sendo este
o caso.
Como este trabalho est tratando da rea do aeroporto, a dimenso
relevante para o tamanho do terreno o comprimento da pista. Largura
e espessura, portanto, so atributos que no sero abordados.
-
36
Segundo Goldner (2012), o comprimento de pista a ser construdo
deve levar o projetista a introduzir os seguintes dados em bacos
fornecidos pelos fabricantes de aeronaves: temperatura de referncia
do local, altitude geomtrica, declividade mdia da pista e peso
bruto do avio e vento. Estes dados entregaro, no output, o
comprimento de pista necessrio.
A orientao da pista tambm fator imprescindvel ao projeto. O RBAC
prope que um estudo de ventos recorrentes na regio do stio
aeroporturio deve ser realizado a fim de se orientar a pista a
favor do sentido de maior recorrncia de ventos. O vento que deve
ser evitado nas movimentaes de aeronaves , portanto, o vento
lateral, conhecido como vento de travs.
O manual da ICAO limita as velocidades permitidas de operao com
vento de travs conforme o comprimento da pista, conforme o Quadro 2
abaixo.
Quadro 2 - Limites de velocidade dos ventos Comprimento de
Referncia de Pista Componente de Centro
de Travs Permitido > 1500 m 20 ns
1200 m a 1499 m 13 ns < 1200 m 10 ns
Fonte: ICAO, 1984.
Para pistas maiores que 1500m, as pistas devem ser orientadas de
modo que as aeronaves possam pousar pelo menos 95% do tempo com
componente de vento de travs menor ou igual a 20 ns.
H alguns casos em que conveniente ao projetista estabelecer uma
rea de proviso para a construo de uma pista alternativa para vento
lateral. Esta pista ser vlida em casos onde existam ventos de duas
condies diferentes atuando com uma frequncia elevada ou ainda em
aeroportos muito movimentados em que se pode tanto utilizar a pista
alternativa para ampliar a capacidade do aerdromo, quanto para
manter o aeroporto ininterruptamente operando, mesmo nos breves
intervalos
-
37
em que o vento de travs est atuando. Se o aeroporto em questo
ser um aeroporto regional de baixo fluxo e estabelecido em uma rea
onde exista apenas uma direo de vento muito recorrente, esta
providncia pode ser dispensada.
2.3.3. Planejamento de Aeroportos
A boa localizao de um aeroporto exige grande disponibilidade de
terras para a construo de pistas, estacionamento de aeronaves
(ptios), reas para passageiros, manuseio de cargas e bagagens,
sistemas de aproximao de aeronaves, espaos livres nas proximidades
das pistas para aumentar a segurana em pousos e decolagens, reas
para futuras ampliaes e para o funcionamento de todas as atividades
de apoio, sem as quais o transporte areo no pode funcionar. (MELLO,
2008).
Os atuais aeroportos centrais, ou muito prximos dos centros
urbanos, um dia foram construdos em reas isoladas. Sua existncia
criou novas acessibilidades, estimulando o surgimento de construes
nos seus arredores, que poderiam ser contidas pelo poder pblico.
Sua presena em meio ao cotidiano urbano causa m qualidade de vida
dos moradores do entorno e impede a plena funcionalidade da
estrutura. Ao mesmo tempo, difcil desativar um aeroporto como este,
pela comodidade que proporciona aos usurios apesar dos transtornos
comentados e pelo alto investimento que se fez em seu
empreendimento.
Segundo Mello (2008), o ideal a construo de aeroportos em reas
distantes dos centros urbanos, com reas de previso para futuras
expanses e de segurana para as operaes (reas de escape), e o uso do
solo e obedecendo as normas. Tudo isto integrado com facilidades de
acesso por trens expressos, metros, servios de nibus e rodovias que
permitam chegar a eles rapidamente, sem congestionamento.
Os dados bsicos para a elaborao de um projeto de aeroporto so
obtidos a partir da destinao do aerdromo, a demanda atual e
-
38
futura, a etapa critica dos voos, tipo e peso das aeronaves
tipo. O projeto deve ser precedido de um plano diretor que, dentre
outros itens, engloba:
Estudo do uso do solo; Relao com a populao nas proximidades;
Meio ambiente; Acesso terrestre; Pistas, aproximao em segurana e
controle do trfego; Prdios e demais instalaes; Planos de expanso;
Cronogramas de execuo; Processo de explorao: pblico, privado ou
misto; Financiamento; Integrao operacional com outros aeroportos
prximos; Licitaes, contratos, fiscalizao e gerenciamento das
obras.
O planejamento de um aeroporto um processo complexo e, portanto,
a anlise de uma nica atividade sem considerar o efeito nas demais
no traro as melhores solues. Um aeroporto encampa uma imensa gama
de atividades que geralmente demandam diferentes e conflitantes
requerimentos. Alm disso, estes requisitos so interdependes,
ocasionando que um nico aspecto impacte na limitao de todo o
complexo (Horonjeff et Al., 2010).
No passado, o planejamento de um aeroporto era desenvolvido
isoladamente com base em no que a localidade na qual estava
inserido necessitava. Nos tempos mais recentes, estes projetos tm
sido integrados ao planejamento aeroporturio regional ou nacional
que leva em considerao a integrao entre os aeroportos em questo e
sua integrao com a populao que os utiliza.
A implantao de um novo aeroporto decorrente, na maioria das
vezes, das necessidades de desenvolvimento econmico de uma regio.
(DAC, 2005). Neste enfoque, basicamente, tm-se duas situaes
distintas: localidades onde a infraestrutura aeroporturia atual,
sem possibilidade de expanso, no atende mais s necessidades da
regio;
-
39
ou localidades que ainda no dispem de nenhum aerdromo o foco
deste trabalho. Em ambos os casos, inicialmente, faz-se necessrio o
desenvolvimento de estudos econmicos, caracterizando a regio e
avaliando se o seu potencial para o transporte areo justifica a
implantao de uma nova unidade aeroporturia.
2.3.3.1. Determinao do local de construo de um novo
aeroporto
A proposio de stios para implantao de novos aeroportos no Brasil
era, at 2005 de competncia do extinto Departamento de Aviao Civil
(DAC), mais precisamente pelo seu Instituto de Aviao Civil (IAC).
Enquanto esteve atuante, este rgo desenvolveu metodologias prprias
para as diversas questes da aviao, inclusive o relevante Manual de
Implantao de Aeroportos, publicado no ltimo ano de funcionamento do
DAC.
O processo de avaliao, segundo consta no Manual, deve ser
realizado por equipe tcnica multidisciplinar, com o objetivo de
coletar dados relativos localidade e caracterizar os stios
preliminarmente identificados por meio de visitas in loco, por via
terrestre e, quando possvel, por sobrevoo. A coleta de dados para a
caracterizao do stio deve obedecer aos seguintes requisitos:
1) Principais caractersticas socioeconmicas da regio a ser
atendida pela unidade aeroporturia;
2) Localizao (distncia) da rea em relao ao centro urbano do
principal polo gerador de trfego e a outros centros prximos;
3) Identificao de aerdromos, existentes ou previstos, na rea de
influncia da localidade em estudo (50 km);
4) Vias de acesso: caractersticas e distncia em relao s
localidades atendidas;
5) Dados meteorolgicos histricos de pelo menos cinco anos
relativos temperatura e aos ventos (direo, intensidade e
frequncia);
6) Dimenses e orientao da rea em relao aos ventos predominantes;
7) Tipo de ocupao do solo na rea proposta e no seu entorno,
tais
como: edificaes, culturas, parcelamentos, matas naturais e
outros usos;
-
40
8) Identificao e caracterizao das possveis implantaes de
natureza perigosa, tais como lixes, aterros sanitrios, vazadouros,
matadouros e outros que possam atrair pssaros;
9) Identificao da existncia de reas de proteo ambiental na rea
de influncia do projeto;
10) Caracterizao do valor das terras nas localidades indicadas
com potencial para atender ao aeroporto;
11) Topografia da rea e de seu entorno, visando avaliar possveis
obstculos navegao area e a necessidade de movimentao de terra;
12) Caracterizao preliminar geolgica do tipo de solo e das
possibilidades de drenagem, visando implantao do aeroporto;
13) Identificao de servios e instalaes quanto ao fornecimento de
energia eltrica, meios de comunicao telefnica, abastecimento de
gua, tratamento de esgoto e lixo, entre outros.
De posse destas informaes, deve-se analisar, dentre os poucos
stios finalistas para a escolha, e apontar aquele que melhor se
adapta aos critrios de planejamento e s caractersticas do futuro
aeroporto.
Para Horonjeff et Al. (2010), o escopo do processo de escolha do
stio aeroporturio ir variar de acordo com o tamanho, complexidade e
papel do novo aeroporto, mas existem linhas gerais que comumente so
aplicados para todos os casos, divididas em trs etapas:
identificao, triagem e seleo.
Identificao: Inicialmente so desenvolvidos os critrios que iro
determinar se um terreno propcio para a construo de um novo
aeroporto, bem como se este atende as necessidades dos potenciais
usurios do futuro terminal. Estes critrios, por exemplo, verificaro
as caractersticas geogrficas do terreno; a distncia do aeroporto
existente mais prximo, a distncia da concentrao demogrfica mais
prxima e qual o grau desta concentrao. esperado que uma boa
quantidade de terrenos que se enquadrem nestes quesitos seja
obtida.
Triagem: Uma vez obtidos os primeiros stios identificados,
inicia-se um processo eliminatrio que dever ser aplicado a cada um
destes locais, isto , uma avaliao de todos os stios
-
41
potenciais que atenderam aos critrios iniciais deve ser
conduzida, filtrando-se aqueles com cujas deficincias se apresentam
mais evidentemente. Este processo eliminatrio norteia-se em fatores
de eliminao que segue uma sequncia, elencada por Horonjeff et Al.
(2010) da seguinte maneira:
o Capacidade Operacional: espao areo, obstrues, clima;
o Capacidade potencial disponvel: disponibilidade para futuras
instalaes;
o Acesso terrestre: distncia a partir da demanda por servios de
aviao, infraestrutura viria regional, transporte pblico
disponvel;
o Custos de implantao: o valor da terra, as condies construtivas
do solo, disponibilidade de servios pblicos (energia eltrica, gua,
telecomunicao).
o Impactos ambientais: rudo das aeronaves, qualidade do ar, das
guas subterrneas, escoamento superficial, impacto na flora e na
fauna, etc.;
o Compatibilidade com a rea em todo o planejamento do impacto do
uso da terra;
Seleo: O ltimo passo , de fato, selecionar e recomendar a
implantao do aeroporto no local mais adequado.
Horonjeff et Al. (2010) chama a ateno para o cuidado na aplicao
deste mtodo, no sentido de que o processo deve se concentrar em
fornecer aos tomadores de deciso informaes sobre vrias opes de uma
forma compreensvel e parcial, considerando os elementos de
sensibilidade para a anlise.
2.3.3.2. Zona de Proteo Aeroporturia
Esta importante definio objeto do Plano de Proteo do Aerdromo,
que deve ser consolidado levando-se em considerao fatores como a
navegao area, o rudo, o uso do solo e recentemente at proteo contra
raios laser, conforme consta no RBAC n 154. O
-
42
Plano, por sua vez, resulta em projees de superfcies imaginrias
bi ou tridimensionais, que estabelecem as restries impostas ao
aproveitamento das propriedades dentro da Zona de Proteo (Goldner,
2012).
No que tange ao tema deste trabalho, a Zona Livre de Obstculos
consiste no item de maior relevncia dentre o conjunto.
O RBAC n154 estabelece, entre outras recomendaes que:
i) Uma superfcie de proteo contra obstculos deve ser
estabelecida quando for necessrio oferecer um sistema visual
indicador de rampa de aproximao.
ii) As caractersticas da superfcie de proteo contra obstculos,
como a origem, divergncia, extenso e declividade, devem
corresponder s caractersticas especificadas pelo RBAC-154.
Isto , quando o aeroporto oferece operao do tipo IFR1, deve
fornecer ao piloto uma rampa de aproximao, que ser visualizada no
instrumento instalado na aeronave, que dever ser livre de
obstculos, o aeronauta guia-se pelo instrumento e no pela prpria
visualizao da rea de navegao. Goldner (2012) cita algumas das
seguintes projees de superfcies em sua publicao: Faixa de Pista,
Superfcies de Aproximao, Decolagem e de transio, Superfcie
Horizontal Interna, Superfcie Cnica, de Aproximao e Transio Interna
e Pouso Interrompido.
Quanto da elaborao de um Plano Diretor do Aerdromo imprescindvel
estimao e ao detalhamento de cada uma destas superfcies e, caso
exista um obstculo dentro das reas previstas, devem-se tomar as
medidas previstas no RBAC n 154.
1 IFR: Instrument Flight Rules. a operao de aproximao ao
aerdromo
utilizada em ocasies de baixa visibilidade, que consiste na
conduo da aeronave ao pouso por uma rampa imaginria emitida por
sinal, do instrumento instalado na cabeceira da pista para a
leitura no instrumento instalado no avio.
-
43
2.3.3.3. Perigo Avirio
Perigo avirio o risco potencial de coliso com ave ou bando de
aves, no solo ou no espao areo (Morais, 2012).
Trata-se de um assunto de crescente relevncia e de preocupao
constante entre todas as esferas do transporte areo (CENIPA). Um
caso emblemtico recente, que demonstra o que este evento capaz de
causar, foi a amerissagem2 de um avio de grande porte da companhia
americana US Airways, no Rio Hudson, em Nova York, Estados Unidos,
quando se aproximava do aeroporto internacional, em Janeiro de
2009.
As consequncias de uma coliso entre aves e aeronaves so
imprevisveis, dependendo do local da coliso (para-brisas, asa,
motor, etc). De acordo com a publicao de Morais (2012), estatsticas
indicam que quase 90% das colises ocorrem a at 3 mil metros de
altura, nas proximidades dos aerdromos, e durante o perodo
diurno.
Ainda segundo Morais (2012), a probabilidade deste tipo de
incidente dada em funo da quantidade de aves presentes nas rotas de
voo e do nmero de vezes que estes elementos se cruzam no espao
areo. A intensidade dos danos estimada, por Morais (2012), a partir
da velocidade do avio e da massa do animal. Um exemplo o choque
entre uma ave de 2 kg com uma aeronave a 300 km/h, cujo impacto
pode chegar a um impacto de 7 toneladas.
O risco de acidente aeronutico causado por coliso aves ,
portanto composto por duas variveis: probabilidade de coliso e
gravidade de coliso (Morais, 2012).
O Centro Nacional de Investigao e Preveno de Acidentes
Aeronuticos CENIPA, coloca o crescimento da populao brasileira
associado ocupao desordenada do uso do solo urbano, a um saneamento
bsico inadequado e, finalmente aos sistemas de coleta de
2 Em aviao, significa a o procedimento de pouso na gua.
-
44
resduos slidos pouco eficientes como um cenrio de atrao de
quantidades significativas de aeronaves em busca de alimento com
destaque ao Urubu e Gara pequena branca que, juntos, correspondem a
quase 50% das colises com aeronaves, segundo o CENIPA.
A partir do ano de 1987 o assunto passou a receber ateno do
CENIPA, que encabeou estudos, juntamente com outros rgos,
objetivando diagnosticar as caractersticas do problema e propor aes
mitigatrias. Finalmente, em 1995, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) aprovou a relevante Resoluo n 04, em que foram
estabelecidas restries implantao de atividades que atrassem aves,
concretizando-se como um marco sobre o assunto no Brasil.
Ficou delimitada a rea de Segurana Aeroporturia (ASA), em que
isola, por um raio de 20 km a partir do centro da pista do aerdromo
(IRF), atividades atrativas a aves, tais como: lixes, aterros
sanitrios, curtumes, abatedouros, assim como quaisquer outras
atividades que possam proporcionar riscos semelhantes navegao area
(CONAMA, 1995).
Segundo o CENIPA, diversas aeronaves foram perdidas no Brasil e
259 mortes j foram contabilizadas, em decorrncia do perigo
avirio.
-
45
Figura 5 - Aeronave comercial atingida por ave em Phoenix,
Estados Unidos, em 2009.
Fonte: diariodeumaeromodelista.blogspot.com.br
-
46
-
47
3. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho foi proposta pelo prprio autor. A
literatura encontrada prope, de maneira geral, uma sequncia de
etapas para a escolha do stio aeroporturio partindo-se da premissa
de que a deciso da construo de um aeroporto em determinada regio de
importncia econmica j foi tomada restando-se apenas localizar o
melhor terreno.
A metodologia aqui colocada busca potencialidades
tcnicas/operacionais e econmicas em reas ainda no atendidas por
aeroportos. No fim do procedimento, pode-se encontrar tanto uma
variedade de reas propcias para a implantao de aeroporto, quanto
nenhuma rea disponvel para esta finalidade.
A sequncia dos procedimentos est resumida no Quadro 3. So sete
passos para se chegar ao resultado.
A busca pelo entendimento das condies de operao de um aeroporto
norteou a Fundamentao Terica, que abordou temas gerais da aviao
civil e do transporte areo e temas especficos sobre projeto e
planejamento e aeroportos, focando no conjunto de fatores decisivos
para a escolha do stio aeroporturio.
Com uma ideia bem definida a respeito do que um aeroporto
necessita para plenitude operacional, bem como condies de estmulo a
demanda por transporte areo, buscou-se informaes nas mais variadas
fontes de banco de dados conhecidos no Brasil e publicamente
disponveis, sobretudo mapas digitais. Obtiveram-se dados confiveis
em sites de rgos como ANAC, Epagri, IBAMA, IBGE, DNIT, ABES, entre
outros.
Antes do incio do tratamento dos dados realizou-se, na terceira
etapa, a determinao da rea de estudo, para se delimitar uma rea de
interesse, onde as informaes sero dispostas em ambiente SIG.
A partir de ento se iniciaram as etapas de manipulao dos dados
no software ArcGIS, desenvolvido pela fabricante Esri. O
-
48
programa permite a criao de layers3 temticas e possibilita
sobreposies destas. Para cada critrio definido, criou-se uma layer.
Depois, agruparam-se estes critrios em quatro fases, para que um
procedimento de anlise seja feito ao final de cada uma delas.
Quadro 3 - Procedimentos Metodolgicos
# ETAPA: Descrio
1 Referencial Terico
Levantamento investigativo sobre quais parmetros so considerados
na implantao de um aeroporto; Esta etapa norteia e fundamenta todas
as outras.
2 Levantamento de dados
Busca por informaes em banco de dados de organizaes relacionadas
aos critrios explorados; a qualidade e a quantidade destas
informaes influenciam na escolha dos critrios a serem utilizados no
trabalho.
3 Determinao da rea de estudo
Delimitao do universo territorial a ser estudado.
Eta
pas
SI
G
4 1 Fase: Critrios restritivos gerais Eliminao de reas impedidas
pelos critrios
5 2 Fase: Classificao Econmica
Seleo das reas com maior possibilidade de demandar transporte
areo e descarte das reas com menor possibilidade
6 3 Fase: Restries Operacionais
Avaliao das caractersticas das reas classificadas para eliminao
daquelas cujas condies de relevo no permitem projeto de
aerdromo.
7 4 Fase: Qualificao para Utilizao
Qualifica as reas finalistas entre mais favorveis e menos
favorveis quanto a maior facilidade de implantao, no que se refere
integrao com o centro urbano e aos acessos terrestres
existentes.
Estas quatro fases, alocadas esquematicamente nas Etapas 4,5,6 e
7 sero mais detalhadamente abordadas na seo 4.2: Critrios
Utilizados. A sequncia adotada a ideia do procedimento colocado
por
3 Layer o termo em ingls (que significa camada) utilizado em
programas
de manipulao de imagens e informaes, como os SIG.
-
49
Horonjeff et Al. (2010) anteriormente abordado: Identificao,
Triagem e Seleo.
A Etapa 4 1 Fase rene critrios restritivos para o
estabelecimento de atividades aeroporturias em qualquer territrio,
segundo as normas consultadas. Alocou-se Rios Principais tambm
nesta categoria, entretanto, no momento da aplicao entendeu-se que
seria conveniente utilizar o dado da proximidade de Rios ao final
do processo, na Etapa 7, porque na presente etapa analisaram-se os
dados de maneira macro, com a visualizao de toda a rea de estudo.
Por questes de classificao, manteve-se este critrio na 1 Fase
(Etapa 4).
A 2 Fase analisou as reas remanescentes ao processo eliminatrio
anterior e identificou potenciais demandantes por transporte areo,
segundo os respectivos PIBs municipais dispostos no mapa.
Dentre as melhores opes, a 3 etapa avaliou as condies de relevo
e altimetria de cada rea, segundo recomendaes de projeto para a
Zona de Proteo Aeroporturia. Tambm por eliminao, descartaram-se os
locais onde os movimentos de aproximao e decolagem de aeronaves
seriam restritos.
As reas finalistas do processo passam por uma anlise qualitativa
na 4 fase, em que se discute a rea mais apropriada para a construo
do novo aeroporto, subsidiando dados relevantes como acessos
existentes e distncia dos centros urbanos. Conclui-se que, ao
chegar at este ponto, o terreno esteja apto a receber um projeto de
aeroporto e cabe ao tomador de deciso eleger em qual deles o
empreendimento ser efetuado.
-
50
-
51
4. ESTUDO DE IDENTIFICAO DAS MELHORES REAS PARA A IMPLANTAO DE
UM NOVO AEROPORTO EM SANTA CATARINA
4.1. REA DE ESTUDO
4.1.1. Informaes Gerais
Define-se a rea de estudo deste trabalho como o territrio do
Estado de Santa Catarina, cuja rea de 95.346,181 km e, segundo
estimativas de 2013 do IBGE, populao de 6.634.250 habitantes, o que
resulta em uma densidade demogrfica de 69,58 hab./km, distribuda em
295 municpios. Dentre os mais populosos, destacam-se Joinville,
Florianpolis, Blumenau, So Jos, Cricima, Chapec, Itaja, Lages,
Jaragu do Sul, Palhoa, Balnerio Cambori, Brusque e Tubaro, todos
com mais de cem mil habitantes.
Santa Catarina limtrofe dos Estados do Rio Grande do Sul e do
Paran, de maneira que aeroportos com voos regulares nas bordas
destes estados com o territrio catarinense iro influenciar na rea
de estudo deste trabalho, conforme ser explorado no item 4.2.
A economia catarinense bastante diversificada e, a exemplo de
sua demografia, descentralizada. A importncia de se verificar as
atividades econmicas e suas respectivas intensidades e posies
geogrficas se deve ao fato de que o PIB de uma regio tem relao
direta com demanda por transporte areo que, em ltima instncia,
necessita da instalao de um aeroporto.
Na tabela abaixo, a relao das principais atividades da economia,
de acordo com cada mesorregio do Estado de Santa Catarina, se
acordo com classificao do IBGE.
-
52
Quadro 4 - Mesoregies em Santa Catarina: dados econmicos
Mesorregio Principais Municpios Setores Econmicos
PIB (2010) x R$1.000
Norte Joinville, Jaragu do Sul, So Bento do Sul, Mafra
Metal-mecnico, moveleiro, servios.
22.775
Vale do Itaja
Blumenau, Itaja, Balnerio Cambori, Brusque,
Navegantes, Rio do Sul
Txtil, logstica, turismo, servios. 24.505
Grande Florianpolis
Florianpolis, So Jos, Palhoa
Servios, tecnologia,
turismo. 13.146
Sul Cricima, Tubaro Carbonfero, cermico. 10.372
Planalto Serrano
Lages, Curitibanos, Campos Novos
Agricultura, pecuria, 4.795
Oeste Chapec, Caador,
Concrdia, So Miguel do Oeste
Agroindstria, pecuria. 17.363
Fonte: IBGE
Figura 6 - Santa Catarina dividida em suas Mesorregies
Fonte: Wikipedia, adaptado pelo autor.
-
53
A rea de estudo, contudo, deve ser considerada alm dos limites
territoriais catarinenses. Mais adiante sero detalhados os critrios
para a anlise das melhores reas para implantao de um novo aeroporto
e, como um destes critrios diz respeito influncia de aeroportos j
existentes e operantes, deve-se levar em considerao aqueles
situados nos prximos aos limites territoriais do Estado de Santa
Catarina, porm, nos Estados vizinhos, Paran e Rio Grande do
Sul.
Portanto, a rea de estudo deste trabalho ser o territrio do
Estado de Santa Catarina acrescido de 100 km de faixa de territrio
dos Estados do Paran e Rio Grande do Sul, adjacentes aos limites
territoriais. A Figura 7 demonstra o resultado da determinao da rea
de estudo.
-
54
Figura 7 - rea de Estudo
4.1.2. Estrutura Aeroporturia da rea de Estudo O Estado de Santa
Catarina dispe de uma infraestrutura
aeroporturia descentralizada e que conta com, alm de diversos
aerdromos e alguns aeroportos sem voos regulares, cinco aeroportos
com voos comerciais regulares, conforme o quadro a seguir.
-
55
Quadro 5 - Aeroportos que operam voos regulares na rea de estudo
Aeroporto Municpio Administrao Movimentao (2012) Herclio Luz
Internacional Florianpolis INFRAERO 3.395.256
Ministro Victor Konder Internacional Navegantes INFRAERO
1.277.486
Lauro Carneiro de Loyola Joinville INFRAERO 423.114
Serafin Enoss Bertaso Chapec Prefeitura Chapec 250.0004
Diomcio Freitas Forquilhinha INFRAERO 27.215 Fonte:
www.anac.gov.br
4.2. CRITRIOS UTILIZADOS
1 FASE: CRITRIOS RESTRITIVOS GERAIS
I. Existncia de Aeroportos
Ao final do ano de 2012 o Governo Federal divulgou o Programa de
Investimento em Aeroportos. Balizando todo o investimento anunciado
em 270 aeroportos regionais, pautou-se o objetivo de que 96% da
populao brasileira estivesse a menos de 100 km de distncia de um
aeroporto apto ao recebimento de voos regulares (BRASIL, 2012).
Este escopo determinou a premissa da rea de influncia dos
aeroportos existentes e em operao na rea de estudo. Buscaram-se, no
site da ANAC, quais aeroportos recebem voos regulares em Santa
Catarina e tambm os situados nos territrios que compreendem a
divisa do Estado at uma faixa de 100 km nos Estados vizinhos do
Paran e do Rio Grande do Sul. Considerou-se o perodo entre os meses
de Agosto e Novembro para esta definio, de maneira que aeroportos
que j
4 Dados Aproximados de 2011. Fonte: Prefeitura Municipal de
Chapec.
-
56
receberam voos regulares em algum momento do passado no foram
considerados.
Ressaltam-se os aeroportos de Correia Pinto e de Jaguaruna,
implantados em regies estratgicas do Estado, cujas obras esto
concludas, porm aguardando homologao da ANAC para o incio das
operaes. H um impasse no trmite que o fato de ambas as pistas terem
sido construdas com 30 m de largura, em vez de 45 m, prprias para a
operao de aeronaves de mdio porte, tais como o Airbus A320 e o
Boeing 737-800. Definiu-se, portanto, os aeroportos de Correia
Pinto e o de Jaguaruna como Aeroportos Existentes No Operantes.
A partir da localizao dos 8 Aeroportos Operantes e dos dois No
Operantes, restringiu-se as reas formadas pelas circunferncias, a
partir dos pontos, de 80 km de raio, representando a rea de
abrangncia de cada aeroporto. A escolha por uma rea menor se deve
ao fato de que a inteno do governo disponibilizar um aeroporto para
os cidados que estejam a 100 km de distncia por terra. A rea de
abrangncia, portanto, deve ser considerada menor e, portanto,
adotou-se o raio de 80km.
A Figura 8 ilustra as faixas de entorno dos aeroportos
existentes.
-
57
Figura 8 - Aeroportos existentes e respectivas reas de
influncia
II. Perigo Avirio
A Resoluo Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA n 4, em seu
artigo 1, estabelece a rea de Segurana Aeroporturia (ASA), como
sendo a rea abrangida a partir do centro geomtrico do aerdromo, at
um raio de 20 km, para aeroportos que operam de acordo com as
regras de voo por instrumento IFR (que o caso do aeroporto a ser
proposto por este trabalho). Em seu artigo 2, determina que no seja
permitida a implantao de atividades de natureza perigosa dentro da
ASA, entendidas como foco de atrao de pssaros, como matadouros,
curtumes, vazadouros de lixo ou quaisquer outras atividades que
possam proporcionar riscos semelhantes s operaes areas.
-
58
Com base no que define o CONAMA, buscou-se informaes referentes
localizao de abatedouros de animais e de aterros sanitrios no
territrio catarinense. O primeiro conseguiu-se atravs do banco de
dados do Sistema de Inspeo Federal SIF do Ministrio da
Agricultura.
A Lei n 12.305/2010, conhecida como a Lei dos Resduos Slidos
determina o fim dos lixes no pas e obriga municpios a adotarem
aterros sanitrios como soluo da destinao final dos dejetos. Com
isto, no possvel verificar a localizao de lixes, que, desde que a
lei foi sancionada, passaram a ser clandestinos. Encontrou-se a
relao de todos os 37 aterros sanitrios regulares no Estado de Santa
Catarina no documento Relatrio Final do Projeto de Cooperao
Tcnico-Cientfico entre o Ministrio Pblico de Santa Catarina e a
Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental.
De posse dos endereos dos referidos focos de perigo avirio,
plotaram-se os dados no ambiente SIG e eliminaram-se, a partir
deles, as reas de circunferncia de 20 km, conforme apresentado na
Figura 9.
Figura 9 - Localizao de abatedouros e reas de perigo avirio
gerado
-
59
Registra-se que a impossibilidade de prever a localizao de lixes
clandestinos ou mesmo abatedouros ilegais deve ser suprida com
investigao destas atividades na ASA do stio escolhido ao final do
procedimento. A Figura 10 identifica os pontos de ocorrncia de
aterros sanitrios e abatedouros e suas respectivas reas de
entorno.
Figura 10 - Localizao de aterros sanitrios e reas de perigo
avirio gerado
III. Unidades de Conservao Integral
A Lei N 9.985/2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservao da Natureza, regulamenta as questes de preservao
ambiental e atribui conceitos aos diversos elementos naturais a
serem conservados.
Dentre as Unidades de Conservao (UC) classificadas pela Lei,
tm-se reas de Proteo Ambiental, Estaes Ecolgicas, Estradas-Parque,
Monumentos Naturais, Parques e Reservas Particulares do Patrimnio
Nacional, cujos territrios no devem ter interferncias externas, bem
como a implantao de um aerdromo e que, portanto, foram consideradas
reas restritas neste trabalho.
Buscou-se na base de dados do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais No Renovveis (IBAMA) a
-
60
localizao das diversas Unidades de Conservao (UC) presentes na
rea de estudo definida.
A Figura 11 mostra a localizao das Unidades de Conservao
Integral na regio de estudo.
Figura 11 - Unidades de Conservao Ambiental
IV. Terra Indgena
Acerca da ocupao do territrio definido como indgena, a
Constituio Federal de 1988 define que:
As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios destinam-se a
sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes (BRASIL,
1988).
-
61
Com fonte na base de dados da Fundao Nacional do ndio (FUNAI)
referente ao ano de 2011, restringiram-se as terras assinaladas
como ocupadas por ndios, conforme disposto na Figura 12.
Figura 12 - rea Indgena
V. Rios Principais
Conhecida como Novo Cdigo Florestal, a Lei N 12.651/2012 dispe,
em seu Captulo II a delimitao das reas de Preservao Permanente APP.
Determina que todas as faixas marginais de qualquer curso dgua
natural, em zonas rurais ou urbanas, sejam consideradas APP desde a
borda do rio at uma distncia mnima que varia de acordo com a
largura do curso dgua. Como exemplos extremos, tem-se: faixa de 30
metros de preservao permanente para um rio de 10 metros de largura;
e faixa de 500 metros de faixa de APP para um rio com largura igual
ou superior a 600 m.
Os dados obtidos da Agncia Nacional de guas (ANA) so
representados por meio de linhas, sem a referncia aos valores de
largura do rio.
-
62
Decidiu-se que este critrio deve servir como uma orientao ao
futuro projetista para que se atente existncia de cursos dgua nos
arredores da eventual rea escolhida para ser o sitio aeroporturio,
necessitando-se, portanto realizarem-se levantamentos in loco e de
dados secundrios especficos do local.
Servir, entretanto, obrigatoriamente como critrio de restrio
quando a rea de interesse sobrepuser o curso do rio ou quando
adentrar a faixa de 30 metros, prevista como APP mnima para estes
casos.
O presente critrio, portanto, apesar de fazer parte do grupo de
Critrios Restritivos Gerais, dever ser introduzido ao modelo
somente aps a 3 Fase, quando uma quantidade menor de reas,
candidatas a sitos aeroporturios sero analisadas mais
detalhadamente. Antes da 4 Fase, desta forma, a interferncia na APP
de um rio poder eliminar as reas avaliadas.
A Figura 13 representa os cursos dgua aqui simplificadamente
todos denominados Rios Principais distribudos pela rea de
estudo.
-
63
Figura 13 - Rios principais na rea de Estudo
2 FASE: CRITRIO ECONMICO CLASSIFICATRIO
VI. PIB Municipal
A metodologia mais relevante na determinao da demanda por
transporte area foi desenvolvida pelo Instituto Tecnolgico de
Aeronutica ITA, e publicado no Estudo do Setor de Transporte Areo
no Brasil da consultoria McKinsey & Company, contratada pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES.
No faz parte do escopo deste trabalho dimensionar demanda por
transporte areo, todavia, valeu-se da metodologia proposta na
publicao mencionada para adotar o presente critrio.
Em termos gerais, os dados de entrada das equaes de previso de
demanda por transporte areo so dois: preo da passagem e o
Produto
-
64
Interno Bruto PIB. Este ltimo aparece tanto na anlise top-down,
em que se utiliza o PIB Brasil, quanto na bottom-up5, valendo-se do
PIB local.
A maneira com que este dado se relaciona e influencia na procura
por voos no vem ao caso do presente estudo, mas pode-se inferir
decisivamente que existe uma relao direta, ou seja, onde h PIB mais
alto, h mais demanda por transporte areo.
Adotando-se o mtodo de Silva (1985) de se utilizar 4 nveis de
pontuao para critrios classificatrios, elaborou-se 4 faixas de PIB
dos municpios de Santa Catarina, a partir de dados do IBGE para
valores de 2010.
Quadro 6 - Faixas de PIB e respectivas pontuaes Faixa de PIB
Pontuao Acima de 2 bilhes de Reais 5 Entre 1,25 e 2 bilhes de Reais
4 Entre 750 milhes e 1,25 bilho de Reais 3 Entre 250 e 750 milhes
de Reais 2 Entre 75 e 250 milhes de Reais 1 At 75 milhes de Reais
0
Com uma escala de cor de 6 tons um para cada pontuao facilmente
se identifica onde esto concentrados os maiores valores de PIB,
conforme demonstrado na Figura 14.
5 Top-down: Abordagem pela qual se assume a existncia de uma
demanda global, de onde
ser extrado um comportamento mdio do consumidor: uma
elasticidade-preo mdia e uma elasticidade-PIB mdia, ambas obtidas
por estimao de modelo economtrico de demanda global. Bottom-up:
Nesta abordagem, as elasticidades so configuradas por meio de
parametrizao por casos semelhantes. Existem inmeras possibilidades
de elasticidades-preo e PIB, de acordo com a segmentao de
passageiros do aeroporto (MCKINSEY&COMPANY, 2010).
-
65
Figura 14 - Gradiente do PIB dos municpios catarinenses
3 FASE: CRITRIOS RESTRITIVOS OPERACIONAIS
VII. Zona de Proteo Aeroporturia Altimetria
Conforme aprofundado na seo Fundamentao Terica do presente
trabalho, o projeto de um aerdromo deve prever zonas de proteo do
stio aeroporturio, cuja superfcie mais crtica, no que se referem
extenso de rea livre de obstculos, a superfcies de aproximao
entendida como uma rampa imaginria que se estende no sentido do
prolongamento da cabeceira da pista de pouso e decolagem, a partir
da faixa de pista (RBAC n 154, 2012).
Neste trabalho, portanto, o processo interativo. Buscam-se
terrenos adequados para cumprir determinados critrios definidos
pelo autor, mas no se sabe, a priori, qual o tamanho destes stios
por no se poder indicar qual o tamanho do aeroporto sem antes saber
em que cidade este ser instalado e a que populao ir atender.
A partir da escolha da aeronave crtica se obtm o comprimento de
pista, que por sua vez, determina o tamanho da extenso da zona
de
-
66
proteo aeroporturia. O memorial de clculo deste dimensionamento
encontra-se no Apndice deste trabalho.
A escolha da aeronave crtica foi estipulada pelo autor, que teve
como critrio o atual cenrio do transporte areo de passageiros no
Brasil. Analisou-se a frota nacional atualizada (Quadro 7) e
conclui-se que uma pista de pouso e decolagem dimensionada para o
modelo 737-800 da fabricante Boeing estar conforme para operaes de
91% de toda frota. As nicas aeronaves que no estariam aptas a
utilizar este comprimento de pista seriam as utilizadas para
cumprirem etapas longas, com grande capacidade de transporte de
passageiros o que definitivamente no o caso de um aeroporto
planejado para operar no interior de Santa Catarina.
Quadro 7 - Frotas das companhias aras brasileiras por quantidade
e modelo de aeronave. (Dados de Agosto de 2013).
Fonte: www.aviacaobrasil.com.br
Por outro lado, em um primeiro momento poder-se-ia entender que
a pista estaria superdimensionada, dado que, ao se analisarem os
aeroportos regionais de Cascavel (PR), Cricima (SC) e Passo Fundo
(RS) perceber-se- que as nicas aeronaves que operam nestes lugares
so de modelos inferiores6 (ATR-72 e Embraer 190), comparando-se com
o proposto por este trabalho.
Portanto, admite-se a preferncia por escolher um local cuja
ausncia de obstculos permita a construo de uma pista com superfcie
de proteo pertinente a operao de um Boeing 737-800 ainda que sua
construo, em um primeiro momento, seja para aeronaves menores,
preservando a rea para uma futura ampliao.
6 Fonte: Azul Linhas Areas
-
67
O dimensionamento resultou em uma rea livre de impedimentos
verticais conforme demonstrado na Figura 15
Figura 15 - Superfcie de aproximao estimada
Contudo, a busca por um fator que, posteriormente escolha do
terreno dever ser dimensionada de maneira mais refinada,
considerando-se a demanda local e as necessidades das companhias
areas, se fosse feita de maneira precisa nesta etapa perderia o
sentido e exigiria um esforo desnecessrio a este trabalho.
O que se fez foi lanar-se mo de uma anlise visual de mapas de
curvas de nvel dos territrios dos municpios selecionados para esta
verificao, procurando-se superfcies em que, durante um comprimento
de aproximadamente 30 km no apresentem cotas maiores do que 150m.
notadamente uma simplificao majorada e, portanto, que amplia a
segurana na aproximao de aeronaves. Uma vez eleita a rea de
construo, o projetista deve refinar o estudo e planejar as
superfcies, conforme determinam as normas.
A Figura 16 mostra, como exemplo, o territrio do municpio de
Canoinhas com o respectivo mapa temtico das altitudes, variando
conforme o gradiente de colorao, onde a cor mais avermelhada
simboliza as maiores altitudes, enquanto que os tons mais claros do
verde significam pontos de menor altura em relao ao nvel do
mar.
-
68
Figura 16 - Mapa altimtrico do municpio de Canoinhas
-
69
Figura 17 - Mapa altimtrico acrescido da layer das curvas de
nvel, em um trecho do municpio de Canoinhas
4 FASE: INDICADORES QUALITATIVOS DE UTILIZAO
VIII. Acessos terrestres
Outro critrio imprescindvel na avaliao do stio aeroporturio a
disponibilidade de acesso terrestre ao futuro terminal. prefervel
optar,
-
70
dentre duas ou mais reas habilitadas pelos critrios restritivos
para a implantao do aeroporto, por aquele em que as condies de
acesso sejam as mais favorveis, pois eliminaria a necessidade de se
construir ou adaptar uma rodovia at o local do futuro aeroporto.
Para isto, Silva (1985) adotou pontuaes para ranquear esta
caracterstica. Visando maior abrangncia de pontuaes, acrescentou-se
o terceiro critrio.
Quadro 8 - Vias de acesso e respectivas pontuaes Condies das
vias de acesso Pontuao Pavimentada e adjacente ao stio (at 5 km) 4
Pavimentada at 10 km do stio 3 Pavimentada entre 10 km e 20 km do
stio 2 Em implantao/no pavimentada (at 5 km) 1 Planejada 0 Fonte:
Silva (1985), adaptado pelo Autor.
A presente etapa no deve se preocupar em classificar, com base
em pontuao, a localizao da rea analisada em relao ao acesso virio.
Esta informao aparecer de forma a subsidiar a tomada de deciso e,
portanto, a pontuao pode ser considerada, se for o caso.
A Figura 18 mostra a malha rodoviria do Estado de Santa
Catarina, segundo o banco de dados do Departamento Nacional de
Infraestruturas e Transportes DNIT.
-
71
Figura 18 - Vias principais em SC
IX. Distncia ao Centro Urbano
Da mesma maneira, a distncia para o centro urbano balizar uma
deciso futura de construo ou no do aeroporto na rea obtida o dado
no capaz, por si s de responder a esta questo. No entanto, Silva
(1985) props a seguinte classificao por pontos com relao distncia
rea urbana, onde a maior pontuao representa a distncia mais
desejvel para a instalao de um novo aeroporto. Quadro 9 -
Classificao das distncias do stio aeroporturio ao centro urbano
Distncia Pontuao Entre 15 e 20 km 4 Entre 10 e 15 km 3 Entre 20
e 25 km 2 Menos de 10 km 1 Fonte: Silva (1985).
Do banco de dados do IBGE se obteve o mapa da mancha urbana da
rea de interesse, apresentado na a Figura 19.
-
72
Figura 19 - rea Urbana e limites municipais
4.3. RESULTADOS
Para alcanar os resultados definidos como objetivos deste
trabalho aplicou-se a sequncia de procedimentos descritos na
Metodologia utilizando-se os critrios definidos na seo anterior,
baseados na Fundamentao Terica preliminar.
A aplicao do mtodo significa analisar, a cada etapa, as imagens
geradas pelo software a partir de banco de dados elaborado. A
seguir a descrio dos resultados obtidos em cada fase.
-
73
1 FASE: CRITRIOS RESTRITIVOS GERAIS
Este procedimento tratou de superpor imagens das reas restritas
implantao de um aeroporto: rea de influncia de aeroporto existente,
perigo avirio e restries ambientais.
A simples sobreposio dos critrios propostos nesta fase resultou
na imagem da Figura 20.
Figura 20 - reas de Restrio da 1 Fase
Fonte: Autor
A imagem j traz a primeira visualizao de como o Estado de Santa
Catarina est servido por aeroportos. A rea no atendida vasta, porm
ocorrem as restries por conta de perigo avirio que impossibilitam a
implantao do aerdromo em uma regio considervel, como mostra a
Figura 20.
-
74
A fim de se separar as reas restritas, portanto, elucidar as
reas permitidas, utilizou-se a cor vermelha para agrupar todos os
tipos de impedimentos (Figura 21).
Figura 21 - Resultado da 1 Fase em nica colorao.
2 FASE: CRITRIO ECONMICO CLASSIFICATRIO
O mapa das reas municipais coloridas com cores segundo a faixa
do respectivo PIB j foi apresentado anteriormente. Aqui, na anlise
dos resultados, alterou-se a escala das cores a fim de se trabalhar
apenas com as trs faixas mais altas de PIB, por se tratarem dos
municpios mais relevantes. As Figura 22 e Figura 23 mostram,
respectivamente, o mapa da rea de estudo com a escala de cores
adotada inicialmente e com a escala de vermelho indicando as reas
que no interessam economicamente alm das j restritas pelos critrios
da primeira fase.
-
75
Figura 22 - Resultado da 2 Fase: PIB dos municpios no
restringidos pela 1 Fase
Figura 23 - Resultado da 2 Fase a identificao dos municpios
economicamente mais relevantes
-
76
possvel identificar no mapa quais municpios apresentam reas em
condies para sediar um aeroporto e que apresentam PIBs entre as
maiores faixas de classificao. No Quadro 10 esto elencados estes
municpios e seus respectivos PIBs.
Quadro 10 - Municpios selecionados e PIB Municpio PIB (2010)
Caador R$ 1.531.573,00 Rio do Sul R$ 1 336.970,00 Mafra R$
947.480,00 Canoinhas R$ 946.249,00 Joaaba R$ 938.871,00 Campos
Novos R$ 863.425,00 Fonte: IBGE
3 FASE: CRITRIOS RESTRITIVOS OPERACIONAIS
Nos municpios identificados na fase anterior como potenciais
para sediar um novo aeroporto, analisou-se, na 3 Fase, as condies
de relevo que determinam a operacionalidade de um aerdromo, de
maneira mais particular para cada rea selecionada.
Ficou definida anteriormente, a necessidade de uma extenso
territorial de aproximadamente 30 km sem que no haja obstculos
naturais que ultrapassem as seguintes cotas relativas, em relao
altitude da cabeceira da pista:
Quadro 11 - Simplificao das cotas mximas estipuladas pelo
dimensionamento da Superfcie de Aproximao
Distncia cabeceira da pista Cota mxima 3.000 m 60 m
De 3.000m a 15.000m 150 m
A seguir, sero apresentados os resultados desta avaliao por cada
municpio.
-
77
Campos Novos
A rea remanescente para o estudo da implantao do aeroporto
vasta, podendo-se observar, atravs da Figura 24, que as reas ao
no