3 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DO CONFINAMENTO BOVINO DE CORTE: ESTUDO REALIZADO NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA-RO 1 Jaqueline Cristina de Jesus 2 RESUMO:O confinamento bovino de corte é uma técnica relativamente nova no Brasil e que possibilita ganhos em produtividade muito maior que a técnica tradicional de engorda a pasto, pois o confinamento permite engordar o animal em menos tempo e realizar dois ciclos de engorda em apenas um ano. A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar a sustentabilidade econômica da terminação em confinamento de bovino de corte no município de Rolim de Moura – Rondônia. Pesquisa descritiva e exploratória, método indutivo e abordagem qualitativo-quantitativo. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram à pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, observação direta objetiva e entrevista realizada como supervisor e o assistente técnico do confinamento.Com o estudo foi possível encontrar os principais custos que envolvem um confinamento e através da análise documental levantar todos os dados necessários para calcular os índices de sustentabilidade econômica de um sistema de confinamento bovino de corte. Através da análise dos custos totais, receita bruta, margem bruta, lucro operacional, payback, TIR e VPL foi possível verificar que o confinamento é economicamente sustentável e é um projeto viável, desde que seja gerido por profissionais qualificados e equipados com produtos e técnicas de boa qualidade, por esse motivo o confinamento não é um projeto de baixo custo mas pode proporcionar uma boa lucratividade. Sugere-se que o confinamento tenha um cuidado maior com a compra dos animais, pois no primeiro giro o quantitativo ficou abaixo da capacidade estática do confinamento e com isso o resultado final foi afetado negativamente. PALAVRAS-CHAVE: Confinamento Bovino.Viabilidade Econômica e Financeira. Indicadores econômicos. INTRODUÇÃO A criação de bovinos para corte no Brasil é uma atividade de suma importância, pois o país detém o maior rebanho comercial e a segunda maior produção de carne bovina do mundo, e seu potencial de exportação vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. O sistema de confinamento foi criado para ajudar a manter o nível de carne no mercado em períodos de escassez. O confinamento de bovinos de corte é caracterizado como um sistema intensivo de 1 Artigo apresentado a Fundação Universidade Federal de Rondônia Câmpus Professor Francisco Gonçalves Quiles como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Administração sob a orientação da Profª Simone Marçal Quintino. 2 Acadêmica do 8 período do curso de Administração: E-mail: [email protected]
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SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DO CONFINAMENTO
BOVINO DE CORTE: ESTUDO REALIZADO NO MUNICÍPIO DE
ROLIM DE MOURA-RO1
Jaqueline Cristina de Jesus2
RESUMO:O confinamento bovino de corte é uma técnica relativamente nova no Brasil e que possibilita
ganhos em produtividade muito maior que a técnica tradicional de engorda a pasto, pois o confinamento permite
engordar o animal em menos tempo e realizar dois ciclos de engorda em apenas um ano. A presente pesquisa
teve como objetivo geral analisar a sustentabilidade econômica da terminação em confinamento de bovino de
corte no município de Rolim de Moura – Rondônia. Pesquisa descritiva e exploratória, método indutivo e
abordagem qualitativo-quantitativo. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram à pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental, observação direta objetiva e entrevista realizada como supervisor e o
assistente técnico do confinamento.Com o estudo foi possível encontrar os principais custos que envolvem um
confinamento e através da análise documental levantar todos os dados necessários para calcular os índices de
sustentabilidade econômica de um sistema de confinamento bovino de corte. Através da análise dos custos totais,
receita bruta, margem bruta, lucro operacional, payback, TIR e VPL foi possível verificar que o confinamento é
economicamente sustentável e é um projeto viável, desde que seja gerido por profissionais qualificados e
equipados com produtos e técnicas de boa qualidade, por esse motivo o confinamento não é um projeto de baixo
custo mas pode proporcionar uma boa lucratividade. Sugere-se que o confinamento tenha um cuidado maior com
a compra dos animais, pois no primeiro giro o quantitativo ficou abaixo da capacidade estática do confinamento
e com isso o resultado final foi afetado negativamente.
PALAVRAS-CHAVE: Confinamento Bovino.Viabilidade Econômica e Financeira. Indicadores
econômicos.
INTRODUÇÃO
A criação de bovinos para corte no Brasil é uma atividade de suma importância, pois
o país detém o maior rebanho comercial e a segunda maior produção de carne bovina do
mundo, e seu potencial de exportação vem aumentando consideravelmente nos últimos anos.
O sistema de confinamento foi criado para ajudar a manter o nível de carne no mercado em
períodos de escassez.
O confinamento de bovinos de corte é caracterizado como um sistema intensivo de
1Artigo apresentado a Fundação Universidade Federal de Rondônia Câmpus Professor Francisco Gonçalves
Quiles como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Administração sob a orientação da Profª
Simone Marçal Quintino. 2Acadêmica do 8 período do curso de Administração: E-mail: [email protected]
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produção, com o objetivo de produzir carne com uma melhor qualidade e em quantidade
superior ao sistema tradicional. Visando o avanço em produtividade e competitividade na
produção de bovinos o confinamento tem se tornado uma técnica alternativa de produção,
alcançando ganhos expressivos e incorporando mais pecuaristas interessados em
desenvolvimento e novas tecnologias.
O presente trabalho tem como finalidade mostrar a importância do confinamento na
produção agropecuária, através de pesquisas com informações sobre sua forma de criação,
suas vantagens e capacidade de retorno, e principalmente avaliar e analisar a sustentabilidade
econômica de um confinamento na prática, pois se trata de um empreendimento que necessita
de um bom investimento e acompanhamento constante para conseguir o retorno esperado.
A pecuária movimenta e alimenta uma grande parte da economia brasileira. De
acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC (2013),
no ano de 2010 o Brasil já era um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do
mundo e o estado de Rondônia estava em 10° lugar do ranking com 5,5 % na distribuição do
rebanho bovino no país. E ainda, em 2012 o Brasil alcançou um total de 40,4 milhões de
cabeças abatidas, sendo destas 4,08 milhões de cabeças (cerca de 10%) oriundas de
confinamentos.
A sustentabilidade econômica de confinamento de bovino para Medeiros (2013)
pode apresentar diversos resultados que dependem da situação de algumas variáveis que
compõem os custos e as receitas. Dentre essas variáveis pode-se destacar o preço de venda
dos animais terminados, o preço de aquisição do boi e a taxa de juros. O preço é um fator
determinante para obtenção de ganhos, principalmente neste caso, pois o mercado bovino
apresenta grandes flutuações nos preços de compra e venda, impactando assim diretamente no
resultado.
O confinamento em estudo tem capacidade para 8 mil bovinos por giro, como no ano
são dois giros a capacidade total é de 16 mil animais. Ele tem por finalidade suprir a falta de
animais para abate em frigoríficos da região, sendo que somente na cidade de Rolim de
Moura existem três frigoríficos. Diante do exposto, o estudou buscou responder ao seguinte
questionamento: o sistema de confinamento de bovinos de corte da empresa em estudo
localizada no município de Rolim de Moura é economicamente viável?
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O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a sustentabilidade econômica da
terminação em confinamento de bovino de corte no município de Rolim de Moura –
Rondônia, tendo como objetivos específicos: realizar o inventário de todos os materiais,
equipamentos e instalações necessários para o desenvolvimento da atividade de um
confinamento bovino de corte, levantar e calcular os indicadores econômicos para o estudo,
identificar os componentes mais onerosos em um sistema de confinamento de gado de corte,
verificar os custos de produção envolvidos no sistema de confinamento da empresa em estudo
e por fim utilizar as ferramentas gerenciais financeiras VPL, TIR e Payback para realizar a
análise de viabilidade do confinamento.
A pecuária no Brasil tem uma grande importância para economia. Por esse motivo
existem diversas técnicas que estão sendo desenvolvidas para ajudar e melhorar a criação de
bovino. O confinamento é uma dessas técnicas, que vem crescendo e ganhando força entre os
grandes produtores que tem a possibilidade de investir em desenvolvimento. O mercado traz a
necessidade de adequação em todos os ramos de atividades, inclusive na pecuária, onde a
gestão e a tecnologia precisam andar juntas.
O Brasil se tornou um grande exportador de carne bovina, conforme dados
levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), no último
trimestre de 2013 o país alcançou o recorde de produção e exportação de carne bovina. Esse
mercado está ficando mais atrativo, e consequentemente os investimentos e pesquisas voltados
para essa área aumentam, com a finalidade de fazer com que os ganhos sejam maiores e os
custos mínimos, mas sem deixar de lado a qualidade do produto, que é um fator determinante
na hora da venda, pois os consumidores estão mais exigentes e conscientes de que eles têm
todo poder de decidir qual o melhor produto para o seu consumo.
Para manter o mercado de venda da carne bovina, tanto interna quanto externa, é
importante que o abastecimento não seja afetado. O Brasil não pode continuar tendo a oferta
de carne bovina concentrada somente nos períodos de safra. Esta é uma situação que sempre
ocorreu principalmente pela falta de chuva em algumas épocas do ano. Levando em
consideração essa situação um programa de engorda de bovinos para abate na entressafra
torna-se uma solução.
Com o aumento desse mercado nos últimos anos, a importância deste estudo será de
grande relevância, pois trará informações sobre a criação de boi em confinamento, que é uma
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das maneiras utilizadas para intensificar a produção de carne, é uma técnica que se aplicada
corretamente aumenta a produtividade e diminui o tempo de engorda do animal. Polaquini,
Souza e Gebara (2006) afirmam que os avanços tecnológicos revolucionaram a criação de
bovinos de corte no Brasil, aumentando significativamente a quantidade de animais
confinados e através da elevação do número de abates na safra e entressafra maximizarem os
lucros. O estudo referente ao confinamento na cidade de Rolim de Moura é relevante pelo fato
de ter uma grande concentração de frigoríficos tanto na cidade quanto na região, e por isso
torna-se necessário sempre manter a oferta de boi no mercado, mesmo na época da seca.
A principal contribuição do estudo sobre o confinamento de bovinos é para manter
sempre atualizado as pessoas em geral sobre novas técnicas que surgem para aumentar a
eficiência e a rentabilidade de produção, que no caso em questão refere-se à agropecuária.
Além disso, procura mostrar a importância de uma análise da sustentabilidade econômica na
implantação e no desenvolvimento de um projeto como o de um confinamento, ao qual
demanda um investimento consideravelmente grande, sem saber ao certo qual será o real
retorno e se o projeto é realmente viável.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica terá como ponto de partida a finalidade de conceituar
confinamento bovino, bem como suas vantagens e desvantagens. Abordará ainda sobreo
sistema de confinamento bovino e a sustentabilidade e sua relação com a agropecuária
brasileirae rondoniense. E para analisar a sustentabilidade econômica de confinamento será
destacado os conceitos tais como: custos diretos e indiretos, receita bruta, margem bruta, lucro
operacional e os indicadores financeiros: Payback, Valor Presente Líquido e Taxa Interna de
Retorno.
1.1CONFINAMENTO BOVINO
Wedekin, Bueno e Amaral (1991) destacam que o confinamento bovino para corte no
Brasil passou a ter uma expressão significativa a partir de 1980, com um processo de engorda
intensiva de bois. Essa prática serviu como uma alternativa para não diminuir a oferta de
bovinos para abate nos meses de escassez do produto no mercado e para aumentar os ganhos
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de pecuaristas, através de uma melhor possibilidade de capitalização ditadas pelos preços
mais atrativos no período de escassez.
Lima (1994, p. 5) fala sobre o alcance econômico do confinamento:
O animal, nas condições normais de engorda em pasto, leva em torno de 4 anos e
meio para chegar ao peso de abate. Nas regiões secas, esse período pode alcançar até
5 anos e meio. A engorda a pasto, via de regra, ainda é a forma mais econômica de
se produzir carne bovina. Contudo, nas regiões onde existe alta disponibilidade de
grãos e/ou resíduas industriais e, concomitantemente, que dispõem de um mercado
que premia com maior preço a carne de melhor qualidade, a engorda sob
confinamento pode tornar-se uma prática de grande alcance econômico. O
confinamento é a forma de se produzir carne intensivamente em termos de área -
6m2/animal - pois, o princípio desse sistema é evitar o dispêndio de energia na
locomoção. Naturalmente, outros fatores são de capital importância para análise do
pecuarista, como giro mais rápido do capital, menor despesa com juros, maior
disponibilidade de pastagem para os animais de cria e maior desfrute do rebanho,
entre outros.
O confinamento possui a capacidade de fazer com que a engorda e
consequentemente a venda do animal seja mais rápida, fazendo que com isso ocorra um giro
maior de animais confinados e aumento na capacidade produtiva do produtor.
Sainz e Farjalla (2009), tratando de tecnificação trazem o confinamento como sendo
uma ferramenta de incremento de produtividade. Existem no Brasil mais de 1.500
propriedades que utilizam dessa prática. Na maior parte dos casos o confinamento é
estratégico, porém existem confinamentos muito grandes, com capacidade acima de 20 mil
animais.
Prado (2004) define confinamento como uma forma de criação de bovinos em que
lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com áreas restritas, sendo que os
alimentos e a água são fornecidos aos animais no cocho. O confinamento é mais propriamente
utilizado para a terminação de bois, que é a fase da produção que imediatamente antecede o
abate do animal. A qualidade do produto produzido no confinamento é assim dependente das
outras fases da produção. A terminação em confinamento depende de algumas condições
básicas para funcionar. É necessário que ocorra a utilização de alimentos em quantidades
corretas e de qualidade; os animais escolhidos deverão ser de boa qualidade, pois a adoção de
alto nível nutricional para animais que não respondem geneticamente coloca em risco o
sucesso da operação, e deverão ter ainda potencial de ganho e peso; é necessária uma
infraestrutura adequada; e principalmente, um bom gerenciamento para possibilitar melhores
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condições de planejamento e controle das atividades.
Conforme Thiago e Costa (1994), o confinamento pode ser utilizado para manter na
época da seca, ganhos de peso igual ou superior aos obtidos na época das chuvas. Para tanto, é
necessário oferecer aos animais uma alimentação mais equilibrada do que aquela que o animal
obtém no pasto. No caso do Brasil, por se tratar de um país com grande extensão de terras, um
capital disponível e poder aquisitivo relativamente baixo, aparentemente é mais lógico
confinar visando a época da entressafra. A nutrição do animal para Nogueira (2006) merece
uma atenção especial, pois o maior custo de um confinamento é o próprio animal, contudo, o
segundo maior custo é com a alimentação. Todo o processo pode ser prejudicado se o cuidado
e a atenção com a alimentação não ocorrer de forma a satisfazer as necessidades diárias de
consumo do animal. De acordo comAraújo (2005), é formulado uma dieta volumosa
composta por: capins verdes, silagens, fenos e palhadas; e uma dieta concentrada composta
por: torta de algodão, soja, milho, triguilo e farelo de arroz. Na dieta são incluídos também
sais minerais e sal comum.
Como a alimentação é consideravelmente importante no sistema de confinar bovinos,
Cardoso (2000) enfatiza a importância da localização do confinamento em uma região ou área
onde tenha disponível com fartura insumos, principalmente quando o proprietário depende da
aquisição de alimentos de terceiros. Além disso, a localização deve ser em um local onde
exista facilidade para aquisição e venda dos animais.
Quadros (2005), diz que o projeto global para o confinamento bovino deve incluir:
a) centro de manejo dos animais (brete, apartador, balança etc.);
b) área para produção de alimentos (plantio de milho, sorgo, capineiras, etc.);
c) silos e ou salas de feno;
d) área para preparo dos alimentos (galpão com triturador, misturador, balança,
picadeiras, etc.);
e) galpão para máquinas e implementos (trator, carreta, vagão forrageiro, etc.);
f) currais de engorda;
g) para coleta de esterco;
h) estruturas de conservação do solo e da água (curvas de nível, terraços, etc.),
visando a conservação da área e o controle da poluição.
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Todos esses requisitos devem ser levados em consideração, pois se trata de um
projeto que necessitará de um grande investimento para obter os resultados esperados.
1.2VANTAGENSE DESVANTAGENS DA TÉCNICA DO CONFINAMENTO BOVINO
O sistema de confinamento de bovinos como mostra Luchiari Filho (2000), possui
várias vantagens, tais como: a redução da idade de abate dos animais; produção de carne de
melhor qualidade, retorno do capital investido em curto prazo; descanso das áreas de
pastagem durante a seca; elevada produção de esterco; melhor rendimento da carcaça, entre
outras. A terminação de bovinos em confinamento melhora a qualidade e aumenta a
quantidade de marmoreio da carne em relação à criação de animais criados em pastagens
comuns. Cardoso (1991, p.1) entende que
O confinamento de bovinos por proprietários de rebanhos ou fazendeiros traz
consigo as seguintes vantagens: aumento da eficiência produtiva do rebanho, por
meio da redução na idade de abate e melhor aproveitamento do animal produzido e
capital investido nas fases anteriores (cria-recria); uso do gado como mercado para
alimentos e subprodutos da propriedade; (uso da forragem excedente de verão e
liberação de áreas de pastagens para outras categorias durante o período de
confinamento; uso mais eficiente de mão-de-obra, maquinários e insumos; e
flexibilidade de produção se os preços não forem compensadores, pode optar por
não confinar). No Brasil, o confinamento é como regra conduzida durante a época
seca do ano, ou seja, durante o período de entressafra da produção de carne. Os
animais são comercializados no pico da entressafra quando então tendem a alcançar
melhores preços.
Para aumentar ainda mais os ganhos é importante acrescentar no confinamento toda e
qualquer tipo de tecnologia disponível, visando sempre uma melhor obtenção de resultados.
Sob o aspecto econômico, Lopes e Magalhães (2005), ressaltam que com o
confinamento é possível tratar um grande número de animais com bom ganho de peso,
agregando assim valores com baixo custo de mão de obra. Outro ponto a ser destacado é que a
diminuição da idade para abate melhora a qualidade da carne, mas não melhora a
remuneração adicional pela qualidade de produção.
Outra vantagem do confinamento destacada por Silva Filho (2008) é referente à
possibilidade de realizar duas rodadas de animais confinados, pois se pode engordar um lote
no período de maio a julho e em seguida outro lote entre agosto e outubro. Mas além dessas
inúmeras vantagens essa prática possui o custo de produção mais elevado do que a engorda a
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pasto, devido ao alto custo de aquisição de máquinas, mão de obra específica, custo de
alimentação e instalação, em contrapartida se o sistema estiver funcionando de forma correta
o ganho de peso diário dos animais será bem superior ao método tradicional.
O quadro 1, baseado em Thiago e Costa (1994) apresenta alguns fatores importantes
a serem considerados para que seja possível alcançar o sucesso desejado no confinamento:
Quadro 1:Fatores importantes para alcançar sucesso em um confinamento. Custos das instalações Devem ser simples, porém eficientes e práticas.
Preço dos animais
A maior parte dos gastos operacionais de um
confinamento está relacionada com a compra dos
bois, portanto pequena diferença no preço de compra
pode determinar grande redução nos custos do
empreendimento.
Custo da alimentação
Deve ser cuidadosamente planejada, pois gera grande
impacto nos custos do projeto.
Desempenho dos animais
O potencial genético do animal é o principal fator
determinante do peso.
Fonte: Thiago e Costa (1994) adaptado pela autora.
Para ter sucesso na criação de bovinos em confinamento Silva Filho (2008) salienta a
importância que os preços do mercado exercem nos resultados, por esse motivo é preciso
monitorar e procurar minimizar os custos de produção, ficar atento às mudanças que ocorrem
no mercado e trabalhar com o objetivo de um aumento da produção em quilos de peso vivo
por hectare.
Contudo, conforme mostra Cruz (1997) existem algumas desvantagens no uso desta
técnica, tais como: a carne produzida em confinamento tem o custo mais elevado do que
aquela produzida em pasto; instalações de custo mais elevado; produção e estoque baixo de
grãos no país e exige acompanhamento técnico especializado. No confinamento, como em
todos os projetos existem riscos que precisam ser avaliados, e para tanto é necessário o
acompanhamento de profissionais qualificados, para assim diminuir os riscos e obter uma
maximização dos lucros ou minimização dos custos.
1.3 SISTEMA DE CONFINAMENTO BOVINO E A SUSTENTABILIDADE
Barreto e Silva (2009) afirmam que a criação de pastos para a pecuária foi
responsável pela maior parte do desmatamento na Amazônia, e a maioria desse desmatamento
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tem acontecido de forma irregular. Por esse motivo, esse setor tem sido alvo de fiscalização e
campanhas ambientalistas. O Ministério Público Federal juntamente com o IBAMA iniciaram
ações contra fazendas, frigoríficos e confinamentos a fim de evitar a comercialização de gado
oriundo de terras desmatadas ilegalmente. Para comprar ou vender gado é necessário fazer
uma consulta onde mostra e comprova que o gado não é oriundo de terras cadastradas no
Black list do IBAMA nem está inserida na lista de trabalho escravo do Ministério do
Trabalho. Os frigoríficos e confinamentos também se comprometeram, a partir de janeiro de
2010, a só comprar gado de fornecedores que apresentarem o comprovante de solicitação do
Cadastro Ambiental Rural (CAR). A prática de confinar colabora com o fator ambiental, pois
ocorre um processo de racionalização do uso de solo, que evita o desmatamento de grandes
áreas para a formação de pastagens.
A importância de se preservar os recursos naturais para Rodrigues e Marietto (2010)
deve ser percebida pelas organizações, pois junto com a evolução sofrida nos últimos anos, a
degradação do meio ambiente mostrou-se presente e agressiva. A empregabilidade de práticas
socioambientais responsáveis e novas tecnologias ecológicas são fundamentais para preservar
o meio ambiente. A busca pelo desenvolvimento sustentável é vista como um estímulo para
um novo processo de evolução das organizações.
Lanna (2013) apresenta que nas últimas décadas o número de animais confinados
aumentou quatro vezes, mas infelizmente esse aumento acarreta em um grande acúmulo de
dejetos, nutrientes e gases que contribuem para o efeito estufa. Práticas sustentáveis de
manejo, tratamento e reciclagem dos nutrientes dos dejetos ainda são pouco utilizadas por
confinadores.
A preocupação com o meio ambiente tem sido crescente, e segundo Ribeiro et
al.(2007), os resíduos são geralmente utilizados e depositados de forma inadequada. Mas já
existem diversas soluções para esse problema, como mostra Manso e Ferreira (2010), os
resíduos podem ser aproveitados como fertilizantes, a propriedade pode implantar uma lagoa
anaeróbia que é aquela em que não há oxigênio livre na massa líquida, ou uma lagoa
facultativa, que depuram o esgoto através de fermentação anaeróbia.
Um estudo realizado pela Associação dos Criadores de Gado do Mato Grosso
(ACRIMAT, 2010), aponta que no sistema extensivo seriam produzidos 15 quilos de CO2 por
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quilo de carne produzida, enquanto no confinamento, a produção de dióxido de carbono cai
para 5 quilos por quilo de carne produzida. Portanto, a poluição causada pelo sistema de
confinamento é inferior ao sistema habitual.
1.4CONFINAMENTO E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA
Para entender melhor a evolução da pecuária no Brasil, o levantamento feito pelo
IBGE em dezembro de 2013, mostra as reais evoluções nos números dos últimos trimestres.
Segundo o levantamento no 3° trimestre de 2013 o Brasil atingiu pela segunda vez
consecutiva o recorde de cabeças abatidas, com um volume total de 8.913 milhões de abate. O
3° trimestre de 2013 também foi o oitavo trimestre consecutivo que apresentou altas na
quantidade de cabeças abatidas, o que faz com que se confirme o bom desempenho da
bovinocultura brasileira.
Ainda conforme o estudo do IBGE (2013), o preço médio da arroba bovina do ano de
2012 para 2013 teve um aumento médio de 12,57%. O desempenho das exportações
brasileiras de carne bovina in natura no 3°trimestre de 2013 foi superior aos obtidos no
semestre anterior e no mesmo período de 2012, tanto em volume quanto em faturamento. Os
principais importadores de carne bovina in natura nesse período foram: Rússia (26,4%), Hong