Isabel Fialho Supervisão e (auto)regulação da prática docente UFPA 14 junho 2016 CONTRIBUTOS DA INVESTIGAÇÃO SEMINÁRIO DE PROCESSOS DE AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO INSTITUCIONAL
Isabel Fialho
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
UFPA
14 junho 2016
CONTRIBUTOS DA
INVESTIGAÇÃO
SEMINÁRIO DE PROCESSOS DE AVALIAÇÃO
E QUALIFICAÇÃO INSTITUCIONAL
SUPERVISÃO DA
PRÁTICA DOCENTE
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
INDIVIDUALISMO
Trabalho isolado – na preparação, na ação, na análise,
na discussão.
Não reconhecimento ou elogio do sucesso.
Alimenta a cultura do conservadorismo e da resistência
à mudança e à inovação na prática docente.
Características da CULTURA DOCENTE
Limita o acesso a novas ideias
e a melhores soluções
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Colegialidade (trabalho colaborativo)
Só há colaboração docente quando os professores “falam sobre a prática,
se observam uns aos outros na prática, trabalham juntos no planeamento,
na avaliação e na investigação sobre o ensino e a aprendizagem e
ensinam uns aos outros as coisas que sabem sobre o ensino, a
aprendizagem e a liderança”
(Day, 2004, pp.193-194)
Para outra CULTURA DOCENTE
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
http://www.proprofs.com/quiz-
school/upload/yuiupload/195593404.jpg
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Entrar na sala de aula…
SUPERVISÃO
e
AVALIAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Nolan & Hoover, 2005
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
AVALIAÇÃO
• função organizacional destinada a fazer juízos de valor sobre o desempenho e competências do professor
• tomar decisões sobre a qualidade do desempenho do professor
SUPERVISÃO
• função organizacional que visa a promoção do desenvolvimento e melhoria do desempenho docente
• melhoria do desempenho do professor e das aprendizagens dos alunos
O que é?
Para quê?
Processo de formação colaborativo, contextualizado, com base na observação e análise (reflexão) de situações reais de ensino, para a melhoria da prática, tendo em vista o desenvolvimento profissional, a qualidade da educação e a melhoria dos resultados escolares.
SUPERVISÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
SUPERVISÃO DA
PRÁTICA DOCENTE
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Que Supervisão?
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
• O foco é colocado
– na compreensão das práticas de ensino;
– na mudança pessoal;
– no crescimento (autoconhecimento) do professor através da
reflexão própria e partilhada.
“A observação de aulas baseada no conceito de “amigo critico” (observação a
pares) é comum em muitas universidades” Mouraz et al (2012, p.79)
OBSERVAÇÃO DE PARES MULTIDISCIPLINAR
A observação é feita por quem é igualmente professor, embora de
áreas científicas diferentes, para
– enfatizar a dimensão pedagógica;
– conhecer outras formas de se ser professor;
– promover a inovação no ensino e na aprendizagem.
• Permitir uma maior consciência do trabalho
docente realizado e suas implicações.
• Aumentar a sensibilidade pedagógica dos
docentes envolvidos.
• Aprofundar conhecimentos pedagógicos sobre
metodologias e estratégias específicas.
• Desenvolver a cultura da cooperação entre pares.
Objetivos
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
OBSERVAÇÃO DE PARES MULTIDISCIPLINAR
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Reflexão
Função formativa
Partilha Confidencial-
idade
Confiança
Voluntariado
Anonimato
Pressupostos
OBSERVAÇÃO DE PARES MULTIDISCIPLINAR
Liberdade de se envolver ou não
Escolha do observador
Escolha do enfoque da observação
Escolha das formas e
métodos de feedback
Controlo do uso dos dados
Controlo dos passos a dar no
futuro
PRINCIPIOS ORIENTADORES (cuidados éticos)
McMahon, Barret & O´Neill (2007)
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
OBSERVAÇÃO DE PARES MULTIDISCIPLINAR
SUPERVISÃO DA
PRÁTICA DOCENTE
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Recolha da
informação
Análise da
informação
Ciclo de Supervisão Pedagógica
ENCONTRO
PRÉ-
OBSERVAÇÃO
ENCONTRO
PÓS-
OBSERVAÇÃO
OBSERVAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
RRÉ-OBSERVAÇÃO
Identificação/desconstrução de preconceitos
Levantamento de problemáticas - FOCO
Agendamento da observação
Caracterização da turma
Discussão do plano de aula
Discussão do tipo de observação
Seleção e análise de instrumentos
….
O quê? Para quê?
Como? Quando?
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
OBSERVAÇÃO
Participante / não participante
Naturalista e/ou instrumental
Geral / focalizada
…
conjunto de actividades destinadas a obter dados e informações sobre
o que se passa no processo de ensino/aprendizagem com a finalidade
de, mais tarde, proceder a uma análise do processo numa ou noutra
das variáveis em foco. Alarcão e Tavares, 2013
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
PÓS-OBSERVAÇÃO
Reflexão conjunta sobre aula
Questionamento
Análise dos registos
Feedback construtivo
…
“transformar a complexidade dos dados em bruto, numa representação
clara, sempre que possível, visualizando os dados significativos.”
Alarcão e tavares, 2003, p. 97
PLANO DE FORMAÇÃO
GUIÃO DE BOAS PRÁTICAS
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
O papel do observador não é fazer nem comunicar
juízos de valor (…). É apresentar os dados que o
professor pode usar para proceder a juízos de valor
sobre seu desempenho pessoal e o respetivo
impacto nos seus alunos
O observador pode ajudar o professor a fazer
esses juízos de valor mas não fazê-los por ele
Nolan & Hoover (2005).
PÓS-OBSERVAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
No final de uma palestra de Dewey (que nos anos 1930
criou o conceito de professor reflexivo), um professor
virou-se para ele e disse “o senhor abordou várias
teorias, mas eu sou professor há dez anos, eu sei muito
mais sobre isso, tenho muito mais experiência nessas
matérias.
Então, Dewey perguntou: “tem mesmo dez anos de
experiência profissional ou apenas um ano de
experiência repetida dez vezes?”.
Não é a prática que é formadora, mas sim a reflexão
sobre a prática. Nóvoa, 2007
PÓS-OBSERVAÇÃO REFLEXÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
SUPERVISÃO DA
PRÁTICA DOCENTE
Mouraz, Lopes, Ferreira & Pêgo (2012).
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
ORGANOGRAMA Cada UO (departamento, Faculdade) possui um ou
mais quartetos de observadores/ observados
compostos por dois duetos de docentes
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
O coordenador do quarteto
–dinamiza o grupo;
–organiza as datas para as observações;
–centraliza comunicação com o Coordenador Geral.
Funcionamento em quartetos:
A e B docentes da UO1
C e D docentes da UO2
OPERACIONALIZAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Cada docente é observado por outro
docente da mesma UO e outro de uma UO
diferente.
Vinte itens de observação organizados em cinco campos:
A. Organização
B. Exposição
C. Clima de turma
D. Conteúdo
E. Consciência e flexibilidade
GUIÃO DE
OBSERVAÇÃO
Cada campo de análise inclui um conjunto de afirmações que são
pontuadas numa escala de cinco níveis (inicialmente sete): ’ Não
cumpre’’, ‘’Cumpre pouco/mal’’, Cumpre’’, Cumpre muito/bem’’ e
‘’Não aplicável’’
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
GUIÃO DE
OBSERVAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
GUIÃO DE
OBSERVAÇÃO
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Outros registos de
interesse (opcional)
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Questões orientadoras
• O que me chama particularmente a
atenção na aula?
• Que perguntas gostaria de fazer ao/à
meu/minha colega?
• Que semelhanças ou diferenças
encontro entre a prática observada e a
minha própria prática?
• Tenho alguma sugestão a fazer?
APRECIAÇÃO SOBRE A REFLEXÃO FINAL
CONJUNTA
PRÉ-OBSERVAÇÃO
• Antes da aula, o docente informa os observadores sobre a aula a observar:
• Integração da UC no semestre, ano ou curso
• Condições da sala
• Características da turma
• Situação dos estudantes em termos de aprendizagens
• Preocupações do/a docente
OBSERVAÇÃO
• Durante a aula, os observadores fazem registos, apoiados pela grelha de observação e outros que considerem importantes
PÓS-OBSERVAÇÃO
• Os observadores e o observado conversam a seguir à aula.
• Cada observador redige, na grelha, uma reflexão sobre a aula, com base nas questões orientadoras.
• Cada observador redige, na grelha, uma apreciação sobre a reflexão final conjunta.
As três fases
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
1. Observação 1.1. Limitações epistemológicas da grelha
1.2. Impacto da observação (partilha de
experiências; crítica construtiva; papel do
professor)
2. Observador 2.1. Dificuldades do modelo
2.2. Semelhanças com as práticas do
observador
2.3. Influência nas práticas do observador
As grelhas de observação preenchidas foram analisadas estatisticamente
nos campos de preenchimento com escala de valores e qualitativamente
nos campos de preenchimento livre.
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
Partilha de
experiências
Critica
construtiva
Impacto da
observação de
pares
Observador 22 53% 13 31% 36 84%
Observado 22 52% 13 32% 36 88%
Outra UO 11 26% 8 19% 14 33%
Mesma UO 11 30% 5 14% 22 59%
N=54 docentes /54 observações
1. Observação
1.2. Impacto da observação de pares
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
1. Observação
1.2. Impacto da observação de pares
A discussão final entre observado e observadores foi muito enriquecedora e
permitiu a troca de experiências e a partilha de metodologias entre membros
de diferentes UO. Foram discutidos o papel do professor, o uso de novas
tecnologias no processo educativo e foram feitas sugestões mútuas.
a partilha entre docentes de diferentes escolas pode sugerir trocas úteis e
pertinentes da diversidade de práticas pedagógicas
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
2. Observador
2.1. Dificuldades do modelo
dificuldade em opinar sobre certos campos quando não se é da área e não
se percebeu nada da aula.
A abordagem dos tópicos aconteceu de forma acessível, pelo que,
embora pertença a uma área muito afastada, nunca perdi o ‘’fio à meada’’
da exposição.
Observadores de UO distintas ‘’reparam’’ em diferentes elementos: é útil
ter como observadores uma pessoa da própria UO (mais familiarizado com
o conteúdo) e uma pessoa de uma UO diferente (o facto de não dominar
tanto a matéria é útil porque contribui para que preste mais atenção a
certos elementos que passam mais despercebidos ao outro observador).
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
2. Observador
2.2. Semelhanças com as práticas do observador
Apesar de se tratar de uma unidade orgânica diferente, as estratégias
pedagógicas são semelhantes.
A principal semelhança com as minhas próprias aulas é o questionamento
constante dos alunos
um ponto em comum é o do constante incentivo à participação dos
estudantes
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Qual o potencial formativo da
observação de pares multidisciplinar?
2. Observador
2.3. Influência nas práticas do observador
Foi uma experiência muito importante assistir à prática pedagógica de outro
colega, na medida em que me fez pensar na possibilidade de melhorar
alguns aspetos.
Gostei particularmente dos slides utilizados, que me deram ideias para
modificar os meus. A técnica de apresentação, nomeadamente a forma
como gere slides e escrita no quadro permitiu-me tirar ideias que poderei
vir a utilizar.
Aula ‘excessivamente’ expositiva. Estar ‘de fora’ ajuda-me a refletir sobre
se esta mesma questão não se aplicará nas minhas aulas e como poderá
ser ultrapassada
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
O impacto da experiência de observação de
pares não reside tanto no efeito imediato das
práticas melhoradas dos professores
intervenientes, mas no facto de acharem que
podem sempre melhorar e de aceitarem o
escrutínio dos pares como um contributo para
o desiderato. (Mouraz, et al.,2012)
Em síntese…
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
A orientação interpares dispensa a presença
formal de um orientador, sendo acessível a
profissionais experientes e motivados para
progredirem profissionalmente. (Trindade, 2007, pp.117-118)
A supervisão requer….
“espaços” de tolerância aos erros e de abertura a novas
experiências, onde uma cultura de confiança e de
compromisso possibilite a aprendizagem partilhada entre
pares. Os professores precisam de estar num ambiente
seguro para aprender sobre os seus sucessos ou com os dos
outros colegas. Portanto, espaços de discussão,
experimentação e reflexão colaborativa onde os professores
partilhem as suas concepções, crenças e modelos sobre o
modo como ensinam e como os alunos aprendem
Lopes & Silva, 2001, p.XIII
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
Day, C. (2004). A Paixão pelo Ensino. Porto: Porto Editora.
Lopes, J. & Silva, H. S. (2001). O professor faz a diferença. Lisboa: Lidel.
Mouraz, A; Lopes, A.; Ferreira, J. M. & Pêgo, J. P. (2012). De par em par na UP: o potencial formativo da
observação de ares multidisciplinar. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, 12 79-99.
Nolan, J., & Hoover, L.A. (2005). Teacher supervision and evaluation: theory into practice. Danvers, MA:
John Wiley & Sons, Inc. (pp. 25–36).
Nóvoa, A. (2007). Desafios do trabalho do professor no mundo contemporâneo. In Encontro do SINPRO
SP São Paulo. pp. 5-21. Disponível em: http://www.sinprosp.org.br/arquivos/novoa/livreto_novoa.pdf.
Acesso em: 10 nov. 2011.
Reis, P. (2011). Observação de aulas e avaliação do desempenho docente. Lisboa: Ministério da
Educação – Conselho Científico para a Avaliação de Professores.
Trindade, V. M. (2007). Práticas de formação. Métodos e técnicas de observação, orientação e avaliação
(em supervisão). Lisboa: Universidade Aberta.
Referências Bibliográficas
Supervisão e (auto)regulação da prática docente
UFPA, Belém
14 junho 2016
Isabel Fialho
Departamento de Pedagogia e
Educação
Centro de Investigação em
Educação e Psicologia e (CIEP)