Spirometry and volumetric capnography in lung function ... · Spirometry and volumetric capnography in lung ... These data suggest that obesity does not ... capnography in lung function
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Pediatr (Rio J). 2017;93(4):398---405
www.jped.com.br
RTIGO ORIGINAL
pirometry and volumetric capnography in lungunction assessment of obese and normal-weightndividuals without asthma�
ariana S. Ferreiraa,∗, Roberto T. Mendesa, Fernando A.L. Marsona,b,ariana P. Zambona, Maria A.R.G.M. Antonioa, Ilma A. Paschoalc, Adyléia A.D.C. Toroa,ilvana D. Severinoa, Maria A.G.O. Ribeiroa e José D. Ribeiroa
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Pediatria, Campinas, SP, BrasilUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Genética Médica, Campinas,P, BrasilUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Clínica Médica, Campinas, SP,rasil
ecebido em 22 de junho de 2016; aceito em 3 de outubro de 2016
KEYWORDSCapnography;Spirometry;Obesity
AbstractObjective: To analyze and compare lung function of obese and healthy, normal-weight childrenand adolescents, without asthma, through spirometry and volumetric capnography.Methods: Cross-sectional study including 77 subjects (38 obese) aged 5---17 years. All subjectsunderwent spirometry and volumetric capnography. The evaluations were repeated in obesesubjects after the use of a bronchodilator.Results: At the spirometry assessment, obese individuals, when compared with the controlgroup, showed lower values of forced expiratory volume in the first second by forced vitalcapacity (FEV1/FVC) and expiratory flows at 75% and between 25 and 75% of the FVC (p < 0.05).Volumetric capnography showed that obese individuals had a higher volume of produced carbondioxide and alveolar tidal volume (p < 0.05). Additionally, the associations between dead spacevolume and tidal volume, as well as phase-3 slope normalized by tidal volume, were lower inhealthy subjects (p < 0.05). These data suggest that obesity does not alter ventilation homoge-neity, but flow homogeneity. After subdividing the groups by age, a greater difference in lung
function was observed in obese and healthy individuals aged >11 years (p < 0.05).Conclusion: Even without the diagnosis of asthma by clinical criteria and without response tobronchodilator use, obese individuals showed lower FEV1/FVC values and forced expiratory flow,indicating the presence of an obstructive process. Volumetric capnography showed that obese
DOI se refere ao artigo:ttp://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.10.007� Como citar este artigo: Ferreira MS, Mendes RT, Marson FA, Zambon MP, Antonio MA, Paschoal IA, et al. Spirometry and volumetricapnography in lung function assessment of obese and normal-weight individuals without asthma. J Pediatr (Rio J). 2017;93:398---405.∗ Autor para correspondência.
A obesidade na infância e na adolescência abrange, atu-almente, proporcões epidêmicas, é considerada um dosmaiores desafios à saúde pública do século XXI.1 Diante dessaprevalência em ascensão, existe uma preocupacão pecu-liar, já que as disfuncões consequentes ao excesso de massagorda têm se desenvolvido de forma cada vez mais pre-coce e comprometido o bem-estar desses indivíduos desdea infância.2,3
Dentre as repercussões deletérias oriundas da obesi-dade está o comprometimento da funcão pulmonar. Entreos indivíduos obesos na idade adulta, esse comprometi-mento já está claro na literatura.4---7 Sabe-se que a deposicãode tecido adiposo sobre a caixa torácica leva ao compro-metimento de sua complacência e, consequentemente, àreducão de sua expansibilidade. O comprometimento mecâ-nico desencadeia alteracões nas propriedades elásticas dopulmão, que resulta em reducão da capacidade residual
funcional, volume corrente (VC) e volume de reserva expira-tória (VRE). Além disso, observa-se reducão da capacidadevital forcada (CVF) e, consequentemente, da capacidadepulmonar total.4---7
pVf
Todavia, o mecanismo pelo qual a obesidade compromete funcão pulmonar parece ser diferente na populacão jovem.s resultados apresentados na literatura são divergentes em
elacão à funcão pulmonar de criancas e adolescentes obe-os. A discordância dos achados pode ser influenciada pelasudancas na estrutura corporal durante esse período. Alémisso, os estudos incluem diferentes faixas etárias e grupostnicos.8---15
Para a análise da funcão pulmonar, a espirometria é ferramenta mais usada. Sua aplicacão é descrita emopulacões cada vez mais jovens.16 Entretanto, é umavaliacão esforco-dependente, que requer compreensão eooperacão do indivíduo avaliado, o que pode gerar dificul-ades em indivíduos mais novos. Assim, a busca por novosétodos de avaliacão acessíveis a essa populacão tem sido
omentada.Diante desse contexto, a capnografia volumétrica (CV)
urgiu como ferramenta opcional na deteccão de disfuncõesulmonares. É um teste simples e barato, que não usa gasesnertes, pois analisa o gás carbônico (CO2) produzido pelo
ulmão. O teste consiste em analisar o CO2 em funcão doC exalado, o padrão de exalacão é dividido em três fases:ase 1, compatível com o ar nas vias aéreas de conducão e
spaco morto; fase 2, engloba as vias aéreas proximais; ease 3, conhecida como platô alveolar, relacionada com asias aéreas periféricas.
A vantagem da CV é que o teste não requer manobrasorcadas, é de fácil execucão, até mesmo em indivíduos maisovos. A CV foi desenvolvida, primeiramente, para uso emndivíduos submetidos a ventilacão mecânica17---23 e seu usom respiracão espontânea é recente, com poucos estudosublicados, especialmente em criancas.24---29 Para a CV, naiteratura, não há padronizacão para a análise dos dados.
Assim, o objetivo do estudo foi avaliar a funcão pul-onar de criancas e adolescentes obesos (sem asma) pela
spirometria e CV e comparar os resultados com um grupoontrole de indivíduos eutróficos saudáveis na mesma faixatária.
étodos
ujeitos do estudo
estudo incluiu 38 indivíduos obesos (20 meninos) entreinco e 17 anos e 39 saudáveis (17 meninos) na mesmaaixa etária. O cálculo do tamanho da amostra foi base-do nos marcadores da espirometria, obtidos em um estudoiloto e considerando erro � de 0,05 e erro ˇ de 0,20. Comsses pressupostos, foi obtido que o valor da amostra era de1 indivíduos em cada grupo (obesos e controles saudáveis)ara a CVF e de 17 para o fluxo expiratório forcado médiontre 25% e 75% da CVF (FEF25-75%) --- variáveis que apresen-aram maior oscilacão. Nesse contexto, o poder amostral dostudo foi superior a 80%.
Os indivíduos obesos são acompanhados regularmente noervico Ambulatorial Multidisciplinar para Criancas e Ado-escentes Obesos do hospital. Para definicão de obesidadeoram usados os critérios do Center for Disease Control andrevention (CDC) para indivíduos de dois a 20 anos. Foramonsiderados obesos os indivíduos acima do percentil 95 para
índice de massa corporal (IMC). O estudo incluiu apenasndivíduos com obesidade exógena.
Fizeram parte do grupo controle indivíduos saudáveis,utróficos, ou seja, com IMC dentro dos padrões de norma-idade (IMC entre o percentil cinco e 85), que compõem oanco de dados do Laboratório de Fisiologia Pulmonar doentro de Investigacão em Pediatria da Unicamp.
Para serem incluídos no estudo, os responsáveis pelosarticipantes assinaram um termo de consentimento livre esclarecido e nenhum paciente incluído era tabagista e/oupresentava doencas respiratórias atuais, como resfriado.
A resposta ao uso de broncodilatador (BD) superior a 10%ara o volume expiratório forcado no primeiro segundo daVF (VEF1) foi considerada como critério de exclusão por serm indicativo de asma. No entanto, nenhum indivíduo tevee ser excluído por essa razão.
Indivíduos com história clínica de outras doencas res-iratórias também foram excluídos, como por exemplo,oencas pulmonares obstrutivas crônicas e apneia do sono.
ssa avaliacão foi feita por meio da análise do prontuáriombulatorial dos sujeitos do estudo.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universi-ade (#1165/2009).
evrf
Ferreira MS et al.
esenho do estudo
studo transversal e analítico com grupo controle que com-arou a funcão pulmonar de criancas e adolescentes obesos
saudáveis por meio da espirometria e da CV.
MCara inclusão dos indivíduos no estudo usaram-ses critérios do CDC (meninas: http://www.cdc.gov/rowthcharts/data/set1/chart16.pdf e meninos: http://ww.cdc.gov/growthcharts/data/set1/chart15.pdf) parabesidade. Posteriormente, para fins estatísticos do estudo,s dados foram transformados em z-score, segundo osritérios da Organizacão Mundial de Saúde.
valiacão da funcão pulmonar
ntes das avaliacões, todos os sujeitos ficaram em repousoor pelo menos 10 minutos. Primeiramente fizeram aV, por ser uma avaliacão passiva, e, posteriormente, aspirometria, por ser esforco-dependente. Os indivíduosbesos repetiram as avaliacões 20 minutos após o uso deD. Foi administrado albuterol [C13H21NO3 (400 mg)] pararoncodilatacão.
spirometria espirometria foi feita de acordo com os padrões da Euro-ean Respiratory Society e American Thoracic Society. Oritério de aceitacão da prova de espirometria foi ao menosrês curvas padrão aceitáveis e duas reprodutíveis. Todos osujeitos do estudo alcancaram os critérios de aceitacão.
Foi usado um espirômetro modelo CPFS/D (Medicalraphics Corp., MN, EUA), com software Breeze PF 3.8
Medical Graphics Corp., MN, EUA). Os dados foram con-ertidos para z-score segundo os critérios de normalidadestabelecidos por Quanjer et al. (2012) por meio do soft-are GLI2012, produzido pela Global Lung Initiative (GLI),
Task Force of the European Respiratory Society.16
Foram analisados os z-scores das seguintes variáveis: CVF,EF1, VEF1/CVF, fluxo expiratório forcada a 75% da CVFFEF75%) e FEF25-75%. Também foi avaliado o VRE pela por-entagem do valor predito.
apnografia volumétrica análise da CV foi feita por meio do monitor não invasivoO2SMO (Dixtal, São Paulo, Brasil), com o software Analy-is Plus
®, versão para Windows. Os participantes fizeram
teste sentado, com um clipe nasal e sem contato visualom o monitor, para evitar a influência visual no padrão res-iratório. Foram orientados a respirar tranquilamente, porinco minutos, no bucal conectado ao monitor. Os ciclos res-iratórios foram corrigidos de modo a não haver variacãoaior do que 25% do volume expirado (VE) e 5% do CO2
o fim da expiracão (EtCO2), de acordo com o padrão destudos anteriores.25,27 Na análise estatística, foram usa-as as médias corrigidas das seguintes variáveis: volumeinuto total (VMt), volume minuto alveolar (VMalv), volume
spaco-morto (VEM), razão entre VEM e VC (VEM/VC),olume de CO2 exalado (VCO2), EtCO2, frequência respirató-ia (FR), saturacão periférica de oxigênio (SpO2), slopes dasases 2 e 3 (Slp2 e Slp3), que são representacões numéricas
Lung function in obese and healthy individuals without asthm
da curva de exalacão do CO2, a normalizacão dos slopes peloVC, para equalizar as diferencas na estatura e no peso corpo-ral (Slp2/VC e Slp3/VC),27 e o índice capnográfico, propostopor Fuchs et al. (2013) (Slp3/Slp2*100) para quantificar ahomogeneidade da ventilacão.26
Análise dos resultados
Para análise estatística foi usado o software SPSS 21.0 (SPSSInc., IL, EUA). As comparacões entre as variáveis categóri-cas do estudo foram analisadas pelo teste de qui-quadrado.A comparacão de variáveis numéricas entre dois gruposfoi feita pelo teste de Mann-Whitney. A regressão linearfoi usada para quantificar a associacão entre as variáveisda funcão pulmonar e o z-score do IMC. Todos os dadosforam corrigidos pelo teste de Bonferroni, considerando� < 0.05/número de testes feitos com cada variável.
Resultados
Sujeitos do estudo
Fizeram parte do estudo 38 indivíduos obesos (20 meninos) e39 saudáveis (17 meninos) entre 5,56 e 16,54 anos. A análisedescritiva dos dados antropométricos dos participantes estáapresentada na tabela 1. O peso corporal e o IMC foramdiferentes entre os grupos e não houve diferenca entre osgrupos para a idade, sexo e altura.
Funcão pulmonar
Os participantes do estudo fizeram a prova de funcão pulmo-nar por meio da espirometria e da CV. A tabela 1 apresentaas variáveis, que foram diferentes entre os grupos na análiseda funcão pulmonar. A VEF1/CVF, o FEF75% e o FEF25-75% forammenores no grupo obeso, mesmo após a correcão de Bonfer-roni. Na amostra, 36,8% dos indivíduos obesos apresentaramo FEF25-75% abaixo de 70% do valor predito, o que caracteri-zou distúrbio obstrutivo por fluxos. Nenhum sujeito do grupocontrole apresentou qualquer alteracão nessa avaliacão.Não houve diferenca entre os grupos em relacão a CVF, VEF1
e VRE.Em relacão a CV, observou-se diferenca entre os grupos
para VEM/VC e Slp3/VC, que foram menores nos obesos, eno VCalv e VCO2, que foram maiores. Não houve diferencapara o índice capnográfico entre os grupos.
Ao analisar a resposta dos indivíduos obesos ao usode BD, verificou-se que nenhum participante apresentouresposta superior a 10% no VEF1, o que refuta o diagnósticode asma. Em relacão a CVF (p = 0,05), observou-se reducãoapós o uso da medicacão e, consequentemente, aumentoda VEF1/CVF (p = 0,02). Na CV, o uso de BD resultou emreducão do VMt (p = 0,01), VMalv (p = 0,01) e VCO2 (p = 0.02)e aumento no VEM (p < 0,01) e VEM/VC (p < 0,01). Assim, osobesos não apresentaram resposta positiva ao uso do BD.
Funcão pulmonar e massa corporal
As figuras 1 e 2 apresentam, respectivamente, as variá-veis da espirometria e da CV que foram influenciadas peloz-score do IMC. Na análise da regressão linear verificou-se
dpca
401
ue a massa corporal exerce influência sobre CVF, VEF1/CVF,EF75% e FEF25-75%. Na CV, as variáveis influenciadas pelo IMCoram: VCalv, VEM/VC, VCO2, Slp3 e Slp3/VC.
nálise da funcão pulmonar de acordo com a faixatária
s participantes do estudo foram subdivididos em doisubgrupos de acordo com a faixa etária (entre cinco e1 anos e outro com maiores de 11 anos), para verificar ses diferencas na funcão pulmonar ocorrem desde as faixastárias menores ou se iniciam quando o indivíduo já está emrocesso de maturacão puberal.
Observou-se que os obesos apresentaram menoresalores no VEF1/CVF, desde as faixas etárias mais novas. Jás alteracões nos fluxos expiratórios forcados e o aumentoos volumes pulmonares, analisados pela CV, foram signi-cativos apenas no grupo mais velho. A tabela 2 apresentas valores de p significativos na análise da funcão pulmonare acordo com o grupo etário.
iscussão
complexidade da obesidade e sua íntima relacão comutras doencas fomenta a busca pela compreensão dosecanismos envolvidos na cadeia de efeitos deletérios, oca-
ionados pelo excesso de peso corporal. Quando se estudams repercussões da obesidade durante a infância e adoles-ência, a análise deve ser ainda mais criteriosa, pois esseeríodo é marcado por mudancas na estrutura corporal.28
A interacão entre processos tão dinâmicos e intensosode ser a razão da divergência na literatura que aborda
influência da obesidade na funcão pulmonar de criancas adolescentes. Além da complexidade do tema, os estu-os divergem em relacão à faixa etária e às característicasopulacionais.
Entre a populacão adulta, a literatura é clara ao defi-ir que a obesidade compromete a funcão pulmonar porm processo restritivo.5,7 Nos jovens, os estudos destacam
relacão entre obesidade e asma, mas existem poucas con-lusões em relacão ao tema em indivíduos sem asma.
No presente estudo, observou-se que os obesos apresen-aram valores menores no VEF1/CVF e nos fluxos expiratóriosorcados. Os achados em relacão aos fluxos expiratóriosevem ser analisados com cautela devido à variabilidadea aplicacão da técnica e do método usado. Observou-seambém tendência dos obesos a maiores valores da CVF.ntretanto, após a correcão de Bonferroni essa diferencaão se manteve significativa.
Dentre os achados, o que é mais frequentemente obser-ado na literatura e que condiz com o presente estudo é
menor valor do VEF1/CVF nos obesos. Em relacão a CVF eEF1, os achados são conflitantes, há estudos com associacãoositiva, negativa ou nula na comparacão de indivíduos obe-os e saudáveis. A inconsistência dos achados se mantémara a análise dos fluxos expiratórios e VRE.8---15
Sabe-se que a capacidade pulmonar é dependente das
imensões corporais e da eficiência dos sistemas que com-õe o corpo humano. Dessa forma, tanto o crescimentoorporal como o desenvolvimento puberal podem influenciar
funcão pulmonar. Como existem diferencas no período de
402
Ferreira M
S et
al.
Tabela 1 Comparacão entre os dados antropométricas dos grupos e variáveis da espirometria e capnografia volumétrica que apresentaram associacão positiva
Sexo (masc/fem) Grupo obeso (n = 38) Grupo controle (n = 39) p
20/18 17/22 0,43a
Marcadores Média ± DP Mediana (min-max) IC Média ± DP Mediana (min-max) IC p pc
CVF, Capacidade vital forcada; DP, desvio padrão; FEF25-75%, Fluxo expiratório forcado entre 25% e 75% da CVF; FEF75%, Fluxo expiratório forcado a 75% da CVF; fem, feminino; IC, intervalode confianca; IMC, índice de massa corporal; kg/m2, quilogramas por metro quadrado; masc, masculino; max, máximo; min, mínimo; n, número de pacientes; p, valor de p; pc, valor de pcorrigido pelo teste de Bonferroni; Slp3/VC, Slope da fase 3 corrigido pelo VC; VC, Volume corrente; VCalv, Volume corrente alveolar; VCO2, Volume de dióxido de carbono exalado; VEF1,Volume expiratório forcado no primeiro segundo; VEM, Volume espaco morto.Os valores em negrito indicam correlacões estatisticamente significantes.
a Foi usado o teste de Mann-Whitney para a análise estatística, exceto para análise do sexo, na qual foi usado o teste de qui-quadrado. Alpha = 0,05.
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z-score do IMC z-score do IMC
z-score do IMCz-score do IMC
CV
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CV
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1 32 40–3 –2 –1–3 –2 –1 1 30 42
B
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Figura 1 Regressão linear das variáveis da espirometria influenciadas pelo z-score do índice de massa corpórea (IMC). (A) Capaci-dade vital forcada (CVF) z-score: y = −0,21 +0,20 x; * p = 0,020; (B)
e CVF (VEF1/CVF) z-score: y = 0,64---0,43 x; ** p <0,001; (C) Fluxo exx; † p = 0,001; (D) Fluxo expiratório forcado entre 25% e 75% da CVF
Tabela 2 Diferencas entre obesos e saudáveis na avaliacãoda funcão pulmonar de acordo com a faixa etária
CVF, Capacidade vital forcada; FEF25-75%, Fluxo expiratórioforcado entre 25% e 75% da CVF; p, valor de p; pc, valor de pcorrigido pelo teste de Bonferroni; VCalv, Volume corrente alveo-lar; VCO2, Volume de dióxido de carbono exalado; VEF1, Volumeexpiratório forcado no primeiro segundo; VMalv, Volume minutoalveolar.Foi usado o teste de Mann-Whitney para a análise estatística econsiderado alpha igual a 0,05.
mp
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ausdvv
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da ventilacão quando estão aumentados, como foi obser-
Os valores em negrito indicam correlacões estatisticamente sig-nificantes.
início e tempo de duracão do crescimento e da puberdadede cada indivíduo, a análise da funcão pulmonar, subdivi-dindo os grupos por desenvolvimento puberal, poderia trazermaior compreensão de como o crescimento influencia asalteracões da funcão pulmonar. Essa foi uma limitacão do
28,29
presente estudo.Assim, buscamos aprimorar o rigor e a confiabilidade
do estudo com dois mecanismos de avaliacão da funcãopulmonar. Além da espirometria, atualmente a ferramenta
vdo
Razão entre o volume expiratório forcado no primeiro segundopiratório forcado a 75% da CVF (FEF75%) z-score: y = 0,63---0,31(FEF25-75%) z-score: y = 0,34---0,27 x; ‡ p = 0,005.
ais usada para essa análise, avaliamos os indivíduosela CV.
O uso da CV na prática clínica iniciou-se na décadae 1980 com Fletcher et al.17 Todavia, sua aplicacãoeu-se, principalmente, em indivíduos intubados e sub-etidos a ventilacão mecânica.18---21 O uso da CV para a
nálise da funcão pulmonar em indivíduos em respiracãospontânea é ainda mais recente e tem sido aplicado emiversas condicões clínicas.22---27 Na faixa etária pediátrica,
literatura é ainda mais escassa, encontramos estudospenas em indivíduos com asma, fibrose cística e displa-ia broncopulmonar.24---27 No melhor do nosso conhecimento,osso estudo é o primeiro a avaliar criancas e adolescentesbesos em respiracão espontânea pela espirometria e CV,imultaneamente.
Apesar da literatura escassa, a CV é uma opcão para análise da funcão pulmonar de criancas e adolescentes,ma vez que é um teste de fácil compreensão, sem neces-idade de manobras forcadas, barato e que não necessitae gases inertes. Além disso, fornece informacões sobre osolumes pulmonares, o espaco morto e a homogeneidade daentilacão, por meio dos slopes da exalacão do CO2.
No presente estudo, encontramos que os indivíduos obe-os apresentam volumes pulmonares maiores do que osndivíduos saudáveis (VCalv e VCO2) e valores menores naEM/VC e Slp3/VC.
O Slp3 e Slp3/VC são indicadores de não homogeneidade
ado na fibrose cística, asma, broncodisplasia pulmonar,oenca pulmonar obstrutiva crônica e broquiectasia.22---27 Osbesos, portanto, apesar das alteracões de fluxo na espiro-
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z-score do IMC
z-score do IMC
z-score do IMC
z-score do IMC
z-score do IMC
VC
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Figura 2 Regressão linear das variáveis da capnografia volumétrica influenciadas pelo z-score do índice de massa corpórea (IMC).(A) Volume corrente alveolar (VCalv): y = 335,26 + 47,45 x; * p = 0,050; (B) Razão entre o volume espaco morto e o volume corrente( de cS a fas§
mvSe
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cevmnrroa
VEM/VC): y = 0,24---0,02 x; ** p = 0,003; (C) Volume de dióxidolope da fase 3 (Slp3): y = 19,32---2,32 x; ‡ p = 0,041; (E) Slope d
p = 0,044.
etria, não apresentam alteracões na homogeneidade daentilacão, uma vez que apresentam valores menores nolp3/VC e não há diferencas entre os grupos para o Slp3
índice capnográfico.A explicacão para valores menores no Slp3/VC, nos indi-
íduos obesos, condiz com os achados de Ream et al. (1995),ue avaliaram criancas e adolescentes intubados e subme-idos a pequenas cirurgias e encontraram valores menoreso Slp3 em indivíduos com VC maior e associacão nega-iva entre o Slp3 e o peso e superfície corporal.19 Assim,s obesos, que têm maior peso, superfície corporal e VCo que o grupo controle, apresentam menores valores nolp3/VC.
A razão entre VEM/VC é usada para monitorar a gravi-ade da doenca respiratória em pacientes mecanicamenteentilados.18,21 No presente estudo, os obesos apresenta-am valores menores do que os indivíduos saudáveis, o que
ndica ausência de doenca pulmonar. Os menores valores nosndivíduos obesos foram influenciados pelos VC maiores.
A CV se mostrou ferramenta complementar à espirome-ria, pois detectou o aumento dos volumes pulmonares,
mpam
arbono exalado (VCO2): y = 209,98 + 18,51 x; † p = 0,003); (D)e 3 corrigido pelo volume corrente (Slp3/VC): y = 0,08---0,01 x;
urante a respiracão espontânea, sem manobras forcadas,chado que não foi detectado pela espirometria. Entre-anto, o instrumento não é capaz de detectar alteracõesos fluxos respiratórios. Por essa razão, uma avaliacão nãoubstitui a outra, porém o uso complementar de ambas podeprimorar o conhecimento sobre as condicões pulmonaresos indivíduos avaliados.
A análise dos volumes pulmonares foi relevante, prin-ipalmente após a subdivisão dos indivíduos por grupostários. A VEF1/CVF e os fluxos expiratórios forcados esta-am alterados tanto no grupo de cinco a 11 anos como nosaiores de 11 anos. Entretanto, o VCO2 só foi diferente
o grupo mais velho. O aumento do volume pulmonar podeepresentar uma resposta ao aumento da demanda cardior-espiratória em indivíduos obesos, principalmente durante
período de desenvolvimento puberal, caracterizado porlteracões na estrutura corporal.28,30 Entretanto, possivel-
ente, os obesos apresentam vias aéreas de menor calibreelo comprometimento da mecânica respiratória pelo tecidodiposo. Assim, o aumento de volume em uma unidade deenor calibre resulta na reducão dos fluxos respiratórios.
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Kinetics; 2004. p. 03---58.
Lung function in obese and healthy individuals without asthm
Mesmo sem o diagnóstico de asma por critérios clínicose resposta ao uso de BD, os indivíduos obesos apresenta-ram menores valores na VEF1/CVF e nos fluxos expiratóriosforcados, o que indica a presenca de processo obstrutivo,desde as faixas etárias mais novas. Entretanto, pela análiseda CV, foram observados nos indivíduos obesos maiores valo-res de VCalv e VCO2, que é mais significativo nos indivíduosmaiores de 11 anos. Não foram observadas alteracões noSlp3, Slp3/VC, nem no índice capnográfico. Assim, o estudosugere que indivíduos obesos apresentam alteracão nos flu-xos pulmonares, mesmo nas faixas etárias mais novas, semcomprometer os volumes pulmonares e a homogeneidade daventilacão.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
Agradecimento
MSF ao apoio da Capes (Coordenacão de Aperfeicoamentode Pessoal de Nível Superior).
FALM pelo apoio da Fapesp (Fundacão de Apoio a Pesquisado Estado de São Paulo) [2011/12939-4]; [2015/12858-5];[2015/12183-8] e Fundo de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e àExtensão da Universidade de Campinas [648/2015]. JDR peloapoio da Fapesp [2011/18845-1]; [2015/12183-8]
Referências
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