SOLANÁCEAS TOMATE Prof. Vagner Amado Belo de Oliveira.
TOMATE Lycopersicon esculentum;
Origem: região dos Andes;
Planta herbácea (caule flexível);
Cultura anual: ciclo varia de 4 a 7 meses;
Floração e frutificação ocorrem junto crescimento vegetativo;
Planta: dois hábitos de crescimento (indeterminado e determinado).
TOMATE Hábito indeterminado: cvs para frutos de mesa; são
tutoradas e podadas; crescimento vigoroso junto com produção de flores e frutos;
Hábito determinado: cvs com finalidade agroindustrial; cultura rasteira; as hastes têm um cacho de flores na ponta; crescimento vegetativo menos vigoroso.
TOMATE Flores: hermafroditas; agrupam-se em cachos;
autopolinizada;
Frutos: bagas (simples, carnoso, indeiscente); tamanho e peso variáveis (25 a 400 gramas); cor vermelha (licopeno – anticancerígeno); têm de 2 a 10 lóculos; sementes pilosas, pequenas e com mucilagem;
Sistema radicular: semeadura direta (2m profundidade); cultura transplantada (60% das raízes estão nos 10 cm iniciais do solo).
CLIMA Termoperiodicidade diária: diferença de
temperaturas diurnas e noturnas entre 6 a 8°C; (21/28 °C diurna e 15/20 °C noturna);
Temperaturas excessivas (diurnas ou noturnas): prejudica a frutificação e o pegamento dos frutos; baixas temperaturas (retarda germinação e crescimento);
Pluviosidade excessiva: favorece doenças fúngicas e bacterianas.
ÉPOCA DE PLANTIO Período seco (outono-inverno): temperaturas
propícias, pouca chuva (irrigação), menor exigência de defensivos, menor incidência de invasoras, menor custo de produção;
Período chuvoso (primavera-verão): umidade e temperatura elevadas (problemas fitossanitários), maior custo de produção.
CULTIVARES GRUPO SANTA CRUZ
1. Resistência ao manuseio (embalagem), elevada produtividade, 2 ou 3 lóculos, peso entre 160/200 gramas;
2. Planta hábito indeterminado (podada e tutorada) conduzidas no campo; (estufa não compensa – alta rusticidade e menor cotação comercial);
3. Cultivares: Santa Clara, Débora Max, Bruna VF e Ataque.
CULTIVARES GRUPO SALADA
1. Também denominado Caqui ou Maçã, apresenta frutos maiores (peso superior à 250 gramas); frutos mais delicados, de formato globular; 5 a 10 lóculos;
2. Planta de hábito indeterminado (tutorada – campo/estufa);
3. Cultivares: Carmen, EF-50, Monalisa, Duradouro.
CULTIVARES GRUPO CEREJA
1. Cultivares para mesa: frutos pequenos (15/25 gramas); biloculares; cor vermelho brilhante (cereja);
2. Plantas de hábito indeterminado: são tutoradas (campo/estufa);
3. Cultivares: Sweet Million (cachos com 40 frutinhos).
CULTIVARES GRUPO ITALIANO
1. Cultivares de mesa; frutos biloculares, alongados (comprimento 1,5/2,0 vezes o diâmetro), destinado para molhos;
2. Plantas de hábito indeterminado (tutoradas); campo/estufa;
3. Cultivares: Andréa, Katia.
CULTIVARES GRUPO AGROINDUSTRIAL
1. Cultura rasteira (sem poda/tutoramento), sem tratos culturais sofisticados (baixo custo de produção), frutos resistentes ao transporte, coloração vermelha intensa, elevado teor de sólidos solúveis e ácido cítrico; peso de 70/110 gramas;
2. Planta hábito determinado: inflorescência terminal;
3. Cultivares: Roma VF, (Rio Grande, IPA5, IPA6 – mesa/indústria), Viradoro, Redenção.
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA Tomateiro: propagação feita por sementes;
Métodos:
1. Semeadura direta;2. Semeadura em sementeira;3. Semeadura e repicagem;4. Semeadura em recipientes;5. Semeadura em bandejas.
SEMEADURA DIRETA NO CAMPO Culturas rasteiras: com finalidade
agroindustrial; semeadura em linha diretamente sobre o terreno (semeadeiras);
Gasto com sementes é maior; dificulta tratos culturais iniciais; desbaste;
Ausência de danos às raízes; dificulta e entrada de fitopatógenos de solo; economia de mão-de-obra (reduz o custo).
SEMEADURA EM SEMENTEIRA
Pequenos tomaticultores: semeadura rala em sementeira (pequenos sulcos transversais - 1cm profundidade);
Mudas são transplantadas de raiz nua: com 4 a 5 folhas definitivas;
Em comparação com outros métodos: as mudas são bem menos vigorosas.
REPICAGEM PARA VIVEIRO Semeadura em sementeira: mais densa, seguida pela
repicagem para viveiro (primeira folha definitiva) e posterior transplante para o campo (com torrão e 5/6 folhas definitivas);
Excessivo manuseio: danifica as raízes; favorece doenças; prolonga o tempo de formação da muda, e retarda a colheita; maior gasto com mão-de-obra;
Este método vem sendo abandonado pelos tomaticultores.
SEMEADURA EM RECIPIENTES Copinhos de papel de jornal: diminui contaminação
das mudas (mãos/solo); ausência de danos às raízes (proteção do copo); precocidade nas mudas; menor gasto com sementes; transplante aos 20/30 dias da semeadura;
Saquinho plástico preto perfurado: retirado no transplante.
SEMEADURA EM BANDEJA Bandejas de isopor: método muito utilizado,
(128, 288 células);
Semeia-se 2 a 3 sementes/célula (cobrindo com areia, vermiculita, substrato);
Local: casas de vegetação (favorece controle fitossanitário e do clima);
Transplante: com 4 folhas definitivas (16/20 dias após a semeadura).
PLANTIO DAS MUDAS NO CAMPO Efetua-se seleção rigorosa das mudas: eliminar
mudas doentes e com anomalias fisiológicas;
Transplante: ao anoitecer com irrigação;
Sulco de transplante: feito após aração/gradagem, com 20cm de profundidade, com adubação organomineral;
Transplante mecânico: máquinas (sulcamento, adubação, plantio da muda); são alimentadas por operários; são usadas em extensas áreas com culturas rasteiras.
ESPAÇAMENTO Cultura tutorada: 1. 100 a 120cm entre fileiras, por 40 a 70cm entre
plantas (conjunto de 2 mudas – deixar somente a haste principal); cvs Grupo Santa Cruz;
2. Grupo Salada: 100 x 50cm com uma planta e uma haste;
Cultura rasteira: semear em filete contínuo, em fileiras de 100cm; desbaste deixando 20cm entre cada conjunto de 2 plantas.
ROTAÇÃO DE CULTURAS Rotação com poáceas (gramíneas): pastagens;
cana-de-açúcar; cereais (arroz, milho, sorgo, trigo, aveia, centeio, cevada);
Vantagens: controle fitossanitário, reduz a população de insetos, nematóides.
TRATOS CULTURAIS IRRIGAÇÃO: produtividade, qualidade dos frutos;
Tipos: sulco, aspersão e gotejamento;
Cultura tutorada: 200 t/ha;
Cultura rasteira: 100t/ha.
TRATOS CULTURAIS PODAS DIVERSAS: cultura tutorada (hábito
indeterminado) equilíbrio entre vegetação e frutificação, aumentam tamanho dos frutos e melhoram a qualidade dos mesmos;
1. Poda inicial: elimina-se toda a brotação lateral, deixando apenas a haste principal;
2. Desbrota: arranque frequente e sistemático dos brotos laterais;
3. Desponta ou capação: corte do broto terminal da haste diminui o número de cachos (frutos de maior tamanho).
TRATOS CULTURAIS DESBASTE: remoção de plantas em excesso em
culturas rasteiras;
Trabalhoso e oneroso – tende a ser abandonado – semeadeiras de alta precisão ou transplantar mecanicamente.
TRATOS CULTURAIS TUTORAMENTO: o caule flexível do tomateiro
somente se mantém na vertical se amarrado a um suporte;
TIPOS
1. Cerca cruzada
2. Arame de fios esticados (5 fios)
3. Tutores verticais
SOLO E ADUBAÇÃO Solo: de preferência solos de textura média, alta
fertilidade (corrigidos), com bom teor de matéria orgânica;
Adubação: de acordo com a análise de solo;
Adubação pré-plantio: meses antes da semeadura aplicar fósforo junto com adubação orgânica no sulco de plantio;
Adubação de cobertura1. Cultura tutorada: até 6 vezes2. Cultura rasteira: apenas 2 adubações
Adubação foliar: macronutrientes (complementação) e micronutrientes.
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA Tomateiro: propagação feita por sementes;
Métodos:
1. Semeadura direta;2. Semeadura em sementeira;3. Semeadura e repicagem;4. Semeadura em recipientes;5. Semeadura em bandejas.
TRATOS CULTURAIS AMONTOA: para cultura tutorada favorece a
emissão de raízes adventícias ao caule, quando realizada junto com a primeira adubação de cobertura;
TRATOS CULTURAIS RALEAMENTO DE PENCAS: diminui o número de frutos
em favor da qualidade; indicado para tomate tipo salada (4 a 6 frutos/penca).
TRATOS CULTURAIS COBERTURA MORTA DO SOLO: cobrir a superfície do
solo ao longo das fileiras com material palhoso;
Vantagens: economia de água, reduz flutuação térmica do solo, diminui a incidência de plantas daninhas.
TRATOS CULTURAIS CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS
Na fase inicial da cultura (após transplante ou emergência): capinas dentro das fileiras (enxada);
Entre fileiras: cultivadores, herbicidas.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS Anomalias fisiológicas: são de origem não
parasitária que afetam os frutos e as plantas.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS PODRIDÃO APICAL
Caracteriza-se por uma mancha negra, dura e seca na extremidade apical, visível desde a formação dos frutinhos;
Causa: carência localizada de Ca, desequilíbrio nutricional;
Controle: pulverização foliar com cloreto de cálcio.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS LÓCULO ABERTO
Esta anomalia se restringe aos frutos pluriloculares do grupo salada – quanto maior o número de lóculos, maior a incidência;
Causa: carência de B;
Controle: uso de cultivares resistentes, aplicar bórax no plantio.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS QUEDA DE FLORES E FRUTOS
Queda de flores e frutos ainda em formação;
Causa: temperatura noturna elevada, desequilíbrios nutricionais (excesso N), doenças e insetos;
Controle:coberturas nitrogenadas complementadas com K – para fixar o fruto à planta.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS FRUTOS AMARELADOS
Causa: alta temperatura reduz/impede a síntese do pigmento vermelho (licopeno) e favorece a formação do pigmento amarelo (caroteno);
Controle: cultivo em regiões de clima ameno.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS FRUTOS OCADOS
Formação de tomates com espaços no interior;
Causa: adubação desequilibrada (alto N/baixo K), temperaturas extremas (calor e frio), teores extremos de água no solo;
Controle: adubação equilibrada, controle da irrigação.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS FRUTOS RACHADOS
Causa: flutuações no teor de água do solo – variações na turgescência – provoca rachaduras;
Controle: cultivares menos suscetíveis, manutenção de um teor de água constante no solo, aplicações de Ca (fortalece o tecido).
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS FRUTOS COM ESCALDADURA
Ocorre quando o fruto é exposto à luz solar intensa (próximo à colheita) e a região afetada torna-se esbranquiçada e enrugada;
Causa: desfolha intensa (fitopatógenos, insetos);
Controle: fitossanitário adequado.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS AMARELO BAIXEIRO
Amarelecimento das folhas inferiores (clorose), com as nervuras verdes;
Causa: deficiência de Mg;
Controle: aplicação de materiais ricos em Mg (calcário dolomítico ou termofosfato magnesiano – antes do plantio); aplicação foliar.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS ENROLAMENTO DE FOLHAS BAIXEIRAS
É comum em tomatais tutorados e podados; incidência maior nas fileiras expostas à luz solar em relação aos mais sombreados;
Causa: quanto mais severa a poda, maior é a incidência;
Controle: tomate de mesa a poda não pode ser evitada; sugere-se manutenção adequada do teor de água no solo.
ANOMALIAS FISIOLÓGICAS FITOTOXIDEZ POR RESÍDUO DE HERBICIDA
Plantas jovens: folhas torcidas e mal formadas no topo da planta; em adultas: margens dos folíolos anormais;
Causa: resíduo de herbicida presente no esterco usado na produção de mudas (gado alimentado em pasto pulverizado com herbicida); princípio se manteve ativo no tubo digestivo do animal e também após curtimento;
Controle: avaliar o uso destes herbicidas.
CONTROLE FITOSSANITÁRIO Atualmente se recomenda: manejo integrado da
cultura; com aplicação de diversas medidas, como:
1. Plantar cultivares melhoradas;
2. Rotação de culturas;
3. Controlar a irrigação (favoreça a planta e desfavoreça a doença);
4. Evitar plantio próximo à outras solanáceas;
5. Queimar restos culturais após a colheita.
COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO As operações efetuadas na colheita, pós-colheita
e comercialização são distintas, dependendo da finalidade do produto: mesa ou agroindústria;
Colheita manual;
Colheita mecânica;
Pós-colheita: packing-houses (selecionados, lavados, secados, lustrados, classificados, padronizados e embalados) – normas do MAPA.