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Sociodiversidadeemulticulturalismo:
tolerncia,incluso eexcluso erelaes
de gneroConteudista: Claudia Tofano Benevento
1. Contextualizao do Tema:
Sociodiversidade e multiculturalismo: tolerncia, incluso e
excluso e relaes de gnero02
1.2 Tolerncia 05
2. Incluso e excluso 05
3. Relaes de Gnero 06
Algumas Consideraes 13
Referncias Bibliogrcas 14
ndicendice
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1. Contextualizao do Tema
Sociodiversidade e multiculturalismo: tolerncia, incluso
eexcluso e relaes de gnero
Conteudista: Claudia Toffano Benevento
Para discutir sociodiversidade no Brasil preciso falar dos modos
de vida, uso e ocupao,territorialidade e meio ambiente; envolve a
existncia que se faz acontecer ao mesmo tempocom determinados
grupos humanos e com a posse de recursos sociais prprios. Este
temase refere sociedade brasileira, a compreenso de uma sociedade
com mltiplas culturas,diversicada e aberta a novas
oportunidades.
Com base nesta temtica, pretende-se aprofundar a compreenso de
nossa forma deconceber natureza e sociedade e suas implicaes nas
prticas sociais pelo Multiculturalismo,
Tolerncia, Incluso e Excluso e Relaes de Gnero.Ao discutir sobre
multiculturalismo, leva-se em conta que vivemos em uma
sociedademulticultural, na qual convivem inmeros grupos sociais e j
no so mais aceitos somenteos conhecimentos proporcionados pela viso
de mundo eurocntrica, branca, catlica emasculina.
Para um melhor entendimento do tema, procura-se a conceituao de
cultura, que vemdo latim cultura, cultivar o solo, onde cuidar um
conceito para designar todo o complexo
metabiolgico criado pelo homem. So prticas e aes sociais que
seguem um padrodeterminado no espao. Refere-se a crenas,
comportamentos, valores, instituies, regrasmorais que permeiam e
identicam uma sociedade. Explica e d sentido cosmologiasocial; a
identidade prpria de um grupo humano em um territrio e num
determinadoperodo.
Falar da diversidade cultural no Brasil signica levar em conta a
origem e o reconhecimentodas diferenas de referncias culturais.
Signica tambm reconhecer que no interior dasfamlias e na relao de
umas com as outras encontramos indivduos que no so iguais,
que tm especicidades de gnero, raa/etnia, religio, orientao
sexual, valores e outrasdiferenas denidas a partir de suas histrias
pessoais. A convivncia com a diversidadeimplica o respeito, o
reconhecimento e a valorizao da individualidade do outro. Sem
isso,
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no h como promover a to necessria igualdade de direitos e
diversidade.
Sendo assim, a diversidade cultural vital para um saudvel
dinamismo cultural, quedemanda respeito. s vezes associada ideia de
tradio, a cultura vista como algoimutvel, que tenderia a se
reproduzir sem perder suas caractersticas. A cultura no Brasil
dinmica e se transforma. Isso acontece em meio a um processo muitas
vezes caracterizadopela ideia de globalizao, o que signica, em
grande medida, a ocidentalizao deboa parte do mundo. a partir da
perspectiva que considera a cultura como um processo
dinmico de reinveno contnua de tradies e signicados que devem
ser observados osfenmenos culturais.
Muitas vezes se tem visto na cultura dos povos indgenas, ou
mesmo na cultura popular,focos conservadores de resistncia a
qualquer tipo de mudana. A ideia de tradio, assimcomo a de
progresso, deve ser interpretada dentro do contexto no qual ela se
produz: umvalor de uma determinada cultura. Frequentemente,
questiona-se a possibilidade de umgrupo indgena manter a sua
cultura quando passa a adotar alguns costumes ocidentais oua usar
roupas e sapatos dos brancos. comum se armar que deixaram de ser
ndios deverdade quando, na verdade, a cultura dos povos indgenas,
como a nossa, dinmica. Damesma forma que assimila certos elementos
culturais da sociedade envolvente, dando-lhesnovos signicados, ela
rechaa outros. importante salientar que esse processo se d deforma
diferenciada em cada grupo indgena especco.
A diversidade das manifestaes culturais se estende no s no
tempo, mas tambmno espao. No Brasil, deparamo-nos com uma riqueza
cultural extraordinria: 200 povosindgenas falando mais de 180
lnguas diferentes. H mais de 2.200 comunidades
remanescentes de quilombos no Brasil, com caractersticas
geogrcas distintas, comdiferentes meios de produo e de organizao
social.
Ao discutir espao e tempo deve-se atentar que existem vises
diferenciadas no campoe na cidade, onde a ao de homens e mulheres
est presente, interferindo no espaoe carregando-o de signicados
ligados s suas necessidades especcas e modos desobrevivncia
(trabalho). A surpresa pode marcar um olhar mais cuidadoso para o
interiorda nossa prpria sociedade: se compararmos o campo com o
meio urbano ou as diferentesregies do pas, damo-nos conta das
diversidades existentes entre os seus habitantes.
Tambm na cidade encontramos indivduos de distintas origens. Alm
disso, existem asdiferenas transgeracionais num mesmo territrio, em
pocas diferentes, e a constantemetamorfose do viver humano.
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A diversidade cultural um fenmeno que sempre acompanhou a
humanidade, na gurada metamorfose constante do ser humano, o qual
se reinventa no movimento constante devida. No Brasil h diversas
tradies culturais, algumas mais popularizadas e respeitadas,outras
pouco conhecidas e nem sempre respeitadas. constitutivo das
sociedadeshumanas que apresentam um mecanismo cultural
diferenciador: quando o encontro deduas sociedades ou mais parece
gerar um resultado homogneo, em seu interior surgemdiferenas
signicativas, que marcam as fronteiras entre os grupos sociais. Por
outro lado,as tradies podem ser vistas dessa linha territorial e as
sociedades que esto em contatoh muito tempo mantm com zelo os
elementos signicativos de sua identidade.
A diversidade brasileira no se esgota com as sociedades indgenas
e as comunidadesquilombolas. Os movimentos negros h muito nos
lembram de que a origem da populaode afrodescendentes, com seus
universos culturais, suas formas de resistncia, suassabedorias e
construes de conhecimentos, sua viso de mundo, organizao, luta
etc.,acaba por denir um universo de referncia especco a esses
grupos.
Falar da diversidade cultural signica, alm de levar em conta as
diversas origens eascendncias dos indivduos, reconhecer as
diferenas territoriais; por exemplo, notam-se essas diferenas entre
os referenciais culturais de uma famlia mineira e de umafamlia
gacha. E ainda signica reconhecer que, no interior e na relao
dessas famlias,encontramos indivduos que tm especicidades de gnero,
raa/etnia, religio, orientaosexual, valores e outras diferenas
denidas a partir de suas histrias pessoais.
Sabe-se que a cidadania uma construo social e como cidado que
reconhecemosuma sociedade inclusiva, que contemple as concepes de
gnero, raa e etnia, orientao
sexual, tradies, religiosidades, prosses etc. No nascemos
cidados, tornamo-noscidados. A efetivao da cidadania se d quando
somos tratados como cidados, quandoreconhecemos a cidadania dos
outros e quando nos relacionamos com o Estado comocidados. Nessa
lgica, ser cidado reconhecer, garantir e defender os prprios
direitose, na mesma medida, os direitos dos outros.
Para um melhor entendimento do tema procura-se a conceituao de
cultura que vem dolatim cultura, cultivar o solo, onde cuidar um
conceito para designar todo o complexometabiolgico criado pelo
homem. So prticas e aes sociais que seguem um padro
determinado no espao. Refere-se a crenas, comportamentos,
valores, instituies, regrasmorais que permeiam e identicam uma
sociedade. Explica e d sentido cosmologiasocial; a identidade
prpria de um grupo humano em um territrio e num determinado
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perodo.
1.2 Tolerncia
Quando discutimos sobre a tolerncia no podemos esquecer seu
oposto, que requer umolhar minucioso para as formas de intolerncia.
Como exemplo, temos o racismo e outrasintolerncias que observamos
na sociedade e que repercutem no dia a dia.
Entende-se inclusocomo um conjunto de aes que combatem a
excluso, pro-vocada pelas diferenas de classes sociais, idade,
sexo, educao, preconceitos ra-ciais etc. Tendo como objetivo
oferecer oportunidades de acesso a tudo para todos.
Muitos consideram que essa ideia utpica, anal a sociedade
competitiva, racista,conservadora, elitista. Henry Giroux (1999)
arma que devemos respeitar as diferenas enos diz tambm que temos
que expandir o potencial da vida humana e as possibilidades
democrticas (p. 47).H quem tente explicar as desigualdades,
principalmente entre homens e mulheres, entrenegros e brancos,
entre heterossexuais e homossexuais, naturalizando-as, dizendo
queso culturais, mas, entendendo que a cultura um construto do
viver em sociedade, pode-se questionar a natureza dessas opinies
taxativas.
2. Incluso e excluso
As incluses ou excluses sociais so determinaes da forma como
agimos em relaoao outro, como percebemos determinadas ocorrncias. A
reao diante da alteridade fazparte da prpria natureza das
sociedades. Em diferentes pocas, sociedades particularesreagiram de
formas especcas diante do contato com uma cultura diversa sua.
Umfenmeno, porm, caracteriza todas as sociedades humanas: o
estranhamento, quechamamos etnocentrismo, diante de costumes de
outros povos e a avaliao de formas devida distintas a partir dos
elementos da sua prpria cultura.
As discusses atuais sobre igualdade giram em torno da
incluso/excluso, que por meiode estratgias de poder denem quais so
os grupos que participam dessa relao. Outraleitura em relao aos
processos de incluso/excluso, como as transformaes do mundodo
trabalho crise salarial e desemprego , fragilizam as fronteiras da
excluso. Essas
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aparecem, desaparecem e voltam a aparecer, se multiplicam se
disfaram; seus limites seampliam, mudam de cor, de corpo, de nome e
de linguagem (Skliar, 1999, p. 16).
Assim, o binmio incluso/excluso no pode ser mais pensado como
forma antagnica,em que a excluso sustenta-se pelo seu contrrio,
pela sua oposio; no qual ser excludo o antnimo de ser includo.
Includos e excludos fazem parte de uma mesma rede depoder.
Questes de gnero, religio, raa/etnia ou orientao sexual e sua
combinao direcionamprticas preconceituosas e discriminatrias da
sociedade contempornea. Se o esteretipoe o preconceito esto no
campo das ideias, a discriminao est no campo da ao, ouseja, uma
atitude/ao.
Questes de gnero, religio, raa/etnia ou orientao sexual e sua
combinao di-recionam prticas preconceituosas e discriminatrias da
sociedade contempornea.
Leia mais em: .
Exemplicando, temos o predomnio de livros didticos e
paradidticos em que a gura damulher ausente ou caracterizada como
menos qualicada que o homem, o que contribuipara uma imagem de
inferioridade feminina, por um lado, e superioridade masculina,
poroutro. Silenciosamente, vo sendo demarcados, com uma linha nada
imaginria, os lugaresdos homens e os lugares das mulheres. E os
homens e as mulheres que fugirem desseroteiro predenido tero seus
valores humanos ameaados ou violados. O grupo social,respaldado por
um conjunto de ideias machistas, exercer seu controle e fortalecer
osmecanismos de excluso e negao de oportunidades iguais.
3. Relaes de Gnero
Quando se discute relaes de gnero, Surez (2000) destaca a ligao
entre homens emulheres e a natureza com nalidade simblica, da
igualdade entre eles. Nesse sentido, oconceito de gnero
compreendido como a desnaturalizao do sexo, como caractersticas
biolgicas de cada indivduo, delimitando o poder entre os
sexos.
Acerca desse conceito, a importncia est em mostrar que certos
modelos de condutas
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e expectativa para homens e mulheres so construdos socialmente
atravs dos tempos,e no determinados pelo sexo. Eles so
desenvolvidos a partir das relaes durante todoo processo de
crescimento e desenvolvimento dos seres humanos, determinando
papise funes, impostos e adaptados ao perodo histrico, ideologia1,
cultura e religio,acompanhando o desenvolvimento econmico (SWAIN,
2001), simbolizando, portanto,uma retraduo cultural do biolgico,
denido por qualidades opostas atribudas ao homeme a mulher.
Desse modo, as mulheres so vistas como passivas, atribuindo-lhes
as qualidades comopacincia, fragilidade, emoo, enquanto as
qualidades ativas, como agressividade, forae dinamismo,
caracterizam o masculino. Assim, o estudo do gnero permite pensar
nasdiferenas sem transform-las em desigualdade2, ou seja, sem que
as diferenas sejamponto de partida para a discriminao.
A princpio vamos considerar as diferenas entre os gneros homem e
mulher e avaliar suasatuaes ao longo da histria. Sob a perspectiva
biolgica, as diferenas so evidentes. Asdiferenas fsicas podem ter
contribudo para a elaborao de posies sociais deferentespara cada
gnero. Bourdieu cita muito bem essas diferenas fsicas quando narra
a questosexual em consonncia com a dominao, ocasionada pela losoa
social da poca:
[...] fazer parte do sistema confere uma fora sistematicamente
que faz com
que no se escape facilmente desse gnero de pensamento. A
raticao
social de fatos siolgicos (a ereo, pensada segundo o esquema do
inar
que permite pensar todos os fatos da fecundidade) conduz a
fundar, numa
razo mitolgica, os traos mais arbitrrios da denominao masculina,
e
a estabelecer, por exemplo, a ligao entre a virilidade fsica e a
virilidadepsquica ou tica (...) (BOURDIEU, 1996, p. 32).
As construes de valores a partir das caractersticas fsicas
estabelecem funes de gnerossociais. As mulheres, por sua
fragilidade fsica, so consideradas doces e indefesas; ohomem tido
como responsvel pelo trabalho, pela mente e pelo saber. A partir da
jse determina ento o dominante e o dominado; historicamente, as
caractersticas fsicas
1 Um dos traos fundamentais da ideologia consiste, justamente,
em tomar as ideias como independentes darealidade histrica e
social, de modo a fazer com que tais ideias expliquem aquela
realidade, quando na verdade essa
realidade que torna compreensveis as ideias elaboradas. (CHAU,
1986, p. 10-11)2 Na espcie humana, h dois tipos de desigualdade:
uma que chamo de natural ou fsica, por ser estabelecidapela
natureza e que consiste na diferena das idades, da sade, das foras
do corpo e das qualidades do esprito e daalma; a outra, que se pode
chamar de desigualdade moral ou poltica, porque depende de uma
espcie de convenoe que estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo
consentimento dos homens. (ROUSSEAU, 1988, p. 39).
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determinaram quem deveria liderar.
Safoti (1987) critica a determinao fsica sexual como representao
do papel social queas pessoas vo desempenhar. Esse conceito,
estudado a partir das relaes de gnero,pode ser estendido aos
estudos das relaes sociais dos decientes fsicos ou pessoasque
convivem com sofrimento mental. As relaes entre os gneros vo alm da
existnciade dois sexos, mas compreendem a construo feita do social
para o indivduo, poisdependendo dos valores de cada momento
histrico, os indivduos tero seus corpos e
funes determinados de formas diferentes.
Portanto, necessrio avaliar as diferenas isoladas de
interferncias sociolgicas,ideolgicas, religiosas etc. Contudo, as
diferenas entre os seres humanos so evidentesaps o nascimento,
quando h pouca inuencia social.
Avaliando o aspecto biolgico e cientco, certica-se que homens e
mulheres nascem comcaractersticas peculiares que independem de sua
classe social, educao adquirida etc.Conclu-se tambm que cada gnero
possui, por sua formao biolgica, tendncias que
despertaram maiores e menores interesses. Tendncias femininas e
tendncias masculinasque vo alm do interesse pela boneca e o
interesse pelo carrinho, desde a sua concepo.
A ideia de que o homem deveria procurar o sustento, proteger o
grupo dos perigos edesbravar terras desconhecidas foi sendo
historicamente reposicionada. possvel dizerque foi um
reposicionamento porque na realidade a luta e a caa masculina
continuam,contudo, em outra esfera. Os homens continuam desbravando
e conquistando territriose estabelecendo limites, no mundo moderno,
no mais no cl; mas agora, de si prprio.Precisam conquistar um espao
no estreito mercado de trabalho, concorrendo com asmulheres e, ao
mesmo tempo, conquistar o seu espao de valor para o sexo
oposto.
Os papis de homem e mulher tornaram-se um tanto confusos, as
tarefas no social e nafamlia se fundiram e no cabe mais a um
realizar determinadas aes. O indivduo buscasua prpria
individualidade num mundo que plural e que exige diversas
identidades, e asingularidade gera diferentes denies de
homem/mulher. Contudo, a anatomia continuasendo um ponto de
referncia, distinguindo e orientado diferenas entre os indivduos.De
acordo com o que arma Nolasco: [...] ela pelo menos um ponto de
referncia e
conuncia das possibilidades de reconhecimento das mltiplas
organizaes subjetivas.(1995, p. 17).
importante entender a posio do homem atual para compreender como
e quando a
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paternidade tornou-se importante para ele. Quando o homem, que
passava a maior partedo seu tempo buscando o sustento da famlia e
participando da poltica, reconheceu anecessidade do seu
envolvimento na educao dos lhos, lugar que era ocupado
pelasmulheres.
Nos ltimos anos e por causa dos ltimos acontecimentos, o homem
contemporneo vembuscando sua prpria identidade e uma melhor descrio
de si.
As caractersticas atribudas exclusivamente ao homem, tais como
provedor, forte e chefeda famlia, vo sendo relativizadas com
atributos como sensibilidade, vaidade e delicadeza.
O homem, assim como a mulher, passou por mudanas signicativas ao
longo da histria, oque provocou uma virada nas relaes familiares.
Nessa esfera, em que a mulher tambmtrabalha e prov o alimento, o
homem viu-se impelido a participar das outras
tarefasfamiliares.
A mulher deve ser considerada uma parceira nas questes tanto
sociais quanto prossionais,
visto que sua fora traduz-se no emocional, quando gera e educa
os lhos, edica o lar,sendo compreensiva com todas as questes do
marido e de toda a famlia. Cabral e Diaz(1999) ressaltam que as
questes relativas mulher so tratadas sob o termo de gnero,construdo
socialmente, buscando compreender as relaes estabelecidas entre
homens emulheres, os papis que cada um assume na sociedade e as
relaes de poder estabelecidasentre eles. Assim, desde pequena a
mulher conduzida ao papel que deve desempenhar,sendo estimulada em
brincadeiras consideradas tipicamente femininas, como
bonecas,casinha, entre outras. Os brinquedos infantis expressam as
diferenas de sexo, mais queos instintos naturais, uma conveno
social.
O conceito de gnero diz respeito ao conjunto das representaes
sociais e culturaiselaboradas a partir da diferena biolgica dos
sexos. Enquanto o sexo no conceito biolgicodiz respeito ao atributo
anatmico, no conceito de gnero refere-se ao desenvolvimento dasnoes
de masculino e feminino como construo social (CARLOTO, 2001).
A sociedade humana histrica, muda conforme o padro de
desenvolvimento daproduo, dos valores e normas sociais. Na medida
em que ocorre a transformao, atingeas representaes de gnero, que
constituem os papis de cada um em seu modelo deser. uma construo
cultural que transcende os sculos, passando pelas
representaestransmitidas de gerao em gerao e que, constitudas como
cultura, denem o lugardo homem e da mulher com mbitos diferenciados
e antagnicos. Mesmo com a grande
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transformao dos costumes e valores que vem ocorrendo nas ltimas
dcadas, aindaperduram muitas discriminaes, muitas vezes ocultas,
relacionadas a gnero (SWAIN,2001).
Discorrendo sobre o que expe esse autor, inmeros so os
instrumentos de socializaopara conformao de identidade de gnero.
Relaes sociais complexas interagem emdiversos nveis, no mbito
familiar, comunitrio e nas polticas pblicas que se fazempresentes,
no s no domnio das prticas, mas tambm no domnio psquico. Tais
relaes
denem-se, portanto, pela colocao de papis sociais, representaes
e expectativas decomportamentos, partindo de uma caracterizao
biolgica do masculino e do feminino, damasculinidade e da
feminilidade.
Ademais, essa denio restrita de papis sociais d origem a relaes
de opresso,explorao e domnio. A natureza da mulher , a todo
momento, passvel de ser perdida,sendo assim, necessrio que ela seja
constantemente apreendida, controlada, vigiada.Entende-se ento que
perder a feminilidade ou a masculinidade uma ameaa constante,e para
que isso no ocorra existem regras que devem ser acatadas desde a
infncia, nostipos de brincadeiras, nos modos prprios de ser menino
e menina.
Moreira (2002) e Carloto (2001) corroboram a ideia de que as
atividades masculinas sodistintas das femininas, em espaos
produzidos pelas esferas domsticas e pblicas. Cadauma delas
constitui-se num espao pertencente a um dos gneros, difcil de
sobrepor. Oafastamento da mulher da esfera domstica, seu lugar
natural, muitas vezes tido comouma degradao moral, consequncia da
explorao capitalista.
Essa armao dos autores pode ser observada ainda na infncia,
constatando-se queas meninas brincam com panelinhas, bonecas, de
casinha, sendo motivadas atravs dosbrinquedos para a maternidade e
o cuidado do lar e da famlia, a reproduo da prole. Osmeninos
brincam com carrinhos, de bombeiro, polcia, caminho, bicicleta,
brincadeirasdiretamente ligadas a prosses, imputando a eles a ideia
de que ao homem cabe a funode trabalhar para sustentar a
famlia.
O destino de identidades e atividades como a separao dos mbitos
de ao para homense mulheres, que esto valorizados de forma
diferente, a expresso social da desigualdade
(VELOSO, 2001). Dessa valorizao desigual surge um acesso tambm
desigual ao podere aos recursos, o que hierarquiza as relaes entre
homens e mulheres.
As diferenas nas remuneraes no mercado de trabalho, por exemplo,
so partes
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importantes da desigualdade de gnero. Mas existem muitas outras
esferas de benefciosdiferenciados: na diviso do trabalho dentro do
lar, no grau de cuidados ou de educaorecebidos, na liberdade de
escolha, respeito ao tipo de vida que se deseja levar.
A desigualdade gera uma situao vulnervel para indivduos em
situaes de excluso,impede o aprofundamento da democracia e a
vivncia da cidadania para todos, fragilizandoas relaes que so
acompanhadas de desigualdades de classe, raa e etnia,
determinantesda construo de inmeras discriminaes e injustias
(AMMANN, 1997 apud ARAJO,
2002).
H muitas formas de discriminao que permeiam o cotidiano da
mulher, como a diculdadede promoo prossional, a contratao de
mulheres casadas, assdio sexual, entre outras.As mulheres sofrem
presso no mercado de trabalho, com a exigncia tanto de
qualicaoprossional quanto da aparncia fsica.
O assdio sexual ainda uma realidade para a mulher no mundo do
trabalho, consequnciade uma cultura que coloca o homem em posio
superior da mulher. Segundo Moreira
(2002), a expresso do interesse do homem pela mulher tida como
forma de autoarmaoda masculinidade. O assdio se caracteriza quando
utilizada a condio de poder, tentandosubjugar a pessoa abordada ao
seu interesse sexual.
A existncia de diversidades produz uma distribuio varivel na
produo social, alheias vontades dos envolvidos, baseada em gnero,
classe e raa, sendo que essa relaodepende de uma viso particular,
atribuindo a cada um o seu lugar social de acordo com osatributos
que possuem, e se d atravs da dinmica das relaes sociais.
Diante disso, o gnero constitui uma realidade complexa, no
podendo, portanto, serconsiderado um conceito xo (SAFFIOTI, 1999
apud CARLOTO, 2001), mas sendoconstantemente redenido pelos
indivduos em situaes na qual se encontram e queacabam por compor-se
em momentos histricos. De fato, quase sempre as mulheres
socerceadas em suas necessidades e capacidades em funo da diferena
sexual.
Destarte, Moreira (2002) considera que ambos os sexos so capazes
de qualquer funo,sendo possvel discorrer que no a natureza, mas a
sociedade que impe relaes deexcluso, certos comportamentos e normas
distintas. O ser humano nasce determinadosocialmente pelo meio
social em que vive, os papis sociais instituindo
hierarquiassocialmente constitudas.
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Tradicionalmente, os homens so conduzidos condio de provedor da
famlia, sentindo-se obrigados ao trabalho fora de casa, enquanto as
mulheres sentem necessidade de carjunto aos lhos, no sendo
fundamentalmente uma condio da natureza do sexo. Moreira(2002) diz
que tais ideias so meras construes sociais, procurando justicar o
domniodo homem sobre a mulher. Assim, a mulher, ingenuamente,
acredita que seu lugar maisimportante o lar, que nasceu para ser
me, que deve sacricar-se pelos lhos e ser el aomarido.
De acordo com Surez (2000), a composio de gnero determina os
valores e modelosdo corpo, suas aptides e possibilidades. Cria
paradigmas fsicos, morais e mentais, cujasassociaes tendem a
homogeneizar o ser, desenhando em mltiplo registro o perl de
umideal de homem. Na sociedade moderna, o ser humano tambm
submetido ao modelode performance e comportamento. A hierarquia
funda sua instituio no social, que apoiaa construo dos esteretipos,
sendo um exerccio de poder que se exprime em todos osnveis
sociais.
Ainda segundo Surez (2000), a ideologia de posse material e a
garantia da herana paraas geraes futuras levou o homem a
interessar-se mais pelo convvio familiar. Assim, amulher foi sendo
cada vez mais submetida aos interesses masculinos, tanto no
repassedos bens como na reproduo da linhagem. Alm disso, sua funo
educar e perpetuara sociedade estabelecida, atravs de condutas e
decncias, restringindo-se ao universodomstico.
A determinao social na ordem dos espaos, bem como a oposio entre
o meio domsticoe o pblico, constitui a concordncia espontnea entre
estruturas sociais e cognitivas,
percebidas na diferena dos corpos. Confere-se assim a base
experimental da dominnciainscrita na natureza das coisas invisveis
e no questionadas.
Essa ideia compartilhada por Moreira (2002), que acrescenta que,
alm do papel socialdenido em feminino e masculino, as representaes
e imagem de gnero constroem oscorpos biolgicos, no s como sexo
genital, mas igualmente moldando-os e sujeitando-oss prticas
normativas que hoje se encontram disseminadas no ocidente. Nessa
perspectiva,as representaes sociais so consideradas uma forma de
construo da realidade, cujamediao atravessa e constitui as prticas
pelas quais se expressam.
Para Moreira (2002), algumas transformaes realizaram-se (em
nveis legais ou jurdicos,graas aos movimentos feministas)
caracterizadas por sua multiplicidade, tticas e
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estratgias, muitas vezes levadas como luta por movimentos
sociais considerados minoriapor suas especicidades.
A questo de gnero , antes de tudo, uma construo social e uma
realizao cultural.Essa construo sexista masculino/feminino coloca
evidentemente o primeiro elementoem superioridade, propagando a noo
simplista de homem dominante versus mulherdominada.
Assim, constata-se que gnero uma construo cultural e social e,
como tal, suarepresentao e disseminao pelos meios comunicacionais
responsvel pela construode ideais sociais, valores, esteretipos e
preconceitos.
Algumas Consideraes
A dinmica cultural est diretamente relacionada diversidade
cultural existente em nossasociedade. Esta se confunde muitas vezes
com a desigualdade social que deve ser
combatida e com um universo de preconceitos que devem ser
superados. H todoum aparato legal e jurdico que promete a igualdade
social e a penalizao de prticasdiscriminatrias, mas a prpria
sociedade deve passar por um processo de transformaoque implica
incorporar a diversidade. Da pode-se concluir que no basta ser
tolerante; ameta deve ser a do respeito aos valores culturais e aos
indivduos de diferentes grupos, doreconhecimento desses valores e
de uma convivncia harmoniosa.
Considera-se, aqui, que a ao humana regulada por motivos e
normas. Os motivos quenos levam a agir de uma ou outra maneira
podem estar relacionados a interesses pessoais
ou coletivos, a razes e justicativas e a emoes. As normas, por
sua vez, so impostaspela cultura, pelas instituies formais que
repassam valores morais e implementam leis.
Os homens e as mulheres, por meio da cultura, estipulam regras,
convencionam valorese signicaes que possibilitam a comunicao dos
indivduos e dos grupos. Por meio dacultura eles podem se adaptar ao
meio, mas tambm o adaptam a si mesmos e, mais doque isso, podem
transform-lo. Podemos ento resumir que a cultura como um mapa
queorienta o comportamento dos indivduos em sua vida social.
Dessa forma, ao reetir sobre o que viver em sociedade e produzir
cultura, entendemosa complexidade dessa situao: signica que vivemos
sob a dominao de uma lgicasimblica e que as pessoas se comportam
segundo as exigncias dela, muitas vezes sem
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que disso tenham conscincia. Podemos ento inferir que a vida
coletiva, como a vidapsquica dos indivduos, faz-se de representaes,
ou seja, das guraes mentais deseus componentes. Os sistemas de
representao so construdos historicamente; elesoriginam-se do
relacionamento dos indivduos e dos grupos sociais e, ao mesmo
tempo,regulam esse relacionamento.
A desnaturalizao das desigualdades exige um olhar
transdisciplinar, que, em vez decolocar cada seguimento numa
caixinha isolada, convoca as diferentes cincias, disciplinas
e saberes para compreender a correlao entre essas formas de
discriminao e construirformas igualmente transdisciplinares de
enfrent-las e de promover a igualdade.
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